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Ajudas Técnicas e Adaptações Tecnológicas em NEE

Acessibilidade na Tecnologia:

importância na Educação Inclusiva

Docente: Luís Neves

Discentes: João Arsénio n.º

Maria Celeste Gregório n.6839º

Vanda Dores n.º 6782

Verónica Cachinho n.º

Pós Graduação em Ensino Especial, Domínio Cognitivo e Motor

Janeiro de 2010

Instituto Superior de Ciências da Informação e da Administração

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Introdução............................................................................................................................p.3

1 – A escola inclusiva............................................................................................................p.4

1.1 – Breve perspectiva histórica...............................................................................p.4

1.2 – Princípio de inclusão..........................................................................................p.7

1.3 – Conceito de Escola Inclusiva..............................................................................p.10

1.4 – Objectivos da Educação Inclusiva......................................................................p.11

2 – Acessibilidade tecnológica na Educação Especial...........................................................p.12

2.1 – Conceito de acessibilidade................................................................................p.12

2.2 – Ajudas técnicas ao serviço da Escola Inclusiva..................................................p.14

3 – Tipos de acessibilidade ..................................................................................................p.16

3.1 – Tecnologia assistiva...........................................................................................p.20

3.1.1 – Ajudas técnicas.....................................................................................p.20

3.2 – A informática ao serviço da inclusão escolar.....................................................p.26

3.2.1 – o computador.......................................................................................p.28

3.2.1.1 – o papel do computador na educação.....................................p.29

3.2.2 – Tipos de software.................................................................................p.30

3.2.3 – A Internet..............................................................................................p.31

4 – O papel do professor na implementação das tecnologias..............................................p.32

4.1 – Formação de professores..................................................................................p.32

5 – Utilização das tecnologias no processo de ensino/ aprendizagem:

vantagens e desvantagens...................................................................................................p.35

Conclusão.............................................................................................................................p.36

Bibilografia...........................................................................................................................p.37

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Introdução

O modelo de Escola Inclusiva trouxe uma nova concepção de escola, na qual se promove a

inserção dos alunos com necessidades educativas especiais, quer com deficiências moderadas

quer com deficiências severas, nas salas de ensino regular.

Deste modo, proporciona-se a igualdade de oportunidades a todos os alunos para aprenderem

juntos. Assim, a escola terá de se organizar de modo a eliminar barreiras, colmatar dificuldades e

adaptar-se aos seus alunos, tendo em conta as diferenças de cada um e as suas necessidades

individuais.

As tecnologias de apoio podem ser uma forma importante para que determinadas crianças

ultrapassem as barreiras físicas. Algumas destas barreiras referem-se á incapacidadede manipular

objectos de escrita e/ou desenho, assim como a dificuldade em ter acesso a material de

aprendizagem e consequentemente em participar em diversas actividades.

O papel do professor e da escola pode ser um factor decisivo para a diminuição do insucesso dos

alunos com necessidades educativas especiais , se tiver informação e formação adequada.

Com este trabalho pretendemos dar a conhecer um problema que afecta diáriamente muitas

crianças portadoras de necessidades educativas especiais, ou seja as dificuldades que estas

crianças enfrentam.

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1 – A escola inclusiva

1.1 – Breve perspectiva histórica

O acompanhamento que hoje é feito às crianças com necessidades educativas especiais

não foi sempre o mesmo ao longo dos tempos.

Nos primórdios da nossa humanidade os deficientes eram associados ao demónio,

sendo que, na altura por desconhecimento da sociedade eram tomadas duas medidas drásticas,

que passavam pela exclusão do indivíduo da sociedade ou pela sua morte na altura do

nascimento.

Por exemplo, os nossos vizinhos espanhóis eliminavam os deficientes logo à nascença,

pois isso era sinal de desgraça para a sociedade.

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Em Esparta uma cidade referenciada pelo seu espírito guerreiro, todos aqueles que

nasciam com algum tipo de deficiência eram mortos à nascença. Já em Roma ficava ao critério dos

pais decidir o futuro dos seus filhos, quer estes fossem ou não deficientes. No Egipto os

deficientes eram divinizados com o intuito de conseguirem a protecção dos deuses.

Na idade média existia o pensamento de que os deficientes surgiam de uma relação

carnal da mulher com o demónio. Este tipo de marginalização acontecia pois as pessoas

associavam a deficiência a doenças e por isso era necessário afastá-los da sociedade de modo a

não porem em risco as pessoas sãs.

Com o avançar dos tempos estas atitudes foram desaparecendo, começando a surgir

alguns movimentos de caridade. Deste modo, começam a surgir movimentos de protecção aos

órfãos, idosos e cegos, isto graças à religião Monoteísta (Bautista 1997,cit. in Marques 2002).

Aparecem assim os primeiros hospitais a receberem este tipo de pessoas, podendo

assim dizer-se que no século IV estamos perante uma primeira fase da educação especial.

O primeiro local para deficientes aparece em plena idade média, criado por S. Luís em

França no ano de 1260. Começam então a surgir centros deste tipo por toda a Europa, tendo a

sua maioria um caríz assistencialista (Bautista 1997, cit. in Marques 2002).

Com o aparecimento da ordem dos irmãos de S. Vicente de Paula aparecem os primeiros

serviços de natureza educacional para deficientes, desenvolvidos no Hospital de Bicetre, em

França.

No entanto, através de uma análise mais detalhada é possível dividir a história da

deficiência nas seguintes fases:

Fase Assistencialista – Durante esta fase a principal preocupação era proteger do mundo

as crianças com deficiência, como tal, estas eram inseridas em instituições privadas de

carácter assistencialista. Estas instituições surgiram por iniciativa religiosa e davam

seguimento à política da altura que era a de isolamento dos deficientes, no entanto, já era

possível percepcionar uma certa preocupação que até então não existia. Desta atitude de

acolhimento dos deficientes evolui-se a pouco e pouco para atitudes de carácter

educativo. Para que isto aconteça, muito ajudou o facto de se ter verificado que os

deficientes poderiam tornar-se pessoas úteis para a sociedade. Deste modo, acontece

uma viragem na mentalidade existente na altura, passando assim a haver um interesse de

médicos e educadores relativamente à deficiência.

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Fase de cariz médico - pedagógico – Esta fase surge no decorrer do século XVIII,

começando aqui a existir uma certa preocupação científica acerca da deficiência, e que se

percebe da importância existente na relação médico – paciente. Já no século XIX surgem

as escolas de educação especial que evidenciam preocupações a nível educativo. Estas

escolas eram frequentadas por alunos cegos, surdos, deficientes motores e deficientes

mentais. A frequência dos alunos nestas escolas era facultativa, como tal, muitos dos

alunos com deficiências não as frequentava. É igualmente no século XIX que aparece o

conceito de escolaridade obrigatória, que se revelou um marco bastante importante na

história da educação especial. Sendo assim, é reconhecido o direito à educação para

todas as crianças, independentemente das suas deficiências. Deste modo, surgem as

primeiras classes especiais dentro do sistema escolar para alunos com deficiência ou com

dificuldades de aprendizagem (Leitão 1980). Muitas pessoas acreditavam na altura que a

existência de classes especiais permitia que os alunos fossem acompanhados por

professores especializados, não perturbando deste modo, as classes de ensino regular,

que por vezes não aceitavam muito bem as crianças com deficiências, devido ao elevado

número de alunos que as turmas já acolhiam.

Fase da integração - Após a 2ª guerra mundial surgem movimentos de contestação às

classes especiais, que tiveram como base o combate à segregação a nível educativo e

social. Estas pessoas começam a ter direitos e deveres iguais aos restantes cidadãos, de

onde se destacam, o direito à participação na vida social e a integração na escola. Como

consequência desta contestação, dá-se início ao processo de integração, que vai ocorrer

em dois períodos distintos, sendo eles:

Intervenção centrada no aluno – Devido á pressão exercida por alguns encarregados de

educação de crianças portadoras de deficiência que não aceitavam que os seus educandos para

terem acesso á educação tivessem que se deslocar para longe de casa, aparecem as primeiras

experiencias com a educação de crianças deficientes em classes regulares. O sucesso destas

experiências, aliadas ao direito das pessoas com deficiência de participarem activamente em

todas actividades, fez com que diversos países proporcionassem o direito à educação de crianças

com deficiência em classes regulares. Neste período, os problemas eram centrados em torno do

aluno, e o apoio era prestado por professores especializados, e outros especialistas, sem no

entanto perturbarem o funcionamento das classes regulares.

