UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
A INCLUSÃO DA CRIANÇA ESPECIAL NA ESCOLA
Por: Mônica Cristina Mendes Vaillant
Orientador
Prof. Ms. Nilson Guedes de Freitas
Rio de Janeiro
2003
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
A INCLUSÃO DA CRIANÇA ESPECIAL NA ESCOLA
Apresentação de monografia à Universidade Candido
Mendes como condição prévia para a conclusão do Curso de
Pós-Graduação “Lato Sensu” em Psicopedagogia
Por : Mônica Cristina Mendes Vaillant.
AGRADECIMENTOS
Aos que me ajudaram neste caminho de
desenvolvimento de minha monografia, como a
Profª Vera Agarez, com seu projeto “Conviver” e
o Profº Nilson Guedes, como meu Orientador.
DEDICATÓRIA
Dedico à minha mãe Marilza, que desde cedo me
ensinou a incluir, ao meu filho Gabriel, ao Daniel,
que possam viver em uma sociedade mais justa.
Ao meu marido Osmar, que ao meu lado me
ajudando e dando ânimo, não me deixou desistir.
EPÍGRAFE
Da minha aldeia vejo quanto da terra se pode ver no Universo...
Por isso a minha aldeia é tão grande como outra terra qualquer
Por que eu sou do tamanho do que vejo
E não do tamanho da minha altura...
( Fernando pessoa / Alberto Caeiro)
RESUMO
A necessidade de inclusão da criança especial na escola da rede comum; vem nos abrir um leque de observações e práticas. Primeiro é preciso entender o que é inclusão e exclusão, refletir sobre seus conceitos, levar esses conceitos à prática na educação inclusiva, entendendo o que é esse processo de inclusão na escola, estabelecendo os suportes técnicos necessários para que a inclusão seja uma prática verdadeira, observando as dificuldades diárias existentes para essa prática e as dificuldades naturais que surgem das dificuldades de aceitação das diferenças. Através da obra da jornalista Cláudia Werneck, principalmente os livros : Sociedade Inclusiva. Quem cabe no seu todos ? e Ninguém mais vai ser bonzinho na Sociedade inclusiva, podemos perceber essa crescente necessidade de inclusão e a grande responsabilidade que todos temos nesse processo. A necessidade de discutir sobre as diferenças individuais e saber que o preconceito contra os diferentes nasce na infância, porque temos que ser educados e educar para entender a diversidade como uma situação natural. Na sociedade inclusiva ninguém é bonzinho. Cada cidadão é consciente de sua responsabilidade na construção de um mundo que dê oportunidade para todos. Jovens crescerão convictos de que um relacionamento com pessoas especiais não é um favor, mas sim, uma troca .
Palavras - Chave : Exclusão. Inclusão. Integração. Educação.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 8 1. COMO ENTENDER “ INCLUSÃO “ E “ EXCLUSÃO “ ? 10 2. O QUE É EDUCAÇÃO INCLUSIVA ? 16 3. AS DIFICULDADES DE ACEITAÇÃO DAS DIFERENÇAS . 24 CONCLUSÃO 29 BIBLIOGRAFIA 31 ANEXOS 32 AVALIAÇÃO 36
INTRODUÇÃO
Para que tomemos consciência e possamos abraçar a grande realidade que é
hoje a necessidade da inclusão na escola e depois consigamos incluir, não apenas
nela, mas também em toda nossa vida e não hajam tantas injustiças e para que todos
tenham direito a INCLUSÃO, seja ela qual for; é necessário que nossa sociedade seja
trabalhada para aceitar as diferenças, para que ela possa se envolver, se imbui desse
desejo de sermos menos preconceituosos, respeitando a diversidade, sem negação
das diversas necessidades, muitas vezes especiais.
É sabido que se iniciarmos fortemente esse movimento nas escolas, todas as
crianças já inclusas (que hoje estão aprendendo e assimilando conosco o que
fazemos), serão amanhã a nossa sociedade e terão aprendido a respeitar e a aceitar às
diferença. Por que elas ocorrem na vida de todos nós.
Sempre haverá um momento em que estaremos em posição de necessidade de
inclusão : uma mudança financeira, uma mudança de conceito no Status, um acidente
que venha nos causar algum dano físico ou mental e o próprio amadurecimento e
envelhecimento, nos faz um dia necessitar desta “Inclusão”.
Vamos à partir do Capítulo 1, entender os conceitos de Inclusão e Exclusão,
percebendo que não são conceitos estanques e que são intimamente ligados. Pensar
inclusivamente implica acreditar que não apenas a pessoa com deficiência mental deve
modificar-se para participar da sociedade, mas também esta deve modificar-se para
receber, em situação de igualdade, todos os seus cidadãos.
Veremos também os conceitos de diferença, igualdade, desigualdade e
diversidade através das idéias de Hebert de Souza e Carla Rodrigues e através da
ajuda de Construindo uma Sociedade para todos de Romeu Kazumi Sassaki .
No Capítulo 2 será mostrado todo o trabalho de preparação da escola e de seu
corpo docente para receber essa criança e também os suportes técnicos necessários
às atitudes inclusivas, o envolvimento da família e como a escola torna-se inclusiva
abrindo espaços para a cooperação, o diálogo, a solidariedade, a criatividade e o
espírito crítico, pois são habilidades mínimas para o exercício da verdadeira cidadania.
A Educação Inclusiva será elucidado através da declaração de Salamanca sobre
os princípios, política e prática na educação especial, que é o primeiro documento
internacional que aborda extensamente o conceito de inclusão e obteremos também
maiores dados dessa preparação escolar através da ajuda de algumas traduções de
Romeu Kazumi Sassaki.
