Trajetórias de uma historiografia: memória e cultura afro brasileira na Baixada
Fluminense
ELIANA LAURENTINO*
Pensar a relação entre ensino e pesquisa do patrimônio, memória e cultura afro brasileira na
Baixada Fluminense1 exige um esforço metodológico. São diferentes e inúmeros os agentes
sociais envolvidos na produção historiográfica e com ações importantes voltadas para o
ensino na região. Nesse sentido, o recorte temático sobre Cultura Afro brasileira é rico para
entender a formação da sociedade e suas relações sociais. Ao longo das últimas duas décadas,
os estudos sobre escravidão, diáspora africana, cultura afro brasileira e a condição do negro na
Baixada Fluminense tem se multiplicado como temas de projetos pedagógicos, de pesquisa e
de extensão e em diferentes instituições da região. Tal temática na Baixada Fluminense
permite entender as teias que os agentes construíram, sendo necessário pensar as referências
sócio históricas como lugares de pesquisas e ensino.
A proposta é acompanhar o processo das produções historiográficas na região, e dos
agentes dessa historiografia na Baixada Fluminense. Considerei oportuno apresentar um
panorama dos autores e alguns estudos que tiveram ação pioneira. Contudo, nesse trabalho
terá destaque os atores que estiveram ou estão envolvidos com a temática da cultura afro
brasileira, ou seja, os trabalhos que abordam desde a história da África e do afro descente
incluindo as experiências históricas da população escravizada, que após a travessia do
Atlântico incorporaram elementos africanos ao seu dia-a-dia e construíram uma nova
identidade. Também são considerados os estudos que refletem sobre a discriminação racial e
valorização da diversidade étnica, entre outros que envolvem a questão negra e
afrodescendente. Trabalhos inseridos
“...em uma perspectiva historiográfica que tem no estudo passado um caminho para
construir reflexões sobre as contradições sociais do presente, a escravidão e o tráfico
são temáticas privilegiadas para problematizar sobre a sociedade brasileira e suas
singularidades.” (BEZERRA, 2014, p.1)
* Mestranda da Faculdade de Educação da Baixada Fluminense (FEBF- UERJ) e Membro do Grupo de Pesquisa
“A cor da Baixada”, Casa da Pesquisadora/Feuduc. 1 A Baixada Fluminense pode ser defina como o conjunto de municípios localizados na região metropolitana da
atual Cidade do Rio de Janeiro. De acordo com a classificação da FUNDREM (Fundação para o
Desenvolvimento da Região Metropolitana do Rio de Janeiro) a Baixada Fluminense compõe os seguintes
municípios: Duque de Caxias, Nova Iguaçu, São João de Meriti, Nilópolis, Belford Roxo, Queimados, Mesquita,
Japeri. Ver (BRAZ, 2010. p.10)
1
Através de um levantamento inicial dos trabalhos já existentes sobre a historiografia local e
das produções sobre a temática da cultura afro brasileira em revistas locais, foi possível
apresentar as contribuições dessas produções para a renovação da história local, das políticas
e campanhas em defesa do patrimônio e da memória da região da baixada Fluminense.
Desse modo, disposta a entender como as produções recentes sobre a temática da cultura afro
brasileira foram se configurando, apresento na primeira parte do texto um breve balanço já
produzido sobre as obras tidas como pioneiras na região, através do estudo de Nielson Rosa
Bezerra (2014) em seu artigo “A historiografia tradicional e a invisibilidade da escravidão na
Baixada Fluminense”. O autor oferece um rico debate sobre o processo da escrita na região e
como a temática ora proposta vai se construindo nos debates locais.
Relaciono o estudo de Bezerra com o significado da escrita da história regional no cenário
fluminense, através do estudo realizado por Rui Aniceto Fernandes (2009). O trabalho de
Fernandes permite compreender o significado da histórica local dentro da produção
historiográfica fluminense, inserida na perspectiva de um projeto nacional, visto que a questão
regional está presente na historiografia brasileira desde o século XIX.
