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secretária. Ele era um chefe atencioso, dedicado e
paciente. Nunca se negava a explicar qualquer coisa e
tinha o maior prazer em tirar-lhes as dúvidas.
Ricardo era muito atraente. Na verdade extremamente
atraente. Um advogado de prestígio, com trinta anos de
idade, alto, moreno, cabelos castanhos claros, olhos
castanhos inteligentes, nariz perfeito e uma boca sensual.
Raquel começou a perceber os olhares intensos de
Ricardo. Ele passou então a convidá-la para sair. Viviainsistindo, mas Raquel não queria se envolver com ele.
Um dos motivos era que sempre atendia telefonemas de
mulheres que o procuravam e isso a incomodava. Não
queria ser mais uma, na grande lista dele.
Raquel não sabia o porquê da insistência dele em sair
com ela. Parecia que ele tinha prazer em receber nãos.
Já Henrique o irmão dele, desde que o conheceu, ele a
atraiu. A imagem dele vivia perseguindo-a.
Henrique sofreu um acidente que culminou na
amputação de um braço, mas isso só fez com que ela se
interessasse mais por ele. Henrique tinha uma áurea demistério e um magnetismo que a atraía.
Um dia Raquel estava debruçada sobre uma pilha de
fichas datilografadas na sua pequena sala, mostrava-se
completamente alheia aos encantos de Ricardo. Foi só
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quando ele apareceu e acendeu as luzes que ela notou que
a sala estava envolta na penumbra.
Levantou o rosto perfeito e delicado e sorriumeigamente para ele.
— Obrigada, Ricardo — falou esticando os braços para
relaxar. — Já estava difícil distinguir as letras...
Ricardo Bellinazo retribuiu o sorriso.
— Já está tarde. Por que você não aceita jantar comigo? Raquel fechou a pasta, deixando-a de lado.
— Desculpe-me, Ricardo. Ninguém melhor do que você
sabe que ainda não quero me envolver com ninguém por
enquanto. O trabalho me absorve, foi difícil lidar com a
morte do meu noivo.
— Tudo bem, não se preocupe. Eu sou paciente. —
Ricardo respondeu, alcançando a xícara de café sobre a
mesa. — Preciso saber se eu tenho chances de um dia
você sair comigo? Quando você passar por essa fase de
luto. — Tomou um gole daquele líquido preto e quente. —
Ai! Eu queimei a língua.
Raquel sorriu.
— A máquina de café quebrou. Eu pedi para Elisabeth
fazer agora há pouco.
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suas palavras, ele olhou para Raquel. — Amanhã esteja
cedo. Você aprontará os papéis para mim.
Uma sombra escureceu o rosto de Henrique, quandoobservou o rosto assustado de Raquel. Pensativo, saiu da
sala.
Raquel suspirou impaciente, demonstrando que não
gostava da ideia de trabalhar com Henrique.
Ricardo tinha a imagem errada de que ela não gostava
de Henrique, mas na verdade Henrique a atraía e ela se
sentia intimidada com ele.
Henrique parecia não gostar dela e isso muitas vezes a
incomodava.
Ricardo a olhou com frustração e seguiu o irmão.
Capítulo II
No dia seguinte Raquel chegou cedo ao escritório, no
silêncio que dominava a sala, sentou-se à mesa de
trabalho da antiga secretária de Henrique.
Estava imersa em pensamentos fitando a papelada na
mesa quando a porta de Henrique se abriu e Raquel se
surpreendeu ao vê-lo tão cedo no escritório.
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gratuitamente. E fiquei surpresa por você ter me
chamado ao invés de Marisa.
Os lábios de Henrique ensaiaram um sorriso:
— Eu na verdade chamei Marisa. — Raquel ficou
vermelha. — Mas ela está no meio de um processo. Estápesquisando alguns detalhes para mim de um caso que
estou resolvendo e seria inviável ela parar tudo para me
servir. — E quanto gostar ou desgostar de você. Você está
equivocada. Eu não gosto ou desgosto de você. Nós
estamos em um ambiente de trabalho. E precisamos agir
com profissionalismo.
Raquel suspirou. Os anos de experiência de trabalho
tinham ensinado a ela manter-se calma nos momentos
mais difíceis. Não queria bater de frente com ele.
— Tudo bem. Você precisa de alguma coisa?
Raquel o viu alisar o tronco, onde havia a ausência do braço, e o coração dela se apertou. Ela voltou para o
rosto dele que a fitou.
— Preciso que você traga uma pasta para mim que está
no arquivo. Está como caso Thompson. E traga um bloco
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de anotações e eu vou te passar alguns detalhes para
você datilografar.
Raquel levantou-se e foi até o arquivo pegando a pasta,pegou o bloco de anotações e caneta e se dirigiu para a
sala dele.
Ele estava em pé olhando a janela quando Raquel
entrou. Ela prendeu o ar de ver o perfil dele. Ele parecia
um homem vazio e triste. Ele voltou-se para ela e sentou-
se novamente. Raquel colocou a pasta na mesa e sentou-se. Ele a olhou impaciente. Raquel ficou sem entender.
— Abra-as para mim.
Raquel inconscientemente voltou à atenção para a
ausência do braço dele e percebeu que seria difícil eleabrir a pasta com um braço só, já que o elástico era
apertado. Quando seus olhos se encontraram, ela
percebeu que ele a olhava impaciente.
Ela desviou o olhar e calmamente pegou a pasta e
abriu. Evitando olhá-lo, tirou os papéis da pasta e
colocou em cima da mesa dele. Voltou sua atenção paraele.
Ele pegou os papéis e observou cada um. Raquel ficou a
olhar a cabeleira negra dele, percebeu alguns fios
prateados nas laterais.
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Henrique voltou à atenção para ela e disse-lhe com
autoridade na voz.
— Tome nota... — Ele se reclinou na cadeira e fechouos olhos e passou-lhe a ditar o processo. Raquel ficou a
olhá-lo e se perdeu, não conseguindo acompanha-lo,
tamanho era o magnetismo daquele homem o sua frente.
— Desculpe-me, mas eu me perdi.
Ele abriu os olhos e a olhou impaciente.
— Qual parte você perdeu?
Raquel o encarou e disse firme. Embora seu coração
saísse pela boca.
— Desde o começo.
As sobrancelhas dele levantaram-se demonstrandosurpresa. Mas ele não comentou nada e passou a falar
mais devagar. Raquel sem olhá-lo voltou a concentrar-se
no que ele ditava.
Mais tarde abalada. Voltou à mesa e mergulhou na
papelada que ele tinha lhe dado para datilografar.
Algum tempo depois olhou para o relógio da parede.Nessa hora a porta dele se abriu. Henrique a observou.
— Você poderia, antes de almoçar, recolocar os
documentos na pasta e as guardar no arquivo?
— Claro.
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na calçada e por isso perdeu o braço. Na época estava
noivo de uma modelo profissional.
Logo que a namorada dele soube da deficiência que oacidente provocou, ela o deixou. Na hora Raquel havia
ficado chocada com a informação. Segundo Marisa, isso
havia acontecido há um ano.
Desde que soube disso, suas emoções andavam à solta.
Ela se identificou com Henrique, por causa da tragédia
que ela vivenciou ao lado do noivo e isso despertou umacuriosidade em conhecê-lo mais profundamente.
Ela e o noivo voltavam de um jantar quando eles
foram assaltados na calçada, John reagiu e tomou um
tiro. O ladrão direcionou a arma para ela. A arma na hora
falhou e o bandido fugiu.
Raquel afugentou as lembranças, pegou a pasta,
guardando-a no arquivo.
Encontrou Henrique pensativo na calçada. Ela
aproximou-se dele. Ele sentindo sua presença, virou-se
para ela. Raquel ergueu os olhos e constatou como ele era
alto. Parecia uma pantera sempre espreitando suas
vítimas. Raquel nervosamente seguiu ao lado dele, do
lado da ausência do seu braço.
Ele se posicionou do lado esquerdo dela para poder
segurá-la com o braço direito. Raquel não conseguiu
evitar o estremecimento ao sentir o contato das mãos
dele.
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Seguiram calados a um restaurante que tinha mesas
na calçada. Ele escolheu uma mesa que estava na sombra
e afastou uma cadeira para Raquel sentar-se. Henrique
sentou-se de frente a ela.
Raquel discretamente o examinava, sem que ela
pudesse evitar.
Henrique tinha uma presença marcante. Parecia se
reforçada pela a ausência do braço esquerdo. Seus olhos
percorreram aquela bela figura como que hipnotizados.
Henrique se recostou na cadeira e apoiou o cardápio
na mesa, e abriu.
Raquel desviou o olhar e tentou prestar atenção no
cardápio, passou os olhos pelos pratos. Colocou-o de
lado quando escolheu.
Henrique pegou o cardápio e colocou em cima do dela.
— Já escolheu?
Raquel assentiu.
— Eu quero capeletti com molho branco.
Quando o garçom se aproximou ele fez o pedido dela epediu para ele risoto de camarão.
Raquel ainda estava constrangida com a presença dele.
Henrique a observou por um tempo antes de falar-lhe.
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— Você deve estar estranhando eu chamá-la para
almoçar, mas eu gostaria de tirar a má impressão que eu
te passei.
Raquel abriu a boca, mas ele a interrompeu com o
olhar, fitando-a com seus olhos negros penetrantes.
— Você percebeu que você terá que me ajudar em
algumas tarefas, que eu não posso fazer devido a minha
deficiência. Por isso é importante que nos demos bem.
Raquel sem saber o que dizer, concordou com um gesto
de cabeça e voltou à atenção para o seu prato. Enquanto
empurrava a comida, ficou a pensar como devia ser difícil
a ausência de um braço. Ele não poderia usar a faca,
carregar algo e outros detalhes que ela descobriria com o
passar do tempo.
Ele a fitou de maneira estudada.
— Ricardo me contou que você perdeu seu noivo num
assalto.
