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Edição Oásis

AstronAutA EdgAr MitchEll diz quE visitAs dE ExtrAtErrEstrEs são rEAis

UFO É COISA SÉRIA

VERA, O QUE ESTÁ

ACONTECENDO NO BRASIL?

OLÍMPIA ÁguAs quEntEs

AquEcEM o invErno dE turistAs

A MORTE DA INOVAÇÃO,

O FIM DO CRESCIMENTO

Economia norte-americana na curva decrescente

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por

Editor

PEllEgriniLuis

“O astrOnauta Edgar MitchEll afirMa para quEM quisEr Ouvir quE EstaMOs

sEndO pErManEntEMEntE ObsErvadOs pOr intEligências ExtratErrEstrEs, E quE a tErra dEsdE sEMprE é visitada pOr Elas”

O astronauta Edgar Mitchell, sexto homem a pisar na lua, é o tema da nossa matéria de capa. Hoje com 83 anos de idade, fundador do noetic institute, nos Estados

Unidos, ele permanece um ativo investigador em várias áreas da ciência pura, das ciências comportamentais e das assim chama-das ciências do novo paradigma holístico.Conheci Edgar Mitchell em São Paulo, em meados da década de 1980, durante um jantar em petit comitê na residência do in-dustrial luiz Villares e sua esposa Maria raquel. Foi uma chance única de estar perto e poder conversar com um dos raríssimos membros do clube daqueles que puderam visitar nosso satélite e caminhar sobre o seu solo poeirento e pedregoso.

na ocasião, o astronauta não se fez de rogado e, entre uma baforada e outra dos seus cigarros – sim, naquele tempo ele fumava – respondeu com atenção a todas as nossas perguntas. lembro-me que dois aspectos da sua experiência interessavam

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OÁSIS . Editorial

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muito a todos os presentes.

o primeiro dizia respeito à importante “mudança de estado de consciência” que ele afirma ter vivido durante e logo após a viagem à lua, quando “percebeu que não apenas a terra, mas também a lua, o Sistema Solar, a galáxia e todo o universo constituíam um imenso ser vivo”. Um ser vivo, inteligente, sen-sível e em permanente estado de evolução.

o segundo era sobre a possibilidade de ele ter visto algum sinal da presença de alienígenas ou, pelo menos, da existência de vida fora da terra. E, sim, Mitchell foi peremptório: afirmou que existe vida fora da terra e, mais que isso, vida inteligente. Mas informou que não podia tecer maiores comentários a respeito por causa dos compromissos assumidos com as autoridades do seu país.

o tempo passou e o astronauta, hoje, vai muito mais além. afirma para quem quiser ouvir que estamos sendo permanente-mente observados por inteligências extraterrestres, que a terra desde sempre é visitada por elas, e que inclusive já ocorreu pelo menos um acidente com naves alienígenas, com a morte de tripulantes. no final da matéria sobre ele escolhemos dois ví-deos, com legendas em português, onde Edgar Mitchell desen-volve o assunto sem nenhum pudor ou constrangimento. não perca.

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Astronauta Edgar Mitchell diz que visitas de

extraterrestres são reaisOÁSIS . UFologia

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lienígenas existem e suas naves são verdadeiras. Pelo menos, uma já se acidentou na Terra e foi resgatada por militares norte-americanos, que a des-montaram para conhecer seu funcionamento. É possível tam-bém que sofisticados aviões de espionagem e outros aparatos de alta tecnologia estejam fun-

cionando graças a princípios obtidos por cientistas nos destroços de naves alieníge-nas acidentadas”. Essas palavras não parti-ram de um ufólogo apaixonado, como seria de se esperar, mas do astronauta Edgar Mitchell, o sexto homem a pisar na Lua. Ele tem proferido polêmicas palestras em vá-

rias partes do mundo, defendendo a reali-dade do fenômeno UFO e sua origem não terrestre. “Sabemos que os UFOs são re-ais. São naves que vêm de fora e os gover-nos sabem disso”, declarou recentemente, numa entrevista ao repórter Eliot Klein-berg, do Palm Beach Post, de Miami.

Vários astronautas se rebelaram

Esta e outras recentes entrevistas do au-tor confirmam aquilo que já se sabia: vá-rios astronautas norte-americanos não querem mais atender às determinações da NASA para se calarem diante do que sabem sobre discos voadores e seres ex-traterrestres. Quase todos eles, tendo ope-rado nas mais variadas missões espaciais, tanto orbitais terrestres como de vôo à Lua, fizeram observações de UFOs – e al-guns tiveram contatos até mais próximos com o fenômeno. O mesmo aconteceu com os cosmonautas russos, que começaram a revelar o que sabem há bem mais tempo que seus colegas norte-americanos.

A transformação de Mitchell não é recen-te. Desde seu retorno do espaço, quando fez parte da missão Apollo 14, em feverei-ro de 1971, o astronauta já demonstrava ter adquirido o que ele próprio chama, hoje, de “uma maior consciência”. Mi

AO astronauta Edgar Mitchell, o sexto homem na lua, atesta a visita extraterrestre e acobertamento militar. Ele afirma que pelo menos um ufO já se acidentou na terra e foi resgatado por militares norte-americanos, que o desmontaram para conhecer seu funcionamento. veja os vídeosPor: EquiPE rEvista uFo

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tchell pisou na Lua no dia 05 daquele mês, sendo pi-loto do módulo lunar ao lado do comandante da mis-são, Alan Sheppard Júnior, e de Stuart Roosa. Durante o vôo espacial, segundo fontes, ele teria feito diversos experimentos de telepatia, tentando manter um diálogo mental com pesquisadores do tema, na Terra. “Temos que expandir nossos horizontes, embo-ra tal processo nos apresente mais perguntas do que respostas”, declarou ao voltar do espaço. De fato!

O recente livro de Edgar Mitchell, The Way of the Explorer: An Apollo Astronaut’s Journey Through the Material and Mystical Worlds [O Caminho do Explo-rador: A Jornada de um Astronauta da Apollo Através de Mundos Materiais e Místicos, ainda sem tradução no Brasil], despertou imensa polêmica quando foi publicado, em 1996. A obra foi conjunta com o autor Dwight Williams. Nela, Mitchell declara textualmente sua crença na multiplicidade da vida no universo. O livro contém a base da filosofia de trabalho do Ins-tituto de Ciências Noéticas (ICN), que o astronauta fundou nos Estados Unidos. Segundo ele, a inspira-ção para criar o ICN surgiu-lhe quando viu a Terra a partir de uma órbita elevada. Isso o teria conduzido no sentido de buscar respostas espirituais para os fa-tos materiais da vida.

O bom, o ruim e o feio

Ativíssimo no movimento ufológico mundial, Mitchell é uma voz que não se cala quando está em jogo a cre-dibilidade da ufologia. Em ocasião recente, ao ter seu nome usado inapropriadamente pelo ufólogo

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norte-americano Steven Greer, fundador do polêmico e combatido Disclosure Project [Projeto Abertura], fez duras críticas aos integrantes da Ufologia daque-le país que buscam respostas fáceis e notoriedade na imprensa às custas do trabalho alheio. O recado para Greer foi contundente. Mitchell, que já havia feito parte do projeto, viu seu desenvolvimento divergir da proposta inicial e não concorda que o Disclosure hoje beneficie seu fundador, em detrimento de uma con-duta lícita na ufologia. Por causa dessa atitude, o as-tronauta foi recentemente incluído na lista O Bom, o Ruim e o Feio da Ufologia Norte-Americana, que está publicada no site AQUI.

A lista – uma paródia de um filme de faroeste dos anos 60, que tinha Clint Eastwood e Lee Van Cleef no elenco – é uma iniciativa dos ufólogos dos EUA que policiam constantemente o meio, sempre denuncian-do a atuação pouco recomendável de ufólogos sem credibilidade. Apenas a título de curiosidade, entre os classificados como “bons ufólogos” estão, ao lado de Mitchell, o expert em círculos ingleses Colin Andrews, o piloto comercial James Courant, o presidente do National UFO Reporting Center (NUFOC) Peter Da-venport e o professor de psiquiatria da Universidade de Harvard John Mack. Entre os “maus” estão lista-dos Walter Andrus, ex-diretor da Mutual UFO Ne-twork (MUFON), e Derrel Sims, que alega (sem nunca ter provado) ter sido agente da CIA e especialista em implantes alienígenas. E entre os “feios” estão Mi-chael Hesemann, ex-editor da revista alemã Magazin 2000, e Bob Oechsler, conferencista.

