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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
FACULDADE INTEGRADA AVM
Qualidade do atendimento prestado aos pacientes renais crônicos no Hospital Municipal Drº Moacyr Rodrigues do Carmo
Por: Carla Ignez da Silva
Orientador
Prof.ª Ana Paula Ribeiro
Rio de Janeiro
2011
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
FACULDADE INTEGRADA AVM
Qualidade do atendimento prestado aos pacientes renais crônicos no Hospital Municipal Drº Moacyr Rodrigues do Carmo
Apresentação de monografia à Universidade
Candido Mendes como requisito parcial para
obtenção do grau de especialista Administração e
saúde.
Por: Carla Ignez da Silva.
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AGRADECIMENTOS
A minha família e ao meu noivo pela
compreensão e paciência. Amo vocês.
4
DEDICATÓRIA
Ao meu Deus por que para Ele e por Ele
são todas as coisas. Obrigado pela graça.
E a todos que torceram para realização
de mais esta etapa da minha vida.
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RESUMO
Este estudo é resultado de uma pesquisa participante, fruto de reflexões
processadas através da experiência vivenciada como profissional da área de
saúde, atuando diretamente com pacientes que fazem tratamento de
hemodiálise no Hospital Municipal Drº Moacyr Rodrigues do Carmo.
A Insuficiência Renal Crônica é considerada um grande problema de
saúde pública. Embora à realidade de nosso município seja de um projeto e/ou
programa de prevenção ou sócio-educativo para esclarecimento de como
podemos nos prevenir e ou cuidar melhor de nosso rim, este está voltado para
qualidade do atendimento aos pacientes renais internados no Hospital
Municipal Drº Moacyr Rodrigues do Carmo, cujo quadro clínico é de
insuficiência renal crônica, e que por este motivo passa pelo tratamento de
hemodiálise dentro na unidade. Percebemos que a insuficiência renal crônica
não atinge apenas o estado físico dos pacientes, mas acarreta problemas
emocionais e sociais ao paciente e sua família. Vivenciando uma brusca
mudança no seu viver, convivendo com limitações, com tratamento doloroso
que é a hemodiálise, com o pensar na morte, tornando desanimados,
desesperados e, muitas vezes, por estas razões ou por falta de orientações,
acabam abandonando o tratamento ou não dando importância aos cuidados
constantes que deveriam ter.
Este tem por objetivo construir uma proposta de trabalho com uma ação
conscientizadora levando os pacientes a descobrirem maneiras de viver dentro
de seus limites e a conviverem com a doença e o tratamento de hemodiálise,
bem como identificar suas necessidades, auxiliá-los e conscientizá-los que os
próprios são responsáveis por si mesmo e pelo seu tratamento
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METODOLOGIA
Pesquisa significa a produção crítica e autocrítica de
caminhos alternativos, bem como a inquerição sobre
caminhos vigentes e passados. (DEMO, 1995, P.59)
De acordo com Minayo (1994), é a pesquisa que alimenta a atividade de
ensino e a atualiza frente à realidade do mundo, vincula pensamento e ação.
Sendo assim podemos dizer que pesquisa é um processo que utilizando
metodologia científica, permite a obtenção de novos caminhos.
Desse modo conduziremos nossa pesquisa, como uma pesquisa
formulada através da observação participante com enfoque na análise
qualitativa, realizado com pacientes renais crônicos internados no Hospital
Municipal Drº Moacyr Rodrigues do Carmo, cuja finalidade caminha para
produção de novos conhecimentos, aumentando nossa consciência enquanto
profissional de saúde e a capacidade desses para iniciativas transformadoras.
Pesquisa participante se faz apenas de forma
aproximativa, já que, na sua compreensão assemelha-se
a um projeto de vida. Mesmo com estratégia aproximativa
faz sentido, porque traz a preocupação com tratamento
mais honesto da população, com a devolução das
informações colhidas, com a coerência entre teoria e
prática... (DEMO, 1995, p.241).
Nosso interesse não é de limitar a constatar como pensa, fala ou vive o
paciente renal dentro da unidade de saúde Moacyr Rodrigues do Carmo, mas
captar a lógica dinâmica e contraditória do discurso, do ator social, e de seu
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relacionamento com outros profissionais, visando despertar o desejo de
mudanças.
