Realizado por:
Catarina Tamegão LaranjeiroNº 6, 10º F
Escola Secundária Artística António Arroio
Página de Rosto
Nome da escola: Escola Secundária Artística António Arroio
Título do Trabalho: Num Mar de Poesia
Disciplina: Língua Portuguesa
Autor: Catarina Tamegão Laranjeiro Nº 6 Turma: 10º F
Professor: Elisabete Miguel
Data máxima de entrega: 15 de Março
Ano lectivo: 2007/2008
Escola Secundária Artística António Arroio
Índice
Título Páginas
Introdução 3
Entrando no mar da poesia... 4- Navio errante 4- Busque Amor novas artes, novo engenho 5- Amor é um fogo que arde sem se ver 5- Soneto do Cativo 6- Soneto 96 6- Cupido do Amor 7- Saudades 7- Não te amo como se fosses rosa de sal, topázio 8- Biografia de Pablo Neruda 8- Aquela nunca vista formosura 9- Canção 9- O Teu Retrato 10- O Amor 10- Poema 11- O Búzio 11- Primeiro Beijo 12- Não Há Estrelas No Céu 13
Conclusão 14
Bibliografia 15
Escola Secundária Artística António Arroio
Introdução
“ Toda a gente sabe que um poema é um composto de relâmpagos de linguagem que nos permite quebrar o vidro fosco do tempo e descrever as cores e a vibração das almas. Há quem prefira definir o poeta como aquele que condensa num mínimo de palavras a corrente contínua da experiência, a indefinição da personalidade humana e o choque frontal entre as circunstâncias externas e a temperatura íntima.”
Inês Pedrosa, Poemas de Amor – Antologia de Poesia Portuguesa (2000)
Este trabalho foi realizado a pedido da professora de Português, com o objectivo de recolher vários poemas que fossem do nosso agrado.
Ao longo deste trabalho iremos encontrar uma selecção de poemas, onde em grande parte a temática é o Amor.
Os poemas pertencem a vários autores, de diferentes épocas, que retratam o amor de formas variadas, como sendo algo belo, algo que provoca sofrimento; e muitas vezes estes possuem um destinatário.
Escola Secundária Artística António Arroio
Entrando no mar da poesia...
Navio errante
Navio errante,atraquei ao cais do Amor.
Daí em diantefui-me ao saborde ondas, páriade incerto rumo, bússola perdida.
Onde a linha imagináriado verde equadorda minha vida?
Navio errante,sem leme nem comandante,meu sonho é corcel sem rédeaa gravitar na linha médiaentre o equador e o cais do Amor!
M. ª Eugénia Lima, Plural – Português 10º Ano
Escola Secundária Artística António Arroio
Busque Amor novas artes, novo engenho,
Para matar-me, e novas esquivanças, Que não pode tirar-me as esperanças,Que mal me tirará o que eu não tenho.
Olhai de que esperanças me mantenho!Vede que perigosas seguranças!Que não temo contrastes nem mudanças,Andando em bravo mar, perdido lenho.
Mas, conquanto não pode haver desgostoOnde esperança falta, lá me escondeAmor um mal que mata e não se vê;
Que dias há que na alma me tem postoUm não sei quê, que nasce não sei onde,Vem não sei como, e dói não sei porquê.
Luís de Camões, Poemas de Amor – Antologia de Poesia Portuguesa
Amor é um fogo que arde sem se ver,
É ferida que dói e não se sente;É um contentamento descontente;É dor que desatina sem doer.
É um não querer mais que bem-querer; É um andar solitário entre a gente;É um nunca contentar-se de contente;É um cuidar que ganha em se perder.
É querer estar preso por vontade, É servir a quem vence o vencedor,É ter com quem nos mata lealdade.
Mas como causar pode seu favorNos corações humanos amizade,Se tão contrário a si é o mesmo Amor?
Luís de Camões, Plural – Português 10º Ano
Escola Secundária Artística António Arroio
Soneto do Cativo
Se é sem dúvida Amor esta explosãode tantas sensações contraditórias;a sórdida mistura das memórias,tão longe da verdade e da invenção;
o espelho deformante; a profusãode frases insensatas, incensórias;a cúmplice partilha nas históriasdo que os outros dirão ou não dirão;
se é sem dúvida Amor a cobardiade buscar nos lençóis a mais sombriarazão de encantamento e de desprezo;
não há dúvida, Amor, que te não fujoe que, por ti, tão cego, surdo e sujo, tenho vivido eternamente preso!
