UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO – UFMT
INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA
CURSO DE GRADUAÇÃO EM GEOLOGIA
CARACTERIZAÇÃO GEOQUÍMICA E PETROGRÁFICA
PRELIMINAR DO COMPLEXO MÁFICO-ULTRAMÁFICO
TRINCHEIRA, FAIXA ALTO GUAPORÉ - DISTRITO DE NOROAGRO
– COMODORO, MATO GROSSO.
MARCELO HENRIQUE RIBEIRO DA COSTA
PEDRO HENRIQUE DE AZEVEDO
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO
GRADUAÇÃO EM GEOLOGIA
DEZEMBRO DE 2011
CUIABÁ – MT
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO – UFMT
INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA
CURSO DE GRADUAÇÃO EM GEOLOGIA
CARACTERIZAÇÃO GEOQUÍMICA E PETROGRÁFICA
PRELIMINAR DO COMPLEXO MÁFICO-ULTAMÁFICO
TRINCHEIRA, FAIXA ALTO GUAPORÉ - DISTRITO DE NOROAGRO
– COMODORO, MATO GROSSO.
MARCELO HENRIQUE RIBEIRO DA COSTA
PEDRO HENRIQUE DE AZEVEDO
Orientador: Prof. Dr. João Batista de Matos
Coorientador: Prof. Dr. Amarildo Salinas Ruiz
Trabalho de Conclusão de Curso de
Graduação em Geologia, apresentado
junto à Coordenação de Ensino de
Graduação do Curso de Geologia, para
obtenção do título de Bacharel em
Geologia.
DEZEMBRO DE 2011
CUIABÁ – MT
Banca Examinadora
_______________________________________
Presidente: Prof. Dr. João Batista de Matos
_______________________________________
1° Examinador: Carlos Humberto da Silva
_______________________________________
2° Examinador: Rone Marcos A. dos Santos
_______________________________________
Marcelo Henrique Ribeiro da Costa
_______________________________________
Pedro Henrique de Azevedo
Nota:______________
Dezembro de 2011
Cuiabá – MT
Agradecimentos
Muitos são os que participaram dessa jornada acadêmica que enfim está terminando, a
todos vocês aqui demonstramos toda a nossa gratidão pelo apoio em cada uma das etapas
desse ciclo.
Agradecemos aos Professores do curso de Geologia-UFMT por transmitir seus saberes
e por fazer com que fôssemos envolvidos por essa ciência, e aos servidores por todo o apoio.
Em especial, ao Professor Dr. Jackson D. S. da Paz por seus ensinamentos e abordagem tão
amigável. A Professora Dr. Ana Cláudia D. da Costa, por se preocupar em ajudar a todos da
forma mais solícita possível. Ao Me. Áquiles Lazzaroto pelo auxílio em diversos obstáculos.
Ao nosso coorientador Professor Dr.Amarildo S. Ruiz, pelos bons conselhos em estrutural e
participação no desenvolvimento do TCC. E Por fim, ao nosso orientador Professor Dr. João
Batista de Matos, por todos os ensinamentos e discussões transmitidos durante esse ano e por
toda a dedicação sempre auxiliando da melhor forma possível o desenvolvimento deste
trabalho.
Ao motorista da UFMT Zé Carlos e a futura Geóloga Mariana Borealis por toda a
ajuda na etapa de campo e por indiretamente contribuir nessa monografia.
Pedro H. Azevedo agradece:
Agradeço a meus pais, José Linéssio e Carmem Silvia, que muito se empenharam
durante a longa caminhada que é a graduação, provendo à distância além da ajuda financeira,
afeto, carinho, sábias orientações e incentivos em momentos que foram os mais incertos. São
extremamente importantes para mim, definitivamente meu alicerce. A meu irmão, Thiago
Fabrício, com quem dividi um cubículo durante o primeiro ano de faculdade. Tempos difíceis
foram aqueles, mas com o companheirismo superamos as dificuldades, sua ajuda foi
imprescindível. Contudo, sua importância não se restringiu aquele momento, você sempre será
lembrado. Aos meus tios, Perpétua e Xavier, por abrirem as portas de sua casa me acolhendo
como um filho.
Aos colegas de faculdade, em especial Antônio David, Ohana, Alexandre, Luana
Readme, Caiubi Kunh e a Kárita Mendes, pela amizade e convívio, partilhando de inúmeros
trabalhos, relatórios e aulas de campo. Alguns fizeram muito mais que um amigo de faculdade
faria, a vocês o meu muito obrigado e espero poder levá-los para vida toda.
Amigos de CEU (Casa de estudante universitária), Rafael Cardoso (Preto), Derkian,
Frankie, Bruno e Paulo Soletti. Não permanecemos morando na mesma casa por toda a faculdade,
porém estivemos juntos durante um bom pedaço do trecho. Vocês sabem exatamente o que é ser
um universitário morando longe de casa, agradeço pela amizade e companheirismo, e certamente
por me suportarem.
Ao meu companheiro de TCC Marcelo Ribeiro, por aceitar dividir o fardo nessa
empreitada, tendo acima de tudo, muita paciência ao entender a minha necessidade especial que
nasceu em minha vida no dia 11/11, auxiliando muito neste momento. O convívio foi partilhado
de muita felicidade, a você o meu muito obrigado.
Ao Anderson Barata, pelos valiosos ensinamentos de arcgis, e muito além disso, pela
amizade dedicada, realmente se tornou um irmão. E a Ariadeny Allyne, que sempre viveu esse
sonho junto comigo, me apoiando ininterruptamente, muito obrigado Preta por tudo.
“... Posso ouvir o vento passar, assistir a onda bater, mas o estrago que faz a vida é curta pra ver...”
Rodrigo Amarante
Marcelo Ribeiro Agradece:
Agradeço, da maneira mais especial possível, a minha mãe Vandercy Aparecida Ribeiro -
a mulher mais forte que conheci - por ser o suporte dessa família e por todo o amor e devoção
com que criou a mim e meu irmão. Tenho certeza que todos os seus esforços serão
recompensados. A meu irmão Douglas H. R. da Costa por sempre me apoiar nas decisões mais
importantes, mesmo que de uma forma muito peculiar.
Aos amigos que fazem parte de minha vida: Wagner, Odair, Breno, Zé, Vitão, Lívio, Rafa,
Flávio, Pedrão e Luh, agradeço muitíssimo a vocês, que dividiram alguns dos meus melhores
momentos.
Aos grandes companheiros de convívio quase diário, que jamais serão esquecidos, pois
participaram de um dos melhores momentos de minha vida, a turma Geologia-UFMT/2007. Em
especial aos grandes Brunão, Candinho, Léo, Bob’s, Japa, Dolly, David, Caiubi e Luana.
Agradeço muito a vocês.
Ao Amigo Pedro Perneira por ter se juntado a mim nessa empreitada, por sua forma
sempre equilibrada e otimista de encarar as dificuldades, e pelas ótimas horas que tive em sua
companhia. Valeu meu querido.
Por fim, agradeço muitíssimo a pessoa mais especial em minha vida, a qual devo muito
mais do que agradecimentos: minha namora Kárita Mendes. Esse ano teria sido muito difícil se
não fosse sua racionalidade, colo e companheirismo. Espero dividir todos os momentos de minha
vida com você. Te amo, minha linda.
“... É preciso força pra sonhar e perceber que a estrada vai além do que se vê...”
Marcelo Camelo
Resumo
O presente trabalho apresenta os resultados obtidos através do mapeamento geológico
realizado na escala 1:50.000, região do Distrito de Noroagro, Município de Comodoro – MT,
no qual foram enfatizados os aspectos petrográficos macroscópicos e geoquímicos das rochas
pertencentes ao Complexo Máfico-Ultramáfico Trincheira (CMUT), objeto principal deste
estudo, e de suas encaixantes: Complexo Rio Galera (CRG) e Suíte Intrusiva Noroagro (SIN).
Tais rochas acompanham o contexto geotectônico da Faixa Guaporé, entidade esta
pertencente à Província Rondoniano-San Ignácio, sudoeste do Cráton. As rochas do CMUT
constituem-se de rochas básicas com variações a localmente ultrabásicas plutônicas que
ocorrem em forma de blocos rolados ou pequenos lajedos próximo a drenagens. A
porcentagem em sílica para nove amostras selecionadas (entre 43% e 52%,
aproximadamente), revela o caráter básico-ultrabásico de tais rochas. Os litotipos compõe-se
de gabros cinza, melanocrático, holocristalino, de granulação média a grossa, podendo ou não
apresentar foliação. Subordinadamente ocorrem piroxenitos cinza escuros,
ultramelanocráticos, granulação grossa e estrutura cumulática. Nos diagramas binários de
mg# versus elementos maiores, pode-se perceber um enriquecimento em P2O5 mostrando que
tal óxido é incompatível. Já a diferenciação magmática em relação ao Al2O3 demonstra um
fracionamento magmático do tipo gabro. Alguns diagramas foram utilizados para
averiguações sobre os processos de alteração pós-magmáticos tais como espilitização e/ou
potassificação, não tendo sido verificado que tais processos tenha afetado essas rochas. O
magmatismo que gerou as rochas do CMUT é do tipo toleítico e de natureza sub-alcalina.
Tectonicamente as rochas da referida unidade enquadram-se como basalto do tipo MORB
(cordilheira meso-oceânica). Estruturalmente, as rochas da área de estudo apresentam
evidências de pelo menos três eventos de deformação: o primeiro deles responsável pelo
bandamento composicional das rochas do CRG orientado segundo um trend E-W. O segundo
gerou um dobramento plano-axial desse bandamento. Por fim, o terceiro evento foi
responsável pela transposição da foliação mais antiga, sendo esta orientada por um trend N-S.
Palavras-chave: Cráton Amazônico, Faixa Guaporé, Complexo Máfico-Ultramáfico
Trincheira, Geoquímica.
Abstract
This work presents the results obtained in field mapping in 1:50.000 scale localized in the
region District of Noroagro, City of Comodoro - MT, petrographic aspects were emphasized
macroscopic aspects and geochemistry of rocks belonging to the Trincheira Máfic-Ultramáfic
Complex (CMUT), the principal object of this study and their enclosing; Rio Galera Complex
(CRG) and Noroagro Intrusive Suit (SIN). Those rocks follow thru the geotectonic context of
Guaporé belt, this entity belonging to the Province Rondonian-San Ignacio. The CMUT are
made from basic rocks with variance the local ultrabasic plutonics which happen in form of
isolate blocks or smalls paveds close to the drainage. The silica percentage using nine selected
samples (between 43% and 52%, approximately), reveals the character of such basic-
ultrabasic on those rocks. The lithotypes are made of gabbros gray,melanocratic,
holocristaline, from medium until thick granulation, showing or not foliation. Under that
happen the pyroxenites occur dark gray, ultramelanocratics, thick granulation and cumulative
structure. In the binary diagrams of mg# against major elements, its possible to see the
enrichment in P2O5, proving that oxide is incompatible. In the other hand the magmatic
differentiation in front of Al2O3 shows a gabbro-type magmatic fractionation. Some diagrams
were used for investigations on the processes of post-magmatic change such as espilitization
and / or potassification has not been verified that such processes have affected these
rocks. The magma which the CMUT rocks are made from the toleitic type and sub-alkaline
nature. Tectonically the rocks of that we are studying fall as basalt-type MORB (mid ocean
ridge basalts). The fixing rocks of CRG type have at least three evidences of deformation
events: the first one is responsible for the banding compositional of CRG Rocks guided by an
EW trend. The second made a axial-plane bending-of-banding. Finally, the third event was
responsible for the implementation of earlier foliation, being guided by a N-S trend.
