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Page 1: Sport Life 132

Dieta sem glúten

Comer para treinar

melhor

treinador pessoal

nadar mais rápiDo na pisCina pedalar 8 DúviDas Do btt triatlo planos para toDas as DistânCias fitness Como funCionam os teus músCulos?

FUTEBOL

Carlos sá melhor ultrarunner portuguêspág. 28

Especial reportagem

Entrevista

abDominais à vista

Exercícios certos e errados

Para começar hoje Fazer uma Meia Maratona

DiCasDe CorriDa

top50

Queres saber como? Pág. 22

100 kg Eles perderam até

finta Como os prosnúmero 132

março 2013

3,5e Continente 5 6 0 1 7 5 3 0 0 1 6 9 3

ISBN 5601753001693

0 0 1 3 2

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022 | março

RRepoRtagem

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Há 2 anos fiquei desempre-gado. Se me perguntassem o que queria fazer da vida nessa altura, não saberia

responder. Estava habituado à vida de casa-trabalho e pouco mais. De repente sem trabalho, a vida não se podia resu-mir à casa. Principalmente para alguém cujo apelo da natureza sempre existiu. Não gostava de correr, mas foi isso que fiz. Ainda me lembro do dia chuvoso em que fui para a praia de Carcavelos. Corri-a de uma ponta à outra e fiquei exausto. O corpo picava por causa da transpiração. Carregar sem treino um corpo de 88 kg revelou-se mais complicado do que pen-sava. Mas motivador. Tanto que voltei nos dias seguintes. E à medida que a distân-cia ia aumentando, as dificuldades com que me havia deparado ao início iam-se transformando em metas a atingir. Es-távamos em 2011 e em março participei na distância mais pequena da corrida da ponte 25 de Abril. Foi a primeira vez que participei numa prova a sério, isto é, com dorsal. Ainda o tenho bem guardado. De-pois dessa experiência, comprometi-me com amigos a fazer uma maratona, ainda nesse ano. Para isso estabeleci um plano de treinos e só nos primeiros 4 meses perdi 10 kg de peso. Correr tornava-se mais fácil e, enquanto treinava para atin-gir este primeiro objetivo, decidi criar o projeto ‘De Sedentário a Maratonista’. O nome apareceu assim, de repente. Criei um site e uma página no Facebook para ir partilhando a paixão que correr se havia tornado. O objetivo do projeto foi desde o início servir de referência, não só para quem procura informações úteis e uma motivação adicional para se iniciar ou evoluir na prática de desporto, mas princi-palmente para quem pretende adotar um estilo de vida ativo e saudável. Depois de muito trabalho, participei em outubro na Maratona de Munique. Concluí-a em 3 horas e 38 minutos. Senti-me realizado. Era a minha primeira maratona.Depois veio um período interessante. Diria de redefinição. O que vem depois de uma maratona? Que novos objetivos ia agora estabelecer? Não sabia que se era hábito correr fora de estrada, até que um

O nosso atleta mudou radicalmente de vida quando ficou desempregado há dois anos. Atualmente é freelancer em marketing digital e dedica-se ao desporto tanto como praticante como na área de gestão, Desde a primeira maratona nunca mais parou e faz parte dos seus projetos terminar um Ironman.

14kg

José Guimarães, 38 anos

e no momento da partida chovia. Serra acima, o tempo piorava cada vez mais. O nevoeiro não nos deixava ver a paisagem (que nos haviam dito ser fantástica), o frio aumentava e a chuva transformava-se por vezes em granizo. Sem equipamento adequado, corríamos em grupo para nos abrigarmos uns nos outros. Ainda a meio da nossa prova, disseram-nos que a prova de 42 km havia sido interrompida a meio por causa do mau tempo. Seria possível que ainda estivéssemos no meio da serra? A reboque com um membro da organi-zação e com mais atletas chegámos ao fim, ensopados, exaustos, mas com a fe-licidade estampada no rosto. O próprio Carlos Sá, que esperava os últimos atletas (nós!) entregou-nos as medalhas de "fi-nisher" (nome que se dá a quem termina uma prova de trail running), enquanto a organização desmontava o pórtico onde tirávamos a foto de grupo. Tínhamos che-gado ao fim da nossa primeira corrida de trail running. Estava feliz e em forma. Com 74 kg de peso sentia que podia correr como gostava. Depois disto muitas corridas se passaram. Foram cerca de 1.000 km de provas ofi-ciais em 2012 e 2013 será mais um ano de conquistas, para objetivos cada vez maio-res. Não são difíceis. São trabalhosos. Tal como no dia-a-dia, se queremos resultados temos que trabalhar para os atingir. É esse o meu caminho. E é esse o desafio.

