UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
SÍNDROME DO RESPIRADOR BUCAL
E NEUROCIÊNCIA PEDAGÓGICA
Por: Lila Mara Oliveira
Orientador
Professora Marta Pires Relvas
Rio de Janeiro
2014
DOCU
MENTO
PRO
TEGID
O PEL
A LE
I DE D
IREIT
O AUTO
RAL
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
SÍNDROME DO RESPIRADOR BUCAL E
NEUROCIÊNCIA PEDAGÓGICA
Apresentação de monografia à AVM Faculdade Integrada como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Neurociência Pedagógica
Por: Lila Mara Oliveira
AGRADECIMENTO
Aos meus queridos amigos que muito me ajudaram: Miguel,
Lana e Robson.
DEDICATÓRIA
Ao maior incentivador da minha vida, meu querido e amado
companheiro André Villar.
RESUMO
O presente trabalho aborda as causas, sintomas e as consequências da
síndrome do respirador bucal em crianças na fase escolar. Ele busca mostrar que,
embora seja muitas vezes considerada inofensiva, a respiração bucal pode trazer
consequências, muitas vezes, irreversíveis para a criança, uma vez que pode afetar,
progressivamente, o desenvolvimento físico, cognitivo e psíquico, comprometer o
desenvolvimento da face, das arcadas dentárias e da postura.
O ponto principal da pesquisa é o estudo das causas da dificuldade de
aprendizado em crianças que apresentam respiração bucal. Este estudo busca alertar
sobre o quando essas crianças são rotuladas por professores e pais por
desconhecerem a verdadeira causa do seu ritmo mais lento de aprendizagem ou do
seu comportamento agitado ou apático e desatento. Também quer mostrar o cuidado
que se deve ter com o diagnóstico incorreto devido a comorbidade do TDAH com a
respiração bucal em associação com a depressão, falta de sono, incapacidade de
aprender, transtornos de tique e problemas comportamentais podem ser confundidos
com TDAH.
Esta pesquisa também mostra a contribuição do estudo da neurociência para a
ampliação dos campos já conhecidos e a criação de novas áreas de pesquisa no que
diz respeito ao estudo do cérebro humano, principalmente a contribuição da
neurociência cognitiva no estudo das memórias, dos pensamentos e das formas de
aprendizado.
Palavras-chaves: Respirador Bucal, Neurociência Pedagógica, Aprendizagem e
TDAH
METODOLOGIA
Esta pesquisa foi desenvolvida a partir de leituras de livros, dissertações e
artigos científicos sobre o tema desenvolvido na presente monografia. Os principais
autores utilizados nesse trabalho foram: Kandel, Lundy, Ivan Izquierdo, Amabis e
outros. Destaco também alguns trabalhos de dissertação que muito contribuíram para
a minha pesquisa, dos autores: Branco, M. F. C., Meneses et al., Vera et al., Chedid,
K.A.K. et al., Nunes, F. N., Brasiliense Neves et al., Rohde, Barbosa et al., Cordeiro,
J. C. B. e variados autores de artigos científicos na Revista CEFAC, na Revista
Brasileira de Otorrinolaringologia e na Revista Internacional de Psicologia.
O tema foi desenvolvido de forma exploratória sobre as Causas e
Consequências da Síndrome do Respirador Bucal com foco no Aprendizado à luz da
Neurociência Cognitiva, com o objetivo de explorar o assunto na área da educação.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I - Sistema Respiratório 10
CAPÍTULO II - TDAH X SRB (Transtorno Déficit de Atenção e 26
Hiperatividade x Síndrome do Respirador Bucal)
CAPÍTULO III – Neurociência Pedagógica e Aprendizagem 51
CONCLUSÃO 72
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 74
ÍNDICE 79
8
INTRODUÇÃO
A Síndrome do Respirados Bucal é um problema recorrente que
influencia na aprendizagem e no comportamento. Sem dúvida. Inúmeras
pesquisas mostram isto. Todavia, em que pese a extrema importância de
diagnosticar o mais precocemente possível a respiração bucal, esse é um
assunto praticamente desconhecido no espaço escolar.
Essa pesquisa tenciona investigar os principais sinais e sintomas das
enfermidades provocadas pela respiração bucal, em especial as complicações
e as repercussões que afetam a aprendizagem causada por essa síndrome
quando não tratadas adequadamente. É comum essas crianças apresentarem
problemas intelectuais, tais como dificuldade de memorização de novos
eventos, alterações da capacidade cognitiva e problemas com aprendizado,
podendo ser danoso para o processo de alfabetização e consequentemente da
aquisição da linguagem escrita.
Segundo Menezes et al. (2006) e Vera et al. (2006), esta dificuldade de
aprendizagem surge em decorrência da diminuição da concentração provocada
pelo sono insuficiente e pela má oxigenação cerebral (hipoxemia). Estudos
indicam que o córtex cerebral é a única região do SNC capaz de transformar
estímulos recebidos em aprendizado e o hemisfério cerebral esquerdo é
responsável por 98% do domínio do controle da linguagem falada e escrita.
Esse estudo do cérebro será facilitado pelo estudo da neurociência. Uma das
subdivisões desse estudo é a neurociência, que aborda os campos do
pensamento, da aprendizagem, da memória, do planejamento, do uso da
linguagem e das diferenças entre memória para eventos específicos e para a
execução de habilidades motoras.
A respiração bucal não é uma doença, e sim uma síndrome com sinais e
sintomas característicos que vão muito mais além de uma queixa de obstrução
nasal, mas que traz várias consequências, em alguns casos irreversíveis. Esse
padrão respiratório inadequado pode afetar progressivamente o
desenvolvimento físico, cognitivo e psíquico, além de comprometer o
9
desenvolvimento da face, das arcadas dentárias e da postura. O primeiro
passo é a observação e, em seguida, é preciso detectar o problema e
encaminhar para profissionais especializados. Estes são fatores fundamentais
para o diagnóstico precoce. Dessa forma todo professor e pai deveriam
investigar as possíveis causas, antes de rotular a criança que apresenta
problemas de aprendizagem e comportamento. Espero que esse texto possa
contribuir de alguma forma para alertar aos professores e pais sobre a
existência da síndrome do respirador bucal, uma vez que ela afeta a
aprendizagem e o comportamento dos alunos, além de provocar toda uma
série de graves consequências quando não tratada precocemente.
10
CAPÍTULO I. SISTEMA RESPIRATÓRIO
1.1 Órgãos e função do Sistema Respiratório
O sistema respiratório humano é constituído por um par de pulmões e
por vários órgãos que conduzem o ar para dentro e para fora das cavidades
pulmonares. Através do sistema respiratório o organismo realiza as trocas
gasosas, eliminando o gás carbônico e absorvendo o oxigênio. Esses órgãos
são as fossas nasais, a boca, a faringe, a laringe, a traqueia, os brônquios e os
bronquíolos.
https://www.google.com.br/search
Fossas nasais: são duas cavidades paralelas que começam nas
narinas e terminam na faringe. Elas são separadas uma da outra por uma
parede cartilaginosa denominada septo nasal. Em seu interior há dobras
chamada cornetos nasais, que forçam o ar a turbilhonar. Possuem um
revestimento dotado de células produtoras de muco e células ciliadas, também
presentes nas porções inferiores das vias aéreas, como traqueia, brônquios e
porção inicial dos bronquíolos. No teto das fossas nasais existem células
sensoriais, responsáveis pelo sentido do olfato. Têm as funções de filtrar,
umedecer e aquecer o ar.
11
Faringe: é um canal comum aos sistemas digestório e respiratório e
comunica-se com a boca e com as fossas nasais. O ar inspirado pelas narinas
ou pela boca passa necessariamente pela faringe, antes de atingir a laringe.
https://www.google.com.br/search
Laringe: é um tubo sustentado por peças de cartilagem articuladas,
situado na parte superior do pescoço, em continuação à faringe. O pomo-de-
adão, saliência que aparece no pescoço, faz parte de uma das peças
cartilaginosas da laringe.
A entrada da laringe chama-se glote. Acima dela existe uma espécie de
“lingueta” de cartilagem denominada epiglote, que funciona como válvula.
Quando nos alimentamos, a laringe sobe e sua entrada é fechada pela
epiglote. Isso impede que o alimento ingerido penetre nas vias respiratórias.
O epitélio que reveste a laringe apresenta pregas, as cordas vocais,
capazes de produzir sons durante a passagem de ar.
https://www.google.com.br/search
12
Traqueia: é um tubo de aproximadamente 1,5 cm de diâmetro por 10-12
centímetros de comprimento, cujas paredes são reforçadas por anéis
cartilaginosos. Na região superior do peito a traqueia bifurca-se, dando origem,
aos brônquios, dois tubos curtos também reforçados por anéis de cartilagem,
através dos quais o ar é conduzido aos pulmões. Seu epitélio de revestimento
muco-ciliar adere partículas de poeira e bactérias presentes em suspensão no
ar inalado, que são posteriormente varridas para fora (graças ao movimento
dos cílios) e engolidas ou expelidas.
Figura 1 Figura 2
https://www.google.com.br/search
Pulmões: Os pulmões humanos são órgãos esponjosos, com
aproximadamente 25 cm de comprimento e 700 gramas de peso, envolvidos
por duas membrana denominadas pleuras. Nos pulmões os brônquios
ramificam-se profusamente, dando origem a tubos cada vez mais finos, os
bronquíolos. O conjunto altamente ramificado de bronquíolos é a árvore
brônquica ou árvore respiratória.
Cada bronquíolo termina em pequenas bolsas formadas por células
epiteliais achatadas (tecido epitelial pavimentoso) recobertas por capilares
sanguíneos, denominadas alvéolos pulmonares. Cada pulmão contém cerca de
150 milhões de alvéolos pulmonares, recoberto por capilares sanguíneos.
13
https://www.google.com.br/search
Diafragma: A base de cada pulmão apoia-se no diafragma, uma
membrana espessa e resistente, formada por várias camadas O diafragma
presente apenas nos mamíferos, separa a cavidade torácica da abdominal,
promovendo juntamente com os músculos intercostais, os movimentos
respiratórios. O nervo frênico, localizado logo acima do estômago controla os
movimentos do diafragma.
14
https://www.google.com.br/search
1.2 Fisiologia da Respiração
A função principal do sistema respiratório é basicamente garantir as
trocas gasosas, eliminando o gás carbônico e absorvendo o oxigênio, com o
meio ambiente. Os órgãos do sistema respiratório dos vertebrados terrestres,
além de dois pulmões, são: fossas nasais, boca, faringe (nasofaringe), laringe,
traqueia, brônquios (e suas subdivisões), bronquíolos (e suas subdivisões), e
os alvéolos pulmonares reunidos em sacos alveolares.
Os vários órgãos que compõem o sistema respiratório possuem
especializações relacionadas cada qual à função que desempenham, por
exemplo: no interior das narinas é secretado um muco polissacarídeo que,
associado à presença de pelos, auxiliam na defesa do organismo, impedindo a
entrada de impurezas (filtrando o ar), retendo partículas indesejáveis e micro-
organismos patogênicos.
O ar após inspirado entra pelas narinas (cavidade nasal) e passa para a
faringe, uma região que comunica o sistema digestório ao sistema respiratório
através de uma válvula denominada epiglote. As células epiteliais revestem e
protegem a cavidade nasal. Essas células produzem muco que umedece as
vias respiratórias e retém partículas sólidas e bactérias presentes no ar que
inspiramos como se fosse um filtro.
15
A epiglote durante o processo respiratório permite a passagem do ar de
forma a não fechar a abertura de acesso à laringe em relação à glote. Em
seguida, o ar inspirado atinge então a região da laringe (estrutura formada por
cartilagem), que tem a função de impedir a entrada de alimentos nas vias
aéreas inferiores e a fonação através das cordas vocais que proporcionam a
voz, a partir da emissão de uma corrente de ar que vibra as pregas vocais
produzindo o som.
Imediatamente o ar percorre a traqueia, que se divide (bifurca) em dois
ramos chamados brônquios, um em direção ao pulmão direito (que contém três
lóbulos) e o outro para o pulmão esquerdo (com dois lóbulos). Os brônquios, à
medida que penetram no pulmão, vão sofrendo sucessivas ramificações
(canículos) até virarem bronquíolos. Em suas terminações encontram-se os
alvéolos.
Nos alvéolos ocorrem as hematoses. Processo em que os gases se
difundem de acordo com o gradiente de concentração (do meio de maior
concentração para o de menor concentração). Ou seja: o maior teor de gás
carbônico presente no sangue venoso se difunde dos capilares pulmonares
para o interior dos alvéolos, e o maior teor de oxigênio no interior dos alvéolos
se difunde para os capilares pulmonares, onde o O2 é assimilado pelos íons
ferro presentes na molécula de hemoglobina contida nas hemácias.
https://www.google.com.br/search
O ar inspirado, rico em oxigênio, passa pelas vias respiratórias, sendo
filtrado, umedecido, aquecido e levado aos pulmões. No íntimo pulmonar, o
16
oxigênio do ar inspirado entra na circulação sanguínea e o dióxido de carbono
do sangue venoso é liberado nos alvéolos para que seja eliminado com o ar
expirado. O ar expirado é pobre em oxigênio, rico em dióxido de carbono e
segue caminho oposto pelo trato respiratório.
A respiração ou, melhor dizendo, a ventilação pulmonar, é um processo
"semi-automático", que permite a intervenção do sistema nervoso central, mas
normalmente é controlada pelo bulbo (que controla a amplitude e frequência da
respiração). O diafragma é controlado pelo nervo frênico. O bulbo é sensível às
variações de pH do sangue. Ao faltar oxigênio na corrente sanguínea, ocorre
um aumento da concentração do íon bicarbonato (HCO3, forma na qual ocorre
a maior parte do transporte de gás carbônico no sangue) de caráter ácido,
acarretando uma redução do pH e a consequente resposta do bulbo a esta
variação, que consiste em aumentar a frequência respiratória.
A concentração do gás carbônico é maior dentro das células, e o gás
passa dos tecidos para o sangue. A maior parte do gás carbônico reage com
água no interior das hemácias formando o ácido carbônico (H2CO3) que se
dissocia em íons H+ e íons bicabornato. Os íons H+ se ligam a moléculas de
hemoglobina, enquanto que os íons bicabornato (HCO3-) vão para o plasma
sanguíneo. Cerca de 23% do gás carbônico liberado pelos tecidos associam à
hemoglobina e formam a carboemoglobina.
Os íons bicabornato, ao passar pelos alvéolos entram nas hemácias e
se reassociam aos íons H+. Dessa forma tem-se novamente ácido carbônico
que se transforma em água e gás carbônico que será difundido para os
alvéolos, sendo então eliminado na expiração.
17
https://www.google.com.br/search
O gás carbônico é eliminado por meio da expiração, efetuando o
percurso inverso ao da inspiração: alvéolos, bronquíolos, brônquios, traqueia,
laringe, faringe, cavidade nasal, narinas e meio externo.
