8/14/2019 Tratamento Da Dor RN
1/25
0
FACULDADE METROPOLITANA DA AMAZNIA
CURSO DE ENFERMAGEM
TRATAMENTO DA DOR NO RECM-NASCIDO
ADELAIDE BAIA
JULINETE BARBOSA
KTIA CARDIAS
LUCLIA OLIVEIRA
LUCIENE VERAS
MAURICIO ESTEVES
BELM2010
8/14/2019 Tratamento Da Dor RN
2/25
1
ADELAIDE BAIA
JULINETE BARBOSA
KTIA CARDIAS
LUCLIA OLIVEIRA
LUCIENE VERAS
MAURCIO ESTEVES
TRATAMENTO DA DOR NO RECM-NASCIDO
Trabalho apresentado ao Curso de
Enfermagem da Faculdade Metropolitana
da Amaznia - Famaz, como requisito
parcial e avaliao obteno de
nota(____________) na disciplina
Enfermagem na ateno do Recm-nascido.
Orientadora: Prof. Patrcia Portal
Ass.: _______________________________________________________________
1 Exam.: Patrcia Portal Faculdade Metropolitana da Amaznia
BELM
2010
8/14/2019 Tratamento Da Dor RN
3/25
2
SUMRIO
INTRODUO.................................................................................................................3
1. Aspectos gerais anatmico e fisiolgico.............................................................5a.Componente sensrio-discriminativo............................................................................6
b. Componente motivacional-afetivo..............................................................................6
c. Componente cognitivo-avaliativo..................................................................................6
2. A criana e sua famlia em situao de dor.......................................................73. Questes ticas da dor na criana....................................................................104. Respostas do recm-nascido e da criana dor..............................................125. Classificao da dor como 5 Sinal Vital.........................................................146. Avaliao e instrumentos de mensurao da dor...........................................157. Intervenes farmacolgicas: estratgias de diminuio da dor emRN...................................................................................................................................19
8. Intervenes no farmacolgicas: Estratgias de diminuio da dor emRN...................................................................................................................................20
CONSIDERAES FINAIS..........................................................................................22
REFERNCIA BIBLIOGRFICA.................................................................................23
8/14/2019 Tratamento Da Dor RN
4/25
3
INTRODUO
O estudo busca identificar como os enfermeiros de unidade neonatal
avaliam e realizam o tratamento da dor no recm-nascido e quais as medidas
preventivas por eles para o alvio da dor.
Para a Associao Internacional para o Estudo da Dor/IASP-1979, a dor
uma experincia sensitiva e emocional desagradvel, associada a uma leso tecidual
real, potencial ou descrita nos termos dessa leso. A dor sempre subjetiva. Por seu
carter subjetivo, essa definio denota uma forma verbal do fenmeno doloroso e
impe a necessidade de verbalizao da experincia nociceptiva para o seu
reconhecimento, o que no se aplica aos recm-nascidos, lactentes, crianas com
deficincia mental, em coma ou com alteraes neurolgicas, incapazes de relato verbal
da dor. (HOCKENBERRY, 2006).
Os profissionais de sade reconhecem que os recm-nascidos,
principalmente os prematuros, esto expostos a mltiplos eventos estressantes ou
dolorosos, incluindo excesso de luz, rudos fortes e muitas manipulaes. O que resultaem desorganizao fisiolgica e comportamental. Contudo, medidas para o alvio da dor
no so freqentemente empregadas1.
Para que os profissionais de sade de neonatologia possam atuar
terapeuticamente diante de situaes possivelmente dolorosas necessrio dispor de
instrumentos que decodifiquem a linguagem da dor1.
Os procedimentos de alvio da dor aumentam a homeostase e estabilidade
do RN e so essenciais para o cuidado e suporte aos neonatos imaturos, a fim desobreviverem ao estresse. Quanto s intervenes para o alvio da dor em neonatos,
existe um conjunto de procedimentos farmacolgicos e no-farmacolgicos. Entre os
procedimentos no farmacolgicos, podemos citar: suco no nutritiva, mudanas de
decbito, suporte postural, diminuio de estimulaes tteis, aleitamento materno
precoce, glicose oral antes e aps aplicao de um estmulo doloroso. Tais
procedimentos tm sido utilizados para o manejo da dor durante procedimentos
dolorosos para facilitar a organizao e auto-regulao dos neonatos pr-termo1.