dia me falaram do Carlos Sá e de uma certa ultra-maratona no deserto (ultra-maratona?). Foi assim, com grupo de ami-gos, que decidi participar na caminhada do 1º Trail da Serra d'Arga, organizado pelo próprio Carlos Sá. Mas o gosto pela aventura e por novas experiências levou-nos a alterar os planos durante a viagem e, quando chegámos à prova, alterámos a nossa inscrição para o trail. Esperavam-nos 20 km no meio da serra. Não sabí-amos o que nos esperava. As condições meteorológicas pioravam a cada minuto

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028 | março

Por Isabel Pinto

da Costa

Fotografia Pedro Lopes

Luís Salgueiro

EEntrEvista

o melhor ultrarunner português Carlos sáPara quem está a par das últimas da corrida, principalmente do trail, Carlos Sá dispensa apresentações. O nosso atleta já realizou inúmeras provas e desta vez o objetivo foi bater o recorde de tempo na ascensão ao cume do Aconcágua...

Por: Filipe Gomes Fotografia: João Oliveira

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Sport Life: Para quem ainda não te conhece, queres apresentar-te?Carlos Sá: Sou natural de Barcelos, tenho 39 anos, casado, pai de dois filhos, sou uma pessoa calma e humilde, gosto de desporto e natureza. Nos últimos anos tenho-me dedicado com muita paixão ao Trail Running, conseguindo grandes resultados desportivos nas mais importantes competições Mundiais.

S.L.: Conta-nos como foi atingir o recorde de ascensão ao cume do Aconcágua em condições tão adversas? C. S.: O meu objetivo era na realidade fazer cume e viver uma grande experiência, tudo que viesse por acréscimo seria óptimo. Tinha a esperança de fazer cume em corrida em menos de 14h, sabia que seria difícil vencer os últimos 900m de desnível numa ascensão rápida porque o corpo não tem tempo de adaptação, mas com os treinos e ascensões que ia fazendo durante a aclimatação percebi que tal seria possível e estava muito confiante.

S.L.: Foi um tempo brilhante, mas uma ascensão destas num local tão remoto deve ter sido muito duro. Conta-nos como passaste esta temporada nos Andes?C. S.: Foi na realidade um tempo brilhante para quem em apenas seis dia subiu ao cume duas vezes e ainda fez

uma tentativa até 400m do cume onde me esgotei por completo e tive princípio de congelações nas extremidades dos pés. Nesse dia acredito que ia para um tempo na ordem das 13h mas fui apanhado por uma tempestade inesperada, a Montanha mostrava-me que é ela que manda e dita as regras. Foi uma pena mas outra grande experiência de superação veio três dias depois quando já ninguém acreditava. Passei 19 dias no Parque Aconcágua, fiz muitos amigos e foi uma experiência de vida incrível que superou em muito a expe-riência desportiva. A oscilação de tempera-turas, a falta de higiene, a má alimentação, a desidratação, as subidas íngremes foram obstáculos que consegui ultrapassar com muita determinação.

S.L.: Desistir chegou a passar pela tua cabeça?C. S.: Sim, muitas vezes, quando temos a noção que estamos no limite do aceitável esse pensamento não nos sai da cabeça. Estava lúcido mas sem força e sem controlo absoluto do meu corpo portanto reconheço que corri alguns riscos.

S.L.: Depois do feito na América do Sul, qual será o próximo grande desafio? C. S.: Marathon des Sables será a minha próxima grande prova, irei participar pela terceira vez consecutiva na mais

famosa prova desértica que se realiza do 7 ao 14 de Abril no Deserto do Sahara Marroquino.No ano passado consegui um brilhante quarto lugar da geral sendo mesmo o me-lhor não africano em prova. Este ano levo a esperança de defender este resultado.