Contudo não nos preocupamos somente em explicar os fenômenos
acontecidos no âmbito da unidade, mas favorecer com isso um conhecimento e
uma consciência crítica do processo de construção sendo um participante
ativo.
Para esta análise, utilizo a observação participante, como já foi descrito,
como sendo um instrumento que nos possibilita uma compreensão maior do
fenômeno investigado, através das diferentes maneiras de conhecer.
Neste projeto a pesquisa exige um estudo de campo exploratório, cuja
finalidade é esclarecer conceitos, sendo necessário levantamento bibliográfico
e documental, além de entrevistas não padronizadas e observação participante
visto que se limitará aos pacientes internados no Hospital Municipal Drº Moacyr
Rodrigues do Carmo.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO.................................................................................................. 10
CAPITULO I - Hospital Municipal Dr° Moacyr Rodrigues do Carmo, a Doença
Renal e os Pacientes Renais Renais Crônico.................................................. 13
1.1- Conhecendo o Hospital Municipal Drº Moacyr Rodrigues do
Carmo............................................................................................................... 13
1.1.2- O Rim e sua Função ............................................................................. 14
1.1.3- A Doença Renal Crônica ....................................................................... 15
1.1.4 - Alternativas de Tratamento ................................................................... 16
1.2- Os pacientes Renais no Hospital Municipal Dr° Moacyr Rodrigues no
Carmo .............................................................................................................. 17
1.3- Como é Realizado o Ingresso nos Programas de Diálise ....................... 25
CAPÍTULO II – A Realidade Vivenciada dos Pacientes Renais Crônicos no
Hospital Municipal Dr° Moacyr Rodrigues do Carmo ....................................... 26
CAPITULO III – Proposta de Intervenção ........................................................ 29
1.1 - Organização, Direção e Gestão do SUS ................................................ 31
1.2 – Atualidade .............................................................................................. 34
1.3 – Um Olhar sobre o problema renal no Hospital Municipal Drº Moacyr
Rodrigues do Carmo ....................................................................................... 38
Considerações Finais ..................................................................................... 40
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Bibliográfica Consultada ............................................................................ 42
Bibliografia Citada .......................................................................................... 44
Anexos ............................................................................................................ 45
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INTRODUÇÃO
A doença Renal Crônica vem sendo considerada hoje, como um
problema de saúde pública mundial. Embora não disponhamos de dados
definitivos sobre a mesma, no Brasil estima-se que afeta cerca de 10 milhões
de brasileiros, cujos fatores de risco mais comuns são Diabetes Millitus e a
Hipertensão Arterial. (BARROS: 1998).
O curso clínico da Doença Renal Crônica é caracterizado pela
ocorrência de várias complicações e comorbidades que se identificadas
precocemente e corrigidas, alteram a evolução da doença.
Hemodiálise: é um procedimento no qual o sangue é
removido do corpo articulado através de um aparelho (dialisador) exige o
acesso repetido à corrente sanguínea promovendo a retirada das substâncias
tóxicas, água e sais minerais do organismo. Para tanto é realizado o processo
de hemodiálise três vezes por semana em seções cuja duração média é de 3 a
4 horas dentro de clinicas especializadas neste tratamento. Assim sendo é um
tratamento que visa repor a função dos rins.
O desejo de estudar e aprofundar nosso conhecimento ao atendimento
prestado aos pacientes renais se deu através de nossa experiência enquanto
profissional de saúde – Serviço Social, que em visita constantes aos pacientes
percebemos que a condição crônica e o tratamento de hemodiálise, têm sido
fonte de estresse para o paciente representando desvantagem por ocasionar
problemas, como: isolamento, perda do emprego, dependência da Previdência
Social, parcial impossibilidade de locomoção e passeios, diminuição de
atividade física, dentre outras, um sentimento ambíguo entre o medo de viver e
de morrer. Desencadeando uma sucessão de situações conflituosas, que
comprometem não só o seu meio de vida, mais também de seus familiares.