Raquel levantou a cabeça e o observou, se
surpreendendo em vê-lo manobrar a conversa para o lado
pessoal.
— Sim, foi horrível.
Quando Henrique inclinou-se para servir-lhe um pouco
mais de vinho, ela viu um brilho estranho nos olhos dele.
O corpo dele exalava virilidade o que a deixava com a
cabeça leve e o corpo ligeiramente dormente.
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— Você o perdeu há muito tempo?
Raquel se surpreendeu novamente com a natureza da
conversa e respondeu firme. — Não, já faz dois anos.
Henrique ficou em silêncio por um momento, enquanto
pegava o copo e tomava outro gole de vinho.
Logo em seguida pegou a nota fiscal e tirou a carteirade dentro do paletó, colocando-a na mesa e se atrapalhou
com o botão que a prendia. Raquel estava quase o
ajudando quando ele conseguiu abri-la.
Ela notou uma hesitação no modo como ele usava a
mão direita, sinal de que ainda não estava totalmente
acostumado com a falta da outra.
Henrique segurou a carteira entre as pernas e tirou o
talão de cheques. O coração de Raquel se apertava, em
presenciar a dificuldade dele.
— Destaque um para mim e preencha que eu assino.
Raquel pegou o talão, a caneta e a nota fiscal que ele lheestendia e fez conforme ele pediu. Deu-lhe o cheque
preenchido e o talão de cheques.
— Guarde o talão para mim, por favor. — Disse-lhe
estendendo a carteira.
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Ela pegou a carteira e guardou o talão. Devolveu-lhe a
carteira que ele colocou dentro do paletó.
— Vamos? Voltaram pelo mesmo caminho lado a lado emudecidos.
Raquel notou que o defeito físico ainda o perturbava.
Devia ser difícil para ele que era uma pessoa tão
independente, torna-se muitas vezes dependente de
outras pessoas para realizar tarefas tão simples.
Quando estavam aproximando da entrada do escritório
Raquel viu ao longe a figura de Ricardo que estava quase
de frente ao escritório andando em sentido contrário na
calçada.
Raquel quando o viu, sentiu-se mal por estar com
Henrique, sem entender por quê.
Quando ele avistou Henrique e Raquel juntos, os
observou atentamente com um olhar especulativo.
Raquel e Henrique pararam em frente a Ricardo, que a
estudava o tempo todo.
— Eu ia te chamar para almoçar. Mas já vi que você já
almoçou.
Raquel observou Henrique que estava calado.
— Sim, nós já almoçamos.
— Fica então para outro dia.
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Raquel sorriu-lhe.
— Tudo bem.
Sentiu a mão de Henrique em seu braço e estremeceu.Ela ergueu a cabeça e fitou os olhos negros dele, que a
olhavam impaciente.
— Vamos entrando, temos muito trabalho pela frente.
E fitando Ricardo disse-lhe, ainda segurando-a.
— A papelada está quase pronta. Mais tarde entregareipara você conferir.
Ricardo assentiu de mau humor. Henrique a conduziu
para dentro do prédio, soltou-lhe o braço abrindo a porta
de vidro para ela passar.
No elevador, esperaram em silencio a chegada aosegundo andar. Raquel evitava olhá-lo o tempo todo e isso
lhe exigia um grande esforço.
Henrique logo que chegou fechou-se em sua sala e
Raquel se envolveu com o trabalho.
O trabalho despendeu tanto sua atenção que quando se
deu conta já eram seis horas. Viu Henrique sair comuma expressão cansada. Ele aproximou-se de sua mesa,
que foi o suficiente para que o coração dela quase saísse
pela boca.
Ele a fitou e deu-lhe um envelope de aspirinas.
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— Por favor, destaque um para mim.
Raquel rasgou o envelope e deu-lhe o comprimido que
ele colocou na boca. Quando ele já entrava em sua salaela o chamou e mostrou-lhe o envelope.
— Não, deixe-o com você. — Você pode ir embora se
quiser.
Raquel o viu entrar no escritório e fechar a porta.
O que tinha em Henrique que a fazia querer estar aolado dele?
A imagem de Ricardo nessa hora veio-lhe com força.
Quantas vezes, Ricardo convidou-a para almoçar ou
jantar fora e ela sempre tinha uma desculpa esfarrapada.
Hoje Ricardo presenciou a saída dela com Henrique. E o
pior de tudo, ele viu que ela aceitou logo o convite dele
para almoçar, sendo que Ricardo há muito tempo a
convidava.
Perdida nos seus pensamentos, Raquel ficou mordendo
o lábio, com os olhos aveludados fitando o vazio, mal
tomando conhecimento que estava sendo observada por
Ricardo.
— Você está de saída?
Raquel se assustou com a voz profunda dele e deu com
os olhos dele, que percorreram na calorosamente. Por um
instante, sentiu um arrepio de gelo, no corpo todo,
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sentindo-se culpada desviou os olhos, e o fitou
novamente, não consegui deixar de notar como ele estava
lindo.
Vestia um terno verde musgo, camisa branca e gravata
verde em um tom mais claro que a do terno.
Ela sabia da intenção dele quando ele fazia por meses
essa mesma pergunta. Então ela mentiu-lhe.
— Estou morrendo de dor de cabeça. Não vejo a hora de
ir para casa e me deitar.
Ricardo a olhou frustrado por um momento. E insistiu.
— Eu posso te levar para casa?
— Obrigada, mas eu vim de carro.
Ele suspirou. — Você almoça comigo amanhã?
Raquel escondeu a frustração.
— Tudo bem.
Ricardo sorriu como um menino satisfeito.
— Amanhã ao meio dia venho te pegar. — Ele a olhou
com ternura e fez um carinho em seu rosto e saiu.
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Capítulo III
Henrique abriu a porta, ela o viu com a pasta na boca,fechando a porta com a mão livre. Ela desviou os olhos,
ainda não estava acostumada em vê-lo se virar nas
dificuldades que aparecia.
Ele tirou a pasta da boca e exclamou surpreso.
— Pensei que já tivesse ido embora! — Estou indo agora.
— Então vamos juntos.
Raquel pegou a bolsa e se levantou. Caminharam juntos
pelo corredor. O segurança, um senhor de cinquenta anos
rechonchudo, vendo Henrique aproximou-se dele. — Posso fechar tudo?
— Pode. Só da uma olhada nos banheiros. Lembre-se
que da outra vez você trancou Marisa. Da uma perguntada
se não tem ninguém.
O velho saiu sorrindo. Raquel olhou-o atônita.
— Ele trancou a empresa, com Marisa no banheiro?
Henrique parou e a abriu um sorriso. Raquel ficou
extasiada olhando para ele.
— Trancou. Ela me ligou em casa desesperada. Tive que
pedir ao meu motorista para vir aqui e abrir o escritório.
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Raquel o observou por um momento e sorriu
imaginando a cena. Nesse momento tudo parou.
Henrique a fitou sem ação, descendo os olhos para os
lábios dela, ela na hora parou de sorrir e também
observou aqueles olhos negros que a olhavam perdidos.
Escutaram então passos no corredor e o segurança
apareceu, quebrando a magia do momento.
— Todos foram embora.
Henrique fitou o segurança e assentiu, passaram entãoa caminhar lado a lado.
Na calçada, ela viu um senhor aparentando uns
cinquenta anos de idade que se aproximou dele. Raquel
presumiu ser o motorista.
Henrique se despediu com um meio sorriso.
— Até amanhã.
Raquel sorriu.
— Até amanhã.
Raquel chegou ao seu apartamento e suspirou,
colocou uma roupa confortável e se dirigiu a cozinha.
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Naquele momento, sentada ali na cozinha comendo
um ensopado de carne, Raquel sentiu os seus olhos
arderem pelas lágrimas, por causa da solidão que algumas
vezes a afligia.
Já estava sozinha há dois longos anos, desde a morte
de Jonas.
Jonas era um belo homem, muito religioso ao ponto de
nunca avançar o sinal com ela. Namoraram por seis
meses, logo Jonas lhe pediu em casamento.
Raquel já tinha o apartamento, que fora uma herança
deixada pelos seus pais mortos. Jonas e ela trocaram
todos os móveis do apartamento, pois os que ela havia
herdado eram muito velhos. Cada móvel tinha o bom
gosto e a visão de Jonas.
Afastou as lembranças tristes e lavou a louça.
Entrou no banheiro, e tomou um banho demorado.
Enquanto sentia a água relaxante no seu corpo ficou
envolta em pensamentos.
Quanto tempo não pensava em Jonas? Isso tinha uma
explicação simples: A imagem de Henrique passou apersegui-la desde o dia em que ela o conheceu.
Sabia que ele simplesmente a atraía. Não tinha um elo
com ele. Não se podia dizer apaixonada. Era pura atração
mesmo! No íntimo do seu coração sentia que poderia
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amá-lo. Mas para isso precisava conhecê-lo mais
intimamente, para desvendar os mistérios daquele belo
homem, que aos poucos a estava envolvendo com sua
presença marcante.
Reviveu a dificuldade dele, para as coisas simples no
dia-dia. Seu coração se apertou no peito.
A imagem dele sorrindo no corredor do escritório
apareceu em sua frente e ela sorriu consigo.
O sorriso dele era lindo.
Capitulo IV
Raquel entrou no escritório colocou a bolsa pendurada
na cadeira, voltou-se aos papéis a sua frente. Precisava
correr. Henrique precisava urgente daqueles papéis.
Trabalhava com afinco, quando o telefone tocou e
ouviu a voz de Ricardo.
— Daqui a pouco eu te pego para o almoçarmos juntos.
Ela levantou os olhos e surpresa viu que já era meio dia.
— Ricardo eu não poderei ir. Estou atolada de trabalho.
Vou pedir um lanche aqui mesmo.
Fez-se silêncio do outro lado da linha.
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Raquel lançou seu último olhar para ele e levantou-se.
