UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
A ABORDAGEM DA FAMILÍA DO DEPENDENTE QUÍMICO ATRAVÉS DOS GRUPOS ANÔNIMOS DE AL-ANON E
NAR-ANON.
POR: JANAINA ROSAS
ORIENTADOR
Prof. Fabiane Muniz da Silva
Rio de Janeiro
2010
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
A ABORDAGEM DA FAMILÍA DO DEPENDENTE QUÍMICO ATRAVÉS DOS GRUPOS ANÔNIMOS DE AL-ANON E
NAR-ANON.
Apresentação de monografia à Universidade Candido Mendes como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Terapia de Família.
Por: JANAINA ROSAS.
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Agradecimentos
Todo trabalho por mais pessoal que seja, é fruto de um esforço em equipe.
Para a realização deste trabalho, tive a felicidade de poder contar com o esforço
desinteressado de algumas pessoas, a quem quero expressar meus sinceros
agradecimentos.
Agradeço acima de tudo a Deus, por me libertar dos meus medos e
incertezas, pelas lutas e vitórias conquistadas, e por não ter desistido de mim.
A minha filha Susan rosas, pelas inúmeras vezes, com seu olhar puro e sua
voz suave a dizer que me amava.
Por meus pais que deram a oportunidade de crescimento espiritual,
emocional e familiar.
A minha professora Fabiane, por ter sido minha orientadora no árduo
percurso da produção deste trabalho acadêmico.
Ao Al-Anon e Nar-Anon Family Grupos Hedsowa de Incieua, pela
permissão de utilizar sua literatura.
Aos serviços de informações ao público do Al-Anon e Nar-Anon no Rio de
Janeiro RJ, pela atenção e acesso a dados importantes para a finalização deste
trabalho.
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RESUMO
A oportunidade de repensarem a própria identidade profissional, bem como elaboração. Projetos e programas que vem acompanhadamente aos alcoolistas e os narcóticos. Nós Assistentes Sociais, aprendemos a perceber que o alcoolismo é um “recurso mediador”, através do qual se satisfaz uma necessidade psíquica, patologicamente instalada, que conduz a um “processo de exclusão”. Podemos observar, apesar disso, a família continuava desempenhando um papel bastante importante na vida dos alcoolistas e narcóticos, no núcleo. Verificamos que, o trabalho da equipe multidisciplinar é estruturado de maneira que cada área tenha uma única coordenação e com isso, percebemos a facilidade de trabalho da equipe. O Assistente Social do núcleo de assistência integrada ao pessoal da Marinha trabalha junto aos alcoolistas através de triagem, entrevista, filmes e palestras com objetivo de conhecer historia de cada um deles, tentando reinserí-los a sociedade. Como Assistente Social, esta questão e totalmente relevante, pois a prática profissional tem se constituído com ação investigativa e ação interventiva, na tentativa de buscar transformar o contexto das relações sociais, para que a cada dependente tenha acesso aos seus direitos e garantido a sua cidadania. Podemos perceber um avanço significativo quando os dependentes e seus familiares chegam e são assistidos pelo grupo de auto-ajuda, pois eles representam um auxílio importante no combate a “doença do dependente” e a base do grupo é o trabalho do programa dos Passos, Tradições e os Conceitos de Serviços de Alcoólicos Anônimos que vem crescendo em numero preocupante na organização militar Arsenal de Marinha. Através do estudo e acompanhamento com os familiares e os dependentes químicos em geral, observou-se mudanças no comportamento dos dependentes e dos familiares assistidos, principalmente na aceitação do fato que eles são doentes e estão doentes e as famílias trabalham junto com os profissionais na manutenção do seu cotidiano e proporciona assim, melhora na qualidade de vida desses familiares que sentem amparados e acolhidos por todos os profissionais envolvidos nesse grupo de auto-ajuda.
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Metodologia
Os grupos Al-anon e Nar-anon, se baseiam no programa dos 12 passos e
12 tradições de Alcoólicos Anônimos (AA), que foi adaptado para cada caso. O Al-
anon por exemplo adaptou o programa a sua realidade que é voltado para os
familiares de alcoólicos portanto, sua literatura e experiências só se referem aos
problemas do alcoolismo. O Nar-anon emprega o mesmo programa enfocando os
parente e amigos de pessoas com dependência em drogas, principalmente
aquelas consideradas ilegais.
O programa desses grupos anônimos esta calcado em três partes básicas,
sendo a primeira os 12 passos, a segunda as 12 tradições e a terceira parte os 12
conceitos de serviço. Além disso, outros instrumentos não menos importantes,
também fazem parte da metodologia e são utilizados tanto pelo Al-anon como o
Nar-anon: os lemas, sua literatura própria que é baseada principalmente nas
experiências pessoais de seus membros, o apadrinhamento e a oração da
serenidade.
Este conjunto de princípios são praticados e desenvolvidos, principalmente,
nas reuniões que esses grupos realizam regularmente, todos os dias da semana
em locais e horários diferentes.
Embora, a princípio, pareça haver semelhanças no programa de ambos os
grupos, verifica-se uma diferença importante que justifica a adaptação do
programa para cada grupo individualmente. Esta diferença seria que o álcool é
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legalizado na maior parte do mundo, enquanto que o uso de outras drogas é
considerado infração penal, na maior parte dos países, fazendo com que o uso e
abuso de drogas denominadas ilegais cause implicações policiais, judiciais e
situações de emergência, com muito mais freqüência e intensidade, onde medidas
para salva vidas sejam muito mais constantes. Além disso, as experiências vividas
pelos parentes ou amigos de alcoólicos de acordo com o Al-anon, possuem
características próprias, que se diferenciam do dependente de outro tipo de droga.
Dessa forma os familiares de alcoólicos (Al-anon) quando se reúnem
identificam-se por experiências vividas com alcoolistas, já os membros do Nar-
anon ao se reunirem trocam experiências do uso e abuso de outras drogas, por
seus parentes ou amigos.
Entretanto é comum nos dias atuais, o dependente químico fazer uso
combinado de álcool com outras drogas ilegais. Este fato, leva, por exemplo,
muitos familiares a freqüentarem tanto Nar-anon como AL-anon.
Na experiência desses grupos anônimos, na grande maioria das vezes, a
família ou amigo do dependente químico, quando busca a ajuda do Al-anon ou
Nar-anon, já tentou de tudo para fazer sue familiar para de se drogar ou se
alcoolizar. Geralmente este é mencionado como sendo um dos últimos recursos
tentado para lidar com os transtornos físicos e emocionais crônicos, como o caso
quase das dependências químicas.
A família nestes casos quase sempre já se encontra desestruturada e
muitas vezes em processo de desagregação.
O programa desses grupos não tem cunho religioso e sim espiritual,
conforme ressalta o Al-anon que:
“Os doze passos e tradições, ainda que espiritualmente orientados, não estão baseados em nenhum dogma religioso específico. Eles contêm não somente as filosofias das crenças judaico-cristãs e das muitas religiões orientais, mas também ensinamentos éticos, morais
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não religiosos; igualmente, a designação “Deus”, não se refere a um ser, força ou conceito particular, mas somente a Deus, como cada um de nós concebe este termo. Assim aqueles que não têm uma fé em particular ainda podem encontrar neste programa um modo de vida sereno e satisfatório, se conseguirem acreditar em algum poder maior do que eles”. (Os doze passos e as doze tradições do Al-anon, 1993, 1994, 1998 prefácio).