Entende-se assim que um paciente que precisa realmente passar por
este tratamento necessita de clínicas especializadas. O Hospital Municipal
Moacyr Rodrigues do Carmo é uma unidade de emergência e embora tenha
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suporte para esse tratamento, nosso atendimento não é ambulatorial, aqui os
pacientes recebem o atendimento adequado e esperam por vagas em clinicas
especializadas para o tratamento.
Percebemos que a insuficiência renal crônica não atinge apenas o
estado físico dos pacientes, mas acarreta problemas emocionais e sociais ao
paciente e sua família, vivenciando uma brusca mudança no seu viver, convive
com limitações, com tratamento doloroso que é a hemodiálise, com o pensar
na morte, tornando desanimados, desesperados e, muitas vezes, por estas
razões ou por falta de orientações, acabam abandonando o tratamento ou não
dando importância aos cuidados constantes que deveriam ter.
Portanto, estaremos em nosso estudo/pesquisa num primeiro momento,
conhecendo o Hospital Municipal Moacyr Rodrigues do Carmo, identificando os
pacientes renais dentro da e esclarecendo como os mesmos chegam á nossa
unidade e são acolhidos.
Num segundo momento estaremos relatando as dificuldades vivenciadas
pelos pacientes renais, que servirão, portando, para subsidiar a elaboração de
propostas de intervenções sócio-educativa a ser utilizada na prática.
Verificando limites e possibilidades, permitindo a conscientização dos pacientes
quanto à sua situação, tendo em vista uma ação transformadora desta
realidade.
O terceiro momento está voltado precisamente para análise do material
coletado, ou seja, voltado para experiência vivenciada, buscando uma
articulação e reflexão crítica com a teoria que embasa o estudo. A partir desta
reflexão produzida esperamos conhecer e entender esta realidade, para então
propor meios que possam vir modificar essa realidade. Levando os pacientes a
descobrirem maneiras de viver dentro de seus limites e a conviverem com a
doença e o tratamento de hemodiálise, bem como identificar suas
necessidades, auxiliá-los e conscientizá-los que os próprios são responsáveis
por si mesmo e pelo seu tratamento.
Por fim, estaremos tecendo considerações finais, como resultado
alcançado, precarizando alguma sugestões, para que a experiência positiva e
significativa venha ser reconhecida e em um movimento de mobilização venha
ser exemplo. Visto que trabalhar com renais crônicos incide em lidar com a dor,
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o sofrimento e perdas constantes. Cabe pensar esta prática de forma
interdisciplinar, cuja possibilidade venha ser qualidade de vida para essas
pessoas, indo além das práticas rotineiras, implantando ações com as legitimas
demanda da população atendida.
Hemodiálise movimenta milhões por mês. Cabe-nos olhar esses
pacientes não como números ou estatísticas, mas como indivíduos que querem
simplesmente ter uma vida normal.
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CAPITULO I
1. HOSPITAL MUNICIPAL MOACYR RODRIGUES
DO CARMO, A DOENÇA RENAL E OS PACIENTES
RENAIS CRONICOS.
1.1 – Conhecendo o Hospital Municipal Drº Moacyr
Rodrigues do Carmo
O Hospital Municipal Dr. Moacyr Rodrigues do Carmo, foi inaugurando
em 13 de setembro de 2008 com capacidade aproximadamente de 282 leitos
para internação, oferecendo a população tratamento intensivo e semi intensivo,
considerado a primeira Unidade Hospitalar de Urgência e Emergência no
Município de Duque de Caxias, constituído o segundo maior hospital da
América Latina, que coloca o seu nome em homenagem a um dos mais
respeitados médicos e também ex- prefeito de Duque de Caxias, com sua
localização na Rodovia Washington Luiz ( BR 040) N° 3200, Bairro: Vila São
Luiz.
Esta Unidade Hospitalar foi desenvolvida na concepção de prestar seus
serviços com uma assistência humanizada, oferecendo um melhor atendimento
para a população dos municípios abrangentes como Belford Roxo, Nova
Iguaçu, São João de Meriti, Magé, ficando a mesma responsável pelos
atendimentos de alta e média complexidade e responsável a dar assistência
secundaria e terciária.
Em seu quadro de funcionários o Hospital conta com funcionários
públicos municipais, contratados, além dos serviços terceirizados como
segurança, administrativos, serviços gerais, nutrição e clínicas satélites, que
são as especializadas em hemodiálise.