A inspiração e a expiração são processos passivos do pulmão já que ele
não se movimenta. Eles resultam do movimento periódico da musculatura do
diafragma, dos músculos intercostais (músculos interligados às costelas) e da
expansibilidade da caixa torácica, que garante a consequente expansão do
pulmão graças à coesão entre a pleura parietal (fixa na caixa torácica) e a
pleura visceral (fixa no pulmão).
- Na situação de contração do diafragma (deslocando-se para baixo) e
relaxamento dos músculos intercostais (expansão das costelas), a cavidade
torácica tem seu volume aumentado, proporcionando uma baixa pressão no
interior do pulmão, o que resulta na entrada de ar (rico em oxigênio);
- Na situação de relaxamento do diafragma (deslocamento para cima) e
contração dos músculos intercostais (retração das costelas), a cavidade
torácica tem seu volume diminuído, proporcionando uma alta pressão no
interior do pulmão, resultando na saída de ar (rico em gás carbônico).
18
https://www.google.com.br/search
1.3 O que é Síndrome do Respirador Bucal
Respirador Bucal é o indivíduo que substitui o padrão correto de
respiração nasal por um padrão bucal ou misto (buco-nasal).
Segundo Marchesan (1998), o fechamento da boca é fundamental para
que aconteça a respiração nasal. Iniciaria pelo selamento dos lábios, este
selamento também poderia ocorrer na porção média do dorso da língua
contatando o palato duro ou posteriormente pela base da língua com o palato
mole. Se o indivíduo não tiver nenhum desses tipos de selamento acontecerá a
respiração bucal ou mista.
https://www.google.com.br/search
19
Esse padrão respiratório inadequado pode afetar progressivamente o
desenvolvimento físico e psíquico, além de comprometer o desenvolvimento da
face e das arcadas dentárias.
A importância do atendimento precoce significa melhor qualidade de vida
para a criança. Em longo prazo, a respiração bucal pode acarretar prejuízos
muitas vezes irrecuperáveis, como alterações musculares e ósseas da face, do
tórax e na postura.
1.3.1 Tipos de Respirador Bucal
• Respirador Bucal Orgânico - apresenta obstrução mecânica
à passagem do ar pelo nariz por vários motivos como, hipertrofia da
adenoide e amígdala, postura e tamanho de língua, desvio do septo,
retrognatismo e outros.
• Respirador Bucal Funcional – esse tipo de respirador bucal
geralmente já foi submetido à cirurgia de adenoide e amigdala, mas
permanecem respirando pela boca.
• Respirador Bucal Impotente Funcional – é o neural que por
problemas neurológicos inverteu o padrão correto de respiração.
1.3.2 Causas do Respirador Bucal
O homem nasceu com a condição de respirar pelo nariz. Portanto
qualquer obstrução das vias aéreas superiores, obrigando a respirar pela boca
seja por causas orgânicas ou funcionais terá como consequência grande
prejuízo para a qualidade de vida do indivíduo.
Dados de história da criança, como idade, exame físico geral e
otorrinolaringológico podem direcionar o diagnóstico etiológico, mas muitas
vezes são necessários exames complementares como nasofibroscopia, raio X
de cavum ou seios da face, tomografia computadorizada ou ressonância
nuclear magnética, bem como a biópsia.
20
Principais enfermidades que podem levar à respiração bucal.
Causas Obstrutivas:
• Hipertrofia adenoideana
• Rinites
• Rinossinusites
• Tumores nasais benignos e malignos
• Polipose nasal
• Papilomatose nosossinusal
• Mucoceles
• Desvios septais
• Atresia coanal
• Corpos estranhos
• Estenose de fossa nasal
• Alteração cartilaginosa da pirâmide nasal
Causas não obstrutivas:
- Hábitos
- Malformações Craniofaciais
Marchesan (1998) aponta outras causas como hiperplasia de mucosa,
corpo estranho e flacidez dos músculos da face levando a boca a se abrir,
originando respiração bucal. A origem das Hiperplasias de mucosa pode ser
alérgica, por medicação, odores e poluição. Nas crianças menores a rinite se
agrava devido ao seu sistema imunológico imaturo e pelo contato com outras
crianças nem sempre muito saudáveis. A rinite também pode ser causada por
produtos químicos, como, por exemplo, em piscinas e produtos impróprios na
alimentação.
1.3.3 Consequências do Respirador Bucal
Alterações craniofaciais e dentárias:
Nos primeiros anos de vida, o prejuízo na face ocorre pela velocidade do
crescimento ser maior em relação ao crânio. Estatisticamente uma criança aos
21
4 anos de idade apresenta 60% da face pronta, aos 6 anos 80% e aos 12 anos
90% da face pronta. Assim, podendo comprovar a alteração que ocorre numa
criança que sofre de respiração bucal crônica.
A respiração bucal altera o crescimento e desenvolvimento normal
da face e oclusão dos dentes, em função do desequilíbrio que ela provoca nas
relações entre os três sistemas de tecidos: muscular, ósseo e dental.
BEBÊ CRIANÇA ADULTO
https://www.google.com.br/search
Para Marchesan (1998), são muitas as consequências negativas do
respirador bucal. As amigdalas hipertrofiadas podem acarretar problemas
vocais, diminuição do movimento do véu palatino, dificuldades na alimentação,
engasgos, falta de espaço para deglutir, movimentos alterado de cabeça
quando deglute, dificuldade na mastigação e preferência por pastosos.
Menezes et al. (2006) realizou uma observação comparativa de
características anatômicas faciais entre respiradores bucais e respiradores
nasais, numa amostragem de 150 crianças. Dos respiradores bucais 58,8%
apresentaram selamento labial inadequado contra 5,7% dos respiradores
nasais; 23,8% dos respiradores bucais possuíam lábios hipotônicos, nos
respiradores nasais essa característica não foi observada; apresentaram olhos
caídos em 40% dos respiradores bucais, característica exposta só em 1,4%
dos respiradores; 60% dos respiradores bucais tinham mordida aberta anterior
contra 30% dos respiradores nasais; em 38,8% dos respiradores bucais e em
2,9% dos respiradores nasais apresentavam palato ogival; a olheira foi a
característica mais comum entre os respiradores bucais (97,5%) contra 77,1%
dos respiradores nasais.
22
SELAMENTO LABIAL
INADEQUADO
LÁBIOS HIPOTÔNICO
OLHOS CAÍDOS
MORDIDA ABERTA
PALATO OGIVAL
OLHEIRA
https://www.google.com.br/search
A postura labial do respirador bucal é caracterizado por um padrão de
hipofuncionalidade. O lábio superior apresenta-se encurtado e o inferior
evertido. Os lábios são formados por tecidos moles e estão relacionados com:
o fechamento, arredondamento, protusão, compressão etc. Os movimentos
articulatórios são determinados pelas mudanças das posições labiais. Esses
movimentos são essenciais à fala. Portanto, uma criança respiradora bucal
com hipotonia de lábios e língua, pode apresentar alteração de fala.
Alterações Posturais
A Síndrome do Respirador Bucal também tem como consequência o
comprometimento físico e anatômico da postura do indivíduo.
Devido à boca aberta durante a maior parte do tempo, a língua fica mais
baixa junto aos dentes inferiores. Pela dificuldade da passagem do ar, a
23
cabeça projeta-se à frente, esticando o pescoço e alterando a postura da
coluna na tentativa de acesso do ar.
Possíveis problemas posturais:
- Deformidades torácicas
- Ombros propulsados e caídos
- Escoliose, hiperlordose, hipercifose
- Pés planos
- Mamas caídas
- Escápulas salientes
- Abdome proeminente
- Protusão abdominal
Respirador Nasal Respirador Bucal Classe I Classe II Classe III
http://www.naiaodonto.com.br/site/respirador-bucal
A projeção da cabeça para frente faz os ombros rodarem internamente,
comprimindo o tórax, ocorrendo alterações no ritmo e na capacidade
respiratória. Essa postura inadequada acarreta uma respiração rápida e curta,
gerando deficiência na oxigenação.
A enorme ingestão de ar traz como consequência a flacidez e a
distensão da musculatura abdominal e do estômago. Em alguns casos pode
ocasionar dores na região lombar. Não é raro aparecerem problemas
digestivos, de fígado, incontinência urinária, dentre outros.
A postura corporal também sofre alterações devido à posição da
mandíbula. A relação entre as arcadas dentárias (a oclusão dentária) determina
24
uma posição espacial do crânio. Isso produz desequilíbrio corporal. Os grupos
musculares e articulares buscam retomar o equilíbrio por meio de
compensações na coluna cervical, na cintura pélvica, nos joelhos e finalmente
nos pés.
Alterações no sono
https://www.google.com.br/search
O respirador bucal também apresenta distúrbios respiratórios durante o
sono. Geralmente o sono não é reparador. O ar inspirado passa pelas vias
aéreas superiores, sendo elas a cavidade nasal e a faringe, até chegar aos
pulmões. Qualquer obstáculo à passagem de ar resulta em obstrução ao fluxo
aéreo, obrigando o indivíduo a respirar pela boca. Em grande parte dessas
crianças, o sono é agitado e entrecortado com pesadelo, ronco, baba, enurese
noturna e apneia ou hipopnéia. A apneia é a cessação completa de fluxo
oronasal durando 10 segundos ou mais e a hipopnéia se caracteriza por uma
redução de no mínimo 50% no fluxo oronasal durando 10 segundos ou mais.
Ambos os eventos (apneias e hipopinéias) são acompanhados de
dessaturação de O2 e culminam com um microdespertar.
Todas as funções do cérebro e do organismo em geral estão
influenciadas pela alternância da vigília com o sono. O sono reinstala ou
restaura as condições que existiam no princípio. O sono fragmentado é menos
restaurador do que o sono consolidado. O que leva à fragmentação do sono
25
são os mecanismos fisiológicos de obstrução das vias aéreas superiores que
terminam em apneias ou hipopnéias.
Dentre os sintomas diurnos, no respirador bucal, encontra- se sonolência
excessiva, cefaleia matinal, déficits neurocognitivos, alterações de
personalidade, sintomas depressivos e ansiedade, falta de ar ou insuficiência
respiratória e cansaço rápido nas atividades físicas.
A sonolência diurna pode trazer consequências negativas para o
indivíduo, como déficit de atenção, concentração e memória.
Portanto, é comum essas crianças apresentarem problemas de
comportamento tais como: hiperatividade, distúrbios de atenção,
comportamento antissocial e agressividade. Esses problemas irão se refletir no
aprendizado, principalmente no processo de alfabetização.
Marchesan (1998) assegura que o baixo rendimento escolar do
respirador bucal, não é originado por problemas intelectuais, mas causado pelo
sono fragmentado não ser reparador, tendo como consequência a falta de
concentração da criança, comprometendo a aprendizagem.
26
CAPÍTULO II. TDAH x SRB
(Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade X Síndrome do
Respirador Bucal )
A Organização Mundial de Saúde (OMS) reconhece que há um grande
número de crianças com a doença. Segundo dados da Associação Brasileira
de Déficit de Atenção (ABDA), cerca de 3% a 5% das crianças brasileiras
sofrem de TDAH, das quais de 60% a 85% permanecem com o transtorno na
adolescência.
Nos últimos tempos, o transtorno comportamental infantil mais
diagnosticado tem sido o TDAH. Esse transtorno afeta aproximadamente de 3
a 5% de crianças em idade escolar. Com uma incidência maior em meninos do
que em meninas, sendo que o sinal da SRB pode ser encontrado em 30% das
crianças na mesma faixa etária.
Os estudos de Weber et al. (2007) é um dos exemplos que atestam
ocorrer relação entre SRB e TDAH. Em estudos realizados com crianças em
idade escolar de 8 a 11 anos, respiradoras bucais que apresentavam Distúrbios
Ventilatórios Obstrutivos (DVO), como a hipertrofia adenoamigdaliana, foram
submetidos à cirurgia, tendo como resultado um avanço nos distúrbios de
atenção e hiperatividade. As crianças mais velhas (maiores de 11 anos) que
ficaram expostas por mais tempo ao DVO pouco progrediram no sintoma de
impulsividade, déficit de atenção e concentração. Porém eles avançaram no
comportamento de hiperatividade.
Alguns estudos, como o de Vera et al. (2006), apontam a comorbidade
do TDAH com a respiração bucal em associação com transtornos de
aprendizagem. Esta combinação também é assinalada por Weber et al. (2007).
Silva (2008) realizou um estudo com o objetivo de assinalar os prováveis
sintomas e sinais de respiração predominantemente bucal em adolescentes
com TDAH e queixa de prejuízo escolar. Observou-se que mais da metade da
amostra de adolescentes diagnosticados com TDAH e que mostravam
dificuldades de aprendizagem na escola apresentaram uma alta frequência de
sintomas da respiração predominantemente bucal (cerca de 86,95% da
27
amostra), tais como: ronco, respiração bucal noturna, rinite, sialorréia (secreção
excessiva de saliva) no travesseiro, olheiras e lábios ressecados.
Brasiliense, Neves et al. (2010) voltou seu estudo para avaliar se o
tratamento cirúrgico de adenoidectomia ou adenotonsilectomia teria redução
considerável no fator de comportamentos sugestivos de TDAH em 22
portadores de SRB. Nessa pesquisa foi realizado: análise de prontuários,
anamneses, instrumentos que avaliam o comportamento (CBCL, TRF e DSM-
IV) e ainda sessões de dessensibilização e orientação quanto à cirurgia para
pais e pacientes. No acompanhamento pós-cirúrgico, dois de quatro casos
obteve sucesso em relação ao sono. Essa observação indica o quanto é
importante incluir como praxe regular a avaliação comportamental das crianças
respiradoras bucais no atendimento hospitalar.
Em outra avaliação de Brasiliense et al. (2011), também pós-cirúrgica de
adenotonsilectomia sobre alterações no comportamento agregado à
hiperatividade e desatenção em sete crianças numa faixa etária de sete anos,
foram colhidos relatos sobre a evolução comportamental da criança e da sua
saúde e o CBCL, antes e dois meses pós-cirurgia. Os pais relataram que houve
uma atenuação do ronco e da agitação durante o sono, um aumento na
respiração e melhora na alimentação.
Para Marchesan (1998) muitas alterações comportamentais
consequentes da SRB apresentam semelhanças com aquelas observadas em
portadores do Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), como
impulsividade, irritabilidade, dificuldades de aprendizado, dificuldades de
concentração, baixa autoestima e ansiedade, de acordo com Branco,
Brasiliense e Ferreira (2010), Vera, Conde, Wajnsztejn e Nemralta (2006).
Como foi observado anteriormente, a criança que apresenta a síndrome
do respirador bucal tem como consequência o comprometimento da qualidade
de vida e seu desenvolvimento global.
"Quando as crianças respiram pela boca, o cérebro recebe pouco
oxigênio, o que prejudica a capacidade de atenção e o rendimento escolar",
afirma o otorrinolaringologista Manuel de Nóbrega, da Universidade Federal de
São Paulo.
Essa relação é tão estreita que uma pesquisa inédita, realizada na
Universidade de São Paulo, revela que a respiração bucal pode desencadear
28
ou agravar o transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) em
crianças. A ortodontista Carolina Marins, autora do estudo, confirmou o elo
após acompanhar meninos e meninas com o problema: "Aqueles que voltaram
a respirar pelo nariz apresentaram uma melhora impressionante no
desempenho escolar e no quadro de TDAH".