Já na segunda parte do texto, apresento um levantamento dos trabalhos produzidos em alguns
periódicos locais diretamente relacionados a temática da cultura afro. São as seguintes
revistas: Pilares da História, Revista Recôncavo, Revista FEUDUC e a Revista Hidra de
Igoassú. A partir do levantamento, considerei pertinente abrir um diálogo com estudo já
realizado sobre as trajetórias de alguns desses autores através do trabalho produzido por Ana
Lucia da Silva Enne (2002). O estudo de Enne permitiu recuperar alguns nomes de autores
considerados por ela responsáveis por uma produção universitária em oposição aos estudos
anteriores, considerados memorialistas. Não pretendo me deter aos resultados das pesquisas
das trajetórias realizadas por Enne, mas sim, seguir o caminho metodológico realizado por
ela, ou seja, seguir os percursos de alguns nomes mencionados que aparecem como autores
nos artigos pesquisados, objetivando entender a relação pessoal com as produções realizadas.
Assim, esse trabalho busca apresentar alguns estudos realizados sobre a temática da cultura
Afro Brasileira e como eles estão relacionados a identificação e divulgação de locais de
memória da escravidão africana e do tráfico de escravos na Baixada Fluminense.
2
I – O negro na historiografia da Baixada Fluminense: comparações e vertentes atuais
Cabe compreender como a escrita regional se configura e como os estudos produzidos na
Baixada Fluminense se inserem em uma dinâmica nacional. Nesse sentido, torna-se relevante
destacar que no século XIX a escrita da história, que se estabeleceu cientifica, visava construir
identidades nacionais. Rui Aniceto Fernandes chama atenção para o papel da escrita regional.
“...como lidar com a diversidade, o específico, o regional. Na associação entre
História e Geografia, campos que se institucionalizavam à época, surge a história
regional. (...) A história regional era reconhecida como a possibilidade de construção
do conhecimento histórico desde que tivesse essa pretensão à unidade da nação, sem
se perder em particularismos.” ( FERNANDES, 2009:p.53)
Fernandes salienta que os estudos regionais geraram várias apreensões e diversos usos. Ele
cita por exemplo Capistrano de Abreu, que elegeu uma região como símbolo da brasilidade: o
sertão. O autor chama atenção que Abreu não fez uma história regional, mas que a questão da
região se fazia clara em sua obra.
O que se pretende aprender da análise de Fernandes é que em princípios do século XX
conhecer o interior era importante em oposição as obras que identificavam o litoral como
força motriz de formação do país. O autor destaca que a história regional, influenciada pelo
pensamento geográfico, mostrava-se como uma possibilidade de construção da história do
país.
“Nesse caso, o recorte regional foi apreendido de maneiras diferenciadas. O recorte
geográfico tinha uma escala variável. Podia ser uma localidade, uma província/estado ou um
espaço que englobasse vários locais.”(FERNANDES, 2009:p.54) O autor nos permite
compreender que a historiografia regional produzida na primeira metade do século XX
dialogava com outras áreas do conhecimento, em especial com a geografia, e que a história
regional firmou-se no final do século XIX e na primeira metade do século XX como um
discurso legitimo de construção do conhecimento histórico. O autor se propôs pensar como
se escreveu a história fluminense de 1930 a 1950, observando a biografia dos autores
analisados no período. Assim, Fernandes considera os autores, quando produziram, quem
editava, fontes utilizadas, e principalmente que eram esses ‘fluminenses” e como a história
fluminense associava-se ao projeto implementado por Amaral Peixoto entre as décadas de
1930-1950 no Estado do Rio de Janeiro. Através das analise dos autores e das obras
3
historiográficas produzidas no período, o autor segue as biografias, considerando os usos
políticos dos historiadores. (FERNANDES, 2009)
Entender o uso político dos autores e os lugares e espaços de suas escritas, nos capacita para
uma leitura mais crítica da produção na Baixada Fluminense, sem, simplesmente, rotular os
estudos pioneiros de “memorialistas”, mas compreende-los em seus contextos. Do mesmo
modo, permite acompanhar como determinadas temáticas se configuram.
