UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL E DE VIDA ESCOLAR
COMO ALTERNATIVA À ORIENTAÇÃO VOCACIONAL
Por: Azuil Vasconcellos da Silva Junior
Orientador
Profa. Geni Lima
Rio de Janeiro
2012
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL E DE VIDA ESCOLAR
COMO ALTERNATIVA À ORIENTAÇÃO VOCACIONAL
Apresentação de monografia à AVM Faculdade
Integrada como requisito parcial para obtenção do
grau de especialista em
Orientação Educacional e Pedagógica
Por: Azuil Vasconcellos da Silva Junior
3
AGRADECIMENTOS
a Lucas Gomes de Albuquerque, João
Gomes de Albuquerque, Rodrigo
Vianna do Valle Pires e Marcellus
Tavares Machado – que tornaram
realidade meu computador, diante de
tantas dificuldades, em uma época, na
qual todas as fases, não só a digitação
e composição, mas também
orientação, entrega e avaliação, de um
trabalho acadêmico, são realizadas por
meio virtual.
4
DEDICATÓRIA
Este trabalho é dedicado a todos os meus
professores e professoras desde o C. A.
até as Graduações, incluindo os de
cursos livres, dos quais guardo muitas
recordações saudosas e ensinamentos,
não só científicos, mas morais, os quais
eu utilizo até hoje.
5
RESUMO
Orientação Vocacional refere-se a orientar “vocação”. No Capítulo I,
Vocação: Um Conceito Construído, estudamos os vários sentidos para a
palavra “vocação” e verificamos que não há uma entidade específica para ser
chamada de “vocação” e evidenciamos os equívocos ao definir “opção”, “níveis
de inteligência” e a “descrição” das atividades profissionais. No Capítulo II,
Orientação Vocacional Estatística, discorremos pela origem histórica da
Orientação Vocacional ligada à seleção de pessoal, passando pelo movimento
das grandes guerras, da industrialização e da formação instrumental da
Psicologia, evidenciando a mensuração de habilidades com rigor científico. No
Capítulo III, Orientação Vocacional Clínica, demonstramos o rompimento com o
modelo anterior e a inclusão de elementos clínicos no atendimento,
preocupando-se com a informação do jovem, porém mais focado na sua
constituição íntima, buscando um encontro com a própria identidade. É exposto
também o surgimento de vários projetos que começam lentamente a romper
com esse segundo momento. Por fim, no Capítulo IV, Orientação Profissional e
de Vida Escolar, apresentamos o projeto de mesmo nome que se propõe a
orientar realmente os alunos a fazer escolhas para a vida profissional e para a
vida escolar, tirando do foco a intervenção terapêutica e rompendo
definitivamente com a mensuração impessoal.
6
METODOLOGIA
O presente trabalho foi desenvolvido utilizando-se de pesquisa
bibliográfica de interesse comum à Pedagogia, Psicologia e Orientação
Educacional. Apresenta-se como linha principal de discurso BOHOSLAVSKI,
Orientação Vocacional: a estratégia clínica e LEVENFUS & SOARES,
Orientação Vocacional Ocupacional para descrição de Orientação Vocacional;
e LANE & CODO, Psicologia Social: o homem em movimento para discurso de
visão de mundo destacando a construção dos valores e conceitos.
Não foram desenvolvidas pesquisas de campo de forma significativa
com dados estatísticos válidos, tendo-se como base do trabalho a pesquisa
bibliográfica.
O discurso é ao mesmo tempo descritivo e crítico, demonstrando as
tendências em Orientação Vocacional e Profissional e suas origens, e
apresentando projeto com proposta de atividade de orientação que busca
suprir as carências apontadas no decorrer do texto.
7
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I − Vocação: Um Conceito Construído 12
CAPÍTULO II − Orientação Vocacional Estatística 16
CAPÍTULO III – Orientação Vocacional Clínica 21
CAPÍTULO IV – Orientação Profissional e de Vida Escolar 26
CONCLUSÃO 43
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 45
WEBGRAFIA 47
ÍNDICE 48
8
INTRODUÇÃO
“Último ano do Ensino Médio, acabei os estudos, agora vou pensar em
faculdade, trabalho, ter minha vida.” Esse é o pensamento de alguns jovens
sem perceber que a profissão a qual irá seguir e o vestibular que irá enfrentar
são coisas a serem planejadas com antecedência. Outros esperam de um
profissional a responsabilidade de escolher por eles a carreira a seguir, pois “o
profissional está apto para indicar a profissão correta”.
Para muitos jovens, o momento da escolha é bastante angustiante, não
há elementos suficientes para fazer uma escolha. Além do mais, este é um
momento de ruptura, pois, até então, não se precisava escolher, a vida ia
levando: o estudo era generalista da Matemática às Artes, adaptado à sua faixa
etária, conduzido pelos profissionais de Educação, supervisionado pelos pais,
descomprometido com trabalho e aquisição financeira.
Agora é preciso se preocupar com o que estudar, por quanto tempo,
com mercado de trabalho, matérias que agradam, competição com outros
candidatos, tudo o que leva a pensar em um túnel sem volta. Essa angústia foi
ampliada para outros níveis, pois há muitas décadas que já se deve ter uma
escolha feita antes de se concluir o Ensino Fundamental, porque é necessário
escolher entre uma simples Formação Geral e um Curso Técnico, e, na
segunda hipótese, técnico em quê, e depois, em qual escola técnica. E não é
só isso. As crianças que terminam a primeira metade do Ensino Fundamental,
muitas vezes, já estão às voltas com os concursos de admissão às escolas
federais e colégios de aplicação, seja em busca de melhor qualidade de
ensino, seja em busca de gratuidade, para fazer o segundo segmento do
Ensino Fundamental.
Envolvidos com esse quadro estão o psicólogo e o pedagogo,
sobretudo o orientador educacional, que são os profissionais incumbidos de
orientar esses alunos, jovens ou não, com um trabalho de informação,
9
diagnóstico, autodescoberta, acolhimento, conforme a visão teórica de cada
um. E esses profissionais são requisitados. Por que se tornou tão difícil fazer
uma escolha profissional? O mundo profissional prestigia, ou pelo menos
corresponde ao esforço de tantas pessoas que durante anos se dedicaram e
sofreram para conquistar aquela posição?
Essas e muitas outras questões caem na mão do orientador, seja esse
profissional um psicólogo, um pedagogo ou um especialista em Orientação
Educacional, e este profissional precisa estar preparado para lidar com essas
questões. Não foi sempre assim, não era necessário ter métodos de orientação
para um jovem escolher uma profissão. Em outras épocas nem mesmo havia a
necessidade de escolher uma profissão: já vinha de família.
Com o desenvolvimento industrial, passagem do século XIX para XX,
surgiu a necessidade de “selecionar” profissionais, e, da perspectiva da família,
a possibilidade de mudança de perfil profissional, de mudança de vida, mas
também do perigo da falta de colocação no mercado de trabalho. E é nessa
época que surgem os instrumentos para seleção de pessoal e, mais tarde, para
orientação dos futuros profissionais – os estudantes.
Dessa época até o momento atual, início do século XXI, já passamos
por algumas outras tendências teóricas e muitas propostas de trabalho, que
serão analisadas ao longo dos capítulos, entretanto fica a pergunta: a
Orientação Vocacional realmente dá conta das necessidades do estudante e
do futuro profissional?
A realidade é: muitas instituições de ensino, públicas e particulares;
uma infinidade de cursos de todos os níveis, uns fornecem habilitação
profissional, outros não; cursos preparatórios de várias qualidades; situação
financeira dos alunos como elemento fundamental nessa escolha, quase
sempre esquecida; cientificistas que defendem ferrenhamente os testes
psicológicos para garantir um embasamento científico; propostas
10
modernizantes da Orientação, seja ela Vocacional – questionável – seja
Profissional, oferecendo todo tipo de prática, sem a rigidez do cientificismo,
porém com atividades no mínimo curiosas.
Entretanto vemos diariamente jovens que fazem altos sacrifícios para
conquistar uma vaga em determinados cursos acadêmicos ou cursos técnicos
de elite e logo depois abandonam o curso. As “orientações” vocacionais não
estão alcançando o grande público e não estão sendo eficientes com os
estudantes alcançados. Isso nos leva a pensar que precisamos repensar essas
estratégias.
A hipótese que podemos formular é que a Orientação Vocacional
proposta academicamente não supre as necessidades dos estudantes, já que a
Orientação Vocacional Estatística apenas diagnostica vocação como algo
inerente ao sujeito de algo que se espera que se concretize, e a Orientação
Vocacional Clínica traz recursos de autodescoberta, mas ainda não
disponibiliza a informação suficiente. O jovem precisa conhecer para escolher,
além de se conhecer.