Sobre seu programa o Nar-anon destaca:
“O Nar-anon é um programa espiritual - isto só significa que nós aceitamos a idéia que dependemos todos de um poder superior para nos ajudar a resolver nossos problemas e atingir a paz de espírito. A crença religiosa individual de cada membro é um assunto pessoal e fazemos questão de evitar discussões sobre qualquer convicção religiosa específica.” (Grupos familiares Nar-anon, folheto: informações ao recém chegado,1997).
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 09 CAPÍTULO I _ A FAMÍLIA DO DEPENDENTE QUÍMICO 11 CAPÍTULO II _ GRUPOS FAMILIARES AL-ANON 18 CAPÍTULO III _ GRUPOS FAMILIARES NAR-ANON 20 CAPÍTULO IV _ FUNCIONALIDADES DAS REUNIÕES 22 CONCLUSÃO E DISCUSSÃO 35 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 39
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Introdução O estudo da dependência química no mundo vem apresentando, nestes últimos 10 anos, avanços expressivos que têm contribuído, sobre maneira, para o entendimento mais claro das suas conseqüências na sociedade de um modo geral. Com a evolução no campo político, econômico e social, cresceu o interesse do Brasil em torno da necessidade de se enfrentar tal questão de maneira mais efetiva, culminando na criação pelo governo federal da SENAD (Secretaria Nacional Anti-Drogas), através da medida provisória nº 1.689, e pelo decreto-lei nº 2.632 de 19/06/98, alterado pelo decreto lei nº 2.792 de 01/10/98. Esta secretaria tem a missão de integrar as atividades de prevenção e repressão ao tráfico, no uso indevido e a produção não autorizada de substâncias entorpecentes e drogas que causam dependência física psíquica, e a atividade de recuperação de dependentes evidenciando assim, a preocupação do Brasil em torno do assunto. Sendo a família a base social para compor toda a sociedade, é vital que, no caso do abuso de drogas, o núcleo social, seja tratado de forma a proporcionar ajuda a família, aos amigos ou a quem esteja envolvido emocionalmente com este problema. No Brasil, um país continental com graves problemas sociais e com uma das piores distribuições de renda do mundo (Revista Veja, 01/12/99, Mansur E 12/07/2000, Nogueira). A estrutura de tratamento tanto do usuário de drogas como da rede social, que o envolve é muito carente sem nenhuma infra-estrutura básica para o atendimento dessa população. No mundo e no Brasil, existe programa de grupos anônimos conhecidos para ajudar as famílias afetadas e envolvidas com o problema da dependência química. Um deles é o Al-anon, voltado para ajudar os familiares e amigos de alcoólicos, outro é o Nar-anon, que tem como propósito, ajudar os parentes e amigos de pessoas com problemas de abuso de drogas. O crescimento destes grupos no Brasil é bastante acentuado, tendo em vista a sua organização básica ser bastante simples: para se abrir um grupo desses, basta ter um local para reuniões e o resto, os grupos auxiliam no fornecimento de material básico e literatura, como também apoio nas primeiras reuniões.
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O problema desses grupos anônimos propicia, principalmente a família, acesso rápido, gratuito e como resultado um atendimento democrático, onde qualquer pessoa, independente de sua condição social, econômica, sexo, cor, raça, religião e escolaridade, pode ser beneficiar. A base do programa de recuperação tanto no Nar-anon como no Al-anon é formada por uma trilogia: 12 passos (adaptados de alcoólicos anônimos) para a própria recuperação do indivíduo, 12 tradições (adaptados de alcoólicos anônimos) para manter a unidade dos grupos e os 12 conceitos de serviço (adaptados de alcoólicos anônimos) para orientação e organização das suas juntas de serviço que mantém toda a estrutura funcionando. O objetivo desta pesquisa é explicar a metodologia aplicada por esses grupos anônimos na ajuda das famílias e amigos de dependentes químicos. Outro aspecto a ser mencionado diz respeito à contribuição que o Al-anon e Nar-anon tem na democratização da ajuda e apoio da família do usuário de drogas. Para a concretização dos objetivos deste trabalho foi feita revisão bibliográfica e a participação nas reuniões desses grupos anônimos.
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Capítulo I A FAMÍLIA DO DEPENDENTE QUÍMICO Para a análise da família do dependente químico utilizaremos como
referencia o psiquiatra argentino Eduardo Kalina; e seu livro Drogadição Hoje:
Indivíduo, família e sociedade (1999).
O autor situa que a família nuclear é o pilar da civilização judaico-cristã,
sendo a mediadora da cultura e instituição, ou seja, a base da sociedade, sue
tecido social primário.
Kalina, deixa claro a importância de percebermos a diferença que existe
entre a família do adicto europeu, por exemplo, que tem estruturas muito bem
definida e enquanto na América Latina, e especial no Brasil, milhares ou milhões
de pessoas não têm família, ou pertencem a famílias desestruturadas, ou então,
são substituídas por outras pessoas da sociedade que acabam ocupando seu
lugar. Apesar desta diferenças, as famílias dos dependentes químicos apresentam
os mesmos problemas estruturais.
Durante muito tempo a família deixou de ser objeto de estudo, seja pela
psiquiatria, seja pela psicanálise, pela carência de modelos teóricos e, logo,
técnicas de abordagem adequadas, afirma o autor.
A partir do trabalho psicanalítico começou-se a estudar a família do
dependente químico, ocorreram várias descobertas fundamentais a respeito de
seu potencial patogênico. Daí veio à teoria interativa fundada na teoria dos
sistemas e da compreensão da família como um sistema. Cada família possui
suas próprias crenças, valores, códigos morais, e colocam limites para que
ninguém ultrapasse os mesmos. Desta forma, a família acredita que o dependente
seja o causador do problema, o foco do não entendimento familiar. Sendo assim,
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ela reage a quem tentar rever suas relações internas e sua maneira de interagir
com seus membros.
Conforme observa Kalina, a partir de 1975 veio o enfoque sistêmico que
permitiu investigar a complexidade dos vínculos familiares e suas possibilidades
terapêuticas, com um êxito muito maior que a teoria e a técnica psicanalítica.
Passando a se pensar num sistema em que todos venham a ver com todos, onde
a comunicação tem um papel fundamental, bem como a interação dos membros
no sistema familiar, não havendo vítima nem culpado, e sim um jogo interativo.
Segundo o autor ainda, é importante que se dê condições a esta família de
promover uma redistribuição tanto do jogo de papéis como das responsabilidades
pela doença do grupo, para poder chegar à co-responsabilidade e não a
culpabilidade individual. Ele observa que a organização dos papéis nesta família
deve ser democrática para se conseguir mudanças fazendo com que cada um
assuma a responsabilidade que lhe cabe. Porém, a família mantém sempre uma
conduta defensiva para preservar todo o sistema político e de relações já citado
anteriormente, o que faz permanecer um círculo vicioso no sentido de culpar e
responsabilizar o dependente químico por tudo que ocorra nesse sistema familiar.