8/14/2019 Tratamento Da Dor RN
5/25
4
No entanto sabemos que, ainda h muitas discusses e controvrsias sobre o
mtodo mais eficaz para o alvio da dor. De maneira geral, os profissionais de sade
expressam dificuldades em diagnosticar e lidar com a dor no recm-nascido devido
falhas nos conhecimentos bsicos sobre a experincia dolorosa nos recm-nascidos.
8/14/2019 Tratamento Da Dor RN
6/25
5
1. Aspectos gerais anatmico e fisiolgico
Para compreender as bases anatmicas e neurofisiolgicas da dor e suascaractersticas, fundamental entender o sistema nervoso.
As experincias dolorosas resultam de um conjunto de eventos que
envolvem o sistema nervoso que dividido em sistema nervoso central e o sistema
nervoso perifrico.
O Sistema Nervoso Central dividido em duas partes principais: o encfalo e a
medula espinhal. O encfalo contm as clulas nervosas, chamadas de neurnios e asglias. A coluna vertebral protege a medula espinhal. Assim, a medula espinhal bem
mais curta que a coluna vertebral3.
O Sistema Nervoso Perifrico dividido em trs partes principais: sistema nervoso
somtico constitudo de fibras nervosas perifricas que mandam informaes para o
Sistema Nervoso Central, alm de fibras motoras, que tm movimento voluntrio, e do
sistema nervoso autonmico, que se divide em 3 partes: sistema simptico, o sistema
parassimptico e o sistema nervoso entrico3.
Nonascimento, as conexes entre as clulas nervosas so imaturas e, alm
disso, o crebro, que recebe e transmite as mensagens pelos nervos, no est
desenvolvido por completo. O sistema nervoso amadurece gradualmente e a criana vai
aprendendo a controlar uma ampla variedade de habilidades, inclusive andar e falar3.
As alteraes fisiolgicas que ocorrem com a criana dependem das
caractersticas da dor: intensidade, durao, contexto no qual a dor surge, idade, sexo,desenvolvimento cognitivo, histrico, cultural, estrutura psicolgica, fatores
emocionais, entre outros. Assim, as experincias dolorosas so determinadas pelas
interaes entre esses fatores, e as modificaes neuroqumicas e neurofisiolgicas
ocorrem nos nveis do sistema nervoso central e perifrico3.
Porm, vale lembrar que aimaturidade neurofisiolgica e cognitiva faz com
que haja diferenas significativas no processamento da dor de acordo com a faixa etria
da criana3.
8/14/2019 Tratamento Da Dor RN
7/25
6
Por exemplo, j se sabe que o feto apresenta reaes motoras,
neurovegetativas, hormonais e metablicas ante a um estmulo doloroso, rnas existe a
necessidade cada vez maior de se conhecer sobre os efeitos a longo prazo da dor na vida
da criana3.
Tais aspectos so fundamentais para compreendermos os mecanismos
envolvidos na dor. E como ocorre o processamento central da dor?
O processamento central da dor consiste de trs componentes:
a. Componente sensrio-discriminativo, caracterizado pelo estmulo doloroso em
termos de intensidade, localizao e durao. Inicia-se com um estmulo nocivo oupotencialmente nocivo, por exemplo estmulo trmico, qumico, mecnico, liberando
substncias capazes de ativar receptores (nociceptores), presentes nas terminaes
nervosas de fibras sensitivas, que transmitem essas informaes aao corno posterior da
medula espinhal3.
b. Componente motivacional-afetivo associado a atributos comportamentais
complexos, de respostas emocionais, como a ansiedade e depresso3.
c. Componente cognitivo-avaliativo que relaciona a experincia dolorosa com o seu
contexto ambiental, social, cultural e que compara com experincias anteriores
semelhantes3.
Esses trs componentes interagem entre si e projetam-se sobre as reas do sistema
nervoso central responsvel pela resposta dor.
Para que o processamento da dor possa ocorrer, existem quatro mecanismos que
devemos conhecer:
Transduo: refere-se transformao de estmulos nocivos, reconhecidos pelos
nociceptores em potenciais de ao3.