O Capítulo 3 trás as dificuldades de aceitação das diferenças, o processo de
inclusão e o estreitamento entre os direitos à igualdade e à diferença, nos mostra que a
inclusão sempre nos fará pensar no mundo em que vivemos e em como desejamos que
seja este mundo, para nós, nossos filhos e nossos netos e que somos inclusivos
quando acreditamos que, quem não pensa como nós, também é merecedor do mesmo
respeito. O principal teórico abordado neste capítulo é a jornalista Cláudia Werneck .
1. COMO ENTENDER “ INCLUSÃO “ E “ EXCLUSÃO “ ?
Ao se falar em inclusão social observa-se uma tendência em tratar-se os
conceitos de inclusão e exclusão como se fossem conceitos estanques; ou se está
incluído ou se está excluído. Mas é preciso que se olhe para os conceitos; Exclusão e
Inclusão são dois conceitos intimamente ligados. Nem sempre essa análise é realizada
com a profundidade necessária.
Nem tudo o que nos parece exclusão o é realmente. Será que toda a criança que
freqüenta uma instituição especializada, por exemplo, é um excluído? Será que toda a
criança matriculada em uma escola comum está realmente incluída? Essas são
perguntas importantes.
O que temos observado, com o movimento da inclusão social, é que muitas
crianças que, anteriormente, eram consideradas incapazes de freqüentar qualquer
programa de caráter educacional, pela gravidade ou complexidade de sua condição,
hoje chegam às instituições especializadas. Reivindicando seu direito de estarem
incluídas naquele espaço, chegam reivindicando o seu direito de ter acesso à
educação.
Isso não se confunde com o preparar para integrar, mas representa a busca do
que é educação de qualidade para cada pessoa. Isto exige uma análise bastante séria,
que aponta para o que chamamos de inclusão com responsabilidade, oportunidades
iguais com respeito às necessidades de cada um.
Queremos viver em uma sociedade inclusiva, na qual cada cidadão tenha o
direito e a oportunidade de construir-se como sujeito e como cidadão, tendo acesso,
para isso, a todos os benefícios que essa sociedade puder oferecer.
Reabilitar para integrar... Adequar! Partindo deste princípio, a sociedade parece
perfeitamente organizada e adequada. Cabe ao sujeito esforçar-se para alcançar o
direito de integrar-se a ela. Qualquer profissional que participe desses processos sabe
que esta meta de integração raramente é alcançada. Uma pessoa com deficiência
mental dificilmente deixará de sê-lo, ou terá as alterações decorrentes minimizadas a tal
ponto que a deficiência não faça mais diferença.
São nestas contradições que se firma o movimento da Inclusão Social. Seu
principal pressuposto é o de que a diversidade é parte da natureza humana e que só
uma sociedade que aprender a lidar com esta diversidade poderá se considerar,
efetivamente, uma sociedade democrática.
Este movimento tem por objetivo a construção de uma sociedade realmente para
todas as pessoas, sob a inspiração de novos princípios, dentre os quais se destacam:
· Celebração das diferenças,
· Direito de pertencer,
· Valorização da diversidade humana,
Pensar inclusivamente implica acreditar que não apenas a pessoa com
deficiência mental deve modificar-se para participar da sociedade, mas também esta
deve modificar-se para receber, em situação de igualdade, todos os seus cidadãos.
Neste ponto cabe uma reflexão sobre os conceitos de diferença, igualdade,
desigualdade e diversidade.
Desigualdade deriva de um tipo de privação social, por exemplo, quando um é
rico e o outro é pobre. Isso não significa que os dois sejam diferentes, mas que, diante
da riqueza, um tem e o outro não tem. Um está incluído naquele benefício e o outro
está excluído.
A igualdade e a desigualdade são princípios éticos. A diferença não se relaciona
necessariamente com a ética. Uma pessoa pode ser diferente da outra, e não ser
desigual. O princípio da diversidade consiste em admitir que as pessoas podem ser
iguais e, ainda assim, ter atitudes e práticas diferentes. ( Souza e Rodrigues, 1994).
É sobre o princípio da igualdade que se apóia o movimento da Inclusão Social. É
importante que se entenda que respeito à diversidade, à diferença, não é negação de
necessidades especiais. Respeitar a pessoa com deficiência mental é, também,
oferecer a ela todas as possibilidades de desenvolvimento, inclusive aquelas
construídas a partir dos processos clássicos de reabilitação. O que não se pode aceitar,
é a idéia de reabilitar para integrar. Não há mais esse tempo de espera... a participação
na sociedade é um processo simultâneo aos programas conhecidos como de
reabilitação ou habilitação .
O conceito de Inclusão é :
- atender aos estudantes portadores de necessidades especiais na vizinhanças da
sua residência.
- propiciar a ampliação do acesso destes alunos às classes comuns.
- propiciar aos professores da classe comum um suporte técnico.
- perceber que as crianças podem aprender juntas, embora tendo objetivos e
processos diferentes
- levar os professores a estabelecer formas criativas de atuação com as crianças
portadoras de deficiência
- propiciar um atendimento integrado ao professor de classe comum
A inclusão se torna um grande benefício para estudantes com ou sem
deficiências. A maioria descobre ser capaz de atos solidários e cooperativos, desde
cedo, tornando-se mais compreensiva, tolerante e confiante nas relações com o outro.