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Toda Instituição que se configura em uma unidade de saúde tem que ter
suas ações pautadas e orientadas pela Constituição Federal de 1988, que no
Capitulo VII da Ordem Social na Seção II Artigo 196 consta que a “saúde e
direito de todos e dever do Estado, o mesmo fica responsável em promover
ações mediante as políticas sociais para promoção, proteção e recuperação da
saúde de forma universal” para que todos que dela necessitar possam fazer
uso, buscando sempre pela melhoria na condição de vida da população e da
coletividade.
Com o processo da constituição de 1988, estabelece que o Sistema
Único de Saúde (SUS) na vigência da Lei Orgânica da Saúde (LOS) N°8080/90
e 8.142/90, composto pelo sistema universal e por um conjunto de ações e
serviços de saúde prestados por órgãos e instituições públicas federais,
estaduais e municipais, com objetivo de modificar a situação de desigualdade
na assistência a saúde da população, proporcionado para a mesma um
atendimento publico, oferecendo serviços de qualidade as suas necessidades,
sendo qual for o poder aquisitivo da população usuária, propondo a
propagação de ações preventivas a doenças e promovendo informações de
seus direitos e aos riscos a saúde mediante a responsabilidade e atenção do
SUS, que tem suas principais atribuições na Constituição Federal art. 200 a
prevenção e o tratamento de doenças; a formulação de políticas publica; a
execução de ações de saneamento básico; o controle e a fiscalização de
elementos de interesse para a saúde; a saúde do trabalhador; entre outros.
1.1.2- O Rim e sua função
O ser humano possui dois rins que se localiza nas costas um de cada
lado da coluna e são protegidos pelas últimas costelas. Os rins são os
principais órgãos responsáveis pela eliminação de toxinas e substâncias, que
não são mais importantes para o organismo. Entre as muitas funções do rim
salientam-se as seguintes:
• O rim é responsável pela eliminação dos resíduos tóxicos
15
.
produzidos pelo nosso organismo como a uréia e o ácido úrico. É a sua função
de filtração, de limpeza ou de depuração.
.
• O rim controla o volume dos líquidos, portanto qualquer excesso
de água no corpo é eliminado pela urina; é o chamado efeito diurético.
.
• O rim exerce controle sobre os sais de nosso corpo, eliminando
os seus excessos ou poupando-os nas situações de carência.
.
• A partir do controle do volume (líquidos) e dos sais, ele exerce
grande influência sobre a pressão arterial e venosa do nosso organismo.
1.1.3- A doença renal Crônica
É conhecido atualmente que cerca de um em cada 10 adultos é
portador de doença renal crônica. A maioria destas pessoas não sabe que tem
esta doença porque ela não costuma ocasionar sintomas, a não ser em fases
muito avançadas.
Os rins são dois órgãos que funcionam como filtros naturais e são
responsáveis pela eliminação das impurezas e do líquido no nosso organismo.
Quando os rins param de funcionar por algum problema, surge a insuficiência
renal. Esta doença pode se instalar de forma aguda ou crônica. Algumas
doenças conhecidas podem alterar a função dos rins e as mais comuns são a
Hipertensão Arterial Sistêmica e a Diabetes Mellitus.
Uma vez instalada a doença renal, se faz necessário a retirada das
impurezas do organismo através de uso de máquinas para filtrar o sangue por
um processo chamado Diálise.
A equipe médica do hospital após a avaliação da cada paciente irá
iniciar o tratamento para retirar estas impurezas através de máquinas de
diálise com sessões programadas de acordo com as necessidades diárias.
Cabe esclarecer que o Sistema Único de Saúde irá custear todo tratamento.
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1.1.4 - As alternativas de tratamento
Hemodiálise
É uma forma de tratamento que serve para retirar por filtrações do
sangue todas as substâncias indesejáveis acumuladas pela Insuficiência
Renal, é realizada em clínicas especializadas e ou em hospitais, através de
maquinas em algumas sessões.
Na hemodiálise o sangue é removido para fora do corpo, passa por
dentro de um dialisador, que exerce a mesma função dos rins, devolve o
sangue para o organismo sem as impurezas. Para que o tratamento seja
realizado é necessário a utilização de um cateter conhecido como Cateter
Dupla Lúmem, instalado em um vaso sanguíneo, que é o local onde o sangue
irá entrar e sair do organismo.