Por isso decidimos pesquisar o histórico da Orientação Vocacional e
Profissional, apresentando alguns pontos mais relevantes, uma vez que a
quantidade de propostas de atividades é imensa, verificável na bibliografia
pesquisada e ainda em outras; e diante desse material propor um novo projeto
que intenciona suprir as lacunas apresentadas. Evidentemente muitos detalhes
serão parecidos com algumas das atividades já propostas pulverizados nas
mais variadas atividades, outros serão peculiares desta nova proposta, mas a
organização, a estrutura, da atividade se propõe como algo diferente.
A pesquisa será feita bibliograficamente no que diz respeito às duas
grandes vertentes de Orientação Vocacional e a proposta de Orientação
Profissional e de Vida Escolar é embasada em um projeto pessoal meu. O
mesmo não possui amostragem estatística para confirmar dados, ele é apenas
11
colocado como proposta. A pesquisa de campo (aplicação do projeto em um
número aceitável estatisticamente de sujeitos) demandaria tempo e recursos
financeiros. Porém deixamos aqui a proposta com seu respectivo
detalhamento.
Dessa forma o presente trabalho tem por objetivo geral evidenciar a
necessidade de um novo olhar para orientar estudantes quanto a sua escolha
de escolas e profissões. Especificamente ele objetiva demonstrar sucintamente
o contexto histórico que gerou os modelos existentes de Orientação
Vocacional, pontuando suas limitações; assim como desmitificar “vocação” e
“orientação vocacional” para então propor um novo modelo de orientação para
os estudantes em forma de curso: a Orientação Profissional e de Vida Escolar.
12
CAPÍTULO I
VOCAÇÃO: UM CONCEITO CONSTRUÍDO
No dicionário encontramos para “vocação” o significado “escolha”, “pré-
destinação”, “tendência”, “pendor”, “talento”, “aptidão” (FERREIRA, 1993). Essa
significação deve ser analisada com cuidado, devido à múltipla valoração
encontrada no dicionário e ao fato de o tema ser uma preocupação constante
da família e da escola.
Se a vocação é uma escolha, não é coerente aplicar testes
psicológicos para avaliar uma escolha a ser feita, estar-se-ia “indicando” a
escolha; e o teste não teria o que avaliar por falta de uma entidade concreta, a
vocação seria um ato a ser realizado no futuro.
Se ela é uma pré-destinação, seria inútil fazer qualquer trabalho de
orientação para o que fatalmente acontecerá. Se a vocação é tendência,
pendor ou talento, podemos começar nossa discussão.
Em toda a bibliografia consultada para este trabalho, bibliografia
específica sobre Orientação Vocacional e sobre testes psicológicos, não foi
encontrado um conceito para “vocação”. Ao longo de toda uma Graduação em
Psicologia, os estudos sobre Orientação Vocacional passaram longe da grade
do curso, a não ser por uma disciplina “eletiva” que se limitava a diferenciar
Orientação Vocacional Estatística de Orientação Vocacional Clínica.
O que se pode citar sobre “vocação” nos estudos de Psicologia é a
análise da Psicologia Social embasada em uma visão do “sujeito” como ser
histórico com valores e tendências construídos. Assim como outros valores,
“posse de altruísmo”, “comportamento de homem”, “conceito de adolescente”,
“qualidades de criança”, a vocação também entraria no rol de conceitos que se
13
desenvolveram por necessidades sociais ou por interesses de grupos
formadores de opinião (LANE & CODO, 2001).
Entendido dessa forma, podemos de fato questionar, não a tendência
ou aptidão, que são verificáveis, mas a classificação dessa aptidão como uma
característica intocável, inerente ao sujeito, apenas pronta para ser verificada
por uma bateria de testes ou descoberta em sessões terapêuticas.
Aptidões como para neurocirurgião, geneticista, analista de sistemas
de Informática, gladiador, guarda medieval ou cavaleiro real tornam-se irreais
se analisadas fora de seu contexto social e temporal. Dessa forma, parece
muito mais coerente vermos essas tendências ou aptidões como capacidades
construídas dentro de um contexto social, uma realidade financeira, uma
estrutura familiar que levaram o sujeito àquele ponto temporal e mutável de
capacidades profissionais, estudantis, artísticas, esportivas e religiosas.
Assim sendo, não dispomos de uma entidade orgânica ou concreta – a
vocação – para destrincharmos em exames diagnósticos ou classificatórios
usando-se como referência uma lista de descrições das profissões. Outra coisa
curiosa é que os testes ou inventários de interesse costumam perguntar ao
orientando o que ele gostaria de fazer dentre três ou quatro opções.
Se o orientando pudesse escolher entre opções, não precisaria buscar
uma orientação – ou classificação, diagnóstico ou o que fosse – para seu futuro
escolar e profissional. Essa confusão associada ao diagnóstico ou classificação
tecnicista leva a algumas confusões por parte dos profissionais e autores:
“‘Orientação Vocacional’ – é o instrumento psicológico
que, mediante a pesquisa e análise das potencialidades
de um indivíduo indica os elementos básicos
indispensáveis à verdadeira realização profissional e
pessoal do mesmo.” (OLIVEIRA, 1995, p. 9).
14
A Orientação Vocacional não é um instrumento psicológico, mas um
“procedimento” que pode ser realizado por psicólogos ou pedagogos; os testes
psicológicos sim são instrumentos de exclusividade do psicólogo. E a
verdadeira realização profissional e pessoal são uma meta extremamente
otimista do autor.
O mesmo autor, mais adiante, refere-se à Orientação Vocacional como
direcionada a quem termina o 2º Grau (atual Ensino Médio), desconsiderando
que a escolha deve, preferencialmente, ser feita antes de o aluno terminar o
último ano do curso, pois após o ano letivo terminado, as provas de admissão
aos graus superiores já foram realizadas ou estão em fase de término. O autor
também desconsidera os concluintes de Ensino Fundamental candidatos ao
Ensino Técnico e de outros níveis, além das pessoas que desejam se
reintegrar ao mercado de trabalho ou à vida escolar/acadêmica.
Na mesma obra encontramos uma associação do grau de escolaridade
ao nível de inteligência que é medido como nível mental e cada nível mental é
a base para uma profissão diferente. E ainda é citado o teste psicológico de
Rorschach para Orientação Vocacional – este teste é para diagnóstico
diferencial, para pesquisar personalidade e saúde mental, utilizado para indicar
esquizofrenia, dentre outros quadros clínicos.
E, para exemplificar, mais uma vez, a descrição estática das
profissões, descrição essa utilizada como base para direcionar os orientandos,
o mesmo autor cita uma lista de descrições de profissões entre as quais,
destacamos a seguinte:
“Enfermagem – conjunto de atividades especializadas
que, marcadas pela dedicação ao próximo, pelos
conhecimentos profissionais e elevada noção de
15
responsabilidade, concorre para a manutenção da saúde
dos indivíduos.” (ibid., p. 44).
Embora usemos o citado autor como exemplo, há diversos outros
profissionais que usam essa visão “engessada” de identidade profissional e de
vocação para conduzir seus trabalhos práticos ou teóricos (VASCONCELOS,
SILVA & PFALTZGRAFF, 1977).
Outros autores já denunciaram essa limitação do trabalho, talvez por
uma limitação da visão de mundo ou mesmo de visão de um homem holístico,
histórico, inserido em um contexto social, financeiro; são autores que apontam
que nem sempre se pode enquadrar-se nessas classificações ou assumir o
ônus da “vocação” diagnosticada (DANIEL, 2009).
Não é por falta de estudos que a OV se encontra em tal
situação no que diz respeito à sua fundamentação teórica.
Pelo contrário, ela tem sido sistemática e exaustivamente
estudada há pelo menos um século, isolada ou
conjuntamente, por especialistas de diferentes áreas e de
diferentes tendências ou ‘escolas’ psicológicas. Teoria
como a de Super e as de Holand, por exemplo, vêm
sendo objeto de inúmeros estudos e reformulações em
muitos países, quer por parte dos respectivos autores,
quer por miríades de outros pesquisadores.” (GIACAGLIA,
2003, p. 100)
Esta autora, acima citada, conclui que os equívocos e limitações
ocorrem por causa da concepção de “homem” que cada profissional e cada
escola teórica possui. Acrescentaríamos que também influem a concepção de
emprego, de trabalho, de qualidade de ensino, de competitividade de vagas, de
renda e poder aquisitivo.