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Intervenção centrada na escola - Neste período encara-se a causa dos problemas em

termos de situação educativa, que era considerada como factor fundamental no processo ensino

– aprendizagem. Aqui nesta fase o professor especializado que trabalhava com as crianças

deficientes, passa a ser um recurso tanto para a escola como para a classe, onde ocorrem as

intervenções junto das crianças. Deste modo, pede-se à escola que aceite as individualidades de

cada criança, passando a recair a sua atenção nas necessidades educativas de cada uma. Estas

ideias vieram provocar alterações ao nível da organização curricular e nos processos de formação

dos professores. O marco mais importante neste período ocorre no ano 1981 (ano internacional

do deficiente), onde é reconhecido às pessoas portadoras de deficiências não só o direito à

educação, mas também o direito à igualdade de oportunidades, à integração e à normalização.

Fase da Inclusão - Esta nova forma de ver a educação surge por Madeleine Will em 1986,

na altura secretaria de estado para a educação especial nos Estados Unidos da América. A sua

mudança verificou-se no atendimento das crianças com necessidades educativas especiais, de

forma a criar novas estratégias que promovessem o sucesso escolar por parte destes alunos. A

solução encontrada passaria por uma maior cooperação entre professores da educação especial e

dos professores do ensino regular, de forma a desenvolverem as melhores estratégias, que

possibilitassem uma resposta eficaz às necessidades de todos os alunos. Deste modo surge um

novo movimento que atribui responsabilidades à escola, este movimento deu lugar ao princípio

da inclusão. Com base no princípio da inclusão, é criada a Declaração de Salamanca.

1.2 – Princípio de inclusão

Entende-se por Educação Inclusiva o direito de todas as crianças, independentemente dos

problemas ou deficiência que possuam, frequentarem as escolas da sua área e o consequente

direito de viverem na sua família, de participarem na sua comunidade, de conviverem com os

seus vizinhos, é antes de mais, uma questão de direitos humanos. Decorre directamente da

primeira frase da Declaração Universal dos Direitos do Homem: “Todos os seres humanos nascem

livres e iguais em dignidade e em direitos.”

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De forma a perceber a evolução deste conceito, e da necessidade de incluir todos os

alunos no seio da escola torna-se importante perceber o porquê disso acontecer, como tal,

iremos recuar um pouco no tempo.

As primeiras contestações surgem a partir dos anos 50 na Escandinávia, através de um

movimento denominado de normalização, que se pronuncia dizendo que todas as pessoas têm

direito a uma vida o mais normal possível Só a partir da década de 70 se inicia em muitos países a

integração destes alunos nas escolas regulares de ensino.

Na década de 80, nos Estados Unidos da América emerge um movimento chamado REI (

Regular Education Iniciative), que reorganiza e relação entre a educação regular e a educação

especial, permitindo melhorar o rendimento académico de todas os alunos, mas também

aumentar o número de alunos com NEE ( necessidades educativas especiais) moderadas ou

severas nas classes ditas regulares.

Nesta década surgem alguns acontecimentos que se revelaram determinantes para

integração das pessoas com deficiência na sociedade, das quais destacamos:

1981 – Ano Internacional das pessoas com deficiência. Este acontecimento foi de extrema

importância, pois a partir daqui começaram a ser alteradas algumas mentalidades,

essencialmente sobre a forma de encarar as pessoas com deficiência no seu dia-a-dia e na sua

educação.

1983-1993- Década das pessoas com deficiência. Surgimento de medidas legais, tendo em

conta o principio de igualdade de oportunidades, tornando a sociedade e os diversos serviços

acessíveis a todos.

1989 – Adopção pela Assembleia Geral das Nações Unidas da Convenção sobre os

Direitos a Criança. Teve como objectivo pressionar os diferentes governos para que vissem a

situação das crianças tendo em conta os princípios consagrados na convenção, dando especial

destaque ao artigo 23, que refere o seguinte: “…uma criança com deficiência mental ou física

deverá usufruir uma vida plena e estimulante que lhe assegurem a dignidade, promova a sua

auto-confiança, e facilite a sua participação activa na comunidade… deverá ser prestado o apoio

necessário para que a criança tenha um acesso efectivo à educação e ao treino… de modo a

permitir que atinja a máxima integração social e o máximo desenvolvimento individual que for

possível.”

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Surge então a década de 90, aparecendo então o conceito de que independentemente da

problemática do aluno e do seu grau de gravidade, sempre que possível essa criança deve

frequentar a escola, estando os serviços de Educação Especial disponíveis para todos.

Nesta década destacam-se também dois momentos importantes:

1990 – Declaração Mundial sobre a Educação para Todos. Esta declaração refere o

seguinte “devem ser tomadas medidas de modo a garantir igualdade de acesso à educação de

todas as categorias de pessoas com deficiência como parte integrante do sistema educativo.”

1993 – Normas sobre a Igualdade de Oportunidades para Pessoas com Deficiência. Estas

normas foram adoptadas pelas Nações Unidas e revelaram-se como o conjunto mais importante

de directrizes dadas sobre esta matéria. Das inúmeras normas destacamos aquela que diz

respeito à educação para pessoas com deficiência que devem “…receber o apoio de que precisam

dentro das estruturas regulares de educação, saúde, emprego e acção social.”

Começa a surgir então a necessidade de incluir todas as crianças no ensino regular, pois só

desta forma se está a ajudar e a defender os direitos de todas as crianças, independentemente

das suas diferenças. Com este tipo de atitudes começa-se a integrar a criança em vários

ambientes e na sua comunidade. Este conceito de inclusão inclui todo o sistema educativo,

criando assim igualdades de oportunidades no sentido de que todas as crianças possam aprender

e atinjam os objectivos propostos.

Para que este conceito, tenha uma boa aplicação prática torna-se necessário que a escola e

toda a comunidade educativa se organize em torno do mesmo, de forma a poder dar resposta a

todos os alunos, com ou sem necessidades educativas especiais. Desta forma, uma correcta

organização terá que passar pela realização de planos educativos adequados às necessidades de

cada criança, sendo assim, a escola terá que ser inovadora e desenvolver a capacidade de dar

resposta aos problemas que possam surgir. Como tal, cabe aos professores investir na formação

contínua de forma a ter conhecimentos sobre os diversos processos de aprendizagem e de

inovadoras estratégias de apoio á criança. Já a escola, deverá poder contar com o apoio e

colaboração da educação especial e de equipas pluridisciplinares, constituídas por psicólogos,

terapeutas e médicos, devendo existir um trabalho de colaboração entre estas equipas, a direcção

da escola e de todos os professores que tenham alunos com NEE integrados nas classes regulares.

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1.3 - Conceito de Escola Inclusiva

Para se concretizar o conceito de escola inclusiva é imprescindível ter em atenção que

para isso é necessário a criação de um sistema educativo que corresponda às necessidades

específicas de todos os alunos, sendo para isso necessário a colaboração de todos os agentes

educativos, de forma a se fomentar ambientes de aprendizagem que tenham como principal

objectivo a promoção da inclusão de alunos com NEE. Toda esta equipa pluridisciplinar

(professores, psicólogos, terapeutas), deverá trabalhar em roda do currículo geral que depois

será adaptado em torno das necessidades e capacidades específicas de cada um dos alunos.

Sendo assim, o currículo deve ser realizado e adaptado pela equipa pluridisciplinar da

escola, devendo estar incluído nesta abordagem os encarregados de educação, pois são eles que

melhor conhecem as estratégias que podem levar o seu filho ao êxito.