Oferece-se espontaneamente para colaborar com colegas, especialmente com aqueles
que apresentam deficiências. E os estudantes sem deficiência, participando de uma
Educação Inclusiva, passam a ter uma vasta gama de modelos de papéis sociais,
aprendizagem e redes sociais.
Algumas crianças normais que já apresentavam dificuldades de relacionamento
ou mesmo distúrbios de conduta parecem deslocar suas dificuldades, voltando-se para
os colegas com deficiência. Tornam-se mais preparadas para a vida adulta em uma
sociedade diversificada e passam a demonstrar maior responsabilidade e aprendizado
crescente, através da inclusão. A criança vai crescendo e convivendo com todos os
tipos de pessoas, tenham elas diferenças culturais, orgânicas ou intelectuais.
Os estudantes com deficiência, quando inseridos na Educação dita regular,
desenvolvem, da mesma forma, a apreciação pela diversidade individual, passando a
adquirir experiências diretas relativas à variação natural das capacidades humanas. Ao
se oferecerem a eles condições iguais de ensino, demonstrarão também crescente
responsabilidade e aprendizagem acelerada. Sentir-se-ão bem preparados para a vida
adulta em uma sociedade tão diversificada quanto a escola, que deve, reproduzir a vida
como ela é e não como gostaríamos que fosse. E, freqüentemente, receberão apoio
acadêmico adicional, da parte do pessoal da educação especial.
Isto não quer dizer que se deva pôr os alunos deficientes em uma sala de aula
como quaisquer alunos. É preciso tratá-los como estudantes normais que precisam de
estrutura para aprender. O aluno não tem que se adaptar à escola, a escola sim tem
que oferecer um meio favorável e recursos para ele enfrentar os desafios. ( Werneck ,
1999).
É preciso diferenciar os termos integração e inclusão, pois a maior parte de
nossa legislação, inclusive a Constituição Federal, utiliza o primeiro, assim como a
maioria dos órgãos públicos. Ocorre que existe um movimento mundial pela inclusão da
pessoa portadora de deficiência, e não mais uma simples integração.
Integrar significa adaptar-se, acomodar-se, incorporar-se. Não é a melhor palavra
porque se presume sempre que se trata da reunião de grupos diferentes. Reflete
sempre uma ação do portador de deficiência para tentar adaptar-se, incorporar-se. Já a
inclusão, não. Ela significa envolver, fazer parte, pertencer. Representa uma ação da
sociedade que vem envolver parte dessa mesma sociedade que está excluída por falta
de condições adequadas. Significa trazer para dentro de um conjunto alguém que já faz
parte dele.
Não se trata de uma mera troca de verbos, mas de novo olhar sobre o portador
de deficiência como sendo alguém que cabe no "nós", no "todos-tudo". No momento
em que alcançarmos esse progresso, esse grau de desenvolvimento humano, essa
naturalidade diante da diversidade, alcançaremos a verdadeira inclusão, o fato de uma
pessoa sofrer um acidente e transformar-se num portador de deficiência significará
apenas que suas aptidões mudaram e que ela deve adequar-se a uma nova condição
de vida, também repleta de oportunidades.
Um exemplo muito feliz para ilustrar a atual sociedade e o que representaria a
inclusão. A sociedade atual é como uma avenida muito movimentada, onde é muito
difícil adentrar e permanecer, pois não tem qualquer sinalização. Só os muito aptos é
que conseguem fazê-lo. Quem está nas estradas vicinais dificilmente consegue entrar
na avenida... e isso é muito ruim, pois é na avenida que se localizam os teatros,
cinemas, supermercados, escolas, etc. Só que a avenida tem uma peculiaridade: ela
inevitavelmente bifurca-se em estradinhas secundárias, de forma que quem está na
avenida hoje, amanhã não estará mais. Realizar a inclusão significa colocar sinais
nessa avenida, facilitando a todos o livre trânsito, de forma que todos colham os seus
benefícios. No início, os mais apressadinhos podem até ficar irritados com a
sinalização, terão que andar um pouco mais devagar, mas com o tempo aprenderão
que todos têm muito a ganhar numa sociedade inclusiva. Nesse dia então, será uma
grande festa.
A educação é um dos pilares para alcançarmos essa almejada sociedade
inclusiva. É começando pelas crianças, com a conscientização delas sobre as
diversidades que as necessidades especiais de alguns passarão a ser vistas como
devem ser – como algo natural, que faz parte da natureza humana.
A inclusão causa uma mudança de perspectiva educacional, pois não se limita a
ajudar somente os alunos que apresentam dificuldades na escola, mas apóia a todos:
professores, alunos, pessoal administrativo, para que obtenham sucesso na corrente
educativa geral. O impacto desta concepção é considerável, porque ela supõe a
abolição completa dos serviços segregados. A metáfora da inclusão é a do
caleidoscópio. Esta imagem foi muito bem descrita no que segue: O caleidoscópio
precisa de todos os pedaços que o compõem. Quando se retiram pedaços dele, o
desenho se torna menos complexo, menos rico. As crianças se desenvolvem,
aprendem e evoluem melhor em um ambiente rico e variado . (Forest , 1987)
A meta da inclusão é, desde o início não deixar ninguém fora do sistema escolar,
que terá de se adaptar às particularidades de todos os alunos para concretizar a sua
metáfora - o caleidoscópio.
A formação do pessoal envolvido com a educação é de fundamental importância,
assim como a assistência às famílias, enfim, uma sustentação aos que estarão
diretamente implicados com as mudanças é condição necessária para que estas não
sejam impostas, mas imponham-se como resultado de uma consciência cada vez mais
evoluída de educação e de desenvolvimento humano.