Transmisso: a conduo do estmulo doloroso pelas vias sensitivas do sistema
nervoso central. Vale salientar que existem trs tipos de fibras sensitivas capazes de
transmitir as sensaes dolorosas: as fibras de transmisso lenta, chamadas de fibras C
no mielinizadas e as de transmisso rpida: fibras A-deltae fibras grossas A-beta.
8/14/2019 Tratamento Da Dor RN
8/25
7
Essas fibras sensitivas surgem ao redor da boca do feto na stima semana de gestao e
no segundo semestre de gestao inervam toda a regio distal dos ps. As clulas das
fibras A de largo dimetro nascem primeiro e formam os plexos cutneos da pele das
fibras C, que nascem logo em seguida3.
Figura 1 Mecanismo de estimulo dor
A estimulao qumica produzida por essas substncias transformada em
estimulao eitrica (chamada de transduo) o que permite a sua conduo atravs das
fibras A-delta e C at a medula e desta, atravs dos feixes medulares, at as diversasestruturas cerebrais, sendo finalmente o estmulo inicial percepcionado pelo crtex
como dor3.
Modulao: refere-se aos mecanismos de amplificao ou inibio das
informaes dolorosas realizadas por meio de substncias neuroqumicas das quais
se destacam as taquicininas (substancia P), os opiides endgenos (endorfina e
encefalina) e os sistemas adrenrgico e serotoninrgico. Essas substncias so
responsveis pela transmisso, ampliao, atenuao ou inibio da nocicepo3.
8/14/2019 Tratamento Da Dor RN
9/25
8
Munidos desses conhecimentos, os profissionais de enfermagem precisam
compreender todos esses mecanismos para tratar a dor RN, que nos dias de hoje, ainda,
subtratada.
Lembrando que a percepo da dor pelo corpo chamada de nocicepo,
uma completa srie de eventos eletroqumicos que ocorrem entre o local da leso
tecidual e a percepo da dor. Entretanto, a percepo dolorosa no est diretamente
relacionada com a natureza e extenso da leso tecidual.
2. A criana e sua famlia em situao de dor
Sabemos quanto importante a famlia receber apoio dos profissionais de
enfermagem frente situao de dor e de estresse. Os pas/familiares facilmente
apresentam-se deprimidos, exaustos, e abandonados em situaes em que a criana
necessita ir ao hospital, apresenta doena grave, ou ainda submetida a vrios
procedimentos dolorosos.
Por isso, para ajudar os familiares a enfrentarem a experincia de ter seufilho em situao de dor e estresse preciso compreender o que significa Famlia, pois
ela tem sido definida de vrias maneiras.
De fato, no existe uma definio universal de famlia. Uma famlia o que
a pessoa considera ser. Alm disso, ela um sistema interpessoal, formado por pessoas
que interagem por vrios motivos, como afetividade e reproduo, num processo
histrico de vida, mesmo sem habitar o mesmo espao fsico (ELSEN, 1994).
No Brasil, os estudos de Elsen (1989), identificam trs tipos de abordagem
na assistncia criana hospitalizada:
centrada na patologia da criana;
centrada na criana;
centrada na criana e sua famlia.
8/14/2019 Tratamento Da Dor RN
10/25
9
Quando falamos na abordagem a criana centrada na patologia, ofoco da
assistncia a doena da criana. Tem como objetivo recuperar a sade por meio de
medidas teraputicas e o papel da famlia de passividade.
Na segunda abordagem, a assistncia centrada na criana tem como foco a
criana em determinado estgio de desenvolvimento: doente e afastada do seu ambiente.
Nessa abordagem os objetivos da assistncia so: recuperar a sade e minimizar as
repercusses psicolgicas provenientes da hospitalizao; atender s necessidades de
crescimento, desenvolvimento, condies clnicas da criana; incentivar a participao
da criana e famlia nos cuidados. O papel da famlia o de colaborador na assistncia
planejada ou de ser o informante.