2.1 Sinais e Sintomas TDAH e SRB
O TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade) é um
distúrbio neurovegetativo. É um conjunto de sinais e sintomas causados por
uma imaturidade neurológica, na formação Reticular (no momento da
velocidade ideal que ocorre por volta de um ano de idade), localizada no tronco
cerebral.
No TDAH ocorrem alterações significativas no lobo frontal,
especificamente nas funções executivas, comandadas pelo Executivo Central.
Este componente da memória de trabalho é responsável pelo planejamento e
execução de atividades complexas ou novas. Ao realizar uma nova tarefa como
praticar um esporte ou escrever sobre um tema, necessita-se do executivo
central para gerenciar a execução desta atividade, para uma criança ou
adolescente TDAH, são tarefas difíceis de serem executadas.
É grande a semelhança entre os sintomas do TDAH e as muitas
alterações comportamentais consequentes do SRB. O distúrbio respiratório é
comum no TDAH é preciso observar, pois a criança respira mal enquanto
dorme.
Portanto, é essencial averiguar o mais precocemente sobre os distúrbios
obstrutivos respiratórios do sono em crianças com TDAH. As alterações do
sono provocarão no TDAH as mesmas consequências apresentadas pelo
respirador bucal, tais como: a atenção, a conduta e o aprendizado.
Foi desenvolvido pela Unicamp SP o uso da telerradiografia para auxiliar
no diagnóstico dos Distúrbios Obstrutivos Respiratórios do Sono em Crianças
com TDAH e distúrbios de aprendizagem.
A dificuldade na respiração conduz ao quadro de dessaturação, isto é,
prejuízo da oxigenação em áreas do cérebro como a área pré-frontal. No
29
TDAH, o prejuízo se agrava, pois a sua área mais comprometida é a pré-
frontal.
Os pais muitas vezes percebem as agitações do sono, mas não as
relacionam com fatores que podem aumentar a hiperatividade, prejudicar a
atenção e o aprendizado nas crianças com TDAH.
É bastante comum que os responsáveis por crianças provenientes de
famílias de baixo poder aquisitivo só reconheçam o aparecimento dos sintomas
a partir do momento em que ingressaram na pré-escola.
A American Academy of Child and Adolescent Psychiatry (AACAP,
2006), orienta que as famílias, por sua vez, devem ser bem informadas acerca
dos comportamentos característicos dos sintomas do transtorno como ponto
inicial para uma intervenção que as auxiliem no manejo mais adequado das
situações em que estes sintomas são apresentados por suas crianças.
É fundamental também uma avaliação odontológica para verificar se a
criança apresenta atresia dos maxilares. A atresia fragmenta a passagem do ar
pelas vias aéreas e diminui o espaço de passagem do ar.
Rohde, Barbosa et al. (2000), asseguram que crianças na fase da pré-
escola, apresentam um comportamento de hiperatividade e impulsividade.
Esse comportamento é característico dessa faixa etária. Portanto os autores
alertam para o cuidado que se deve ter para não confundir o comportamento
natural, saudável dessas crianças com o diagnóstico de TDAH.
É muito frequente, crianças com condutas difíceis serem incorretamente
rotuladas com TDAH. Por outro lado, muitas crianças que sofrem do TDAH
permanecem sem o diagnóstico. A American Academy of Pediatrics (AAP)
traçou diretrizes para trazer mais luz a esse assunto.
O diagnóstico é baseado em sintomas muito específicos, que devem
estar presentes em mais de um ambiente. As crianças devem apresentar pelo
menos seis sintomas de desatenção ou seis sintomas de
hiperatividade/impulsividade antes dos 7 anos. Os sintomas devem ser graves
o suficiente para resultar em dificuldades significativas nos ambientes
frequentados pela criança, como: em casa, na escola e no relacionamento com
os demais. Em crianças mais velhas, o TDAH encontra-se com ausência
parcial dos sintomas, mas não se enquadram mais totalmente na definição do
transtorno.
30
Os sintomas de TDAH se dividem numa tríade:
1. Falta de atenção (desatenção)
2. Hiperatividade
3. Comportamento impulsivo (impulsividade)
Algumas crianças com TDAH são primariamente do tipo desatento.
Outras podem ter uma combinação de tipos. As que sofrem do tipo desatento
são menos perturbadas e muitas vezes não recebem o diagnóstico de TDAH.
1. Sintomas de desatentos
• Não consegue prestar atenção em detalhes ou comete erros
resultantes de descuidos no trabalho escolar
• Tem dificuldade de manter a atenção nas tarefas ou em jogos
• Parece não escutar quando falamos diretamente com ela
• Não segue as instruções completamente e não consegue terminar
trabalhos escolares, tarefas ou deveres
• Tem dificuldade de organizar tarefas e atividades
• Evita ou não gosta de tarefas que demandem manter esforço
mental (como trabalhos escolares)
• Seguidamente perde brinquedos, trabalhos, lápis, livros ou
ferramentas necessárias para tarefas ou atividades
• Distrai-se facilmente
• Frequentemente, tem problemas de memória em atividades
cotidianas
2.Sintomas de hiperatividade:
• Mexe as mãos e o pés o tempo todo e se retorce na cadeira
• Levanta-se quando deve permanecer sentado
• Corre ou sobe em móveis em situações inapropriadas
• Tem dificuldade de brincar em silêncio
• Parece frequentemente estar "ligada na tomada" e fala
excessivamente
31
3.Sintomas de impulsividade:
• Fala antes que as perguntas sejam completadas
• Tem dificuldade de aguardar a vez
• Interrompe ou se intromete entre os outros (se mete em
conversas e jogos)
Cerca de metade das crianças com TDAH seguirão tendo sintomas
problemáticos de desatenção ou impulsividade na idade adulta. Entretanto, os
adultos costumam ser mais capazes de controlar o comportamento e mascarar
as dificuldades.
Os autores Rohde, Biederman et al. (2000) asseguram ser fundamental
integrar tais recomendações na avaliação diagnóstica: a história do
desenvolvimento da criança em sua família, na escola e em seu meio social; o
histórico médico e psiquiátrico; o encaminhamento de escalas padronizadas
preenchidas pela escola; uma avaliação neurológica para excluir a hipótese de
retardo mental e o uso de testes psicológicos para avaliar habilidades
específicas.
Massola e Silvares (2005) alegam que as informações dos professores
não só são indispensáveis para o atendimento psicológico de crianças, como
também auxiliam na identificação e no encaminhamento para o psicólogo.
Sintomas do Respirador Bucal
Os respiradores bucais não necessariamente serão caracterizados com
todos esse sintomas. São eles:
- Fase entristecida
- Canto externo dos olhos caídos
- Maxilares pouco desenvolvidos
- Bochehas com musculatura hipotônica
- Narinas estreitas
- Lábios ressecados e rachados
- Lábios superior elevado com hipofunção
32
- Lábio inferior hipotônico e algumas vezes evertido.
- Palato atrésico
- Face longa e estreita
- Cianose infraorbitrária
- Hipertonia do músculo mentális
- Modificação corporais com elevação da cabeça e ombros jogados
para frente
- Musculatura abdmonial destendida
- Modificações no funcionamento do diafragma pela postura
inadequada
- Deglutição atípica
- Mal oclusão dentária tipo Classe II, mordida cruzada ou aberta anterior.
- Olheiras
- Salivação excessiva ao falar
- Halitose
- Diminuição do olfato ou paladar
- Queixas de dor de ouvido
- Dor nas costas
- Ronco
- Baba noturna
- Sono Agitado
- Sonolência Diurna
- Alterações vocais
- Agitação, desânimo
- Boca seca ao acordar
- Diminuição do rendimento físico e/ou escolar.
Bernardes (1999) verificou através de uma pesquisa com os pais sobre a
noção acerca do respirador bucal. Os pais indicaram que a maior preocupação
é a postura da boca aberta, a qual traz um estereótipo de retardo e a
consciência de que a respiração oral deve trazer consequências para as
crianças já que esse não é o padrão correto da respiração do ser humano.
O teste com a placa metálica de Glatzel, foi apontada por Menezes et al.
(2006) de forma a ser posta abaixo das narinas para averiguar a presença de
33
vapor derivado da respiração. Outra investigação seria o período em que a
criança consegue manter água dentro da boca com os lábios fechados e sem
ingeri-la. Esses testes são importantes para complementar as informações
sobre os padrões do sono para se ter um diagnóstico aprimorado de respirador
bucal.
2.2 Etiologia TDAH
O TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade) pode ser
herdado geneticamente, mas sua causa ainda está sendo investigado.
Independentemente da causa, os sinais aparecem enquanto o cérebro está em
desenvolvimento. Estudos de imagem sugerem que existam algumas
alterações no cérebro de uma criança com TDAH, o mesmo não corre no de
uma criança normal.
Existe a hipótese de que neurotransmissores como a dopamina e a
noradrenalina estejam envolvidos com o transtorno.
Alguns sintomas como a depressão, falta de sono, incapacidade de
aprender, transtornos de tique e problemas comportamentais podem ser
confundidos com TDAH. Todas as crianças com suspeita de sofrerem de TDAH
devem ser examinadas com cuidado por um médico para verificar se há outros
problemas ou motivos para o comportamento.
A maioria das crianças com TDAH também sofre de pelo menos um
outro problema de comportamento ou de desenvolvimento. Ainda podem
apresentar um problema psiquiátrico, como depressão ou transtorno bipolar.
No que diz respeito à etiologia do TDAH, as autoras Domingos e Risso
(2000) concluem que existem vários estudos sobre esse transtorno que
indicam não haver uma única causa, mas sim possíveis elementos aliados, tais
como: alta incidência de infecções respiratórias e alérgicas, nutrição pré-natal
precária, uso de medicamentos, dieta rica em açúcar e diversos fatores sociais
(alto nível de estresse e inabilidade no controle comportamental durante a
aplicação das técnicas parentais educativas), dano cerebral e condições
neurológicas ou psiquiátricas. As autoras concluem que crianças com
propensão ao transtorno, não devem ficar expostas a acentuados estímulos.
Nessas crianças aumenta a chance de vir a desenvolver uma hiperatividade.
34
2.3 Tratamento TDAH e SRB
Tratamento para o TDAH
O tratamento para o TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção e
Hiperatividade) é uma parceria entre médico, pais ou responsáveis e a criança.
Para a terapia ter sucesso, é importante:
• O diagnóstico precoce e tratamento adequado podem reduzir
drasticamente os conflitos sociais, familiares, escolares, comportamentais e
psicológicos vividos por essas crianças e seus familiares.
• Definir objetivos específicos e apropriados para guiar a terapia.
• Começar com os medicamentos e a terapia comportamental.
• Fazer acompanhamento regular com o médico para verificar
objetivos, resultados e quaisquer efeitos colaterais dos medicamentos. Durante
esses check-ups, devem ser coletados dados de pais, professores e da
criança.
Geralmente no tratamento do TDAH é usado medicamentos
estimulantes do sistema nervoso associado a terapia psicológica. A
psicoterapia deve ser usada não só para a criança como para a família. O
único medicamento disponível no mercado brasileiro é o metilfenidato.
Entretanto para Rohde, Barbosa et al. (2000), os antidepressivos
tricíclicos (ADT) também são usados no tratamento do TDAH nos casos em
que os estimulantes não surtem efeito,
Os psicoestimulantes (também conhecidos como estimulantes) são as
drogas mais comuns usadas no tratamento do TDAH. Embora sendo
estimulantes essas drogas produzam um efeito contrário (calmante) nos
portadores de TDAH.
Essas drogas incluem:
• Anfetaminadextroanfetamina (Adderall)
• Dexmetilfenidato (Focalin)
• Dextroanfetamina (Dexedrine, Dextrostat)
35
• Lisdexanfetamina (Vyvanse)
• Metilfenidato (Ritalina, Concerta, Metadate, Daytrana)
Uma droga não estimulante denominada atomoxetina (Strattera) pode
ser tão eficaz quanto os estimulantes, e o risco de uso incorreto é menos
provável.
Quanto mais precoce o início do tratamento melhores serão os
resultados, pois o comprometimento emocional será menos acentuado.
Conforme a Academia Americana de Psiquiatria Infantil e Adolescente
(American Academy of Child and Adolescent Psychiatry [AACAP], 2006), foi
largamente atestado que o uso de medicamentos para o TDAH é mais eficiente
do que só o emprego do tratamento comportamental. Todavia a terapia
comportamental, em alguns casos, possa ser aplicada sem o uso de
medicamentos.
O pesquisador Jaeah Chung, do Centro Médico Cohen, em Nova Iorque,
sugere um novo estudo: os médicos geralmente não seguem as diretrizes para
o tratamento de crianças muito jovens com o transtorno do défice de atenção e
hiperatividade (TDAH).
Em seu estudo, cerca de 90% dos médicos entrevistados não adotavam
às novas diretrizes recomendadas para o tratamento de crianças pré-escolares
com TDAH, tais como o tempo de inicio da terapia farmacológica e quais os
medicamentos que devem ser usados. Os pesquisadores ressaltam os
resultados preocupantes de alguns médicos que já iniciam com o tratamento
farmacológico antes de tentar orientar os pais de como lidar com o
comportamento de seu filho ou indicar uma terapia comportamental. "Numa
altura em que existem preocupações públicas e profissionais sobre o excesso
de medicação em crianças com TDAH, parece que muitos especialistas estão
a recomendar a medicação como parte do seu plano de tratamento inicial para
estas crianças", disse o pesquisador Jaeah Chung.
Os pesquisadores entrevistaram 560 médicos que se especializam no
diagnóstico e gestão de crianças dos 4 aos 6 com TDAH. Os resultados
mostraram que somente 8% dos médicos adotaram todas as orientações da
Academia Americana de Pediatria (AAP) - Os demais prescreveram
medicamentos cedo demais, sem primeiro verificar se a terapia de
36
comportamento estava funcionando, ou não usaram o medicamento
metilfenidato como principal fármaco no tratamento.
Um em cada cinco médicos disse que muitas vezes prescreveu
medicamentos como tratamento inicial. A AAP disse em 2011 que os médicos
devem tentar tratar o TDAH em crianças pré-escolares com terapias
comportamentais, antes de prescrever medicamentos. De igual forma, cerca de
20% dos médicos disseram que esperavam que o número de crianças a ser
tratada com medicamentos iria aumentar no futuro.
Tratamento para a SRB
O tratamento proposto para a SRB poderá ser clínico e/ou cirúrgico,
dependendo de cada caso. O tratamento deve ser multidisciplinar, podendo
envolver otorrinolaringologista, dentista, ortopedista funcional, pediatra,
alergista, homeopata, fonoaudiólogo, fisioterapeuta e psicólogo. A participação
de todos estes profissionais se fará necessária quanto maior for a severidade
do problema.
Há que se eliminar a causa da respiração bucal e corrigir, quando
necessário, as alterações ósseo-musculares já instaladas.