Em relação a conduta defensiva da família do dependente acima citada, o
psiquiatra Arthur Guerra (1999), destaca:
“Uma conduta muito freqüente dos parentes de um dependente é a de negar ou excluir qualquer possibilidade de diálogo a respeito de droga. Esta atitude provoca um distanciamento do dependente em relação à família, que aos poucos vai perdendo o contato de trocas significativas com seus pais e/ou irmãos. O dependente passa então a buscar (e encontrar) significados familiares também perdem o contato com o dependente, e cada vez mais os significados de ajuda mútua nesta família tornam-se um só: controle, vigilância, ameaças condicionadas, etc”. (Guerra, 1999, p.297)
Há consenso entre autores que a abordagem de pacientes dependentes
químicos, requer trabalho sempre junto às suas famílias e a seu meio ambiente
imediato, para só então apelar-se a outros recursos mais adequados ou eficazes.
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Ressaltam também o importante eixo de interação entre o indivíduo, a família e
a sociedade (Kalina, 1999, Guerra, 1999).
Kalina (1999) observa que a vivência com as famílias de adictos, levou-o a
constatar a existência de uma personalidade pré-aditiva e que surgem adictos de
certos grupos familiares e não de outros. Isto significa dizer que a dependência
acontece na família não pelas questões morais e éticas, especificamente, mas
apenas a soma a determinadas circunstâncias vivenciadas ao longo da vida, que
são facilitadoras e indutoras do consumo de drogas.
Como evidência que a sociedade de uma forma geral não faz
absolutamente nada para enfrentar este enorme flagelo psicossocial, assinala que:
“A maior parte dos países do mundo não fazem praticamente nada frente ao narcotráfico e a drogadição, assim como à maior parte das famílias não interessa fazer qualquer coisa pelos que consideram “os algozes”. Há uma espécie de grande pacto para deixá-los morrer, na maior parte, porque, caso contrário, teriam de fazer enormes esforços – leiam-se modificações sócio-familiares- para recuperá-los. O que equivale dizer que tão somente com recursos econômicos não se resolve o problema. E acabam preferindo aceitar sua irrecuperabilidade como destino trágico”. (Kalina,1999,p.45)
O autor ainda destaca que quando se estuda esta família, que tem uma
estrutura de casal onde se encontra um ou mais filhos dependentes, observa-se
que os papéis esposa e esposo começaram e se desenvolveram ao longo do
tempo muito mal definidos. Ou seja, paira uma mentira na definição dos papéis
não culposa nem tão pouco moralista. O homem (marido) ao inverso do papel
esperado e até desejado ao longo do processo se torna distante e ausente,
passando a mulher a ter que preencher esta lacuna.
Sobre este homem explica Kalina:
“Também se vê necessitado de estima, sua relação com os próprios pais geralmente foi conflitiva e carregada de exigências e se não o fortalecemos através do trabalho terapêutico é ele quem, via de regra, é o primeiro que tende a abandonar o tratamento. É o que escapa, ou o que nunca tem tempo, seja por ser pobre ou ter que
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trabalhar muito, seja por ser rico e também ter que “trabalhar muito”, ou por que sempre tem que “trabalhar muito”. (Kalina,1999,p.46)
Continuando:
“Em contra partida, a mulher, a mãe, é a que tem que dar, dar, e dar, quando lhe haviam prometido que iria receber a vida toda”. (Kalina,1999.p.46 e 47)
Nesse raciocínio Kalina diz seguir uma tentativa de evitar mudanças nos
papéis, entre outras elegerem-se um filho para neutralizar as demandas dessas
mudanças. Afirma que neste momento surge então, o bode expiatório: o filho
droga, instalando-se o modelo de se “fazer vista grossa”. Esse processo, uma vez
assimilando, o futuro dependente químico adotará como própria, em suas
condutas aditivas. Assim o dependente é estimulado a não ser uma pessoa
autônoma, com vida própria, mas que sua vida esta voltada para a vida de sua
mãe. Essa mãe é geralmente depressiva de forma e efetiva ou mascarada, vive
sempre necessitada de estima de fontes externas. Deste modo, a trama familiar
se dá geralmente com homens passivos, que se deixam de certa forma dominar e
mantém distância com relação às esposas, cedendo suas responsabilidades como
pai, em troca da liberdade do tempo para o trabalho, por exemplo. Essas mulheres
são mães exigentes e controladoras, que necessitam e mantém fortes relações
simbióticas com os filhos. Kalina esclarece que esse mecanismo (que se dá ao
nível inconsciente) fica claro quando se deve tomar a decisão de enviar o filho
para tratamento: o pai quase sempre deixará a decisão nas mãos da mãe.
O autor destaca uma vez mais a importância do pai nesse jogo de
interações, sendo uma constante nas famílias de todas as classes sociais a
ausência de um pai firme de identidade bem definida e que cumpra sua função
específica, ele se nega a assumir esta responsabilidade. Geralmente o não nestas
famílias é vivido como morte, com sérias dificuldades de lidarem diante de uma
negativa.
Este tipo de doutrinação,é sempre intermediado por mensagens
contraditórias: “seja um ser para mim (mãe), não seja um ser pra a
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vida”(op.cit.,p.51). O filho dependente químico desta maneira deverá ser sempre o
que a mãe deseja ou ocupar o lugar do pai, como ser grandioso, um verdadeiro
Deus. Este quadro vai sendo aprendido pelo dependente e vão sendo
desenvolvidos valores para ma vida totalmente dependente ao invés de
autônoma, isto é, ele aprende que autonomia e liberdade são ruins e submissão é
uma coisa boa.
O autor cria o conceito de “famílias psicotóxicas”, isto é, famílias em que o
modelo de recorrer aos tóxicos para enfrentar os problemas têm uma história com
significados particulares e que se apresentam com uma intensidade muito maior
que nas outras. A diferença está no modelo indutor do consumo abusivo de
drogas sintetizado na mensagem contraditória que diz: “Faca o que digo, mas
não faça o que eu faço”. (op.cit.,p.54), ou seja, a família tem um discurso mas
comporta-se de maneira diferente dele. Assim, a comunicação verbal é
completamente desqualificada, fazendo o dependente ver seus pais como
grandes mentirosos, da mesma que o dependente mente para si mesmo,
constantemente.
Destaca que se deve buscar a sinceridade no tratamento, tanto pessoal
como familiar e que os segredos de família devem ser vistos com sutileza e
cuidado. Deste modo:
“O drogadito é uma pessoa que já não crê nas palavras e fez uma regressão defensiva aos vínculos com a química ou alguém que nunca chegou a crer nas palavras, pois aprendeu uma linguagem predominante de ação e que contradizia as palavras usadas para acompanhá-lo: Faça o que eu digo, não o que eu faço.” (Kalina,1999,p.55)
Nas famílias onde aparecem os dependentes sempre está presente o
modelo aditivo de uma forma ou outra: remédios, comida, trabalho compulsivo,
etc. O autor menciona que todo dependente é um manipulador por excelência,
pois aprendeu isto em sua família. Considera que a mentira, as duplas
mensagens, a falta de confiança nas palavras, o predomínio da linguagem de
ação e manipulação (medo de dizer não), são todos fenômenos que vão
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configurando uma estrutura psicopatológica geradora de um ou de vários filhos
que têm profundo sentimento de abandono, vivências depressivas, uma grande
incapacidade para dominar a ansiedade e que na droga encontram uma ilusão de
integridade e às vezes até de identidade.