2. O QUE É EDUCAÇÃO INCLUSIVA ?
A chamada Educação Inclusiva teve início nos Estados Unidos através da Lei
Pública 94.142, de 1975 e, atualmente, já se encontra na sua segunda década de
implementação.Há um cruzamento entre o movimento da Educação Inclusiva e a
busca de uma escola de qualidade para todos;
Por educação inclusiva se entende o processo de inclusão dos portadores de
necessidade especiais ou de distúrbios de aprendizagem na rede comum de ensino em
todos os seus graus. Da pré-escola ao quarto grau. Através dela se privilegiam os
projetos de escola, que apresenta as seguintes características:
Um direcionamento para a Comunidade - Na escola inclusiva o processo
educativo é entendido como um processo social, onde todas as crianças portadoras de
necessidades especiais e de distúrbios de aprendizagem têm o direito à escolarização
o mais próximo possível do normal. O alvo a ser alcançado é a integração da criança
portadora de deficiência na comunidade.
Vanguarda - Uma escola inclusiva é uma escola líder em relação às demais. Ela
se apresenta como a vanguarda do processo educacional. O seu objetivo maior é fazer
com que a escola atue através de todos os seus escalões para possibilitar a integração
das crianças que dela fazem parte.
Altos Padrões - há em relação às escolas inclusivas altas expectativas de
desempenho por parte de todas as crianças envolvidas. O objetivo é fazer com que as
crianças atinjam o seu potencial máximo. O processo deverá ser dosado às
necessidades de cada criança.
Colaboração e cooperação - há um previlégio das relações sociais entre todos os
participantes da escola, tendo em vista a criação de uma rede de auto-ajuda.
Mudando papéis e responsabilidades - A escola inclusiva muda os papéis
tradicionais dos professores e da equipe técnica da escola. Os professores tornam-se
mais próximos dos alunos, na captação das suas maiores dificuldades. O suporte aos
professores da classe comum é essencial, para o bom andamento do processo de
ensino-aprendizagem.
Estabelecimento de uma infraestrutura de serviços - gradativamente a escola
inclusiva irá criando uma rede de suporte para superação das suas maiores
dificuldades. A escola inclusiva é uma escola integrada à sua comunidade.
Parceria com os pais - os pais são os parceiros essenciais no processo de
inclusão da criança na escola.
Ambientes educacionais flexíveis - os ambientes educacionais tem que visar o
processo de ensino-aprendizagem do aluno.
Estratégias baseadas em pesquisas - as modificações na escola deverão ser
introduzidas a partir das discussões com a equipe técnica, os alunos , pais e
professores.
Estabelecimento de novas formas de avaliação - os critérios de avaliação antigos
deverão ser mudados para atender às necessidades dos alunos portadores de
deficiência.
Acesso - o acesso físico à escola deverá ser facilitado aos indivíduos portadores
de deficiência.
Continuidade no desenvolvimento profissional da equipe técnica - os
participantes da escola inclusiva deverão procurar dar continuidade aos seus estudos,
aprofundando-os.
2.1 O estabelecimento dos suportes técnicos
Deverão ser privilegiados os seguintes aspectos ( de acordo com o CSIE –
Centre for Studies on Inclusive Education ) na montagem de uma política educacional
de implantação da chamada escola inclusiva:
• Desenvolvimento de políticas distritais de suporte às escolas inclusivas.
• Assegurar que a equipe técnica que se dedica ao projeto tenha condições
adequadas de trabalho.
• Monitorar constantemente o projeto dando suporte técnico aos participantes,
pessoal da escola e público em geral.
• Assistir as escolas para a obtenção dos recursos necessários à
implementação do projeto.
• Aconselhar aos membros da equipe a desenvolver novos papéis para si
mesmos e os demais profissionais no sentido de ampliar o escopo da
educação inclusiva.
• Auxiliar a criar novas formas de estruturar o processo de ensino-
aprendizagem mais direcionado às necessidades dos alunos.
• Oferecer oportunidades de desenvolvimento aos membros participantes do
projeto através de grupos de estudos, cursos, etc.
• Fornecer aos professores de classe comuns informações apropriadas a
respeito das dificuldades da criança, dos seus processos de aprendizagem,
do seu desenvolvimento social e individual.
• Fazer com que os professores entendam a necessidade de ir além dos limites
que as crianças se colocam, no sentido de levá-las a alcançar o máximo da
sua potencialidade.
• Em escolas onde os profissionais têm atuado de forma irresponsável,
propiciar formas mais adequadas de trabalho. Algumas delas podem levar à
punição dos procedimentos injustos.
• Propiciar aos professores, novas alternativas no sentido de implementar
formas mais adequadas de trabalho.
2.2 Atitudes Inclusivas Fundamentais em Educação .
Todo educador comprometido com a filosofia da inclusão:
• está mais interessado naquilo que o aluno deseja aprender do que em rótulos
sobre ele.
• respeita o potencial de cada aluno e aceita todos os estudantes igualmente.
• adota urna abordagem que propicie ajuda na solução de problemas e
dificuldades.
• acredita que todos os educandos conseguem desenvolver habilidades
básicas.
• Estimula os educandos a direcionarem seu aprendizado de modo a aumentar
sua autoconfiança, a participar mais plenamente na sociedade, a usar mais o
seu poder pessoal e a desafiar a sociedade para a mudança.
• acredita nos alunos e em sua capacidade de aprender.
• deseja primeiro conhecer o aluno e aumentar a sua autoconfiança,
• acredita que as metas podem ser estabelecidas e que, para atingi-las,
pequenos passos podem ser úteis.