No artigo “A historiografia tradicional e a invisibilidade da escravidão na Baixada
Fluminense” Bezerra (2014) oferece contribuições pertinentes para entender o processo de
construção da historiografia local. Através da análise dos autores e obras a seguir é possível
identificar como a escravidão e o negro eram apresentados na historiográfica da região.
Bezerra aponta que a historiografia tradicional sobre a Baixada Fluminense, tem nos trabalhos
de Waldick Pereira (1977) um ensaio a uma “história problema”, com um esforço teórico para
análise, elaboração de hipótese e um cuidado de mencionar as fontes consultadas e as
referências. Os trabalhos de Waldick apontam algumas questões sobre a presença dos
africanos na Baixada Fluminense, mas não aprofunda a análise, muito menos os considera
protagonistas da história na região. Além disso, sua obra é marcada por uma visão político-
administrativa da História, como pode ser observado em “Cana, café e laranja: história
econômica de Nova Iguaçu”, nesse trabalho os produtos que se tornaram “ciclos econômicos”
de Iguaçu, são o foco de sua análise. Isso reflete as influências historiográficas de Pereira.
Dentre essas influências, Bezerra destaca José Matoso Maia Forte (1933) com sua obra
“Memória da Fundação da Vila de Iguassu”, considerada fundadora da historiografia
tradicional sobre a Baixada Fluminense. Nesse trabalho, chama atenção como Maia Forte
apresenta a mão de obra africana, pois ele destaca que produção de açúcar, por exemplo, é
realizada pelo engenho e não pelos escravos, ou seja, a condição de escravizado, na visão do
autor, despersonalizava aqueles sujeitos e nesse sentido, seriam como meras ferramentas
utilizadas no engenho.
Assim, Bezerra entende que essa historiografia é baseada em um ponto de vista de que a
História é a ciência dos grandes homens, com carácter exemplar para a sociedade. Nesse caso,
predomina uma visão política e administrativa da história da Baixada Fluminense, sendo os
africanos praticamente invisíveis nessas primeiras obras. A mão de obra africana é relatada
em listas documentais para exemplificar a riqueza dos proprietários de canaviais ou de
4
armazéns de café. Tanto os africanos e os afrodescendentes são elencados como componentes
para a produção na região.
Todavia, em 1990 alguns trabalhos que consideravam as contribuições da escravidão na
formação da sociedade brasileira elegeram a Baixada Fluminense como recorte espacial em
seus estudos. Dentre eles, os estudos de Flávio dos Santos Gomes (GOMES, 1992) e Jorge
Luís Rocha da Silveira (SILVEIRA, 1998), nos quais a geografia da região foi favorável às
propostas de pesquisas desses autores. Esses trabalhos são relevantes para as produções
acadêmicas futuras, mas podemos considera-los com uma produção historiografia da Baixada
Fluminense e não na Baixada Fluminense, uma vez que, a região serviu como base para
análise das condições geográficas favoráveis. (BEZERRA, 2014)
Relevante salientar que a historiográfica do Rio de Janeiro, por um longo tempo, se
caracterizou pelos relatos descritivos, normalmente seguindo uma ordem cronológica, baseada
nas memórias de estrangeiros e nacionais. Com o estabelecimento dos cursos de pós
graduação a partir de 1970, o ensino da teoria e metodologia nas Universidades e a criação de
centros de pesquisas com a Casa de Rui Barbosa e o CPDOC, esse quadro se modificou.
(FERNANDES, 2009)
Bezerra então considera que é possível perceber que a partir da década de 1990 há um
movimento de produção historiográfica sobre a Baixada Fluminense. Entre os diferentes
temas estudados nessa região, as pesquisas sobre a escravidão, diáspora africana, cultura afro
brasileira e a condição do negro na sociedade tem sido privilegiada.
Nesse sentido, se encaminha a minha busca das trajetórias dos autores da Baixada Fluminense
e como esses agentes realizaram iniciativas de catalogação, inventário e preservação das
referências culturais na região. Destacando as diferentes concepções dos distintos interesses
políticos, instituições, sujeitos e como se manifestação os diferentes modos de conceber a
escrita da história e produzir memórias.