S.L.: O teu maior objetivo esta época?C. S.: Para esta temporada tenho quatro grandes objectivos (Aconcágua, Marathon des Sables, Badwater e Ultra Trail du Mont Blanc). O primeiro está já superado com grande sucesso, para segundo estou a iniciar a preparação e espero estar entre os cinco melhores da geral; a Badwater será imprevisível, não sei se consigo ser selecionado nem como posso reagir a uma prova tão extrema num ambiente que normalmente não é o meu. Correr 220km non stop em estrada com temperaturas mínimas de 35 a 40º no ambiente mais hostil do deserto da Califórnia coloca-me muitas dúvidas que por si só poderá ser o meu maior desafio de 2013. Não quero terminar o ano sem ter uma boa prestação no UTMB mas essa poderá ser influenciada com a participação ou não na Badwater. Se conseguir correr na Cali-fórnia a 16 de Julho e ter sucesso fico com muito pouco tempo para recuperar e estar a 100% no UTMB.

“Passei 19 dias no Parque Aconcágua, fiz muitos amigos, foi uma experiência incrível que superou em muito os objetivos desportivos.“

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|treinador pessoal

Continuas a fazer repetições intermináveis para treinar os abdominais? Há opções

muito mais eficazes e funcionais, por isso

ajudamos-te a treinar o abdómen de uma forma

mais divertida.

Por: Domingo Sánchez

fitness

080 | março

DÁ O sALtO

DOS ABDOMINAIS AO CORE

T radicionalmente o trabalho dos abdominais sig-nifica exercícios estáveis sobre o solo, com ação de f lexão do tronco e repetições intermináveis. Trata-se de uma opção de trabalho segura, mas

é algo pouco natural do ponto de vista da mecânica do tronco, além da monotonia que lhes está associada. Para criar novas adaptações e melhorar a eficiência é neces-sário um treino mais geral, real e funcional, apostando no treino de movimentos e não de músculos. Devemos por isso encarar a possibilidade de substituir os exercícios tradicionais de abdominais por um trabalho de core. O resultado será um melhor controlo postural e uma melhoria da forma física.

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Para começar a pôr em ação os músculos do tronco, a melhor opção é incluir exercícios estáveis com intensidades baixas a moderadas e sem elementos de pesos livres ou velocidades elevadas. O objetivo é conseguir movimentos muito localizados para termos consciência da ação do tronco e a intervenção de cada zona muscular.são exercícios que devem acompanhar o teu programa de força ou como complemento ao teu desporto no teu treino específico, sobretudo nas primeiras etapas. escolhe dois ou três dos exercícios propostos e realiza-os em forma de circuito, alternando-os com 15 repetições até completar 3 ou 4 séries.

ABDOMINAIS PARA COMEÇAR

Conselho

Cada pessoa deve ter consciência das suas limitações tanto técnicas como de força para escolher exercícios de um nível ou outro. A progressão adequada é subir de nível sempre e quando se dominem os conteúdos estabelecidos no nível anterior.

> Um dos exercícios mais estáveis e localizados nos músculos abdominais consiste em colocar os pés sobre uma superfície elevada e aproximar a mão do joelho contrário.

> É um exercício que serve para começar a pôr em acção os músculos da parede abdominal. solta o ar ao fletir a coluna.

> Deita-te e segura uma bola sobre os joelhos, flete a bacia aproximando os joelhos da cara. Desta forma conseguirás elevar a bacia favorecendo o seu movimento de retroversão.

> Começa a trabalhar em quatro apoios, com os joelhos e mãos afastadas. Aproxima a mão do joelho contrário. É um exercício progressivo que nos levará para outros mais intensos, como em posição de prancha com as pernas esticadas.

> Antes da prancha lateral começa a trabalhar a cadeia lateral. Deita-te de lado e elevando o braço e perna conseguirás ativar o médio glúteo e os oblíquos.

EEspEcialista