O local de entrada e saída do sangue do organismo por onde o
cateter é colocado é chamado de acesso vascular que pode ser temporário ou
definitivo.
O acesso vascular definitivo é chamado de Fístula Artério-Venosa
(FAV), que consiste em uma ligação de vasos sanguíneos através de uma
cirurgia em um dos membros.
Na utilização de acessos vasculares temporários com a colocação
de cateter, são necessários alguns cuidados no local.
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1.2 - Os pacientes renais no Hospital Municipal
Moacyr Rodrigues do Carmo
Agora que conhecemos o hospital e entendemos a doença renal,
vamos buscar identificar esses pacientes dentro desta unidade de saúde, cuja
característica é de uma unidade emergencial – alta e baixa complexidade e
que não consiste em unidade ambulatorial cujo atendimento se dá pelo
Sistema Único de Saúde –SUS.
O SUS é definido pela constituição Federal de 1988, no
artigo 198, como:
“ As ações e serviços públicos de saúde integram uma
rede regionalizada e hierarquizada e constituem um
sistema único”. Organizado de acordo com as seguintes
diretrizes:
I. Descentralização com direção única em cada esfera
de governo;
II. Atendimento integral, com prioridades para as
atividades preventivas;
III. Participação da comunidade.
O SUS é concebido como um conjunto de ações e
serviços de saúde prestados por órgãos e instituições
públicas, federais, estaduais e municipais, da
administração direta e indireta e das fundações mantidas
pelo poder público, cujos princípios doutrinários são;
• Universalidade: acesso às ações e serviços deve
ser garantido a todas as pessoas, independentemente de
sexo, raça, renda, ocupação ou outras características
sociais ou pessoas;
• Eqüidade: e um princípio de justiça social que
garante a igualdade da assistência à saúde, sem
preconceitos ou privilégios de qualquer espécie. A rede de
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serviços deve estar atenda às reais necessidades da
população a ser atendida;
• Integridade: significa considerar a pessoa como um
todo, devendo as ações de saúde procurar atender a
todas as necessidades.
Entendo que à realidade de nosso município é de um projeto e/ou
programa de prevenção ou sócio-educativo para esclarecimento de como
podemos nos prevenir e ou cuidar melhor de nosso rim, esta pesquisa estará
voltada para os pacientes internados cujo quadro clinico é de insuficiência
renal crônica, e que por este motivo passa pelo tratamento de hemodiálise
dentro na unidade de saúde.
Entende-se assim que um paciente que precisa realmente passar por
este tratamento necessita de clínicas especializadas e como já pontuamos
nossa unidade trata-se de um hospital de emergência e embora tenha suporte
para esse tratamento, nosso atendimento não é ambulatorial, aqui os
pacientes recebem o atendimento adequado e esperam por vagas em clinicas
especializadas para o tratamento. Cabe ressaltar que esta clinica
especializada é alcançada através de um cadastro via Secretaria Municipal de
Saúde do município de origem do paciente, e a espera é muitas vezes
angustiante e demorada.
Temos casos de pacientes que se encontram internados em nossa
unidade à oito meses aguardando vaga pela secretária. Às vezes recebem
autorização médica para passar finais de semana em casa, porém ainda
assim o maior período é vivenciado dentro da unidade hospitalar.
Assim percebemos que a insuficiência renal crônica não atinge apenas
o estado físico dos pacientes, mas acarreta problemas emocionais e sociais
ao paciente e sua família. Vivenciando uma brusca mudança no seu viver,
convive com limitações, com tratamento doloroso que é a hemodiálise, com o
pensar na morte, tornando desanimados, desesperados e, muitas vezes, por
estas razões ou por falta de orientações, acabam abandonando o tratamento
ou não dando importância aos cuidados constantes que deveriam ter.
19
(CESARINO/CASAGRANDE 1998).
A condição crônica e o tratamento de hemodiálise têm sido fonte de
estresse para o paciente e representam desvantagem por ocasionar
problemas, como: isolamento, perda do emprego, dependência da Previdência
Social, parcial impossibilidade de locomoção e passeios, diminuição de
atividade física, dentre outras, um sentimento ambíguo entre o medo de viver
e de morrer.
