UM POUCO SOBRE O NEGO BOM
Existem muitas teorias relacionadas com a origem do nome do doce
conhecido por nós como nego bom. Entretanto, vou contar-lhes uma delas que
por sua vez foi contada a mim por um antigo professor de história que tive em
Recife, Frederico Ramos, conhecido apenas como Fred.
Segundo essa teoria contada por Fred, há muito tempo, nos antigos
engenhos açucareiros de Pernambuco, era preciso de alguém para mexer o
melado do açúcar, melado este que ficava em um descomunal caldeirão
fervente. Ou seja, a pessoa ficava lá, no alto, em cima de um tablado de
madeira ou metal que ficava acima do caldeirão, e era dali que mexia o melado
utilizando de algum instrumento como uma colher de pau. Como naquela
época a mão de obra era quase que totalmente escrava, um escravo africano
era escolhido para o serviço, que não era nem de longe um dos melhores, na
verdade era um trabalho extremamente sacrificante e perigoso. Pois, ali
continha um calor terrível, e eram horas e horas de trabalho árduo mexendo o
tal melado.
Mas então vinha a tragédia! Mal alimentado, cansado, e ainda
enfrentando todo aquele calor, às vezes acidentalmente um escravo desmaiava
e caia dentro do caldeirão, e obviamente vinha a morrer tragicamente. Então,
surgiram os rumores bem pernambucanos de que o doce nego bom, que
também surgiu nessa época, era feito a partir daquele melado que,
"estragado", virava doce - o negro virava doce, o nego bom. Com o passar do
tempo, os senhores de engenho tiveram a ideia de amarrar o escravo, para que
caso este desmaiasse não viesse a cair e "estragar" o melado, que valia
fortunas na época. Ô época triste, se dava mais valor ao dinheiro que a vida
humana, apesar que as coisas não mudaram tanto, né?
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