• defende o princípio de que todas as pessoas devem ser incluídas em escolas
comuns da comunidade.
• sabe que ele precisa prover suportes (acessibilidade arquitetônica,
atendentes pessoais, profissionais de ajuda, horários flexíveis etc.) a fim de
incluir todos os alunos.
• está preparado para indicar recursos adequados a cada necessidade dos
alunos, tais como: livros, entidades, aparelhos.
• sabe que a aprendizagem deve estar baseada nas metas do aluno e que
cada aluno será capaz de escolher métodos e materiais para aprender as
lições.
• sabe que, nos programas de alfabetização, os seguintes métodos são
eficientes: redação de experiências com linguagem, histórias e outros textos
sobre temas que o aprendiz conhece; alfabetização assistida por computador;
material disponível no cotidiano do público; leitura assistida ou pareada
usando livros convencionais e livros falados; debate após atividade extra-
classe; coleção de histórias de vida dos próprios alunos; uso da lousa para
escrever um texto em grupo; colagem com recortes de revistas, entre outros.
• fornece informações sobre recursos externos à escola e intermedia a
conexão com pessoas e entidades que possam ajudar o aluno na
comunidade.
• estimula outras pessoas importantes na vida do aluno a se envolverem com o
processo educativo.
• é flexível nos métodos de avaliação, pois sabe que os testes, provas e
exames provocam medo e ansiedade nos alunos.
• utiliza as experiências de vida do próprio aluno como fator motivador da
aprendizagem dele.
• indaga primeiro o aluno deficiente se ele quer partilhar dados sobre sua
deficiência e só em caso afirmativo passa essa informação para outras
pessoas.
• é um bom ouvinte para que os alunos possam falar sobre a realidade da vida
que levam.
• adota a abordagem centrada-no-aluno e ajuda os estudantes a
desenvolverem habilidades para o uso do poder pessoal no processo de
mudança da sociedade. (Sassaki, 1998)
2.3 Envolvimento da Família nas Práticas Inclusivas da Escola.
Ocorre envolvimento da família nas práticas inclusivas da escola quando: Existe,
entre a escola e a família, um sistema de comunicação (telefonemas, cadernos etc.)
com o qual ambas as partes concordam; os pais participam nas reuniões da equipe
escolar para planejar, adaptar o currículo e compartilhar sucessos; as famílias são
reconhecidas pela escola como parceiros plenos junto à equipe escolar; as prioridades
da família são utilizadas como uma base para o preenchimento do Plano
Individualizado de Educação (PIE) do seu filho, base essa que será completada com
partes do conteúdo curricular; os pais recebem todas as informações relevantes (os
direitos dos pais, práticas educativas atuais, planejamento centrado-na-pessoa, notícias
da escola etc.) e também recebem ou têm acesso a treinamento relevante, são
incluídos no treinamento com a equipe escolar e recebem informações sobre os
serviços de apoio à família; existem à disposição de membros das famílias, serviços de
apoio na própria escola (aconselhamento e grupos de apoio, informações sobre
deficiências etc.).
Sendo assim, os pais são estimulados a participarem em todos os aspectos
operacionais da escola (voluntários para saias de aula, membros do conselho da
escola, membros da Associação de Pais e Mestres, treinadores etc.). Existem recursos
para as necessidades especiais da família (reuniões após o horário comercial,
intérpretes da língua de sinais, materiais traduzidos etc.). A escola respeita a cultura e a
etnicidade das famílias e reconhece o impacto desses aspectos sobre as práticas
educativas. (Sassaki , 1998)
2.4 Principais Características das Escolas Inclusivas.
(de acordo com The Kansas checklist for identifying characteristics of effective inclusive programs. Nov. 1993 – Adaptação Romeu Kasumi Sassaki, 1997) .
• Um senso de pertencer.
Filosofia e visão de que todas as crianças pertencem à escola e à comunidade e
de que podem aprender juntos.
• Liderança.
O diretor envolve-se ativamente com a escola toda no provimento de estratégias.
• Padrão de excelência.
Os altos resultados educacionais refletem as necessidades individuais dos
alunos.
• Colaboração e cooperação.
Envolvimento de alunos em estratégias de apoio mútuo (ensino de iguais,
sistema de companheiro, aprendizado cooperativo, ensino em
equipe, co-ensino, equipe de assistência aluno-professor etc.).
• Novos papéis as responsabilidades.
Os professores falam menos e assessoram mais, psicólogos atuam mais junto
aos professores nas saias de aula, todo o pessoal da escola faz parte do
processo de aprendizagem.
• Parceria com os pais
Os pais são parceiros igualmente essenciais na educação de seus filhos.
• Acessibilidade
Todos os ambientes físicos são tornados acessíveis e, quando necessário, é
oferecida tecnologia assistiva.
• Ambientes flexíveis de aprendizagem
Espera-se que os alunos se promovam de acordo com o estilo e ritmo individual
de aprendizagem e não de uma única maneira para todos.
• Estratégias baseadas em pesquisas
Aprendizado cooperativo, adaptação curricular, ensino de iguais, instrução direta,
ensino recíproco, treinamento em habilidades sociais, instrução assistida por
computador, treinamento em habilidades de estudar etc.
• Novas formas de avaliação escolar
Dependendo cada vez menos de testes padronizados, a escola usa novas
formas para avaliar o progresso de cada aluno rumo aos respectivos objetivos.
• Desenvolvimento profissional continuado
Aos professores é oferecido cursos de aperfeiçoamento contínuo visando a
melhoria de seus conhecimentos e habilidades para melhor educar seus alunos.