Infelizmente, uma grande parcela dos pacientes chegam em nossa
unidade em estágio muito avançado, tornando imperativo o início imediato da
diálise para sua vida.
Atendemos em média um quantitativo de 30 á 35 pacientes renais ao
mês. Em abordagem ao leito a maioria referem ser hipertensos e diabéticos, e
que não realizam tratamento assíduo á doença, outros referem ainda descobrir
hipertensão somente quanto chegam á unidade. Esses dados sugerem
deficiências na atenção primária á saúde, levando aos mesmos o diagnóstico
tardio da doença renal, o que também vem a refletir em seu tratamento e para
um internamento prolongado, sem contar na mortalidade dos pacientes que
iniciam o tratamento de diálise.
De fato estamos trabalhando com uma população que só passa a ter
consciência de sua doença renal , quando esta prestes a iniciar o tratamento
dialítico, iniciando o tratamento emergencialmente com cateter temporário e
com péssimo controle metabólico, não tendo tempo muitas vezes para uma
avaliação com nefrologista para investigação diagnóstica.
Em acompanhamento realizado durante o primeiro trimestre deste ano,
podemos acompanhar melhor o perfil desses pacientes, através dos gráficos
abaixo.
20
Quantitativos de atendimentos realizados mensal
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Janeiro Fevereiro Março
2440
480
16
28
0
24
20
Novos
Perman.
Total
Observações: Durante esses três meses acompanhamos um total de
112 pacientes entre os que permaneciam e os novos.
Neste gráfico buscamos descrever o quantitativo de pacientes que
chegam, a nossa unidade com diagnóstico de renal crônico. Em media
recebemos mensalmente de vinte (20) a trinta (30) pacientes por mês. Porém
o que nos chama atenção para este gráfico é que estes já chegam com
quadro fechado, demonstrando deficiências na atenção primária á saúde,
levando-os ao diagnóstico tardio da doença renal e dificuldades a referência
destes pacientes para o nefrologista em tempo hábil.
21
Quantitativos de atendimentos realizados por gênero
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
Janeiro Fevereiro Março
1119
2913
21
19
Fem.
Masc.
Observações: Esta contagem foi realizada de acordo com o total de
pacientes mensal.
Em se tratando de gênero temos um percentual equilibrado, visto que
cinqüenta e nove (59) pacientes são do sexo feminino e cinqüenta e três (53)
do sexo feminino.
22
Quantitativo de atendimentos realizados por
ida
21 à 30 anos 31 à 40 anos 41 à 50 anos 51 à 60 anos acima de 60 anos
1 49
15
39
Observações: Estes quantitativos foram calculados pelo número de
pacientes novos.
A média de idade é variável, a faixa etária de 51-60 e acima de 60 foi a
que apresentou um maior número de pacientes.
23
Quantitativos de pacientes hipertensos e diabéticos
Metade dos pacientes e ou maior parte referem algum outra doença,
dentre as mais comuns esta á Diabetes Millitus (DM) e a Hipertensão Arterial
Sistêmica (HAS) que como já vimos anteriormente são as principais
causadoras da Insuficiência Renal Crônica – IRC. Prevalecem um número
maior que referem possuir a doença e fazer tratamento assiduamente, porém
embora em número menor alguns refiram não saber, ou ainda desconhecer
qualquer problema, pelo falta de habito que tem de ir ao médico, acham que
só devem procuram atendimento médico quando estiverem doentes. Dentre
esses a relatos da dificuldade de transporte – falta de dinheiro para passagem
e distância, e ainda referem demora na marcação para um atendimento pelo
SUS.
Cabe ressaltar ainda que a maioria dos pacientes utilizam os serviços
de emergência como local primário de atenção á saúde e apenas alguns
pacientes utilizam os postos de saúde. Este pode explicar a discrepância entre
o acesso aos serviços de saúde refletindo na precária condição de saúde do
paciente ao iniciar o tratamento dialítico.
24
Quantitativos de Obitos e de pacientes que recuperaram
função renal entre os meses de Janeiro á Março de 2011.