II - A renovação historiográfica da história local em periódicos
A partir da década de 1990, muitos agentes realizaram esforços para preservação das
diferentes leituras do vivido na região ao longo do processo histórico de construção de sua
população. Destacando a importância de entender como a produção de memória na região se
insere em uma escrita da história no âmbito nacional (FERNANDES, 2009).
5
Realizei um levantamento prévio em algumas revistas da região: Revista Pilares da História,
Revista Feuduc, Revista Recôncavo e Revista Hidra de Igoassú. Isso permitiu alguns
cruzamentos entre nomes e produções.
Periódicos
Revista
Pilares da
História
Revista
FEUDUC
Revista Hidra de
Igoassú
Revista Recôncavo
Ano da primeira edição
2002
1999
1999
2011
Quantidade de artigos -
Cultura afro
14
0
5
15
Ano da última edição/
atual
2014
2002
2012
2014
Periodicidade da Revista
Semestral/
Anual
Anual
Anual
Semestral
Vinculo Institucional Instituto
Histórico-
CMDC
Feuduc
APPH-Clio/
CEMPEDOCH-BF
Uniabeu
*Levantamento realizado em março de 2015.
Na Revista FEUDUC, que teve seu primeiro número em 1999, não foi publicado
especificamente artigos sobre a temática da Cultura Afro. Contudo logo na primeira edição
de agosto de 1999 consta o artigo de José Claudio de Souza (1999) “A História de um código
genético social (Antecedentes do poder, da violência e da região) e na edição de 2000 o artigo
de Marlucia Santos de Souza (2000) “Imagens da Cidade de Duque de Caxias”, Esses
trabalhos consideram uma análise das tensões e contradições existentes na região através de
um diálogo entre a sociedade e o espaço. Isso já apresenta o novo olhar desses estudos na
região, que lançam luz aos demais agentes envolvidos na formação da sociedade.
A Revista FEUDUC foi criada pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Duque de
Caxias, não está em circulação e sua última edição ocorreu em 2002. Cabe esclarecer que a
Revista possuía um perfil interdisciplinar, e, com isso, contemplava apenas um trabalho para
o grupo de História, estando a revista disponível para as demais áreas.
Outra revista que não está em circulação é a Revista Hidra de Igoassú Cadernos de textos
sobre a história local e regional Baixada Fluminense, vinculada a APPH-CLIO (Associação
6
de professores e pesquisadores de História). A revista não recebe financiamento de
Instituições públicas e/ou privada, o que gerou um limite de publicações. Duas edições
ocorreram em 1999 e duas em 2000, com uma interrupção até 2012 quando aconteceu um
esforço da própria equipe em realizar uma nova edição que saiu em fevereiro de 2012.
Contudo, cinco artigos da revista se destacam nesse período: “Pau para toda obra: A
importância da madeira na história econômica do Recôncavo Guanabarino” (BEZERRA,
1999); “ ‘De quando dar os anéis’: a estrutura fundiária da Baixada Fluminense e suas
transformações” (ROCHA, 2000); “Memória de Joões: Exilio e sobrevivência na Baixada
Fluminense”(GREGÓRIO, 2001); “A busca da construção do movimento negro em Duque de
Caxias e São João de Meriti nos anos 80 e inicios dos anos 90: CEB’s, Identidade Negra e
Cidadania’(OLIVEIRA, 2000) “Rebeldia e Repressão na Baixada Fluminense- séc. XIX”
(BEZERRA,2001). Ercilia Coelho de Oliveira e Nielson Rosa Bezerra, respectivamente.
Trabalhos preocupados com ação de resistência dos escravos, e as ações de resistências nos
pós abolição.