Ele se dirigiu a sua porta colocando a maleta na boca a
abriu e fechou-se lá.
Raquel suspirou, saiu do escritório e foi até o banheiro
escovar os dentes. Observou-se no espelho. Pegou uma
escova e penteou os cabelos que iam até os ombros, de
um negro brilhante. Limpou uma mancha de lápis nos
olhos violetas, passou um batom e saiu. Dirigiu-se para a
rua. Estava indo até uma praça ali perto quando viu
Ricardo. Tentou se esconder em um poste, mas ele a viu.
Seu semblante mudou, ele a olhou com questionamento.
Ele devia estar bravo, pois ela o havia dispensado no
almoço, como sempre fazia.
Aproximou-se dela fitando-a intensamente, semdesviar o olhar. Ele parecia estudá-la.
Raquel ergueu seu rosto e o fitou firme.
— Você me disse que não ia almoçar. Mudou de ideia?
— Henrique não permitiu que eu ficasse no escritório.
Ele me fez sair para o almoço, embora eu já tivessecomido um lanche no escritório.
Ricardo a observou. Deteve-se em seus cabelos, em
seus olhos e desceu para os seus lábios. Isso a
incomodou, seu coração disparou.
Ele pegou a pela mão.
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— Tem um parque aqui perto. Vamos dar uma volta.
Eles caminhavam em silencio de mãos dadas, o
conforto das mãos de Ricardo lhe fazia bem. O sol estavaquase diretamente por cima deles, refletia-se no asfalto e
fazia com que ambos tivessem de semicerrar um pouco os
olhos. Eles chegaram a um banco embaixo da sombra de
um chapéu de sol de frente havia um playground onde
crianças brincavam.
Ele soltou a mão dela e sentaram-se no banco.
— Eu sempre gostei muito de crianças. — Disse Ricardo
pensativo. — Deve ser maravilhoso ter um filho.
Raquel observou as crianças.
Surpreendia-se em ouvir isso dele. A imagem que ela
tinha de Ricardo é que ele era um playboy. Sabia quemuitas garotas davam em cima dele.
Quando trabalhava para ele, vivia atendendo
telefonemas delas. Mas nunca o viu levar nenhuma para o
trabalho. Nunca o viu falar de nenhuma delas. Ele devia
sair com elas sem compromisso nenhum, só pelo prazer
de levá-las para a cama.
Já Henrique parecia ser mais sério. Não muito dado a
relacionamentos.
Ricardo a observou perdida em pensamentos. E a
abraçou, tomando-lhe os lábios. Raquel foi pega de
surpresa, e tentou o afastar tocando-lhe o peito quente,
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Raquel o viu tomado de emoção e não conseguiu
fitá-lo nos olhos e baixou o rosto. Ele aproximou-se dela e
a abraçou.
— Não me negue isso.
Raquel comovida pelas suas palavras o fitou.
Ele a olhou nos olhos com ansiedade.
Raquel estremeceu e se confundiu com essa nova
imagem que ela estava vendo nele. Raquel num tomcarinhoso disse-lhe.
— Eu vou pensar. Prometo que vou pensar.
Ricardo tomou-lhe os lábios com um beijo terno, um
beijo contido, embora o que ele desejasse era beija-la com
toda paixão que explodia no seu coração. Resignado a
afastou.
— Vamos. — Tomou-lhe as mãos e andaram
emudecidos, até o escritório.
Raquel no caminho ficou perdida em pensamentos
confusos, observou Ricardo que caminhava triste ao ladodela e seu coração se enterneceu.
Raquel foi até o banheiro e lavou o rosto. Alisou os
cabelos e entrou no escritório.
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Compenetrada se pôs a terminar seu trabalho. Quando
pronto, abriu a porta da sala de Henrique.
O viu com o olhar vago, perdido em pensamentos.Quando ele a ouviu, direcionou seu olhar para ela.
— Terminei.
Ele a observou e fitou os papéis que ela lhe estendia.
— Ótimo. Deixe aí, que eu vou conferir.
Raquel o olhou por um momento. Ele havia voltado asua mesma posição e ficou com o olhar vago novamente.
A imagem dele fez com que uma questão lhe
martelasse na cabeça.
O que o deixava com aquela expressão sombria?
E concluiu que não devia ser fácil lidar com adeficiência.
Ela fechou a porta atrás de si. Suspirou e observou sua
mesa que estava uma bagunça.
Meia hora depois, Henrique com os papeis embaixo do
braço, abriu a porta e praguejou, quando os papeis lhe
escaparam do braço e se espalharam no chão.
Raquel imediatamente se levantou e recolheu os papéis.
Ele ficou sem ação por um momento. E nervosamente lhe
disse brusco.
— Dê-me, preciso pô-los em ordem novamente.
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Raquel estendeu os papeis e o viu entrar no escritório
deixando a porta aberta. Ela voltou para o seu lugar e
cinco minutos depois ele saiu com os documentos
organizados entregando-os disse-lhe com voz áspera.
— Abra uma pasta com o nome Taylor e os guarde na
pasta, depois leve até Ricardo. E então você poderá ir
embora. — Raquel pegou os documentos que ele estendia
e assentiu.
Mais tarde Raquel entrou na sua antiga sala e viu seulugar vazio. Bateu na porta de Ricardo.
— Entre. — O ouviu dizer.
Ele estava sentado e falava ao telefone.
Ele a observou surpreso quando ela entrou.
Raquel colocou a pasta na mesa e sentou-se, ficou
quieta aguardando ele terminar a ligação.
— Desculpe-me Jéssica, mas não posso, tenho uma
reunião importante.
Raquel fitou as mãos no colo enquanto o ouvia.
— Eu sei. Você já me falou isso. Mas vida de advogado éassim. Desculpe-me. Preciso desligar.
Ele se levantou e foi o suficiente para Raquel olha-lo
apreensiva da cadeira. Ricardo a olhou pensativamente e
resignado confessou.
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— Não tenho ânimo de sair com ninguém. Porque você
não sai dos meus pensamentos.
Raquel o olhou surpresa e confessou.
— É estranho você falar desse jeito — disse com
franqueza. — Sempre vi em você um aspecto aventureiro.
— Você tem um à imagem errada de mim. Eu sou
homem de uma mulher só. Raquel observava-o com atenção enquanto ele falava.
Ele olhava diretamente em um ponto fixo como se
estivessem a ordenar os pensamentos, mas ela podia
pressentir a sua relutância à medida que ele continuava.
— Por que você não acaba logo com isso?Ele aproximou-se dela e estendendo a mão a levantou,
trazendo-a para os seus braços.
— Eu estou preso a você. Acabe com minha agonia. Eu
te amo Raquel.
Raquel pousou a cabeça no peito dele. A dúvida
permeava seus pensamentos.
Era certo se envolver com ele?
Ele buscou seus lábios e a beijou com paixão. Raquel
foi invadida por ternura àquele homem que parecia sofrer
tanto. Ela se viu correspondendo o beijo, passando os
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braços pelo pescoço dele. Os lábios dele eram quentes e
doces, seu corpo forte e musculoso.
Ricardo estremeceu de prazer. Quando a afastou sorriacomo um menino.
Raquel o fitava sem saber o que dizer por um momento.
Mas impulsionada por princípios que permeavam seu
coração, deixou claro aquilo que a incomodava.
— Tudo bem Ricardo, eu vou sair com você. Mas quero
deixar claro que eu não te amo. Pode ser que eu venha me
apaixonar por você. Como pode ser que isso não
aconteça.
Quando terminou, olhou para ele apreensiva
esperando-lhe a reação.
Pronto, dissera-o!
Ricardo por um momento a olhou intensamente.
Estreitou-a nos braços procurou-lhe os lábios,
mordiscando-os, descendo para o pescoço perfumado dela
e subindo para o seu ouvido onde lhe sussurrou.
“Eu te amo Raquel. Eu te amo por nós dois. Eu não vou
decepcioná-la. Quero fazê-la feliz, poder envolvê-la em
meus braços, poder fazer parte de sua vida. Fico feliz
por você não me negar isso”.
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Ricardo a afastou, Raquel ainda estava surpresa com a
extensão dos sentimentos dele por ela, viu os olhos dele
úmidos, fazendo-a se sentir pior ainda.
Ele a afastou e pegou a pasta que ela havia colocado
sobre a mesa convidando-a.
— Vamos?
Caminharam de mãos dadas. Ela caminhava envolta
em pensamentos confusos. Saíram do prédio e pararam
um de frente para o outro. Ricardo a envolveu
ternamente pela cintura e a olhava com adoração nos
olhos.
Ele a beijou nos lábios levemente, como se ela fosse de
porcelana.
— Eu gostaria de conhecer onde você mora. Dê-me seuendereço e amanhã eu irei te buscar.
— Não. Eu prefiro vir de carro amanhã. Podemos marcar
para você ir me ver no Sábado, passaríamos o dia juntos.
Ricardo sorriu. Um sorriso satisfeito.
— Ótima ideia! — Seus olhos passeavam pelo rosto delacomo se ele estivesse guardando cada detalhe. Ele
sussurrou gentilmente. — Boa noite e até amanhã.
— Até amanhã.
— Lembre-se que eu te amo. — Ele falou-lhe com
ternura.
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Raquel se entristeceu por não poder dizer o mesmo e
apenas sorriu fraco.
A verdade é que ela não tinha certezas de seussentimentos, pois sempre o evitou, por causa da imagem
de playboy que lhe passara. Para ela estava sendo uma
surpresa ver esse Ricardo apaixonado, respeitador e
emotivo.
CAPÍTULO V
No dia seguinte Raquel sai de casa atrasada. Tinhadormido mal, preocupada em ter aceitado sair com
Ricardo.
A sensação que tinha é que o ludibriava. Alimentando
os sentimentos dele e se sentindo uma traidora, por não
corresponder do mesmo jeito. Mesmo que ela tivesse
deixado claro que não o amava.Raquel chegou apressada no escritório e viu a porta
aberta de Henrique e se dirigiu para lá. Ele pensativo
olhava através da janela. O terno preto que ele usava,
moldava-lhe as costas largas. Os cabelos negros estavam
desalinhados.