Finalmente, na abordagem centrada na criana e sua famlia o foco da
assistncia a criana em determinado estgio de desenvolvimento, doente e membro
de uma famlia, inserida em um determinado ambiente ecolgico, socioeconmico e
cultural e sua famlia. Os objetivos da assistncia so: recuperar a sade da criana,
promovendo condies para evitar intercorrncias hospitalares; incentivar a integridade
da famlia e sua participao nos cuidados; fortalecer a famlia como unidade bsica de
assistncia, visando promoo da sade e preveno de doenas; promover a
reintegrao da criana na famlia e na comunidade; estimular a famlia a utilizar seus
prprios recursos e os da comunidade; estender as aes de sade ern nvel de
comunidade; atender a criana e considerar os problemas, interesses, potencialidades e
expectativas de toda a famlia no cuidado sade. Nesse momento, o papel da famlia
central, ativo. Compartilha do planejamento, da execuo e da avaliao da assistncia
planejada.
Nesse sentido, os profissionais de sade baseiam seus cuidados nos pontos
fortes e singulares de cada famlia, reconhecendo sua habilidade no cuidado ao seu filho
no mbito domiciliar, hospitalar e da comunidade, apoiando-os na tomada de deciso.
8/14/2019 Tratamento Da Dor RN
11/25
10
3. Questes ticas da dor na criana
As questes ticas da dor da criana foram enfatizadas no tema propostopara o Dia Mundial de Luta a Dor na Criana em 2005: O alvio da dor deve ser um
direito humano.
Nessa perspectiva, percebemos que os princpios ticos/bioticos para o
recm-nascido e a criana, no tratamento de doenas e na internao prolongada, no
devem ser diferentes daqueles utilizados para jovens e adultos3.
Sabemos que o interesse no controle da dor emergiu somente na ltimadcada. Mas, apesar do conhecimento terico sobre as medidas para aliviar a dor da
criana, os profissionais de sade ainda no utilizam todo esse conhecimento em sua
prtica profissional3.
Possveis razes para essa disparidade incluem atitudes individuais e sociais
para a dor, a complexidade da avaliao da dor em crianas, e o inadequado treinamento
e capacitao dos profissionais de sade3.
De fato, o princpio fundamental da responsabilidade de cuidados mdicos e
de enfermagem primeiramente, no causar dano. Os danos ocorrem quando a
quantidade de dor ou sofrimento maior do que o necessrio para alcanar o benefcio
pretendido3.
Diante disso, percebemos o desafio tico dos cuidados ao recm-nascido e
crianas em situao de dor e estresse. Se atualmente existem medidas para aliviar e
controlar a dor, por que no a utilizamos sistematicamente?
8/14/2019 Tratamento Da Dor RN
12/25
11
Figura 2
Num estudo recente sobre a epidemiologia da dor em neonatos, Carbajal
(2008), fez a observao direta no leito de recm-nascidos, por 24 horas, durante os
primeiros 14 dias aps a internao, em 13 das 14 instituies de cuidados neonatal e
peditrico, de Paris. Os bebs foram submetidos a um total de 60.969 procedimentos de
primeira tentativa e 11.546 em repetidas tentativas, das quais 69,6% foram classificadas
como dolorosa e 30,4% como estressante pelos profissionais de sade.
O estudo mostrou que entre os 430 recm-nascidos, 211 receberam sedao
contnua ou infuso de analgsico, enquanto em ventilao mecnica. Cada neonato
vivenciou em mdia 115 procedimentos (variao de 4-613) durante o perodo de estudo
e 16 (variao, 0-62) por dia de internao. Dos 413 procedimentos dolorosos, 2,1%
foram realizados com terapia farmacolgica; 18,2% com intervenes no
farmacolgicas, 0,4% com ambos os tipos de terapia, 79,2% sem analgesia especfica e
34,2% foram realizados enquanto o neonato estava recebendo analgsicos ou infuses
com anestsico por outras razes.
Nesse estudo, os profissionais se mostravam mais susceptveis utilizao
especfica de analgesia em bebs prematuros, para cirurgias e alguns outros
procedimentos, quando os pais estavam presentes, durante o dia e aps o primeiro dia
de internao.
8/14/2019 Tratamento Da Dor RN
13/25
12
4. Respostas do recm-nascido dor
Nesse contexto, a equipe de enfermagem deve conhecer os diferentesaspectos do desenvolvimento da criana e suas reaes a situaes estressantes e
dolorosas, e quais medidas devem ser utilizadas para minimizar a dor e o estresse.