Assim, é possível perceber que a partir da década de 2000, ocorre um crescimento na
produção da vertente historiográfica que oferece destaque para a escravidão, cultura afro
brasileira e a condição do negro como temas centrais para compreender a sociedade na região
da Baixada Fluminense. Na Revista Pilares da História2, a partir de 2003, foi possível
identificar quatorze artigos que abordam a temática, dentre eles: “Tensões e interações das
relações sociais em torno do regime escravista na freguesia de Santo Antônio da Jacutinga”
(BEZERRA, 2003); “O debate étnico e a união dos homens de cor em Duque de
Caxias”(SOUZA, 2003); “As chaves da Liberdade: estratégias de resistência escrava na
ferrovia”(BEZERRA, 2004); “A trajetória do movimento negro em Duque de Caxias: uma
análise em construção”(PEREIRA, 2004); “O candomblé na Baixada Fluminense”(ISAAC,
2006); “Mercado Negro – Escravidão e Liberdade”(PERES, 2007); “Movimento Negro –
celebrando 25 anos na Baixada Fluminense”(OLIVEIRA, 2010).Percebe-se que a
invisibilidade do negro vai sendo abandonada, como reforça Bezerra (2014).
Na Revista Recôncavo3 com primeira edição em 2011, vai se configurando um crescimento
continuo de apresentação de trabalhos que abordam a temática. Constam dezesseis artigos
2Artigo foram consultadas as revistas que estão disponíveis na versão digital no site: http://www.cmdc.rj.gov.br
A Revista Pilares da História é realizada pelo Instituto Histórico da Câmara Municipal de Duque de Caxias com
Associação dos Amigos do Instituto Histórico 3 A revista Recôncavo continua em circulação e é vinculada a UNIABEU. Universidade que possui campus em
Belford Roxo, Nova Iguaçu, Angra dos Reis e Nilópolis.
7
desde a primeira publicação, sendo os oitos aqui apresentados diretamente ligados a temática
da cultura afro na Baixada Fluminense. São eles: “Marinheiros e barqueiros africanos no
Recôncavo da Guanabara –século XIX” (BEZERRA, 2011); “Escravidão, cor e raízes sociais
no Recôncavo da Guanabara”(SOARES, 2013); resenha “Religiosidade banta no Recôncavo
da Guanabara: um objeto historiográfico” (POSSIDONIO, 2013); “As Irmandades dos
homens de cor na América Portuguesa: à guisa de um balanço historiográfico”(OLIVEIRA,
2013); “Cadernos/diários de asé - escritas de candomblé”(FERREIRA, 2013); “Rosa Maria
da Silva e Gracia Maria: escravidão, trabalho, família e mobilidade social em piedade de
Iguaçu e Santo Antônio de Jacutinga”(SOARES, 2014); “o rei do candomblé nas páginas da
revista: Joãozinho da Goméia em o cruzeiro (1967)”(MENDES, 2014); “O sítio morro da
saudade: práticas de arrendamento e redes de sociabilidade na freguesia de Marapicu na
segunda metade do oitocentos”(MACHADO, 2014); “Os possíveis encontros entre a história
e a literatura: uma análise sobre escravidão, poder senhorial e o ponto revista dos
dominados na obra de Machado de Assis”(RODRIGUS, 2014).
Assim, os artigos das revistas acima possuem algo em comum: todos versam sobre a
participação do negro na formação da sociedade brasileira, considerando-os como atores e
agentes de sua história. São trabalhos que lançam luz aos atores que foram ignorados na
produção historiográfica brasileira e regional. Isso é relevante, considerando que a produção
historiográfica delimita identidades (HERMAN, 1983), e que as práticas preservacionistas
apoiam-se em uma produção historiográfica. Assim, as disputas em torno do que se deve ou
não ser preservado passa necessariamente no nível da escrita (LOWANDE, 2012).
Desse modo, seguirei, inicialmente, o percurso de pesquisa realizado por Ana Lucia Enne
(2002)4, que partiu das trajetórias individuais dos diversos agentes na Baixada Fluminense
para entender suas inserções coletivas e seus pertencimentos em termos de identidades
sociais. Considero alguns dos atores apresentados por Enne que estavam envolvidos em
atividades acadêmicas que sinalizam para a produção historiográfica na Baixada Fluminense,
apresentado dados das suas trajetórias atuais.
É importante salientar os agentes que a autora classificou como “acadêmicos”.5 Enne chama
atenção que, nesse grupo, quase todos são professores da rede pública na Baixada
4 Enne refletiu sobre a importância de estudar a memória relacionada à identidade, privilegiando como princípio
metodológico o objeto/sujeito para pensar as redes e sub-redes que deseja analisar. 5 Anne considera acadêmicos os agentes que possuem pós graduação e uma produção historiográfica, entre
artigos e monografias. Também leva em consideração o vínculo com instituições universitárias e a oposição a
uma história “positivista”, o que para a autora seria um compromisso com a “ciência”.