O tratamento precoce é indicado, pois toda alteração que envolve o
crescimento e desenvolvimento dos ossos maxilares e arcadas dentárias, tem
a tendência de se tornar mais difícil com o passar do tempo. Os casos que são
tratados na dentição de leite, provavelmente não se transformarão em casos
cirúrgicos.
Para Marchesan (1998) é importante realizar o diagnóstico e tratamento
precoce da SRB, através de ações preventivas efetivadas em conjunto por
equipe de profissionais de saúde. É sugerido também que um trabalho de
orientação às escolas seja feito a fim de informar os pais ou responsáveis das
crianças sobre as consequências, por vezes irreversíveis, desse problema
respiratório.
Costa (2007) propõe algumas etapas para a condução do tratamento do
respirador bucal:
37
- Otorrinolaringologista (ocorrências otorrinolaringológicas) - correção
fisiológica da respiração bucal
- Ortodontista (alterações morfológicas) - promoção do crescimento dos
ossos da face e estabilização dentária
- Fonoaudiólogo (alterações musculares) - restabelecer o equilíbrio dos
músculos orofaciais responsáveis pelas funções de mastigação, deglutição e
fala.
A respiração representa uma das funções vitais do organismo cujo
desequilíbrio causa uma série de alterações em vários órgãos e sistemas.
É preciso tomar consciência da importância da respiração no nosso
cotidiano. Uma respiração correta traz benefícios para a saúde e bem estar.
São eles: redução de enfermidades e toxinas, stress, boa disposição física,
concentração nas atividades, qualidade do sono, diminuição de ansiedade
entre outros.
Os exercícios respiratórios deveriam fazer parte do nosso cotidiano.
Após alguns treinos o corpo se encaminhará de executar o movimento
adequadamente sem a nossa interferência.
Exemplo de exercício respiratório básico:
- Procurar uma posição confortável ou deitado.
- Inspire lentamente pelo nariz, prenda por 5 segundos e solte devagar
pela boca até esvaziar todo o ar dos pulmões.
- Na inspiração distender o abdome e na expiração soltar o ar até
provocar uma cavidade abdominal.
2.4 Consequências no Aprendizado
A respiração é um processo involuntário que permite a intervenção do
sistema nervoso central. O tronco encefálico se encontra no encéfalo entre o
tálamo e a medula espinhal e possui várias estruturas, como bulbo,
mesencéfalo e ponte. O bulbo recebe informações de vários órgãos do corpo,
controlando as funções autônomas (a chamada vida vegetativa): batimento
38
cardíaco, respiração, pressão do sangue, reflexos de salivação, tosse, espirro e
o ato de engolir. É ele que controla a amplitude e frequência da respiração, por
ser sensível às variações do PH do sangue.
Como foi apresentado no capítulo.1, a função do sistema respiratório é
realizar as troca gasosas com o meio ambiente. A respiração nasal garante
que o ar chegue aos pulmões limpo, aquecido e umidificado. O modo
respiratório oral torna o ar sujo, frio e seco, e por isso contribui para que o
organismo da criança fique mais sensível às infecções. Para que essa troca
seja saudável é necessário que o indivíduo siga o padrão correto da respiração
nasal, o que não ocorre com o portador da síndrome do respirador bucal.
O respirador bucal também apresenta distúrbios respiratórios durante o
sono, provocando apneia ou hipopnéia, acompanhados de dessaturação de
O2, e culminam com um microdespertar. O sono fragmentado é menos
restaurador do que o sono consolidado, incidindo na sonolência diurna que
pode trazer consequências negativas como déficit de atenção, concentração e
memória e problemas de comportamento como hiperatividade, agressividade
etc. Esses problemas irão se refletir no aprendizado.
Todas as funções do cérebro e do organismo em geral estão
influenciadas pela alternância da vigília do sono. O córtex cerebral, devido à
obstrução nasal, acarretará em pouca oxigenação, prejudicando o
funcionamento do cérebro. O córtex é a camada mais externa do cérebro,
tendo como função: o pensamento, o movimento voluntário, a linguagem, o
julgamento e a percepção. O córtex é dividido em quatro lobos, são eles: o lobo
frontal, responsável pelo planejamento consciente e pelo controle motor, o lobo
temporal, com muitas funções na aprendizagem, tais como organização de
informação, centros de memória e audição e fala, o lobo parietal, que lida com
os sentidos corporal e espacial e o lobo occipital, que direciona a visão.
No corpo do ser humano, as células, para se manterem, vivas precisam
do oxigênio. Apesar do cérebro humano ter uma pequena capacidade de 2%
da massa corporal, ele consome sozinho 20% de oxigênio utilizado nos tecidos
(isto ocorre com o corpo em repouso).
Se a respiração é a principal atividade do ser humano, por manter a vida
celular, controlar o ph sanguíneo e gerar energia e o seu maior consumo de
oxigênio é no cérebro, uma respiração correta possivelmente trará benefícios,
39
tais como: diminuição de enfermidades, disposição física, maior concentração
nas atividades, sono reparador etc. Assim, a respiração nasal é necessária
para se adquirir pleno desenvolvimento físico, cognitivo e psíquico.
Sem falar na emoção tão necessária para o aprendizado, isto é,
aprender é um ato emocional. O cérebro é responsável pelas emoções. O
sistema sensorial é o responsável pela aquisição do conhecimento, através da
captação das informações do ambiente, levando-as até o cérebro, onde são
transformadas em conhecimento. Essas informações são processadas no
encéfalo, sendo comparadas a outras já guardadas. Esse mecanismo de
informação envolve os aspectos físicos, que são relacionados com os aspectos
ligados aos sentimentos e emoções. Após seu processamento, um conjunto de
sensações é memorizado com a informação recebida que pode ser agradável
ou não.
A memória é um fator essencial da aprendizagem. O processo de
memória é indispensável para novas aprendizagens conectadas ao já
assimilado. A memória se apresenta em diferentes estruturas cerebrais. O
Hipocampo, o lobo temporal, o cerebelo e a amigdala participam em diversos
aspectos das memórias. Os sistemas sensoriais e motores são responsáveis
pelas formas simples do aprendizado.
Como descrito no subcapítulo 1.3, outra consequência do respirador
bucal são as alterações craniofaciais e dentárias. Os movimentos articulatórios
são determinados pelas mudanças das posições labiais. Esses movimentos
são essenciais à fala. Portanto, uma criança respiradora bucal com hipotonia
de lábios e língua pode apresentar alteração de fala.
Para que a fonação seja exercitada com a finalidade correta, é essencial
a integridade da língua, dos lábios, do palato, dos dentes e das bochechas. O
agravo na fala pode advir em relação ao ponto de articulação, principalmente
na emissão do /p/, /b/ e /m/, em decurso de oclusão do lábio inferior nos
incisivos superiores (MARCHESAN; BIANCHINI apud KAZAKEVICH;
KAJIHARA, 2010, p. 2 ).
A dificuldade na fala e, portanto, na fonação também vai acarretar
prejuízos no aprendizado, principalmente na fase da alfabetização. O que irá
comprometer a estrutura de organização da linguagem (Área de Broca e
40
Wernicke), sendo os primeiros estágios do processamento das palavras
faladas ou escritas que ocorrem em determinadas áreas sensoriais do córtex.
As diferentes alterações do respirador bucal, como se pode constatar,
são fatores que influenciam negativamente para que ocorra um bom processo
de aprendizagem, embora muitos outros fatores possam dificultar o
desempenho escolar, como problemas emocionais, auditivos, visuais etc. As
produções de texto, no período da aquisição da linguagem, são indícios das
explorações que as crianças elaboram a respeito da língua escrita. Essa
produção espontânea da criança favorece ao professor analisar os níveis da
aquisição da escrita e rever o desempenho cognitivo. Alguma interferência
nessa fase pode comprometer o aprendizado se não identificar e tratar a causa
o mais precocemente. Numa criança respiradora bucal, a aprendizagem
geralmente já é comprometida, devido, principalmente, ao sono sem descanso
que interfere diretamente na atenção e memória. Essas consequências podem
prejudicar os exercícios de decodificação, armazenamento e resgate de
informação, incidindo na capacidade e duração da memória e comprometendo
a capacidade de aprendizado. Portanto, é de fundamental importância estar
atento a qualquer sintoma apresentado pela criança, seja de ordem cognitiva,
emocional ou comportamental. Logo que seja percebido, deve ser
encaminhado para garantir a precocidade no atendimento dessa criança por
profissionais especializados.
Muitas são as pesquisas e estudos teóricos e de casos acerca da
síndrome do respirador bucal, bem como as suas nefastas consequências,
muitas vezes irreversíveis. Todos os estudos pesquisados apontam que a
síndrome do desconforto respiratório do sono na infância intervém de forma
potencial no desenvolvimento e no aprendizado das crianças. Como o nariz
não está funcionando adequadamente, o ouvido passa a não ser arejado como
deveria. As funções auditivas de localização, discriminação, reconhecimento e
organização ficam prejudicadas, provocando uma certa imaturidade auditiva e
que, por sua vez, termina por afetar o desenvolvimento da linguagem escrita e
da aprendizagem. É comum essas crianças apresentarem problemas
intelectuais, tais como dificuldade de memorização de novos eventos,
alterações da capacidade cognitiva e problemas de comportamento. Por isso, é
preciso o alerta para o quanto essas crianças são rotuladas por professores e
41
pais pelo desconhecimento da verdadeira causa do seu ritmo mais lento de
aprendizagem e do seu comportamento agitado ou apático e desatento.
Kasakevich e Kajihara (2010), que fazem parte do grupo de pesquisa
“Ensino, Aprendizagem e Avaliação Escolar”, da Universidade Estadual de
Maringá, demonstraram que os respiradores orais apresentam dificuldades de
atenção que prejudicam o desempenho na cópia de texto e na matemática.
Neste estudo, foi analisado o desempenho de um grupo de alunos respiradores
orais na resolução de operações de adição e de subtração. O trabalho teve
como objetivo caracterizar os erros cometidos por respiradores orais de 3ª e 4ª
séries do Ensino Fundamental na resolução de operações de adição e de
subtração. Foram selecionadas 30 provas de matemática realizadas por 30
alunos respiradores orais de 3ª e 4ª do ensino fundamental. Os aluas erraram,
em média, 46,66% das operações. O baixo desempenho decorreu de erros no
algoritmo e de erros de atenção.
A tarefa original é composta de 17 operações de adição, de subtração,
de multiplicação e de divisão. Neste trabalho foram analisadas somente as
operações de adição e de subtração: 18579 + 6775; 1803 + 277+ 94; 978 – 69;
3423 – 2754; 12506 – 7843. A análise dos resultados demonstrou que os
respiradores orais erraram, em média, 46,66% das operações. Entre os 30
alunos, somente uma criança (n = 1) acertou todos os itens, e quatro alunos (n
= 4) não conseguiram acertar nenhuma operação. Os erros do grupo, em cada
item, foram analisados. Na operação com reserva “18579 + 6775”, verificou-se
36,66% (n = 11) de erros. Oito alunos cometeram erros na unidade de milhar.
Na operação “1803 + 277 + 94”, 26,66% (n = 8) dos alunos não obtiveram
êxito. Cinco alunos tiveram dificuldade na adição das dezenas (n = 5). Na
operação “978 - 69”, observou-se 43,33% (n = 13) de erros. As maiores
porcentagens de erros ocorreram nos itens que envolviam milhares. Na
operação “3423 – 2754”, 60% (n = 18) dos alunos não conseguiram chegar ao
resultado correto. A maior dificuldade foi na subtração das centenas (n = 12).
Na operação “12506 - 7843”, 63,33% (n = 19) erraram, e isso ocorreu
principalmente nas dezenas e nas centenas. Além de erros no algoritmo, foram
observados muitos erros de atenção, como, por exemplo, a reserva
transportada não foi adicionada aos outros numerais das parcelas; nas
operações de subtração, o minuendo (parcela superior) foi subtraído do
42
subtraendo (parcela inferior); os sinais das operações foram trocados, e por
isso o aluno realizou, por exemplo, uma adição ao invés de uma subtração. A
pesquisa concluiu o baixo desempenho dos respiradores orais nas operações
de adição e de subtração decorreu de erros de atenção e de erros no
algoritmo.
A odontologista Dra. Rosana de Souza (2014), no artigo intitulado
Respiração bucal e desempenho escolar, afirma que respiradores bucais têm
dificuldade no aprendizado e no comportamento. Essa alteração no
aprendizado se confirma por diversas pesquisas e observações em muitos
casos ao longo da carreira profissional no tratamento de respiradores bucais.
Crianças respiradoras orais por obstrução nasal ou faríngea, coriza,
espirros, problemas do sono (roncos, apneia, sono agitado) decorrente de
amígdalas e adenoide aumentadas, alergias, etc. Apresentam dificuldade no
aprendizado e são mais indisciplinadas. O que se nota no respirador bucal é
uma dificuldade em manter a atenção e o controle, além de um ritmo mais lento
na aquisição da leitura e escrita. Normalmente estas crianças ficam mais
agitadas e agressivas com os colegas ou apresentam muita dificuldade de
comunicação e se retraem.
Outra consequência citada é a baixa autoestima. Como todo o
aprendizado perpassa pela emoção, uma criança que apresenta baixo
rendimento escolar corre o risco de afetar sua autoestima e comprometer ainda
mais o seu aprendizado. Poderemos ter nesta criança um sentimento de
fracasso instalado.
Uma pesquisa multidisciplinar realizada por uma otorrinolaringologista,
uma fonoaudióloga e uma psicopedagoga (DI FRANCESCO; JUNQUEIRA;
CHEDID, 2014) encontrou a respiração oral em 67,9% de meninos. Nas turmas
de crianças pesquisadas de 6 e 7 anos (alfabetização) no início do segundo
semestre, 13,7% das crianças sem respiração oral e 53,1% das crianças com
respiração oral estavam pré-silábicas, silábicas e silábicas alfabéticas,
enquanto nas que já estavam alfabéticas e ortográficas encontramos 86,2%
das sem respiração oral e 46,9% das respiradoras orais. As crianças que
precisavam de um auxílio mais individualizado nessa fase perfaziam um total
de 63,4% dos respiradores orais e 9% dos que não apresentavam respiração
oral.
43
Essa pesquisa nos leva a concluir que a identificação e o
encaminhamento são fundamentais, pois a agitação e a dificuldade no
aprendizado podem afetar a autoestima de uma criança. O professor e toda
equipe pedagógica devem observar e encaminhar essa criança para uma
avaliação antes que o prejuízo atinja sua segurança e sua capacidade de
aprender.
Numa pesquisa de campo sobre desempenho escolar, com
levantamento de 152 prontuários na fase pré-escolar entre 5 a 7 anos de uma
escola particular na cidade de São Paulo em 2002. Teve como resultado um
predomínio de meninos no grupo com respiração oral. Dentre as crianças que
integram o reforço escolar por baixo rendimento escolar, a maioria dessas
crianças apresentou respiração oral.