Partindo dessa idia, podemos destacar que as respostas do recm-nascido e
da criana dor ocorrem de acordo com as caractersticas das etapas do seu
desenvolvimento e fatores contextuais.
O recm-nascido (RN - 0 a 28 dias de vida), no capaz de referir a dor pormeio de relatos verbais prprios, e sim por meio de respostas fisiolgicas e
comportamentais3.
Com isso, destacamos que o RN pode apresentar diferentes alteraes como
respostas fisiolgicas da dor: frequncia cardaca, frequncia respiratria, presso
arterial, saturao de oxignio, tnus vagal, sudorese palmar, liberao macia de
hormnios que levam mobilizao de substratos e catabolismo (adrenalia,
noradrenalina, corticoesterides, aldosterona, glucacon, cortisol), pupilas dilatadas,
aumento da presso intracraniana, hiperglicemia e elevao do pH3.
As respostas comportamentais de dor no recm-nascido so: a expresso
facial, os movimentos corporais, o choro, o choramingo e o grito. A expresso
facial um parmetro efetivo e confivel na avaliao de dor do RN e fornece
informaes sobre o estresse e desconforto durante um procedimento doloroso3.
Dessa forma, o padro de sono e viglia alterado e a resposta corporalgeneralizada envolvem rigidez ou agitao, com reflexo local de afastamento da rea
estimulada3.
8/14/2019 Tratamento Da Dor RN
14/25
13
Figura 3
Na expresso facial podemos observar caractersticas indicativas de dor:
orientao dos olhos e boca, franzimento das sobrancelhas, tremor do queixo e olhos
bem fechados, sobrancelhas arqueadas e prximas; testa franzida entre as sobrancelhas
com sulcos verticais, olhos fechados apertadamente, bochechas elevadas, nariz
alargado e franzido, prega nasolabial deprimida, boca aberta e quadrada3.
Os movimentos corporais podem sofrer influncia, dependendo do grau de
imobilizao do recm-nascido, e so mais influenciados pelo efeito de doenas e
drogas no sistema nervoso central. Podemos observar ainda movimentos do corpo e
posio no RN e crianas, tais como: dualidade, quantidade ou falta de movimentos,
afastamento dos membros, batimentos dos braos, rigidez, flacidez, punho cerrado3.
O choro na avaliao de dor tem sido bastante questionado por ser pouco
sensvel e especfico. Vrios recm-nascidos no choram durante um procedimento
doloroso. Na terapia intensiva, por estarem entubados, alguns apenas emitem um grito
ou choramingo. O choro pode ser causado pela fome, fraldas molhadas, falta de carinho
e ateno, entre outros motivos3.
No entanto, existe uma tendncia relativamente difundida e sistemtica para
subestimar a dor a partir das experincias dos outros. Medidas fisiolgicas devem ser
reconhecidas como reflexo de reaes de estresse durante a dor aguda.
8/14/2019 Tratamento Da Dor RN
15/25
14
5. Classificao da dor como 5 Sinal Vital
Nesse contexto, a ateno dos profissionais de enfermagem e dos
profissionais de sade que atuam os servios hospitalares ou daqueles que atuam nas
escolas deve voltar-se para o perodo de tempo da queixa de dor e de sua evoluo.
Devemos saber como diferenci-las nas crianas menores de dois anos - que no falam e
necessitam da observao dos cuidadores, pais e dos profissionais -, das crianas acima
de dois anos que podem autorrelatar sua dor3.
Existem muitas maneiras de classificar e avaliar a dor que podem
decorrer: do tipo, intensidade, localizao, qualidade (formigamento, ardor, queimao),
frequncia e durao, natureza (orgnica ou psicognica) e etiologia3.
De acordo com a Sociedade Brasileira para o Estudo da Dor (2008),
apresentamosos trs tipos de dor, considerando a durao da sua manifestao.
Dor aguda: decorre de sintomas e funciona biologicamente como alerta
para o organismo. Manifesta-se transitoriamente durante um perodo relativamente
curto, de minutos a algumas semanas, e est associada a leses em tecidos ou rgos;
ocasionadas por inflamao, infeco, traumatismo ou outras causas.