2.5 Como a Escola pode tornar-se Inclusiva.
A escola se torna favorável na medida em que abre espaços para a cooperação,
o diálogo, a solidariedade, a criatividade e o espírito crítico, pois são habilidades
mínimas para o exercício da verdadeira cidadania. Além disto, é muito importante
estimular, valorizar o professor e dar a ele formação continuada, já que é responsável
pelo aprendizado dos alunos.
É necessário, também, que as escolas sejam estimuladas a elaborar, com
autonomia e de forma participativa, os seus projetos políticos pedagógicos. Da mesma
forma, devem elaborar currículos escolares que reflitam a realidade social e cultural em
que estão inseridas. A avaliação é outro fator a ser analisado pelas escolas, para que
se tornem preparadas para a inclusão. É necessário suprimir o caráter classificatório da
avaliação através de notas e provas e optar por uma visão diagnóstica do aluno,
visando a depurar o ensino e torná-lo mais adequado e eficiente. ( Mantoan, 1988).
São poucas as escolas que fazem parte deste processo. Na verdade, a maioria
delas, em vez de realizar uma educação inclusiva, desenvolve uma educação
integradora. Há uma grande diferença entre integração e inclusão. Apesar de ambas
visarem à normalização, ou seja, a oferecer ao aluno deficiente a oportunidade de ter
uma vida escolar normal, a integração vem impor ao deficiente a obrigação de
acompanhar e dominar o conteúdo didático. Voltamos àquela velha teoria em que o
aluno deve se adaptar à escola. Já a inclusão preconiza que, para que a escola
corresponda à realidade, dê conta de todos os alunos, considerando o talento de cada
um e fazendo com que tenha prazer e vontade de aprender. (Werneck, 1997)
Para que as escolas se tornem inclusivas, é preciso apenas, ter o desejo de
fazê-las assim. E não há dúvidas de que a inclusão será efetiva quando a escola e
sociedade resolverem mudar, devolvendo à criança, deficiente ou não, o direito de
estudar.
3. AS DIFICULDADES DE ACEITAÇÃO DAS DIFERENÇAS
As pessoas com deficiência, são facilmente enquadráveis em qualquer critério
para se definir e mensurar desvio, afinal a deficiência é uma diferença significativa. Os
tratamentos destinados a estas pessoas, então, colocam como meta os padrões de
normalidade, que devem ser buscados o máximo possível para que a pessoa
(reabilitada), possa integrar-se à sociedade. Aí se define o conceito de Integração.
Integrar-se é um caminho de mão única: cabe à pessoa com deficiência
modificar-se para poder dar conta das exigências da sociedade. É um processo de
seleção, processo que atinge todas as pessoas, uma vez que vivemos em uma
sociedade altamente competitiva; com as pessoas com deficiências, no entanto, o
processo se faz mais perverso: não lhes é dada nem a oportunidade de competir, elas
são excluídas por princípio, o princípio da incapacidade. Se incapazes, devem ser
reabilitadas, se não reabilitadas adequadamente, não podem se integrar. Basta
olharmos em nossa volta para percebermos que a diversidade é a regra. Não há
homogeneidade na natureza, não há homogeneidade entre os homens. Não é mais
possível basear nossos pensamentos e ações na idéia dos iguais entre os iguais e isso
vale para todas as categorias de excluídos, não só para as pessoas com deficiências.
É a partir do princípio do respeito à diversidade que se firma o movimento da
Inclusão Social. De maneira nenhuma se propõe a negação das diferenças, mas sim o
respeito a elas. Todos devem ter oportunidades iguais, a cada um segundo sua
necessidade. Não se trata de preparar para integrar, mas de incluir e transformar.
O processo de inclusão supõe o estreitamento entre estes direitos (à igualdade e
à diferença), a igualdade como fundamento de civilidade nas relações sociais, a
diferença como fundamento do respeito (na vida cotidiana e esferas institucionais) às
identidades construídas socialmente.
Temos o direito a ser iguais sempre que a diferença nos inferioriza, temos o
direito a ser diferentes sempre que a igualdade nos descaracteriza. (Boaventura de
Sousa Santos, 1999)
A inclusão sempre nos fará pensar no mundo em que vivemos e em como
desejamos que seja este mundo,para nós,nossos filhos e nossos netos. Somos todos
capazes de amar e amor é a chave para inclusão. Somos inclusivos, quando
acreditamos que quem não pensa como nós, também é merecedor do mesmo respeito.
É preciso respeitar os educandos em sua individualidade, para não se condenar
uma parte deles ao fracasso e às categorias especiais de ensino. A diversidade no
meio social e, especialmente no ambiente escolar, é fator determinante do
enriquecimento das trocas, dos intercâmbios intelectuais, sociais e culturais que
possam ocorrer entre os sujeitos que neles interagem.
O aprimoramento da qualidade do ensino regular e a adição de princípios
educacionais válidos para todos os alunos, resultarão naturalmente na inclusão escolar
dos deficientes. Em conseqüência, a educação especial adquirirá uma nova
significação. Tornar-se-á uma modalidade de ensino destinada não apenas a um grupo
exclusivo de alunos, o dos deficientes, mas especializada no aluno e dedicada à
pesquisa e ao desenvolvimento de novas maneiras de se ensinar, adequadas à
heterogeneidade dos aprendizes e compatível com os ideais democráticos de uma
educação para todos.