Torna-se necessário que as escolas reconheçam as diversas dificuldades dos seus alunos,

adequando os diferentes ritmos de aprendizagem e garantindo uma formação de qualidade

para todos os alunos, através de currículos específicos, estratégias de ensino adequadas,

disponibilidade de recursos e parcerias estabelecidas com a comunidade envolvente.

Este novo panorama de uma aprendizagem e formação de qualidade para todos, obriga a

escola á criação de novas estratégias, na perspectiva da actualização de conhecimentos, na

modernização de novos recursos e na reformulação de alguns espaços físicos, pois estas

mudanças irão garantir um ajustamento das acções pedagógicas com a diversidade das

aprendizagens.

Podemos então concluir que a escola inclusiva é um estabelecimento de ensino que reúne

todos os alunos independentemente das suas condições intelectuais, motoras, sociais,

psicológicas, emocionais e físicas.

Este é então o principal objectivo da escola inclusiva, ou seja, tem que desenvolver uma

pedagogia focada no aluno, como forma de educar e integrar não só os alunos que apresentam

NEE, mas também todos aqueles que revelem dificuldades transitórias ou permanentes, tudo

isto através da diversidade ao nível da aprendizagem interactiva, respeitando sempre as

diferenças de cada aluno e do seu meio envolvente.

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1.4 - Objectivos da Educação Inclusiva

De seguida iremos referenciar alguns objectivos que se pretendem atingir quando

falamos em educação inclusiva:

A educação inclusiva pretende uma educação que suporte os princípios de equidade

e de qualidade;

Desenvolver projectos educativos e curriculares baseados na inclusão, na igualdade e

na convivência democrática, abrangendo professores, alunos, encarregados de educação /

família e a comunidade envolvente á escola;

Desenvolver um sistema de apoio que dê respostas eficazes a todos os alunos;

Incentivar a participação de todos os alunos tanto nas actividades de sala de aula

como nas actividades extra-curriculares e em actividades promovidas fora da escola, de forma a

adquirir competências nos mais diversos ambientes;

Desenvolver processos de ensino e aprendizagem de uma forma activa, mobilizando

para isso os recursos da escola e da comunidade, bem como oportunidades que surjam no

âmbito das tecnologias de informação e comunicação;

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2 – Acessibilidade tecnológica na Educação Especial

Há relativamente pouco tempo que nos afastámos de uma Escola baseada nos princípios da obediência, transmissão de conhecimentos centrada no professor e falta de liberdade de expressão, para nos centrarmos num ensino virado para o aluno.

Encontramo-nos neste momento numa fase de partilha, em que os objectivos da escola são garantir a igualdade de oportunidades, conforme já descrevia a Declaração Universal dos Direitos Humanos em 1948, no seu artigo 26º, ao mencionar que “toda a pessoa tem direito à educação”. Apesar da existência deste objectivo à algum tempo o facto é que não se trata de um processo de fácil exequibilidade, sendo na realidade um grande desafio.

Na realidade, esta exquibilidade torna-se mais difícil na medida em que há que adequar a cada um dos indivíduos presentes na sala de aula, e quanto maiores forem as suas diferenças, maior deverá ser a capacidade de adaptação e adequação do docente e do sistema educativo.

Quando o professor está perante uma criança que, por algum motivo se afasta daqueles que são os parâmetros considerados normais, quer seja devido características mentais, neuro-musculares, corporais, de comportamento emocional, aptidões sensoriais ou de comunicação ou ainda múltiplas deficiências o seu dever é desenvolver ao máximo as suas capacidades, recorrendo a todas as estratégias ao seu dispor para tornar mais fácil o seu acesso às mesmas oportunidades que têm todos os outros indivíduos.

Quer isto dizer, que cabe ao docente garantir que o aluno tem todas as possibilidades de adquirir novos conhecimentos, desenvolver habilidades e alterar comportamentos

2.1 – Conceito de acessibilidade

Nos últimos tempos este é um conceito muito falado e em crescente uso; de facto verifica-se, por parte de diversas áreas, uma frequente preocupação com a acessibilidade, nomeadamente no que toca ao urbanismo e arquitectura, sendo mesmo comuns a adequação e reabilitação de espaços, no sentido de garantir o seu acesso a toda a população.

A acessibilidade visa permitir aos indivíduos com deficiência ou mobilidade reduzida o acesso às actividades relacionadas com o uso de produtos, serviços e informação, e promover a sua extensão a todas as parcelas da população.

Falar de acessibilidade implica ter em mente as noções de:

Utilizadores: relaciona-se com o indivíduo que faz a utilização e implica que nenhum obstáculo lhe seja imposto devido às suas capacidades sensoriais e funcionais.

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Situação: que reporta para a utilização do sistema em várias situações, independentemente do software, comunicações ou equipamento. Ambiente: que se prende com o facto de não haver condicionamentos relacionados com o ambiente físico envolvente, exterior ou interior.

Fig. 1 – Símbolo Internacional para a Acessibilidade

No entanto a acessibilidade não pode, nem deve ser encarada apenas da perspectiva espacial, pois relacionam-se com uma série de outros factores, nomeadamente no que toca às tecnologias de informação e comunicação (TIC).

É frequente as crianças com Necessidades Educativas Especiais se verem confrontados com barreiras no que toca a esta área, pelo que é fundamental e urgente melhorar a sua acessibilidade, ou seja, a forma como lhes é permitido aceder a essa mesma área.

Quando, em TIC, falamos em acessibilidade referimo-nos às ferramentas que permitem a utilização dos diversos recursos que um computador oferece por parte dos indivíduos portadores de deficiência, e que, no fundo, surgiram pela necessidade de facilitar o acesso destas pessoas ao computador. Podem ser alterações no software ou no hardware.

Estas ferramentas podem apresentar as mais variadas finalidades: leitores de ecrã (para deficientes visuais), teclados virtuais (para deficientes motores ou com dificuldades de coordenação motora), sintetizadores de voz (indivíduos com problemas de fala).

Um dos conceitos que surge frequentemente ligado à acessibilidade é a usabilidade, visto que ambos visam a optimização de serviços e recursos. Este último procura definir a facilidade de utilização de um recurso informático ou audiovisual.

Tal como acontece em outras áreas também na área informática surge cada vez mais a preocupação e necessidade de criar instrumentos apelativos, intuitivos e simples, regidos pela facilidade de aprendizagem e domínio. Além disso surge cada vez mais a preocupação de atingir um maior grau de satisfação, o que implica o estudo das necessidades dos diversos utilizadores, nomeadamente das pessoas com Necessidades Especiais.

Quanto à Internet, a sua acessibilidade refere-se ao facto de haver flexibilidade da informação e interacção no que toca ao suporte de apresentação, que será aquilo que vai garantir a sua utilização por pessoas com necessidades especiais.

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É importante garantir este acesso, na medida em que é a sua utilização que vai permitir a igualdade de oportunidades a estes indivíduos.

2.2 – Ajudas técnicas ao serviço da Escola Inclusiva

Como já mencionamos, o conceito de educação inclusiva tem vindo a provocar profundas alterações no sistema educativo e na forma como o processo de ensino/ aprendizagem se desenrola.

Como refere Correia (2005), “O movimento inclusivo tende a prescrever a classe regular

de uma escola regular como o local ideal para as aprendizagens do aluno com NEE. Será aí, na

companhia dos seus pares sem NEE, que ele encontrará o melhor ambiente de aprendizagem e

de socialização, capaz de, se todas as variáveis se conjugarem, vir a maximizar o seu potencial”.

Este conceito de escola inclusiva tem por base vários princípios, dos quais mencionamos alguns, que consideramos de maior importância:

todos os alunos, independentemente da sua raça, condição linguística ou económica, sexo, orientação sexual, idade, capacidades de aprendizagem, estilos de aprendizagem, etnia, cultura e religião, têm direito a ser educados em ambientes inclusivos; todos os alunos são capazes de aprender e de contribuir para a sociedade onde estão inseridos; todos os alunos devem ter oportunidades iguais de acesso a serviços de qualidade que lhes permitam alcançar sucesso; todos os alunos devem ter acesso a serviços de apoio especializados, quando eles necessitem, que se traduzam em práticas educativas ajustadas às suas capacidades e necessidades; todos os alunos devem ter acesso a um currículo diversificado; todos os alunos devem ter a oportunidade de trabalhar em grupo e de participar em actividades extra-escolares e em eventos comunitários, sociais e recreativos; todos os alunos devem ser ensinados a apreciar as diferenças e similaridades do ser humano.