Keywords: Amazonian Craton, Guaporé Belt, Mafic-Ultramafic Trincheira Complex,
Geochemistry.
Sumário
Agradecimentos .................................................................................................................... iii
Resumo ................................................................................................................................... v
Abstract ................................................................................................................................. vi
Sumário ................................................................................................................................ vii
Índice de ilustrações ............................................................................................................. ix
CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO ................................................................................................ 1
I.1 - INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 2
I.2 - OBJETIVOS ................................................................................................................... 2
I.3 - LOCALIZAÇÃO E VIAS DE ACESSO ........................................................................ 2
I.4 - MATERIAIS E MÉTODOS ........................................................................................... 5
I.4.1 - Levantamento bibliográfico ..................................................................................... 5
I.4.2 - Etapas de campo ...................................................................................................... 5
I.4.3 -Tratamento de dados ................................................................................................. 5
I.4.4 - Confecção de monografia ........................................................................................ 6
CAPÍTULO II – ASPECTOS FISIOGRÁFICOS ...................................................................... 7
II.1 - CLIMA .......................................................................................................................... 8
II.2 - VEGETAÇÃO ............................................................................................................... 8
II.3 - HIDROGRAFIA ............................................................................................................ 9
a) Sub-bacia do Guaporé .................................................................................................... 9
b) Sub-bacia do Juruena ..................................................................................................... 9
II.4 - GEOMORFOLOGIA .................................................................................................. 10
CAPÍTULO III – GEOLOGIA REGIONAL ........................................................................... 12
III.1 - CRÁTON AMAZÔNICO .......................................................................................... 13
III.2 - SW DO CRÁTON AMAZÔNICO ............................................................................ 15
III.2.1 - TERRENO PARAGUÁ ...................................................................................... 15
III.2.2 - TERRENO JAURU ............................................................................................ 16
III.2.3 - TERRENO RIO ALEGRE .................................................................................. 16
III.2.4 - FAIXA ALTO GUAPORÉ ................................................................................. 16
CAPÍTULO IV – GEOLOGIA LOCAL .................................................................................. 17
IV.1 - ESTRATIGRAFIA .................................................................................................... 18
IV.1.1 - COMPLEXO RIO GALERA ................................................................................. 18
IV.1.2 - SUÍTE INTRUSIVA NOROAGRO ....................................................................... 18
IV.1.3 - COMPLEXO MÁFICO-ULTRÁMAFICO TRINCHEIRA ................................... 19
IV.1.4 – FORMAÇÃO CÓRREGO PRETO ....................................................................... 19
IV.2 - PETROGRAFIA ........................................................................................................ 20
V.2.1 - COMPLEXO RIO GALERA ................................................................................... 20
V.2.2 - SUÍTE INTRUSIVA NOROAGRO ........................................................................ 22
V.2.3 - COMPLEXO MÁFICO-ULTRAMÁFICO TRINCHEIRA .................................... 24
V.2.4 – FORMAÇÃO CÓRREGO PRETO ......................................................................... 25
CAPÍTULO V - GEOQUÍMICA ............................................................................................. 27
V.1 - GENERALIDADES .................................................................................................... 28
V.2 - ROCHAS BÁSICAS ................................................................................................... 28
V.3 - ROCHAS ULTRABÁSICAS ..................................................................................... 34
V.4 - ROCHAS METASSEDIMENTARES ........................................................................ 36
CAPÍTULO VI - GEOLOGIA ESTRUTURAL ...................................................................... 38
VI.1 - GENERALIDADES .................................................................................................. 39
VI.2 - CARACTERIZAÇÃO ESTRUTURAL .................................................................... 39
CAPÍTULO VII – GEOLOGIA ECONÔMICA ...................................................................... 43
VII.1 - GENERALIDADES ................................................................................................. 44
VII.2 - DISTRITO NIQUELÍFERO DE COMODORO ...................................................... 44
VII.3 - POTENCIAL ECONÔMICO ................................................................................... 46
CAPÍTULO VIII – CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ................................................ 48
CAPÍTULO IX - BIBLIOGRAFIA .......................................................................................... 51
Índice de ilustrações
Figura 1 - Mapa de Localização da área de estudo e vias de acesso. ......................................... 4
Figura 2 - Principais tipos de vegetação e utilizações da terra, Comodoro – MT. Fonte:
SEPLAN/MT .............................................................................................................................. 9
Figura 3 - Rede Hidrográfica do município de Comodoro – MT. Fonte: SEPLAN/MT ......... 10
Figura 4 - Relevo do município de Comodoro – MT. Fonte: SEPLAN/MT............................ 11
Figura 5 - Mapa esquemático mostrando a distribuição das províncias geocronológicas do
Cráton Amazônico e litologias associadas. Tassinari & Macambira (1999) ............................ 14
Figura 6 - Compartimentação do Sudoeste Amazônico segundo Ruiz 2009. .......................... 15
Figura 7 – vista geral da área estudada. A esquerda: Fazenda Coração de Imaculada. A
Direita: Fazenda Maringá. ........................................................................................................ 20
Figura 8 – A e B: formas de ocorrências das rochas do Complexo Rio Galera, blocos rolados e
afloramentos próximo a drenagens. C: paragnaisses, mostrando o bandamento composicional
de máficos e félsicos. D: paranfibolitos maciços. .................................................................... 21
Figura 9 - Em detalhe, xenólito do Complexo Rio Galera na Suíte Intrusiva Noroagro.......... 22
Figura 10 - A: forma de ocorrência da Suíte Intrusiva Noroagro. B: Granodiorito em
afloramento da Suíte Intrusiva Noroagro. C: tonalito, em amostra e mão da mesma unidade.
D:Dique de um granito fino leucocrático cortando um granodiorito da Suíte Intrusiva
Noroagro. .................................................................................................................................. 23
Figura 11 - Esquema representando a formação de Roof pendant’s da encaixante (Complexo
Rio Galera) enquanto ocorre o soerguimento do corpo granítico intrusiva (Suíte Intrusiva
Noroagro). ................................................................................................................................ 23
Figura 12 – A e B: formas de ocorrência do Complexo Máfico-Ultramáfico Trincheira. C:
gabro mesocrático, de granulação média e isotrópia. D: gabro com xenocristais de K-
feldspato. .................................................................................................................................. 24
Figura 13 - A: Piroxenito pertencente ao Complexo Máfico-Ultramáfico Trincheira,
mostrando os cristais de piroxênio bem grandes. B:textura cumulática em piroxenito. .......... 25
Figura 14 – A: formas de ocorrência. B e C: afloramentos de um conglomerado da Formação
Córrego Preto. ........................................................................................................................... 26
Figura 15 - Diagramas binários mg# versus elementos maiores, menores e traços para os
termos básicos do Complexo Máfico-Ultramáfico Trincheira ................................................. 30
Figura 16 - Diagramas de alteração pós-ígnea para as rochas básicas do Complexo Máfico-
Ultramáfico Trincheira. A: Miyashiro (1975), B: Hugues (1973), C: Pearce (1982). ............. 31
Figura 17 – Acima: diagramas de classificação de rochas. A: Le Maitre (1989), B: Winchester
& Floyd (1977) Abaixo: diagramas classificatórios de magmatismo. C e D: Irvine e Baragar
(1971). ...................................................................................................................................... 32
Figura 18 - Diagramas de Ambientes geotectônicos para as rochas básicas do Complexo
Máfico-Ultramáfico Trincheira, a Esquerda Pearce & Norry (1979) e a direita Shervais
(1982). ...................................................................................................................................... 33
Figura 19 - Diagrama multielementar para as 7 amostras de rochas básicas do Complexo
Máfico-Ultramáfico Trincheira, de acordo com McDonough & Sun ...................................... 33
Figura 20 - Diagrama AFM de Irvine e Baragar (1975) para as rohas Ultramáficas do
Complexo Máfico-Ultramáfico Trincheira. .............................................................................. 35
Figura 21 - Diagrama multielementar para as rochas ultramáficas do Complexo Máfico-
Ultramáfico Trincheira ............................................................................................................. 35
Figura 22 - A esquerda: Diagrama de proveniência de sedimentos Floyd et al (1989), para as
rochas do Complexo Rio Galera. À direita: Diagrama ACF classificatório para as rochas do
Complexo Rio Galera. .............................................................................................................. 37
Figura 23 - Diagrama multielementar para as rochas do Complexo Rio Galera. ..................... 37
Figura 24 - Afloramento em um leito de rio, de um paragnaisse do Complexo Rio Galera
exibindo um bandamento composicional (Sn). ........................................................................ 39
Figura 25 - Rocha pertencente ao Complexo Rio Galera apresentando a foliação Sn dobrado
pelo evento Dn+1. .................................................................................................................... 40
Figura 26 - Foliação Sn+2 em granodiorito da Suíte Intrusiva Trincheira ............................... 40
Figura 27 – Rochas de composição granítica pertencentes a Suíte Intrusiva Noroagro em zona
de cisalhamento gerando ultramilonitos. Em A: Ultramilonito. B: dobra de arrasto. .............. 41
Figura 28 - Estereograma para as foliações do Complexo Rio Galera. .................................... 42
Figura 29 - Estereograma para foliações da Suíte Intrusiva Noroagro. .................................... 42
Figura 30 - Em detalhe, sulfetação em gabro pertencente ao Complexo Máfico-Ultramáfico
Trincheira.................................................................................................................................. 44
Figura 31 - Perfis de Alteração dos Depósitos - Relatório Final de Pesquisa - Anglo American
Brasil Ltda/ 2003 ...................................................................................................................... 46
Anexo 1 – Mapa de Localização de Afloramentos................................................................... 59
Anexo 2 – Mapa Geológico da área estudada .......................................................................... 61
Anexo 3 – Perfis Geológicos para a área de estudo ................................................................. 61
Tabela 1 - Províncias geocronológicas do Cráton Amazônico, segundo Tassinari &
Macambira (1999). ................................................................................................................... 13
Tabela 2 - Composição química de elementos maiores (% em peso), menores e traços ( ppm)
das rochas básicas da Suíte Intrusiva Trincheira. ..................................................................... 29
Tabela 3 - Composição química de elementos maiores (% em peso), menores e traços ( ppm)
das rochas ultrabásicas do Complexo Máfico-Ultramáfico ...................................................... 34
Tabela 4 - Composição química de elementos maiores (% em peso), menores e traços ( ppm)
das rochas do Complexo Rio Galera ........................................................................................ 36
CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO
“Azevedo, P.H. & Costa, M.H.R” Capítulo I - Introdução
2
I.1 - INTRODUÇÃO
A área de estudo desse Trabalho de Conclusão de Curso, situa-se a, aproximadamente,
700 km da capital do estado de Mato grosso, próximo ao distrito de Noroagro, município de
Comodoro.