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Despertar cósmico

Mesmo que possa ser considerada como uma forma de reconhecimento por sua atuação, a lista não en-vaideceu Edgar Mitchell. Pelo contrário, o astronauta acha que iniciativas como essa acabam por distrair a opinião pública do verdadeiro âmago da questão ufológica. E tal distração é altamente prejudicial. O fato é que Mitchell, em algum lugar do espaço side-ral, experimentou um despertar cósmico que mudou sua vida. “Passei horas olhando para fora da janela da Apollo 14”, declarou a Kleinberg, do Post. “Isso ampliou meus horizontes”. Desde então, fundou o ICN para estudar o inexplicado, escreveu seu livro e se mantém ocupado num intenso circuito de confe-rências. “Há muitas pessoas como eu, questionando, desafiando, mantendo uma mente aberta acerca do inexplicado”.

Deserto Cósmico — Edgar Mitchell fez doutorado em aeronáutica e astronáutica no Massachusetts Institu-te of Technology (MIT), em 1964. Foi capitão da Ma-rinha dos EUA durante 20 anos e teve papel decisivo na operação que resultou no salvamento da Apollo 13, avariada em órbita da Terra, em 1970. Enquanto muitos de seus companheiros dos anos 1960 perma-necem quietos quanto às experiências ufológicas que tiveram, Mitchell, hoje com 83 anos, não economiza palavras para descrever o quão importante conside-ra, para toda a humanidade, descobrir-se apenas um grão de areia num incomensurável deserto cósmico, repleto de outros grãos semelhantes, cada um uma civilização alienígena ainda por ser contatada.

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Morando numa fazenda, cuja casa, enorme, é abar-rotada de livros, esculturas, pinturas e fotografias, Mitchell tem tempo para dedicar-se a escrever mais um livro, que espera lançar no ano que vem. Seu inte-resse vai além da astronáutica e da ufologia. Em sua residência, o item que mais chama atenção, ao lado de placas e memórias da sua carreira na NASA, é uma tapeçaria curda que comprou na Turquia, em 1982, durante uma missão científica para encontrar docu-mentos e artefatos dos nestorianos, uma seita antiga cristã. O astronauta tem fascínio por história e extin-tas civilizações, e devora toda obra literária que traga informações sobre a origem do ser humano terrestre e sua trajetória cósmica. “Nossa vida não se resume a essa breve passagem pela Terra. Há mais, muito mais”, garante.

Que aconteceu em Roswell?

Nascido na época da depressão econômica dos EUA, no oeste do Texas, Mitchell cresceu numa fazenda em Artesia, Novo México. Um dia, indo para a esco-la, perto de Roswell, viu Robert Goddard lançando foguetes experimentais que ele mesmo fabricava. Go-ddard é hoje considerado o precursor dos modernos foguetes. Desde aquele tempo, Mitchell já era curioso para saber ao certo o que teria acontecido em Roswell, a modesta cidade desértica que ficou mundialmen-te conhecida, quase 20 anos depois, como o local da queda de uma nave alienígena, em junho de 1947. Ele estava num navio da Marinha dos EUA no Oceano Pacífico, em 1957, quando os soviéticos chocaram o mundo lançando o Sputnik e começando a corrida

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espacial. Decidiu então, com apenas 27 anos, engajar--se no incipiente programa espacial da NASA. “Desde aquele momento eu soube que os humanos não pode-riam estar tão atrasados que não pudessem se aven-turar pelo espaço”. E foi seguir seus instintos.Começou a voar com 13 anos e obteve sua licença de piloto aos 16. Depois da faculdade, alistou-se na Ma-rinha e atuou em missões de combate na Guerra da Coréia. Conquistou duas graduações com louvor, an-tes de entrar para o MIT, onde defendeu como tese um trabalho que simulava uma missão para Marte – em 1964. Mitchell juntou-se ao corpo de astronautas na NASA dois anos mais tarde, em 1966. Menos de 10 meses depois, três de seus colegas foram vapori-zados por uma bola de fogo que surgiu da explosão da Apollo 1, durante seu trágico lançamento. “O pro-grama espacial era um negócio arriscado e sabíamos disso. Uma pessoa não pode perder seus amigos e não ser afetado”, declarou. Mas mesmo assim não desis-tiu.

Viagem à Lua foi complicada

Apesar do acidente, o programa espacial continuou e Mitchell especializou-se na operação do módulo lu-nar, a parte mais complexa de uma viagem à Lua. Seu papel na missão consistia em desatracar o módulo do foguete, ainda em órbita de nosso satélite, e pousá-lo suavemente em sua superfície. E depois, coisa mais complicada ainda, decolar da Lua e reatracar-se no foguete, quando então volta à Terra. Mitchell estava escalado para a desastrada missão Apollo 13, mas foi preterido para a seguinte. Assim, juntou-se à equipe

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da Apollo 14 na missão que durou vários dias entre a ida à Lua, pouso e retorno, descendo no Oceano Pací-fico em 09 de fevereiro de 1971.

Como ocorreu nos dias negros após os desastres dos ônibus espaciais Columbia e Challenger, as missões à Lua da década de 70 também estavam atrasadas por causa da crise da Apollo 13. Mitchell sabia que sua responsabilidade seria tremenda, na Apollo seguinte. “Se o resultado da missão fosse qualquer coisa que não um sucesso total, a NASA teria dificuldades em readquirir a confiança do público e do governo em fa-vor do programa espacial”.

33 Horas e Meia

Ele estava certo. Mesmo com atraso, finalmente, a Apollo 14 subiu e foi exemplarmente bem sucedida. Pouco tempo depois, cortes no orçamento da agência espacial determinariam o cancelamento das missões Apollo 18, 19 e 20 – a Apollo 17 foi a última. Mitchell e Alan Sheppard passaram 33 horas e meia na Lua. Foi Sheppard quem deu uma tacada de golfe no plane-ta – a primeira jogada cósmica do esporte. Mitchell, sem que os demais tripulantes da Apollo 14 soubes-sem e seus superiores na NASA autorizassem, realizou diversos experimentos secretos de emissão e recepção telepática e outros testes de percepção extra-senso-rial.“Estava ciente de que poderia ter problemas, mas achei que devia arriscar, pelo bem da ciência”, disse. Assim, por quatro vezes, a bordo, focalizou sua mente em números, que tentou transmitir telepaticamente.

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Descobriu posteriormente que os testes deram positi-vo em 35 de 400 vezes, o que realmente não constitui uma façanha. Depois do retorno da Apollo 14, um dos participantes vazou os testes para a imprensa, mas Mitchell não sofreu represálias, pois a NASA achou um meio de capitalizar isso em seu favor.

Mas foi outra experiência que ele teve durante sua navegação de retorno à Terra que mudaria sua vida. Finalmente, em 1996, Mitchell revelou que experiên-cia foi em suas memórias, The Way of the Explorer. “O que vivenciei durante aqueles dias de viagem de volta para casa não era nada menos do que um sen-so de conectismo universal”, referindo-se ao que ele descreveu como uma religação sua com o Cosmos. “Na verdade, senti um êxtase de unidade com o espa-ço”. Mitchell escreveu que nossa ação como viajantes espaciais e a existência do próprio universo não era acidental, mas que havia uma lógica inteligente por trás disso. “Percebi que o universo é, de algum modo, consciente”. Um ano e meio depois, em 1972, Mitchell deixou a NASA e a Marinha. O programa da Apollo havia terminado, o Space Shuttle o substituiria dali uma década e ele decidiu que mudaria radicalmente sua vida, colocando em prática aquilo que o impulsio-nava.