Normalmente, a dor aguda desaparece quando a causa corretamente
diagnosticada e quando o tratamento recomendado pelo especialista seguido
corretamente pela criana/pais. Tendo como exemplo: os traumas (quedas), as
infeces, os procedimentos cirrgicos, procedimentos mdicos e de enfermagem, tais
como: entubao traqueal, puno de medula, aspirao nasal e traqueal, puno decalcneo, remoo de adesivos/esparadrapos, insero do tubo gstrico, venopuno
sucessiva, aplicao de injees.
Portanto, a dor aguda apresenta caractersticas bem descritas pela criana,
famlia ou cuidador, dada proximidade do evento.
Dor crnica: decorre de processos patolgicos crnicos nas estruturas
somticas ou de disfuno prolongada do sistema nervoso central. A cronicidade
8/14/2019 Tratamento Da Dor RN
16/25
15
transforma o sintoma 'dor' em doena. Tem durao prolongada, pode se estender de
vrios meses a anos e est quase sempre associada a um processo de doena crnica.
A dor crnica tambm pode ser consequncia de uma leso j previamentetratada. Para alguns autores, a dor crnica aquela com durao superior a trs meses
(alguns consideram esse limite como 6 meses), ou que ultrapassa o perodo usual de
recuperao esperado para sua causa desencadeante. A dor crnica pode evoluir de
modo persistente ou recorrente. Exemplos: dor ocasionada pela artrite reumatide
(inflamao das articulaes), dor da criana com cncer, dor causada pela anemia
falciforme, fibromalgia e outras.
A dor crnica pode ser de difcil avaliao devido durao mais
prolongada, diferente da dor aguda, que se caracteriza por ser mais pontual. De fato, a
dor aguda diferente da dor crnica ou recorrente. Muitas vezes, a histria cronolgica
de dor pouco esclarecida e, por vezes, incompleta.
Dor recorrente: ocorre em episdios de curta durao, mas tem uma
caracterstica crnica, porque se repete ao longo de muito tempo, s vezes, durante
quase uma vida, e no est associada a uma etiologia especfica, tal como ocorre na doraguda ou crnica. Considera-se dor recorrente quando ocorrem pelo menos trs
episdios em um perodo mnimo de trs meses, com intensidade suficiente para
interferir nas atividades habituais da criana.
6. Avaliao e instrumentos de mensurao da dor
Constatada a subjetividade que envolve o tema estudado e a necessidade da
instituio de modelos para avaliar a presena da dor, foram desenvolvidas varias
escalas para sua avaliao. Dentre elas, as mais esudadas so:Neonatal Facial Coding
Scale ( NFCS Escala de codificao de atividade facial neonatal), Neonatal Infant
Pain Scale (NIPS - Escala de avaliao de dor neonatal), Premature Infant Pain Profile
(PIPP Perfil de Dor do Prematuro), e o crying, requires O2 for saturation above 90%,
increased vital signs, expression, and sleeplessness(CRIES Escore para a Avaliao
da Dor Ps-operatrio do Recm-nascido)9,10.
8/14/2019 Tratamento Da Dor RN
17/25
16
Quadro 1 - NFCS Escala de codificao de atividade facial neonatal9.
A NFCS uma escala unidimensional, amplamente utilizada em pesquisas,
aceita vlida para avaliao da dor aguda.
Quadro 2 NIPS - Escala de avaliao de dor neonatal: (composta por cinco indicadores de dor
comportamentais e um fisiolgico)11.
8/14/2019 Tratamento Da Dor RN
18/25
17
A NIPS avalia os parmetros antes e ps procedimentos invasivos em
neonatos a termo e prematuros. Alm disso, permite avaliar a resposta do beb aos
procedimentos potencialmente dolorosos. Ns pacientes que esto em ventilao
mecnica, dobra-se a pontuao da mmica facial, sem avaliar o parmetro choro
(paciente intubado)12.
Vale lembrar e destacar que os indicadores fisiolgicos de dor incluem
alteraes na frequncia cardaca, frequncia respiratria, presso arterial, saturao de
oxignio, tnus vagal, sudorese palmar, concentraes plasmticas de cortisol e
catecolaminas.