No caráter geológico, a área compõe a Faixa Alto Guaporé, entidade esta localizada no
sudoeste do Cráton Amazônico, região limítrofe Mato Grosso-Rondônia. Tal região partilha
da evolução tectônica da província Rondoniano-San Ignácio (1,55 a 1,3 Ga) que foi
amalgamada durante o proterozóico a um núcleo arqueano.
As rochas da faixa Alto Guaporé podem ser definidas por um arcabouço de rochas
supracrustais associado à plutonismos e recobertos por sedimentos do Grupo Parecis.
I.2 - OBJETIVOS
O presente trabalho tem por objetivo principal sintetizar os conhecimentos adquiridos
durante o curso, através da caracterização geológica da região supracitada.
Além disso, é também anseio contribuir para a evolução dos conhecimentos sobre o
sudoeste do Cráton Amazônico, visando à correlação regional de tais rochas. Para isso foi
produzido um mapa geológico da área e fornecido dados petrográficos e geoquímicos.
Tal trabalho se justifica, acima de tudo, pelo interesse dos autores em temas que
abrangem a petrografia, geoquímica e metamorfismo e pela possível correlação das rochas
estudadas com as unidades geológicas mineralizadas Ultramáficas Morro Leme e Morro Sem
Boné.
I.3 - LOCALIZAÇÃO E VIAS DE ACESSO
A área de estudo localiza-se a cerca de 735 km de Cuiabá, capital do estado de Mato
Grosso, na província geomorfológica do planalto dos Parecis, próximo ao assentamento
Noroagro, Distrito de Comodoro (Figura 1).
“Azevedo, P.H. & Costa, M.H.R” Capítulo I - Introdução
3
O acesso à área ocorre, a partir do trevo do lagarto em Várzea Grande, pela rodovia
federal pavimentada BR-070, seguindo por 220 km até o município de Cáceres. Então, toma-
se a BR-174, deslocando-se por 410 km, aproximadamente, até o município de Comodoro –
extremo oeste de Mato Grosso. Por fim, percorre-se por volta de 35 km pela BR-364
chegando à estrada não pavimentada para o assentamento Noroagro, de onde se percorre 70
km até a área estudada.
A área tem 13,18 km x 8,74 km, totalizando 115 km², aproximadamente. Localizando-
se espacialmente entre as coordenadas UTMx 791000 e 804200, UTMy 8510000 e 8518500,
Datum WGS 1984 zona 20 S.
“Azevedo, P.H. & Costa, M.H.R” Capítulo I - Introdução
4
Figura 1 - Mapa de Localização da área de estudo e vias de acesso.
Assentamento
Noroagro
“Azevedo, P.H. & Costa, M.H.R” Capítulo I - Introdução
5
I.4 - MATERIAIS E MÉTODOS
O presente trabalho foi desenvolvido com base em quatro etapas distintas:
Levantamento bibliográfico, Etapa de campo, Tratamento de dados, Confecção da
monografia. Tais etapas serão melhores apresentados a seguir.
I.4.1 - Levantamento bibliográfico
De início, foram levantados artigos e dissertações sobre o sudoeste do Cráton
Amazônico e também da Faixa Guaporé, que contribuíram para uma familiarização com a
temática de estudo prevista. Além disso, para reconhecimento da área e interpretação dos
principais lineamentos, utilizou-se de imagens de satélites e topográficas. Por fim, para
auxilio no mapeamento de campo, foram adotados critérios geofísicos através de mapas
aerogeofísicos (gamaespectometria e magnetometria).
I.4.2 - Etapas de campo
Consistiu-se de duas etapas de campo entre os dias 06/05/11 até 09/05/11 e 01/08/11
até 05/08/11. Foi confeccionado uma mapa-base fundamentado na folha cartográfica
1:100.000 Ilha do Porto (SD-20-X-D-III). Nessas duas etapas foram descritos 74 afloramentos
alvejando a caracterização geológica da área através de dados estruturais, delimitação dos
litotipos e seus contatos além de amostragem para análises geoquímica.
Para tais, necessitou-se de GPS (Global Positioning System) Garmin Etrex Legend,
Bússola geológica tipo Clar, martelo e marreta de geólogo, Lupa de bolso 20x, máquina
fotográfica e caderneta de campo.
I.4.3 -Tratamento de dados
Nessa etapa, os dados obtidos em campo foram tratados e sistematizados devidamente.
Foram 13 análises geoquímicas enviadas à Acme Analytical Laboratories, Vancouver –
Canadá que resultaram em análises para elementos maiores, menores e traços, sendo eles:
SiO2, Al2O3, Fe2O3, MgO, CaO, Na2O, K2O, TiO2, P2O5, MnO, Cr2O3, Ba, Sr, Y, Zr, Rb,
Nb, Cs, Co, Ni, Be, Ga, Hf, Ho, Sc,Sn,Ta,Th, U, V, W. Os dados geoquímicos foram tratados
utilizando os softwares Minpet for Windows (Richard 1995) e Newpet for DOS (Clarke 1993).
A análise estrutural foi realizada por intermédio do software Stereo32 version 1.0.3 que
representa os dados estruturais por intermédio de estereogramas.
“Azevedo, P.H. & Costa, M.H.R” Capítulo I - Introdução
6
I.4.4 - Confecção de monografia
Após o tratamento e sistematização dos dados, passou-se à etapa de integração e
interpretação dos dados através do presente trabalho (Trabalho de conclusão de curso). Para
tal, utilizou-se dos programas pertencentes ao pacote Office (Word e Excel) utilizados para
redigir esta monografia, e dos Softwares CorelDraw X5 e ArcGis 10.0 como ferramentas de
desenho e confecção dos mapas.
CAPÍTULO II – ASPECTOS FISIOGRÁFICOS
“Azevedo, P.H. & Costa, M.H.R” Capítulo II – Aspectos Fisiográficos
8
II.1 - CLIMA
Segundo fonte da Secretaria de Planejamento do Estado de Mato Grosso, o clima do
município de Comodoro caracteriza-se por temperaturas moderadas, com alta incidência de
radiação solar. A unidade climática predominante é o Clima Tropical Continental
Alternadamente Úmido e Seco das Chapadas, Planaltos e Depressões, que é tipificado pela
variação em função da grande extensão territorial e do controle modificador, exercido pela
forma e orientação do relevo.
Os ciclos estacionais, quase regulares, têm seis a sete meses de predomínio da estação
chuvosa (entre meados de setembro até o mês de abril) e quatro a cinco meses com estação
seca (entre mês de maio até meados de setembro). A temperatura média anual é de 26ºC,
registrando a maior máxima em 36ºC e a menor mínima de 5ºC.
Outro aspecto de importância a ser ressaltado é a existência de um conjunto
substancial de terras elevadas (chapadas e planaltos com altitudes entre 400 a 800 metros),
significando diferentes níveis de alteração térmica, possibilitando reagrupar conjuntos e
realidades climáticas distintas.
II.2 - VEGETAÇÃO
A vegetação é caracterizada por ser uma zona de contato entre as formações florestal e
savânica, sendo que nessa zona de transição, espécies das duas formações se intercalam na
paisagem. Existem formações de Campos Cerrados, Savana arborizada ou Cerradão, Savana
Parque associada as áreas pantaneiras, contato com floresta estacional e a própria floresta
estacional (Figura 2).
O Cerradão caracteriza-se por uma formação com pouco mais de 5 metros de altura,
com árvores densamente dispostas, mas cujas copas não se tocam, não possui um nítido
estrato arbustivo e apresentam um tapete graminoso ralo, em tufos, podendo ocorrer palmeiras
anãs intercaladas e plantas lenhosas rasteiras. Essas áreas de cerradão aparecem,
principalmente, em terrenos com solos areníticos lixiviados profundos, e quase sempre
encontram-se intercaladas com os agrupamentos da formação de fisionomia Arbóreo Aberta.
“Azevedo, P.H. & Costa, M.H.R” Capítulo II – Aspectos Fisiográficos
9
Os Campos Cerrados são formações com pequenas árvores esparsas e altura variando
de 2 a 5 metros, esgalhadas e bastante tortuosas, dispersas sobre um tapete contínuo de
gramíneas, intercaladas de plantas arbustivas baixas e outras lenhosas rasteiras.
Floresta Estacional relaciona-se com a presença do clima com duas estações, uma seca
e outra chuvosa além de uma acentuada variação térmica, responsável pela estacionalidade
foliar dos elementos arbóreos.
II.3 - HIDROGRAFIA
O município de Comodoro situa-se no interflúvio entre os rios Juina (afluente do Rio
Juruena) e Cabixi (afluente do Guaporé), configurando duas sub-bacias principais (Figura 3):
a) Sub-bacia do Guaporé
É formada pelo rio Guaporé e seus afluentes, como Sararé, Capivari, Cabixi e
Vermelho (Figura 3). Compreende uma região com grandes extensões de “várzeas” inundadas
nos períodos de cheia. Essas áreas são propícias à formação de lagoas marginais, onde se
reproduzem muitas espécies de peixes. Apresenta outros trechos com corredeiras que podem
ser utilizadas na produção de energia.
b) Sub-bacia do Juruena
Figura 2 - Principais tipos de vegetação e utilizações da terra, Comodoro – MT. Fonte: SEPLAN/MT
“Azevedo, P.H. & Costa, M.H.R” Capítulo II – Aspectos Fisiográficos
10
Nesta região a sub-bacia do Juruena, é formada pelos afluentes do Rio Juruena, como
rio Juína, Camararé e Mutum.
II.4 - GEOMORFOLOGIA
A geomorfologia da área de estudo apresenta feições relativamente elevadas, com
altitudes variando entre 300 e 800 m que, em função da diversidade litológica e altimétrica,
pode ser subdividida em duas unidades morfoesculturais: a Chapada dos Parecis e o Planalto
Dissecado dos Parecis (Figura 4).
Localizada na porção oeste do Estado, a unidade topograficamente mais elevada,
atingindo altitudes de até 800 m, a Chapada dos Parecis caracteriza-se como um extenso
compartimento elaborado em litologias areníticas do Grupo Parecis, com acamamento plano-
paralelo. A morfologia caracteriza-se pela homogeneidade das formas tabulares amplas, com
fraca incisão da drenagem. Recobrindo parcialmente os arenitos, tem-se uma camada de
sedimentos detríticos-lateríticos argilosos, correlacionados às Coberturas Terciário-
Quaternárias Neogênicas.
Figura 3 - Rede Hidrográfica do município de Comodoro – MT. Fonte: SEPLAN/MT
“Azevedo, P.H. & Costa, M.H.R” Capítulo II – Aspectos Fisiográficos
11
O Planalto Dissecado dos Parecis constitui uma das unidades geomorfológicas de
grande expressão na parte centro norte do Estado. É um bloco relativamente homogêneo do
ponto de vista altimétrico, com altitudes que variam de 400 a 350 m de leste para oeste.
Figura 4 - Relevo do município de Comodoro – MT. Fonte: SEPLAN/MT
CAPÍTULO III – GEOLOGIA REGIONAL
“Azevedo, P.H.; Costa, M.H.R” Capítulo III – Geologia Regional
13
Amazonia Central
Maroni-Itacaiunas
Ventuari-Tapajós
Rio Negro-Juruena
Rondoniano-San Ignácio
Sunsás
2,5
2,25 - 2,0
1,95 - 1,8
1,8 -1,55
1,55 - 1,3
1,3 - 1,0
ProvínciasGeocronológicas Ga
III.1 - CRÁTON AMAZÔNICO
O Cráton Amazônico se caracteriza por uma das maiores exposições de áreas
cratônicas no mundo e representa uma das principais entidades pré-cambrianas da América do
Sul. Possui uma superfície aflorante de, aproximadamente, 4.3 x 105 Km
2.