Dentre as crianças que participam do reforço escolar, a maior
quantidade é de respiradores bucais. Eles encontram-se nos níveis de
aquisição da linguagem em desacordo com a faixa etária. Ocorreu a relação
entre problemas de disciplina e respiração oral.
A pesquisa concluiu a existência da relação entre respiração oral e
problemas no comportamento e na aprendizagem. Portanto, é fundamental a
orientação e o conhecimento dos profissionais da educação sobre a relação da
respiração oral, distúrbios respiratórios do sono, roncos e o desempenho
escolar e aprendizado. Com o objetivo de identificar os sintomas nessas
crianças e orientar os pais a buscar tratamento adequado o mais precoce
possível, a fim de sanar esse distúrbio respiratório.
As autoras falam que cerca de metade das crianças terá algum
problema durante seu aprendizado. Vários são as causas do insucesso
escolar, podendo estar relacionadas a, desinteresse, hiperatividade, programas
inadequados, negativismo, problemas neurológicos ou falhas no
desenvolvimento psicomotor, além de processamento da informação
visual ou auditiva.
Elas chamam a atenção para o TDAH, sendo que atualmente os
problemas respiratórios durante o sono e respiração oral, estão sendo
relacionados aos resultando de baixo rendimento escolar e problemas no
comportamento.
44
Foram estudadas 152 crianças, sendo 83 (54,6%) do sexo feminino e 69
(45,4%) do sexo masculino. Quarenta (35,7%) crianças foram caracterizadas
como sendo respiradores orais. O predomínio do grupo com respiração oral foi
o dos meninos, como se observa na divisão por sexo (Tabela 1).
No respirador bucal há uma associação estatisticamente significante
com os problemas disciplinares (Tabela 3).
A maior quantidade das crianças encaminhadas para o reforço escolar
são de respiradores bucais, como foi constatado estatisticamente (Tabela 4).
Tabela 4 - Respiração oral X Reforço escolar Reforço Normal % Respiração oral % Não 89 79,5 18 45 107 Sim 23 20,5 22 55 45 Total 112 40 p<=0,001. Teste de Mann Whitney
Na correlação do nível de aquisição da linguagem e a respiração oral,
comprovou-se que as crianças com respiração oral estão em maior número nos
Tabela 1 - Frequência da respiração oral por sexo Sexo Normal % Respiração oral % Feminino 71 63,4 12 30 Masculino 41 36,6 28 70 Total 112 100 40 100 p <= 0,001.Teste do Qui-quadrado
Tabela 3 - Respiração oral X Problemas disciplinares Disciplina Normal % Respiração oral % Não 72 64,3 16 30 88 Sim 40 35,7 24 60 64 Total 112 40 152 p = 0,008. Teste de Mann Whitney
45
estágios iniciais da alfabetização: silábico-alfabético e alfabético, enquanto as
crianças respiradoras orais na grande maioria encontram-se no ortográfico
(Tabela 5).
Fonte dos Quadros: CHEDID, DI FRANCESCO, JUNQUEIRA, 2014.
Constatou-se que as crianças com respiração oral são as que se
encontram nos níveis mais baixos do processo de alfabetização, confirmando
assim o motivo pelo qual eles são encaminhados para o reforço escolar. Os
distúrbios de aprendizagem são conferidos aos problemas de atenção e
memória.
A predominância da respiração oral foi em 67,9% de meninos. Nas
turmas de crianças pesquisadas de 6 e 7 anos (alfabetização) no início do
segundo semestre, 13,7% das crianças sem respiração oral e 53,1% das
crianças com respiração oral estavam pré-silábicas, silábicas e silábicas
alfabéticas, enquanto nas que já estavam alfabéticas e ortográficas
encontramos 86,2% das sem respiração oral e 46,9% das respiradoras orais.
As crianças que precisavam de um auxílio mais individualizado nessa fase
perfaziam um total de 63,4% dos respiradores orais e 9% dos que não
apresentavam respiração oral.
O incômodo respiratório se agrava durante o sono. As principais
ressonâncias da apneia e sono fragmentado são a hipóxia (baixa oxigenação)
e o sono sem descanso que intervém de modo direto na atenção e na
memória. A falta de atenção pode trazer prejuízos para os exercícios de
codificação, armazenamento e resgate de informação, intervindo na
Tabela 5 - Respiração oral X Níveis de aquisição da linguagem escrita Estágio Normal % Respiração oral % Pré-silábico 4 3,6 5 12,5 9 Silábico 6 5,4 7 17,5 13 Sil-alfabético 14 12,5 9 22,5 23 Alfabético 42 37,5 16 40,0 58 Ortográfico 46 41,1 3 7,5 49 Total 112 40 152 Teste de correlação não-paramétrica de Spearman
46
capacidade e duração da memória e, assim sendo, na capacidade de
aprendizado.
Portanto professores e profissionais da educação devem atentar para os
problemas respiratórios das crianças e sua relação com os problemas do sono,
para que possam orientar os pais na busca de diagnóstico e tratamento
específicos.
Essa pesquisa leva a concluir que a identificação e o encaminhamento
são fundamentais, pois a agitação e a dificuldade no aprendizado podem afetar
a autoestima de uma criança. O professor e toda equipe pedagógica devem
observar e encaminhar essa criança para uma avaliação antes que o prejuízo
atinja sua segurança e sua capacidade de aprender.
Segundo Menezes et al. (2006) e Vera et al. (2006), esta dificuldade de
aprendizagem surgiria em decorrência da diminuição da concentração
provocada pelo sono insuficiente e pela má oxigenação cerebral (hipoxemia).
Godoy (2003) comparou o desempenho escolar de 33 alunos com
respiração decorrente de doenças obstrutivas (rinite alérgica, hipertrofia das
adenoides, hipertrofia das tonsilas palatinas, sinusite etc.) com o de 33 alunos
respiradores nasais. A pesquisadora elaborou e aplicou tarefas pedagógicas de
resolução de operações e problemas de aritmética, de leitura e escrita de
palavras isoladas, de interpretação de texto e de cópia de texto. A avaliação
neuropsicológica revelou que a capacidade de atenção seletiva, de
concentração e de atenção voluntária dos respiradores orais eram inferiores às
da população normal. Nas tarefas de cópia e matemática, a dificuldade de
atenção levou os respiradores orais a apresentarem pior desempenho que os
colegas respiradores nasais.
A fonoaudióloga Fabiane N. Nunes (1999) realizou uma pesquisa com
100 professores de colégios particulares, municipais e estaduais, de um
município do interior do Estado do Paraná. O objetivo desta pesquisa foi
analisar o conhecimento dos professores, a respeito das possíveis dificuldades
do aluno respirador bucal.
A pesquisa teve como resultado e análise dos dados colhidos através de
questionário realizado com 100 professores:
47
Tabela IV: Distribuição do número de Professores avaliados no que diz
respeito à percepção do aluno que respira com a boca aberta.
Percepção da respiração bucal Número Sim 65 Não 35 Total 100
Dos 100 professores pesquisados, a maioria percebe a respiração dos
alunos, mas o restante não associa a postura labial. E um número alto de
professores que desconhecem o respirador bucal, bem como as nefastas
consequências dessa síndrome.
Tabela V: Distribuição do número de Professores avaliados, no que diz
respeito à percepção de alunos agitados ou inquietos.
Aluno agitado ou inquieto Número Sim 87 Não 13 Total 100
Nessa tabela pode-se aferir que a maioria dos professores percebe a
alteração no comportamento dos alunos e um pequeno grupo assinala não ter
alunos agitados.
Tabela VI: Distribuição do número de Professores avaliados quanto à
percepção de alunos que apresentam dificuldades de concentração durante a
aula.
Alunos com dificuldade de concentração Número Sim 88 Não 12 Total 100
48
Essa característica interfere no aprendizado; Por esse motivo, é fácil
para os professores perceberem a dificuldade de atenção nos seus alunos,
como fica claro no resultado desse item do questionário: a percepção de 88
professores.
Tabela IX: Distribuição do número de Professores, avaliados quanto à
percepção de alunos que apresentam dificuldades de aprendizagem.
Alunos com dificuldade na aprendizagem Número Sim 75 Não 25 Total 100
Alunos com dificuldade no aprendizado não tem como o professor deixar
de perceber. Portanto, 75 identificam, enquanto o restante cita não ter alunos
com tal dificuldade.
Tabela XII: Distribuição do número de Professores, avaliados no que diz
respeito se existe ou não a comunicação aos pais das dificuldades
apresentadas pelo seu filho.
Alunos com dificuldade na aprendizagem Número Sim 75 Não 25 Total 100
A comunicação aos pais é de grande importância para o desempenho
escolar. Portanto, 89 dizem comunicar à família sempre que necessário a
alteração do seu filho em sala de aula e o restante dos professores dizem não
49
fazer parte da sua função comunicar à família a dificuldade do seu filho, mesmo
que o aluno não apresente avanço pedagógico na sala de aula.
Tabela XIV: Distribuição do número de Professores, avaliados no que diz
respeito à reação da família frente à comunicação das dificuldades do seu
filho(a).
Reação da família Número Aceitam e procuram auxílio de um especialista 36
Aceitam, se preocupam mas não procuram ajuda do especialista 20
Não demonstram interesse pelas dificuldades apresentadas 32
Ficam bravos, agressivos ao serem comunicados 03
Em branco 09 Total 100
Fonte dos quadros: NUNES, 1999.
O resultado foi quase a equiparação do número de relato dos
professores (36), as famílias que aceitam a comunicação do professor sobre o
seu filho e procura ajuda imediata de um profissional especializado contra o
relato de 32 das famílias que não demonstram interesse algum pelas
dificuldades apresentadas pelo seu filho, 20 relatam que a família aceita bem
quando eles comunicam, mas não valorizam às alterações e não procuram a
ajuda de um especialista, 03 professores relatam que os pais se tornam
agressivos ao serem comunicados, não aceitando em hipótese alguma as
alterações apresentadas.
50
Os resultados dessa pesquisa levam a concluir que os dados colhidos
no Paraná são bastante relevantes ao que diz respeito ao conhecimento dos
professores e pais, sobre a Síndrome do Respirador Bucal. Portanto, é
fundamental que os professores identifiquem a respiração oral nos seus alunos
e orientem os pais a buscar o atendimento clínico adequado para evitar os
prejuízos ou eliminar as alterações provocadas na respiração bucal.
Como se pode constatar existe uma vasta literatura acerca das
consequências da SRB (Síndrome da Respiração Bucal). E a dificuldade no
aprendizado é só uma das consequências desse padrão respiratório incorreto,
sendo objeto de estudo para muitos pesquisadores.
51
CAPÍTULO III . Neurociência Pedagógica e Aprendizagem
3.1 O Cérebro e o Sistema Nervoso
A percepção, a movimentação voluntária, o uso da linguagem e a
comunicação não-verbal, a compreensão das inter-relações espaciais, a
informação visual, a tomada de decisões, a consciência, as emoções, as
interações mente-corpo e a memória, dependem de estruturas localizadas no
cérebro. São atividades complexas dependentes de longas redes de conexões
neurais, algumas se conectando com o tronco encefálico (Cf. LUNDY, 2000).
O cérebro é formado pelo diencéfalo e pelos hemisférios cerebrais. O
cérebro também compõe o encéfalo, a diferença é que o encéfalo é um
conjunto de estruturas que estão anatomicamente e fisiologicamente ligadas,
entre elas: Bulbo raquidiano, Hipotálamo, Corpo caloso, Tálamo, Formação
reticular e Cerebelo.
O Sistema Nervoso tem dois componentes:
1. O Sistema Nervoso Central – formado pelo encéfalo e a medula
espinhal
2. O Sistema Nervoso Periférico – formado pelos neurônios (gânglios e
nervos periféricos) situados no lado exterior do encéfalo e da medula
espinhal.
O sistema nervoso central pertence aos dois lados e fundamentalmente
proporcional. Ele é composto por sete territórios principais: a medula espinhal,
o bulbo, a ponte, o cerebelo, o mesencéfalo, o diencéfalo e os hemisférios
cerebrais. Com o desenvolvimento das técnicas de imagens já se é possível
visualizar essas estruturas cerebrais em humanos vivos.
Cada território neural desempenha funções específicas, são elas:
1. Medula espinhal – é a parte mais caudal do sistema nervoso central,
sendo subdividida nas regiões cervical, torácica, lombar e sacra. A
medula recebe e processa a informação sensorial oriunda da pele, das
52
articulações e dos músculos e controla os movimentos dos membros e
do tronco.
2. Bulbo – situa-se acima da medula espinhal, responsável pelas funções
vitais como digestão, respiração e controle da frequência cardíaca.
3. Ponte – fica acima do bulbo e transmite informação sobre o movimento
do cérebro para o cerebelo.
4. Cerebelo – localiza-se por trás da ponte, é responsável por modular a
força e o alcance do movimento e participa do aprendizado de
habilidades motoras. O cerebelo representa cerca de 10% do peso total
do encéfalo e contém mais neurônios do que os dois hemisférios juntos.
5. Mesencéfalo – situado rostralmente à ponte, controla muitas funções
sensoriais e motoras, os movimentos oculares e a coordenação dos
reflexos visuais e auditivos.
6. Diencéfalo – fica rostral ao mesencéfalo (situado no centro do cérebro) e
contém duas estruturas, como:
• Tálamo – localiza-se no centro do cérebro, nele processa a maior
parte da informação que chega e ao córtex cerebral, relacionada à
emoção e algumas formas de memória, diferentes níveis de
sensações (tácteis e visuais), ou regulam a consciência, a
ativação e a atenção.
• Hipotálamo – mantém a temperatura corporal, a intensidade do
metabolismo, a composição química dos tecidos e líquidos do
corpo, regula os comportamentos alimentares, reprodutivos e
defensivos, a expressão da emoção, o crescimento, e o
funcionamento dos órgãos reprodutivos.
7. Hemisférios cerebrais – consistem no córtex cerebral e três estruturas
situadas em sua profundidade:
• Gânglios da base ou núcleos da base - são constituídos por um
conjunto de núcleos no cérebro com diferentes estruturas e
atividades que atuam como uma unidade funcional. Emitem e
recebem projeções entre si e com o córtex cerebral, tálamo e
tronco cerebral, e são responsáveis por diversas funções como:
coordenação motora, comportamentos de rotina (bruxismo),
emoções e cognição.
53
• Hipocampo – participa em diversos aspectos das memórias. Ele
faz isso por meio da criação de conceitos e da organização de
experiências dentro desses conceitos. Isso ajuda a identificar
contextos de ações e eventos e a organizá-los em um sistema de
armazenamento que faz sentido para o cérebro.
• Núcleo Amigdalóide – coordena as respostas autonômicas e
endócrinas em conjunto com os estados emocionais. Esta região
do cérebro faz parte do sistema límbico e é um importante centro
regulador do comportamento sexual, dos sentimentos (tais como
a paixão e o amor) e da agressividade. Este conjunto nuclear é
também importante para os conteúdos emocionais das nossas
memórias. Desempenha um papel seletivo e organizacional no
armazenamento de todas as memórias, o que é importante para o
aprendizado (KANDEL, 2000).
https://www.google.com.br/search
Os dois hemisférios cerebrais são separados por uma fissura
longitudinal. As superfícies dos hemisférios cerebrais são marcadas por
elevações arredondadas (giros) e depressões (sulcos). Por sob os dois
hemisférios, fica uma camada extremamente enrugada chamada de córtex
cerebral, composta por uma substância cinzenta. Abaixo do córtex fica a
substância branca, composta por axônios conectando a outras regiões do
sistema nervoso central.