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— Até que enfim você chegou!
— Desculpe-me.
Ele a fitou com impaciência.
— Tudo bem. Aproxime-se.
Raquel olhou-o assustada. Ele impacientemente lhe
falou.
— Raquel, eu não vou te morder!
Raquel aproximou-se dele. Ele fitou os olhos dela muito
sério e falou-lhe com impaciência.
— Eu tenho uma audiência agora. E não posso ir assim,
com o paletó aberto. Já tentei fechá-lo, mas as casas dos
botões estão muito apertadas. Feche-as para mim, por
favor. Raquel baixou os olhos e pegou os botões com as mãos
trêmulas e com dificuldade foi os fechando um a um, a
sensação era que tinha levado horas fechando, tamanho a
pressa de sair da presença perturbadora de Henrique.
Mantendo o rosto neutro, disse simplesmente:
— Pronto!
Ele a fitou por um momento. Raquel assustada deu um
passo para trás e virando-se saiu da sala.
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Henrique passou pela mesa dela e com a pasta na boca,
impacientemente lhe deu alguns papeis. Segurou a pasta
e falou-lhe.
—Datilografa para mim esses documentos. Eu não
voltarei mais hoje.
Raquel assentiu. Quando ele saiu, deixou um rastro de
perfume.
Ele era grosso, mal humorado, complicado e mesmo
assim ele a atraía! Tinha raiva de si mesma!
A imagem de Ricardo veio-lhe a mente.
A declaração de amor dele, a emoção na sua expressão e
na sua voz. Estava conhecendo um novo Ricardo, mas
mesmo diante desse novo homem, que demonstrava amá-
la se sentia perturbada com presença de Henrique.
Henrique a perturbava ao ponto de não sobrar espaço
para ninguém em seu coração. Sempre deu a desculpa do
noivo para Ricardo, mas a verdade é que seu coração
sempre bateu descompassado por Henrique.
Na hora do almoço quando Raquel estava mergulhada
no trabalho viu Ricardo que estava parado na soleira da
porta observando-a. Os olhos castanhos relampejaram ao
vê-la.
A boca sorriu gentil. Ela ficou sem jeito, era a primeira
vez que iam almoçar juntos de uma maneira pessoal.
Ficou sem saber se devia avançar ou recuar, se mantinha
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a seriedade ou se sorria também. De novo Ricardo estava
lindo, de terno escuro e gravata de seda azul.
Escolheram um restaurante italiano. Passaram umatarde agradável, conversaram sobre gostos musicais,
falaram de literatura e Ricardo passou a falar de si.
Raquel descobriu nele um romântico ardoroso e ao
mesmo tempo sério e com os pés no chão. Ela continuava
desnorteada.
Enquanto ele falava, Raquel o olhava com interesse.Ele passou-lhe a contar que sua mãe ainda era viva e que
morava com Henrique e o ajudava em pequenas tarefas.
Isso despertou a curiosidade nela. E novamente Henrique
ocupou sua mente.
Ricardo vendo-lhe o interesse animou-se. Contou lhe
que sua mãe era uma mulher excepcional, muito bemhumorada, e que havia contribuído muito para tirar
Henrique da apatia depois do acidente.
Depois do almoço, Ricardo conduziu Raquel para a sala
dela e fechou a porta. Ela virou-se para encará-lo. Ele a
envolveu nos braços e lhe deu um beijo apaixonado.
Raquel sentiu sua sensualidade despertando e o afastoulevemente.
Ao olhar para o rosto decidido e arrogantemente
masculino de Ricardo, entendeu que toda aquela
resistência era inútil. Ele era o tipo de homem que
sempre conseguia alcançar aquilo que desejava ter.
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Ricardo saiu de sua sala e Raquel sentou-se a sua
mesa e pensou em tudo que Ricardo lhe dissera.
No fundo ela sabia que Henrique ainda se mostravaapático. Muitas vezes o pegava com o olhar perdido. Ele
devia esconder isso de sua mãe para não preocupá-la.
Raquel tinha muita vontade de ajudá-lo.
Meu Deus! Já estava ela, pensando em Henrique de
novo!
Sábado enfim chegou, tinha dado o seu endereço a
Ricardo que iria vê-la.
Foi até a cozinha preparou costeletas, purê de batatas,
um arroz branco e salada de palmito. Colocou um vinho
tinto para gelar na geladeira.
Cobriu a mesa com uma belíssima toalha de renda e
usou o seu precioso jogo de jantar.
Uma hora antes de Ricardo chegar ela se arrumou.
Colocou um vestido leve branco, estampado de amarelo,
calçou sandálias de salto alto brancas e maquiou-se
levemente.
Quando deu uma hora da tarde ouviu a campainha
tocar, foi até a porta apreensiva.
Ricardo estava lá parado a olhá-la com o rosto
transbordando alegria. Vestia jeans escuro que lhe
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meus sentimentos por você. Eu te amo há muito tempo.
Eu serei paciente com você.
Raquel o afastou com lágrimas nos olhos.Ela precisava esquecer Henrique e deixar-se envolver
pelos sentimentos ardentes que Ricardo demonstrava
por ela.
Depois que Ricardo a ajudou com a louça, ele a puxou
até a sala envolvendo-a em seus braços. Sua boca se uniu
a dela num beijo apaixonado. Raquel quando se viu estava
sem ação em seus braços. A sua sensação era de estar se
derretendo, se afogando no feitiço dele.
Quando ele a afastou, Raquel olhou-o confusa, Ricardo
com muito carinho passou o dedo indicador em todo o
seu rosto, como se quisesse memorizar cada traço.
— Raquel, eu te amo. Cada batida de meu coração
chama por você... Não me decepcione.
Ricardo o tempo que ficou com ela a respeitou.
Tratando-a com carinho. Uma ternura que Raquel nunca
imaginou que ele pudesse ter e ao mesmo tempo teve a
nítida impressão de que estava sendo observada. Mas nãoeram apenas os inquietantes olhos castanhos que a
observavam: Ricardo parecia admirá-la com todos os seus
sentidos, com desejo.
Eles ficaram abraçados, felizes em sentir o calor dos
braços um do outro. Raquel percebia que Ricardo era um
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homem singular, com muitas facetas. Descobria que ele
tinha um jeito estranho e fascinante de se comportar.
Parecia ser como ele mesmo dissera-lhe, um homem
romântico e sentimental, capaz de amar uma mulher para
o resto da vida.
Teve uma hora que ele a abraçou com paixão. Ela
espalmou as mãos contra o peito de Ricardo, numa
tentativa fraca de se proteger. Ainda assim, ergueu o
olhar e os lábios, aceitando o beijo. Ele a beijou com força
e audácia, mostrando a paixão que ele muitas vezes
reprimia.
A tardezinha, eles se despediram com a promessa de
se verem no dia seguinte. Ricardo a levaria para
conhecer a casa dele.
Ricardo deixou-lhe a sensação que aos poucos ele aestava envolvendo, com seu amor e carinho.
CAPÍTULO VI
No Domingo, Raquel levantou-se cedo e vestiu um
vestido vermelho, sandálias de salto médio, maquiou-se
levemente, ressaltando os olhos violetas e a boca
carnuda, prendeu os cabelos num coque soltando alguns
fios nas laterais.
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Quando Ricardo tocou a campainha, Raquel o
recebeu com um sorriso. Ele a conduziu para a sala e
fechou a porta.
Ela virou-se para encará-lo. Ricardo estava parado
extasiado em vê-la, lentamente avançou e a estreitou nos
braços. Seu olhar era intenso. Passou o dedo nos lábios de
Raquel e sussurrou.
— Você está linda!
Ela sorriu timidamente e baixou os olhos para a
camisa dele que estava entreaberta e viu os pelos
castanhos macios e os tocou com as mãos, Ricardo pegou
a mão dela e beijou-lhe os dedos.
— Vamos! Eu preciso me controlar o tempo todo com
você. Você me faz perder o fôlego e eu não posso perder a
cabeça.
Essas palavras martelavam na cabeça e Raquel. E ela
pensou.
Ricardo mesmo a desejando-a a respeitava e esperava
pacientemente a hora certa deles se envolverem mais
profundamente.
Ricardo gentilmente pegou-lhe as mãos. Eles
caminharam assim até a Mercedes conversível vermelha.
Ele levantou a capota e deu a partida. Raquel viu a
preocupação dele em não desmanchar-lhe os cabelos e
sorriu feliz, olhando pela janela.
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Aos poucos Ricardo estava conquistando seu coração.
Isso era muito claro.
Ele estacionou em frente a uma casa linda, revestidade pedras toda gramada. Tinha uma grande janela com
jardineiras floridas. Nem parecia à casa de um homem
que vivia só.
Ele a ajudou descer do carro. Mas o que ele falou a
deixou-a transtornada.
— Essa casa é de Henrique, eu te trouxe para conhecer
minha mãe.
Raquel ficou trêmula pelo fato de ver Henrique fora do
ambiente de trabalho. Ele a pegou pelas mãos e as pernas
de Raquel quase fraquejaram. Ele notou-lhe o nervosismo
e disse-lhe.
— Não precisa ficar assim, mamãe é uma pessoa
agradável. Ela vai gostar muito de você.
Raquel não soube o que dizer.
Ele estava pensando que ela estava nervosa por causa
da mãe dele. Mas seu coração batia descompassado ao
saber que ia ver Henrique, estava entrando no território
dele.
Ele tocou a campainha e depois de um tempo Raquel
fitou Henrique que abria a porta. Ele estava com uma
camiseta branca, e calças jeans surradas que delineavam
toda a sua musculatura. Seus cabelos estavam
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Raquel fitou Henrique que olhava para o copo calado.
Catarina levantou-se do sofá.