Devemos ainda ter em conta uma série de indicações destinadas aos profissionais da área da educação e aos pais e encarregados de educação, relacionadas com o tipo de serviço a prestar. Das mesmas destacamos as seguintes:

os profissionais, os pais e a comunidade em geral devem trabalhar em colaboração, partilhando decisões, recursos e apoios;

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todos os serviços de que os alunos necessitam devem ser prestados, sempre que possível, em ambientes educativos regulares; todas as escolas devem envolver as famílias e os membros da comunidade no processo educativo; os serviços regionais e locais devem fornecer os apoios e os recursos necessários para que as escolas se possam reestruturar, dando a atenção devida à diversidade de alunos que as frequentam.

Conceber, adaptar ou aplicar uma solução de tecnologia assistiva a uma criança deve

pressupor e implicar a cadeia de relações que a criança estabelece na escola, com os

professores, os técnicos de apoio, os amigos ou a família, e contribuir para explorar o seu

potencial.

As ajudas técnicas para crianças não devem ser meras cópias, mais pequenas, de

equipamentos desenhados para adultos, mas devem levar em consideração as necessidades

fisiológicas e pedagógicas que essas crianças vivenciam.

Todas as crianças necessitam de brincar e uma criança com deficiência não é excepção.

As ajudas técnicas para crianças devem ser equipamentos funcionais e robustos, mas,

principalmente, devem estimular ao jogo, à interacção com os colegas e à descoberta do lúdico.

Parece-nos ainda importante referir que a inclusão se reporta à intervenção precoce, à transição ao longo da escolaridade e à transição para a vida adulta, não pretendendo descurar nenhum dos aspectos da vida destes indivíduos, e permitindo-lhes aceder às mesmas oportunidades nas diversas fases.

No que respeita à intervenção precoce é fundamental garantir que os serviços e apoios têm continuidade aquando da transição para o ciclo seguinte; a transição ao longo da escolaridade dedica especial atenção a factores como as políticas educativas, a organização escolar, a flexibilização dos currículos, as práticas educativas e a própria avaliação; a transição para a vida adulta está relacionada com a preparação dos indivíduos para a sua integração no mercado de trabalho, pelo que deve considerar o treino laboral, a formação profissional, a articulação entre técnicos e serviços, a criação de oportunidades, etc...

No que toca à Educação Especial devemos referir que o conceito de usabilidade também adquire significância, pois significa a utilização fácil, cômoda e eficaz das ferramentas à disposição dos alunos. Será este conceito que, conjuntamente com a acessibilidade caminha no sentido de satisfazer completamente as necessidades dos alunos.

Normalmente a acessibilidade, no campo informático surge associada à interface gráfica, que deve ter como características as seguintes: ícones funcionais, permitir a personalização, mostrar uma plataforma apelativa e prever o modo de trabalho do utilizador.

É também importante o carácter interactivo, que será aquilo que, no fundo, tornará o sistema apelativo, bem como uma utilização eficiente e flexível, que permita ao indivíduo

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percepcionar as várias possibilidades de manuseamento, sem correr o risco de se deparar com situações problemáticas em que desconhece a solução.

Actualmente, falar de TIC sem mencionar a Internet não seria, de todo, possível, pois é o meio de comunicação da actualidade, e, provavelmente, do futuro, graças à sua capacidade de reduzir distâncias e aceder a informação. Como tal, o próprio sistema, pela mão da Web Acessibility Initiative (WAI) com a publicação do Web Content Acessibility Guidelines, em 1999, demostrou essa preocupação com a acessibilidade e usabilidade.

No fundo, este documento vem apontar os seguintes aspectos como fundamentais:

fornecer equivalentes informativos ao conteúdo visual e sonoro; não fazer com que a compreensão da informação dependa da cor; utilizar correctamente a notação e as folhas de estilo; recorrer a linguagem natural; utilizar tabelas e páginas que funcionem de forma harmoniosa; proporcionar aos utilizadores um controlo sobre os conteúdos; facultar soluções de transição entre os vários elementos; usar directrizes e tecnologias W3C; fornecer informações de orientação e contexto; aplicar mecanismos de navegação e de informação claros e simples.

Há ainda que levar em linha de conta os sistemas operativos da Microsoft, visto que a sua preocupação com a acessibilidade é notória. Um claro exemplo disso são os Sistemas Operativos Windows XP e Windows Vista, que incluem no painel de controlo as funções “Opções de Acessibilidade” e “Facilidade de acesso”, respectivamente. Isto permite o ajuste de algumas ferramentas às necessidades de cada utilizador, através da alteração das definições do teclado, do rato, de sons e visualizações no monitor.

Em alguns casos obviamente este ajuste por si só não é suficiente para colmatar as necessidades dos utilizadores, e é necessária a aquisição de utilitários para o efeito, mas, o facto de haver por parte desta grande empresa essa preocupação será sem dúvida um ponto positivo e a ressalvar.

A existência destes recursos adicionais, quer em termos de software quer de hardware implica também que a Escola, enquanto agente educativo facilitador da igualdade, tenha a capacidade de se actualizar neste aspecto, para garantir aos seus alunos esse acesso.

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3 – Tipos de acessibilidade

Acessibilidade motora:

Quando as formas de acesso “tradicional” ao computador, através do teclado e do rato,

não são as mais adequadas devido às dificuldades do utilizador, é possível servirmo-nos de

periféricos alternativos para essa finalidade. Referimo-nos, por exemplo, a teclados de

conceitos, teclados virtuais, emuladores de rato, ratos adaptados, comutadores ou switches,

comando através da voz, entre outros.

Em termos de avanços tecnológicos a maior evolução tem sido talvez ao nível dos

emuladores de rato: dos capacetes com apontador aos ratos de cabeça, existem no mercado

uma série de modelos, bastante funcionais.

No que respeita aos ratos virtuais verificamos também a existência de uma série de

modelos adequados às mais diversas finalidades, como é o caso dos teclados virtuais.

Gostariamos ainda de mencionar outro periférico alternativo ao teclado e rato: o

teclado de conceitos, que é igualmente muito usado e, no fundo, não passa de uma alternativa à

inserção tradicional da informação no computador. São sobretudo adequados a crianças mais

novas ou iniciantes com necessidades educativas especiais.

Têm um efeito facilitador da aprendizagem, da interacção, da discussão e da descoberta,

devido ao duplo efeito visual do ecrã e das lâminas do teclado, que podem variar em cor,

gráficos, textos ou símbolos, o que vai certamente criar um efeito apelativo e estimulante.

Fig. 2 – teclado de conceitos

Estes periféricos têm um funcionamento muito simples: sobre o teclado são colocadas

uma espécie de lâminas (overlays) que podem ser folhas de papel, de cartolina, acetatos, etc.

Quando se pressiona uma determinada zona dessa lâmina a célula é activada e faz executar uma

função.

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A grande vantagem deste periférico é que pode ser o professor a elaborar as lâminas,

permitindo-lhe adequar aos conteúdos programáticos a trabalhar.

Este teclado é comporto por duas componentes: a física, que consiste num tabuleiro,

com uma membrana digital, (cujo tamanho pode variar entre A3 e A4 e 128 a 256 células de

contacto;) e a lógica, que tem um software de adaptação, controlo e exploração de programas já

existentes e um sistema de autor que permite o desenvolvimento de aplicações interactivas.