16
CAPÍTULO II
ORIENTAÇÃO VOCACIONAL ESTATÍSTICA
Depois de séculos em que a profissão era vista de forma divina – a
pessoa já nasce na família que exerce aquela atividade porque Deus quis
assim – e, por isso, não cabia se pensar em Orientação Vocacional (DANIEL,
2009), surge com a industrialização a necessidade de adaptar os indivíduos às
necessidades das fábricas, ou melhor, selecionar os trabalhadores de forma
mais eficiente.
Essa necessidade industrial de seleção profissional surgiu quase que
paralelamente às Grandes Guerras que exigiram seleção de soldados mais
eficientes e ao desenvolvimento da Psicologia Experimental, sobretudo dos
estudos sobre “inteligência” e o desenvolvimento de testes psicológicos de
aptidão (PIMENTA, 2009).
Como a Psicologia, para tornar-se Ciência, necessitou de métodos e
resultados positivistas, as características cognitivas foram catalogadas através
de resultados estatísticos extraídos da população. Dessa forma, inteligência e
aptidões eram consideradas verificáveis por meio de instrumentos elaborados
cientificamente, tendo por base a média do verificável na população. Assim
surge a Orientação Vocacional com estratégia estatística.
Essa visão de que o trabalhador deve ser apenas recrutado
mecanicamente de forma eficiente para se submeter às necessidades da
indústria e da guerra levou cientistas do início do século XX a considerar como
necessário apenas “conhecer o homem” e “conhecer a indústria” e o que esta
exigia do homem, como já dizia Frank PERSONS (ibid.).
De forma sistematizada, já existia um serviço de Orientação
Profissional em 1902, em Munich e, a partir de 1908, em Boston. A Orientação
já era feita embasada na Psicometria e objetivando a análise ocupacional. Mas
17
o primeiro Inventário de Interesses Vocacionais (IIVS) surgiu em 1915, com
STRONG. Os pesquisadores BINET, conhecido pelo seu teste de inteligência,
e MYRA y LOPES também mantiveram seus serviços de Orientação, além das
pesquisas (ibid.).
Dentro desse contexto histórico, a Orientação Vocacional objetivava
enquadrar as pessoas nos interesses sociais. Com o passar dos anos,
começou-se a se preocupar com orientação específica do jovem que estava
para escolher uma profissão, mas manteve-se a visão diagnóstica, já que a
aptidão era vista como inata e imutável e para tanto é necessário um bom
instrumento para identificá-la.
As características da Orientação Vocacional Estatística, mesmo depois
de objetivar a orientação do jovem são as seguintes (BOHOSLAVSKY, 1987):
É também chamada de Orientação Vocacional na Modalidade Atuarial
e deve ser exercida por um psicólogo, haja vista a bateria de testes
psicológicos que são utilizados, instrumentos esses que são de uso exclusivo
dessa categoria. Além do mais, essa modalidade considera níveis de
inteligência e outras acuidades cognitivas como memória, aprendizagem,
percepção que são estudados por psicólogos.
Este tipo de Orientação Vocacional busca dentro das oportunidades
escolares e possibilidades profissionais onde o estudante se ajusta com suas
aptidões que são medidas com aqueles testes. O teste é o instrumento
fundamental para o atendimento. Porém alguns testes foram se popularizando
entre os educadores saindo do domínio dos psicólogos até que estes tivessem
sua profissão regulamentada. Há uma ressalva a ser feita: embora os testes
psicológicos sejam exclusivos para psicólogos desde a regulamentação dessa
profissão em 1962, os “inventários de interesses” ainda são comprados até
hoje por pedagogos envolvidos com a Orientação Profissional (LEVENFUS,
SOARES, 2010).
18
A Orientação Vocacional Estatística busca descrever com rigor as
qualidades pessoais do cliente, assim como se descrevem as características
das profissões para que as pessoas possam verificar se essas características
são compatíveis com as inclinações do orientando.
Feito esse diagnóstico, o psicólogo aconselha, diante dos dados
colhidos, quais são as melhores opções que esse estudante possui e que lhe
dão maiores perspectivas de aproveitamento durante seus estudos e
futuramente de competência e de sucesso profissional.
Devido ao histórico das pesquisas no campo vocacional, como no
campo da Psicologia Experimental, esse trabalho é influenciado pela
psicotécnica estadunidense no que diz respeito a métodos, objetivos, visão de
mundo e do mercado de trabalho, inclusive ligando-se à Psicologia Diferencial
do início do Século XX; talvez por isso alguns autores citem até o teste de
Rorschach como instrumento de Orientação Vocacional, como apontado no
capítulo anterior.
Os instrumentos vêm sendo aperfeiçoados conforme os avanços das
pesquisas, sobretudo da Psicometria, principal disciplina psicológica
responsável por desenvolver e validar testes psicológicos.
Por essa perspectiva, as profissões não mudam, não são influenciadas
pelos avanços tecnológicos nem pela realidade sociocultural, que, aliás, parece
não mudar também. Pode-se predizer o desempenho futuro de um jovem que
se ajusta hoje, com suas aptidões, às atividades corretas; basta que ele seja
bem orientado e, por isso, o psicólogo possui o papel ativo no aconselhamento
desse jovem.
“Até surgir a Psicologia da Personalidade, a abordagem
que destacava o que era idiossincrático nas pessoas, seu
19
modo específico de ser, foi assumida pela Psicologia
Diferencial, condicionada pelas primeiras investigações
psicoestatísticas e pelo apogeu dos testes, no princípio do
século.” (BOHOSLAVSKY, 1987, p. 36).
É interessante notar, que mesmo quando um autor aponta para as
limitações da estratégia estatística em Orientação Vocacional, muitas vezes,
ele mesmo acaba se apoiando quase que predominantemente nesse recurso
para validar sua proposta de Orientação, como vemos em DANIEL (2009) que
denuncia que os testes podem diagnosticar um caminho profissional, ou
escolar/acadêmico que o jovem não terá condições de assumir, por diversas
questões, mas propõe novos projetos para Orientação Vocacional utilizando-se
de instrumentos dessa natureza.
Como dito mais acima, os inventários de interesse costumam
“perguntar ao orientando, qual é o interesse dele” demonstrando que o
instrumento não tem as respostas, mas o próprio sujeito as tem, entretanto este
sujeito busca o serviço justamente porque não as tem. Alguns autores também
já vêm sinalizando isso, inclusive em relação a novos instrumentos que
pretendem inovar ou modernizar o atendimento. Em um instrumento chamado
“Desenhos de Profissionais com Estórias” há a seguinte instrução: “Quarto
pedido: Desenhe você, em sua profissão futura, fazendo alguma coisa.”
(LEVENTUS, SOARES, 2010).
Para responder a esta instrução, o sujeito precisa saber qual profissão
quer exercer, saber qual será sua profissão de fato e o que se faz naquela
profissão. Se ele já sabe isso tudo, ele não precisa da Orientação. É como dar
aula sobre um assunto totalmente inédito para os alunos e iniciar a aula
solicitando-lhes suas opiniões sobre os autores daquele tema, se concordam
com eles ou não, e se os procedimentos realizados, estudados dentro do tema,
são adequados ou não. Imaginemos um jovem urbano que teve poucas
oportunidades de informação na escola e na vida secular desenhando-se como
20
zootécnico analisando gráficos comparativos de fecundação bovina realizada
com sêmen importado da Holanda.
Já podemos tecer relações da especialidade Orientação Educacional
com a atividade da Orientação Vocacional desde a fase em que esta era
exclusivamente de estratégia estatística.
Como a Orientação Vocacional começou a partir da seleção
profissional, alguns cursos profissionalizantes já utilizavam alguns métodos
para selecionar seus alunos desde 1924. A profissão de Orientação
Educacional foi regulamentada em 1942 pela Lei Orgânica de Ensino que reza
a atenção individualizada dos alunos, inclusive assessorando a escolha
ocupacional. A LDB de 1961 propõe como necessárias tanto a Orientação
Educacional nas escolas de Ensino Secundário como a Orientação
Profissional. Nessa época os testes não eram exclusividade do psicólogo,
devido sua popularização e a falta de regulamentação da profissão, e o
orientador educacional poderia ser pedagogo, psicólogo, filósofo ou sociólogo.
Mas a partir de 1962 é regulamentada a profissão de psicólogo, trazendo a
exclusividade dos testes psicológicos para este profissional. Entretanto a partir
dessa época já se desenhavam os caminhos para a Orientação Vocacional
Clínica e os vários métodos propostos sem a utilização de testes ou
inventários.