— Que bom!Você fez o milagre de trazer Ricardo aqui!Ele quase não aparece.
A empregada logo apareceu e anunciou que o almoço ia
ser servido.
Raquel sentou-se ao lado de Ricardo de frente para
Henrique e Catarina sentou-se na cabeceira da mesa. Viu
a empregada cortar a carne para Henrique e voltou os
olhos para ele, que a observava, fazendo a garganta dela
secar. Ela tomou um gole rápido do vinho e tossiu.
Ricardo virou-se para ela e sorriu.
— Vá devagar. Esse vinho é muito forte.
Raquel concordou e voltou sua atenção para seu
prato, cortou a carne e comia o tempo todo evitando
olhar Henrique. Ricardo conversava com Catarina. A
conversa fluía em tom amigável. Raquel não conseguia
prestar atenção a nada que eles falavam, só tinha
consciência do homem sentado a sua frente.
Então Ricardo exclamou com impaciência.
— Raquel, mamãe perguntou se você está gostando de
trabalhar conosco?
Raquel a fitou e envergonhada por sua falta de atenção
respondeu.
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— Estou gostando muito. Gosto muito do que faço.
Voltou seus olhos para Henrique que a observava. Seus
olhos se encontraram, ele a olhava estranhamente, ela baixou os olhos para o prato vazio.
Mais tarde, Henrique se recolheu.
Raquel na sala comunicou a Ricardo que precisava usar
o banheiro. Catarina ouviu seu comentário e lhe explicou. — Siga esse corredor, é a terceira porta á direita.
Raquel levantou-se e seguiu o corredor, encontrando o
banheiro, trancou a porta. Nervosamente se olhou no
espelho. Retocou o batom e se sentiu péssima por
Henrique a abalar tanto. Estava com um homem
maravilhoso do seu lado, e tremia nas bases toda vez que
se deparava com Henrique. Saiu do banheiro Ao passar
pelo largo corredor que levava a sala, ouviu a porta de
trás sendo aberta e Henrique apareceu no corredor. Ele,
quando a viu a fitou de forma penetrante, Raquel desviou
os olhos do dele e virou o corpo para voltar para a sala.
Henrique a deteve.
— Raquel.
Raquel se voltou e o olhou nervosa. Ele se aproximou
como uma pantera negra. Os cabelos negros estavam
emaranhados, os olhos negros a olhava intensamente.
Ele parou bem próximo a ela.
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Raquel saiu rápido da presença dele e entrou na sala.
Ricardo quando a viu, levantou-se do sofá com umsorriso. Raquel foi até ele, que lhe pegou a cintura.
Ricardo despediu-se de sua mãe e voltou-se para Raquel
para ela fazer o mesmo.
Raquel aproximou-se dela e beijou-lhe as faces. Catarina
sussurrou-lhe ao ouvido. “Meu filho te ama. Espero que
você o ame também”.
Quando Raquel se afastou não conseguiu esconder que
as palavras dela deixaram-na confusa e ficou a olhar
Catarina, que a olhava de forma estudada. Raquel
acabou baixando os olhos.
Ricardo notou-lhe o mal estar e lhe pegou pela cinturae a conduziu ao carro que estava estacionado de frente a
casa. Quando eles estavam dentro do carro, Ricardo
voltou-se para ela.
— O que minha mãe sussurrou-lhe ao ouvido, que te fez
se sentir mal?
Raquel deslocada explicou.
— Que você me ama. E ela espera que meu sentimento
por você seja recíproco.
Ricardo a fitou tristemente. Deu a partida no carro e
Raquel se afundou no banco. Ele parou em frente a uma
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casa com muros brancos altos e portões grandes. Os
seguranças abriram, eles passaram por um caminho de
pedras que levou a uma casa de estilo colonial, ele se
dirigiu a garagem e estacionou.
Ajudou-a descer, abriu a porta interna da garagem e
entraram no hall. Seguiram até a sala.
A sala era espaçosa, com um bar equipado e cheio de
bebidas de diversos tipos. Uma estante grande, repleta de
livros. Quadros abstrato, um tapete colorido, e sofáspretos com almofadas brancas deixavam a sala atraente.
— Então? Gostou?
Raquel voltou sua atenção para Ricardo que parecia
estar diferente. Ele parecia estar incomodado com alguma
coisa. A expressão dele, que geralmente era tão gentil,
estava tensa, como se ele estivesse controlando todos os
movimentos, pensamentos e sensações.
— É linda!
Ele aproximou-se dela e a fitou intensamente.
— Nenhuma mulher entrou aqui. Só você.
Raquel desviou os olhos, achando difícil olhar para ele.
Seus olhares se encontraram, e por um momento Ela
viu raiva nas pupilas escuras. Raquel nervosa deu um
passo para trás.
Ricardo pegou os braços dela impaciente.
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— Raquel, você se arrependeu de sair comigo? — Ele
lhe perguntou impaciente.
Raquel ficou sem fala.Ricardo a soltou e como um leão enjaulado andava de
um lado para o outro.
— Toda vez que eu faço planos, você evita me olhar e
foge do assunto. Hoje quando mamãe te falou do meu
amor por você eu percebi seu mal estar. Você nem
conseguiu encará-la.
Ele parou de andar e olhou por um tempo.
— Seus olhos são muito expressivos! Eu senti que você
mudou. Hoje você estava distraída como se estivesse a
milhas de distância.
Depois de um minuto a estudá-la, os olhos dele se
escureceram, como se lhe ocorresse um a ideia. Que o
levou a olhá-la com olhos hostis.
— Eu entendi o que se passou com você.
Ele a fitou por um tempo. O coração de Raquel quase
saiu pela boca.Será que ele percebeu seu interesse por Henrique?
Ele então a acusou.
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— Você não gostou de conhecer minha mãe. A
impressão que você me passa é que você acha que eu
estou indo muito rápido com o nosso relacionamento.
Ele foi até o bar e encheu o copo de uísque que bebeu
num gole só, fazendo careta. Raquel não sabia o que fazer.
O viu se dirigir para ela.
Ela ficou imóvel, a cabeça curvada, as mãos tensas.
Ele levantou seu rosto. A boca de Ricardo desceu sobre
os lábios de Raquel com ânsia e rudeza. Ela quase foi
sufocada com a violência do abraço. Tão rápido como
começou ele a soltou e disse-lhe rude.
— Vamos! Vou te levar para casa.
Raquel sentiu as mãos dele se fecharem sobre o seu
braço e saíram juntos como dois estranhos. Ela afundou-
se no banco de couro do carro, e o percurso inteiro até
seu apartamento ela ficou com o rosto voltado para a
janela.
Quando ele estacionou, virou-se para ela e acendeu as
luzes internas do carro. Ela o encarou, esperando uma
explosão a qualquer momento. Mas nada aconteceu.
Ricardo simplesmente fechou os olhos.
Ao abri-los, não mostrava mais raiva nem mágoa nem
arrogância. Seus olhos eram atormentados e falou-lhe
com emoção.
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— Desculpe-me, eu te amo tanto que está sendo difícil
ver a sua apatia em relação aos meus sentimentos.
Raquel se virou e o abraçou apoiando a cabeça nopeito dele, ouvindo as batidas fortes do seu coração e
chorou. Os nervos de Raquel já não suportavam mais a
tensão
Deu-se conta que Henrique a atraía, e isso era muito
pior.
Ricardo a afastou e olhou culpado.
— Eu não deveria ter descontado em você.
Raquel passou a mão pelos cabelos dele.
— Ricardo, o problema não é você. E sim, eu. Eu não
posso levar nosso namoro adiante. Sinto muito. Eu não te
amo.
Os olhos de Ricardo ficaram úmidos, ele desviou os
olhos para a janela tentando contê-las. Voltou-se para ela
transtornado.
Ele sussurrou–lhe as palavras, tomado de emoção.
— Raquel, você me amará! Eu sinto isso. Temos muitoem comum.
Raquel negou com a cabeça.
— Ricardo, não se iluda. Você merece alguém que te
ame!
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Ricardo a olhou vazio. Raquel não conseguiu encará-lo,
a dor dele, dilacerava seu coração.
Abriu a porta e saiu rápido do carro. Ouviu o cantar depneus e o carro de Ricardo sumir ao virar na esquina.
CAPÍTULO VIII
No dia seguinte ela encontrou Marisa no corredor em
frente a maquina de café.
Marisa a segurou e disse-lhe em tom de confidência.
— Você sabe que bicho mordeu Ricardo? Hoje ele me
chamou no escritório para me pedir para pesquisar
algumas leis para ele. Estava mal humorado, impaciente,
soltando fogo pelas ventas. Pior que sobrou para mim.
E observando Raquel atentamente disse-lhe.
— Parece que está difícil encontrar alguém parasubstituir você. Será que pode ser isso? Afinal ele te
cedeu a Henrique. — O pior de tudo é que tenho me
desdobrado para atendê-lo e ainda tenho meu serviço
para fazer.
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Raquel a observou. Marisa era uma mulher de quarenta
anos, mas parecia ter trinta. Tinha uma cabeleira loura e
estava sempre bem maquiada. Era casada e mãe de dois
filhos que já eram adolescentes.
Raquel pegou um copo de café e disse-lhe.
— Marisa, eles estão no meio de um processo difícil. E
você conhece os Bellinazo, quando eles pegam uma causa
é para ganhar. Pode ser isso.
Marisa suspirou.
— Mesmo que seja isso. Eu não sou paga para aguentar
desaforos.
Raquel ficou preocupada, não podiam perder Marisa.
— Marisa. Eu vou conversar com Ricardo. Pode deixar.
Ele mudará a atitude dele em relação a você.
— Espero! Senão, pego minhas coisas e vou embora.
Meu marido ganha muito bem para eu ficar em um
emprego para ser maltratada.
Raquel voltou a sua sala. Henrique ia passar amanhã
fora. Seu serviço estava adiantado. Ia aproveitar parafalar com Ricardo.