A falta de limites e as condutas impulsivas e drogativas chegam a uma
tensão insuportável levando muitas vezes a overdose e suicídio por parte do
dependente químico, e atos de insanidade pelo pai (homicídio) ou por outra
pessoa de relação direta com a estrutura familiar. O suicídio é um ato
psicótico, drogar-se também: são expressões da atividade psicótica da
personalidade, sendo que uma conduz à outra. Na maioria dos casos de suicídio
ligados a drogadiçao está a negação de vida que se exprime através de um
esvaziamento de projetos de vida.
Nesse contexto, para se enfrentar e mudar esta tragédia humana, é
necessário que haja mais cuidado e atenção, pois todo suicida é potencialmente
um criminoso, capaz de atacar outras pessoas para roubar e capaz até de matar
por necessidade de droga.
Kalina conclui sua abordagem salientando a dificuldade a abordagem
clínica nesse tipo de problema, que transcende ao mero conhecimento dessa ou
daquela técnica. Pelo contrario, requer que os terapeutas, conselheiros e todos os
envolvidos na terapêutica do grupo familiar saibam ajudar a encontrar soluções
criativas na trama familiar para evitar a solução psicótica.
Sobre esta questão observa Arthur Guerra:
“A aderência ao programa de reabilitação significa que o usuário e sua família possam buscar e usar ajuda que a comunidade oferece, como os NA, os AA, o Al-anon, a vinculação com algum credo ou prática religiosa, a reativação das relações com a família extensiva e rede social pertinente, ou mesmo o aproveitamento recursivo dos vínculos formados dentro do grupo de terapia familiar e outros contextos. Não acreditamos que os alcoolistas e dependentes de drogas possam se recuperar somente com um único tratamento.” (Guerra,199,p.301)
Destaca ainda:
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“O grupo de terapia familiar é um ponto de partida para o esclarecimento de como pedir ajuda aos problemas que surgem dentro do processo de recuperação e manutenção da abstinência ainda que o tratamento fracasse em sua tentativa de manter o dependente em abstinência, pode ser o início da recuperação para os membros da família e, dessa forma, atuar preventivamente”. (Guerra,1999,p.300)
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CAPÍTULO II
GRUPOS FAMÍLIARES AL-ANON Os grupos familiares anônimos são quase tão antigos quanto alcoólicos
anônimos (AA). Entre 1935 a 1941, anos pioneiros de AA, parentes próximos de
alcoólicos em recuperação perceberam que, para resolver seus próprios
problemas necessitavam aplicar os mesmos princípios que ajudavam seus
familiares alcoólicos. Dessa forma, os cônjuges e parentes dos membros de AA
começaram a fazer reuniões para discutir problemas que tinham e comum
(manual de serviços do Al-anon/Alateen,1999).
Segundo o manual de serviços do Al-anon/Alateen:
“Em 1951, duas pessoas de membros AA, Lois W. e Anne B., formaram um comitê com o nome de Centro de Intercâmbio para estabelecer contato com aquelas pessoas que pediam ajuda e para coordenar e prestar serviço aos 87 grupos então existentes; 56grupos responderam. Após uma pesquisa feita através de questionário, foi escolhido o nome de grupos familiares Al-anon. Foram adotados como princípios de orientação, os doze passos de AA, praticamente inalterados, mais tarde as doze tradições e bem mais tarde os doze conceitos de serviço. Nessa meta era a unidade de propósito”. (199,p.20)
Esses grupos cresceram e chamaram a atenção do público. E 1954, houve
muitos pedidos de ajuda tantos dos EUA como de outros países, surgindo a
necessidade da contratação de alguns funcionários. O centro de intercâmbio foi
constituído legalmente como uma sociedade sem fins lucrativos, registrada com o
nome: Al-anon Family Group Head Quarter, Inc.
De acordo com o manual de serviços do Al-anon/Alateen:
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“Em 1955, foi publicado o primeiro livro, Grupos familiares Al-anon, um guia para as famílias de alcoólicos. Desde então muitos livros e folhetos foram publicados. Em 1961, o Al-anon iniciou sua conferência de serviços mundiais anual, de delegados e membros do EEM (Escritório de Serviços Mundiais), para atuar como consciência de grupo do Al-anon. De 1951 a 1976, mais de 12.000 grupos nos Estados Unidos, Canadá e muitos outros países foram somados aos primeiros 56 grupos. Em 1998 existiam, mais de 31.000 grupos em todo mundo. (1999,p.21)
De acordo com o Al-anon seu início no Brasil, data de 1965 no município de
São Gonçalo, no Rio de Janeiro, todavia este grupo não prosperou, fechando
pouco tempo depois. Em dezessete de agosto de 1966. Foi fundado e registrado o
primeiro grupo com o nome de “Sapiens”, na capital de São Paulo e atividade até
hoje. Existem registrado no Brasil até 1998,1.163 grupos Al-anon e 82 grupos
Alateen. (Manual de serviços do Al-anon/Alateen,199,p.21).
O Alateen é um desdobramento do Al-non. Os adolescentes das famílias
alcoólicas também percebem que seus problemas dos adultos. Assim um rapaz de
dezessete aos e 19657, cujo pai freqüentava o AA e a mãe o Al-anon, eve
sucesso aplicando os passos e lemas de AA. Encorajado pelos pais convidou
cinco adolescentes a se juntarem a ele, para ajudarem outros adolescentes. Desta
forma surgiram os grupos Alateen, que em 1962, já eram 203 grupos registrados.
Os grupos familiares Al-anon/Alateen vêm crescendo no mundo inteiro, e
países de diferentes idiomas e são reconhecidos como um importante recurso
para as pessoas afetadas pelo alcoolismo em alguém de sua família ou amigo,
esteja o alcoólico bebendo ou não. (Manual de serviços Al-anon/Alateen,199)
O Al-anon destaca:
“Os Alateens participam de encontros, convenções e seminários do Al-
anon. Eles têm participado de todas as convenções internacionais de AA, desde
1960, e participam ativamente da estrutura do Al-anon, prestando serviço no
distrito, no comitê de área e na assembléia, como representantes de grupo e, as
vezes, como representantes de distrito e até como delegados de área. (Manual de
serviços do Al-anon/Alteen,1999,p.22)
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Capítulo III
GRUPOS FAMILIARES NAR-ANON
Os grupos familiares Nar-anon surgiram a partir de família de dependentes
químicos que perceberam que também precisavam de ajuda para lidar com seus
problemas.
Decidiram se dedicar a um programa de grupo familiar com a ajuda de
membros Al-anon baseados nos doze passos do Al-anon, que por sua vez tiveram
como base os doze passo de alcoólicos anônimos (AA). A primeira reunião
aconeceu na cidade de Studio, Califórnia, EUA. Mais tarde este grupo foi
transferido para Hollywood, Los Angeles, EUA, sem que tivesse êxito.
Em 1968 o grupo da Península de Palos Verdes, Califórnia, EUA, iniciado
por dois membros, cresceu e eles começaram a viajar para abrir outros grupos e,
desta forma, ajudar a outras pessoas que eram atingidas pelo mesmo problema.
Foi criado, logo depois, um núcleo de informações que funcionava na casa de um
dos membros.
Em 1971, foi contratado um advogado para legalizar o núcleo de
informações e pó unanimidade, concordou-se que o nome fosse “Nar-anon Family
Group Head Quarte RS,Inc”. (Manual de trabalho temporário – grupos familiares
Nar-anon,196,p.3)
Em 1982, foram financeiramente capazes de mudar para um escritório, para
atender a necessidade de um serviço mundial devido a vários pedidos de
informação de todos os Estados Unidos e de países estrangeiros. Hoje possui
centenas de grupos espalhados por todo o mundo.