Vivências Extra-Sensoriais

Começou a pesquisar literatura mística, incluindo re-ligiões hindus e budistas, e acabou conseguindo vívi-das experiências transcendentais. Entre elas, a sama-dhi, palavra que em sânscrito descreve uma espé

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cie de estado de consciência e unidade total. Mitchell garante que todas as formas de religiões tradicionais têm fortes conteúdos que podem levar o indivíduo a ter vivências extra-sensoriais, como a clarividência, por exemplo, e outros feitos supostamente sobrenatu-rais. “Mas eles não têm nada de extraordinário e estão dentro da capacidade de todas as pessoas. A maioria das experiências denominadas místicas e espirituais são parte das propriedades de todo organismo vivo”. Assim, em janeiro de 1973, vendo a necessidade de ampliar a difusão que já vinha fazendo de tais concei-tos, fundou o Instituto de Ciências Noéticas [Mente em grego].

A entidade não tem fins lucrativos e elenca cientis-tas, filósofos e estudantes religiosos. O ICN investiga os eventos psíquicos e espirituais com fundamenta-ção científica avançada. Mitchell atua na organização como consultor e preside seu conselho de adminis-tração. Sua meta é levar os conceitos que expõe para fora do reino da ficção ou da aberração e trazê-los para a perspectiva científica. Ele também atua como consultor da entidade baseada em Las Vegas National Institute for the Discovery of Science [Instituto Na-cional para a Descoberta da Ciência, NIDS], fundado pelo milionário do ramo hoteleiro Bob Bigelow, um aficcionado por Ufologia e astronáutica que pretende lançar o primeiro hotel especial [O NIDS é a entida-de que adquiriu a fazenda no Estado de Utah onde os fenômenos descritos em artigo dessa edição são inves-tigados. Veja o texto de George Knapp].

Até mesmo quando Edgar Mitchell busca paz interior,

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sua vida pessoal nem sempre é tão calma quanto gos-taria. Enfrentou divórcios e processos de paternidade impetrados por suas ex-namoradas. Mas nada disso o afastou de seu caminho. Mudando-se para Palm Be-ach, na Flórida, ainda em 1972, Mitchell fez amizade com G. Pope, então editor do The National Enquirer, e fundou jornais tablóides em Lantana, no mesmo Es-tado. O trabalho de Mitchell no Enquirer era coorde-nar, com suas conexões no mundo psíquico, trabalhos que pudessem trazer esclarecimento sobre a paranor-malidade. Ufologia viria em seguida. Hoje, Mitchell vive de sua aposentadoria da Marinha, dos royalties do seu livro e de suas conferências. Ele diz que o que o incomoda é que, durante os últimos 3.000 anos, temos nos perguntado quem somos, como chegamos aqui e para onde vamos? “E se não agirmos rápido numa tentativa de conhecer nossos visitantes, conti-nuaremos com as mesmas indagações por muito mais tempo”.

O que Edgar Mitchell fala sobre...

A Challenger e o Colúmbia “Durante os últimos 20 anos, a NASA estabeleceu dias de trabalho para as missões espaciais. Isso é im-portante, mas não excitante. Levou à construção ace-lerada da Estação Espacial Internacional, mas tirou o brilho que havia na conquista do espaço. Entretanto, agora, está recuperando isso com novas missões a Marte e projetos de futuras missões tripuladas para explorar a Lua e o Planeta Vermelho”.

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Nasa antes e agora “Quando trabalhei na agência, do começo dos anos 1960 até meados da década seguinte, havia mais ex-citação, mais sensação de aventura. Nossas equipes eram mais dedicadas, unidas e motivadas. Tal moti-vação durou até o programa Apollo e hoje já não é tão intensa. De qualquer forma, não estávamos cientifica-mente prontos, naquela época, para ir mais fundo no espaço”.

Missão tripulada a Marte

“A recente proposta do presidente George W. Bush, de enviar uma missão a Marte, me surpreendeu imensa-mente. Pode ser apenas um golpe de marketing dele, mas estou seguro de que um dia teremos mesmo que ir até lá. Isso acontecerá no devido tempo, é claro. Sem atropelo. Pessoalmente, acho que é apenas um blefe de Bush em ano de eleição, mas não quero dimi-nuir a importância de se ir para a Lua e a Marte. Isso será algo muito sério e o faremos, cedo ou tarde. Mas duas coisas são fundamentais para tanto: um bom orçamento e muita cooperação internacional. E não estamos próximos de nenhuma delas”.

Vida em outros planetas

“É uma irracionalidade acreditar que a Terra seja o único lugar no Universo a abrigar vida inteligente. Não creio que haja vida em qualquer ponto do Siste-ma Solar, pelo menos no presente momento. Sabemos bastante sobre esses planetas para dizermos isso. Po

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rém, não sabemos se eles tiveram algum tipo de vida no passado. De qualquer forma, noutros sistemas es-telares, a vida inteligente é óbvia”.

Aliens que visitam a Terra

“Não tive nenhum contato frente-a-frente com ETs, mas estou convencido de que muita gente em nosso mundo tem tido. E essas pessoas não estão mentin-do. Não creio que nossos visitantes sejam hostis e o fantástico número de pessoas que alegam ter sido seqüestradas por alienígenas confirma isso. Mas o grande público ainda ignora o que está acontecendo, o que é da maior gravidade. Não se pode negar que alienígenas estejam nos visitando e coletando amos-tras terrestres para pesquisa”.

Acobertamento ufológico

“Nós estamos sendo enganados e a verdade está sen-do encoberta. Mas isso mudará rapidamente. Há 50 anos essa política de sigilo aos UFOs tinha uma razão militar e estratégica. Agora, não. Tal jogo governa-mental é pantanoso, sujo e burocrático. Isso tem que ser acabado e será. Os ufólogos não se calam e têm a seu favor o fato de que o Fenômeno UFO está em constante evolução, inquieto, aumentando a cada dia. Não se pode mais tapar o Sol com a peneira. No en-tanto, a revelação da verdade deve ser gradativa, se-não sacudirá e abalará nossos alicerces.

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Quedas de UFOs

“Elas já aconteceram mais de uma vez. As naves aci-dentadas foram levadas para a Área 51, uma base mi-litar secreta no Deserto do Nevada. Lá os cientistas estudam os discos voadores resgatados e, em ocasiões em que havia tripulações vivas, estas foram tratadas. Quando foram encontradas mortas, seus corpos foram examinados por especialistas. Isso tudo me foi dito por gente “de dentro”, de confiança, mas não posso revelar seus nomes. Um caso notório é a queda de Roswell, em 1947. Fui informado de que alguns aliení-genas foram encontrados ainda com vida”.

Origem da vida na Terra

“Há muitas contradições e teorias confusas no meio, sobre esse assunto. Desde Erich Von Daniken temos visto autores defenderem que temos ligação com ci-vilizações extraterrestres. Muitos livros descrevem passagens bíblicas e histórias de povos ancestrais que teriam recebido visitas de alienígenas. Seria uma lou-cura? Creio que não. Há algo de verdadeiro nisso. O gênero humano teria sido criado geneticamente por outras civilizações ou por visitantes de outros plane-tas? Pode ser, mas ainda não vi validação para essa teoria. Pelo menos até agora”.

Vídeo: O Destino da Terra / Out of the blue

Video: Entrevista de Edgar Mitchell: Traduzida em português pelo portal Mundo Invisível, é uma das entrevistas mais bombásticas dos últimos tempos

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VERA, O QUE ESTÁ ACONTECENDO

NO BRASIL?OÁSIS . análiSE 20/55

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pergunta foi feita pelo italia-no Giuliano Ubaldi a sua ami-ga paulistana, a despachante Vera Boni. Ambos pertencem à classe média de seus respec-tivos países. A pergunta de Giuliano sinaliza a curiosida-de e o interesse que as recen-tes manifestações de protesto massivo no Brasil despertam nos estrangeiros. A resposta que lhe foi enviada por Vera é bom exemplo da visão e dos

sentimentos que boa parte da nossa po-pulação tem de certos aspectos difíceis da nossa realidade atual.

Para completar, Vera anexou em sua mensagem para Giuliano o texto com-pleto de um artigo do pensador portu-guês Boaventura de Sousa Santos (*), um dos mais importantes sociólogos e catedráticos de economia contempo-râneos, sobre a guinada histórica que ocorre no Brasil nos dias de hoje.