Resolveu ligar para ele antes de ir. Quando ele atendeu
era claro o mau humor dele, isso transparecia em sua voz.
— Ricardo, é Raquel. Posso ir aí falar com você?
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Depois de um silencio na linha ele lhe disse.
— Precisa ser agora, pois eu estou de saída.
Raquel apressou-se em dizer.
— Estou indo para aí.
Raquel incomodada afastou o telefone ao ouvir o
estalido, pois ele tinha desligado com força.
Raquel suspirou e se dirigiu a sala dele. Encontrou a
porta aberta e com as pernas bambas entrou. Ricardoestava sentado com os olhos fechados na cadeira.
Ele estava péssimo. Ela se assustou de ver os cabelos
emaranhados, a roupa amassada e as olheiras profundas
no rosto dele. Isso a incomodou muito.
Ricardo quando a ouviu entrar na sala, abriu os olhose mudamente a observou.
Raquel sentou-se na cadeira e o fitou firme, embora
seu coração quase saísse pela boca, tamanho era sua
apreensão.
— Ricardo, eu encontrei Marisa no corredor. Ela
estava chorosa se queixando de sua atitude para com ela.Inclusive ela se abriu comigo e disse que, se você não
mudar sua atitude, ela irá embora. Você sabe que não
podemos perdê-la.
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Ele riu, recostando-se na cadeira. E cuspiu-lhe as
palavras.
— Ela que vá embora.Raquel o olhou impaciente.
— Ricardo, você não pode estar falando sério. È muito
difícil encontrar alguém no mercado de trabalho como
Marisa. Ela conhece profundamente as leis. — Então
exclamou. — Se está difícil encontrar uma simples
secretária como eu?
Ricardo se levantou e Raquel observou-o nervosa. Ele
passou os dedos pelos cabelos e se dirigiu ao pequeno bar
no canto da sala. Tomou uma dose de uísque em um gole
só.
— Eu falarei com ela.— respondeu com firmeza.
Raquel respirou com alívio e fitando apreensiva,
levantou-se.
— Que bom. Eu estou indo então.
Ela levantou-se e se dirigiu a porta, mas ele foi muito
rápido e barrou seu caminho. Puxou as mãos dela comforça, machucando-a.
Pegou o queixo trêmulo e os olhos angustiados de
Raquel que encontraram os dele que a fitava
intensamente.
— Eu a deixo, completamente fria?
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Raquel tentava entender o que ele queria dizer-lhe com
essas palavras quando ele tomou seus lábios à força lhe
dando um beijo violento. Era mais uma punição do que
demonstração de afeto. Lágrimas brotaram dos olhos de
Raquel quando ela sentiu sangue na boca.
Ele a soltou e depois a empurrou em direção à porta.
— Saia daqui antes que eu faça algo de que vou me
arrepender.
— Sinto muito — disse ela.
Ricardo a olhou com dor nos olhos.
— Não diga isso, pelo amor de Deus!Não preciso de sua
piedade. Desde que a conheci, minha vida ficou
insuportável. Espero que você nunca passe pelo que estou
passando.
Raquel chegou abalada no escritório se inclinou na
mesa e escorou a cabeça com as mãos. Henrique chegou e
a observou, ela levantou a cabeça e deu com os olhos
negros que a observavam.
— Você não está se sentindo bem?
Raquel meneou a cabeça com um não. Ele respirou
fundo.
— Me ajude com um processo e depois pode ir embora.
Raquel forçou um sorriso.
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— Daqui a pouco eu vou melhorar.
Por um momento, Henrique a fitou intensamente, como
se tentasse entender o que a afligia. Acabou desistindo eentrou na sua sala.
Depois de um tempo Raquel foi atrás dele. O viu
massagear a manga vazia e evitou olha-lo. Sentou-se na
cadeira e esperou ele ditar o processo.
Raquel o viu procurar algo na gaveta. Ele parecia
ignorar a presença dela ali. Com um maço de cigarros na
mão, rasgou o plástico com os dentes, colocou no colo.
Raquel concluiu que ele devia estar tentando abrir
segurando entre os joelhos.
Levantando a cabeça com impaciência pediu-lhe.
— Abra para mim. Preciso de um cigarro, urgente.
Ela pegou o maço de suas mãos e seus dedos se
encontraram, ele a olhou estranhamente e logo tirou as
mãos, ela tentou não ficar nervosa diante do magnetismo
daquele belo homem a sua frente.
Entregou para ele um cigarro e colocou o maço na
mesa.
— Você se incomoda se eu fumar?
Raquel negou. Ele acendeu o cigarro, com um leve
tremor.
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Quando se viu, perdeu-se nas alterações que ele lhe
passava do documento.
— Você pode me repetir desde o artigo 4 parágrafotrês?
Henrique a fitou por um momento. Olhou o relógio e
disse-lhe.
— Deixe isso aí, nem eu estou conseguindo pensar
direito. Eu não comi nada no café da manhã. — E de
maneira estudada perguntou. —Almoça comigo?
Raquel ficou a olhá-lo aturdida, colocou as mãos
tremulas no colo e tentou parecer natural.
— Claro. Eu também estou com fome. — Mentiu-lhe,
pois seu estômago se embrulhava diante da expectativa
de almoçar com ele, tamanho era seu nervosismo.
Henrique se dirigiu a ela. Raquel observou o terno
preto que ele usava e reparou como o deixava atraente.
Raquel levantou-se e percebeu que os olhos de Henrique
correram para o seu vestido verde, observando a pele
clara e sedosa, nas sobrancelhas levemente arqueadas,
nos olhos violetas, realçadas por cílios longos e espessos.
Inspecionou seu nariz reto e pequeno, a boca cheia e
encantadora.
Pouco tempo depois, viu-se sentada a mesa de um
restaurante italiano.
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Pediram uma lasanha e vinho tinto suave.
Henrique a observou por um momento. Raquel sem
fome mexia na comida nervosa. — Você não pretende voltar com meu irmão?
Henrique esperou atentamente a resposta dela.
— Não poderia, estaria iludindo-o, alimentando os
sentimentos dele por mim, sendo que eu não o amo.
Houve um silêncio rápido e estranho. Ele desviou oolhar do rosto dela, tenso, os olhos semifechados pelas
pálpebras. Então voltou sua atenção para ela por um
momento como se tivesse assimilando o que ela lhe
falara.
Comeram em silencio. Raquel bebericou seu vinho
observando o homem a sua frente. Ele mexia com todos
os sentidos dela. Tudo nela ficava em alerta quando
estava diante dele.
Saíram do restaurante e juntos andaram calados lado a
lado. Raquel estava imersa em pensamentos quando
ouviu na rua uma brecada forte de carro. Ela voltou a sua
atenção para o barulho e viu dois carros que se
envolveram numa batida.
Seus olhos procuraram Henrique e notou que ele
estava muito pálido. Ele havia parado de caminhar e
tremia. Raquel ficou preocupada. Via-se claramente o
esforço que ele fazia para se controlar.
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Ela vendo-o naquele estado, o pegou pela cintura e
percorreu o resto do caminho, abraçada a ele. Abriu aporta de vidro e entraram no elevador. Ele tentava se
acalmar, mas via-se claramente que ele estava abalado.
Abriu a porta da sala dele e o ajudou a sentar-se. A
mão dele tremia. Raquel foi até o armário e o serviu
uma dose de uísque.
— Tome, lhe fará bem.
Ele pegou o uísque com a mão tremula e levou aos
lábios. Raquel o ajudou a segurar o copo, onde ele tomou
um gole grande. Reclinando-se no assento, respirou
fundo. Raquel lembrou-se do acidente dele. E o olhou com
ternura.
Ele tinha trauma do acidente. O barulho da brecada
dos carros fez com que ele o revivesse.
Raquel passou a mãos nos cabelos negros dele.
Ele ainda não havia se recuperado, via-se nitidamente
que ele estava abalado. Lembrou-se de que sua mãe
sempre a abraçava na infância quando ela tinha medo de
trovões e sabia que nada melhor do que o calor humano
para acalmar alguém.
Com essa intenção ela o embalou como uma criança,
colocando a cabeça dele entre seus seios, sentiu a
respiração quente dele penetrar no seu vestido fino.
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Tentou ignorar o magnetismo daquele homem, mas seu
coração estava em disparada. Tudo nele mexia com ela, o
perfume dos cabelos, o calor de seu corpo. Ele a envolveu
com o braço e ficaram ali por alguns minutos.
Quando ela percebeu que ele estava mais calmo e
respirava normalmente, o afastou. Ele não permitiu.
Levantou o rosto abrindo os olhos negros, onde se
deteve em sua boca, subiu lentamente os olhos que
procuraram os dela, os dele intensos os dela confusos.
Ele a puxou para si, trazendo para o seu colo e seus
lábios se uniram. Ele a beijou apaixonadamente, a cada
instante intensificando o beijo.
Raquel viu-se envolvida num turbilhão de sensações.
Entregou-se totalmente àquele momento, aquele toque
mágico. Sentia a cabeça girar, o mundo desaparecer.
Ele mordiscou o canto de sua boca com os lábios
quentes, fazendo-a estremecer. Então ele a afastou, seus
olhos eram duas bolas negras tomadas pelo desejo. Ela
ficou ali calada, trêmula. Fazendo com que ele esticasse o
braço e passasse o indicador pelos lábios dela. Raquel
confusa baixou os olhos. Mas ele não permitiu.
Levantando o queixo dela com o polegar e o indicador.
Fitou-a intensamente e disse-lhe com voz rouca.
— Raquel. Acho que depois do que aconteceu aqui, vai
ser difícil eu te ver como se nada tivesse acontecido.
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Raquel não soube o que dizer. Surpreendeu-se consigo
mesma, nunca havia sentido o que estava sentindo
naquele momento. Nem seu noivo tinha despertado nela
tanto desejo ao ponto de se esquecer de tudo á sua volta.