21
CAPÍTULO III
ORIENTAÇÃO VOCACIONAL CLÍNICA
Com o desenvolvimento da Psicologia e o avanço nos estudos e
discursos críticos em Educação, a limitação da Orientação Vocacional
estatística foi ficando mais evidente e o processo de Orientação Vocacional foi
ficando mais incrementado com elementos de autopercepção, relaxamento,
investigação familiar, dinâmicas de grupo e outras vivências.
Um dos primeiros a propor uma estratégia diferente em Orientação
Vocacional foi BOHOSLAVSKY (1987). Ele descreve as duas estratégias e as
diferencia, propondo a metodologia para uma Orientação Vocacional clínica
adequada.
Entretanto outras experiências vêm sendo realizadas desde então, e
vários autores já relatam essas novas metodologias, o que discutiremos mais
abaixo. Mas vejamos aqui as principais características da Orientação
Vocacional Clínica (ibid.):
Não são mais os testes psicológicos o principal instrumento, mas sim a
entrevista. A entrevista é o principal recurso para adquirir dados que serão
importantes na Orientação. Recolhe-se onde estão as dúvidas, as ansiedades,
até onde já se tem alguma informação, as características de formação e os
traços personalógicos tão importantes na Orientação Vocacional de estratégia
clínica que irá atuar também na estrutura psicológica do sujeito. Agora um
“sujeito” e não mais um “indivíduo”, porque o sujeito tem consciência de si e é o
protagonista enquanto o indivíduo é um elemento dentro de um grupo, passivo
diante de procedimentos e análises (FIGUEIREDO, 1995).
O psicólogo agora é mais diretivo, ele orienta conforme as
circunstâncias. O jovem precisa assumir a situação em que está envolvido: de
22
escolhas, de mudanças, de buscas, de crescimento. Ele precisa se
responsabilizar por isso. E justamente por causa dessa conclusão pessoal e
responsável, mostra-se necessária a intervenção com aspectos mais clínicos,
controlando angústia, ansiedade, proporcionado amadurecimento pessoal,
dando suporte psicológico. Este modelo tem alguma similaridade com as
técnicas terapêuticas não diretivas de Rogers, nos EUA, da Psicanálise
Inglesa, da forma como é utilizada na Argentina e da Psicologia do Ego
(BOHOSLAVSKY, 1987).
A estratégia é: mudar de “quantas preferências tem”, verificadas pelos
instrumentos, para “quem é” esse orientando, valorizando sua subjetividade; “o
que escolhe”, pois suas escolhas podem estar motivadas por desejo de fama,
por dinheiro apenas, por satisfação da vaidade, buscas religiosas e mutas
outras coisas, não necessariamente comprometidas com a profissão e com
seu bem-estar como profissional; e “como escolhe”, a escolha interna pode
estar desvinculada da forma de realizar isso, buscando caminhos que não se
relacionam com os objetivos pessoais.
Segundo a estratégia clínica de Orientação Vocacional, as carreiras
profissionais requerem potencialidades que não são específicas, variam
conforme o contexto, o local e a época; não são entidades fixas. Por isso
mesmo, a vocação não pode ser definida a priori, nem medida por algum
instrumento. E esta concepção de Orientação já admite que a realidade
sociocultural se modifica constantemente: surgem novas carreiras, criam-se
novas especializações, aparecem e extinguem-se novos campos de trabalho.
Conclusão: O cliente deve ter o papel ativo em sua orientação, ele
precisa perceber que o papel do psicólogo é o de “informar”, e aqui nós
acrescentaríamos: o papel do orientador educacional envolvido com Orientação
Profissional. A ansiedade não deve ser amenizada, mas “resolvida”, isso
caracteriza bem o aspecto clínico do processo, assim sendo, o orientando,
23
geralmente adolescente, deve “elaborar” os conflitos que deram origem a sua
ansiedade e a sua angústia.
“O futuro implica em desempenhos adultos e se trata,
novamente, de um futuro personificado. Não há nenhum
adolescente que queira ser engenheiro ‘em geral’ ou
lanterninha de cinema ‘em geral’ (...) nunca é somente
‘queria ser engenheiro’, mas ‘quero ser como suponho
que seja Fulano de tal, que é engenheiro e tem tais
“poderes”, que quisera fossem meus’”. (ibid., p. 53).
O diagnóstico aqui é diferenciado do diagnóstico clínico nosográfico,
mas não deixa de ser um diagnóstico como o próprio BOHOSLAVSKY (id.)
reconhece. Continuando o pensamento do autor:
“A identidade ocupacional se desenvolve como um
aspecto da identidade pessoal (...). Por isso, a identidade
ocupacional, assim com a identidade pessoal, devem ser
entendidos como a contínua interação entre fatores
internos e externos à pessoa.” (ibid, p. 56).
O autor ainda diz que os testes têm seu valor, mas se eles forem
subordinados aos fins do psicólogo, e explica que não existem testes de
Orientação Vocacional, mas testes de personalidade, colhem-se dados
específicos úteis à orientação que interessam ao psicólogo e não ao sujeito.
Mas apesar desse aspecto clínico o autor também valorizou a
informação profissional considerando que ela deve ser dada em alguma fase
do processo.
A estratégia clínica desvinculando a Orientação Vocacional e/ou a
Orientação Profissional dos testes traz uma situação que merece bastante
24
atenção: a Orientação Vocacional não era exercida exclusivamente por
psicólogos, uma vez que, várias leis em Educação exigiriam ou propuseram,
em vários momentos, nas décadas do meado do século XX, a Orientação
Profissional dada na escola, e muitas vezes, sendo a principal atribuição da
Orientação Educacional (GRINSPUN, 2011).
Tendo isso em vista, destacamos que a regulamentação da profissão
de psicólogo em 1962 tornou exclusivo o uso de testes para esse profissional,
embora a LDB de 1961 instituísse o orientador educacional nas escolas de
Ensino Médio não técnicas, usando este instrumento; acrescido a isso,
precisamos destacar também que profissionais de várias formações diferentes
exerciam essa função.
A Orientação Vocacional de estratégia clínica desvinculando sua
atividade do uso de testes como seu instrumento principal, mantém a atividade
ao alcance dos pedagogos e dos professores com especialização em
Orientação Educacional, apesar de tornar-se uma atividade com um olhar mais
clínico, portanto mais psicológico.
Essa confusão é amenizada pela quantidade imensa de propostas de
atividades em Orientação Profissional (ou Vocacional) oferecidas por muitos
profissionais de Educação, conforme suas práticas, experiências visão de
mundo, ainda chamadas tecnicamente de Orientação Vocacional Clínica.
Alguns autores já classificam essas novas práticas como sendo outras
linhas diferentes de trabalho. Já consideram Orientação Vocacional de
estratégias psicodinâmica, sócio-histórica, (VASCONCELOS & OLIVEIRA,
2004); estratégias das necessidades, do Eu, do desenvolvimento, do traço
fator, de teorias não psicológicas, e outras (GIACAGLIA, 2003).
Essa imensidão de práticas que garantiu o espaço da Orientação para
educadores não psicólogos também abriu espaço para algumas curiosidades,
25
informalidades, ao lado de tanto rigor científico com resultados questionáveis:
podemos encontrar na bibliografia desde o “Projeto das Profissões sem Nome”
(VASCONCELOS & OLIVEIRA, 2004) até a “Técnica dos Bonbons”, com o
comentário “a técnica dos bombons é uma delícia”. (LEVENFUS & SOARES,
2010).
Enquanto isso VASCONCELOS & OLIVEIRA (2004) denunciam que
ainda sobram vagas nas Universidades por causa da grande evasão de alunos
que fizeram uma má escolha, excluindo assim os próprios jovens da classe
média que ficaram de fora por conta dos alunos que seguraram as vagas para
depois evadir.
26
CAPÍTULO IV
ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL E DE VIDA ESCOLAR
Este plano de atividades é derivado de um projeto chamado PROJETO
PROFISSÃO ESCOLA XXI: Orientação Profissional e de Vida Escolar,
construído ao término de minha Graduação em Psicologia e Licenciatura para
ser apresentado a empresas em busca de financiamento para desenvolvê-lo
com o grande público, preferencialmente carente, com quatro encontros por
semana em duas semanas, totalizando oito encontros.
Apesar do interesse de algumas empresas, o patrocínio não se
concretizou. O projeto chegou a ser desenvolvido individualmente, revelando-
se um pouco cansativo para ser feito com apenas um cliente, pois fornece uma
grande quantidade de informação; a interação do grupo é fundamental.