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Da mesma forma que surgiu o Alateen, o Narateen também não foi
diferente, pois uma vez que seus pais freqüentavam as reuniões de Nar-anon, os
seus filhos sentiram a necessidade de terem um espaço para conversar sobre
seus problemas. Assim adolescentes então reuniram-se, surgindo o Narateen.
(Manual do trabalho temporário, grupos familiares Nar-anon,1998).
No Brasil o Nar-anon iniciou em 12 de junho de 1984, na cidade do Rio de
Janeiro, utilizando literatura Al-anon e adotaram o nome de Tox-anox.
A recuperação de um maior número de membros possibilitou o surgimento
de outros grupos, que simultaneamente, fortaleceram-se no Rio de Janeiro, Rio
Grande do Sul, São Paulo e Minas Gerais.
Em 1992 em um encontro nacional realizado do Rio de Janeiro decidiram
por unanimidade alterar a sua denominação de Tox-anox para Nar-anon. O motivo
que levou a esta mudança foi que nos EUA os familiares de dependentes de
drogas, cujo programa de recuperação estava baseado nos doze passos era o
Nar-anon, assim veio a decisão em aderir ao movimento mundial desses grupos
anônimos. Existem hoje aqui no Brasil aproximadamente 250 grupos Nar-anon
registrados enquanto que os grupos Narateen no Brasil vêm crescendo, contando
hoje com 15 grupos.
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CAPÍTULO IV
A EXPERIÊNCIA COM GRUPO DE ALCOOLISTAS E NARCÓTICOS NO ARSENAL DA MARINHA DO RIO DE
JANEIRO 4.1 A Instituição Arsenal de Marinha
A Instituição Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro (AMRJ) está desde
1778, localizada na Ilha da Cobras s/n Centro Rio. Em 1987, ganhou sua primeira
grande estruturação, consubstanciada na expedição de instruções permanentes,
na elaboração de programas sociais que proporcionam unidades a atuação dos
profissionais de Serviço Social, lotados em diversas Organizações Militares (OM)
da Marinha do Brasil (MB). Criou-se a dinâmica de distribuição do público em
(OM) assistidas, de modo a garantir proximidade geográfica, um local de
atendimento de Serviço Social a toda pessoa ligada a Marinha do Brasil. A
normatização dos procedimentos pára planejamento, supervisão e execução do
núcleo de serviços de assistência integrada ao pessoal da Marinha (N — SAIPM)
visa a adequar as diversas modalidades assistenciais prestadas jurídicas,
psicológicas, psiquiátricas, religiosas e de serviços as tendências modernas de
compreensão do homem como ser xxxxx e integrado. Em 1994, pela Diretoria
Geral Pessoa da Marinha (DGPM), e o Núcleo de Serviço de Assistência
Integrada ao Pessoal da Marinha (N. SATMP), passou-se a notar as ações da MB
no campo de Assistência Social.
Em 26 de fevereiro de 1996, por proposta do DGPM, foi recuada a Divisão
de Assistência Social da Marinha (DASM), com a missão de contribuir para o bem-
estar dos militares e civis ativos e inativos, seus dependentes e pensionistas: para
23
a consecução de seu propósito, coube-lhes, dentre outros, a tarefa de exercer o
planejamento e a supervisão técnica da filosofia de Assistente Social. O serviço de
Assistência Social da Marinha (SASM), foi convertido em órgão de execução do N
— SAIMP.
A assistência integrada foi norteada pelo parâmetro da integração, da
descentralização, da capacitação, da prevenção.
Falando melhor sobre cada um desses aspectos:
• Integração - refere-se á compreensão do usuário em sua totalidade e
se dá por meio de abordagem multi e interdisciplinar, que busca, de
forma sistemática, um apoio tangente do usuário do serviço;
• Descentralização — dá-se por meio de distribuição de cobertura dos
órgãos de execução do serviço (OES) de Assistência integrada do
pessoal, por proximidade geográfica, independente de vinculo de
subordinação militar;
• Capacitação oferece o instrumental necessário para que o usuário
desenvolva condições de lidar com as situações que lhe são
apresentadas, estimulando o seu potencial;
• Prevenção — Promover a intervenção que trabalhe com os usuários
que se tomem capazes de lidar com as situações do cotidiano.
O controle e acompanhamento do Assistente Social devem refletir a
contribuição do programa para o equilíbrio biopsico-social dos usuários nas
dimensões no trabalho, da família e da sociedade. Poderão ser utilizados como
instrumento o atendimento individual e as reuniões em grupo. A avaliação do
programa deverá indicar sua eficiência quanto às atividades realizadas, bem como
a consecução de sua finalidade. São utilizados questionários de avaliação durante
ou após as atividades, relatórios dos eventos e/ou pesquisa de opinião com os
usuários, sendo essencial o entrosamento com todos os profissionais de saúde no
24
acompanhamento dos casos indicados para tratamento. O nível da situação,
investimento de cada usuário pessoal, na busca de uma identificação, são
também, considerado nas entrevistas, em reuniões com familiares, com
profissionais da equipe, merecendo todo esse destaque especial, para nós,
quando nos voltamos para o processo de recuperação do alcoolista.
4.2 O Trabalho com Grupo Alcoolista e Narcótico
Vemos o Assistente Social atuando com esse tipo de grupo, através de
uma relação teórica e pratica e exercitando uma pratica com responsabilidade e
compromisso com o usuário, com a instituição, através de leitura de material
técnico do AMRJ, realizando entrevista, atendimento dentro e fora do grupo de
servidores civis, de seus dependentes, de militares ou seus dependentes.
O Assistente Social elabora relatórios e pareceres sociais, participação do
trabalho em grupo, vale-se da utilização de instrumental como: plano de estágio.
Supervisão individual, reuniões, diário de campo, reunião com equipe técnica.
Ajuda na construção de um caráter critico quanto à visão do alcoolismo, inclusive
ao nível da nação do próprio arsenal.
Os atendidos vão trazer situações diversas, complexas para discussão.
Todos devem ser tomados a urna reflexão sobre sua “doença”, onde juntos, ele e
o técnico irá buscar medidas de possível solução de questões subjetivas e extra
subjetivas, reconhecimento particular que torne bem mais amplo seus horizontes,
a nível de certeza, do que se pode tentar a cada atendimento para se aprimorar,
para se aperfeiçoar na luta contra o alcoolismo. A questionar sentir a compreender
melhor a analisar o que está passando com sua doença, a saber, que tudo é
possível, quando se acredita em “transformação de vida”.
Com uma pesquisa qualitativa, é possível compreender o sentido das ações
e relações humanas que envolvem o alcoolista, ou seja, um universo de
25
significados tão necessário para desenvolver a pesquisa. Com esse tipo de
pesquisa, ultrapassar-se barreiras de dados técnicos, sendo assim possível
relacionar o problema do alcoolismo e narcótico com a totalidade da vida de cada
usuário da sociedade, por exemplo.
O Serviço social operacionaliza-se por meio do atendimento, do
acompanhamento social, da avaliação social, utilizando instrumentos técnicos
específicos da profissão, e o encaminhamento para Órgão da Marinha ou
externos.