E Ricardo não se permitiu deixar-se envolver com ele.
Diante disso, corou, sentindo uma onda de calor subir
pelo pescoço e rosto. Os olhos negros a observavam como
se estivessem fascinados.
— Essa química intensa, que temos um pelo outro éraro de se acontecer. Eu mesmo nunca senti e acho que o
mesmo acontece com você.
Raquel levantou a cabeça e o fitou. Observou os olhos
negros que a olhavam ainda com desejo e se deteve na
boca sensual.
Ela levantou a mão e passou o indicador na boca dele,
fazendo com que ele segurasse sua mão e a levasse para o
seus lábios e beijasse-lhe os dedos. Raquel estremeceu.
Ela estava em um sonho. Perfeitamente consciente do
corpo musculoso e quente em que estava apoiada. Tinha a
cabeça leve, nebulosa, o fitava totalmente sem ação.
Ele murmurou com voz estranha e ardente
— Eu quero te conhecer melhor, se você me permitir.
Raquel confusa confessou.
— Pensei que você não gostasse de mim. E agora você
quer me conhecer?
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Ele a olhou com ternura. Passando a mão pelos cabelos
dela. Seus olhos eram intensos quando ele lhe falou.
— Eu sempre soube do interesse do meu irmão por você. Minha atitude, muitas vezes, em relação a você foi
uma espécie de defesa, uma forma de eu te evitar.
Raquel levantou os olhos surpresos. Ele tomou-lhe a
boca e Raquel correspondeu o beijo com todo seu
coração. Não media as consequências, não percebia a
realidade exterior, pois o importante era o que estavaacontecendo por dentro dela. Ela passou os braços em
volta do pescoço vigoroso, mergulhando os dedos no
cabelo negros dele. Seu coração começou a bater num
ritmo selvagem.
Sentiu as batidas fortes do coração dele contra seus
seios, o calor da carne que passava para seu própriocorpo. Ele a puxou mais para perto, acariciando-a sem
parar.
— Eu te desejo há muito tempo. — murmurou,
movendo a boca para a garganta de Raquel.
Ela fechou os olhos com força e deixou-se ficar, a
cabeça inclinada para trás, deixando que beijasse a pele
alva e delicada, os lábios escorregando do pescoço para o
ombro e depois até a curva delicada dos seios exposto
pelo pequeno decote do vestido. Ele começou a tremer.
Raquel sentiu seus movimentos convulsivos e gemeu
depois ele pousou novamente a boca sobre a dela e o beijo
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tornou-se profundo, mais profundo, até que ambos
ficaram ofegantes. Raquel o afastou e o olhou cheia de
desejo.
Ele buscou seus olhos e com uma ligeira ansiedade na
voz rouca perguntou-lhe.
— Você vai me permitir conhecê-la melhor?
Raquel o abraçou, estranhou a falta de um abraço
apertado envolvendo-a. A mão dele estava sobre seus
cabelos.
Ela o afastou e disse-lhe com simplicidade.
— Os sentimentos do seu irmão são muito intensos em
relação a mim. Eu não posso me envolver com você. Vou
machucá-lo profundamente. Não seria correto.
Henrique a olhou compreensivo.
— Poderíamos nos encontrar fora do trabalho. Eu iria
até sua casa depois do expediente.
O coração de Raquel disparou, nunca imaginou que ele
fosse insistir em conhecê-la, pensou que ele iria desistir
quando ela colocasse o irmão dele como empecilho. Seucoração se alegrou com a atitude dele em arrumar um
jeito para vê-la.
— Tudo bem, podemos nos ver depois do trabalho.
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Henrique a puxou para ele com um gemido e se
beijaram longamente. Raquel só tinha consciência dele
naquela hora. E trêmula se levantou.
Trabalharam o resto da tarde envoltos num clima de
segredo. Só eles sabiam da existência do acordo de se
conhecerem melhor depois do trabalho. Contribuindo
também para a mudança no relacionamento entre os dois.
Seus olhos de vez em quando mudavam, e ele a olhava
intensamente, não escondendo mais o desejo. Ela lhesorria envolta na atração que ele lhe provocava.
Saíram juntos do escritório e Raquel viu o motorista
dele aproximar-se dele, passou-lhe o endereço e se dirigiu
ao seu carro, um Dodge Dart.
CAPÍTULO IX
Chegaram juntos ao seu apartamento. Viu que
Henrique dispensou o motorista. Raquel ficou apreensiva
e ele explicou.
— Caso meu irmão te procure, ele pode ver o carro de
meu motorista estacionado em frente ao seu
apartamento. Então pedi para ele estacionar na outra
quadra.
Raquel então sorriu, não havia pensado nisso.
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Henrique pegou-lhe a cintura e caminharam juntos até
o elevador. Dentro do elevador ele a puxou para si tomou-
lhe os lábios com paixão. Ela correspondeu trêmula, suas
pernas fraquejaram, seu coração batia num ritmo louco.
Quando o elevador abriu no andar dela, ele a soltou.
Raquel nem tinha se dado conta que já estavam no andar
dela. Ela abriu a porta do apartamento com as mãos
trêmulas.
Mal ela fechou a porta ele a puxou para si, Raquel seadmirava pela força de seu braço, mesmo com a ausência
do outro. Ela tremeu e ele deu um gemido, depois cobriu
o rosto dela de beijos. Raquel passou os braços em volta
do pescoço dele e sentiu a boca de Henrique mover-se
sobre as orelhas, o pescoço, os cabelos; ele a abraçou com
mais força, como se não quisesse soltá-la nunca mais,
como se precisasse lutar para não perdê-la.
— Raquel. .. Oh, Deus, Raquel — murmurou.
Ela procurou a boca de Henrique com um suspiro de
necessidade, agarrando-se a ele como se fosse cair se a
soltasse, enquanto uma onda de desejo invadia todo o seu
corpo. Acariciava as costas dele, a nuca, os ombros,sentindo um calor erótico nos longos beijos apaixonados.
— Preciso de você, Raquel — murmurou sobre os
lábios dela. — Preciso ter você.
Ela o puxou e buscou a sua boca o beijou com paixão.
Soluçou, quando se deu conta de que com seu noivo
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nunca tinha agido daquele jeito. Passou-lhe um arrepio de
prazer. Henrique afastou-se para olhá-la. Soltou um
gemido sensual e profundo ao perceber a entrega de
Raquel. Os olhos dele eram duas bolas negras escuras de
desejo.
— Vem Henrique. —Raquel o convidou, admirada com
ela mesma, ficou um ano com Jonas e nunca tinha
permitido com que ele passasse dos limites, e agora
chamava Henrique, que passou a conhecer mais
intimamente em poucas horas.
Henrique a seguiu até o quarto. Ela tirou-lhe o paletó,
a gravata, abriu os botões da camisa dele fazendo-o
estremecer. Ele a puxou e beijou-lhe a boca, procurando o
zíper do vestido dela nas costas que caiu no chão.
Quando ela tirou-lhe a camisa, sentiu-o ficar tenso.Sabia que estava para expor o braço mutilado, observou o
peito moreno cheio de pelos negros e macios viu o
pequeno toco do braço mutilado. Tocou o pequeno
membro com dedos firmes. Henrique prendeu a
respiração quando ela beijou-lhe o membro com os lábios
quentes.
Ele tentou tirar-lhe o sutiã. Ela colocou as mãos para
trás e tirou. Seus seios perfeitos ficaram expostos. Ela
tirou-lhe as calças e a cueca. Quando eles estavam nus,
ele a puxou para a cama. Raquel sabia da dificuldade dele
em permanecer em cima dela, pela ausência do braço,
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então ela o colocou embaixo dela e o abraçou. Mordiscou-
o arrancando-lhe gemidos. Ele buscou a boca dela.
Raquel correspondeu beijando-o profundamente.
Ela deitou-se ao seu lado ele virou-se para ela,
tentando entender por que ela estava parada a olhá-lo
com hesitação. Raquel contou-lhe que era virgem. O rosto
dele foi se transformando na frente dela primeiro de
surpresa e depois a olhou com ternura puxando-a para si,
ela se aconchegou no peito dele.
— Se você quiser esperamos mais. — Disse ele firme.
Ela o olhou com ternura beijou-lhe a boca. Ela queria
ouvi-lo dizer que a amava. Mas ela estava tão atraída porele que a entrega parecia ser natural.
— Não, eu não quero esperar.
Ela o abraçou e sorriu. Beijou-lhe com paixão. Ela
saiu do colo dele e o puxou para si. Ele se desequilibrou e
caiu em cima dela. Raquel havia se esquecido de que, ele
não tinha apoio do braço esquerdo.
— Me desculpe.
Ele forçou o braço para manter-se em cima dela sem
machucá-la com seu peso e a beijou, mordiscando lhe o
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pescoço, a boca, os seios. Abriu as pernas dela com as
pernas dele, ficando de lado a puxou e a penetrou.
Raquel segurou-se nele ao sentir dor. Ele se escoroucom o braço e puxou-a para cima dele.
— Mexa Raquel.
Ela então passou mexer em cima dele, um prazer
indescritível tomou conta de seu corpo e ela fechou os
olhos quando alcançou o prazer. Tinha imaginado aquele
momento tantas vezes!... Mas nenhuma de suas fantasias
se comparava ao que sentiu com ele.
Ele a puxou para si e pediu para ela mexer-se mais
rápido, ele abriu os olhos e se deliciou de prazer em vê-lo
apertar os olhos de prazer, crispando as mãos na cama.
Raquel deitou-se do lado direito dele. Henrique aenvolveu com o braço.
— Vou embora agora.
Henrique levantou-se. Raquel nervosa exclamou.
— Henrique não vá.
Ele ergueu as sobrancelhas e disse-lhe.
— Eu também gostaria de ficar aqui. Mas meu motorista
está na rua. E minha mãe vai notar minha ausência. Ela
vai começar a fazer perguntas.
Raquel com os olhos úmidos o abraçou.