Portanto, a equipe de enfermagem deve saber um pouco mais sobre os
estados neuro-comportamentais do RN e as etapas de desenvolvimento da criana para a
utilizao de instrumentos de avaliao da dor.
Quadro 3 PIPP - Perfil de Dor do Prematuro
A PIPP a escala mais indicada para ser aplicada em prematuros, pois leva
em considerao as alteraes prprias desse grupo de pacientes. Define-se comoausente 0 a 9% do tempo de observao com a alterao comportamental pesquisada;
8/14/2019 Tratamento Da Dor RN
19/25
18
mnimo 10 a 39 do tempo; moderado 40 a 69% do tempo e mximo como mais
de 70% do tempo de observao com a alterao facial em questo12.
Um estudo prospectivo realizado por Suraseranivongse e colaboradores,com o objetivo de comparar a aplicabilidade prtica e a validade de escalas para
avaliao da dor no recm-nascido no perodo ps-operatrio, concluiu que, embora a
CRIES seja vlida, a NIPS de mais fcil aplicao e requer menos recursos sendo,
portanto, a escala recomenda pelos autores13.
Quadro 4 Escore para a Avaliao da Dor Ps-operatrio do Recm-nascido
Segundo a Academia Americana de Pediatria e a Sociedade Peditrica
Canadense, os fatores produtores da dor no RN, so os procedimentos estressantes asatividades diagnosticas, teraputicas e cirrgicas realizadas por mdicos, enfermeiros e
equipe de enfermagem, podendo apresentar maior ou menor complexidade.
Registramos ainda que os recm-nascidos e as crianas hospitalizadas
sofrem rotineiramente procedimentos invasivos, considerados dolorosos e estressantes.
No se esquea que os recm-nascidos experienciam procedimentos
dolorosos e estressantes ainda na maternidade, tais como: injeo intramuscular paraadministrao de Vitamina K e vacina contra Hepatite B, puno de calcneo para
8/14/2019 Tratamento Da Dor RN
20/25
19
glicemia ou triagem neonatal. Portanto, o recm-nascido prematuro ou a criana doente
pode enfrentar dor repetitiva ou prolongada, resultante de muitos procedimentos,
diagnsticos teraputicos e cirrgicos.
7. Intervenes farmacolgicas: estratgias de diminuio da dor em RN.
Inicialmente, ressaltamos que o enfermeiro e a equipe de enfermagem so
os profissionais responsveis pela administrao de medicamentos, principalmente pela
via intravenosa e necessitam, portanto, de conhecimentos provenientes de diversas reas(anatomia, fisiologia, fsica, bioqumica, farmacologia, engenharia de equipamentos
hospitalares).
Alm desses, inclumos os conhecimentos fisiolgicos da criana que
mudam, significativamente, das primeiras semanas de nascimento at o primeiro ano de
vida.
Diante disso, as categorias de medicamentos utilizados para o alvio da dorso3:
Anestsicos locais (lidocana e o creme anestsico tpico lidocana e
prilocana a 5%/EMLA).
Analgsicos no opiides (paracetamol) ou drogas no esterides anti-
inflamatrias (DAINES) que proporcionam alvio da dor leve a moderada;
Analgsicos opiides que proporcionam alvio de dores moderadas eintensas (morfina, fentanila, metadona, meperidina);
Sedativos ou hipnticos que reduzem a ansiedade e provocam sono.
Analgesia: Agentes farmacolgicos que aliviam a percepo da dor sem produo
intencional de um estado sedativo. A alterao do estado mental pode ser um efeito
secundrio das medicaes administradas com esse propsito3.
8/14/2019 Tratamento Da Dor RN
21/25
20
Sedativos: so agentes farmacolgicos que diminuem a atividade, ansiedade e a
agitao do paciente, podendo levar a amnsia de eventos dolorosos ou no dolorosos,
porm no reduzem a dor. Indicados, geralmente, quando houver necessidade de
acalmar, diminuir a movimentao espontnea e induzir o sono3.
Lembramos que cada instituio possui um protocolo de analgesia e
sedao. Ele utilizado geralmente, por neonatologistas, pediatras e anestesiologistas
nos casos de procedimentos mdicos e cirrgicos. Esses protocolos auxiliam no
atendimento criana, para que ela seja medicada nas prximas 24 horas, evitando
medicamentos desnecessrios.