54
O córtex cerebral é dividido em quatro áreas chamadas de lobos
cerebrais, tendo cada uma delas funções diferenciadas e especializadas.
Os lobos cerebrais são designados pelos nomes dos ossos cranianos
nas suas proximidades e que os recobrem, são eles:
1. Lobo frontal - região da testa.
2. Lobo occipital - na região da nuca.
3. Lobo parietal - na parte superior central da cabeça.
4. Lobos temporais - nas regiões laterais da cabeça, por cima das
orelhas.
https://www.google.com.br/search
Lobo Frontal - inclui o córtex motor e pré-motor e o córtex pré-frontal,
está envolvido no planejamento de ações e movimento, assim como no
pensamento abstrato. A parte da frente do lobo frontal, o córtex pré-frontal, tem
que ver com estratégia: decidir que sequências de movimento ativar e em que
ordem e avaliar o seu resultado. As suas funções parecem incluir o
pensamento abstrato e criativo, cálculos matemáticos exatos, a fluência do
pensamento e da linguagem, respostas afetivas e capacidade para ligações
emocionais, julgamento social, vontade e determinação para ação e atenção
seletiva. O lobo frontal (localizado atrás da testa) controla não só a
personalidade, mas também a resolução de problemas, a memória, a
linguagem, o julgamento e o controle de impulsos. Danos a essa área do
55
cérebro podem afetar o pensamento crítico e as habilidades na resolução de
problemas.
Lobo Occipital - Coberta pelo córtex cerebral, esta área é também
designada por córtex visual, porque processa os estímulos visuais. É
constituída por várias subáreas que processam os dados visuais recebidos do
exterior depois de terem passado pelo tálamo: há zonas especializadas em
processar a visão da cor, do movimento, da profundidade, da distância, etc. A
área visual comunica com outras áreas do cérebro que dão significado ao que
vemos tendo em conta a nossa experiência passada, as nossas expectativas.
Por isso é que o mesmo objeto não é percepcionado da mesma forma por
diferentes sujeitos. Além disso, muitas vezes o cérebro é orientado para
discriminar estímulos. Uma lesão nesta área provoca agnosia, que consiste na
impossibilidade de reconhecer objetos, palavras e, em alguns casos, os rostos
de pessoas conhecidas ou de familiares.
Lobo temporal – Tem como principal função processar os estímulos
auditivos. Os sons produzem-se quando a área auditiva primária é estimulada.
Tal como nos lobos occipitais, é uma área de associação - área auditiva
secundária- que recebe os dados e que, em interação com outras zonas do
cérebro, lhes atribui um significado permitindo ao homem reconhecer o que
ouve. O lobo temporal tem muitas funções na aprendizagem, tais como
organização de informação, memória e fala. Ele tem controles na recuperação
da memória, na memória visual e em memórias factuais.
Lobo Parietal - é constituído por duas subdivisões - a anterior e a
posterior. A zona anterior designa-se por córtex somatossensorial e tem por
função possibilitar a recepção de sensações, como o tato, a dor, a temperatura
do corpo. Nesta área primária, que é responsável por receber os estímulos que
têm origem no ambiente, estão representadas todas as áreas do corpo. São as
zonas mais sensíveis que ocupam mais espaço nesta área, porque têm mais
dados para interpretar. Os lábios, a língua e a garganta recebem um grande
número de estímulos, precisando, por isso, de uma maior área. A área
posterior dos lobos parietais é uma área secundária que analisa, interpreta e
56
integra as informações recebidas pela área anterior ou primária, permitindo-nos
a localização do nosso corpo no espaço, o reconhecimento dos objetos através
do tato etc.
O cérebro se divide em dois hemisférios:
• Hemisfério Esquerdo - dominante em 98% dos humanos, é
responsável pelo pensamento lógico e competência comunicativa.
• Hemisfério Direito - é responsável pelo pensamento simbólico e
criatividade. Nos canhotos as funções estão invertidas. O
hemisfério esquerdo diz-se dominante, pois nele localiza-se 2
áreas especializadas: a Área de Broca (B), o córtex responsável
pela motricidade da fala, e a Área de Wernicke (W), o córtex
responsável pela compreensão verbal.
Estruturas dos Hemisférios Cerebrais
https://www.google.com.br/search
Corpo Caloso - localiza-se no fundo da fissura inter-hemisférica, ou
fissura sagital, é a estrutura responsável pela conexão entre os dois
hemisférios cerebrais. Essa estrutura, composta por fibras nervosas de cor
branca (feixes de axónios envolvidos em mielina), é responsável pela troca de
informações entre as diversas áreas do córtex cerebral.
57
Córtex Cerebral – processa informação sensorial, motora e mnésia e é
o local do raciocínio, da linguagem, da comunicação não-verbal, da inteligência
e da personalidade.
Córtex Motor - é responsável pelo controle e coordenação da
motricidade voluntária. Traumas nesta área causam fraqueza muscular ou até
mesmo paralisia. O córtex motor do hemisfério esquerdo controla o lado direito
do corpo, e o córtex motor dos hemisférios direito controla o lado esquerdo do
corpo. Cada córtex motor contém um mapa da superfície do corpo: perto da
orelha, está a zona que controla os músculos da garganta e da língua, segue-
se depois a zona dos dedos, mão e braço. A zona do tronco fica ao alto e as
pernas e pés vêm depois, na linha média do hemisfério.
Córtex pré-motor - é responsável pela aprendizagem motora e pelos
movimentos de precisão. É na parte em frente da área do córtex motor
correspondente à boca que reside a Área de Broca, que tem a ver com a
linguagem (KANDEL, 2000).
Córtex pré-frontal – tem como função planejamento e análise das
consequências de ações futuras, relacionado com o comportamento. Recebe
informação praticamente de todo o córtex e faz conexão com o sistema límbico,
formação reticular, hipotálamo, amígdala, hipocampo...
Lesões nessa área podem comprometer estruturas do sistema límbico, alterar
a memória, provocar déficits das funções cognitivas, humor, afeto, conduta,
distúrbios da atenção, movimento, comportamento social e personalidade.
3.2 Neurociência Cognitiva
A Neurociência Cognitiva é uma fusão da neurofisiologia, anatomia,
embriologia, biologia celular e molecular e psicologia experimental. Hipócrates
a mais de 2mil anos atrás já defendia que o estudo apropriado da mente
começa com o cérebro. As funções mentais superiores aprendizagem,
memória e linguagem, historicamente tem sido ponto de destaque para dois
58
modos que se integram: pela observação psicológica e pela fisiologia
experimental invasiva (KANDEL, 2000).
A neurociência cognitiva estuda nossa memória, os pensamentos e as
formas de aprendizado. Estuda as funções cerebrais com objetivo de
desenvolver o conceito de "inteligência artificial". As funções cerebrais
relacionadas à linguagem ficam localizadas principalmente no córtex cerebral.
O córtex cerebral organiza as funções que se relaciona aos processos
sensoriais e motores do lado oposto, isto é, a informação que chega à medula
vinda do lado esquerdo do corpo cruza para a metade direita do sistema
nervoso, antes de ser conduzida até o córtex cerebral.
O cérebro é responsável pelas emoções. O sistema sensorial é o
responsável pela aquisição do conhecimento, através da captação das
informações do ambiente, levando-as até o cérebro. Todas as experiências
sensoriais que foram acumuladas durante a vida vão fornecer ao sistema
nervoso central as informações que serão processadas e transformadas em
conhecimento.
Essas informações são processadas no encéfalo procurando compará-
las com outras que já estejam previamente guardadas, reconhecendo-as ou
não. Esse mecanismo de informação envolve os aspectos físicos (cor, forma,
tamanho), relacionando-os com os aspectos diretamente ligados aos
sentimentos e emoções. Após seu processamento, um conjunto de sensações
é memorizado com a informação recebida que pode ser agradável ou não.
São vários os mecanismo’s que filtram a realidade do mundo exterior,
podendo ocorrer distorções. Só o encéfalo é capaz de construir uma realidade
própria, baseada na interpretação do sistema nervoso, de acordo com a
capacidade cognitiva e as experiências prévias de cada indivíduo. Portanto os
órgãos do sentido não é o único que intervém na realidade, mas também por
complexos sistemas que interpretam a informação sensorial.
O cérebro tem centros para a linguagem. Essa descoberta se deu no
século XIX por Wernicke e Broca, a partir de estudos de casos de patologia e
comparação de cérebro pós-morte.
59
https://www.google.com.br/search
Áreas envolvidas na linguagem. A área de Wernicke processa a entrada de informações auditivas para a linguagem e é importante para o entendimento da fala. Situa-se perto do córtex auditivo primário e do giro angular, que combina os sinais auditivos com as informações vindas de outros sentidos. A área de Broca controla a produção da fala. Situa-se perto da que formam as palavras. A área de Wernicke se comunica com a área de Broca por um trato de fibras, o fascículo arqueado (KANDEL, 2000).
Com essa estrutura de organização da linguagem, os primeiros estágios
do processamento das palavras faladas ou escritas acontecem em
determinadas áreas sensoriais do córtex, especializadas em informações
auditivas ou visuais. Posteriormente, essas informações serão conduzidas a
uma área chamada giro angular. Nessa área, as palavras serão convertidas em
representações neurais comuns, partilhadas entre a fala e a escrita. Em
seguida, essa representação é remetida à área de Wernicke, onde se processa
a linguagem associada ao significado. Essa associação é que vai permitir a
compreensão da linguagem. Prosseguindo, a representação neural comum é
encaminhada à área de Broca, onde é modificada a iniciar de uma
representação sensorial em representação motora, que pode potencialmente
levar à linguagem escrita ou falada (KANDEL, 2000).
A linguagem pode ser diferenciada de outras formas de comunicação
por quatro atributos: criatividade, forma, conteúdo e uso.
A doença pode modificar cada um dos atributos da linguagem. A forma
pode ser degenerada por doença cerebelar, como consequência a disartria
60
(incapacidade de falar claramente) ou por lesões do córtex cerebral, tendo
como efeito a afasia de Broca (dificuldade de expressar o pensamento por
meio da língua falada ou escrita). O conteúdo revela-se na afasia de wernicke
(dificuldade na compreensão da fala e da escrita), na afasia de condução e na
esquizofrenia. O uso da língua é afetado em algumas doenças psiquiátricas,
como a psicose maníaco-depressivo.
A conquista da linguagem abrange o aprendizado por imitação. Vários
estudos indicam que na criança esse processo é inato, com predomínio do
hemisfério esquerdo. A linguagem humana e, mais genericamente, a
comunicação humana também tem importantes elementos afetivos. Eles
englobam os elementos musicais do esforço, do tom e do ritmo, tecnicamente
conhecida como prosódia. Portanto, indivíduos com afasia de Broca também
podem apresentar alguma dificuldade de compreender os aspectos da sintaxe,
atingindo a produção da linguagem.
Os distúrbios da leitura são congênitos como a dislexia. As dislexias são
distúrbios da leitura que podem ter surgido durante o desenvolvimento ou ser
adquirido. Já a compreensão dos grafemas e ideógrafos envolvem diferentes
vias cerebrais. Os dois sistemas dependem dos centros de linguagem do
hemisfério esquerdo, mas cada um é processado por mecanismo distinto
(KANDEL, 2000; LUNDY, 2000)
A escrita foi inventada pelo homem como um sistema de registro. A
aprendizagem da escrita supõe a formação na memória de todas as suas
convenções. Essa formação de memória depende da mobilização de áreas
distintas do cérebro, ligadas à percepção e ao processamento de imagens
(letras e palavras), as quais, por sua vez, precisam estar articuladas com o
significado.
Laburú, C. E. et al (2011) fala que na aprendizagem significativa, o
sentido do crescimento total humano (envolvendo cognição, percepção,
afetividade, emoção etc.) só pode ser vivido se o processo ensino-
aprendizagem for levado a efeito por uma intenção pedagógica que possibilite
uma experiência de encontro entre o educador e o educando. A aprendizagem
significativa caracteriza-se pela interação cognitiva entre o novo conhecimento
e o conhecimento prévio.
61
J. D. Novak foi colaborador de Ausubel e, hoje, o refinamento da teoria
da aprendizagem significativa é feito por ele. A visão ausubeliana da
aprendizagem significativa tem um caráter estritamente cognitivo. No entanto,
Novak considera elementos humanísticos, como o sentir e o agir, relevantes na
aprendizagem significativa.
Muitas áreas do cérebro estão envolvidas em processos de
aprendizagem, algumas envolvidas em partes relacionadas do aprendizado e
outras controlando partes específicas desse processo.
https://www.google.com.br/search
Para se adquirir significado ao que se lê ou escreve, é necessário
utilizar o seu acervo de memória (visual, auditiva e semântica). E por falar em
memória até meados do séc. XX muitos estudiosos não acreditavam de que as
funções da memória pudessem ser localizadas em regiões específicas do
cérebro.
A primeira pessoa a ter clareza sobre a localização da memória
específica no cérebro foi o neurocirurgião Wilder Penfield do Instituto
Neurológico de Montreal.
Segundo Ivan Izquierdo (2011, p. 11) “memória significa aquisição,
formação e evocação de informações. A aquisição é também chamada de
aprendizado: só se grava aquilo que foi aprendido. A evocação é também
chamada de recordação, lembrança, recuperação. Só lembramos aquilo que foi
62
aprendido. O acervo de nossas memórias faz com que cada um de nós seja o
que é: um indivíduo, um ser para o qual não existe outro idêntico”.
A memória não é unitária, pode ser dividida em:
https://www.google.com.br/search
Os principais sistemas de memória reconhecidos pela psicologia
cognitiva são a memória sensorial, a memória de trabalho (também chamada
memória operacional, a memória de curta duração) e a memória de longa
duração. Esta última divide-se ainda em memória declarativa (subdividida em
memória episódica e memória semântica) e memória de procedimentos.
Para Ivan Izquierdo (2011), nos últimos 5 ou 10 anos na áreas da
neurociência não se houve tantos progressos como acerca dos mecanismos
fisiológicos e moleculares da formação ou da consolidação das memórias.
O processo de memória no ser humano é considerado um fator
fundamental da aprendizagem. O processo é necessário para fazer novas
aprendizagens e ter acesso ao já aprendido. Para muitos tipos diferentes de
aprendizado, a memória se apresenta em distintas estruturas cerebrais.