A equipe constitui-se de seis Assistentes Sociais lotados no Arsenal de
Marinha do rio de Janeiro, realizando:
• Entrevista Social — Primeiro momento para coleta de dados,
objetivo, sobre a situação social trazida pelo alcoolista, mas também
é compreendida como uma oportunidade de estreitamento da
relação usuário / profissional / instituição. Em momentos
subseqüentes, apresenta-se como “lócus” singular para a orientação
pessoal e o estabelecimento conjunto de estratégias de intervenção.
Estudo Social é um processo metodológico especifico do Serviço Social
que tem por finalidade conhecer em profundidade e de forma crítica, determinada
situação ou expressão da questão social, objetivo de intervenção profissional,
especialmente nos seus aspectos socioeconômicos e culturais. O estudo social
realizado deve ser registrado de forma sintetizada no prontuário do alcoolista, se
necessário, prontuário dc evolução que não deve ser encaminhado a outros
setores, ate por uma questão dc sigilo.
Tipo de documentação:
• Prontuário único: Todos os atendimentos realizados nos OES têm
que ser registrados em prontuário;
• Ficha Cadastro: Tem por finalidade a coleta de dados pessoais,
devendo ser preenchida por ocasião do primeiro atendimento:
26
• Folha e Evolução: Destina-se ao acompanhamento do caso e deverá
conter a intervenção do profissional envolvido, respeitando os limites
de sigilo estabelecido pela ética profissional;
• Encaminhamento: Quando a solicitação de assistência extrapolar as
atribuições do OES, o usuário é encaminhado, por meio da guia de
encaminhamento para o serviço especializado na Marinha, ou fora
dela.
Esse tipo de analise proporciona um trabalho de qualidade para os
Assistentes Sociais que fazem as entrevistas e estratégias da supervisão junto
aos estagiários. Estabelecem objetivos, elaboram ações, planejam suas
intervenções através de:
• Relatório Social — Apresenta a discussão e interpreta ao profissional
de situação ou expressão da questão social. Obs: relatório social
aborda, de forma clara os objetivos, suscita, aspectos como: a
identificação dos sujeitos envolvidos, suas solicitações, que se
destina a ação profissional seu histórico, desenvolvimento,
procedimentos utilizados, a análise técnica da situação.
• Parecer Social — Exposição e manifestação sucinta, enfocado,
objetivamente a questão ou situação social analisada. É calçado em
estudo religioso e fundamentado, que tem caráter indicativo e
conclusivo do juízo de valor estabelecido pelo profissional. O parecer
social aborda a identificação, como sujeitos, dos alcoolistas
envolvidos, as finalidades a que se destina o parecer profissional
propriamente ditam.
• Visita - Configura-se como oportunidade de aproximação com a
realidade vivida pelos sujeitos atendidos, onde o profissional procura
observar elementos que venham a contribuir para um
acompanhamento qualificado, além de estabelecer relações de
27
fortalecimento, de autonomia, de promoção e compromisso com os
usuários.
A elaboração do todos os documentos técnicos por parte do Assistente
Social é regida por princípios éticos, que guiam a escolha do que é pertinente ou
não de ser registrar do que permanecem no prontuário institucional do usuário que
são expostos a análise de terceiros.
Cabe ao Assistente Social a definição dos instrumentos e das estratégias
necessárias para realização de entrevistas, com quem e com quantas pessoas,
nível de conhecimento a que precisa ter acesso; busca de parecer de outros
profissionais e a quais documentos, ou bibliografia se devem consultar.
Portanto, é fundamental uma continua capacitação do profissional do
Serviço Social por se tratar de profissão que lida com expressões.
Questão social, especialmente ligado ao processo de exclusão que envolve
o alcoolista.
Os programas são feitos assim, através de:
Conforme preventivas:
Completa aspectos educativos visando a disseminação de questões ao
alcoolismo e de drogas ilícitas, de modo a contribuir para o fortalecimento de
“fatores de proteção”.
Treinamento e qualificação pessoal.
Ações visando a formar pessoal capacitado a desenvolver atividades de
informação, educação e prevenção.
Ações complementares
Possibilitando a permanente atualização sobre conhecimento especializado
e o acesso dos profissionais a um sistema de atualização de informações a que
alcoolismo, incentivados a formação de uma leitura especializada a disseminação
28
de informações técnicas, além da promoção da participação em eventos técnico-
científicos.
O Serviço Social é “elemento de ligação” multiplicados de informações
sobre as atividades desenvolvidas, e resposta as dúvidas sobre as mesmas,
atuando como elemento facilitador do acesso a toda a assistência integrada
proposta na instituição quando a doença do alcoolismo, de forma especial.
No AMRJ o serviço social tem conjunto de ações, instituições, para atender
necessidades sociais. Desenvolve-se uma política de atenção e de defesa, de
direitos destinada a população em situação de venerabilidade como é caso do
alcoolismo, com objetivo de superar / evitar a exclusão social de defender direitos
de cidadania, de dignidade humana.
Vai ao encontro das propostas do xxxx, onde a vigilância social se refere a
produção, sistematização de informações de indicadores e índices para a
produção, sistematização de enfrentamento de situações de vulnerabilidade e
risco pessoal e social que incidem sobre famílias envolvidas com o alcoolismo,
pessoas nos diferentes ciclos da vida (crianças, adolescentes, jovens, adultos e
idosos). Preocupa-se com o alcoolista como pessoa com redução da capacidade
pessoal, com deficiência no exercício de sua cidadania, onde lhe impossibilite á
autonomia, o respeito, a integridade, fragilizando sua existência.
A instituição trata de atividade técnica voltada para os direitos de cidadania,
pelo acesso a benefícios, mais especialmente por programas constantes e para a
auto superação do alcoolista, por meio do atendimento de necessidades, da uma
referencia orientada, de uma reflexão orientada, de uma problematização da
situação vivenciada, de forma a proporcionar a identificar de alternativas para um
enfrentamento, que também sirvam de suporte para a superação de futuras
situações adversas.
4.2.1 O compromisso Ético- Político do Serviço Social
29
O compromisso do serviço social no núcleo do serviço de assistência
integrada ao pessoal da Marinha deve ser o de garantir o acesso aos benefícios,
trabalhando com os alcoolista uma emancipação através da Cidadania. Ajudando
a identificar situações sociais e/ou problemas que possam está interferindo no
bem estar dos alcoolistas.
Para isso o profissional do serviço social tem que estar compromissado
com o projeto ético-político da profissão, ter uma identidade profissional, se ver
enquanto categoria, reconhecer a liberdade como valor ético central e estar
articulado com um projeto que objetiva uma sociedade mais justa e democrática.
Com isso os profissionais atuavam nas dimensões da questão social que
envolvia servidores civis, militares e seus dependentes, elaborando estudo social,
para emissão de parecer nas situações de pessoas doentes na família, em
processos administrativos e também em situações em que civis e militares que
eram indicados por suas chefias para que viajassem de dois a seis meses, a
serviço.
O usuário que chegava era atendido de pronto; é encaminhado a assistente
social responsável por sua área de trabalho (OES) ou a estagiários que estejam
sendo supervisionados pelo o profissional que atendia a respectiva área de
trabalho, pela própria divisão de trabalho e se necessário, à equipe
multidisciplinar, que também o atendia e fazia-se encaminhamentos para vários
setores do arsenal, como:
Assistência Religiosa, Assistência Jurídica e Assistência Psicológica.