O mesmo plano pode ser desenvolvido dentro da escola, com as
turmas, seguindo os mesmos tópicos. E aqui a atividade já é definida como
“Orientação Profissional” mesmo, uma vez que “vocação” é um termo
inadequado como discorrido no Capítulo I, e que Orientação Vocacional se
propõe a orientar o que o aluno/cliente tem de “vocação”, além do mais os
caminhos do que já foi estipulado como Orientação Vocacional já estão
traçados nas estratégias estatística e clínica. Este projeto não visa
diagnosticar, nem ser terapêutico, mas sim ser bastante prático, dando as
informações necessárias, se propor como um roteiro de informações que estão
constantemente em mudança.
O público alvo são os alunos de penúltimo e último ano do Ensino
Fundamental e do Ensino Médio. Os alunos do penúltimo ano são o principal
alvo porque existe a possibilidade de se cursar o último ano paralelamente ao
27
curso preparatório, e se o orientando já está no último ano, já não possui mais
essa opção.
No entanto para a escola o trabalho pode ser feito desde as séries
anteriores com tópicos específicos para cada série, com atividades mais
dinâmicas adequadas a cada grupo, sem prejuízo deste projeto no penúltimo e
no último ano, o que será discutido ao final do capítulo.
O objetivo é levar informações para otimizar as condições de escolha
dos jovens; esclarecer que essas informações mudam cada vez mais rápido e
que não existem certo e errado; e abrir um espaço de troca, uma vez que
atualmente não é mais possível ter o controle de todas as novas informações
que chegam e dos conhecimentos que deixam de ser realidade, tornando-se
obsoletos. Ou seja, esse conteúdo não pode ser cristalizado num livro.
A estrutura é de oito encontros de uma hora e meia, com grupos de até
20 alunos, tendo como procedimento metodológico a exposição dialogada, o
debate e a dinâmica de grupo. Os recursos utilizados serão quadro branco (ou
qualquer lousa), recortes de jornal, fluxogramas de cursos universitários, pasta
de livre acesso com textos e recortes opcionais. O campo de ação será uma
sala, diferente da sala de aula normal, onde os jovens possam ficar mais à
vontade, até mesmo sentados no chão, em colchonetes ou almofadas.
4.1 – 1º Encontro
4.1. 1 – Objetivos
Esta unidade pretende apresentar ao aluno os objetivos desse trabalho
de Orientação de oito encontros: princípios básicos para escolher uma
profissão; vantagens e desvantagens de um curso profissionalizante ou de um
curso técnico no Ensino Médio, assim como demonstrar outras carreiras.
28
Nesta unidade deve ser exposto que a Orientação feita no penúltimo
ano dá a possibilidade a quem desejar e puder fazer um curso preparatório
concomitante com o último ano de sua escolaridade. Deve-se esclarecer que a
escolha não pode estar voltada para o dinheiro que se pode ganhar com
aquela carreira, ou o status, ou porque é a moda do momento. Também é
necessário expor que é importantíssimo analisar as possibilidades pessoais
como as físicas, financeiras, preparo escolar e horário disponível, para se fazer
a escolha.
4.1. 2 – Dinâmica “O Que Eu Quero Ser”
Esta unidade tem o objetivo de servir de mediador para sabermos em
que nível está a informação dos orientandos sobre as carreiras, mercado de
trabalho e de si mesmos. Além disso a dinâmica pretende integrar o grupo e
criar um clima de participação.
Cada orientando será solicitado, num ritmo animado, e não de
entrevista, a responder algumas perguntas como se fosse um jogo. As
perguntas têm a seguinte sequência: 1) Você já tem em mente qual profissão
talvez você escolha? 2) Se você já pensa nessa possibilidade, o que você
espera dessa profissão? (Se não tem nenhuma ideia, ótimo.) 3) Você sabe o
que realmente esse profissional executa e o que ele estuda? 4) Sua família
apoia, ou irá pôr barreiras a essa escolha? Você acredita que é essa profissão
que lhe garantirá emprego?
Depois perguntar abertamente a todos: 1) É verdade que “quem sabe
passa” em qualquer concurso que escolheu? Por exemplo: Colégio Naval,
basta querer essa carreira e estudar que consegue a vaga? 2) Vocês sabem
que carreiras escolhidas sem se preocupar com a aprovação da família,
preparo intelectual, condições financeiras e físicas, já levaram estudantes ao
suicídio?
29
Ao sair dessa dinâmica, já estamos com todos os valores à mostra,
assim como seus interesses; e o espaço de discussão estará declarado.
4.1. 3 – Conteúdos
Nesta unidade devem-se apresentar todas as unidades que serão
vistas, com o intuito de prender o interesse dos orientandos e de traçar o
caminho seguido.
4.1. 4 – Dinâmica “O Que Precisa Ter Para Ser”
Esta unidade objetiva mostrar que existem outras profissões além das
carreiras acadêmicas e técnicas; informar sobre quais os pré-requisitos e o que
buscar para se profissionalizar em tais carreiras; e relativizar a questão do
“sucesso” em carreiras de elite e carreiras autônomas ou não, com menor
exigência de escolaridade.
Deve-se perguntar o que precisa ter – pré-requisitos de estudo, em
primeiro lugar, de estrutura financeira, tempo de dedicação, estrutura física, de
habilidades, localização geográfica, idade, sexo – para ser os profissionais que
são citados. As perguntas são feitas para o grupo.
Os profissionais citados são: coveiro, executivo, oficial das Forças
Armadas, orientador educacional, ator, presidente de uma empresa, cientista,
técnico do Tesouro Nacional, delegado, político, pastor, diretor de hospital,
profissional de recursos humanos, apresentador de telejornal, astrólogo
(diferente de astrônomo), ator de novela, comprador de uma empresa, auxiliar
de produção (numa fábrica, num teatro), orientador vocacional, auxiliar técnico
administrativo, professor, câmera (cinegrafista), promotor público, enfermeiro
(auxiliar, técnico e bacharel), lixeiro, carteiro, bombeiro, técnico de TV, rádio ou
refrigeração.
30
4.2 – 2º Encontro
4.2. 1 – Discussão Sobre Qualidade de Ensino no País
Dentro do alcance de entendimento do grupo, visando também que não
estamos formando educadores, nesta unidade mostraremos como a qualidade
de ensino vem diminuindo nas últimas décadas, qual interesse político nisso e
moastraremos as consequências disso com exemplos simples da falha da
escolarização no exercício do pensamento.
Exemplo: com uma Matemática elementar deve-se entender que
alguém que completa 15 anos de idade começa a viver o 16º ano de vida e não
o 15º, uma vez que os 15 anos já estão completos, portanto vividos. Também
que fazer cópia da página 30 à 45 é fazer 16 cópias e não 15, pois a página 30
aqui também conta, é “inclusive”; mas se temos 30 páginas e pretendemos
escrever até a 45, aí sim precisamos escrever mais 15; os 30 já temos, são
“exclusive”.
Outro exemplo: A noção de conjunto das séries iniciais, negligenciada,
leva as pessoas a não entenderem que o bairro ou distrito faz parte da cidade
ou município, e que este faz parte do estado. E esta confusão aumenta quando
temos cidade e estado com o mesmo nome, como Rio de Janeiro ou São
Paulo, e cidade e país como México.
4.2. 2 – Qualidade das Escolas Públicas e Particulares
O aluno que vem seguindo sua escolaridade dentro de um sistema de
ensino, muitas vezes não atenta para a diferença de formação, muito menos
conhece as exceções: escolas públicas de referência, disputadíssimas em seus
concursos; escolas particulares de bairro com ensino que deixa a desejar.
31
Nesta unidade também deve-se dar noções sobre estrutura de ensino,
como era antes, Científico, Clássico, Normal, Técnico e Militar; passando para
2º Grau de Formação Geral e 2º Grau Técnico, só com matérias técnicas sem
as matérias gerais; chegando à estrutura atual com o Ensino Técnico exigindo
o Ensino Médio à parte.
Será mostrado também que o currículo na escola pública é mais amplo,
mas muitas vezes o “processo” proporciona conteúdos, objetivos e avaliações
mais superficiais; e que a escola particular tem um currículo mais simplista,
mas carrega no conteúdo visando o sucesso nos concursos de admissão,
como o vestibular e preparando para os cargos mais elevados; e será mostrada
também a famosa inversão: quem veio de escola pública entra no mercado de
trabalho e depois com seu salário paga a faculdade particular, enquanto quem
vem de escola particular (as boas) entra direto para as Universidades públicas
que ainda são referência.