Nessa perspectiva, os desafios que temos a enfrentar são inúmeros e toda e
qualquer investida no sentido de se ministrar um ensino especializado no aluno
depende de se ultrapassar as condições atuais de estruturação do ensino escolar para
deficientes. Em outras palavras, depende da fusão do ensino regular com o especial,
porém, fusão não é junção, justaposição, agregação de uma modalidade à outra.
Fundir significa incorporar elementos distintos para se criar uma nova estrutura, na qual
desaparecem os elementos iniciais, tal qual eles são originariamente. Assim sendo,
instalar uma classe especial em uma escola regular nada mais é do que uma
justaposição de recursos, assim como o são outros, que se dispõem do mesmo modo.
Toda pessoa tem o direito fundamental à educação e a ela deve ser dada a
oportunidade de atingir e manter um nível aceitável de aprendizagem.
Todo aluno possui características, interesses, capacidades e necessidades de
aprendizagem que são singulares. Os sistemas educacionais devem ser projetados e
os programas educativos implementados de tal forma a considerar a ampla diversidade
dessas características e necessidades.
As escolas devem acomodar todos os alunos independentemente de suas
condições físicas, intelectuais, sociais, emocionais, lingüísticas ou outras. O desafio
para uma escola inclusiva é o de desenvolver uma pedagogia centrada no aluno, uma
pedagogia capaz de educar com sucesso todos os alunos, incluindo aqueles com
deficiências severas.
0 princípio fundamental da escola inclusiva consiste em que todas as pessoas
devem aprender juntos, onde quer que isto seja possível, não importam quais
dificuldades ou diferenças elas possam ter. Escolas inclusivas precisam reconhecer e
responder às necessidades diversificadas de seus alunos, acomodando os diferentes
estilos e ritmos de aprendizagem e assegurando educação de qualidade para todos
mediante currículos apropriados, mudanças organizacionais, estratégias de ensino, uso
de recursos e parcerias com suas comunidades.
Todos sabem da necessidade de se construir prédios acessíveis, da igualdade
de direitos para os portadores de deficiência. Ocorre que, freqüentemente, deparamo-
nos com profissionais de várias áreas indagando :
- Criança surda, deficiente mental, tem mesmo que ser matriculada no ensino
regular ?
- Isto representa um benefício ?
- A escola precisa ter livros em braile?
- Por que gastar tanto com acessibilidade?
- Não basta uma entrada pela garagem?
- Quantos deficientes freqüentam nosso prédio para justificar a despesa?
Todas estas perguntas demonstram que olhamos para o portador de deficiência
como alguém diferente. Alguém que não cabe no "nós" da primeira pessoa do plural,
nem no "todos" dos administradores, dos políticos, das autoridades. É alguém que é
acolhido como um gesto de benevolência, cuja simples visão ainda nos causa receio,
às vezes até medo de chegar perto por não saber como tratar.
Não é má-criação, insensibilidade, mas pura falta de informação. Enquanto a
nossa visão for de simples integração da pessoa portadora de deficiência, e não
entendermos como "viver" a inclusão, a exclusão permanecerá.
É preciso reconhecer que o contato e o convívio, no plano formal e informal,
entre alunos com e sem dificuldades, entre alunos com e sem deficiências, é um meio
insubstituível de normalização de comportamentos; é uma oportunidade de criar laços
de vinculação e de relações afetivas. Estas relações interpessoais podem vir a tornar-se
um suporte emocional fundamental no desenvolvimento de crianças com necessidades
educativas especiais. Por outro lado, os alunos, ditos “normais”, poderão desenvolver
uma maior capacidade afetiva e de aceitação das diferenças individuais.
Não se trata de dar mais a quem tem menos , mas partilhar o que cada um tem,
a partir do que cada aluno sabe.
Muitas vezes as estratégias convencionais utilizadas para apoiar a diversidade
das crianças contribuem para agravar os seus problemas de aprendizagem. Assim, ao
tentar-se a igualdade de oportunidades educativas, sem assegurar um igual acesso ao
currículo normal, só estará a contribuir-se para a desigualdade. Não basta, pois,
compensar as diferenças na aprendizagem através duma facilitação do sucesso escolar
para grupos selecionados de alunos; é importante que os alunos aprendam mais e
mais, desenvolvendo o seu processo de aprendizagem.
Os alunos com necessidades educativas especiais , tal como os outros alunos,
necessitam de um ensino bom ou claramente eficaz, de modo a que se consiga que
atinjam maior sucesso.
Alguns destes alunos poderão necessitar dum ensino, ministrado de forma mais
intensiva; fundamentalmente, não necessitam dum tipo diferente. Necessitam,
igualmente, de ter professores mais eficientes.
Assim, se o sucesso escolar é reconhecido como possível para todos através de um
processo eficaz de ensino, o maior desafio que se apresenta à Escola é a capacidade
de criar ambientes de aprendizagem que fomentem a equidade nos resultados
educativos de todos os alunos.
É indispensável ressaltar que o trabalho de inclusão é personalizado pois,
mesmo crianças que tenham a mesma síndrome tem necessidades diferentes umas
das outras. Vale a pena mencionar que o ganho ocorre tanto para as crianças com
necessidades especiais (estímulo para a aprendizagem, convivência social, cultural e
afetiva) quanto para as crianças que não possuem necessidades especiais (aprendem
a rever seus conceitos, aceitar o diferente, tornar-se mais sensível e paciente com as
necessidades alheias, tornar-se mais compreensivo, mais fraterno e aceitam melhor as
mudanças).