Obstante as regiões cerebrais não compartilham igualmente do processo de
63
armazenamento e de recuperação das memórias. Particularmente o hipocampo
e o cerebelo exercem papéis distintos nas memórias explícita e implícita. O
armazenamento da memória explícita depende do sistema do lobo temporal e
as implícitas do cerebelo, da amigdala e para as formas simples do
aprendizado, dos sistemas sensoriais e motores (KANDEL, 1997).
https://www.google.com.br/search
O hipocampo pode armazenar a memória a longo prazo durante
semanas, transferindo-a gradativamente para regiões específicas do córtex
cerebral. Este esquema ilustra esse processo para a memória visual. A entrada
neural trafega para o córtex visual e, em seguida, para o hipocampo, onde fica
armazenada por várias semanas antes de ser devolvida ao córtex para a
memória a longo prazo. O hipocampo apresenta três vias sinápticas principais,
cada uma capaz de apresentar potenciação a longo prazo (PLP), que se
considera como tendo participação no processo de armazenamento (KANDEL,
2000).
3.3 Contribuições da Neurociência Pedagógica para o Processo de
Ensino/Aprendizagem
A neurociência é mais uma contribuição para a pesquisa das várias
teorias sobre o aprendizado, que permite provocar uma reflexão sobre o
ensino/aprendizagem a partir dos processos cerebrais geradores da cognição e
64
do comportamento. A sua maior contribuição na melhoria da aprendizagem
seria a compreensão do funcionamento do cérebro e a sua relação com o
aprendizado e o conhecimento. No entanto, a aplicação dessa ciência só será
eficiente se for desenvolvido junto com o conhecimento de como funciona o
cérebro. Por se tratar de uma ciência nova com muitas pesquisas em
andamento, não se pode acreditar que ela irá solucionar todos os problemas
educacionais.
O papel fundamental da escola na promoção da construção do
conhecimento é desempenhado pelo professor. Para que essa construção seja
consolidada é necessário conhecer como se desenvolve a memória e o
raciocínio. Como também o desenvolvimento do encéfalo e os elementos que
prejudicam a memória e o aprendizado.
É constante, na escola, os alunos com dificuldade no aprendizado serem
rotulados como desinteressados, desmotivados, sonolentos, desanimados,
quando certos comportamentos podem ser gerados por uma disfunção
cerebral. Cada vez mais se faz necessário que os professores tenham
conhecimento da existência da neurociência como ferramenta para o cotidiano
escolar. Como observa Dorneles:
“Compreendendo melhor os processos de funcionamento neurológico,
os professores compreenderão por que algumas crianças não aprendem e
buscarão recursos de ensino para estas crianças” (DORNELES apud
TABACOW, 2006 p.208).
As descobertas e os progressos das pesquisas no campo da
neurociência foram de grande importância para a educação. A neurociência da
aprendizagem é o estudo de como o cérebro aprende. Essa forma de
aprendizagem leva a compreender como funcionam as redes neurais, o modo
de como os estímulos chegam ao cérebro, a consolidação das memórias e
como acessar as informações armazenadas. A aprendizagem se estabelece
pelo conjunto de sistemas que leva o cérebro a reagir aos estímulos do
ambiente, ativando as sinapses. A cada novo estímulo, a cada repetição de um
comportamento que queremos que seja consolidado, temos circuitos que
processam as informações que deverão ser então consolidadas.
Portanto, a memorização só ocorre se houver a repetição O número de
repetições vai depender da emoção compreendida no acesso da informação.
65
Quanto mais emoção, maior a chance do conhecimento ficar gravado na
memória dos alunos.
Izquierdo assinala a importância para o professor de conhecer como se
armazena e consolida a memória no cérebro e como manter o interesse dos
alunos durante a aula:
O professor melhorará seu desempenho sabendo como o cérebro funciona, para fazer a memória, para modulá-la através dos seus estudos emocionais. Esta modulação é feita por vias nervosas, através de hormônios. Por exemplo, pessoas com idade entre dez e dezoito anos têm picos de produção de testosterona, que quando forem altos excitam o aluno e o deixam desatento. Quando os picos são baixos deixam o aluno sem impulsividade, sem interesse em nada. O professor deve, então, aumentar ou diminuir o grau de tolerância com o desejo que os alunos aprendam (IZQUIERDO apud TABACOW, 2006 p. 210).
Hoje já é possível conhecer o momento da aprendizagem através das
pesquisas da neurociência. O cérebro ainda tem muito para ser desvendado.
Mas já se sabe que ele é o responsável pela aprendizagem, bem como as
funções que cabem a cada estrutura cerebral no processo de aprender. Todas
as estruturas cerebrais têm funções específicas, comunicando-se entre si num
trabalho em conjunto. O ato de aprender ainda está envolto por muitas dúvidas,
como o local exato desse processamento, que estruturas necessitam ser
estimuladas...
Hoje é essencial para a educação entender a função do hipocampo na
consolidação das memórias, a importância do sistema límbico, responsável
pelas emoções, o papel da região frontal, sede do pensamento abstrato, local
da cognição, linguagem e escrita, as funções executivas e o sistema de
comando inibitório do córtex pré-frontal (ligado ao comportamento). Também é
preciso conhecer os caminhos percorridos para o processamento da leitura e
escrita, que começa pela região visual no lobo parietal (formas visuais das
letras) e, em seguida, outras áreas são ativadas para executar a codificação e
decodificação dos sons. O lobo temporal é associado à percepção e
identificação dos sons. O som dos fonemas das letras é de responsabilidade da
66
área temporal verbal. E a região occipital tem a função de reconhecer a palavra
escrita, bem como coordenar e reconhecer os objetos. É fundamental
apreender diversos conceitos formulados pela neurociência, tais como: os
neurônios, sinapses, sistemas atencionais (que viabilizam o gerenciamento da
aprendizagem), mecanismos mnemônicos (fundamentais para o entendimento
da consolidação das memórias), neurônios espelho, que possibilitam a espécie
humana progressos na comunicação, compreensão e no aprendizado e
plasticidade cerebral, isto é, o conhecimento de que o cérebro continua a se
desenvolver, a aprender e a mudar. O cérebro retém a informação por meio de
padrões de reconhecimento.
É preciso que o professor, quando expõe uma nova informação, ajude o
aluno a reconhecer o padrão e relacionar a outros armazenados em seu
cérebro, elaborando novos padrões. Existem dois métodos que exemplificam
essa atividade, são eles: organizador gráfico como mapas mentais e diagrama
de Venn e composição de informação por meio dos blocos lógicos.
Todos esses conceitos e saberes serão viabilizados pelo estudo da
neurociência. Eles facilitarão a compreensão do educador, revelando os
processos neurais que envolvem o cérebro na hora da aprendizagem. O ato de
aprender é bastante complexo, interligando todas as estruturas conectadas aos
seus distintos 100 bilhões de neurônios, conversando uns com os outros via
neurotransmissores dessa verdadeira máquina espantosa chamada cérebro.
Assim, sendo uma prática pedagógica agradável, viva e prazerosa,
fazendo uso, quando necessário, de adequações para um bom aprendizado,
acarretará numa melhor qualidade e quantidade de conexões sinápticas. Com
isso, o processo cerebral terá um resultado satisfatório e consolidado de forma
gratificante para todos os envolvidos no processo ensino/aprendizagem.
Na sala de aula, no trabalho com o aluno, a neurociência pedagógica
cientifica que a aprendizagem ocorre quando os sistemas (dois ou mais) atuam
interligados. O professor tem a alternativa de preparar uma atividade que
trabalhe ao mesmo tempo com mais de um sistema. Por exemplo, numa
atividade de contação de história, confecção de cenário e dramatização, são
usados a percepção visual, auditiva e tátil.
67
A história tem início, meio e fim, o que também estimula o
desenvolvimento de habilidades de sequenciação e organização (funções do
córtex pré-frontal).
Dalmas alerta ao professor que se deve ser evitar fatores prejudiciais à
aprendizagem, como, por exemplo, o excesso de estresse nos alunos.
Algumas pesquisas apontam para o efeito do cortisol (hormônio do estresse),
que quando liberado pode acarretar na morte de neurônios no hipocampo,
prejudicando o aprendizado. Outro exemplo são as drogas que também podem
afetar os neurônios. “Conhecendo fatores que possam afetar o aprendizado ou
a memória, podem-se evitar aqueles fatores prejudiciais a ela” (DALMAZ apud
TABACOW, 2006 p. 207). Dessa forma, o professor deve propiciar um
ambiente agradável, onde o aluno sinta-se protegido e bem recebido.
Na nova geração do digital, como os games, se usado de forma
saudável, pode ser mais um recurso motivador para provocar o estímulo ao
raciocínio lógico, a atenção, a concentração e os conceitos matemáticos. Já a
interação com os caça-palavras e as cruzadinhas podem ser usadas como
recurso facilitador para desenvolver a ortografia de maneira agradável para os
alunos, estimulando o cérebro.
A era digital, para a nova geração, pode ser estimulante. Mas, por outro
lado, a relação por meio do teclado inibiu e prejudicou a comunicação verbal,
sem falar na atividade de brincar, tão importante para a experimentação e a
relação inter-pessoal. O professor precisa tomar ciência de que as habilidades
sociais para as crianças também fazem parte do processo de ensino
aprendizagem, sendo fundamental principalmente para criança com distúrbio
do Autismo, por apresentar incapacidade de relacionamento social.
Os alunos precisam ser estimulados a interagir socialmente e
desenvolver a linguagem não verbal através da arte e do lúdico com jogos de
mímica, expor o sentimento e a emoção numa dramatização, na música e
muitas outras atividades divertidas, facilitando o aprendizado.
O cérebro gosta de novidades que são detectadas pelo hipocampo,
estrutura cerebral envolvida na aprendizagem, por contribuir para a fixação de
conteúdos na memória assim como para sua reativação. Mas para que ocorra
a aprendizagem, a informação nova deve estar contextualizada e relacionada a
conhecimentos pré-existentes no cérebro do aluno.
68
O professor de hoje tem que lidar com essa nova geração de alunos
conectados e “bombardeados” todo o tempo por novas informações e novas
tecnologias desse mundo globalizado. Os alunos exigem aulas motivadoras e
dinâmicas e a escola tem que atender aos anseios das crianças e dos
adolescentes.
Portanto, o educador possui uma grande tarefa desafiadora de planejar
aulas motivadoras, estimulantes e prazerosas de forma a propiciar essa
“detonação” neural, as sinapses e o desempenho desses sistemas. O professor
sabedor da forma de aprendizagem do aluno será capaz de escolher qual a
estratégia que mais se adequa ao aprendizado. Del-Masso vem ratificar a
necessidade do professor atual de se capacitar, buscar caminhos propiciados
pelo estudo da neurociência pedagógica.
Se o professor entende como o cérebro produz cognição, conhecimento, saberá como facilitar a questão da aprendizagem. Assim, o professor que está ensinando um conteúdo, por exemplo, de física, buscará uma informação do cotidiano para exemplificar esse conteúdo. Para o aluno aprender, ele tem que entender o que o professor está falando. E para chegar ao aluno, o professor deverá rever sua prática (DEL-MASSO apud TABACOW, 2006 p. 208).
O professor pode preparar atividades que induzam o disparo neural,
como: desafios de forma lúdica, repleto de conteúdos associando o visual ao
concreto, aulas que despertem a curiosidade, que propiciem descobertas e
experimentações, aulas dinâmicas e prazerosas. Quando se pratica o
aprendizado, facilita a absorção do conteúdo no cérebro. E para verificar se o
aluno realmente assimilou, o professor poderá provocar a discussão sobre o
assunto praticado e a sistematização por escrito. Principalmente levando em
consideração os elementos humanísticos, como o sentir e o agir, essenciais
para a aprendizagem. E despertando fundamentalmente no aluno um ser
questionador, participativo, crítico e consciente do seu papel na construção do
seu conhecimento. Hoje se faz necessário a interação entre professor e aluno –
juntos elaborando e construindo o aprendizado.
69
Os conhecimentos neurocientíficos e a educação andam juntos,
buscando estratégias propositivas que vão se repercutir satisfatoriamente na
sala de aula.
Algumas sugestões que podem ser empregadas como facilitador do
cotidiano da sala de aula:
1- A criação de regras construídas junto com os alunos é uma atividade
que desperta o sentimento de responsabilidade pelo espaço escolar,
possibilitando um ambiente agradável, de. interação e desenvolvimento de
habilidades sociais essenciais no processo de aprendizagem.
2- Os sentidos devem ser explorados através de materiais diversificados,
como, por exemplo: Visual: livros de história; Tátil: material concreto (parte do
concreto para o abstrato – função do lobo frontal) e sucata; Auditivo: música
associada a arte. Dessa forma a aula se torna muito divertida, facilitando o
aprendizado.
3- Após uma atividade agradável é importante ter um intervalo para o
cérebro processar o conteúdo que será absorvido. Isso ativa o hipocampo que
é uma região responsável pelas memórias e consolidação do que aprendeu.
4- A rotina na sala de aula reforça a organização e o comportamento.
Como, por exemplo, para crianças com TDAH e Autistas a rotina e as regras
são fundamentais para regular o mal funcionamento das funções executivas.
Assim como a rotina de trabalho em grupo costuma ser muito apreciada pelos
alunos, ativa as regiões límbicas (responsáveis pelas emoções) e o aprender
está ligado à emoção, a consolidação do conteúdo se torna mais eficaz
(hipocampo).
5- Diversificar e buscar estratégias para trabalhar as mesmas atividades
permite alcançar os diferentes níveis do aprendizado de cada aluno. E, no caso
dos alunos com necessidades educacionais especiais, a perspectiva da
inclusão, na medida em que respeita as suas possibilidades neurais. A
quantidade de repetição vai depender da emoção envolvida na passagem da
70
informação. Quanto mais emoção, maior a chance da informação ficar gravada
na memória dos seus alunos. Crie estratégias para os alunos que terminam a
tarefa mais rápido, como, por exemplo: cantinho da leitura, atividades de
palavras cruzadas e caça-palavras ou sistema de monitoramento para os
colegas que necessitam de ajuda para realizar a tarefa.
6- Um professor flexível, que trabalha os conteúdos de forma prazerosa
e estimulante e que controla a turma com sabedoria, terá como resultado o
respeito dos alunos e uma aprendizagem mais dinâmica e motivadora para os
alunos.
Um professor que prioriza a formação e a investigação, que tem uma
prática pedagógica voltada para um aluno pensante e atuante, possibilitado
pela neurociência, interagindo com as características do cérebro desse aluno,
esses conhecimentos ampliarão os horizontes de um educador moderno e
atual. Segundo Brito,
O aprendizado escolar depende de processos cognitivos. Assim, o conhecimento deles e dos mecanismos envolvidos no próprio aprendizado, que é o objetivo maior da escola, é fundamental para o estabelecimento de estratégias e metodologias de ensino moderno e eficiente (BRITO, apud TABACOW, 2006 p.211).
O diretor do Instituto do Cérebro e professor titular de Neurologia da
Faculdade de Medicina da PUCRS, Jaderson da Costa, divulgou no 12º
Congresso do Ensino Privado Gaúcho os resultados de estudos e pesquisas
científicas que podem levar a bons resultados para a aprendizagem. O Dr.
Costa informou para uma plateia de professores e educadores que o cérebro
aumenta a sua capacidade de aprendizagem quando recebe estímulo de afeto,
emoção e recompensa, e que, nos últimos dez anos, os progressos
neurocientíficos, embasados pelas novas tecnologias, oportunizaram o
aumento do conhecimento sobre o cérebro humano. Essas descobertas deram
subsídios para as pesquisas no campo da neurociência cognitiva e a educação.