8
Fluminense, o que gera uma ponte entre o fazer historiográfico e a preocupação com a
didática em sala de aula. A autora realiza um mapeamento das trajetórias desses autores,
através de entrevistas. Dentro desse grupo estariam: Antônio Jorge Matos, Antônio Augusto
Braz, Marlucia dos Santos Souza, Alexandre dos Santos Marques, Paulo Pedro da Silva,
Ercilia Coelho de Oliveira, Maria do Carmo Gregório, Shirley da Silva Costa, Maria José
Rodrigues de Carvalho, Marize Conceição de Souza, Elizabeth Silva de Oliveira, Cecília
Cunha França, Nádia Aparecida Felix, Nielson Rosa Bezerra, Jorge Luis Rocha, Rodinei
Knopp, Otair Fernandes, Valéria Lima Guimarães, Raquel Paz dos Santos, Linderval Augusto
Monteiro e Josinaldo Aleixo (ENNE, 2002:p.14).
Devido aos limites de espaço para o presente trabalho serão, nesse momento, serão
considerados somente dois nomes, ora mencionados. O critério para tal seleção serão os
autores que publicaram, nos artigos da revista Pilares, Revista Iguassu, Revista FEUDUC
e/ou Revista Recôncavo e que hoje estão diretamente envolvidos com instituições de memória
e patrimônio.6 O objetivo é apresentar as trajetórias atuais identificando as ações realizadas
pelos diferentes agentes sociais, na busca de continuidade ou rupturas com seus discursos de
memória e patrimônio na Baixada Fluminense, em especial os temas ligados a cultura afro
brasileira.
Cabe avaliar se os agentes ora mencionados seguiram na chamada linha acadêmica, se estão
envolvidos em outras linhas de militância e/ou permanecem voltados à educação básica.
Seguindo a linha metodológica da trajetória individual, inserções institucionais e atividades
desenvolvidas na região, será possível acompanhar as pesquisas, os impactos dos trabalhos
para região e quais agentes permaneceram e/ou se envolveram com a temática da cultura afro.
Foi possível perceber que alguns autores já teriam sido mencionados na pesquisa de Enne,
como: Marlucia Santos de Souza e Nielson Rosa Bezerra. Contudo a pesquisa de Enne foi
realizada há doze anos, assim, cabe, problematizar quem são os agentes que continuam
envolvidos com a temática e como suas obras se relacionam com a memória na região,
privilegiando o que se deseja esquecer ou lembrar sobre o passado (LE GOFF, 2003)
Os autores que produziram nas revistas não necessariamente seguiram a “carreira
universitária”. Um instrumento que permite avaliar bem suas condições acadêmicas é o
6 Importante destacar que esses autores não são os únicos, mas são os que durante esse processo da pesquisa foi
possível identificar suas trajetórias atuais. Minha pesquisa em curso no Programa de Mestrado da Faculdade de
Educação da Baixada Fluminense pretende avançar nessa análise.
9
próprio currículo desses agentes, a partir da Plataforma Lattes7. Assim, como um primeiro
exercício na busca das trajetórias pessoais na região, coube esse instrumento de pesquisa.
Contudo, pretendo realizar entrevista com alguns agentes sociais, especialmente, os ligados a
atividades ao patrimônio, memória e cultura afro na Baixada Fluminense. Visto a hipótese que
eles estão engajados em movimentos de militância ou mesmo direcionados para atividades na
educação básica voltados para temática, só será possível mediante uma análise das ações
individuais.
Um dado interessante a partir desse estudo foi que quase todos continuam ligados a
instituições preocupadas com questão da conservação do Patrimônio na região, o que será
possível perceber a partir de trajetórias que seguem.
Marlucia dos Santos de Souza relata em um artigo publicado no livro “Professoras pensam a
Cidade” como se construí essa relação e as produções geradas...