Este teclado tem como principais vantagens o facto de evitar, por exemplo, a procura

das teclas no teclado convencional, que, por vezes, atrapalha um pouco os utilizadores; liberta

igualmente o utilizador do uso do teclado e rato convencionais; permite restringir o acesso a

determinados programas e opções; não implica um grande controlo a nível motor; permite

simplificar algumas operações complicadas, bem como dificuldades ao nível da linguagem; como

já referimos, permite a personalização, de acordo com as lâminas utilizadas; e garante ainda

poupança de tempo, na medida em que conjuga teclas de funções que se usam com maior

frequência.

Acessibilidade auditiva:

O campo da acessibilidade auditiva apresenta maiores lacunas comparativamente ao da

acessibilidade motora, sendo que há ainda um longo caminho a percorrer. Existem já algumas

tecnologias relacionadas com a conversão automática de texto em Língua Gestual, através de

avatares 2D ou 3D, que permitem a tradução de modo automático.

Como acontece com outros tradutores por vezes podem surgir alguns problemas ao

nível da compreensão contextual, mas, no entanto, é uma área em que se verificam já alguns

avanços, e, aliada ao reconhecimento da fala esta tecnologia permitirá aos indivíduos surdos,

aceder a uma série de documentos muito vasta.

No que toca a este ponto existem também alguns softwares de tradução automática de

texto em símbolos, dos quais destacamos o “Escrita” e o “inVento”.

Acessibilidade visual:

Page 19: Trabalho Acessibilidade Corrigido[1][1]

No que respeita à acessibilidade de indivíduos invisuais ou com baixa acuidade visual há

uma série de normas e pressupostos referentes à informação digital, quer seja via Internet ou

em cd- Rom.

Do material disponível existem várias opções: linhas em Braile na base do teclado, ecrãs

maiores, softwares de ampliação de ecrã, leitores de ecrã com síntese de voz, entre outros.

Actualmente, a síntese de voz aliada ao reconhecimento de caracteres (OCR) já permite

ler, de modo automatizado, qualquer texto impresso, pelo que há uma preocupação cada vez

maior na disponibilização, da parte das editoras, versões electrónicas dos livros impressos, para

facilitar esta utilização.

No decorrer da nossa pesquisa deparámos-nos com algumas ofertas a esse nível,

nomeadamente no que respeita à CNOTINFOR, que inclui nas suas ofertas vozes sintéticas,

femininas.

Há ainda alguns sistemas conversores do texto impresso em Braile, inclusivamente

disponíveis ao nível da Internet.

Acessibilidade cognitiva:

Além das barreiras atrás referidas há outro tipo de barreiras que serão talvez mais

complexas, na medida em que não são tão evidentes como as anteriormente mencionadas,

falamos das barreiras cognitivas.

Ao falarmos ou escrevermos, as nossas premissas actuam como símbolos daquilo que

pretendemos transmitir, mas as pessoas incapacitadas de usar as palavras da forma habitual

têm necessidade de utilizar outros sistemas de símbolos por forma a que se possam exprimir.

Neste aspecto existe alguma diversidade de sistemas de símbolos, que fazem parte

daquilo a que usualmente se chama Comunicação Alternativa ou Aumentativa (CAA). Dentro

destes sistemas podemos considerar os com ajuda e sem ajuda, e, dentro destes, com alta ou

baixa tecnologia.

No que toca aos sistemas de alta tecnologia permitem conceber e imprimir quadros de

comunicação, que posteriormente podem ser usados como baixa tecnologia, e, usualmente, são

usados por professores, terapeutas e outros técnicos.

Page 20: Trabalho Acessibilidade Corrigido[1][1]

3.1 – Tecnologia assistiva: conceito e objectivos

Este é um termo ainda relativamente recente e é definido pelo American With Disabilities Act. ADA, citado por Cook & Houssey (1995), como sendo uma ampla gama de equipamentos, serviços, estratégias e práticas concebidas com a finalidade de minorar os problemas dos indivíduos portadores de deficiência.

Quer isto dizer que a Técnologia Assistiva é um auxílio que visa a promoção da ampliação de uma habilidade funcional deficitária ou a realização de uma função que se encontra impedida por uma deficiência ou mesmo envelhecimento. De um modo generalista, procura permitir ao indivíduo deficiente maior independência, qualidade de vida e inclusão social, graças ao aumento da sua capacidade de comunicação, mobilidade e controle.

Este conceito surgiu inicialmente no Brasil, através da portaria n.º 142/2006, que define os seguintes objectivos:

apresentar propostas políticas governamentais e parcerias entre a sociedade civil e

órgãos públicos referentes à área da Tecnologia Assistivas;

propor a criação de cursos na área da TA bem como o desenvolvimento de outras

acções com o objectivo de formar recursos humanos qualificados propondo a

elaboração de estudos e pesquisas relacionados com o tema.

Em Portugal, o Secretariado Nacional para a Reabilitação e Integração das Pessoas com Deficiência (2007) define o termo ajudas técnicas refere-se a qualquer produto, instrumento, estratégia, serviço ou prática que tenha sido produzido para ser utilizado por indivíduos deficientes ou idosos, com a finalidade de prevenir, compensar, aliviar ou neutralizar uma deficiência, inacapacidade ou desvantagem, melhorando assim a sua qualidade de vida. Pode verificar-se que é uma definição bastante abrangente, que engloba áreas como a tecnologia, mas também serviços e/ou estratégias.

A Técnologia Assistiva organiza-se em categorias de acordo com os objectivos funcionais a que se destina.

3.1.1 – Ajudas técnicas

A definição de Ajudas Técnicas refere-se aos materiais, equipamentos e sistemas que visam compensar a deficiência ou minimizar as suas conseqüências. Têm também como objectivo impedir o agravamento do problema e permitir que a pessoa exerça as actividades normais do quotidiano.

São meios fundamentais e indispensáveis para o bem-estar, autonomia e integração daqueles que delas se servem, quer seja de forma permanente ou apenas temporária. Têm

Page 21: Trabalho Acessibilidade Corrigido[1][1]

algumas funções, das quais destacamos as que se seguem, por nos parecerem a mais adequadas:

adquirir uma postura correcta; estabilizar o corpo (na totalidade ou partes); prevenir e evitar deformidades; facilitar e desencadear o movimento e realização de tarefas de modo seguro; diminuir o esforço e dispêndio de energia, realizar tarefas com menos dor e maior comodidade.

Estes materiais, equipamentos e sistemas são, normalmente, colocados e utilizados pelo indivíduo portador da necessidade, ou com a ajuda de terceiros (familiares ou técnicos, regra geral).

Nos últimos tempos temos vindo a assistir a um crescente uso do termo “tecnologias de apoio” em substituição do “ajudas técnicas”, sem que no entanto haja alteração do conceito.

Podemos estar perante Ajudas técnicas simples ou complexas, sendo que as primeiras dizem respeito a utensílios simples, como é o caso de tabelas ou tabuleiros com letras, palavras, signos gráficos ou fotografias; as segundas dizem respeito à alta tecnologia (electrónica, informática ou telemática) e um exemplo claro disso é, por exemplo, a fala artificial.

Apresentaremos de seguida a classificação referente às tecnologias de apoio, que permitem a sua organização de modo a indicar a sua utilização, prescrição, estudo e pesquisa de recursos. Esta classificação segue as directrizes da ADA (American with Disabilities ACT).

Auxílios para a vida diária:

Tratam-se de materiais e produtos para auxílio em tarefas rotineiras, como

comer, cozinhar, vestir-se, tomar banho e executar tarefas relacionadas com

necessidades pessoais, manutenção da casa etc.

CAA (CSA) Comunicação Aumentativa (Suplementar) e

Alternativa :

São recursos, electrónicos ou não, que permitem a comunicação expressiva e

receptiva das pessoas sem fala ou com limitações na mesma. São muito usadas

as pranchas de comunicação com símbolos PCS ou Bliss, além de vocalizadores e

softwares dedicados para este fim.

Page 22: Trabalho Acessibilidade Corrigido[1][1]

Recursos de Acessibilidade ao Computador:

São equipamentos de entrada e saída (sintetizador de voz, Braille), auxílios

alternativos de acesso (ponteiras de cabeça, de luz), teclados modificados ou

alternativos, accionadores, softwares especiais (de reconhecimento de voz,

etc.), que permitem às pessoas com deficiência usarem o computador.