Em meio à enxurrada de comentaristas brasileiros que escrevem na tentativa de entender e explicar os fatos, vale a pena nos debruçarmos sobre os pontos de vis-ta de uma brasileira filha do povo e de um português membro da mais alta elite intelectual europeia.

Giuliano quer saber das coisas

“Bom dia, Vera. O que está acontecen-do no Brasil? Aqui em Roma só chegam notícias fragmentárias e distorcidas. Passaram na TV o discurso de Dilma, no qual ela procura tranquilizar o público e a opinião pública mundial dizendo que o dinheiro para a Copa não sairá do bol-so do povo, mas sim das multinacionais patrocinadoras do evento. Será verdade? Na Itália, hoje, uma declaração do gêne-ro, feita por qualquer político, seria con-siderada uma mentira e ninguém acredi-taria nela... Pode me explicar melhor

A

propomos uma pergunta, uma resposta, os comentários de um grande cientista social português. todos eles são textos autênticos formulados por pessoas reais. Os três juntos desenham um painel multifacetado do que acontece no novo brasil do povo nas ruas e das manifestações nacionais de protesto

PErgunta dE: giuliano ubaldirEsPosta dE: vEra boniartigo dE: boavEntura dE sousa santos

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o que vocês estão vivendo? Tentei entender algo a partir do noticiário da mídia brasileira, mas tudo me parece contraditório e distorcido pelos interes-ses grupais e partidários dos diferentes órgãos da imprensa... Um grande abraço aqui de Roma, Giu-liano.”

Vera responde:“Caro Giuliano: essas manifestações que paralisa-ram o Brasil nas últimas duas semanas constituem uma surpresa para todos. Os políticos não as es-peravam, e nós, brasileiros, também não. O povo brasileiro sempre foi considerado um povo pacífico, que aceita tudo sem se lamentar de nada. Não existe um único fato específico como justifi-cativa, mas sim um somatório de fatos diversos: a corrupção do governo, serviços públicos de baixa qualidade, falta de segurança, impunidade de cri-minosos e políticos, hospitais públicos abarrotados, sem médicos nem equipamentos, ensino de baixa qualidade, professores com salários baixíssimos, escolas públicas abandonadas, um verdadeiro caos, políticos ignorantes e absolutamente desprepara-dos investidos de altos cargos, como é o caso de um tal deputado Feliciano que assumiu a presidência da Comissão de Direitos Humanos e resolveu lançar uma campanha a favor, veja só, da “cura gay”. Como se não tivéssemos centenas de problemas re-ais para resolver... Sem falar nas despesas absurdas para a Copa do Mundo, naturalmente com sobre-preços em todas as faturas. Tudo isso estava acon-tecendo simultaneamente, e todo o povo permane-cia em silêncio. Mas agora, por sorte, o Brasil

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tomou consciência e começou a gritar. Na minha opinião, tudo começou no ano passado, no mês de agosto, quando a Suprema Corte, máxima entidade jurídica do Brasil, deu início ao processo de 38 réus que ficou conhecido como “Escândalo do Mensalão”. Por esse nome entende-se o regime mais audacioso e escandaloso de apropriação indébita do erário público da história do Brasil.

O Mensalão notabilizou-se não apenas pela compra de votos de parlamentares, mas também pela va-riedade das pessoas envolvidas, políticos dos mais diversos partidos e colorações ideológicas, empre-sas brasileiras, bancos, multinacionais, empresas estrangeiras. Esse julgamento galvanizou as aten-ções da nação e se prolongou de agosto a dezembro de 2012. A população o acompanhou passo a passo, todos os dias, ao vivo e em cores pela televisão e a mídia em geral. Finalmente saiu a sentença, com a condenação de 25 dos envolvidos: do ex-ministro da Casa Civil, do ex-presidente e do ex-tesoureiro do Partido dos Trabalhadores, deputados de vários partidos, homens de negócio, banqueiros, etc, pre-sos por formação de quadrilha, corrupção e evasão fiscal. Alguns foram condenados à prisão em regime fechado, outros à prisão em regime aberto. A popu-lação festejou o êxito do processo.

Mas o tempo passou, e até agora nenhum dos con-denados foi preso. Seus advogados, alguns dos me-lhores do cenário brasileiro, inclusive um ex-mi-nistro da Justiça, apresentam recursos, pedem um novo processo, falam de embargos e violações.

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Utilizam manobras e termos legais que a população não conhece e não compreende. Dois dos conde-nados assumiram cargos de deputado na Câmera, outros fazem parte da própria Comissão de Justiça e Cidadania dessa mesma Câmera! O cinismo dessa gente é um deboche e uma ofensa a todos os cida-dãos.

Por outro lado, sobretudo a partir de janeiro 2013, uma onda de violência criminal sem precedentes começou a se manifestar, principalmente nas prin-cipais cidades brasileiras. O Brasil nunca foi um país seguro para o cidadão comum, há décadas con-vivemos com roubos, agressões, sequestros de pes-soas, etc. Mas nos últimos meses o número de cri-mes começou a crescer de modo exponencial.

Até então, os bandidos praticavam tipos mais “le-ves” de crimes. Mas agora, tudo pode acontecer. Os crimes passaram de simples furtos para o furto com assassinato violento e cruel das vítimas. Qualquer um agora pode ser morto por ter no bolso apenas R$ 10,00; uma dentista foi queimada viva por ter pouco dinheiro na conta bancária; um outro den-tista também foi queimado vivo porque tinha pouco dinheiro no bolso.

Bandos armados invadem casas e apartamentos, num processo conhecido como “arrastão”. Dezenas de restaurantes foram assaltados, seus clientes en-tregam todo o dinheiro que têm, entregam seus ce-lulares e relógios, não reagem ao assalto, e mesmo assim ao final ganham uma bala no meio da cabe

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ça. E não são bibocas de periferia, e sim alguns dos melhores restaurantes de São Paulo, os mais caros, no bairro dos Jardins, Pinheiros, Itaim, Higienópo-lis. Mulheres são estupradas no interior de ônibus e outros meios de transporte público, e até mesmo nas ruas. Algumas, depois do estupro, são brutal-mente assassinadas. E ninguém vai para a cadeira, a sensação que se tem é que a polícia deixa que tudo aconteça livremente. A população está entrando em pânico.

Não se pode sair à noite, não mais existe lugar ou hora para que essas coisas aconteçam. Em Higienó-polis, você conhece bem aquela zona, mataram um homem que era faxineiro de uma escola, obrigando--o a permanecer ajoelhado no meio da rua e depois atirando na cabeça dele. No mesmo bairro, semanas antes, uma jovem estudante de ascendência japone-sa foi morta na rua porque hesitou em dar sua mo-chila ao assaltante.

No início deste mês de junho, eu estava no Consula-do Italiano, pela manhã, na Alameda Santos, que é a primeira paralela da Avenida Paulista, quando co-meçou um tiroteio e as pessoas apavoradas procu-raram se esconder. Era um homem de negócios que, mesmo protegido pela sua escolta de seguranças, foi assaltado na saída do banco onde fora buscar dinheiro. São tantos os casos que eu teria de passar horas e horas para descrevê-los.

O que mais revolta é a impunidade: a exemplo do que acontece com os criminosos de colarinho bran

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co, agora também os criminosos comuns não são presos e podem agir a seu bel prazer. Mas que es-tímulo têm os policiais de São Paulo para arriscar suas vidas no combate efetivo ao crime? Seus salá-rios estão entre os mais baixos do país... Os oficiais da polícia que recebem os salários mais altos são os de Brasília. O terceiro melhor lugar em termos de salários para os policiais é o do Estado do Acre. Você sabe onde está o Acre? Fica na Amazônia, nos confins do Brasil com o Peru!O último fato de violência que revoltou o país foi o assassinato, durante um assalto, de uma criança boliviana de apenas cinco anos. Assustado, o meni-no chorava no colo da mãe. O ladrão, irritado com o choro, meteu-lhe uma bala na cabeça.