Segundo Costa, “uma das máximas que a ciência já comprovou é que não dá
para separar razão e emoção. Os bons sentimentos facilitam o aprendizado".
Ele assinala que numa sala de aula em que são desenvolvidos os aspectos
71
afetivos terá como resultado avanços significativos no aprendizado. O médico
sugeriu algumas atividades essenciais para o desenvolvimento do cérebro:
- a construção dos caminhos neurais utilizados para aprender e executar
tarefas se dá por meio da experiência
- para aprimorar esses caminhos é essencial a repetição
- para exercitar a memória é fundamental realizar associações e
imitações
O Dr. Jaderson Costa (2014) destacou também que “o elogio sempre
atinge os centros de recompensa do cérebro e impulsiona suas atividades”. Ele
acredita que as comprovações científicas auxiliarão os educadores na
compreensão do funcionamento do aprendizado e atendam de forma
satisfatória as necessidades de cada aluno no contexto escolar.
72
CONCLUSÃO
O presente estudo pretendeu investigar e descrever os principais sinais
e sintomas das enfermidades que levam à respiração bucal, suas complicações
e as repercussões causadas por essa síndrome quando não tratadas
adequadamente.
Através da revisão bibliográfica, pode-se concluir que a maioria dos
autores concorda com a etiologia da respiração bucal. Esse padrão respiratório
inadequado pode afetar progressivamente o desenvolvimento físico, cognitivo e
psíquico, além de comprometer o desenvolvimento da face, das arcadas
dentárias e da postura.
Com relação às consequências da respiração bucal, para Menezes et al.
(2007) na época atual a SRB é vista como uma questão muito grave de saúde
púbica. Esses profissionais de saúde tem a consciência do quanto as inúmeras
consequências dessa síndrome são prejudiciais para a qualidade de vida.
De todas as consequências, o foco da pesquisa foi Investigar se a
dificuldade no aprendizado correlaciona com a respiração oral. E a conclusão
do estudo aponta que é comum na SRB as crianças apresentarem problemas
intelectuais, tais como dificuldade de memorização de novos eventos,
alterações da capacidade cognitiva e problemas de comportamento. O distúrbio
do sono é uma das causas mais prejudiciais ao aprendizado. As noites mal
dormidas, entrecortadas por pesadelos, bruxismo, sonolência diurna etc. vão
se refletir principalmente no processo de alfabetização. Segundo Menezes et
al. (2006) e Vera et al. (2006), esta dificuldade de aprendizagem surgiria em
decorrência da diminuição da concentração provocada pelo sono insuficiente e
pela má oxigenação cerebral (hipoxemia) e outros.
Como se pode constatar existe uma vasta literatura acerca das
consequências da SRB (Síndrome do Respirador Bucal). E a dificuldade no
aprendizado é só uma das consequências desse padrão respiratório incorreto,
sendo objeto de estudo para muitos pesquisadores.
Autores e artigos médicos alertam para o cuidado ao diagnosticar uma
criança, pois é grande a semelhança entre os sintomas do TDAH (Transtorno
73
do Déficit de Atenção e Hiperatividade) e as muitas alterações
comportamentais consequentes da SRB. O distúrbio respiratório é comum no
TDAH. É preciso observar se a criança respira mal enquanto dorme. A
depressão, a falta de sono, a incapacidade de aprender, os transtornos de
tique e os problemas comportamentais podem ser confundidos com TDAH.
No geral, os autores concluíram sobre a importância de realizar o
diagnóstico e tratamento precoce da SRB através de ações preventivas por
equipe de profissionais de saúde. É sugerido também que um trabalho de
orientação às escolas seja feito a fim de informar aos professores e pais sobre
o fato de que muitas das dificuldades e alterações apresentadas em sala de
aula podem ser causadas pela respiração bucal.
De acordo com o estudo, constatou-se que as alterações da SRB
acarretam diversas consequências na vida diária da criança. A precocidade do
tratamento multidisciplinar se faz necessário na prevenção das profundas
alterações físicas, posturais, anatômicas e comportamentais (Costa, 2007;
Menezes et al., 2007).
Conclui-se que a SRB não é de âmbito exclusivo da Saúde, mas
também da educação, pois é dentro do espaço escolar que se repercuti a
maioria das consequências dessa síndrome. Até chegar a saúde a criança
precisa ser encaminhada pelos pais e/ou professores para investigação e
diagnóstico de algum especialista de acordo com o comportamento
apresentado pela criança.
Portanto, é no espaço escolar, na figura do professor, que deveria ser
dado todo apoio e esclarecimento a respeito dessa e de muitas outras
síndromes como fator fundamental para o diagnóstico precoce. Espero que
este estudo possa contribuir de alguma forma para alertar os profissionais de
educação e os pais sobre a relação entre o respirador bucal com os problemas
de aprendizagem e no comportamento dos alunos, além de todo um conjunto
de graves consequências que pode provocar quando não tratada
precocemente. Como também a contribuição para salientar que existe uma
estreita relação entre os comportamentos sintomáticos do TDAH e a síndrome
do respirador bucal, com a incidência de diagnósticos incorretos. Essa relação
entre as etiologias, no entanto, foi um resultado não esperado do estudo.
74
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
ALMEIDA, N. T. Respirador Bucal. Disponível em:
<Respirador%20Bucal%20%E2%80%93%20Naia%20Odontologia.htm>.
Acesso em: janeiro de 2014.
AMABIS, J. M.; Martho G. R. Fundamentos da biologia moderna. São Paulo:
Ed. Moderna, 1999.
ARRUDA, Marco Antônio. Educar na era. Aprender Criança. Disponível em:
<http://www.aprendercrianca.com.br/index.php/noticias-do-cerebro/257-educar-
na-era-digital>. Acesso em: maio de 2014.
BRANCO, M. F. C. Avaliação comportamental de crianças com síndrome do
respirador bucal. Dissertação de Mestrado, Universidade Federal do Pará,
Belém, 2012.
BRANCO, M. F. C., BRASILIENSE, I. C. S., FERREIRA, E. A. P. Avaliação
comportamental de crianças com síndrome do respirador bucal e transtorno do
déficit de atenção e hiperatividade. In: XIX Encontro da Associação Brasileira
Psicoterapia e Medicina Comportamental, Campos do Jordão. Anais da XIX
Reunião da ABPMC, 2010
BRASILIENSE, I. C. S. et al. Avaliação comportamental de crianças com
Síndrome do Respirador Bucal atendidas pelo serviço de Psicologia. In: I
Jornada Acadêmica do Hospital Universitário Bettina Ferro de Souza, Belém,
2010.
CHEDID, K. A. K.; DI FRANCESCO, R. C.; JUNQUEIRA, P. A de S. A
influência da respiração oral no processo de aprendizagem da leitura e escrita
em crianças pré-escolares. Disponível em:<
http://pepsic.bvsalud.org/pdf/psicoped/v21n65/v21n65a08.pdf
75
>. Acesso: janeiro de 2014.
COSTA, C. M. F. Influência do tratamento da respiração oral na sintomatologia
de crianças com transtorno do déficit de atenção/hiperatividade. Dissertação de
Mestrado, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2007
COSTA, Jaderson. Como pode a neurociência ajudar o professor? Disponível
em:
<http://neuropsicopedagogianasaladeaula.blogspot.com.br/2012/10/neurocienci
a-formacao-de-professores-e.html>. Acesso em: maio de 2014.
DOMINGOS, N. A. M.; RISSO, K. R. O transtorno do déficit de atenção e a
hiperatividade infantil. In E. F. M. Silvares (Org.). Estudos de Caso em
Psicologia Clínica Comportamental Infantil, vol.2. Papirus: Campinas, 2000. pp.
63-83.
FENSTERSEIGER, G. S. et. al. Respiração bucal em crianças com dificuldade
de aprendizado. Brazilian Journal of Otorhinolaryngology, v. 79, n. 5. São
Paulo, sep./out., 2013. Disponível em: <
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1808-
86942013000500620>. Acesso em: fevereiro de 2014.
GUERRER, E. J. Respiração bucal, suas causas e consequências. Centro de
Especialização em Fonoaudiologia Clínica Motricidade Oral, Londrina, 2000.
IZQUIERDO, Ivan. Memória. Porto Alegre: Artmed, 2011.
________. A Arte de Esquecer. Rio de Janeiro: Vieira e Lent, 2010
KANDEL, E. R.; SCHWARTZ, J.H.; JESSEL, T. M. Fundamentos da
Neurociência e do Comportamento. Drewtice-Hall do Brasil: Rio de Janeiro,
1997.
76
KAZAKERICH, J. G.; KAJIHARA O. T. Respiração oral, aprendizagem escolar
e desenvolvimento infantil. In: Seminário de Pesquisa do PPE, Maringá, 2010.
Disponível em:
<http://www.ppe.uem.br/publicacoes/seminario_ppe_2009_2010/pdf/2010/018.
pdf>. Acesso em: janeiro de 2014.
LABURÚ, C. E. et al Multimodos e múltiplas Representações, aprendizagem
significativa e subjetividade: três referenciais conciliáveis da educação científica
- Ciênc. educ. (Bauru) vol.17 no.2 Bauru 2011. Disponível em:
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-
73132011000200014 > Acesso: março de 2014
LUNDY-EKMAN L. Neurociência: fundamentos para reabilitação. Elsevier: Rio
de Janeiro, 2000.
MARCHESEAN I. Q. Avaliação e terapia dos problemas da respiração. In
Marchesan I. Q. (Org.). Fundamentos em fonoaudiologia. Guanabara Koogan:
Rio de Janeiro, 1998. p 23 -36.
MASSOLA, G. M.; SILVARES, E. F. M. A percepção do distúrbio de
comportamento infantil por agentes sociais versus encaminhamento para
atendimento psicoterapêutico. Revista Interamericana de
Psicología/Interamerican Journal of Psychology, São Paulo, n. 39, n. 1, p. 139-
150, 2005.
MEDEIROS, A. X. R. e KAJIHARA, O. T. Artigo: Problemas de Matemática de
Alunos Respiradores Orais Universidade Estadual de Maringá/Departamento
de Teoria e Prática da Educação/Maringá, PR. XIX Encontro Anual de Iniciação
Científica Anais do XIX EAIC – 28 a 30 de outubro de 2010, UNICENTRO,
Guarapuava –PR.
MENEZES, V. A. et al. (2007). Influência de fatores socioeconômicos e
demográficos no padrão de respiração: um estudo piloto. Revista Brasileira de
Otorrinolaringologia [on line], v. 73, n 6, p. 826-834. Disponível em:
77
<MENESES%20%20%20------------%20%202007.htm>. Acesso: janeiro de
2014.
MENEZES, V. A. et al. Prevalência e fatores associados à respiração oral em
escolares participantes do projeto Santo Amaro-Recife. Revista Brasileira de
Otorrinolaringologia [on line]. n v 72, n 3, p. 394-399, 2005. Disponível em:
<MENESES%20%20%20------------%20%202007.htm>. Acesso: janeiro de
2014.
MIETTO, Vera Lucia de Siqueira. A Importância da Neurociência na Educação
Disponível em:
<http://neuropsicopedagogianasaladeaula.blogspot.com.br/2012/10/neurocienci
a-formacao-de-professores-e.html>. Acesso em: maio de 2014.
NUNES, F. N. Respiração x Aprendizagem. Centro de Especialização em
Fonoaudiologia Clínica Motricidade Oral, Monografia (Especialização em
Motricidade Oral), Curitiba, 1999. Disponível em: <
http://www.cefac.br/library/teses/5857d54fead0da40c98b881623d3a5dd.pdf
>. Acesso: março de 2014.
OLIVEIRA, T. C. de. Síndrome do respirador bucal: análise fisiopatológica e
uma abordagem fisioterapêutica pneumofuncional. Lato & Sensu, Belém, v. 3,
n. 4., dez. 2001.
PORTELA, Catarina et al. Neurociências: na trilha de uma abordagem
interdisciplinar. Com Ciência n. 144 Campinas dez. 2012. Disponível em:
<http://comciencia.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1519-
76542012001000006&lng=pt&nrm=iso>Acesso: março de 2014.
RELVAS, Marta Pires. Neurociência e Transtorno de Aprendizagem. Wak
Editora: Rio de Janeiro, 2011.
ROHDE, L. A. et al. Transtorno de déficit de atenção/hiperatividade. Revista
Brasileira de Psiquiatria, n 22, p. 7-11, 2000. Disponível em:
78
<http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/19438/000304746.pdf>.
Acesso em: janeiro de 2014.
SILVA, T. L. Sintomas e sinais de respiração predominantemente oral em
adolescentes com TDAH e queixa de prejuízo escolar. Dissertação de
Mestrado. Universidade de Brasília, Brasília: Brasília, 2008.
SOUZA, R. Respiração bucal e desempenho escolar. Disponível em:
<Respiração%20Bucal%20e%20Desempenho%20Escolar,%20Artigo%20%20
%20iDent.htm>. Acesso em: março de 2014.
TABACOW, L. S. Contribuições da neurociência cognitiva para a formação de
professores e pedagogos. Dissertação de Mestrado. PUC: Campinas, 2006.
VERA, C. F. D. et al. Transtornos de aprendizagem e presença de respiração
oral em indivíduos com diagnóstico de transtornos de déficit de
atenção/hiperatividade (TDAH). Revista CEFAC, v 8, n 4, p. 441-455, 2006.
WEBER, S. A. T., et al. Distúrbio de hiperatividade e déficit de atenção na
síndrome de apnéia obstrutiva do sono: há melhora com tratamento cirúrgico?
Revista Brasileira de Otorrinolaringologia, v 72, n 1, p.124-129, 2007.
79
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 02
AGRADECIMENTO 03
DEDICATÓRIA 04
RESUMO 05
METODOLOGIA 06
SUMÁRIO 07
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I
Sistema Respiratório 10
1.1 - Órgãos e função do Sistema Respiratório 10
1.2 - Fisiologia da Respiração 14
1.3 - O que é Síndrome do Respirador Bucal 18
1.3.1 - Tipos de Respirador Bucal 19
1.3.2 - Causas do Respirador Bucal 19
1.3.3 Consequências do Respirador Bucal 20
CAPÍTULO II
TDAH X SRB (Transtorno do Déficit de Atenção e
Hiperatividade x Síndrome do Respirador Bucal) 26
2.1 - Sinais e sintomas TDAH e SRB 28
2.2 - Etiologia TDAH e SRB 33
2.3 - Tratamento TDAH e SRB 34
2.4 – Consequências no Aprendizado 37
CAPÍTULO III
Neurociência Pedagógica e Aprendizagem 51
3.1 - O Cérebro e o Sistema Nervos 51
3.2 – Neurociência Pedagógica 57
3.3 – Contribuições da Neurociência Pedagógica
para o Processo de Ensino/Aprendizagem 63
80
CONCLUSÃO 72
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 74
ÍNDICE 79
Top Related