Fig. 3 - Accionador com rato adaptado Fig. 4 - software para controle do computador com

síntese de voz

Sistemas de Controlo de Ambiente:

Tratam-se de sistemas electrónicos que permitem às pessoas com limitações

locomotoras, controlar remotamente aparelhos eléctricos/electrónicos,

sistemas de segurança, entre outros, localizados no seu quarto, sala, escritório,

casa e arredores.

Fig. 5 – Representação do controle de ambiente

Page 23: Trabalho Acessibilidade Corrigido[1][1]

Projectos Arquitectónicos para Acessibilidade:

Visam as adaptações estruturais e reformas na casa e/ou ambiente de trabalho,

através de rampas, elevadores, adaptações em casas de banho entre outras, que

retiram ou reduzem as barreiras físicas, facilitando a locomoção da pessoa com

deficiência

Fig. 6 – Rampa de acesso Fig. 7 – Casa de banho adaptada

Próteses ou Ortóteses:

Consiste na troca ou ajuste de partes do corpo inexistentes, ou de funcionamento

comprometido, por membros artificiais ou outros recursos ortopédicos (talas,

apoios etc…). Inclui-se os protéticos para auxiliar nos deficits ou limitações

cognitivas, como gravadores de fita magnética ou digital que funcionam como

lembretes instantâneos.

Fig.8 - Ortótese de tornozelo Fig. 9 – Prótese de membro inferior

Page 24: Trabalho Acessibilidade Corrigido[1][1]

Adequação Postural:

São adaptações para cadeira de rodas ou outro sistema de sentar visando o

conforto e distribuição adequada da pressão na superfície da pele (almofadas

especiais, assentos e encostos anatómicos) bem como posicionadores e

contentores que propiciam maior estabilidade e postura adequada do corpo

através do suporte e posicionamento de tronco/cabeça/membros.

Fig. 10 – Adequação postural

Auxílios de Mobilidade:

Tratam-se de cadeiras de rodas manuais e eléctricas, bases móveis, andadores,

scooters de 3 rodas e qualquer outro veículo utilizado na melhoria da

mobilidade pessoal.

Fig. 11 - Cadeira de rodas Fig.12 – Andador

Page 25: Trabalho Acessibilidade Corrigido[1][1]

Auxílios para Cegos ou com Baixa Visão:

São auxílios para grupos específicos que inclui lupas e lentes, Braille para

equipamentos com sintetizador de voz, grandes telas de impressão, sistema de

TV com aumento para leitura de documentos, publicações etc.

Auxílios para surdos ou com deficit auditivo:

São auxílios que inclui equipamentos (infravermelho, FM), aparelhos para

surdez, telefones com teclado – teletipo (TTY), sistemas com alerta táctil –

visual, entre outros.

Fig. 13 – Aparelho de surdez

Adaptações em Veículos:

Tratam-se de acesssórios e adaptações que possibilitam a condução do veículo,

elevadores para cadeiras de rodas, camionetas modificadas e outros veículos

automotores usados no transporte pessoal.

Fig. 14 - Elevador para cadeira de rodas

Page 26: Trabalho Acessibilidade Corrigido[1][1]

3.2 – A informática ao serviço da inclusão escolar

Cada vez mais ao falarmos de inclusão escolar da criança com Necessidades Educativas Especiais temos que nos reportar igualmente à inclusão digital, que tem por base três instrumentos: o computador, o acesso à rede e o domínio das mesmas. Como e óbvio, neste caso, esse domínio pode ser feito através de adaptações.

Deste modo, parece-nos importante registar alguns dos recursos mais usados, de acordo com a necessidade específica do indivíduo a que se destinam.

Assim sendo:

a) Periféricos:

Na deficiência motora:- tela sensível (toque /sopro)

- substitutos de rato (KidTRAC; Smartnav;)

- pulsadores e apontadores

Na deficiência motora e fala:- teclados alternativos

Na deficiência visual:- teclado Braille

- impressora Braille

Na deficiência auditiva:- microfone

- fone de ouvido

b) Software:

Na deficiência motora:

- simulador de teclado

-ERA: Emulador de Ratón

Na deficiência motora e fala:

- Anagrama-Comp

-Imago Vox

-PCS-Comp

Page 27: Trabalho Acessibilidade Corrigido[1][1]

Na deficiência visual:

- Sonix

- DOSVOX

- El toque mágico

Na deficiência auditiva:

- Sing Talk- SELOS

- Sing Writing

Deste modo, verifica-se já alguma oferta neste aspecto, e uma das empresas mais viradas para esta área no nosso país é a Anditec; não sendo nosso objectivo fazer publicidade a uma empresa específica a verdade é que, face à procura que realizámos, mostrou ser das que apresentam mais variedade no que toca à tecnologia assistiva na informática.

A importância da informática na sala de aula é cada vez mais evidente, visto que os seus

contributos são evidentes a vários níveis, pelo que nos parece importante ressalvar, no geral,

algumas das suas utilizações em contexto:

O computador permite estimular a imaginação dos alunos.

Contribui para ajudar as crianças a assumirem determinadas responsabilidade

no que toca à sua educação, contribuindo para a sua autonomia.

A informática pode ser importante na motivação, participação e interacção

entre estudantes.

Os estudantes, no geral e independentemente do ciclo em que se incluem,

possuem diferenças em vários aspectos: interesses, estilos de aprendizagem e

antecedentes sociais e económicos individuais, a informática permite, por um

lado, aproximá-los, por outro explorar todos os seus diversos interesses.

O desenvolvimento físico, intelectual e emocional desenvolve-se nos estudantes

em ritmos diferentes. A variedade de aprendizagem individual possui vários

estilos: visuais, auditivos, verbais e cinestésicos.

O hardware e o software permitem ajudar todos os alunos, em particular os que

aprendam uma segunda língua ou possuam limitações, num desenvolvimento

autónomo que tenha em conta necessidades e capacidades individuais.

Os computadores podem permitir a comunicação, quando esta é deficitária ou

inexistente.

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A utilização de produções multimédia permite aos alunos a conhecer uma

grande variedade de métodos de apresentação e expressão (texto, som,

animação, gráficos, etc.).

Crianças geograficamente isoladas têm a possibilidade de aceder

instantaneamente a fontes de outros ambientes de aprendizagem ou comunicar

com outras crianças em localidades diferentes.

3.2.1 – o computador

Desde os primórdios da sua existência o ser humano sempre procurou exercer o seu domínio sobre o meio onde actua, construindo utensílios facilitadores do seu dia-a-dia, domesticando animais, criando máquinas que o ajudassem no seu trabalho...

Poderíamos dar vários exemplos dessa necessidade criativa do homem, mas de facto aquilo que nos interessa neste trabalho específico é a criação/ utilização do computador enquanto “A” descoberta do mundo moderno.

Foi sem dúvida um ponto fulcral na evolução do Homem e este tem vindo a aperfeiçoá-lo constantemente, de modo a poder usá-lo com as mais diversas finalidades e nos diferentes meios onde se movimenta: casa, escola,serviços, fábricas, escritórios... até nos cafés!

Muitos de nós, recordarão ainda certamente os tempos em que os computadores eram máquinas assustadoras, enormes e complexas, dominadas apenas por poucos e que, certamente não se encontravam ao alcance da maioria, quer por motivos de conhecimento, quer financeiros.

Actualmente, e podemos congratular-nos por isso, certamente, a realidade é bastante diferente neste aspecto e as nossas escolas encontram-se, na generalidade, equipadas com computadores, permitindo assim o acesso de todos a esta tecnologia. O sistema de ensino percebeu o quão importante é preparar as gerações vindouras e isso inclui dar-lhes as ferramentas necessárias para tal. Nos últimos tempos esta preocupação foi traduzida na criação de uma série de programas que permitem o acesso de crianças, jovens e professores ao mundo da informática permitindo-lhes adquirir computadores a preços bastante mais acessíveis do que seria de esperar; é o caso dos Magalhães, distribuídos nas escolas do 1.º ciclo.