A verdade é que estamos todos traumatizados com essa situação de crescente insegurança. Os únicos que parecem não se dar conta disso são os nossos governantes, sobretudo o pessoal daquela Ilha da Fantasia chamada Brasília. Tenho viajado quase todo fim de semana para o interior, pois não supor-to mais ter de viver trancada dentro de casa. Tenho medo até de ir ao supermercado, que está a 200 metros da minha casa. Não vou mais a bancos. Sair e caminhar pelas ruas, só em caso de extrema ne-cessidade.

Com um aumento de 102,82% do número de pesso-as que sofrem ataques seguidos de morte, o atual governador de São Paulo ainda insiste em brandir estatísticas para provar que o índice de criminalida-de nesta cidade é o menor de todo o país. Mas ele

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não consegue explicar as razões de tanta violência. Fico a me perguntar se, a partir dos índices oficiais, a situação em outros estados como a Bahia, Alago-as, Pernambuco, Rio de Janeiro, são ainda piores.Nesse clima de violência urbana, as pessoas mor-rem nos hospitais públicos por causa da falta de médicos. O governo agora quer importar centenas, milhares de médicos de Cuba, mas vários médicos brasileiros afirmam que esses seus colegas prove-nientes de Cuba não têm formação suficiente nem para atuar como auxiliares de enfermagem. Além disso, mesmo que fossem bons médicos, nada po-dem fazer, pois no Brasil profundo não existem equipamentos, hospitais, nem medicamentos para sustentar uma ação médica. Mas o Brasil precisa ajudar Cuba...

A presidente Dilma perdoou os débitos dos países africanos. Mas esses países africanos são governa-dos por ditadores sanguinários... O governo finan-cia, com juros de 3% ao ano, os magnatas que dese-jam trocar seus jatos privados...As despesas para a Copa do Mundo no Brasil já es-tão na casa dos 30 bilhões de dólares. Só para dar uma ideia do excesso, a África do Sul gastou 7,7 bi-lhões para fazer a sua Copa, o Japão 10,1 bilhões, a Alemanha 10,7 bilhões.

Há poucas semanas, o prefeito e o governador de São Paulo decidiram aumentar de 0,20 centavos de real as passagens do transporte público. Essa foi a gota d’água, o estopim que desencadeou as atuais manifestações de protesto. A polícia, totalmente

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despreparada para enfrentar situações do gênero, reagiu com truculência em várias ocasiões, repri-mindo com gases de efeito moral e balas de borra-cha uma manifestação que era, no geral, pacífica e legítima. Foi o que bastou para que o protesto in-cendiasse o país inteiro. Os manifestantes tomaram as ruas, cercaram o Congresso, vandalizaram edi-fícios do governo. Foi uma verdadeira guerra civil urbana.

Nas últimas semanas os manifestantes fecharam vá-rias estradas e vias de acesso a São Paulo. Eu estava viajando para Ilhabela, mas tive de regressar, pois as estradas estavam fechadas. Fecharam também o acesso aos aeroportos, tentaram invadir nosso maior aeroporto, Guarulhos.

A quase totalidade da população brasileira é a favor das manifestações. Infelizmente, no meio dos mani-festantes pacíficos, surge uma minoria não superior a 1% que depreda edifícios públicos e privados, põe fogo em autos, saqueiam lojas. O que ou quem esta-rá por trás deles? A quem interessa que esse mega movimento nacional de protesto seja visto e inter-pretado como uma iniciativa de vândalos e bandi-dos? Esta é uma pergunta que ainda não encontrou resposta.

Após a primeira semana de manifestações, prefeito e governador voltaram atrás e anularam o aumento das tarifas do transporte público. Tarde demais. As pessoas agora saem às ruas, nas pequenas, médias e grandes cidades, protestando contra outras mazelas

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e desmandos: os gastos absurdos da Copa do Mun-do, da Copa das Confederações, etc.A presidente e os demais governantes não sabem exatamente o que dizer ou que fazer, e agora ten-tam absorver os protestos como sendo coisa de sua própria iniciativa... Parecem aterrorizados. Vêem um povo que não conhecem... capaz de paralisar o país por tempo indeterminado. A melhor resposta que conseguiram dar ao clamor das ruas foi propor um plebiscito nacional para uma reforma política – uma reivindicação que não estava na pauta dos que manifestaram em protesto. Mas... um plebiscito po-lítico para um povo que no geral não tem quase ne-nhuma educação política? Isso está me cheirando a golpe.

Veremos o que acontecerá... Speriamo bene...Beijos, VeraP.S. – Aproveito para anexar cópia de um excelente artigo do sociólogo português Boaventura de Sou-sa Santos sobre a situação brasileira, escrito para o jornal inglês The Guardian. É muito elucidativo e sei que foi traduzido para muitas outras línguas e publicado em vários países.

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O preço do progressoEnquanto perante as recentes manifestações na Turquia foi imediata a leitura sobre as “duas Tur-quias”, no caso do Brasil foi mais difícil reconhecer a existência de “dois Brasis”. Mas ela aí está aos olhos de todos. A dificuldade em reconhecê-la resi-de na própria natureza do “outro Brasil”, um Bra-sil furtivo a análises simplistas

Por: Boaventura de Sousa Santos (*)

Com a eleição da Presidente Dilma Rousseff, o Bra-sil quis acelerar o passo para se tornar uma po-tência global. Muitas das iniciativas nesse sentido vinham de trás mas tiveram um novo impulso: Con-ferência da ONU sobre o Meio Ambiente, Rio +20, em 2012, Campeonato do Mundo de Futebol em 2014, Jogos Olímpicos em 2016, luta por lugar per-manente no Conselho de Segurança da ONU, papel ativo no crescente protagonismo das “economias emergentes”, os BRICS (Brasil, Rússia, Índia, Chi-na e África do Sul), nomeação de José Graziano da Silva para Diretor-Geral da Organização da Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), em 2012, e de Roberto Azevedo para Diretor-Geral Or-ganização Mundial de Comércio, a partir de 2013, uma política agressiva de exploração dos recursos naturais, tanto no Brasil como em África, nomea-damente em Moçambique, favorecimento da grande agricultura industrial sobretudo para a produção de soja, agro-combustíveis e a criação de gado.

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Beneficiando-se de uma boa imagem pública inter-nacional granjeada pelo Presidente Lula e as suas políticas de inclusão social, este Brasil desenvolvi-mentista impôs-se ao mundo como uma potência de tipo novo, benévola e inclusiva. Não podia, pois, ser maior a surpresa internacional perante as ma-nifestações que na última semana levaram para a rua centenas de milhares de pessoas nas principais cidades do país. Enquanto perante as recentes ma-nifestações na Turquia foi imediata a leitura sobre as “duas Turquias”, no caso do Brasil foi mais difícil reconhecer a existência de “dois Brasis”. Mas ela aí está aos olhos de todos. A dificuldade em reconhe-cê-la reside na própria natureza do “outro Brasil”, um Brasil furtivo a análises simplistas. Esse Brasil é feito de três narrativas e temporalidades.

A primeira é a narrativa da exclusão social (um dos países mais desiguais do mundo), das oligarquias latifundiárias, do caciquismo violento, de elites políticas restritas e racistas, uma narrativa que re-monta à colônia e se tem reproduzido sobre formas sempre mutantes até hoje. A segunda narrativa é a da reivindicação da democracia participativa que remonta aos últimos 25 anos e teve os seus pontos mais altos no processo constituinte que conduziu à Constituição de 1988, nos orçamentos participa-tivos sobre políticas urbanas em centenas de mu-nicípios, no impeachment do Presidente Collor de Mello em 1992, na criação de conselhos de cidadãos nas principais áreas de políticas públicas especial-mente na saúde e educação aos diferentes níveis da

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ação estatal (municipal, estadual e federal).

A terceira narrativa tem apenas dez anos de idade e diz respeito às vastas políticas de inclusão social adotadas pelo Presidente Lula da Silva a partir de 2003 e que levaram a uma significativa redução da pobreza, à criação de uma classe média com elevado pendor consumista, ao reconhecimento da discri-minação racial contra a população afrodescendente e indígena e às políticas de ação afirmativa e à am-pliação do reconhecimento de territórios de qui-lombolas e indígenas.