Pode ser dividido em dois segmentos maiores com expressiva correlação: O Escudo
das Guianas (porção setentrional do cráton), e o Escudo Brasil-central ou Guaporé (porção
meridional), separados pela sinéclise do Amazonas, de idade Paleozóica.
O Cráton é limitado por cinturões orogênicos Neoproterozóicas (Paraguai e Araguaia-
Tocantins no norte brasileiro), estando relativamente estável desde 1,0 Ga (fim do ciclo
Sunsás-Aguapeí).
Duas linhas contrárias se propõem a caracterizar a evolução geológica do cráton
Amazônico. A primeira linha é a fixista, definida em trabalhos pelos autores Amaral (1974),
Almeida (1978) e Hasui et al., 1984 (in Ruiz, 2005), os quais defendiam que a tectônica pré-
cambriana é caracterizada por processos de reativação de plataforma e por retrabalhamento de
rochas preexistentes. A segunda linha é a mobilista, proposta por Cordani et al., 1979 e
seguida e modificada por Tassinari (1981), Cordani & Brito Neves (1982), Teixeira et al.,
1989, Tassinari et al., 1996 e Tassinari & Macambira (1999), que se baseia em conceitos
geotectônicos modernos que incluem acresção continental e amalgamação de terrenos durante
tempos arqueanos e proterozóicos. Neste trabalho, dá-se preferência às proposições de
Tassinari et al.,(2000) e de Ruiz (2005) por apresentar uma maior compatibilidade com os
conhecimentos geológicos atuais.
Ainda em Tassinari & Macambira (1999), é proposto a compartimentação do cráton
Amazônico em seis províncias distintas (Figura 5), baseados na determinação de idades
isotópicas, trends estruturais, além de diferentes litologias e evidências geofísicas (Tabela 1),
sendo elas:
Tabela 1 - Províncias geocronológicas do Cráton
Amazônico, segundo Tassinari & Macambira (1999).
“Azevedo, P.H.; Costa, M.H.R” Capítulo III – Geologia Regional
14
A Província Amazônia Central (2,5
Ga), constitui-se da crosta continental
mais antiga do Cráton Amazônico,
remetendo-se ao arqueano e marcada
por magmatismo e sedimentação no
paleoproterozóico. É caracterizado
por terrenos granito-greenstones
circundado por arcos magmáticos
amalgamados a este núcleo.
A Província Maroni-
Itacaiúnas (2,25-2,0) localiza-se a
norte-nordeste da Província
Amazônia Central e é caracterizada
por sequências metavulcânicas e
metassedimentares, deformados e
metamorfisados em fácies xisto-verde
a anfibolito, bem como granulitos e
migmatitos.
A província Ventuari-Tapajós
(1,95-1,8), ocorre a oeste da Província
Amazônia Central seguindo um Trend
NW-SE, assinalado por granitogênese cálcio-alcalina em contraste com as rochas
metavulcanossedimentares da Província Maroni-Itacaiúnas. Predominam os granitos-gnaisses
de composição quartzo-diorítica a granodioritíca.
A Província Rio Negro-Juruena (1,8-1,55 Ga) dispõe-se paralelamente a Província
Ventuari-Tapajós por granito-gnaissses de composição granodioritíca a tonalítica, em geral,
metamorfisados em fácies anfibolito.
A Província Rondoniana-San Ignácio (1,55-1,3 Ga) é limitada a leste pela Província
Rio Negro-Juruena e a sul-sudeste pela Província Sunsás, distinguindo-se por seu caráter
ensiálico e associação granito-gnaisse-migmatito e granulitos deformados e metamorfisados
em fácies anfibolito ou granulitos. Sendo esta a província na qual insere-se a área de estudo.
Figura 5 - Mapa esquemático mostrando a distribuição das províncias
geocronológicas do Cráton Amazônico e litologias associadas. Tassinari
& Macambira (1999)
“Azevedo, P.H.; Costa, M.H.R” Capítulo III – Geologia Regional
15
Por fim, a Província Sunsás (1,3-1,0 Ga) é a mais jovem das províncias e é
representada pelos metassedimentos dos Grupos Aguapeí e Sunsás, pela Sequência
Metavulcanossedimentar Pontes e Lacerda e Terreno Nova Brasilândia.
III.2 - SW DO CRÁTON AMAZÔNICO
Cordani et al (1979), utiliza o termo Orogenia Rondoniana para um evento
deformacional e metamórfico ocorrido no
Sudoeste do Cráton Amazônico limitado
entre 1,45-1,25 Ga, posteriormente, Teixeira
& Tassinari (1984) e Teixeira et al. (1989)
interpretam essa mesma província como um
cinturão móvel que se estende do norte de
Rondônia até a região de San Ignácio
(Bolivia), englobando assim os litotipos da
Orogenia San Ignácio (1.40–1.28 Ga),
Litherland et al. (1986). Assim Sendo,
Tassinari et al. (1996) propõe o termo
Província Rondoniana-San Ignácio com
base em dados geocronológicos U-Pb e
SHRIMP.
Bettencourt et al (2010) indicam as maiores unidades tectônicas da referida província,
sendo elas: Terreno Paraguá, Terreno Jauru, Terreno Rio Alegre e Faixa Alto Guaporé (Figura
6), estando o objeto de estudo deste trabalho inserido no último citado.
III.2.1 - TERRENO PARAGUÁ
Litherland et al. (1986) introduz o termo Cráton Paraguá para designar uma região
estável durante a Orogenia Sunsás-Aguapeí (neoproterozóico). Tohver et al. (2000), expande
os limites desse Cráton para incluir uma grande parte de Mato Grosso e propõe que o
cinturão Nova Brasilândia seria o limite com o Cráton Amazônico. Com isso, Bettencourt et
al (2010) adota o termo Terreno Paraguá para compreender as rochas do embasamento
paleoproterozóico (Complexo gnáissico Chiquitania, Grupo San Ignácio, Complexo
Figura 6 - Compartimentação do Sudoeste Amazônico segundo
Ruiz 2009.
“Azevedo, P.H.; Costa, M.H.R” Capítulo III – Geologia Regional
16
Granulítico Lomas Manechis) e granitoides mesoproterozóicos (Complexo Granulítico
Pensamiento), que foram amalgamados ao protocráton Amazônico durante a Orogenia
Rondoniana-San Ignácio.
III.2.2 - TERRENO JAURU
O terreno Jauru foi definido por Saes & Fragoso Cesar (1996) para incluir complexos
metamórficos paleoproterozóico resultantes de acresções de arcos intra-oceânicos, o
embasamento paleoproterozóico é composto do Grupo Alto Jauru, Suite Intrusiva Figueira
Branca,Complexo, Metamórfico Alto Guaporé e Tonalito Cabaçal, e pelos orógenos
mesoproterozóicos Cachoeirinha e Santa Helena.
III.2.3 - TERRENO RIO ALEGRE
Saes e Fragoso César (1996), verificaram uma zona de sutura que foi posteriormente
definida por Saes (1999) como Terreno Rio Alegre ou Orógeno Rio Alegre em Matos et al
(2004). É caracterizado como um orógeno acrescionário que compreende três unidades:
Complexo Metavulcanossedimentar Rio Alegre, Suíte Intrusiva Máfica-Ultramáfica e Suíte
Intrusiva Santa Rita, definida como um arco intra-oceânico por Ruiz (2005).
III.2.4 - FAIXA ALTO GUAPORÉ
Por meio de estudos geológicos e geocronológicos, Rizzoto et al (2002) caracterizou
um evento tectono-magmático de abrangência regional balizado no intervalo de 1350 a 1320
Ma. Posteriormente, Rizzotto & Dehler (2007) denominaram esse evento de Faixa Alto
Guaporé, o qual foi derivado de uma orogenia colisional neste intervalo de tempo e em
condições metamórficas de alto grau, A Faixa Alto Guaporé se estende desde o setor central-
setentrional de Rondônia, prolongando-se para o sudeste até a porção sul-ocidental do Mato
Grosso, estando em grande parte encoberta pelas rochas sedimentares das Bacias dos Parecis
e Guaporé, correspondendo a uma zona estreita e alongada delineada por fortes anomalias
magnéticas.
Segundo Bettencourt et al (2010), a faixa alto Guaporé é composta de pelo menos 6
unidades, sendo elas: Complexo Colorado, Complexo Máfico-Ultramáfico Trincheira, Suíte
Metamórfica Nova Mamoré, Suíte Intrusiva Serra do Colorado,Suíte Intrusiva Igarapé
Enganado e Suíte Intrusiva Alto Escondido. Rizzoto (2010), ampliando os conceitos
interiores, propõe uma nova estratigrafia para as rochas da faixa alto Guaporé, sendo
modificada por este trabalho.
CAPÍTULO IV – GEOLOGIA LOCAL
“Azevedo, P.H.; Costa, M.H.R” Capítulo IV - Geologia Local
18
IV.1 - ESTRATIGRAFIA
A litoestratigrafia da área de estudo baseou-se, principalmente, nas relações de campo,
características geoquímicas e petrográficas. Sendo assim, é aqui proposto um empilhamento
estratigráfico das rochas da Faixa Guaporé na localidade, das rochas mais antigas para as mais
recentes:
IV.1.1 - COMPLEXO RIO GALERA
A referida unidade é constituída por uma associação de anfibolitos e xistos, com raras
intercalações de gnaisses leucocráticos, gnaisses calcissilicáticos e biotita paragnaisses
(Rizzoto et al, 2010). Os gnaisses leucocráticos apresentam coloração cinza, granulação
média, de composição monzo a granodiorítica. Os xistos são de granulação média a grossa,
compostos por muscovita, biotita e quartzo. Os biotita-paragnaisses tem a textura
granolepidoblástica e granulação fina. Os mesmos são compostos à base de quartzo,
plagioclásio, biotita e rara muscovita. Os anfibolitos são mais abundantes, apresentam
granulação fina a média, foliação bem desenvolvida. Exibem uma alternância de níveis de
anfibólio e níveis de plagioclásio. Segundo Ruiz et al.(2004), a intercalação de anfibolitos e
xistos pode representar uma associação vulcanossedimentar como protólitos da referida
unidade.
IV.1.2 - SUÍTE INTRUSIVA NOROAGRO
Inicialmente descrito por Rizzoto et al (2010) como Granito Rio Piolho e,
posteriormente, redefinido por Santos et al (2010) como Suíte Intrusiva Noroagro, trata-se de
um batólito encaixado no Complexo Metamórfico Rio Galera que afloram entre a estrada que
liga a fazenda Noroagro à fazenda Maringá. Os maciços, por vezes, apresentam xenólitos
alongados e angulosos da encaixante. Encontram-se parcialmente encobertos pelos arenitos da
Formação Utiariti.
Predominam os termos mais ácidos a intermediários de uma diferenciação magmática
com composição variando entre tonalito e granodioríto, além disso a presença de enclaves é
comum nas rochas da referida unidade constituídos de rochas paraderivadas (gnaisses finos,
quartzitos e calcissilicáticas).