Existem várias dificuldades no processo de inclusão, já que esse pressupõe uma
participação ativa da família e um trabalho contínuo com a auto-estima da criança, uma
vez que a questão da comparação com as outras crianças está sempre presente,
ocasionando dificuldades a serem enfrentadas. Portanto, trata-se de um trabalho
grandioso e desafiador para a escola, que se obriga a cada momento a ver e rever seus
conceitos, suas práticas e estratégias, o que é uma fonte de crescimento e constante
incentivo.
CONCLUSÃO
A diversidade está presente nas nossas vidas a partir do momento do nosso
nascimento. Nunca vimos o rosto de nossos pais, mesmo assim a partir do momento
que nos sentimos aceitos e amados neste novo mundo pós-uterino ficamos mais aptos
para enfrentarmos a nova realidade, um mundo a ser descoberto e construído.
Inclusão é uma palavra rica, que envolve compreensão, um novo olhar para o
outro, e sobre tudo, um novo olhar para nós mesmos. Inclusão, como vimos no
Capítulo 1 , não significa assimilação, não há na inclusão uma perda de valores, pelo
contrário, é um adicional, é uma soma de culturas com total respeito à diversidade.
Existem pessoas com deficiências aparentes, sejam elas motoras, físicas ou
mentais, estas deficiências estão expostas, as outras pessoas que não se enquadram
neste quadro são aquelas com deficiências ocultas em maior ou menor grau. O convite
para que venham participar da nossa festa pode ser feito agora, pois todos cabem
neste contexto inclusivo de iguais diferentes .
Toda vida é sagrada e a inclusão é escolha pela vida, a aceitação de nós
mesmos e precisamos estar presentes nesta celebração inclusiva, de convivência entre
diferentes. A partir do momento que nos aceitamos como seres humanos, pessoas que
vencem, que falham, que acertam que erram, que também convivem com suas própria
limitações, ficamos mais aptos a aceitar quem aparentemente não é como nós.
Estamos mais próximos da inclusão quando encaramos a velhice de frente,
quando encaramos as doenças, quando encaramos nossa auto rejeição, nosso medo
da morte. Se ainda não estamos hoje, todos nós estaremos sujeitos a buscar a nossa
própria inclusão, em algum momento de nossas vidas.
Não há o que ser adaptado, pois não se adapta o que já deve fazer parte,
apenas se oferece condições para que não ocorra a exclusão. São essas condições,
começando pela educação inclusiva, que devemos cobrar das autoridades e de nós
mesmos. Inclusão refere-se basicamente à possibilidade efetiva de participação.
Criança que não vai a escola fica sem futuro. E não é apenas porque não se
alfabetiza ou não tem acesso à educação. É porque, principalmente, deixa de fazer
parte da memória afetiva e dos planos daqueles com quem vai dividir a
responsabilidade de construir e dignificar sua nação.
De certo que a inclusão se concilia com uma educação para todos e com um
ensino especializado no aluno, mas não se consegue implantar uma opção de inserção
tão revolucionária sem enfrentar um desafio ainda maior : o que recai sobre o fator
humano. Os recursos físicos e os meios materiais para a efetivação de um processo
escolar de qualidade cedem sua prioridade ao desenvolvimento de novas atitudes e
formas de interação, na escola, exigindo mudanças no relacionamento pessoal e social
e na maneira de se efetivar os processos de ensino e aprendizagem , como
percebemos no Capítulo 2 .
Apesar destas mudanças que se impõem e as questões que constantemente se
levantam, serem conhecidas, discutidas e aparentemente óbvias para muitos, verifica-
se também que a escola afinal não tem mudado muito apesar das reformas do sistema
educativo .
A magia da inclusão está na postura da sociedade como um todo. É preciso que
o processo de inclusão não seja paternalista o que representa a maior expressão de
preconceito contra a pessoa deficiente, devemos sim priorizar a pessoa e seu potencial,
cumprindo assim a intenção das novas diretrizes e pesquisas, que indicam claramente
que a inclusão é a transformação da escola para que atenda a todos com qualidade .
Como sugestão para futuras pesquisas, podemos citar as necessidades de uma
criança a se adaptar às limitações impostas pelas suas diferenças , descobrindo e
fazendo efetivas suas excelências pessoais e focando o que ela sente dentro deste
mundo competitivo social e profissional.
BIBLIOGRAFIA
WERNECK, Cláudia. Sociedade Inclusiva – Quem cabe no seu todos?. Rio de Janeiro : WVA , 1999 . WERNECK, Cláudia. Ninguém mais vai ser bonzinho no sociedade inclusiva . Rio de Janeiro : WVA , 1997. SASSAKI, Romeu K. Inclusão : Construindo uma sociedade para todos. Rio de Janeiro : WVA , 1997. SASSAKI, Romeu K. Tradução do texto : The Roeher Institute 1995. SOUZA, Herbert de e RODRIGUES, Carla. Ética e Cidadania. São Paulo : Moderna, 1994. MANTOAN, M.T.E. Compreendendo a deficiência mental : Novos caminhos educacionais. São Paulo : Editora SCIPIONE , 1988. ONU / UNESCO . Declaração de SALAMANCA sobre princípios, política e prática em educação especial. 1994.
ANEXOS
FOLHA DE AVALIAÇÃO
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PROJETO A VEZ DO MESTRE Pós – Graduação “Lato Sensu” - PSICOPEDAGOGIA Pós – Graduado : MÔNICA CRISTINA MENDES VAILLANT Título da Monografia : A Inclusão da Criança Especial na Escola. Data da Entrega : ______________________________________ AVALIAÇÃO : Avaliado por : __________________________________ Grau : __________ ____________________ , _____ de _____________ de _______
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