O que aconteceu desde que a Presidente Dilma as-sumiu funções foi a desaceleração ou mesmo estan-camento das duas últimas narrativas. E como em política não há vazio, o espaço que elas foram dei-xando de baldio foi sendo aproveitado pela primeira e mais antiga narrativa que ganhou novo vigor sob as novas roupagens do desenvolvimento capitalista a todo o custo, e as novas (e velhas) formas de cor-rupção. As formas de democracia participativa fo-ram cooptadas, neutralizadas no domínio das gran-des infraestruturas e megaprojetos e deixaram de motivar as gerações mais novas, órfãs de vida fami-liar e comunitária integradora, deslumbradas pelo novo consumismo ou obcecadas pelo desejo dele.

As políticas de inclusão social esgotaram-se e dei-xaram de corresponder às expectativas de quem se sentia merecedor de mais e melhor. A qualidade de vida urbana piorou em nome dos eventos de prestí-gio internacional que absorveram os investimen-

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tos que deviam melhorar transportes, educação e serviços públicos em geral. O racismo mostrou a sua persistência no tecido social e nas forças poli-ciais. Aumentou o assassinato de líderes indígenas e camponeses, demonizados pelo poder político como “obstáculos ao desenvolvimento” apenas por lutarem pelas suas terras e modos de vida, contra o agronegócio e os megaprojetos de mineração e hi-drelétricos (como a barragem de Belo Monte, desti-nada a fornecer energia barata à indústria extrati-va).

A Presidente Dilma foi o termômetro dessa mudan-ça insidiosa. Assumiu uma atitude de indisfarçável hostilidade aos movimentos sociais e aos povos in-dígenas, uma mudança drástica em relação ao seu antecessor. Lutou contra a corrupção mas deixou para os parceiros políticos mais conservadores as agendas que considerou menos importantes. Foi assim que a Comissão de Direitos Humanos, histo-ricamente comprometida com os direitos das mino-rias, foi entregue a um pastor evangélico homofó-bico e promove uma proposta legislativa conhecida como “cura gay”. As manifestações revelam que, longe de ter sido o país que acordou, foi a Presiden-te quem acordou.

Com os olhos postos na experiência internacional e também nas eleições presidenciais de 2014, a Presi-dente Dilma tornou claro que as respostas repressi-vas só tornam mais agudos os conflitos e isolam os governos. No mesmo sentido, os presidentes de câ-mara de nove cidades capitais já decidiram baixar

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o preço dos transportes. É apenas um começo. Para ele ser consistente é necessário que as duas narrati-vas (democracia participativa e inclusão social in-tercultural) retomem o dinamismo que já tiveram. Se assim for, o Brasil estará a mostrar ao mundo que só merece a pena pagar o preço do progresso, aprofundando a democracia, redistribuindo a rique-za criada e reconhecendo a diferença cultural e po-lítica daqueles para quem progresso sem dignidade é retrocesso.

(*) Boaventura de Sousa Santos é sociólogo e pro-fessor catedrático da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra (Portugal). É Professor Catedrático Jubilado da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra e Distinguished Legal Scholar da Faculdade de Direito da Universidade de Wisconsin-Madison e Global Legal Scholar da Universidade de Warwick. É igualmente Diretor do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra; Coordenador Científico do Observatório Permanente da Justiça Portuguesa.

Dirige atualmente o projeto de investigação ALICE - Espelhos estranhos, lições imprevistas: definindo para a Europa um novo modo de partilhar as ex-periências do mundo, um projeto financiado pelo Conselho Europeu de Investigação (ERC), um dos mais prestigiados e competitivos financiamentos in-ternacionais para a investigação científica de exce-lência em espaço europeu.

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OLÍMPIAÁguas quentes aquecem o inverno de turistas

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s férias do meio do ano chega-ram e é tempo de aproveitar os merecidos dias de descanso. As agências de viagens disponibi-lizam aos turistas dezenas de roteiros, mas um deles ainda é pouco conhecido: Olímpia, na região noroeste de São Paulo. Distante 450 quilômetros da capital paulista, o município atrai em apenas um fim de se-mana de cinco mil a oito mil pessoas, recebendo 1,5 milhão

de turistas por ano. O principal responsável por essa façanha chama-se Parque Thermas dos Laranjais. É graças a este que é um dos maiores complexos aquáticos do Brasil que

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praias do nordeste? serras regadas a vinho e calóricas refeições? nada disso! fuja dos clássicos roteiros oferecidos pelas agências de viagens nas férias de julho e vá conhecer Olímpia. com clima quente, mesmo nesta época do ano, o município paulista abriga o thermas dos laranjais, um parque aquático com dezenas de atrações de águas minerais quentinhas. Por: Fabíola Musarra

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a cidade hoje é um dos principais polos turísticos do Es-tado de São Paulo.

Como Olímpia, o Thermas dos Laranjais foi erguido so-bre o Aquífero Guarani, um dos maiores mananciais de água termal do mundo. De fonte mineral, naturalmente aquecida pelas rochas submersas a mais de mil metros, o parque vem ganhando fama pela diversão que ofe-rece: pelos seus 260 mil m2 estão espalhadas 54 atra-ções, desde as mais de 30 diferentes piscinas com águas quentinhas, como a de ressurgência (não afunda), a de surfe e as com ondas, até os toboáguas e o rio com cor-renteza, passando ainda por um clube infantil. Todas as atrações têm água com temperatura entre 26°C e 38ºC. Com caprichado projeto paisagístico, o espaço abriga ainda uma área de descanso com areia branquinha, pal-meiras e redes, além de lanchonetes, restaurantes e es-tacionamento gratuito.

Criado em 1987, o parque foi idealizado e é presidido por Benito Benatti. Aos 81 anos, o dinâmico empresá-rio não mede esforços para trazer inovações ao Ther-mas dos Laranjais. Em agosto, visitará o Japão, de onde trará ideias para a criação de novas patentes – leia-se diversões aquáticas. “Hoje, temos mais de 40 patentes, atrações exclusivas que só existem aqui”, diz o presi-dente. Em médio prazo, o objetivo do empreendimento é ter 80 patentes e integrar o ranking do quinto maior parque aquático do mundo.

Alguns passos para atingir essa meta já estão sendo da-dos: a atual direção anuncia a inauguração do Rio Bra-vo e de uma montanha-russa aquática até agosto deste

ano. No local também está sendo construído um centro de eventos. Estão sendo investidos R$ 18 milhões na obra para a construção do rio. Outros R$ 280 milhões se destinam ao lançamento de um resort hotel em 2014. Situado ao lado do parque, terá 900 apartamentos, pis-cinas e playground aquático.

Os investimentos se justificam: o número de visitan-tes ao Thermas dos Laranjais tem crescido em torno de 25% por ano. “Este ano, a expectativa é que o par-que receba 1,8 milhões de turistas”, afirma Benatti. O segredo do sucesso? Não está só nas atrações, mas nas vantagens oferecidas ao turista: o ingresso dá direito a todas as atrações por um dia (nada ali é cobrado indivi-dualmente ou pelas horas de permanência). Por sua vez, o preço dos serviços, bebidas e refeições não é alto se comparado aos principais empreendimentos do gênero

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do país, além de o parque oferecer armários e estacio-namento gratuitos.

“Queremos explorar o turismo, não o turista”, resu-me Benatti. O resultado é que, mesmo no inverno, o parque é um dos mais concorridos do país. Com clima quente, mesmo nesta estação do ano, Olímpia é uma boa opção para quem quer escapar do frio, não tem muito tempo, dinheiro ou mesmo não quer viajar para os tradicionais roteiros disponibilizados pelas agên-cias de viagem no inverno.

Para quem mora na região centro-oeste, sudeste e sul do país, a cidade paulista que abriga o Thermas dos Laranjais apresenta ainda a vantagem de não ser tão distante como Aquiraz (perto de Fortaleza, no Ceará) e Rio Quente (Goiás), onde estão outros grandes par-ques aquáticos nacionais. Se optar por não viajar de carro ou de ônibus, o turista tem ainda a possibilida-de de ir de avião, desembarcando no Aeroporto de São José do Rio Preto, um município vizinho que fica a 50 km de Olímpia.