“Azevedo, P.H.; Costa, M.H.R” Capítulo IV - Geologia Local
19
IV.1.3 - COMPLEXO MÁFICO-ULTRÁMAFICO TRINCHEIRA
Romanini (2000) definiu uma associação de rochas máficas e ultramáficas
metamorfisadas ou não, constituídas por gabros, tremolititos, hornblenditos, bronzititos,
gabronoritos definindo-as como Complexo Máfico-Ultramáfico Trincheira. Entretanto,
Rizzoto (2010) conserva a definição retromencionada, incluindo anfibolitos bandados e
milonitizados, raramente isotrópicas, onde se destacam os paranfibolitos verde-claros a
negros, de granulação fina, estando quase sempre intercalado com rochas do Complexo
Colorado (gnaisses paraderivados, metamargas, formações ferríferas, metabasaltos e xistos).
Neste trabalho, dá-se preferência a proposta inicial de Romanini (2000), pois não se viu
nenhuma relação entre as rochas máficas-ultramáficas e os paranfibolitos que neste trabalho
são inseridos no Complexo Rio Galera.
A variedade litológica do Complexo Máfico-Ultramáfico Trincheira é expressiva,
contendo metagabros, metagabronoritos e metaleucogabros, de textura/estrutura ígnea
parcialmente preservada também são comuns. Ainda ocorrem piroxenitos, tremolititos e
actinolita xistos subordinados.
IV.1.4 – FORMAÇÃO CÓRREGO PRETO
Compõem um pacote de sedimentos pouco consolidado com predominância de
conglomerados e arenitos imaturos, intercamadados e interdigitados, que ocorrem geralmente
numa faixa estreita que bordeja a Chapada dos Parecis, na sua porção sul. Os conglomerados
são polimíticos imaturos, mal selecionados, interdigitados e/ou sobrepostos por arenitos
feldspáticos também imaturos. Os seixos dos conglomerados apresentam formas e tamanhos
variados e são constituídos por rochas do embasamento: quartzitos, gnaisses, granitos, xistos,
quartzo leitoso e raros anfibolitos. Tal unidade recobre boa parte da área mapeada estando em
contato com o embasamento por discordância (não conformidade), com espessuras que
variam entre 2 a 10 metros.
Neste trabalho passa-se a denominar, de forma informal, como Formação Córrego
Preto, devido a proximidade com a drenagem homônima.
“Azevedo, P.H.; Costa, M.H.R” Capítulo IV - Geologia Local
20
IV.2 - PETROGRAFIA
O capítulo a seguir trata da caracterização geológica dá área mapeada (Figura 7),
através da análise petrográfica macroscópica das amostras coletadas além de relações de
campo.
A área abrangida por este trabalho, pertence às Fazendas Maringá e Coração de
Imaculada (Figura 7). Foram mapeadas cinco unidades estratigráficas na área: Complexo Rio
Galera, Suíte Intrusiva Noroagro, Complexo Máfico-Ultramáfico Trincheira, Formação
Córrego Preto e Aluviões Quaternários. Tais unidades serão pormenorizadas a seguir, e a
localização de afloramentos e distribuição espacial na área mapeada estarão contidas no mapa
de localização de afloramentos e mapa geológico da área estudada (anexos 1 e 2),
respectivamente.
V.2.1 - COMPLEXO RIO GALERA
Os litotipos desta unidade afloram na forma de blocos rolados (Figura 8A), e de
lajedos, sem grande expressão em área (Figura 8B) estando quase sempre em contato com a
Suíte Intrusiva Noroagro, caracterizando muitas vezes como roof pendant, no granito
Noroagro. Os principais afloramentos encontram-se no centro da área mapeada em um relevo,
predominantemente, de morrotes. Compreendem paranfibolitos e paragnaisses como os
litotipos aflorantes na área.
Macroscopicamente, os paranfibolitos têm uma coloração de cinza clara à cinza
escura, sendo mesocrática, holocristalina, com textura afanítica e equigranular como mostrado
na Figura 8D, nos paragnaisses a granulação é geralmente média, tendo uma variação de
equigranular a inequigranular (Figura 8C). A mineralogia dos paranfibolitos é constituída por
plagioclásio, quartzo e anfibólio, onde foi encontrada muita dificuldade na sua determinação
Figura 7 – vista geral da área estudada. A esquerda: Fazenda Coração de Imaculada. A Direita: Fazenda Maringá.
“Azevedo, P.H.; Costa, M.H.R” Capítulo IV - Geologia Local
21
devido à granulação. Os paragnaisses são compostos por quartzo, plagioclásio, biotita,
anfibólio e ocorrência de sulfetos.
Figura 8 – A e B: formas de ocorrências das rochas do Complexo Rio Galera, blocos rolados e afloramentos próximo a
drenagens. C: paragnaisses, mostrando o bandamento composicional de máficos e félsicos. D: paranfibolitos maciços.
Foi possível delinear melhor a relação das unidades litoestratigráficas da Faixa
Guaporé na região. Em trabalhos anteriores, as rochas de embasamento da área de estudo,
foram mapeadas como Complexo Colorado, porém a existência de xenólitos das mesmas na
Suíte Intrusiva Noroagro evidencia sua gênese anterior à intrusão do granito, sendo aqui
proposta a inclusão de tais litologias no Complexo Rio Galera. (Figura 9).
“Azevedo, P.H.; Costa, M.H.R” Capítulo IV - Geologia Local
22
Figura 9 - Em detalhe, xenólito do Complexo Rio Galera na Suíte Intrusiva Noroagro.
V.2.2 - SUÍTE INTRUSIVA NOROAGRO
As rochas desta unidade se distribuem por grande parte da área mapeada, tendo seus
afloramentos mais expressivos a leste da região de estudo (Figura 10A). Compreende litotipos
de natureza granítica, variando de tonalito a granodiorito (Figuras 10B e 10C), holocristalino,
fanerítica, com índice de coloração mesocrático, granulação média a grossa variando entre
equigranular a inequigranular. Sua mineralogia principal é composta por quartzo,
plagioclásio, além de anfibólio e biotita. O quartzo e o plagioclásio compõem os félsicos
dominantes ocorrendo na forma de cristais pequenos, sendo que o plagioclásio se apresenta
com hábito tabular e o quartzo quase sempre é anédrico. Os máficos principais são o anfibólio
e em menor proporção a biotita, sendo dificilmente distinguíveis macroscopicamente.
Foi mapeado na parte sul da área, diques de um granito fino, leucocrático, composto
principalmente de quartzo, plagioclásio, e em menor proporção K-feldspato e máficos (Figura
10D). Trata-se de uma rocha deformada por uma foliação incipiente, intrudindo a Suite
Intrusiva Noroagro, portanto, mais jovem que essa unidade e que não foi ainda descrita em
trabalhos prévios.
“Azevedo, P.H.; Costa, M.H.R” Capítulo IV - Geologia Local
23
Além disso, em perfil a sul da área mapeada foram encontrados afloramentos em que
havia uma intercalação entre os litotipos do Suíte Intrusiva Noroagro e os do Complexo Rio
Galera, sem que houvesse evidências de falhas, sendo por este trabalho interpretado como
Roof Pendants (tetos suspensos), onde as rochas encaixantes estão bem preservados sobre a
massa plutônica, estando tal estrutura exemplificada na figura 11.
Figura 10 - A: forma de ocorrência da Suíte Intrusiva Noroagro. B: Granodiorito em afloramento da Suíte Intrusiva
Noroagro. C: tonalito, em amostra e mão da mesma unidade. D:Dique de um granito fino leucocrático cortando um
granodiorito da Suíte Intrusiva Noroagro.
Figura 11 - Esquema representando a formação de Roof pendant’s da encaixante (Complexo Rio Galera) enquanto
ocorre o soerguimento do corpo granítico intrusiva (Suíte Intrusiva Noroagro).
“Azevedo, P.H.; Costa, M.H.R” Capítulo IV - Geologia Local
24
V.2.3 - COMPLEXO MÁFICO-ULTRAMÁFICO TRINCHEIRA
As rochas pertencentes ao Complexo Máfico-Ultramáfico Trincheira, objeto principal
deste trabalho, afloram na forma de blocos rolados e/ou associado a drenagens (Figuras 12A e
12B). As litologias que compõe a referida unidade são, predominantemente, gabros e
piroxenitos. Os gabros são cinza melanocrático, holocristalina de granulação média (Figura
12C). A textura é granular variando de equigranular a inequigranular. Podem apresentar, por
vezes, uma foliação, que é marcada pela orientação do piroxênio. Em alguns afloramentos,
exibem uma capa de intemperismo de aproximadamente 0,5 centímetros, e ocorre sulfetos
disseminados. À vista desarmada, observa-se piroxênio e plagioclásio, além de quartzo e
sulfetos em menor escala. O Piroxênio é anédrico a subédrico ocorrendo como pequenos
cristais ou fenocristais englobando o plagioclásio (textura ofítica). O plagioclásio tem hábito
ripiforme com cristais euédricos a subédricos, e juntamente com o piroxênio compõe a maior
parte da rocha. Foi ainda possível identificar, próximo a drenagem, um gabro com
xenocristais de feldspato potássico (Figura 12D), evidenciando processos de assimilação da
rocha encaixante, representada pela Suíte Intrusiva Noroagro.
Figura 12 – A e B: formas de ocorrência do Complexo Máfico-Ultramáfico Trincheira. C: gabro mesocrático, de granulação
média e isotrópia. D: gabro com xenocristais de K-feldspato.
“Azevedo, P.H.; Costa, M.H.R” Capítulo IV - Geologia Local
25
O Piroxenito foi encontrado em apenas dois afloramentos, e em ambos estando em
contato com o Complexo Rio Galera. Caracterizam-se por serem rochas holocristalinas,
faneríticas, granulação grossa e equigranulares, cor cinza escuro ultramelanocráticas,
Composta, essencialmente, de piroxênio com olivina magnesiana em diminuta proporção
(Figura 13A). Os cristais de piroxênios são subédricos se dispondo em estruturas cumulática
(Figura 13B). Tem alta densidade e baixo nível de alteração.
As rochas ultramáficas e gabros da Suite Intrusiva Trincheira ocorrem em estreita
associação física em campo, apresentando arranjo cumulático nos termos menos evoluídos,
típicos de diferenciação magmática o que nos permite inferir para esta unidade uma colocação
na qual predominaram os processos de cristalização fracionada.
V.2.4 – FORMAÇÃO CÓRREGO PRETO
Esta unidade ocorre nas porções sudoeste e noroeste do mapa geológico, está situada
numa superfície aplainada, distinguida como uma unidade terciária Figura 14.
Sua caracterização litológica é composta por uma intercalação de conglomerados e
arenitos imaturos, superficialmente exibe um material inconsolado gradando para um material
consolidado. Na base é encontrado um saprólito, provavelmente de rocha básica. Os
conglomerados são polimíticos imaturos, mal selecionados, estando interdigitados e/ou
sobrepostos por arenitos. Seus seixos têm composições variadas, gnaisse, granito, quartzo e
raramente de anfibolitos.
Figura 13 - A: Piroxenito pertencente ao Complexo Máfico-Ultramáfico Trincheira, mostrando os cristais de piroxênio bem
grandes. B:textura cumulática em piroxenito.