Mostrar-se-á também que as Universidades públicas, além de ser
centro de pesquisa e de investimento do Governo, são espaços que
proporcionam uma grande quantidade de oportunidades de eventos culturais,
científicos, políticos, sociais, oferecendo uma formação, uma vivência, muito
mais completa que uma Graduação particular, que se limita a uma sala de aula.
Deve-se mostrar também como o contexto social é uma grande
influência é uma grande influência no “currículo oculto” ou “bagagem cultural”,
usando como exemplo que no início do século XX, a maioria das mulheres não
estudava, mas como o meio social é de educação refinada, com o Português
bem falado, com atitudes polidas, assim elas eram também; já no início do
século XXI, mesmo as pessoas com alto nível de escolaridade, muitas vezes,
têm péssima redação oral e escrita e atitude grosseiras, porque esse é o senso
comum divulgado e reafirmado pela globalização das mídias.
4.2. 3 – Grau de Escolaridade X Emprego e Salário
32
Esta unidade visa relativizar alguns valores que são divulgados
principalmente pelas gerações mais velhas e que não são necessariamente
verdade. Deve-se questionar se “quanto maior a escolaridade, maior o salário”;
mostrar que às vezes o bom emprego e bom salário dependem do nível social
inicial que já facilita o processo, aumentando a necessidade de esforço de
quem vem de classes sociais mais baixas.
Será mostrado também que os salários, no mesmo cargo, variam de
empresa para empresa; e que o estudo de hoje não garante o emprego de
amanhã, porém é um forte aliado para esse sucesso; e que negócios informais,
ou autônomos, geralmente, garantem maior renda. Será discutido também que
salários de jogadores de futebol, artistas, políticos e empresários dependem de
muitos fatores, e que os salários elevadíssimos são escassas exceções.
Nesta unidade aproveitaremos também para apresentar as profissões
as profissões que estão em extinção, geralmente, por causa do avanço
tecnológico, às vezes, por mudanças sociais: sapateiro, alfaiate, costureira
doméstica, lavadeira, chaveiro, carimbeiro, engraxate, carpinteiro, estofador,
leiteiro, consertador de guarda-chuva, de panela de pressão, trocador de
ônibus, datilógrafo, telegrafista.
Aqui também é o espaço para falar sobre agências de emprego,
construção de currículo e cuidado com anúncios de jornal, ou de internet,
enganosos. Podem-se levar recortes de anúncios para demonstrar e/ou fazer
dinâmicas.
4.2. 4 – CTPS - Vantagens e Desvantagens
Esta unidade começará com brevíssimo histórico da Carteira de
Trabalho, que foi criada pelo Presidente Getúlio Vargas para garantir direitos
trabalhistas, amenizando a cultura escravista que ainda dominava a sociedade
33
da época. A partir de então, será explicado como é cada benefício: salário
mínimo, estabilidade profissional, INSS (aposentadoria e serviço de saúde),
FGTS, férias acrescidas de um terço de salário, folga remunerada (domingo),
salubridade, salário família, PIS, aviso prévio.
Aqui se deve discutir também: segurança no trabalho (estabilidade),
respeito ao profissional e características das atividades autônomas. Deve-se
comparar a colocação em empresa particular com serviço público estatutário e
celetista.
4.3 – 3º Encontro
4.3. 1 – Curso Livre, Técnico e Universitário
Nesta unidade será feita uma exposição dos níveis dos cursos e
profissões: Ensino Fundamental, Médio e Superior; cursos livres que não dão
habilitação profissional, cursos técnicos de Nível Médio e cursos de Graduação
no Ensino Superior que dão habilitação profissional.
Serão citadas as matérias da formação geral do Ensino Médio e
algumas matérias de curso técnico como comparação; pode-se fazer uma
tabela na lousa.
Deverão ser citadas profissões como Enfermagem, que possui
habilitações nos três níveis (auxiliar, técnico, enfermeiro); Química, nos dois
níveis de habilitação (técnico e químico); e Medicina, que só habilita em Nível
Superior.
Mostrar-se-á também que, com a separação da formação técnica do
Ensino Médio, aumentou consideravelmente a quantidade de cursos
profissionalizantes que se dizem técnicos, pois basta concluir o curso e fazer o
34
Ensino Médio paralelamente, ou já ter feito antes; deve-se atentar para
habilitação, regulamentação e outras características de uma profissão oficial.
4.3. 2 – Extensão do Ensino Médio
Nesta unidade serão evidenciados os cursos que se fazem após o
Ensino Médio, em um ano, lembrando que eles fornecem título de Ensino
Médio Técnico e que é comum chamarem de Pós-Médio, o que é inadequado,
pois este não é um título acima do Ensino Médio; o título acima seria o de
Ensino Superior – Graduação.
Poderão ser usados como exemplo o Curso Técnico de Teatro na
Escola Estadual Martins Pena, no Rio de Janeiro, que já funcionava com esta
estrutura desde o tempo em que o Técnico garantia diploma de 2º Grau: o
aluno deveria estar cursando o 2º ano do 2º Grau ou Técnico em outro lugar
para cursar Teatro naquela escola e receber o diploma de Técnico em Teatro,
Ator – e os cursos do SENAI, que sempre profissionalizaram exigindo a
formação média em outra escola.
4.3. 3 – Escolha da Profissão na Faculdade ou Ensino Médio
Nesta unidade serão discutidos o objeto de estudo, a forma de trabalho
e as condições exigidas para que se exerça cada profissão. O objetivo é
“desconstruir” o estereótipo cristalizado, a máscara, de cada profissão e fazer
com que o orientando entre na realidade da profissão e fazer com que o
orientando entre na realidade da profissão em vez de se guiar pela imagem
social distante que as profissões possuem. Da mesma forma, “desconstruir” a
relação de tais profissões com status, dinheiro, preferência pessoal, realização
dos pais, e assim por diante.
Deverá ser questionado se o que dá mais dinheiro e status é que
realmente se gosta e se tem condições de executar. Questionar também o
35
objeto de algumas profissões (sugeridas pelos alunos) comparando com o
estereótipo, procurando analisar o que se estuda e como se trabalha em cada
profissão.
Poderão ser usados como exemplo: a Medicina, que tem um estudo
prático intenso manipulando cadáveres, e ainda exige uma capacidade imensa
de memorização para os nomes constantes na Anatomia, na Nosografia e na
Farmacologia – a Educação Física, que exige um estudo muito extenso de
disciplinas médicas com todas as características acima, não só o preparo para
esportes – a Informática, que exige muito estudo da Matemática e da Física
não só a manipulação de computadores.
Aqui também será exposta a pirâmide de profissões, mostrando que
quanto mais sofisticada, ou de escolaridade mais alta, menor a quantidade de
profissionais necessários. Será explanada também a situação de trabalhar e
estudar à noite, comparando valores dos salários na atualidade, para cargos
que exigem Ensino Médio, com as mensalidades das Faculdades.
Será mostrada também a duração média dos Cursos Técnicos e das
Graduações, mostrando que há alguns anos também são disponibilizadas
Graduações Curtas ou Tecnológicas; e ainda que alguns cursos são matutinos,
vespertino, diurnos, noturnos e integrais.
4.4 – 4º Encontro
4.4. 1 – Bacharelado, Licenciatura, Especialização e Pós-Graduações
O objetivo dessa unidade é esclarecer sobre as modalidades e títulos
na Graduação acadêmica e a importância de cada modalidade nas diferentes
carreiras. A unidade visa também demonstrar os níveis acima da Graduação:
Especialização, Mestrado, Doutorado e Pós-Doutorado.
36
Dessa forma, será esclarecido que o bacharel trabalha diretamente na
profissão em uma empresa, laboratório, hospital, escola e outros; que o
licenciado está habilitado apenas para dar aula no Ensino Fundamental e
Médio; que a Licenciatura acrescenta algumas matérias pedagógicas ao
Bacharelado, mas se cursada sozinha, exigirá boa parte das disciplinas do
Bacharelado, pois o professor precisará ter formação n ciência da qual dará
aula; e que a Especialização já é um nível acima, de Pós-Graduação.
Será exposto que algumas carreiras são mais promissoras no
Bacharelado ou só possuem essa opção, como: Direito, Serviço Social,
Psicologia, Administração, Enfermagem, Medicina. Outras carreiras oferecem
mais oportunidades no campo de trabalho na modalidade Licenciatura, como:
Matemática, História, Geografia, Letras. Algumas são ambivalentes: Química,
Engenharia.