Capital nacional do folclore

Olímpia também é conhecida como Capital Nacional do Folclore, pois, desde 1965, promove todos os anos festivais de folclore. Realizado geralmente em julho, o festival é palco de apresentações de grupos brasileiros de danças típicas, desde as de tradição gaúcha até o maracatu e as amazônicas. Na cidade funciona ainda o Museu de História e do Folclore, um dos pioneiros do gênero a ser criado no Estado de São Paulo. Seu

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acervo é integrado por cerca de três mil itens, entre indumentárias e vestimentas de festas populares (Fo-lias de Reis e Moçambique são algumas delas), pintu-ras e peças de barro, bambu, palha e madeira. Do lado de fora do museu, o destaque é uma antiga locomotiva. Nos anos de 1940 a 1950, ela ligava Olím-pia ao resto do Brasil.

Se a intenção é conhecer melhor a cidade, a dica é fazer uma visita às igrejas Matriz de São João Batista e Nossa Senhora Aparecida. A primeira abriga obras em madeira do escultor espanhol Luiz Noguer e afres-cos de José Perez. Já a segunda foi restaurada e hoje exibe em suas paredes internas pinturas a óleo retra-tando cenas bíblicas. Outro ponto alto de Olímpia é o artesanato, sobretudo, o trançado-estrela, uma técni-ca resgatada dos indígenas, quando eles transforma-vam a palha do milho em estrelas que eram usadas na confecção de cestos. A técnica foi recuperada pela artesã Geralda das Neves Singha, a dona Lalá, e hoje é apreciada em bordados em almofadas, jogos ameri-canos, porta-guardanapos, caminhos de mesa, entre outras peças. Calor em pleno inverno, clima de praia no interior e tantos outros atrativos... Impossível resistir e não ir correndo conhecer. Boa viagem!

Crescimento socioeconômico

Olímpia tem uma população estimada de 55 mil ha-bitantes e uma alta taxa de alfabetização (94,4%, se-gundo o censo IBGE/2010). Com boa infraestrutura de serviços, sua economia baseia-se na agroindústria,

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além da prestação de serviços. Em apenas dez anos – de 2000 a 2010 – o PIB de Olímpia triplicou, chegan-do a R$ 1 bilhão, de acordo com dados da Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade). Situ-ada na região administrativa de Barretos, integrada por 19 municípios, Olímpia tem o terceiro maior PIB da região. Em outras palavras, o equivalente a 0,1% da soma de todas as riquezas produzidas pelo Estado de São Paulo.

SERVIÇO

Thermas dos Laranjais – Com capacidade para rece-ber 15 mil turistas por dia, o parque funciona das 9h às 20h, às segundas-feiras; e de terça a domingo, das 8h às 20h. Os ingressos podem ser adquiridos na bi-lheteria do parque e em agências de turismo. Custam R$ 46 (adultos, de segunda a sexta-feira) e R$ 60, nos fins de semana e feriados. Av. do Folclore, 1.543. Ligações gratuitas pelo (17) 3279-3500, site www.ter-mas.com.br.

O que fazer

Museu do Folclore – Rua David de Oliveira, 420, cen-tro.

Festival do Folclore – Recinto do Folclore, Av. Meni-na Moça, site: www.folcloreolimpia.com.br.

Igreja Matriz de São João Batista – Praça da Matriz, centro.

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Igreja Nossa Senhora Aparecida – Praça Nossa Se-nhora Aparecida, 183, centro.

Onde ficar

Tuti Resort – Olímpia oferece inúmeras opções de hospedagem, desde pousadas, hotéis e até hotéis fa-zendas. O Tuti Resort, porém, é o único que tem aces-so exclusivo ao Parque Thermas dos Laranjais. Seus 488 apartamentos estão equipados com tevê a cabo, wireless, frigobar e ar-condicionado. Possui piscinas aquecidas, SPA, academia de ginástica, lojas, restau-rantes e quiosques de bebidas.

*A jornalista Fabíola Musarra visitou o Parque Ther-mas dos Laranjais a convite da Assimptur – Assesso-ria de Imprensa.

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A MORTE DA INOVAÇÃO,O FIM DO CRESCIMENTOEconomia norte-americana

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obert J. Gordon é um dos mais influentes macroeconomistas do mundo. Tem escrito muito so-bre os problemas do crescimento econômico contemporâneo, apre-sentando suas sérias dúvidas quanto à capacidade das atuais inovações (que ele chama de “ter-ceira revolução industrial”) con-

seguirem alavancar a economia.

Ra economia dos Estados unidos tem se expandido freneticamente por dois séculos. Estamos assistindo ao fim do crescimento? O economista robert gordon estabelece quatro razões que explicam por que o crescimento dos Eua pode estar diminuindovídEo: tEd – idEas Worth sPrEadingtradução Para o Português: gustavo rocha. rEvisão: gislEnE KucKEr arantEs

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Tradução integral da palestra recentemente proferida por Robert Gordon

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“É assim que viajávamos no ano de 1900. Essa é uma charrete aberta. Não tem aquecimento. Não tem ar con-dicionado. Esse cavalo está puxando-a a um por cento da velocidade do som, e a estrada de terra esburacada transforma-se em lamaçal toda vez que chove. Esse é um Boeing 707. Apenas 60 anos depois, ele viaja a 80 por cento da velocidade do som, e não viajamos mais rápido hoje porque viagens aéreas supersônicas comerciais tor-naram-se um fracasso.Então, comecei a imaginar e a ponderar, seria possível que os melhores anos do crescimento econômico america-no tivessem ficado para trás? E isso leva à sugestão: talvez o crescimento econômico esteja quase acabando. Algumas das razões para isso não são realmente muito controver-sas. Há quatro correntes de vento que estão batendo na face da economia americana. São: demografia, educação, dívida e desigualdade. Eles são poderosos o bastante para cortar o crescimento pela metade. Assim, precisamos de muita inovação para equilibrar esse declínio. E aqui está o meu tema: por causa das correntes de vento, se a inovação continuar a ser tão poderosa como tem sido nos últimos 150 anos, o crescimento é cortado pela metade. Se a ino-vação for menos poderosa, as invenções menos importan-tes, coisas maravilhosas, então o crescimento será ainda mais baixo que metade da história.Bem, aqui estão oito séculos de crescimento econômico. O eixo vertical é o percentual por ano de crescimento, zero por cento ao ano, um por cento ao ano, dois por cento ao ano. A linha branca é para o Reino Unido, a seguir, os EUA. assumem como a nação líder, no ano de 1900, quan-do a linha torna-se vermelha. Vocês notarão que, nos pri-meiros quatro séculos, quase não há crescimento, apenas 0,2 por cento. Então, o crescimento fica cada vez melhor.

Atinge o pico nas décadas de 1930, 1940 e 1950 e, então, começa a desacelerar, e aqui está uma obser-vação cautelosa. O último pico para baixo na linha vermelha não é de dados reais. Essa é uma previsão que fiz seis anos atrás de que o crescimento diminui-ria para 1,3 por cento. Mas, sabem quais são os fatos reais? Sabem qual tem sido o crescimento da ren-da por pessoa nos Estados Unidos, nos últimos seis anos? Negativo.Isso conduz a uma fantasia. E se eu tentasse ajus-tar uma linha curva a esse registro histórico? Posso fazer com que a linha curva termine em qualquer ponto que eu queira, mas decidi que a encerraria em 0,2, exatamente como o crescimento do Reino Uni-do para os primeiros quatro séculos. Bom, a história que atingimos é que crescemos a 2,0 por cento ao ano por todo o período, 1891 a 2007, e, lembrem-se, tem sido um pouquinho negativo desde 2007.