“Azevedo, P.H.; Costa, M.H.R” Capítulo IV - Geologia Local
26
Figura 14 – A: formas de ocorrência. B e C: afloramentos de um conglomerado da Formação Córrego Preto.
CAPÍTULO V - GEOQUÍMICA
“Azevedo, P.H. & Costa, M.H.R.” Capítulo V - Geoquímica
28
V.1 - GENERALIDADES
Neste capítulo, serão analisados os dados geoquímicos referentes ás rochas máficas-
ultramáficas do Complexo Máfico-Ultramáfico Trincheira, além de amostras referentes ao
embasamento (Complexo Rio Galera). Foram 13 amostras no total separadas para geoquímica
- escolhidas por sua representatividade em área e critérios petrográficos macroscópicos – das
quais 9 representam rochas máficas-ultramáficas intrusivas e sub-intrusivas e 4 pertencem ao
Complexo Rio Galera. As rochas da Suíte Intrusiva Noroagro, não compõem este capítulo,
pois tal unidade é objeto de Dissertação de Mestrado de aluno da UFMT, ainda em
preparação. As análises químicas das 13 amostras - visualizadas nas tabelas 2, 3 e 4, para as
rochas básicas, ultrabásicas do Complexo Máfico-Ultramáfico Trincheira e do Complexo Rio
Galera, respectivamente - foram realizadas no Acme Analytical Laboratories, Vancouver -
Canadá, e tratados com auxilio dos softwares Minpet 2.02 e Newpet. Determinações estas, efetuadas
através dos métodos ICP (Inductively coupled Plasm) e ICP-MS (Mass Espectometry) para elementos
maiores, menores e traços.
V.2 - ROCHAS BÁSICAS
As rochas básicas do Complexo Máfico-Ultramáfico Trincheira analisadas foram as
seguintes: MP-04, MP-06, MP-07, MP-08, MP-09, MP-11b e MP-34, compreendendo tipos
petrográficos tais como gabros.
A amostra MP-07 apresenta valores normais de Na2O e K2O para rochas metabásicas
porem mostra teores elevados em Fe2O3(total) e MgO sendo a rocha metabásica mais máfica da
população analisada. Entre os elementos traço, observa-se que os valores analíticos de
Neodímio se sobressaem bastante em relação aos de Lantânio o que contraria a distribuição
natural e abundância (absoluta e relativa) desses elementos em rochas ígneas normais. Como
os dados apresentam alto grau de confiabilidade devido aos métodos de análise empregados e
a idoneidade da Empresa executora, esses valores podem refletir uma característica
geoquímica específica do magmatismo e/ou processos de alteração pós-magmática,
petrograficamente não detectada. Os dados analíticos brutos podem ser visualisados na tabela
02.
“Azevedo, P.H. & Costa, M.H.R.” Capítulo V - Geoquímica
29
Tabela 2 - Composição química de elementos maiores (% em peso), menores e traços ( ppm) das rochas básicas da Suíte
Intrusiva Trincheira.
Nos diagramas binários (Figura 15), foi utilizado o mg# como índice de diferenciação,
Adotando-se para o cálculo de número de magnésio a seguinte fórmula:
mg# = mg2+
/(Mg2+
+Fe2+
),
Tendo como base a razão Fe2O3/FeO = 0,15.
O número de magnésio para as rochas analisadas mostrou valores entre 0,19 e 0,34
(Figura 15) indicativos de magmas basálticos evoluídos se comparados aos magmas
basálticos primários derivados de peridotitos mantélicos que teriam valores de mg# entre 0,74
e 0,80 (Jaques & Green, 1970; Jaques & Green, 1980; Takahashi e Kushiro, 1983; Bossi et al,
1993; In: Correa da Costa, 2003).
Amostras MP- 04 MP – 06 MP – 07 MP – 08 MP – 09 MP– 11b MP – 34
SiO2 52,12 52,12 48,34 51,58 44,91 47,60 51,69
Al2O3 14,56 18,11 12,13 14,33 13,04 14,10 14,06
Fe2O3t 11,22 9,62 18,51 12,25 14,71 13,69 13.15
,MnO 0,15 0,13 0,25 0,21 0,20 0,23 0,21
MgO 6,30 4,89 5,16 6,17 8,78 7,98 5,84
CaO 7,91 7,40 9,89 10,30 13,02 11,17 9,66
Na2O 2,95 2,20 2,03 2,58 1,53 2,36 2,43
K2O 1,28 1,44 0,44 0,42 0,86 0,44 0,57
TiO2 1,26 1,39 2,11 1,06 1,39 1,13 1,11
P2O5 0,14 0,22 0,18 0,15 0,22 0,11 0,15
Cr2O3 0,034 0,011 0.002 0,003 0,025 0,029 0.002
mg# 0,33 0,30 0,19 0,30 0,34 0,33 0,28
LOI 1,8 2,2 0,7 0,7 1,0 0,9 0,9
Total 99,72 99,78 99,74 99,77 99,69 99,74 99,78
Ba 466 342 133 226 233 110 466
Sr 493,0 330,6 245,5 266,4 436,0 165,0 255,2
Y 24,6 25,9 35,5 27,0 28,7 32,0 28,1
Zr 86,3 72,4 85,8 64,9 59,5 65,1 77,9
Rb 34,3 58,6 5,0 10,4 21,9 5,1 9,7
Nb 2,2 8,4 3,2 2,0 2,7 1,9 2,7
La 14,8 16,7 7,5 5,2 6,8 4,5 6,1
Ce 32,7 38,2 17,3 13,5 16,5 12,1 14,8
Nd 19,0 21,1 13,4 10,5 15,5 10,4 12,1
Cs 1,6 2,7 0.1 0,5 1,6 0.1 1,0
Co 53,7 34,0 50,8 43,0 48,9 48,7 47,4
Ni 114 31 20 41 41 63 31
Be 2 2 1 1 1 1 1
Ga 19,2 20,2 20,0 17,1 17,8 14,4 18,1
Hf 2,7 2,1 2,8 2,2 2,0 2,1 2,0
Ho 0,85 0,84 1,17 0,91 1,04 1,12 1,00
Sc Sc 23 26 51 46 47 24
Sn 1 1 1 1 1 1 2
Ta 0,2 0,8 0,3 0,1 0,2 0,1 0,2
Th 1,4 2,1 1,0 0,8 1,1 0,5 0,8
U 0,6 1,2 0,4 0,3 0,5 0,2 0,3
V 195 198 685 281 420 328 299
W 0.5 0,5 0.5 0,6 0,7 0.5 0.5
“Azevedo, P.H. & Costa, M.H.R.” Capítulo V - Geoquímica
30
Figura 15 - Diagramas binários mg# versus elementos maiores, menores e traços para os termos básicos do Complexo
Máfico-Ultramáfico Trincheira
“Azevedo, P.H. & Costa, M.H.R.” Capítulo V - Geoquímica
31
Com relação aos elementos maiores, ocorre um enriquecimento em P2O5 à medida que
o conteúdo de mg# diminui, refletindo o comportamento de tal óxido como elemento
incompatível na evolução magmática. Por outro lado, os teores de Al2O3 aumentam nas fases
menos evoluídas e, posteriormente, diminuem com a continuidade da diferenciação
magmática nos litotipos mais evoluídas devido a seu consumo. Tal comportamento é
equivalente com o fracionamento do tipo gabro.
Nos elementos traço ocorre um aumento de Y e Zr a medida que o conteúdo em mg#
diminui. De maneira oposta, elementos como Ni, Rb e Ba tem seus valores diminuídos ao
passo que ocorre a diferenciação magmática.
Inicialmente foram gerados diagramas que pudessem evidenciar os processos de
alteração da rocha por processos pós-magmáticos. De acordo com Miyashiro (1975), que
discrimina rochas alteradas por processos pós-ígneos (campo acima da curva V-V’) das não
alteradas (campo abaixo da curva V-V’) As amostras selecionadas plotam no campo abaixo
da curva V-V’ sendo assim constatado (FIGURA 16A) que não houve alteração dessa
natureza.
Figura 16 - Diagramas de alteração pós-ígnea para as rochas básicas do Complexo Máfico-Ultramáfico Trincheira. A:
Miyashiro (1975), B: Hugues (1973), C: Pearce (1982).
“Azevedo, P.H. & Costa, M.H.R.” Capítulo V - Geoquímica
32
Já em Hughes (1973), que se baseia em elementos quimicamente menos móveis, e é
utilizado para separar magmas basálticos naturais daqueles que foram envolvidos por
processos de alteração e/ou contaminação. As rochas amostradas plotam-se dentro do campo
retangular ou em seus arredores, comprovando que não houve alterações pós-ígneas
(FIGURA 16B). Por fim, em Pearce (1982), que discrimina as rochas com espectro ígneo
normal, que não sofreram processos como espilitização ou potassificação, as rochas
concentram-se entre as duas curvas ou em seu entorno, sendo então interpretadas como dentro
de um espectro ígneo normal, sem alteração de tais naturezas (Figura 16C).
O diagrama de Le Maitre (1984), figura 17A, mostra que as rochas selecionadas
enquadram-se no campo dos Basaltos e Basaltos-andesíticos o que é corroborado pelo
diagrama de Winchester & Floyd (1977), figura 17B, onde as amostras se enquadram no
campo dos basaltos subalcalinos.
Quando plotadas no diagrama AFM de Irvine & Baragar (1971), figura 17C, constatou-
se que o magmatismo é do tipo toleítico, de natureza subalcalina, demonstrando uma
tendência normal de diferenciação, evidenciado pelo diagrama de Irvine & Baragar (1971;
Fig. 17D).
Figura 17 – Acima: diagramas de classificação de rochas. A: Le Maitre (1989), B: Winchester & Floyd (1977) Abaixo:
diagramas classificatórios de magmatismo. C e D: Irvine e Baragar (1971).
“Azevedo, P.H. & Costa, M.H.R.” Capítulo V - Geoquímica
33
Quanto ao ambiente tectônico, o gráfico Zr versus Zr/Y de Pearce & Norry (1979; Fig.
18) discrimina as rochas estudadas como Basaltos do tipo MORB (Mid Ocean Ridge Basalts),
o que se confirma em Shervais (1982) estando a totalidade das rochas no campo dos Basaltos
de Fundo Oceânico - OFB (Ocean Floor Basalts) (figura 18).
Figura 18 - Diagramas de Ambientes geotectônicos para as rochas básicas do Complexo Máfico-Ultramáfico Trincheira, a
Esquerda Pearce & Norry (1979) e a direita Shervais (1982).
Quanto ao diagrama multielementar da figura 19, normalizado pelo manto primitivo
de McDonough & Sun (1995), observa-se que o empobrecimento de elementos mais
compatíveis em detrimento dos mais incompatíveis onde se observam as variações mais
fortes. O espectro é caracterizado por fracas anomalias negativas em Th, Nb, e forte anomalia
negativa de Ni e pouco pronunciadas anomalias positivas em Cs, Ba e U.