“Na FEUDUC, encontrei outras pessoas que militavam nos movimentos sócias
negros, no SEPE – Núcleo de Duque de Caxias (Sindicato Estadual dos Profissionais
de Educação), nos partidos políticos recém- criados após a instalação do
multipartidarismo. O incômodo era coletivo. A lógica partilhada do homem como
sujeito de seu tempo trazia reflexões acerca do nosso lugar e do homem enquanto
construtor de sua História.” (SOUZA, 2011: p. 201).
Souza é indicativo que esses atores estão intimamente atuantes com a relação entre Memória e
Patrimônio. Mestre pela Universidade Federal Fluminense, em 2002, defendeu sua dissertação
“Escavando o Passado da Cidade: História Política da Cidade de Duque de Caxias (1900-
1960)”(Souza, 2002). Atualmente é Coordenadora Geral do Centro de Referência Patrimonial
e Histórico de Duque de Caxias. Seu currículo sugere que Marlucia não seguiu voltada para
uma carreira Universitária, mas permanece atuando na educação básica, em atividades no
Museu Vivo do São Bento e leciona na Fundação Educacional de Duque de Caxias –
FEUDUC.
A proposta estava marcada por uma intenção de romper o silêncio da História da resistência e
dos movimentos sociais e sindicais na cidade. Souza, destaca que ingressando no corpo
docente da FEEUDUC, no Departamento de História, uma equipe de professores e alunos
7 O currículo lattes se tornou uma referência para as universidades e instituições de pesquisa dos pais, sendo
adotado por estudantes e pesquisadores. Dessa forma, aquele que pretende seguir uma carreira acadêmica não
pode se abster de atualizar seu currículo com as produções e projetos. Através de um levantamento a partir da
base de dados da Plataforma lattes, foi possível considerar alguns apontamentos, como: atividade atual; produção
acadêmica, entre outros. Esse levantamento foi realizado na base de da plataforma Lattes em Fevereiro de 2015.
http://lattes.cnpq.br/
10
iniciou um processo de estudo e mapeamento das fontes relativas à História Local à partir de
1992. Esses professores passaram a realizar suas próprias produções, realizaram oficinas,
material didático, cursos com professores nos anos 80 e 90, em parceria com o SEPE, entre
outras atividades.
Nesse sentido, Souza sinaliza que ocorre um movimento para o reconhecimento acadêmico
das ações:
“Apesar do alargamento das fronteiras do trabalho realizado, enfrentávamos as
dificuldades da ausência de recursos financeiros e de tempo; assim como, dos limites
de nossa própria formação. Professores da FEUDUC e formados pela instituição
decidiram organizar um grupo de estudos para melhor qualificar o fazer docente e
ampliar as possibilidades de pesquisa.” (SOUZA, 2011:p.202)
Assim, vejo necessário abrir um diálogo com o trabalho de Enne, pois considero que
“acadêmicos” não seria o termo adequado para essa geração de pesquisadores. Através das
atividades dos agentes apresentados a seguir, é possível estabelecer um elo entre as
experiências das produções em curso realizadas por eles com a necessidade de diálogo com
outras produções dentro do espaço acadêmico, mas não que suas trajetórias sejam voltadas
para uma carreira universitária, o que esse seja o canal de atuação dos mesmos.
Assim, entendo que esses atores continuaram suas carreiras por distintos caminhos, e que a
feitura do mestrado sinaliza para uma exigência acadêmica no sentido de dar continuidade as
suas ações na Baixada Fluminense. Seria então, o Mestrado um meio de legitimar as
narrativas realizadas por esses agentes em seus campos de atuação? Como foram
estabelecendo as práticas e as escolhas de pesquisa?
Nesse momento, é relevante acompanhar os autores que continuam vinculados a uma carreira
acadêmica. Dentre eles, destaca-se Nielson Rosa Bezerra que realizou três pós doutorados,
pela York University, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) e Univerty of
West Indies. Ligado a projetos significativos, tais como Testemunhos de Africanos no Brasil:
biografias, trajetórias individuais e identidades coletivas (século XVII e XIX); SHADD
biography Project: Testimonies of West Afriacans from the Era of the Slave Trade Africa e
Mundo atlântico, além de projetos de extensão, como Patrimônio, Memória e Cultura Afro
Brasileira na Baixada Fluminense e Juventude Semeando a Memória e a Cidadania. O autor
possui sete livros publicados, todos envolvidos com as temáticas em questão.