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— O que é isso Raquel? Não estou entendendo você?
Amanhã depois do expediente nós estaremos juntos
novamente. Esse será o nosso segredo.
— É perigoso, você terá que andar no escuro e está
muito tarde.
Henrique levantou o rosto dela e a olhou intensamente.
— Foi assim que você o perdeu?
Raquel olhou-o emocionada. — Estávamos na calçada, íamos pegar o carro. Um
homem se aproximou e disse que era um assalto,
mostrando a arma. Jonas reagiu, morreu com um tiro no
peito, o ladrão virou-se para mim e atirou, mas a arma
falhou e ele correu.
Henrique beijou-lhe a boca ternamente.
— Não acontecerá nada comigo.
Levantou-se e pegou as roupas, sentou-se na cama e
com dificuldade, colocava as roupas. Raquel colocou um
roupão e o ajudou com a camisa abotoando os botões.
Guardou a gravata no bolso do paletó e o ajudou a vestir.Ela se agachou colocou-lhe as meias e os sapatos. Ele
levantou-se e ela colocou a manga vazia dentro do bolso
do paletó. O abraçou e o beijou.
— Raquel amanhã eu estarei fora, tenho uma
audiência. Encontraremos-nos aqui amanhã a noite.
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Raquel o abraçou e beijou-lhe os lábios.
— Eu te espero. Vou te dar meu número de telefone,
quando você chegar, me liga. — Raquel, não há necessidade.
Raquel o fitou séria. Henrique a observava.
— O teu acidente te deixou sequelas físicas e mentais. O
que aconteceu comigo também me marcou. Eu não vou
conseguir dormir se você não me ligar. Ele a olhou compreensivo.
— Eu te ligarei.
Ela colocou a cabeça no peito dele e emocionada falou.
— Eu acho que te amo Henrique.
Ele empalideceu, fazendo com que Raquel estranhasse
a sua reação. Nada respondendo, saiu.
Vinte minutos depois o telefone tocou. Raquel correu e
atendeu.
— Sou eu. Cheguei bem.
— Graças a Deus!
Raquel foi até o banheiro e tomou um banho demorado
e com a imagem de Henrique, dormiu.
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Raquel chegou cedo ao escritório. Resolveu, com a
ausência de Henrique, organizar o arquivo e quando se
deu conta já passava do meio dia.
Desanimada por comer pegou o telefone para pedir um
lanche, quando viu Ricardo entrar na sua sala, ela
colocou o fone no gancho.
Ricardo estava ainda abatido, mas sua aparência era
bem melhor do que ontem. Seus olhos observaram Raquel
se detendo a cada detalhe do seu rosto.
Raquel esperou quieta, olhando-o firmemente nos olhos.
— Raquel, eu arrumei uma secretária para Henrique, ela
começará amanhã. Você voltará a trabalhar comigo.
O coração de Raquel se apertou no peito.
— Você não acha melhor eu ficar com Henrique?
Ricardo ficou transtornado passou os dedos nos cabelos
várias vezes. Encaminhou-se com passos decididos para
a cortina da janela e as abriu, num gesto nervoso, abriu o
vidro para entrar o ar. Ficou parado ali como se estivesse
pensando ou se acalmando.
Raquel ficou sem ação. Ela já se sentia péssima por se
encontrar com Henrique, sabendo dos sentimentos de
Ricardo por ela.
Ricardo virou para observá-la, Raquel baixou os olhos.
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— Por que isso agora? Você não gosta de Henrique. Eu
sou tão desprezível assim, para você preferir trabalhar
com ele, ao invés... — Calou-se, abrupto, voltou-se para a
cortina da janela e tornou a fechá-la e falou emocionado
de costas para ela. — de trabalhar comigo?
— Ricardo, você precisa me esquecer. Se trabalharmos
juntos, concorda que será difícil isso acontecer?
Ricardo foi até ela e a puxou, apertando-a em seus
braços, sussurrou-lhe as palavras com o queixo apoiadoem seus cabelos.
Eu me odeio, por me permitir amá-la desse jeito, mas
não posso evitar. Eu estou preso a você. — Calou-se por
um tempo. — Tenho tentado inutilmente te esquecer,
mas não consigo. Ás vezes, eu tenho vontade de morrer.
— Riu um riso amargo. — Antes de conhecer você, sempre fui muito prático e achava que estava imune a esse
sentimento.
Raquel chorou em seu peito. O sentia tão indefeso. Isso
mexia com ela, Raquel sempre gostou muito dele, mas
não da maneira que ele queria. Ricardo a afastou, seus
olhos estavam úmidos.
Ele secou as lágrimas dela com o polegar.
— Você trabalhará comigo?
Raquel respirou fundo, baixou os olhos, sem ação.
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Raquel chegou seis e meia no seu apartamento.
Henrique tinha ficado de passar lá. Seu coração estava
apertado. Não tinha a mínima ideia de como Henrique
reagiria ao saber da substituição de secretária.
CAPÍTULO XI
Resolveu tomar um banho rápido, vestiu um vestidoleve branco, penteou os cabelos e passou um batom.
Estava saindo do quarto quando ouviu a campainha
tocar. Trêmula, com o coração saindo pela boca abriu a
porta. Henrique lhe abriu um sorriso, avançou e a
envolveu no seu braço. Ela entregou seus lábios a
Henrique para que ele os aquecesse com seu calor, beijaram-se longamente.
Foram se acalmando aos poucos, ela ainda no seu
braço, corpos colados. Raquel se afastou e o observou.
Seus olhos se encontraram e ficaram se olhando por um
instante, hipnotizados. Raquel ouviu a porta bater pela
força do vento. Só então se deram conta que não haviamfechado a porta. Ambos riram. Henrique a pegou pela mão
e a conduziu para o quarto.
Henrique e Raquel fizeram amor com a mesma entrega
e paixão de ontem, mas dessa vez Henrique se preveniu
com camisinha, despertando em Raquel a preocupação
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que ontem eles não tomaram os devidos cuidados de tão
envolvidos estavam nos braços um do outro.
Depois de um tempo Raquel estava sonolenta com acabeça no peito de Henrique ouvindo o coração dele bater
num ritmo mais calmo.
Ela saiu do braço dele e foi até o banheiro se envolveu
em um roupão branco. Quando voltou o viu sentado na
cama, ele já havia posto a cueca e a calça. Raquel sentou-
se ao lado dele e olhando para os pés descalços falouresignada.
— Ricardo me procurou. Amanhã você terá uma nova
secretária.
Henrique se acomodou melhor virando-se para ela.
Levantou o rosto dela e a fitou. Seu rosto expressava uma
luta interior.
— Por que você não falou que não haveria mais troca?
Que você ficaria comigo?
— Eu tentei, mas não consegui.
— Meu Deus — disse ele roucamente. Depois saiu da
cama, apanhando as roupas espalhadas pelo chão, e
vestiu-se rapidamente, com gestos nervosos que
indicavam a raiva que estava sentindo.
Raquel o impediu e o abraçou. Henrique estava
tremendo com uma raiva contida.
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— Ele prometeu-me que iria agir com profissionalismo.
— E você acreditou? — Ele urrou as palavras.
Ele com as mãos trêmulas a afastou com força,tentava fechar os botões e soltou um palavrão, deixando a
camisa aberta. Colocou as meias e o sapato. Pegou o
paletó e jogou no ombro. Raquel o olhava sem ação.
— Henrique, se ele tentar alguma coisa eu lhe prometo
que não trabalharei mais para ele.
— Meu irmão não vai desistir de você. Será que você
não percebeu isso? Eu sinto por ele. Ou você acha que
estou feliz por te tira-la dele?
— Henrique, você não me tirou dele. Ele nunca me
teve. —Ao dizer isso, um sentimento ruim apertou no
coração de Raquel, que a confundiu.
Henrique a fitou por um momento. Ela aproximou-se
dele e o abraçou. Pousou a cabeça nos pelos negros e
aspirou-lhe o perfume. Sem olhá-lo fechou-lhe os botões
da camisa. Ele estava tenso, com a respiração
entrecortada. Raquel levantou a cabeça e os lábios dele
tomaram os seus num beijo possessivo, cheio de paixãoreprimida. Ele falou-lhe nos cabelos.
— Raquel, não vai ser fácil para mim te ver
trabalhando ao lado dele.
Raquel o afastou e disse-lhe firme.
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— Serei fria e dura com ele. Ele verá que eu não o amo
e vai me esquecer. — Mas no íntimo de seu coração, as
palavras dela saíram falsas, para si mesma.
Meu Deus, o que estava acontecendo com ela? Ela não
amava Henrique? Por que o coração dela se apertava ao
pensar em Ricardo?Por que o fato de começar a agir de
maneira fria com Ricardo a fazia sofrer?
Henrique a olhou por um longo tempo assimilando as
palavras dela. Com um gesto frustrado a afastou e saiupara a sala. Raquel correu até ele.
— Me ligue quando chegar.
A porta bateu violentamente sem que ele lhe
respondesse, cada vidro do apartamento tilintou.
Às duas horas da manhã, Raquel percebeu que ele nãoiria ligar. Chorou amargamente, dormiu envolta em
pensamentos confusos.
Raquel acordou ás seis, se olhou no espelho e
desanimada constatou que seus olhos estavam muito
inchados.
Às nove horas ligou para o trabalho. Resolveu dar uma
desculpa. Não iria trabalhar.
Depois de três toques ouviu a voz de Ricardo
impaciente.
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— Ricardo é Raquel. Eu não estou me sentindo bem. Eu
não poderei ir trabalhar hoje. Acho que peguei uma gripe.
Fez-se silêncio do outro lado da linha. — Tudo bem Raquel. Posso dar uma passada aí mais
tarde para ver você?
Raquel falou rapidamente, quase gritou.
— Não. — E logo disfarçou a voz num tom mais
brando. — Não precisa vir aqui. È só uma gripe mesmo. — Até amanhã então.
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