David Mourão-Ferreira, Poemas de Amor – Antologia de Poesia Portuguesa
Soneto 96
De almas sinceras a união sinceraNada há que impeça. Amor não é amorSe quando encontra obstáculos se alteraOu se vacila ao mínimo temor.Amor é um marco eterno, dominante,Que encara a tempestade com bravura;É astro que norteia a vela erranteCujo valor se ignora, lá na altura.Amor não teme o tempo, muito emboraSeu alfanje não poupe a mocidade;Amor não se transforma de hora em hora,Antes se afirma, para a eternidade.Se isto é falso, e que é falso alguém provou,Eu não sou poeta, e ninguém nunca amou.
William Shakespeare, http://princecristal.blogspot.com/2007/10/sonetos-de-william-shakespeare.html
Escola Secundária Artística António Arroio
Cupido do Amor
Saio à rua,Procuro enamorados. Espalho o amor Aos que estavam destinados.
Com um arco triunfante,Uma seta de encantar,Atinjo quem mereceO Amor desabrochar.
Catarina Tamegão (2008)
Saudades
Tenho saudades tuas meu amor.Saudades dos teus lábios encostados nos meus,Saudades do teu rosto, das tuas mãos, Saudades do calor do teu corpoAo qual procuro todas as noitesE não encontro.
Tenho saudades do teu sorriso, da tua voz...Do teu humor, das piadas que me contas...Tenho saudade de todo o teu ser!
Ansiosamente vou te esperar.
Tenho muitas saudades tuas meu amor.
Catarina Tamegão (2008)
Escola Secundária Artística António Arroio
Não te amo como se fosses rosa de sal, topázio
Ou flecha de cravos que propagam fogo;Amo-te como se amam certas coisas obscuras,Secretamente, entre a sombra e a alma.Amo-te como a planta que não floresce e Leva dentro de si, oculta, a luz daquelas flores.E graças ao teu amor, vive oculto no meuCorpo o apertado aroma que ascende da terra.Amo-te sem saber como, nem quando, nem onde.Amo-te directamente sem problemas nem orgulho;Assim te amo porque não sei amar de outra maneira, Senão assim, deste modo, em que não sou nem és.Tão perto da tua mão sobre meu peito é minha,Tão perto que se fecham teus olhos comMeu sonho...
Pablo Neruda, Cem Sonetos de Amor, pt.wikipedia.org
Biografia de Pablo Neruda
Nasceu na cidade de Parral (Chile) em 1904, com o nome Neftalí Ricardo Reyes Basoalto, e morreu em 1973 com cancro na próstata. Os momentos importantes da sua vida passaram pela actuação política e literária, livros, poesias e poemas. Recebeu o prémio Stalin da Paz em 1953, recebeu o título honoris por parte da Universidade de Oxford e, em Outubro de 1971, recebe o Prémio Nobel de Literatura.
Escola Secundária Artística António Arroio
Aquela nunca vista formosura,
Aquela viva graça e doce riso,Humilde gravidade e alto aviso,Mais divina que humana real brandura,
Aquela alma inocente e sábia e puraQue entre nós cá fazia um paraíso,Ante os olhos a trago e lá a divisoNo céu triunfar da morte e sepultura.
Pois por quem choro, triste? Por quem chamoSobre esta pedra dura a meus gemidos,Que nem me pode ouvir nem me responde?
Meus suspiros nos céus sejam ouvidos;E enquanto a clara vista se me esconde, Seu despojo amarei, amei e amo.
António Ferreira, Poemas de Amor – Antologia de Poesia Portuguesa
Canção
Tu eras neve. Branca neve acariciada. Lágrima e jasmim no limiar da madrugada. Tu eras água. Água do mar se te beijava. Alta torre, alma, navio, adeus que não começa nem acaba.
Eras o fruto nos meus dedos a tremer. Podíamos cantar ou voar, podíamos morrer.
Mas do nome que maio decorou, nem a cor nem o gosto me ficou.
Escola Secundária Artística António Arroio
Eugénio de Andrade, http://nescritas.nletras.com/poetasapaixonados/deandrade/
O Teu Retrato
Deus fez a noite com o teu olhar;Deus fez as ondas com os teus cabelos;Com a tua coragem fez castelosQue pôs, como defesa, à beira-mar.
Com um sorriso teu, fez o luar(Que é sorriso de noite, ao viandante) E eu que andava pelo mundo, errante, Já não ando perdido em alto-mar!
Do céu de Portugal fez a tua alma!E ao ver-te sempre assim, tão pura e calma,Da minha Noite, eu fiz a Claridade!
Ó meu anjo de luz e de esperança,Será em ti afinal que descansaO triste fim da minha mocidade!
António Nobre, Poemas de Amor – Antologia de Poesia Portuguesa
O Amor
Estou a amar-te como o frio corta os lábios.
A arrancar a raizao mais diminuto dos rios.
A inundar-te de facas, de saliva esperma lume.
Estou a rodear de agulhasa boca mais vulnerável.
A marcar obre os teus flancositinerários da espuma.
Assim é o amor: mortal e navegável.