Deverá ser demonstrado que algumas carreiras exigem a escolha de
uma das habilitações disponíveis, como a Engenharia, que na mesma
Graduação pode diplomar um eletrônico, ou eletricista, ou civil, ou outros; e
como já foi a Pedagogia, que diplomava o administrador escolar, ou orientador
educacional, ou supervisor escolar, ou outros.
Há algumas especificidades em algumas carreiras: o bacharel em
Psicologia não é o Psicólogo, este possui uma habilitação a mais; o bacharel
em Direito não é advogado, este só o é depois que é aprovado para a Ordem
dos Advogados do Brasil.
Será dada uma visão muito simples das Pós-Graduações: Lato sensu,
Especialização; Stricto sensu, Mestrado; Stricto Sensu PhD, Doutorado e Pós-
Doutorado.
4.4. 2 – Tipos de Estágio
37
Esta unidade objetiva mostrar ao orientando a exigência, nos cursos
técnicos, de uma carga horária de estágio, que contará como carga horária
obrigatória para a formatura, que poderá ser realizada mesmo após o término
do curso, mas como condição para o recebimento do diploma. Já nos estágios
de nível universitário esse estágio é curricular, devendo ser executado
obrigatoriamente durante o curso, como matéria, podendo ser interno, com ou
sem bolsa de pesquisa, ou externo em empresas, escolas, hospitais.
Neste momento também será evidenciado que, em algumas carreiras,
o estágio pode ser até sem remuneração, mas imprescindível para o
cumprimento da carga horária e aquisição da habilitação profissional.
4.4. 3 – Breve História das Ciências
O objetivo desta unidade é tão somente dar uma visão geral superficial
da evolução das ciências e das profissões, demonstrando que, na Antiguidade
todo o conhecimento era do domínio da Filosofia; já na Idade Moderna
começaram a se desenvolver as Ciências Naturais; mais tarde, cada ciência foi
se destacando das Ciências Naturais e, além disso, surgiram também as
Ciências Humanas; as Artes também foram se sistematizando como as
Ciências, no sentido de organização de curso e formação.
No século XX houve cada vez mais especialização de disciplinas
dentro das ciências, criando a necessidade, a partir do final do século XX, de
trabalhos multidisciplinares e conhecimentos interdisciplinares por causa da
microteorização do objeto de estudo.
4.5 – 5º Encontro
O objetivo do quinto ao sétimo encontro é de fazer uma exposição das
áreas do conhecimento: Exatas, Biológicas, Humanas, Agrícolas, Artes,
Religião e Militar. Serão mostradas as carreiras que se subdividem dentro
38
dessas grandes áreas, buscando-se falar um pouco sobre essas profissões.
Uma boa base sobre profissões pode ser buscada na publicação Guia do
Estudante, atualmente também encontrada em sítio de internet (disponível em
<http://guiadoestudante.abril.com.br>).
Deve-se lembrar que algumas dessas ciências/carreiras não têm uma
classificação muito fechada dentro desta ou aquela área do conhecimento, o
que deverá ser mencionado no momento da exposição, e que neste projeto
podem estar classificadas dentro de uma área apenas por conveniência,
podendo o orientador reclassificá-las, ou mantê-las em duas áreas diferentes, a
exemplo da Psicologia e da Geologia.
4.5. 1 – Ciências Exatas
Será realizada breve exposição e/ou discussão do que estuda, onde
estuda, tempo de duração do curso, horário e o que faz o profissional das
seguintes ciências/carreiras: Matemática, Física, Estatística, Química, Química
Industrial, Engenharia Química, Engenharia (Civil, Eletrônica, Elétrica,
Mecânica, de Telecomunicações, de Produção, Sanitária), Engenharia da
Computação, Ciência da Computação, Informática, Tecnólogo de
Processamento de Dados, Astronomia, Meteorologia, Ciências Atuariais,
Desenho Industrial, Arquitetura, Geologia.
4.5. 2 – Ciências Biológicas
Será realizada breve exposição e/ou discussão do que estuda, onde
estuda, tempo de duração do curso, horário e o que faz o profissional das
seguintes ciências/carreiras: Biologia, Biologia Marinha, Ecologia, Bioquímica e
Farmácia, Medicina, Fisioterapia, Medicina, Fisioterapia, Enfermagem,
Odontologia, Nutrição, Educação Física, Medicina Veterinária, Biomedicina.
4.6 – 6º Encontro
39
4.6. 1 – Ciências Humanas
Será realizada breve exposição e/ou discussão do que estuda, onde
estuda, tempo de duração do curso, horário e o que faz o profissional das
seguintes ciências/carreiras: Filosofia, Direito, Administração de Empresas,
Ciências Contábeis, Economia, Ciências Sociais, Sociologia, Serviço Social,
Psicologia, Terapia Ocupacional, Comunicação Social (Jornalismo, Marketing,
Publicidade, Relações Públicas), História, Geografia, Turismo, Arqueologia,
Museologia, Biblioteconomia, Oceanografia, Letras (Línguas, Literatura),
Pedagogia, Licenciaturas.
4.6. 2 – Ciências Agrícolas
Será realizada breve exposição e/ou discussão do que estuda, onde
estuda, tempo de duração do curso, horário e o que faz o profissional das
seguintes ciências/carreiras: Agronomia, Engenharia Agrônoma, Engenharia
Florestal, Zootecnia.
4.7 – 7º Encontro
4.7. 1 – Artes
Será realizada breve exposição e/ou discussão do que estuda, onde
estuda, tempo de duração do curso, horário e o que faz o profissional das
seguintes artes/carreiras: Artes Plásticas (Pintura, Escultura), Artes Cênicas
(Ator, Crítico, Equipe Técnica), Cinema, Música (Instrumento, Canto, Teoria),
Dança (Balé Clássico, Balé Moderno, Dança Contemporânea, Dança de
Salão), Desenho.
4.7. 2 – Carreiras Religiosas
40
Será realizada breve exposição e/ou discussão do que estuda, onde
estuda, tempo de duração do curso, horário e o que faz o profissional das
seguintes carreiras religiosas: Teologia (Bacharel, Técnico e Básico), Música
Sacra, Licenciatura em Educação Religiosa.
4.7. 3 – Carreiras Militares
Será realizada breve exposição e/ou discussão do que estuda, onde
estuda, tempo de duração do curso, horário e o que faz o profissional das
seguintes carreiras: Marinha (Colégio Naval, Escola Naval), Exército (Escola
Preparatória de Cadetes do Exército, Instituto Militar de Engenharia),
Aeronáutica (Escola Preparatória de Cadetes do Ar, Instituto Tecnológico de
Aeronáutica, Academia da Força Aérea), Polícia Militar (Soldado, exigido
Ensino Médio; Oficial, exigido Ensino Médio/Vestibular), Corpo de Bombeiros
(Soldado, Oficial).
Aqui poderá ser entregue um questionário, a gosto do orientador, para
os alunos levarem para casa e levarem preenchido no próximo encontro, como
avaliação. Também poderá ser solicitada uma redação. Sugestão: “Como fazer
minha opção profissional no atual mercado de trabalho”.
4.8 – 8º Encontro
4.8. 1 – Vestibular e Concursos
O objetivo desta unidade é dar orientação geral e conforto sobre
concursos: desmitificar o que cai na prova; comentar sobre provas
aparentemente absurdas; deixar claro que o objetivo da prova de concurso não
é avaliar conhecimento, mas classificar e eliminar; orientar quando e onde
procurar informações sobre concursos, frisando a antecedência nos prazos;
informar sobre taxas de inscrição e isenção de taxas; orientar sobre roupas,
pontualidade e postura no local de provas.
41
É objetivo também desta unidade orientar sobre fida acadêmica:
mostrar fluxograma de algumas graduações; ensinar como se monta grade de
horário; esclarecer sobre uso de livros, sistema de fotocópias, pasta de
professor, a utilidade do fichário e folhas soltas em detrimento do caderno;
apresentar a existência da monografia, dissertação e tese.
4.8. 2 – Avaliação Grupal do Trabalho
Esta última unidade é o momento de debater sobre o trabalho dos oito
encontros, tirar dúvidas, apresentar as dificuldades e apontar as unidades que
funcionaram melhor ou menos eficientemente. Também de receber os
questionários ou redações caso tenham sido solicitadas.
Deve estar claro que ao orientar grupos de alunos de Ensino
Fundamental, deve-se dar mais ênfase nas unidades voltadas a Ensino Médio
e Técnico, tendo um discurso mais superficial nas unidades voltadas à vida
universitária, mas não as ignorando, pois é um dos objetivos principais deste
projeto dar uma visão geral, porém clara, do percurso da vida profissional e da
vida escolar/acadêmica.