Mas, afinal, o que é o computador, para que serve e por que motivo é considerado tão importante?

PROCURAR CONCEITO

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3.2.1.1 – o papel do computador na educação

A sua importância ao nível da educação assenta no facto de possuir um conjunto de características que o tornam adequado ao processo de ensino/ aprendizagem, sendo que podemos mesmo afirmar que é um bom substituto do professor, na medida em que:

a) é capaz de exercer funções com grande qualidade e precisão;b) apresenta uma disponibilidade incontestável (após ligação coloca-se à disposição do

utilizador);c) facilita a interacção, colocando ao dispor do utilizador todas as opções de que este

necessita para poder realizar os seus trabalhos;d) possui uma capacidade de memória e armazenamento melhor que qualquer ser

humano, além de não possuir os aspectos psicológicos a este agregados;e) embora não possamos dizer que possui capacidade de adaptabilidade, visto que o

computador não é um ser mutante, podemos dizer que os programas que nele podemos inserir nos podem permitir diversas adaptações/ diferenciações, o que em termos escolares é fantástico.

f) Além disso não se cansa, pode repetir a mesma acção vezes sem conta e pode tornar as aulas bastante mais motivadoras na medida em que permite recorrer a uma série de sons e imagens, por exemplo.

No que toca ao sistema de ensino podemos referir que o computador tem sido utilizado, basicamente, com duas finalidades: a da gestão escolar, onde o seu papel se relaciona com actividades relacionadas com contabilidade, organização, processamento, registo, planificação, etc.) e a do processo educativo propriamente dito.

Neste último ponto, podemos encarar duas facetas do computador: aquela em que é um meio para atingir um fim, ou seja, é um meio de trabalho, pelo que é fundamental ensinar às crianças como funciona e permitir-lhes o acesso e aquela em que o próprio computador é um meio de ensinar e aqui podemos referir, por exemplo, o seu papel ao nível da pesquisa, enquanto fonte.

No entanto, o computador não deve, nem pode, ser encarado como um substituto do educador, na medida em que deve ser um instrumento ao seu serviço, que usa com o apoio do seu mestre, enquanto se envolve na sua aprendizagem de forma activa.

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3.2.2 – Tipos de software

Neste momento, a indústria da informática é avassaladora e existem no mercado uma série de produtos na área, como tal deverá haver um cuidado específico na sua utilização não só ao nível do ensino, mas também a nível pessoal e, sobretudo, quando se tratam de produtos destinados a crianças.

Assim sendo, um programa informático adequado será aquele que conduz os seus

utilizadores a um alargamento dos seus horizontes, a um aumento da sua auto-estima, a um

aumento da actividade de reflexão e resolução de problemas, entre outros.

No que toca a um programa informático educativo adequado, deverá ser aquele que

visa reforçar a aquisição de competências metacognitivas e estratégicas de aprendizagem que

envolvem a explicitação e a reflexão sobre os conhecimentos dos alunos.

Mas, o simples facto de, na sala de aula termos e usarmos o computador não significa

que estejamos a fazer uma utilização produtiva em termos educativos; para tal é necessário que

esteja a ser usado como meio para a aquisição de conhecimentos, capacidades e atitudes.

É também fundamental que o professor tenha conhecimento da eficácia dos programas,

características técnicas, área curricular e nível de ensino, objectivos, dados sobre a sua eficácia

relativamente a outro método alternativo - para que tirem o máximo partido das suas

potencialidades, e permitam que os alunos sejam os principais agentes da sua aprendizagem.

Infelizmente, esta não é, ainda, a realidade com que nos deparamos nas nossas escolas,

visto que, na esmagadora maioria estes recursos, quando usados não são explorados

devidamente, por uma série de factores, dos quais salientamos:

falta de conhecimentos informáticos por parte dos professores;

desconhecimento da existência de programas informáticos educativos;

dificuldade de adaptação dos programas existentes aos currículos;

falta de informação sobre a eficácia dos programas e de como os utilizar em

situações de ensino - aprendizagem construtivas.

De um modo generalista podemos distinguir:

“Softwares Fechados” que são os tutoriais, de exercício e prática de jogos, em que o

aluno se limita a obter a informação, através da leitura do ecrã ou mesmo da escuta da

informação, e a digitar as respostas.

“Softwares Abertos”, que são normalmente softwares de autoria, nos quais o

computador surge como um auxílio no processo de construção do conhecimento. São

considerados Softwares abertos o Logo, ou os aplicativos Word e Power Point.

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Passamos então a descrever alguns dos tipos de softwares existentes no mercado:

a) Programas para a comunicação aumentativa:

BOARDMAKER; IntelliTalkII; IntelliPics; IntelliMathics; Overlay Maker

b) Programas para emuladores de teclado:

Grid; Wordwall

c) Programas de estimulação multissensorial:

“Acerta as Imagens”; “Fala mais Alto”; “Livro de Colorir Barulhento”; “Olha e Ouve”

Estes são geralmente programas de desenho e pintura, para pessoas com dificuldades

graves de aprendizagem, que consideram algumas características específicas como o

interface simples e visualmente pouco complexas, a criação fácil de imagens abstractas,

a relação das cores ou objectos com sons, o acesso por ecrã táctil, joystick ou manípulos

ou grandes contrastes de cores e ecrã aumentado.

d) Alguns jogos adaptados, (que têm em conta as directrizes da acessibilidade): “Jogos

Clássicos para Manípulos”; “Ooops”; “Palavra a Palavra”; “Imagina”

e) Programa InterComm, é um programa de e-mail pictográfico indicado para pessoas

com dificuldades de acessibilidade, dificuldades motoras, dificuldades de aprendizagem

da leitura e escrita, ou que ainda não utilizem a linguagem escrita para comunicar,

facilita o uso do correio electrónico.

f) Outros Softwares educativos, “Passo a Passo”; “Abrakadabra”; “Jogos do Ursinho”;

“Continuar a Aprender Através de Jogos”;”102 Desafios”;” A Cabana do Papim”; “101

Desafios”; “Baú dos Brinquedos”; “Aprender com os Números”; “Os Jogos da Mimocas”;

“Aventura na Ilha das Cores”;

3.2.3 – A Internet

A Internet é “o” meio de comunicação por excelência, capaz de nos permitir a comunicação a longas distâncias em questão de segundos, e, como tal não pode deixar de ser considerada no que toca à Educação Especial. Na realidade, a utilização da Internet pode ter um

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papel preponderante nesta área, na medida em que pode efectuar-se o Ensino à distância, que valoriza a auto-aprendizagem e o acesso à educação para todos, inclusive daqueles que não têm as condições, sobretudo a nível físico e de mobilidade, para freqüentarem a escola.

Além do aspecto através mencionado, no que toca ao professor também tem grandes vantagens, visto que lhe permite o fácil (e rápido) acesso a informação específica, bem como a partilha da mesma pelo acesso a blogs, fóruns e chats. Desta forma, mencionamos em seguida alguns daqueles que nos pareceram mais adequados no que respeitas às NEE’s, ressalvando que nem todos se destinam a crianças.

http://www.educ.fc.ul.pt/icm/icm2000/icm32/

http://dfmpeducacaoespecial.wordpress.com/

www.junior.te.pt

www.kidleitura.com

www.educacaotransito.pr.gov.br

http://www1.uol.com.br/ecokids/jogos.htm

http://www.kadike.com.br

Ver + sites

4 – O papel do professor na implementação das tecnologias

4.1 – Formação de professores

Todos nós, enquanto professores, já nos apercebemos que não podemos continuar a ser simples transmissores de conhecimento. Numa altura em que a evolução da tecnológica e dos conhecimentos a todos os níveis é constante, em que se repensa o papel da escola e dos docentes, é importante que nos consciencializemos do carácter temporário dos conhecimentos

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adquiridos e da necessidade de uma constante actualização e formação. O computador é sem dúvida um instrumento indispensável para tal.

É necessário que, mesmo na Educação Especial, haja uma utilização educativa dos computadores. Felizmente algumas das nossas escolas os professores iniciaram a utilização diversificada dos computadores, da criação de clubes de informática, à integração do computador na sala de aula.