Escola Secundária Artística António Arroio
Eugénio de Andrade, Poemas de amor – Antologia de Poesia Portuguesa
Poema
Em todas as ruas te encontroem todas as ruas te percoconheço tão bem o teu corposonhei tanto a tua figuraque é de olhos fechados que eu andoa limitar a tua alturae bebo a água e sorvo o arque te atravessou a cinturatanto tão perto tão realque o meu corpo se transfigurae toca o seu próprio elementonum corpo que já não é seunum rio que desapareceuonde um braço teu me procura
Em todas as ruas te encontroem todas as ruas te perco
Mário Cesariny de Vasconcelos, Plural – Português 10º Ano
O Búzio
Fecha só os olhos meu amor. E devagarescuta os mesmos sons. A águaescorre para a sede quente:areia de pés nus.
Encosta só o ouvido. Respiraesta harmonia deste corpo. Os mesmos sonsprojectos do tamanho deste mar.
Suave esta espiral. Flauta de ruídos para ouvir.e não se parte o corpo. Só pelos sonsos mesmos sons. Tocata para um dia.
Escuta. Compara. Não vês a diferençaentre o cantar o ser
Escola Secundária Artística António Arroio
de uma alegria?
Manuel Rui, Cinco vezes Onze Poemas em Novembro
Primeiro Beijo
Recebi o teu bilhetePara ir ter ao jardimA tua caixa de segredosQueres abri-la para mim
E tu não vais fraquejarNinguém vai saber de nadaJuro não me vou gabarA minha boca é sagrada
De estar mesmo atrás de tiVer-te da minha carteiraSei de cor o teu cabeloSei o shampoo a que cheira
Já não como já não durmoE eu caia se te mintoHaverá gente informadaSe é amor isto que sinto
Refrão:Quero o meu primeiro beijoNão quero ficar impuneE dizer-te cara a caraMuito mais é o que nos uneQue aquilo que nos separa
Promete lá outro encontroFoi tão fugaz que nem deuPara ver como era o fogoQue a tua boca prometeu
Pensava que a tua linguaSabia a flor do jasmimSabe a chiclete de mentolE eu gosto dela assim
Rui Veloso, www.vagalume.com.br
Escola Secundária Artística António Arroio
Não Há Estrelas No Céu
Não há estrelas no céu a dourar o meu caminho,Por mais amigos que tenha sinto-me sempre sozinho.
De que vale ter a chave de casa para entrar,Ter uma nota no bolso pr'a cigarros e bilhar?
Refrão:A primavera da vida é bonita de viver, Tão depressa o sol brilha como a seguir está achover.Para mim hoje é Janeiro, está um frio de rachar,Parece que o mundo inteiro se uniu pr'a me tramar!
Passo horas no café, sem saber para onde ir,Tudo à volta é tão feio, só me apetece fugir.Vejo-me à noite ao espelho, o corpo sempre a mudar,De manhã ouço o conselho que o velho tem pr'a me dar.
Refrão
Hu-hu-hu-hu-hu, hu-hu-hu-hu-hu.
Vou por aí às escondidas, a espreitar às janelas,Perdido nas avenidas e achado nas vielas.Mãe, o meu primeiro amor foi um trapézio sem rede,Sai da frente por favor, estou entre a espada e aparede.
Não vês como isto é duro, ser jovem não é um posto,Ter de encarar o futuro com borbulhas no rosto.Porque é que tudo é incerto, não pode ser sempreassim,Se não fosse o Rock and Roll, o que seria de mim?
[Refrão]
Não há-á-á estrelas no céu...
Rui Veloso, www.vagalume.com.br
Escola Secundária Artística António Arroio
Conclusão
A razão da selecção destes poemas é que em todos eles a temática principal é o Amor. Estes podem abordar outros assuntos como a Natureza, mas penso que assim só reforçam o tema principal.
Como, para mim, os poemas mais belos são os que falam sobre o Amor, eu seleccionei todos estes, pois ao lê-los suscitaram em mim um sentimento de alegria, mas, ao mesmo tempo, um sentimento de tristeza, uma vez que o Amor é assim mesmo, tem os seus altos e baixos.
Com a realização deste trabalho, tive a oportunidade de conhecer muitos poetas, uns com poemas muito interessantes e outros que não me incentivaram muito a ler.
Escola Secundária Artística António Arroio
Bibliografia
Livros:
- Pinto, E. C. et al. Plural – Português 10º Ano. Lisboa : Lisboa Editora
- Pedrosa, I. (2007) Poemas de Amor – Antologia de Poesia Portuguesa 9.ª edição. Lisboa: Publicações Dom Quixote
Internet:
- http://princecristal.blogspot.com/2007/10/sonetos-de-william-shakespeare.html
- pt.wikipedia.org
- http://nescritas.nletras.com/poetasapaixonados/deandrade/
- www.vagalume.com.br
Top Related