4.9 – Trabalho com as Outras Séries
Para fazer um trabalho continuado desde o início do segundo
segmento do Ensino Fundamental, sugere-se que n 6º ano, haja três a quatro
encontros, um por bimestre, com vídeos e dinâmicas, trabalhando as
profissões artesanais, as não acadêmicas e as em extinção. Algumas dessas
profissões podem ser vistas nos tópicos 4.1.4 e 4.2.3.
Para dar continuidade no 7º ano, podem-se trabalhar os cursos livres e
técnicos, direitos trabalhistas, comportamento ético no trabalho e a
necessidade da escolaridade nos dias atuais, usando a mesma metodologia do
42
ano anterior. Repare que aqui não se conserva a metodologia do projeto de
Orientação Profissional e de Vida Escolar, pois essa atividade não faz parte
dele. Está sendo pensada apenas a possibilidade de se fazer um trabalho mais
amplo na escola, caso necessitado. Mas os objetivos são os mesmos.
No 8º ano, já se aplica o projeto na íntegra como anunciado no início
deste capítulo, assim como no 9º ano.
43
CONCLUSÃO
Diante do analisado, verificamos que não podemos tratar “vocação”
como um “órgão” ou um taxa de “fluidos orgânicos”, que permitem medida por
instrumentos e normalização. Não descartando totalmente as aptidões inatas,
que irão encontrar explicações por outros meios, até fora da Ciência oficial, e
considerando essas tendências, assim como aquelas construídas ou
desenvolvidas, concluímos que precisamos lidar com a escolha profissional por
outro viés.
Entendido isso, evidenciamos que a Orientação Vocacional Estatística
não dá conta dessa demanda, uma vez que esta está embasada na verificação
instrumental de medidas. Não poderia ser diferente, porque a Orientação
Vocacional surgiu para medir capacidades para selecionar pessoas mais
adequadas para o trabalho na indústria ou o serviço no Exército, e não para, de
fato, “orientar” as pessoas, sobretudo jovens, em um projeto de vida.
Mais tarde, houve a preocupação com a escolha escolar e profissional,
mas ainda contaminada com as medidas e a normalização, devido ao clima
científico da época: a sociedade clamava por recursos e práticas que
conservassem a moral e os bons costumes pré-estabelecidos; e as Ciências
Humanas, incluindo a Psicologia, batalhavam para se manter como ciência,
necessitando de números e medidas ao modo do Positivismo.
A visão crítica de muitos profissionais levou a um rompimento com
esse modelo em época de mudanças na sociedade, trazendo uma
preocupação com a orientação do jovem em sua vida. O foco nessa
preocupação foi de tal ordem, que levou a orientação a níveis clínicos e
terapêuticos. A autodescoberta, o cuidado com a ansiedade, o clima de
tratamento de algo que está incompleto, fez da Orientação uma terapia breve
de sessões limitadas, a qual foi chamada de Orientação Vocacional Clínica.
44
Concluímos aqui que ficou faltando o elemento principal: a informação, apoiada
numa orientação passo a passo.
Surgiram, décadas depois, várias propostas de Orientação Vocacional
Clínica com objetivo de verificar essa falha. Poderíamos também ver em cada
uma delas algumas falhas, como também uma grande contribuição,
valorizando o processo de busca de informação, de escolha e de construção de
projeto de vida sólido, porém não irreversível. Com esses novos objetivos
poderíamos dizer que esses novos projetos não seriam mais Orientação
Vocacional, mas uma terceira geração, caracterizando uma verdadeira
Orientação Profissional, e não orientação da “vocação”. Dentro desse contexto
propomos também nosso projeto, já que, como dito, percebemos algumas
falhas naqueles, apesar da grande contribuição. Temos a clareza que para
muitos o nosso projeto também apresentará falhas. E é com essa postura que
apresentamos o Projeto Orientação Profissional e de Vida Escolar.
45
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
BOHOSLAVSKY, Rodolfo. Orientação Vocacional: a estratégia clínica. 7ed.
São Paulo: Martins Fontes, 1987 [Coleção Psicologia e Pedagogia]
DANIEL, Eugenio. Orientação Vocacional Escolar: ao alcance de todo
educador. Bauru, SP: Edusc, 2009
FERREIRA, Aurélio Buarque de H. Dicionário Prático da Língua Portuguesa.
3ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1993
FIGUEIREDO, Luis Cláudio. Modos de Subjetivação no Brasil e Outros
Escritos. São Paulo: Escuta, 1995
GIACAGLIA, Lia R. Angellini. Orientação Vocacional por Atividades: uma nova
teoria e uma nova prática. São Paulo: Pioneira Thompson Learning, 2003
GRINSPUN, Mírian P. Z. S. A Orientação Educacional: conflito de paradigmas
e alternativas para a escola. São Paulo: Cortez, 2011
LANE, Sivia; CODO, Wanderley. Psicologia Social: o homem em movimento.
13ed. 3reimpr. São Paulo: Brasiliense, 2001
LEVENFUS, Rosane S.; SOARES Dulce H. P. Orientação Vocacional
Ocupacional. 2ed. São Paulo: Artmed, 2010
OLIVEIRA, Rynaldo de. Manual de Orientação Vocacional. São Paulo: Vetor,
1995
PIMENTA, Selma Garrido. Orientação Vocacional e Decisão: estudo crítico da
situação no Brasil. 4ed. São Paulo: Loyola, 2009
46
VASCONCELOS, Ceres Duarte; SILVA, L. M. C. Bellotti; PFALTZGRAFF, L. E.
Orientação Vocacional no 1º Grau. Niterói: Imprensa Oficial do Estado do Rio
de Janeiro/Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, 1977 [Coleção Integração
do Processo Pedagógico; 3.B. Orientação Educacional]
VASCONCELOS, Zandre B. de; OLIVEIRA, Inalda D. (org.). Orientação
Vocacional: alguns aspectos teóricos, técnicos e práticos. 1ed. São Paulo:
Vetor, 2004
47
WEBGRAFIA
Guia do Estudante. Disponível em: <http//www.guiadoestudante.abril.com.br>
Acessado em: 17/04/2012
Orientação Vocacional. Disponível em:
<http://vestibular.brasilescolas.com/orientação-vocacional/> Acessado em:
22/04/2012
Orientação Vocacional. Disponível em:
<http://www.estudantes.com.br/vocacional/> Acessado em: 22/04/2012
48
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATÓRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMÁRIO 7
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I
VOCAÇÃO: UM CONCEITO CONSTRUÍDO 12
CAPÍTULO II
ORIENTAÇÃO VOCACIONAL ESTATÍSTICA 16
CAPÍTULO III
ORIENTAÇÃO VOCACIONAL CLÍNICA 21
CAPÍTULO IV
ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL E DE VIDA ESCOLAR 26
4.1 - 1º Encontro 27
4.1.1 - Objetivos 27
4.1.2 - Dinâmica “O Que Eu Quero Ser” 28
4.1.3 - Conteúdos 29
4.1.4 - Dinâmica “O Que Precisa Ter Para Ser” 29
4.2 - 2º Encontro 30
4.2.1 - Discussão Sobre Qualidade de Ensino no País30
4.2.2 - Qualidade das Escolas Públicas e Particulares 30
4.2.3 - Grau de Escolaridade X Emprego e Salário 31
4.2.4 - CTPS - Vantagens e Desvantagens 32
4.3 - 3º Encontro 33
49
4.3.1 - Curso Livre, Técnico e Universitário 33
4.3.2 - Extensão do Ensino Médio 34
4.3.3 - Escolha da Profissão na Faculdade ou
no Ensino Médio 34
4.4 - 4º Encontro 35
4.4.1 - Bacharelado, Licenciatura, Especialização
e Pós-Graduações 35
4.4.2 - Tipos de Estágio 36
4.4.3 - Breve História das Ciências 37
4.4 - 5º Encontro 37
4.5.1 - Ciências Exatas 38
4.5.2 - Ciências Biológicas 38
4.6 - 6º Encontro 38
4.6.1 - Ciências Humanas 39
4.6.2 - Ciências Agrícolas 39
4.7 - 7º Encontro 39
4.7.1 - Artes 39
4.7.2 - Carreiras Religiosas 39
4.7.3 - Carreiras Militares 40
4.8 - 8º Encontro
4.8.1 - Vestibular e Concursos 40
4.8.2 - Avaliação Grupal do Trabalho 41
4.9 – Trabalho com as Outras Séries 41
CONCLUSÃO 43
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 45
WEBGRAFIA 47
ÍNDICE 48
Top Related