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TEMA EM DEBATE
Em captulo1escrito para a coleo Historia General de America Latina(Unesco), Laura de
Mello e Souza categoriza didaticamente os movimentos rebeldes da poca colonial em tr!s grandes
grupos (ou "momentos crticos#), divididos de acordo com as particularidades e conte$to espec%icos
no &ual estavam inseridos, sempre estabelecendo as rela'es entre tais movimentos no ovo Mundo
e os conte$tos espec%icos do continente europeu * primeiro momento (1+-.1+/) se d0 aps a
2estaurao 3ortuguesa, em um conte$to de recuperao e a%irmao militar da metrpole perante
seu vizin4o ibrico5 o elemento em comum6 a disputa travada por alguns colonos dese7osos em
utilizar os indgenas como escravos * terceiro momento (18/9.189/) diz respeito ao conte$to de
"revoluo atl:ntica#, para citar a autora, &uando os ideais de liberdade e igualdade suscitados pela2evoluo ;rancesa e rea%irmados pelo pensamento ilustrado encontravam os resultados pr0ticos da
independ!ncia das cols "p0trias locais#, uma vez &ue sabido &ue a constituio
de uma identidade nacional %oi, de %ato, posterior > independ!ncia poltica do pas * momento &ue
nos interessa mais, no entanto, o segundo (18-/.18?-) Em um conte$to de participao
portuguesa na guerra de sucesso espan4ola, os constantes ata&ues de cors0rios %ranceses e
ameaa de invaso iminente atiaram insatis%a'es @rata.se do perodo com o maior nAmero de
con%litos documentados em toda a poca colonial, motivadas principalmente pelo aumento da
cobranas de impostos, apro%undando diverg!ncias internas > sociedade luso.brasileira
Um breve estudo da bibliogra%ia produzida sobre o perodo demonstra &ue tais motins e
rebeli'es tin4am uma caracterstica social em comum6 a presena de diversos grupos distintos
Bandeirantes, comerciantes, lati%undi0rios, potentados, portugueses, colonos En%im, uma
4eterogeneidade social &uando no evidente, ao menos aparente Cmportante lembrar &ue essa
marca no se demonstra apenas no estudo de rebeli'es ou con%litos distintos, mas tambm no estudo
dos e$emplos espec%icos * %ato de ;ilipe dos Santos ter sido estrangulado e en%orcado em Dila 2ica
en&uanto 3as&ual da Silva uimares saa "ileso# da &uerela, mesmo sendo apontado pelo ento
governador como o grande cabea do motim, levanta &uest'es importantes* &ue di%erencia ;ilipe dos Santos do potentado 3as&ualF =mbos eram portugueses,
brancos, livres * &ue os di%erencia talvez nada mais se7a do &ue um circuito de rela'es e
in%lu!ncias, sob a &ual o segundo encontrava.se "protegido# Seria essa tambm uma das e$plica'es
para compreender a resposta diplom0tica do governo portugu!s ao episdio emboaba Manuel unes
Diana era uma %igura por demais in%luente e prestigiosa na&uela sociedade, como evidenciado pela
sua "eleio# a governador da capitania &ue ainda nem e$istia o%icialmente ot0vel , portanto, &ue
os revoltosos &ue possuam mais poder, se7a poltico ou econ
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&ue salta aos ol4os a presena de tais circuitos e "redes#, laos de sociabilidade estabelecidos
entre os potentados estabelecidos nas Minas no incio do GDCCC Um indcio claro de tal realidade se
con%igura na observao do nome de Manuel unes Diana, importante %igura e liderana dos
Emboabas no con%lito 4oms
classes superiores da sociedade inglesa @endo a consci!ncia de &ue o uso de "classe# no cabe ao
nosso escopo espaoOtemporal, mas in%erindo na ideia de &ue o &ue constri uma concepo comum
entre esses grupos sociais distintos, com diversos interesses di%erentes, so suas e$peri!ncias e sua
ao coletiva, compreendemos a base terica de @4ompson an0loga, e para o nosso estudo,complementar > ideia de comunidade e sociedade de @Innies, alm de conectar.se ao pensamento
de interdepend!ncias de obert Elias "Sociedade# alude considerar avalia'es mais racionais na
interao social, pois nela est0 presente a conveni!ncia de su7eitos aut
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prosopogr0%ico seria de import:ncia salutar nesse nterim E &uando observamos a mani%estao de
diversos grupos sociais motivados ao embate na Dila 2ica, em 18?-, podemos tran&uilamente re%letir
acerca de redes de sociabilidade societ0rias estabelecidas entre os lderes dos grupos.c4ave
envolvidos =&uilo pelo &ue ;ilipe dos Santos alme7ava e lutava poderia no ser necessariamente
id!ntica >s raz'es de Manuel unes Dianna ou 3as&ual uimares, no entanto tais %iguras lideraram
movimentos na mesma contenda, de %orma bastante organizada Motiva'es talvez "distintas# (dentro
de um mesmo conte$to e 7usti%icativa, dei$emos claro), laos de aliana mesmo assim estabelecidos
D0lido tambm %alar de orbert Elias, supracitado, e seu conceito de "sistema de
interdepend!ncia#, apresentado em A Sociedade de Corte * autor demonstra sua an0lise da
sociedade do =ntigo 2egime como alicerada num sistema de trocas baseado nos "laos a%etivos#
atravs dos &uais se e$pressava o 7ogo de interesses entre as partes envolvidas e &ue produzia um
"sistema de interdepend!ncia#, &ue no se limitava > corte e a ambientes polticos, mas vinculava
todas as rela'es sociais Uso clarssimo em nosso debate, no s por relacionar.se > uma lgicasocial mais an0loga ao nosso recorte, mas por incorporar de %orma evidente a base da participao
de diversos atores sociais nos con%litos, &ual se7a a busca por maiores vantagens, privilgios,
%orti%icando a teorizao sociolgica 70 e$posta anteriormente
Dale o estudo e re%le$o sobre tal problema, &ue pode en%im revelar.nos mais acerca dos
atores e suas motiva'es em perodo to conturbado e intenso da sociedade mineira, para no %alar
de toda a e$tenso da =mrica 3ortuguesa em si 3erceber laos de sociabilidade &ue perdurem e
ten4am papel decisivo nos motins, bem como em suas respectivas puni'es, a proposta a&ui
elicitada 3ara &ue em meio ao caldeiro revoltoso da con7untura mais crtica de nossa 4istria
colonial, possamos talvez divisar com ainda mais clareza seus ingredientes principais
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