8. Intervenes no farmacolgicas: estratgias de diminuio da dor em RN.Os tipos de abordagem no farmacolgica da dor neonatal incluem:
Medidas Fsicas, Cognitivas maternas e ambientais.
- Diminuio da luminosidade local
- Calor local
Figura 4
- Colocar no beb-conforto, com vibrao
- Banho de imerso
- Mtodo canguru
8/14/2019 Tratamento Da Dor RN
22/25
21
Figura 5
- Suco no nutritiva (chupeta ou dedo enluvado)
- Oferecer colo (prprio ou materno)
Para a parte fsica:
Posicionamento
- Oferecer conforto
- Mudana de decbito
- Massagem local
Figura 6
- Toque teraputico
O falar com o recm-nascido
musicoterapia
8/14/2019 Tratamento Da Dor RN
23/25
22
CONSIDERAES FINAIS
Apesar de todas as medidas que vem sendo empregadas, o manejo da dor
nos recm-nascidos deve ser uma preocupao constante dos profissionais de sade que
atuam em Unidade de Terapia Intensiva Neonatal, em especial da equipe de
enfermagem que presta cuidados diretos a todo momento.
Neste sentido, acreditamos ser essencial que esses profissionais sejam
sensibilizados a formao multidisciplinar e contnuada e capacitados a fim de reduzir a
dor nos neonatos no s por meio de estratgias comportamentais e ambientais, mas quesejam estimulados a prestar uma assistncia completa, humana e de qualidade nas UTIs
neonatais. E sugerimos uma maior utilizao dos mtodos no-farmacolgicos para o
manejo da dor, pelos enfermeiros a fim de promover uma assistncia humanizada ao
cuidado neonatal. Por isso, a importncia de cursos para atualizao constante.
8/14/2019 Tratamento Da Dor RN
24/25
23
REFERNCIA BIBLIOGRFICA
1. Crescncio EP, Zanelato S, Leventhal LC.Avaliao e alvio da dor no recm-
nascido. Rev. Eletr. Enf. [Internet]. 2009;11(1):64-9.
2. Hockenberry, M.J. Fundamentos de Enfermagem Peditrica. Rio de Janeiro:
Elsevier, 2006
3. www.programaproficiencia.com.br acesso em 23/01/10
4. Elsen, I. & Patrcio, Z.M. Assistncia Criana Hospitalizada: Tipos de
Abordagem e suas Aplicaes para a Enfermagem. In: Schmitz,E.M. et al A
Enfermagem em Pediatria e Puericultura. Rio de Janeiro/So Paulo: Livraria
Atheneu, 1989.
5. Elsen,I.,Althoff,C.R.,Manfrini,G.C. Sade da famlia: desafios tericos. Fam.
Sade Desenv., Curitiba, v.3, n.2, p.89-97, jul./dez. 2001.
6. Carbajal R, Eble B, Anand KJ. Premedication for Endotracheal Intubation ofthe Neonate: What is the Evidence?
7. http://www.dor.org.br/profissionais/5_sinal_vital.asp acesso 24/01/10
8. http://pediatrics.aappublications.org/ acesso em 24/01/10
9. Grunau, RVE; Craig KD. Pain expression in neonates. Pain, 1987; 28(3): 395-
410.
10.Krechell, SM; Bildner J. CRIES: A new neonatal postoperative pain
measurement score. Initial testing of validity and reliability. Paediatr Anaesth,
1995;5:53-61.
11.Lawrence J; Alcock D; Mcgrath P. Kay J; Mcmurray SD, Dulberg CI; The
developmente of a tool to asses neonatal pain. Neonatal net 1993; 12:59-66.
12.Guinsburg R. Avaliao e tratamento da dor no recm-nascido. J Pediatr (RIOI). 1999; 75(3): 149-60.
8/14/2019 Tratamento Da Dor RN
25/25
24
13.Suraseranivongse S; Kaosaard R; Intakong P; Pornsiriprasert S, Karnchana Y;
Kaopinpruck I; A comparison of postoperative pain scales on neonates. Br I
Anaesth, 2006; 97(4) 540-4.
Top Related