Figura 19 - Diagrama multielementar para as 7 amostras de rochas básicas do Complexo Máfico-Ultramáfico Trincheira, de
acordo com McDonough & Sun
“Azevedo, P.H. & Costa, M.H.R.” Capítulo V - Geoquímica
34
V.3 - ROCHAS ULTRABÁSICAS
Na parte central da área estudada (Anexo 2 - mapa geológico) ocorre um complexo
intrusivo constituido de rochas de granulação grossa predominando os litotipos ultramáficos
tais como peridotitos de natureza piroxenítica. Duas (02) dessas amostras foram analisadas e
seus resultados podem ser visualizados na tabela 3.
Tabela 3 - Composição química de elementos maiores (% em peso), menores e traços ( ppm) das rochas ultrabásicas do
Complexo Máfico-Ultramáfico
Amostras MP - 20 MP - 24b
SiO2 43,57 49,19
Al2O3 14,26 5,93
Fe2O3t 15,68 10,62
,MnO 0,21 0,16
MgO 11,42 20,30
CaO 8,98 8,74
Na2O 1,71 0,37
K2O 0,24 0,15
TiO2 1,47 0,45
P2O5 0,12 0,12
Cr2O3 0,017 0,392
LOI 2,0 3,0
Total 99,71 99,52
Ba 157 641
Sr 224,5 53,7
Y 19,5 112,9
Zr 80,2 35,4
Rb 4,2 1,8
Nb 5,1 1,4
La 5,2 43,6
Ce 14,0 17,4
Nd 13,2 45,8
Cs 0,3 0,1
Co 80,1 73,9
Ni 225 417
Be 1 2
Ga 18,5 9,5
Hf 2,3 1,0
Ho 0,75 2,93
Sc 57 24
Sn 1 1
Ta 1,1 0,1
Th 0,5 0,6
U 0,1 0,3
V 255 150
W 0.5 0.5
As análises dessa associação de rochas intrusivas representadas por duas análises
quimicas plotadas no diagrama AFM de Irvine e Baragar (1975), (Figura 20) configuram
claramente um padrão de diferenciação toleiítico.
“Azevedo, P.H. & Costa, M.H.R.” Capítulo V - Geoquímica
35
Figura 20 - Diagrama AFM de Irvine e Baragar (1975) para as rohas Ultramáficas do Complexo Máfico-Ultramáfico
Trincheira.
Com respeito aos padrões de variação de elementos incompatíveis (e compatíveis),
normalizados pelos valores de manto primitivo de Taylor e Mclennan (1995) para os termos
mais diferenciados da CMUT (figura 21), ocorre uma dessemelhança entre as duas amostras,
tendo cada uma um padrão multi-elementar específico de elementos. Padrões de variações tão
distintos pode indicar que as duas amostras não compartilham de mesma origem, podendo
ocorrer mais de uma geração de fases intrusivas de magmas básicos distribuidos distintamente
no tempo geológico.
Figura 21 - Diagrama multielementar para as rochas ultramáficas do Complexo Máfico-Ultramáfico Trincheira
“Azevedo, P.H. & Costa, M.H.R.” Capítulo V - Geoquímica
36
V.4 - ROCHAS METASSEDIMENTARES
A caracterização geoquímica do embasamento proterozóico na área mapeada foi realizada
com base em 4 amostras geoquímicas consideradas as mais representativas, apresentadas na
tabela 4.
Tabela 4 - Composição química de elementos maiores (% em peso), menores e traços ( ppm) das rochas do Complexo Rio
Galera
Amostras MP - 21 MP – 13 MP – 19 MP - 17
SiO2 72,39 59,12 73,71 71,62
Al2O3 13,19 14,77 11,61 14,41
Fe2O3t 3,89 7,49 4,34 3,56
MnO 0,09 0,15 0,07 0,08
MgO 0,72 2,56 1,03 0,68
CaO 0,8 13,17 1,77 2,06
Na2O 4,48 0,63 2,49 4,79
K2O 1,16 0,95 2,94 1,07
TiO2 0,46 0,68 0,52 0,51
P2O5 0,08 0,22 0,02 0,06
LOI 2,7 0,1 1,3 1
Total 99,92 99,87 99,83 99,87
Ba 246 167 950 574
Sr 110,8 283,3 125 212,7
Y 35,5 26,2 26,4 33
Zr 155,3 86,8 128,8 154,4
Rb 27,4 21,1 47,2 21,9
Nb 5,2 3,9 8,1 6,4
La 17,1 12,2 24,6 19,3
Ce 37,6 26,5 52,7 42,4
Cs 0,3 2,7 1,5 0,4
Co 3,1 12,6 4 24,4
Ni 20 42 35 20
Be 1 1 1 1
Ga 12,2 14,2 15,6 19,3
Hf 4 3,5 4,6 2,2
Ho 1,03 1,01 1,3 0,92
Sc 15 13 12 24
Sn 3 2 2 <1
Ta 0,4 0,6 0,3 0,2
Th 3,8 8,2 2,5 1,5
U 1,6 3,1 1 0,6
V 40 78 36 201
W 0.5 0,9 0.5 0.5
De ínicio o diagrama TiO2 versus Ni de Floyd et al (1989)figura 22A, que discute a
origem magmatogenica/sedimentar das rochas detríticas e químicas com base na abundância
desses componentes distribuidos nos litotipos considerados. A totalidade das amostras
plotadas nesse diagrama sugere que a proveniência desses sedimentos é de origem ígnea,
estando inserida no campo das grauvacas magmatogênicas, contrariamente ao que preconiza o
diagrama ACF de Wahlstron & Kim (1959), figura 22B, onde as rochas plotam-se em
“Azevedo, P.H. & Costa, M.H.R.” Capítulo V - Geoquímica
37
posições proximais aos campos previamente definidos para pelitos, grauvacas e rochas
calcissilicatadas.
Figura 22 - A esquerda: Diagrama de proveniência de sedimentos Floyd et al (1989), para as rochas do Complexo Rio Galera.
À direita: Diagrama ACF classificatório para as rochas do Complexo Rio Galera.
Apenas para fins de comparação, foram representadas as análises mais completas
dessas rochas em variogramas multielementares com normalização em valores de manto
primitivo (Taylor & McLennan, 1985), figura 23. Estas, indicam uma certa regularidade dos
processos geoquímicos que atuaram na formação/alteração destes litotipos. A totalidade das
amostras metassedimentares clásticas do Complexo Rio Galera exibe um padrão muito similar
no comportamento dos elementos menores e traço, apresentando enriquecimento em Ba e U, e
um relativo empobrecimento em Th, Nb, Sr e Ni.
Figura 23 - Diagrama multielementar para as rochas do Complexo Rio Galera.
“Azevedo, P.H. & Costa, M.H.R.” Capítulo V - Geoquímica
CAPÍTULO VI - GEOLOGIA ESTRUTURAL
“Azevedo, P.H. & Costa, M. H. R.” Capítulo VI – Geologia Estrutural
39
VI.1 - GENERALIDADES
Neste capítulo serão abordados os principais aspectos referentes à geologia estrutural
da área estudada, analisando os eventos deformacionais pelos quais passaram as rochas, bem
como as estruturas microscópicas e macroscópicas impressas nas mesmas. Tal análise baseia-
se nas rochas do embasamento (Complexo Rio Galera) e na intrusão granítica (Suíte Intrusiva
Noroagro), sendo neste capítulo preterido as intrusões do Complexo Máfico-Ultramáfico
Trincheira, devido à dificuldade em se localizar afloramentos in situ da referida unidade.
VI.2 - CARACTERIZAÇÃO ESTRUTURAL
Através do mapeamento geológico e tratamento de dados com softwares adequados,
foram definidos três eventos deformacionais (Dn, Dn+1 e Dn+2), para as rochas do
embasamento.
O primeiro evento deformacional (Dn), está presente nas rochas do embasamento da
área - representada pelo Complexo Rio Galera - gerando assim um bandamento
composicional (Sn) nos paragnaisses e uma foliação (xistosidade) nos paranfibolitos e xistos,
visível em escala macroscópica. Tal deformação é orientada em um trend E-W, como mostra
a figura 24.
Figura 24 - Afloramento em um leito de rio, de um paragnaisse do Complexo Rio Galera exibindo um
bandamento composicional (Sn).
E W
“Azevedo, P.H. & Costa, M. H. R.” Capítulo VI – Geologia Estrutural
40
O segundo evento deformacional Dn+1, é associado a um esforço compressivo gerador
de dobras recumbentes, nas rochas do Complexo Rio Galera, com plano axial paralelo a
foliação pré-existente. Tal evento foi responsável pela impressão de uma foliação Sn+1 (Figura
25).
Figura 25 - Rocha pertencente ao Complexo Rio Galera apresentando a foliação Sn dobrado pelo evento Dn+1.
Por fim, um terceiro evento de deformação (Dn+2), foi responsável pela transposição de
Sn para a vertical,
formando assim uma
foliação Sn+2. Tal
foliação é bem
observada na figura 26,
que demonstra o
truncamento de uma
foliação mais antiga Sn
por uma foliação mais
nova Sn+2 de direção
NNE sendo esta a
dominante na Suíte
Intrusiva Noroagro. As Figura 26 - Foliação Sn+2 em granodiorito da Suíte Intrusiva Trincheira
N
S
“Azevedo, P.H. & Costa, M. H. R.” Capítulo VI – Geologia Estrutural
41
lineações são caracterizadas, principalmente por serem de estiramento mineral, onde no
granito são marcadas pelo rearranjo dos cristais de piroxênio (vista principalmente na Suíte
Intrusiva Noroagro) seguindo uma direção média em torno de 270/30, estando assim contidas
no plano de foliação Sn+2.
Nas porção norte da área mapeada, ocorre um grande lineamente identificado em
imagens áereas de relevo sombreado, e confirmado em campo como sendo uma zona de
cisalhamento dúctil com trend ENE, onde a Suíte Intrusiva Noroagro aflora em diferentes
graus de deformação (Figura 27), com elementos que comprovam tal strain, tais como: pod’s
de quartzo, cristais com sombra de pressão, lineação de estiramento mineral e dobras de
arrasto. Exibe ainda uma foliação (xistosidade) de atitude 270°/60° em média, praticamente
norte-sul. Sendo esta formada durante o evento deformacional.
Utilizando-se de softwares adequados, foi possível tratar estatisticamente as
atitudes das foliações, sendo apresentados sob a forma de estereogramas.
O estereograma da figura 28 refere-se às foliações impostas as rochas do
Complexo Rio Galera, nota-se, claramente, uma distribuição bimodal das foliações. A
primeira concentração de pólos denota uma foliação com direção média de 350°/10° sendo
esta compatível com a foliação regional de trend leste-oeste (Sn). A segunda concentração de
pólos evidencia uma tendência das atitudes em torno de 260°/50° relativo à foliação de trend
norte-sul que transpõe a mais antiga mencionada anteriormente.
Já o segundo estereograma (figura 29) retrata as medidas de foliações retiradas da
Suíte Intrusiva Noroagro. Nota-se uma concentração das medidas em torno de 270°/60°, o que
remete a foliação regional norte-sul (Sn+2).
Figura 27 – Rochas de composição granítica pertencentes a Suíte Intrusiva Noroagro em zona de cisalhamento gerando
ultramilonitos. Em A: Ultramilonito. B: dobra de arrasto.
“Azevedo, P.H. & Costa, M. H. R.” Capítulo VI – Geologia Estrutural
42
Figura 28 - Estereograma para as
foliações do Complexo Rio Galera.