É de destacar que a maior parte dos professores, não iniciados na utilização de computadores no ensino, considera que é fundamental saber programar para poder utilizar correctamente um computador. Não é exequível um professor, ainda que com muita experiência, desenvolver a maior parte dos programas que necessita, pois estes são muito complexos e diferenciados e solicitam muito trabalho.

Existe uma necessidade de criar espaços adequados para as diferentes disciplinas, onde se possam utilizar as novas tecnologias, sem que o professor tenha de ter a preocupação de levar o material para a sala de aula.

A formação de professores é igualmente aceite como a chave do sucesso de qualquer inovação educacional. A qualidade da formação dos professores é o factor que mais determina a qualidade da sua prática educativa. A utilização contínua permite a formação dos conceitos e ideias pedagógicas sobre a sua utilização. Não há prática educativa sem o "saber fazer". Esta formação dos professores, no que respeita às novas tecnologias da informação, deve ter como preocupação a formação inicial, mas apostar na formação contínua (atendendo ao constante avanço tecnológico a que se assiste nesta área), e à integração de alunos com NEE, tornando mais urgente a formação de professores da Educação Especial. Em ambos os casos deve ter-se em consideração a formação adequada na área técnica e na área pedagógica.

A utilização do computador será tanto mais eficaz quanto mais frequentemente utilizar o computador como ferramenta do trabalho pessoal (processamento de texto, base de dados, etc.).

Há educadores que defendem que os currículos devem ser alterados de modo a que nessas diferentes disciplinas se faça o uso do computador.

A tecnologia pode ter um papel importante na transformação dos métodos e dos currículos escolares. O computador pode constituir um agente de mudança na escola tradicional.

Os alunos são estimulados a participar activamente na construção do seu conhecimento e a ter um papel decisivo na evolução das actividades. "A ênfase passa a estar na aprendizagem e não no ensino".

A História da Educação mostra-nos que a escola demora um considerável período de tempo a adaptar-se às novas condições provocadas pelos saltos tecnológicos.

Uma das componentes fundamentais da cultura actual é a cultura científico-tecnológica. A escola deverá tornar-se sensível ao ritmo da evolução social e tecnológica. Para isso, é

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necessário uma formação de professores encarada como formação permanente e contemplar vários níveis de envolvimento e vários tipos de funções relativamente à utilização educacional da informática (professores-utilizadores, animadores e orientadores-formadores).

Deve ter-se presente que em matéria de formação o problema não se reduz à simples falta de conhecimentos de informática dos professores.

Todas as diferentes aplicações que o computador pode ter na Educação e especialmente no ensino, levam-nos a falar no papel do professor. Parece-nos que começa a desaparecer a tentativa e a ameaça de substituir os professores por programas de autoformação. É evidente que o professor continua a estar presente na escola, mas talvez a exercer um novo papel. Serão privilegiadas as capacidades de organizador e coordenador das diversas actividades. As aulas podem-se tornar em verdadeiros centros de criação e investigação.

O uso dos computadores pode ajudar os professores a passarem de uma concepção magistrocêntrica da Educação, em que o professor é o centro da actividade escolar e os alunos o centro da passividade, para uma concepção puerocêntrica, que desloca do professor para o aluno o fundamento da actividade escolar, reduzindo a passividade dos alunos. Teremos então uma escola activa, com a individualização da educação, com uma constante actividade durante o acto de aprendizagem, com a descoberta pessoal do saber a partir da realidade.

Os professores podem, com os vários tipos de software de que vão dispondo, colocar os alunos em situações de aprendizagem com todos os elementos da realidade, que lhes vão permitir através da análise descobrir e estabelecer relações. A educação pode passar a ser vista na perspectiva de uma acção ou influência de natureza afectiva, exercida intencionalmente por uma personalidade adulta, sobre personalidades em fases de maior estruturação e desenvolvimento. O uso do software pode libertar o professor de determinadas tarefas, algumas delas bastante rotineiras. O professor terá então oportunidade de consagrar mais tempo à observação psicopedagógica do aluno, dando lugar à intervenção directa junto de cada aluno no momento oportuno. Desta forma, cria-se a oportunidade de criar autênticas relações humanas entre professores e alunos.

Uma máquina com as características do computador apresenta um papel importante no ensino e devem ser exploradas, ao máximo, essas potencialidades. Estas não se referem somente ao desenvolvimento de bom software educativo, mas também ao uso rentabilizado do computador. Este uso implica que estejamos inteirados das teorias de aprendizagem ou que percebamos, minimamente, os processos mentais subjacentes à recolha, ao tratamento, ao registo e à evocação da informação, bem como à dádiva de respostas.

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5 – Utilização das tecnologias no processo de ensino/ aprendizagem: vantagens e desvantagens

As Tecnologias da Informação e Comunicação, na sequência do destaque que têm vindo a aumentar, poderão tornar-se auxiliares para o aumento dos desafios e da novidade, ao mesmo tempo que podem facilitar a inserção física, social, emocional e acadêmica destas crianças.

A utilização deste tipo de tecnologia apresenta várias vantagens, das quais se destacam as seguintes:

Desenvolvimento da capacidade de observação e reflexão;

Estimulação e Coordenação psico-motora;

Desenvolvimento de competências de trabalho autónomo, visto que podem dispor de

uma vasta gama de ferramentas de investigação;

Prática de análise e reflexão, confrontação, verificação, organização, selecção e

estruturação, pois as informações provêm de várias fontes;

Conhecimento e compreensão de outras culturas;

Criação de sites, através dos quais as crianças realizam um trabalho de estruturação das suas ideias, organização;

Como é óbvio estes são pontos positivos, no entanto, há que considerar que a utilização destas tecnologias poderá igualmente ter aspectos negativos, uma vez que nenhum processo é isento delas. Apresentamos de seguida alguns dos que poderão ser pontos negativos:

dificuldade em aceder a programas educativos acessíveis a alunos portadores de NEE; falta de formação especializada no que respeita aos professores relativamente às

tecnologias; falta de infra-estruturas a nível das escolas para poder implementar a utilização

generalizada das tecnologias em causa; dificuldades, por parte dos alunos, em manipular os vários diapositivos do computador,

devido às suas necessidades, e conduzindo à necessidade de adquirir aparelhos específicos , que, na maioria dos casos são bastante caros (o que dificulta a aquisição);

em alguns casos podem funcionar como forma de distracção para os alunos na generalidade.

No entanto, apesar destes potenciais efeitos menos positivos das TIC, há que

reconhecer que as mesmas permitem efectivamente a facilitação do ensino-aprendizagem a

todos os alunos, independentemente de terem ou não uma NEE. Além disso, são desvantagens

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cujo efeito se pode diminuir, cumprindo os requisitos da acessibilidade e usabilidade, criando

um trabalho de pareceria entre pais, técnicos, professores e escola.

Conclusão

A realização deste trabalho permitiu-nos aceder a uma série de informações relacionada com a

temática em questão, que poderá ser uma base fundamental para um trabalho adequado nesta

área.

Pode-se constatar que a Educação Especial e a tecnologia podem caminhar lado a lado e rumo

ao mesmo objectivo: a inclusão.

Trabalhando com a tecnologia correcta para cada caso, pode-se diminuir a exclusão e mostrar

ao mundo que não são apenas padrões físicos que devem ser levados em conta, mas sim éticos,

morais e intelectuais.

Uma pessoa portadora de deficiência pode realizar muitas tarefas, só que para isso, muitas das

vezes necessitará de uma ferramenta adequada: a tecnologia.

As tecnologias de apoio na sala de aula representam um contributo inestimável no campo da

educação especial com incidência nas áreas do desenvolvimento cognitivo,

psicomotor,comunicação e ainda como meio facilitador de realização de tarefas.

As tecnologias permitem desenvolver actividades com os alunos de necessidades especiais que

antes lhes estavam vedadas.

Page 37: Trabalho Acessibilidade Corrigido[1][1]

Bibliografia

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