O surgimento do serviço social da marinha foi caracterizado através de
práticas assistências e, nos dias de hoje, constata-se o amadurecimento do seu
trabalho profissional, cabendo ele através de seu metodologia e embasado nas
normais sobre assistências entregadas a marinha do Brasil de 26 de fevereiro de
30
1996 e código de ética profissional, e oportunizar espaços para atender a
necessidades sociais, norteados pelos princípios da integração, descentralização,
capacitação e prevenção, onde as atribuições privativas do assistente social
fazem assumir objetivos traçados, como resposta às questões sociais cotidianas
apresentadas.
Atribuições do assistente social, dentro da instituição:
• Prestar o atendimento do serviço social aos usuários do artigo 1.2
(contribuir para o planejamento e execução de projetos) de interesse
do N-SAPM, observando as especificações de cada área de atuação
dos OES, de modo a propiciar aos usuários a manutenção das
condições biopsicossociais; de acordo, com (p. 55);
• Prestar orientação social e encaminhar providências para as
demandas da família Naval;
• Planejar, organizar e administrar a aplicação de recursos para a
execução;
• Prestar assessoria técnica sobre matéria de serviço social desde que
não envolva assunto protegido pelo sigilo profissional;
• Participar das atividades inerentes às equipes multidisciplinares;
• Planejar executar e avaliar pesquisas que possam contribuir para a
análise da realidade social e para subsidiar ações sociais:
• Efetuar documentar estudos, utilizando instrumento e técnicas
próprios do serviço social para buscar, com participação dos demais
componentes do OES, soluções e/ou estratégias de
encaminhamento para a demanda de usuários da instituição;
• Elaborar documentação técnica do serviço social;
31
• Orientar o processo de participação dos usuários da marinha, de
forma a promover a utilização adequada dos recursos institucionais;
• Realizar estudo sócio-econômico com os usuários para fim do
processo de investigação:
• Manter atualizado o cadastro das investigações, voltadas para
Assistência social, existente na comunidade objetivando facilitar o
encaminhamento e as soluções sociais;
• Participar de reuniões e encontros referentes a assuntos específicos
de sua profissão de assistente integrado e de reciclagem
profissional;
• Contribuir para a divulgação das atividades do N-SAIPM;
• Elaborar parecer social referente aos processos de solicitação de
licença para tratamento de saúde de pessoa da família ( LTSPF)
para militares e de licença por motivo de doença em pessoa da
família(LTDPF) para servidores civis.
O serviço social aparece como profissão, que atua na realidade social por
meio de atendimento das demandas, elaboração de pesquisas e construção de
propostas que visem ao atendimento das necessidades sociais da população
usuária; como profissão inserida na divisão sócio-técnico do trabalho, de caráter
crítico e interventivo que se utiliza de instrumentos científicos multidisciplinar das
ciências humanas e sociais para análise e intervenção nas diversas manifestações
da “questão social”. Seus principais propósitos são; considerada o processo de
exclusão “que caracteriza a situação do alcoolista dentro e fora do Arsenal.
• Intervir nas relações sociais, por meio de ações de cunho sócio
educativo e de prestação de serviços, levando a xxx e ser xxx para
com sua “doença”. Para tanto, utiliza recursos institucionais,
específicos, buscando garantir o acesso a bens e serviços, contribuir
32
para a melhoria da qualidade de vida do alcoolista, apoiando-o num
processo de auto-superação frente a sua dependência.
• Constitucionalizar seu trabalho no sócio-histórico porque passa o
Arsenal da Marinha para entender ate a visão de alguns profissionais
que muitas vezes ficam “inertes’ frente á autoridade militar, com
relação ao trabalho, não se comprometendo com campo de atuação
através de programas de projetos sociais destinados aos servidores
civis e militares, ao alcoolista e narcótico, de maneira geral.
Segundo Iamamoto (1996):
A atitude do profissional, do estagiário, como foi nosso caso, tem que ser de “compromisso” .(...) O atual quadro sócio-histórico não se reduz. ao um plano de fundo que se passa, depois, discutir o trabalho profissional. Ele atravessa e conforma o cotidiano do exercido profissional do assistente social, afetando as suas condições de vida da população usuária dos serviços sócias.
Diante da realidade do trabalho profissional do serviço social, na execução
dos programas, apoiando a visão dos assistentes sociais do arsenal de marinha, o
seu agir profissional, interpretando a realidade dos programas e projetos sociais,
nunca deixando de lado a visão da totalidade social, questionando sempre, com
uma base teórica. Com relação a isto, Iamamoto (1996) afirma:
Um dos maiores desafios que um assistente social vive no presente é desenvolver sua capacidade de decifrar a realidade e construir propostas de trabalhos criativas capazes de preservar e efetuar direitos, a partir de demandas emergentes no cotidiano; enfim ser um profissional prepositivo e não executivo.
Através do questionamento constante da realidade não só da sociedade,
mas, também da sua forma de divisões de trabalho, o serviço social do arsenal de
marinha é capaz de ampliar e qualificar o seu campo, a prática percebendo a
correlação das forças existentes neste campo de ação, identificando demandas,
33
possibilidades e limites de ação e novas estratégias de ação profissional
comprometidos com o projeto ético-político do serviço social.
Foi nesse contexto que procuramos, visão crítica sobre a realidade do
alcoolista e o narcótico, tentando romper com a burocracia, com uma visão
endógena ou focalista de sua “doença” a partir do que coloca Iamamoto (1996) e
reconhecendo-nos como “profissional em formação”, buscando um caminho.
De acordo com o código de ética profissional, o serviço social, além de
atuar na execução das políticas públicas, possa ganhar condições para estar
atuando na formulação, gestão e avaliação destas políticas, como podemos
observar os princípios fundamentais que deve nortear a atuação do profissional.
São Eles:
• Reconhecimento da liberdade;
• Defesa intransigente dos Direito Humanos;
• Ampliação e condição da cidadania;
• Posicionamento em fhvor da qualidade e justiça social;
• Empenho na eliminação de todas as formas de preconceito;
• Garantir o pluralismo;
• Opção por um projeto profissional vinculado ao processo de
construção de uma nova ordem sociatõria;
• Articulação com os movimentos de outras categorias;
• Compromisso com a quantidade de serviço prestado a população;
• Exercício do serviço social sem ser discriminado.
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Cabe ao serviço social rever sua atuação no campo de assistências
integradas, objetivando o que afirma Iamamoto (1996) “o não fazer profissional”
fazer esse que requer negar toda uma base conservadora que atravessa a prática
do serviço social no núcleo de assistência; prática esta que deve ser pensada de
forma ética.
Nosso trabalho com os alcoolistas e que tivemos acessos no arsenal não
saem do nível da prestação social, mas nem por isso deixou de nos gratificar
bastante, a partir de observações realizadas no campo de estágio, onde foi
possível perceber que esse estudo teve grande relevância para a categoria
profissional dos assistentes sociais.
A pesquisa proporcionou uma maior consideração aos profissionais mais
quanto às suas discussões a respeito do assistencialismo.
35
CONCLUSÃO
Procuramos através desse trabalho, assumir uma discussão sobre o
alcoolismo e narcóticos na relação de trabalho, a centrabilidade no sofrimento por
ele causado na vida dos dependentes.