A relação entre a narrativa, patrimonialização e práticas educativas pode também ser
percebido através das ações coordenadas por Bezerra. Em novembro de 2014,
11
especificamente, no dia 20 de Novembro – Dia da Consciência Negra – como atividade de
Culminância do Curso Patrimônio, Memória e Cultura Afro Brasileira na Baixada
Fluminense, Bezerra realizou a edição e lançamento de dois livros8: “Vestidos de Realeza
Fios e nós centro-africanos no candomblé de Joaozinho da Goméia” (MENDES, 2014); e
“Mulato, Homossexual e Macumbeiro: que rei é este? Trajetória de João da Goméia (1914-
1971) (GAMA, 2014). O lançamento dos livros ocorreu no mesmo evento que comemorava o
centenário de Joaozinho da Goméia, com a inauguração do busto desse ícone que foi
considerado o pai de santo mais conhecido no Brasil.
Bezerra também apresenta muitos desdobramentos de suas pesquisas através de suas conexões
entre trabalho e estudo. Como exemplo, é possível destacar o grupo de pesquisa “A cor da
Baixada”, coordenado por Bezerra. Esse grupo proporcionou um novo espaço de reflexões e
debate sobre a temática.
Já no evento regional da Anpuh de 20149, Bezerra coordenou, em conjunto com Amália Dias,
o Simpósio Temático “Baixada Fluminense: Historiografia, Pesquisa e Ensino”. Nessa
ocasião, foram apresentados sete trabalhos que envolviam diretamente a temática, tanto de
iniciação cientifica, como resultados de pesquisa em diferentes programas de Mestrado.10
Assim, é possível perceber que a Baixada Fluminense é um campo fértil para o estudo sobre
os projetos pessoais e profissionais dos agentes e agências envolvidos nessa teia de memória e
história da região, sendo possível afirmar, pela análise inicial aqui empreendida, a relevância
da temática da escravidão e do pós-abolição nos estudos realizados.
Considerações Finais
Marizete Lucini destaca que ao “ao refletirmos sobre a memória como instrumento de
resistência por um determinado grupo social, nos parece pertinente refletir sobre como esse
grupo trabalha com a memória, no sentido de produzi-la e transformada em patrimônio
constantemente atualizado através de sua prática social.” (LUCINI, 2014: 19-41)
Tanto Patrimônio, quanto Memória são categorias de análise social que estão diretamente
envolvidas com a Cultura, aqui entendida com uma teia de significados (GERRTZ, 2008), que
possibilita uma melhor compreensão das relações forjadas na longa duração. Desse modo, a
8 Esses livros inauguram a coleção “Recôncavo da Guanabara “organizada também por Nielson Bezerra. A
proposta da coleção é contemplar os diferentes estudos produzidos sobre a Baixada Fluminense. 9 XVI Encontro Regional de História da Anpuh Rio: Saberes e Práticas Científicas 10 Os resumos dos trabalhos podem ser conferidos em Caderno de Resumos ISBN 978-85-65957-02-1
http://www.pr.anpuh.org/
12
geração presente pode forjar seus interesses para encaminhar os projetos sociais e políticos de
acordo com as referências do passado. Os agentes envolvidos nessa teia de significados e suas
trajetórias permitem compreender as relações sociais.
Nesse sentido, para a compreensão da produção historiográfica é necessário pensar o lugar do
autor, como já destacava Michel de Certeau (CERTEAU, 1995: 1-48), lugar marcado por
interesses pessoais e profissionais/instituições. Esses interesses podem explicar os ditos e os
não ditos da escrita história. (FERNANDES, 2009).
Dessa forma, segue esse estudo em busca dos agentes e agencias envolvidos na construção da
memória na Baixada Fluminense, e das relações entre as pesquisas desenvolvidas e a
penetração das mesmas nas práticas de ensino da história local na região.
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