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Mas, se o crescimento desacelera, em vez de dobrar nosso padrão de vida a cada geração, os americanos no futuro não podem esperar ficar duas vezes melhor que seus pais, ou mesmo um quarto melhor que seus pais. Agora vamos mudar e observar o nível de renda per capita. O eixo ver-tical agora é milhares de dólares aos preços de hoje. Vocês notarão que em 1891, acima à esquerda, estávamos mais ou menos em 5.000 dólares. Hoje estamos aproximada-mente a 44.000 dólares de produção total por indivíduo da população. Bem, e se pudéssemos atingir esse cresci-mento histórico de dois por cento nos próximos 70 anos? Bem, é uma questão de contas. Crescimento de dois por cento quadruplica seu padrão de vida em 70 anos. Isso significa que iríamos de 44.000 para 180.000. Bem, não vamos fazer isso, e o motivo são as correntes de vento.A primeira corrente de vento é a demografia. É corriquei-

ro que seu padrão de vida aumente mais rápido que a produtividade, aumente mais rápido que a produ-ção por hora, se as horas por pessoa aumentarem. E tivemos esse presente lá atrás nos anos 70 e 80 quando as mulheres entraram na força de trabalho. Mas, agora é o contrário. Agora, as horas por pessoa estão encolhendo, primeiro por causa da aposenta-doria da geração ‘baby boomer’,e segundo, porque tem havido um abandono muito significativo da for-ça de trabalho de adultos do sexo masculino, que estão na metade da distribuição educacional.A próxima corrente de vento é a educação. Temos problemas por todo nosso sistema educacional, ape-sar da Corrida para o Topo. Na faculdade, temos in-flação de custo na educação superior que achata a inflação de custos em assistência médica. Temos, na educação superior, uma dívida de estudantes de um trilhão de dólares e nossa taxa de conclusão da fa-culdade é de 15 pontos, 15 pontos percentuais abaixo do Canadá. Temos muitas dívidas. Nossa economia cresceu de 2000 a 2007 nas costas de consumidores que emprestavam maciçamente. Consumidores pa-gando aquela dívida é uma das principais razões por que nossa recuperação econômica é tão lenta hoje. E, claro, todos sabem que a dívida do governo fede-ral está crescendo como uma quota do GDP, a uma taxa muito rápida, e a única maneira de parar é uma combinação de crescimento mais rápido nos impos-tos ou crescimento mais lento em direitos, também chamados de pagamentos de transferência. E isso nos leva para menos de 1,5, que atingimos em edu-cação, para 1.3.Então temos desigualdade. Nos 15 anos antes da cri

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Tradução integral da palestra recentemente proferida por Robert Gordon

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se financeira, a taxa de crescimento de 99 por cento da base da distribuição de renda estava meio ponto mais len-ta que as médias de que falávamos antes. Todo o restante foi para o topo de um por cento. Portanto isso nos traz de volta a 0,8. E esse 0,8 é o grande desafio. Vamos crescer a 0,8? Se sim, isso vai exigir que nossas invenções sejam tão importantes quanto aquelas que ocorreram nos últi-mos 150 anos. Assim, vamos ver quais foram algumas des-sas invenções.Se você quisesse ler em 1875, à noite, você precisaria ter uma lamparina a óleo ou gasolina. Elas geravam poluição, tinham cheiro forte, eram difíceis de controlar, a luz era fraca e eram uma ameaça de incêndio. Em 1929, a luz elé-trica estava em todos os lugares.Tivemos a cidade verti-cal, a invenção do elevador. A Manhattan central tornou--se possível. E, além disso, ao mesmo tempo, ferramentas manuais foram substituídas por ferramentas elétricas e ferramentas elétricas manuais, todas movidas pela eletri-cidade.A eletricidade também foi muito útil na liberação das mulheres. As mulheres, lá pelo final do século 19, passa-vam dois dias por semana lavando roupa. Elas faziam isso numa tábua de esfregar. Então tinham que pendurar as roupas fora para secar. Tinham que trazê-las para dentro. A coisa toda levava dois dos sete dias da semana. Então tivemos a máquina de lavar elétrica. E, em 1950, elas es-tavam em todos os lugares. Mas as mulheres ainda tinham que fazer compras todos os dias, mas, não, porque a ele-tricidade trouxe-nos a geladeira elétrica.Lá pelo final do século 19, a única fonte de calor na maio-ria das casas era uma grande lareira na cozinha, que era usada para cozinhar e para aquecer. Os quartos eram frios. Eles não eram aquecidos. Mas, em 1929, com certe

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Tradução integral da palestra recentemente proferida por Robert Gordon

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za em 1950, tínhamos aquecimento central por todos os lugares.E o motor de combustão interna, que foi inventado em 1879? Na América, antes do veículo a motor, o transporte dependia inteiramente do cavalo urbano, que despejava, sem restrições, de 11 a 22 quilos de esterco nas ruas todos os dias junto com quase quatro litros de urina. Isso se tor-nava de 5 a 10 toneladas diárias por milha quadrada, nas cidades. Esses cavalos também utilizavam um quarto das terras agricultáveis americanas. Essa era a porcentagem de terra agricultável americana necessária para alimen-tar os cavalos. Claro, quando o veículo motorizado foi in-ventado, e ele se tornou quase onipresente em 1929, essa terra agricultável pôde ser usada para consumo humano e para exportação. E aqui temos uma proporção interessan-te: começando do zero, em 1900, apenas 30 anos depois,

a proporção de veículos motorizados para o número de casas, nos Estados Unidos, alcançou 90 por cen-to, em apenas 30 anos.Antes da virada do século, as mulheres tinham um outro problema. Toda a água para cozimento, lim-peza e banho tinha que ser carregada em baldes e tinas de fora para dentro.É um fato histórico que, em 1885, em média, uma dona de casa da Carolina do Norte caminhava 238 quilômetros por ano carre-gando 35 toneladas de água. Mas, em 1929, as cida-des tinham instalado encanamentos subterrâneos. Tinham instalado redes de esgoto subterrâneas, e, como consequência, um dos grandes flagelos do fi-nal do século 19,doenças relacionadas à água, como o cólera, começaram a desaparecer. E um fato sur-preendente para os otimistas da tecnologia é que, na primeira metade do século 20, a taxa de melhora da expectativa de vida foi três vezes mais rápida do que na segunda metade do século 19.Portanto, é banal que coisas não possam ser mais que 100 por cento delas mesmas. E vou apenas dar-lhe alguns exemplos. Fomos de um por cento para 90 por cento da velocidade do som. Eletrifica-ção, aquecimento central, propriedade de veículos motores,todos eles foram de zero a 100 por cento. Ambientes urbanos tornam as pessoas mais produ-tivas do que na fazenda. Fomos de 25 por cento de urbanização para 75 por cento nos primeiros anos do pós-guerra.E a revolução eletrônica? Aqui está um dos primei-ros computadores. É impressionante. O computador de grande porte foi inventado em 1942. Em 1960, tínhamos contas de telefone, extratos bancários sen

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do emitidos por computadores. Os primeiros celulares, os primeiros computadores pessoais foram inventados na década de 1970. A década de 1980 nos trouxe Bill Gates, DOS, terminais de saque para substituir caixas de banco, o escaneamento de códigos de barra diminuiu o trabalho no setor de varejo. Avançando rápido pelos anos 90, ti-vemos a revolução ‘dotcom’ e um aumento temporário no crescimento da produtividade.Mas, agora vou dar-lhes um experimento. Vocês têm que escolher a opção A ou a opção B. (Risadas) A opção A é que você fica com tudo inventado até 10 anos atrás. En-tão você tem Google, tem Amazon, tem Wikipedia, e tem água corrente e banheiros. Ou você fica com tudo inventa-do até ontem, incluindo Facebook e seu iPhone, mas tem que abrir mão, sair de casa, e carregar a água. O furacão Sandy fez com que muitas pessoas perdessem o século 20, talvez por uns dois dias, em alguns casos por mais de uma semana, eletricidade, água corrente, aquecimento, gasoli-na para os carros, e carga para os iPhones.O problema que enfrentamos é que todas essas grandes invenções, nós temos que equipará-las no futuro, e minha previsão de que não vamos equipará-las nos traz do cres-cimento original de dois por cento para 0,2, a curva capri-chosa que desenhei no início.Então aqui estamos, de volta ao cavalo e à charrete. Gos-taria de premiar com um Oscar os inventores do século 20, pessoas como Alexander Graham Bell, Thomas Edi-son, os irmãos Wright, gostaria de chamá-los todos aqui, e eles acenariam para vocês. Seu desafio é: podem igualar o que atingimos? Obrigado.”

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