Buscamos realizar sobre o problema uma “leitura de realidade”, caracteriza
pelas contradições do ideário capitalista contemporâneo, pautadas na
impossibilidade de reestruturar as bases do processo de acumulação, sem
promover um retrocesso delineado das conquistas das classes subalternas dentre
as quais se inserem os alcoolistas, como sujeitos trabalhadores imbuídos por um
arcabouço intelectual; é rompido pela sua continua subordinação ao capital,
enfraquecidos pela doença do alcoolismo.
Origina sofrimentos para esse individuo que não tem mais prazer no seu
trabalho, que o concebe apenas como meio para sua sobrevivência. Dai emerge
mais profundamente no alcoolismo, como forma de busca desse prazer, por não
ser obtido através do trabalho, tenta se alcançá-lo pela ingestão de álcool. No
entanto, os sofrimentos do trabalhador do alcoolista, são agravados, ao invés de
amenizados.
A posição a respeito do alcoolismo, por parte da Organização Mundial de
Saúde (OMS), embora correta, para nós de toma insuficiente, se não for
complementada por um entendimento histórico social acerca do uso de álcool:
onde, como, porque é usado.
Fica impossível falarmos o que é cidadania, onde devem ser consideradas
as dimensões de caráter socioeconômico, de âmbito político, civil, social.
A cidadania implica gozo de direitos e desempenho de deveres, devendo
propiciar o desenvolvimento da sociedade, e onde os alcoolistas e narcóticos não
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podem ficar de fora, tratando-se, recuperando-se. O exercício da cidadania está
ligado a inclusão da população excluída; xxxx da sociedade “devem ser” cidadãos.
Aprendemos que a família continua desempenhando um papel bastante
importante na vida das pessoas, principalmente em relação aos alcoolistas e
narcóticos, numa linha de apoio, de troca, de recuperação. . .
Não existe, no entanto, uma “receita” para a discussão sobre dependência
de álcool e droga entre pais e filhos; esposa e marido; patrão e empregado; à
medida que estes se mostrarem interessados pelo assunto.
A família “adoece”, contaminada pela “doença” do alcoolismo e drogas
ilícitas, que vítima o usuário, que deve ser na ancorado como prioridade nos seus
princípios básicos de constituição, tendo seus direitos garantidos.
O uso e abuso do álcool e drogas no Brasil e no resto do mundo são
apontados como um dos problemas mais graves e complexos.
A dependência do álcool e das drogas provoca, em toda a sociedade,
danos de toda ordem, muitas vezes irreparáveis como no caso da perda de vidas.
Nessa pesquisa revelou que não só o alcoolista é afetado pela doença, mas
todos que estão a sua volta.
Nesse caso, a família é a mais atingida, pois se preocupa e sofre muito com
o comportamento irregular doas alcoolista, tenta controlá-lo e se envergonha com
os fatos que ocorrem. Logo os membros começam a pensar que são culpados,
“assumem” a culpa, os medos e as responsabilidades quanto à conduta do
alcoolista. Assim, se tornam “doentes”, também.
A grande maioria dessas famílias desorganiza-se, apresentando problemas
estruturais. Com a progressão da doença, a relação entre os membros fica cada
vez mais tensa e desequilibrada.
Por tudo o que lemos, o Brasil investe muito pouco no atendimento ao
alcoolista e sua família. Em 1997, o país destinou 110 milhões de reais para
37
gastos com internações, campanhas de prevenção. “No mesmo período, os
Estados Unidos investiram 16 bilhões de dólares”.
“As clinicas particulares para tratamento de alcoolistas cobram em média,
180 reais a diária, o que totaliza uma despesa mensal de mais de 5.000,00 reais.
Como as internações quase nunca duram menos de dois meses e tem de ser
acompanhado por consultas a terapeutas e psiquiatras, o custo total do tratamento
soma uma pequena fortuna da qual poucos familiares podem dispor” para a
grande maioria das famílias de alcoolistas e narcóticos, portanto, restam os
serviços gratuitos oferecidos por unidades psiquiátricas de faculdades de medicina
e os centros de saúdes de hospitais públicos, sempre lotados, ou os grupos de
familiares de mutua-ajuda AI. Anon e Nar-Anon.
Esses grupos anônimos preenchem de forma significativa, o atendimento a
essas famílias, sem condições econômicas de utilizar as clínicas particulares e
não encontram ajuda nos serviços públicos.
O AI. Anon e Nar-Anon se baseiam nos princípios fundamentais de
alcoólicos Anônimos (AA) e narcóticos Anônimos que são os doze passos, as
doze tradições e os doze conceitos de serviço.
Para que a família do alcoolista e narcótico tenha acesso ao programa de
ajuda desses grupos, é extremamente simples: basta comparecer a qualquer um
deles, espalhados pelo Brasil e pelo mundo.
Não é cobrada nenhuma taxa ou mensalidade para ser membro: esses
grupos são auto-suficientes e não recebem nenhum tipo de recurso financeiro de
fora. Sobrevivem através das próprias doações voluntárias e não obrigatórias.
Como Assistente Social, vemos essa questão como extremamente
relevante, onde a prática profissional tem que se constituir como ação interventiva
de qualidade, na tentativa de buscar mudanças na posição munida pelo alcoolista,
no contexto das relações sociais, para que cada um tenha acesso a seus direitos,
38
garantida a sua cidadania. No Arsenal de Marinha, aprendemos que isso é
possível.
Enfim, o alcoolismo e os narcóticos são uma doença que apesar de atingir
uma pequena parcela daqueles que usam, atinge toda a sociedade de uma forma
assustadora. Por todas as razões apresentadas, é indispensável da uma atenção
especial quanto a possibilidade de se proporcionarem meios de recuperação
eficazes aos doentes.
Portanto, identificar, tratar os doentes torna-se cada vez mais importante,
além disso, acompanhar auxiliar na recuperação dos mesmos e ter a oportunidade
de fazer um trabalho de prevenção da doença, enquanto profissionais de Serviço
Social.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AL-ANON. Como o Al-anon funciona para familiares e amigos. São Paulo: Lis Gráfica ______________Manual de serviço do Al-Anon e Nar-Anon. São Paulo: Lis Gráfica,1999. ______________Os doze passo e as doze tradições do Al-Anon e Nar-Anon, Brasil,1998. BLACK, EVAN(Org). Os segredos na família e na terapia familiar. Porto Alegre: artes Médicas,1994. IAMAMOTO, MARILDA e CARVALHO. Relações sociais e serviço social no Brasil. São Paulo: Cortez, 1996. KALINA, EDUARDO. Drogadicção – Indivíduo, família e sociedade. São Paulo: Francisco Alves, 1983. ______________Drogadição. Hoje: Indivíduo, família e sociedade. Porto Alegre Médicas, 1999. MANSUR, ALEXANDRE. A vez dos pobres. Revista Veja, Rio de Janeiro, dez 1999. MANSUR, J. A questão do alcoolismo. São Paulo: Brasiliense, 1984. MONTORO, ANDRÉ FRANÇA. A batalha da saúde no Brasil. São Paulo: Bandeirante S.A, 1987. TEIXEIRA, FJS. Marx e as metamorfoses do mundo do trabalho. São Paulo, 1994. SHCCUKITIN. Abuso de álcool e drogas. Porto Alegre: Artes Médicas, 1985.
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