Figura 29 - Estereograma para foliações
da Suíte Intrusiva Noroagro.
CAPÍTULO VII – GEOLOGIA ECONÔMICA
“Azevedo, P.H. & Costa, M.H.R” Capítulo VII - Geologia Econômica
44
VII.1 - GENERALIDADES
Durante a etapa de mapeamento do presente trabalho constatou-se a ocorrência
de sulfetos disseminados (fig. 30), principalmente nas rochas do Complexo Máfico-
Ultrámafico Trincheira. A proximidade da região de pesquisa com o jazimento de
Níquel laterítico no Morro Sem Boné e Morro do Leme, cuja litologia é similar às
encontradas na área de trabalho, aguçou o interesse econômico na área, mostrando a
necessidade de um estudo mais aprofundado na área de prospecção. No decorrer do
capítulo será descrito o exemplo de mineralização no Distrito Niquelífero de Comodoro.
Próximo à área de pesquisa existem importantes mineralizações, como de ouro, que
historicamente representa uma grande importância na mineração do Estado, assim como
na atividade garimpeira, tendo seu inicio na década de 80, onde o ouro tinha sua forma
de ocorrência primária ou alúvio-coluvionar. E a ocorrência de cobre localizada na
porção norte do Gráben Colorado, no extremo W-SW do lineamento regional que limita
a referida estrutura.
VII.2 - DISTRITO NIQUELÍFERO DE COMODORO
A associação Níquel-Cobre-Cobalto é comumente vinculada à rochas
ultrabásicas e exemplos de depósitos desse tipo são mundialmente conhecidos. Nesse
contexto, inserem-se os morros do Leme e Sem-Boné, aflorantes no extremo sudoeste
da sede do município. São rochas peridotíticas serpentinizadas, capeadas por um manto
laterítico e zonas irregulares de silexito. A mineralização de níquel, no morro do Leme,
Figura 30 - Em detalhe, sulfetação em gabro pertencente ao Complexo Máfico-Ultramáfico Trincheira.
“Azevedo, P.H. & Costa, M.H.R” Capítulo VII - Geologia Econômica
45
é proveniente dos níveis de garnierita que juntamente com sílica microcristalina
preenchem uma rede de fraturas na porção superior dos serpentinitos, formando, por
vezes, estruturas do tipo box works. Segundo Nunes (2000), níveis de sulfetos e
delgadas concentrações de cromita ocorrem associados ao peridotito do morro do Leme,
fato esse verificado em testemunho de sondagem no intervalo de profundidade de 139-
157 metros. Concentração de níquel por processos de enriquecimento supergênico
ocorre distribuída nas argilas esmectíticas (nontronita) no saprólito serpentinítico.
No morro Sem-Boné, o contexto geológico é semelhante, onde a mineralização
está hospedada em serpentinitos e dunitos e/ou piroxenitos, no saprólito de ambos e no
perfil laterítico. Conforme os dados de pesquisa da Anglo American, empresa detentora
dos direitos minerários do depósito de níquel, a mineralização está distribuída nos
seguintes níveis (do topo para a base):
- zona superior laterítica = 0,9% Ni
- zona silicosa = estéril
- zona saprólito-silicosa = 1% Ni
- zona saprólito-argilosa = 1,3% Fe
- zona saprólito (garnierita em fraturas) = 3% Ni e 3% Fe
- zona dunito/peridotito = 1,2% Ni
Em algumas porções da zona superior laterítica é comum a presença de níveis de
Magnesita encaixados em zonas de fraturas no dunito serpentinizado. Adicionalmente,
anomalias de EGP’s e ouro também foram detectadas nas áreas do morro do Leme e
Sem-Boné.
De uma forma geral, o perfil de alteração desses depósitos tem as seguintes
características (Figuras 30):
“Azevedo, P.H. & Costa, M.H.R” Capítulo VII - Geologia Econômica
46
Figura 31 - Perfis de Alteração dos Depósitos - Relatório Final de Pesquisa - Anglo American Brasil Ltda/ 2003
Os depósitos dos morros Sem Boné e do Leme possuem reservas minerais bloqueadas
de aproximadamente 47 milhões de toneladas de minério, com teores médios de
1,76%de Ni, 14,5% Fe, mostrando ainda uma relação Si02/Mg0 de 2,29 e um cut- off
de 0,9% Ni.
VII.3 - POTENCIAL ECONÔMICO
O ambiente de fundo oceânico o qual predomina a área de pesquisa e entornos,
associado às rochas características desse ambiente como metabasaltos, anfibolitos,
metaultramáficas, gnaisses calcissilicáticos, metacherts e formações fer-ro-
manganesíferas bandadas, intercaladas a uma sucessão turbidítica, compõe uma
seqüência metavulcano-sedimentar tipo greenstone, onde são registradas inúmeras
ocorrências de ouro, além de garimpos atualmente inativos. As mineralizações
primárias de ouro estão associadas a veios de quartzo encaixados em rochas metabásicas
e xistos, afetadas por zonas de cisalhamento dúctil. A paragênese mineral do ouro é
com sulfetos (pirita, calcopirita), manganês, carbonato e turmalina.
“Azevedo, P.H. & Costa, M.H.R” Capítulo VII - Geologia Econômica
47
No contexto das rochas máfico-ultramáficas representadas por dunitos,
peridotitos, serpentinitos e hornblenditos destacam-se os depósitos de níquel do
morro do Leme e Sem Boné. Estas intrusivas apresentam potencial para
associações ortomagmáticas de Cu-Ni-Cr e EGP, bem como de óxidos de Fe-Ti-V.
Dados existentes na literatura (Angeli et al. 1997) indicam que estas rochas podem
ser especializadas em EGP’s leves e ouro associando-as aos complexos acamadados
mundialmente conhecidos. As unidades Máfico-Ultramáfica Igarapé Hermes e Máficas
Cidade de Colorado apresentam fortes similaridades com aquelas acima citadas, tanto
no aspecto composicional como litoquímico. Portanto, as mesmas são potencialmente
favoráveis a conter mineralizações de metais-base e EGP’s.De forma similar são citados
na literatura os depósitos minerais formados a partir do processo sistema mineralizador
laterítico (Biondi, 2003), na forma de concentração residual de substâncias
químicas a partir de rochas ultrabásicas . como exemplo, citam-se os depósitos de
Niquelândia (GO), Vermelho (Serra dos Carajás-PA) e Morro do Níquel (MG),
além de outros.
CAPÍTULO VIII – CONCLUSÕES E
RECOMENDAÇÕES
“Azevedo, P.H. & Costa, M.H.R.” Capítulo VIII – Conclusões e Recomedações
Geologicamente, a região de Noroagro possui características de terrenos paleo a
mesoproterozóicos, com retrabalhamentos meso a neoproterozóicos superimpostos,
similares a outras áreas da borda do Cráton Amazônico, ou seja, em geral, de terrenos
acescionários subordinados aos modelos de tectônica global vigentes desde épocas
arqueanas até períodos neo-protrozóicos.
O mapeamento geológico foi realizado na escala de 1:50.000 sendo distinguido
4 unidades litoestratigráficas. A mais antiga é representada pelo Complexo Rio Galera,
composto por uma sucessão de paragnaisses e paranfibolitos. A segunda unidade
mapeada é a Suíte Intrusiva Noroagro, com rochas variando entre tonalitos e
granodioritos, encaixados nas rochas do Complexo Rio Galera, o que é comprovado
pela presença de xenólitos de tal unidade na Suíte Intrusiva Noroagro. De forma
intrusiva nas rochas das duas unidades supracitadas, estão colocadas as rochas do
Complexo Máfico-Ultramáfico Trincheira, que agrupa rochas básicas a localmente
ultrabásica, tais como gabros e piroxenitos. Como relações de corte, as rochas da
CMUT apresentam xenocristais de K-feldspato nos gabros onde, pode-se perceber
processos de assimilação da encaixante representada pela Suíte Intrusiva Noroagro.
Ocorre ainda uma cobertura aluvionar terciária, que recobre boa parte do sudoeste da
área mapeada, estando em discordância (incorformidade) com as rochas da Faixa
Guaporé. Esta unidade foi informalmente por nós denominada Formação Córrego Preto,
dado à proximidade com a drenagem homônima.
As rochas básicas do CMUT enquadram-se no campo dos basaltos a basaltos-
andesíticos, não evidenciando indícios de alteração sugestivos de processos aloquimicos
hidrotermais/metassomáticos pré-metamórficos sugestivos de ambientes de fundo
oceânico em sistema de atividade hidrotermal. A ausência da petrografia microscópica e
ocorrência de alterações posteriores metamórficas na fácies dos Xistos Verdes a
Anfibolito, dificultam sobremaneira o tratamento dos dados geoquímicos e suas
interpretações petrogenéticas. Ainda assim, alguns dos diagramas geoquímicos
utilizados, principalmente àqueles fundamentados em elementos mais compatíveis (por
exemplo Shervais, 1982) sustentam uma origem do tipo assoalho oceânico do tipo
MORB (Meso Oceanic Ridge Baslts). Foram reconhecidos, para a área de estudo, 3
eventos de deformação. O primeiro D1 tem direção E-W e afeta, principalmente, as
rochas do Complexo Rio Galera, gerando um bandamento composicional nos
paragnaisses de tal unidade. O segundo evento D2 é responsável pelo dobramento do
“Azevedo, P.H. & Costa, M.H.R.” Capítulo VIII – Conclusões e Recomedações
bandamento gerando uma segunda foliação. O terceiro evento D3 tem direção N-S, e é
responsável pela transposição da foliação mais antiga.
As seguintes recomendações são sugeridas para estudos posteriores na área:
1 – Estudo petrográfico microscópico de tais rochas, visando à melhor caracterização da
intrusão básica-ultrabásica e das rochas encaixantes, bem como a análise de grau
metamórfico para as mesmas.
2 – Devido a escassez de afloramentos das rochas relativas ao Complexo Máfico-
Ultramáfico Trincheira, sugere-se a continuação do mapeamento geológico nas áreas do
entorno, alvejando sempre uma melhor caracterização desse intrusão.
3 – Melhor caracterização das rochas da Formação Córrego Preto, visto ser uma nova
unidade.
4 – Estudo aerogeofísico, objetivando uma melhor delimitação dos corpos intrusivos e
sua reação com as encaixantes.
5 – Novos estudos geoquímicos e geocronológicos que expliquem de forma conclusiva
a relação entre as unidades da Faixa Guaporé na localidade.
6 – Devido à concentração de sulfetos nas rochas do Complexo Rio Galera, e a
proximidade com unidades litoestratigráficas mineralizadas (Morro Leme e Sem Boné),
recomenda-se um estudo prospectivo na área, para verificar o potencial econômico das
rochas citadas.
“Azevedo, P.H. & Costa, M.H.R.” Capítulo VIII – Conclusões e Recomedações
CAPÍTULO IX - BIBLIOGRAFIA
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ANEXOS
Azevedo, P.H. & Costa, M.H.R. - ANEXOS
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Anexo 1 – Mapa de Localização de Afloramentos
Azevedo, P.H. & Costa, M.H.R. - ANEXOS
60
Azevedo, P.H. & Costa, M.H.R. - ANEXOS
61
Anexo 2 – Mapa Geológico da área estudada
Anexo 3 – Perfis Geológicos para a área de estudo
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