Obitos
Recuperou Função- RF
9
6
TOTAL
Infelizmente o número de óbitos tem sido relevante, porém esclarecidos
diante da realidade que já descrevemos, pois é através e ou durante o
tratamento ambulatorial regular em postos de saúde é que estes pacientes
podem receber tratamento adequado, visando controle de riscos e melhoria na
qualidade de vida. Quanto aos pacientes que recuperam função renal seguem
em tratamento assíduo com nefrologista em unidades básicas de saúde.
25
1. 3 - COMO É REALIZADO O INGRESSO NOS PROGRAMAS
DE DIÁLISE
Após iniciar o tratamento no Hospital Municipal Drº Moacyr Rodrigues
do Carmo, verificando-se a necessidade de continuar com as sessões de
diálise e com a melhora clínica da doença, os pacientes são encaminhados
para tratamento fora do hospital. Este tratamento será realizado em clínicas
especializadas em diálise, chamadas Clínicas Satélites, localizadas no
município de origem de cada paciente, através de um cadastro.
Para realizar este cadastro, são necessários Xerox dos seguintes
documentos:
-Carteira de Identidade
- CPF – Cadastro de Pessoa Física
- Cartão do SUS – Sistema Único de Saúde
-Comprovante de Residência
Esses documentos junto com resultados de exames e a ficha de
cadastro são encaminhados pela equipe de nefrologia para a Secretária de
Saúde do Município de residência do paciente para cadastro e liberação de
vaga para clínica especializada.
Durante a fase de cadastro o paciente continuará internado na unidade
hospitalar até a liberação da vaga, quando será comunicado pela equipe de
nefrologia o local e dia de apresentação na clínica. Cabe ressaltar que esta
espera vária de dois a três meses.
26
CAPÍTULO II
1. A REALIDADE VIVENCIADA DOS PACIENTES
RENAIS CRÔNICOS NO HOSPITAL MUNICIPAL DRº
MOACYR RODRIGUES DO CARMO
As alterações na vida dos pacientes são particularmente incômodas e
contínuas para eles, que em maioria sentem-se diferentes e excluídos, por
terem uma vida limitada, tornando necessária realizar atividades sócio-
educativas para que eles tenham maior conhecimento sobre sua doença renal
e seu tratamento, e adquiram segurança e subsídios para o autocuidado,
tendo melhor adesão ao tratamento.
Percebemos freqüentemente na prática e no dia a dia com esses
pacientes, a carência que existe de um modo geral, de um enfoque educativo,
construído com a participação dos pacientes, priorizam apenas as ações
terapêuticas e medicamentosas.
Cabe ressaltar que todos os pacientes renais internados em nossa
unidade recebem visita individual ao leito de uma equipe multiprofissional (
médicos, enfermeiros, assistentes sociais e psicologia quando o médico
visitador avalia necessário), onde cada qual no seu fazer e saber profissional
ira contribuir para qualidade de vida desses pacientes em tratamento de
diálise. Essas visitas são diárias e é um momento que nos permite escutar os
pacientes e quando sim orientá-los.
Mediante a estas visitas podemos perceber que a grande maioria chega
á unidade sem saber informar se é Diabético ou Hipertenso, entendo que
estas são uma das principais doenças que levam ao tratamento de diálise.
Após receber o diagnóstico de Insuficiência Renal Crônica, os pacientes são
encaminhados para terapia substitutiva – hemodiálise.
Em abordagem a grande maioria não sabia de fato o porquê estavam
dialisando, o que é a hemodiálise e ainda que o tratamento é inevitável para
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suas vidas. Isso nos gera insatisfação e indignação, mas também nos convida
a pensar e agir de modo a modificar esta realidade.
Começamos então a ouvir as necessidades desses pacientes,
percebendo que estavam além de um tratamento que se quer conheciam,
muitos retratam dificuldades entre o saber popular e o saber científico dos
profissionais, nos levando a perceber o distanciamento entre o profissional e o
paciente. As manifestações ouvidas servirão para subsidiar um trabalho
voltado para os próprios.
Conforme coloca SILVA (2002), o processo de aceitação da doença tem
diferentes momentos e a vida dos pacientes renais não é um processo
simples, envolve culpa, medo, imaturidade, luta e muitos nunca aceitam a
doença apenas toleram.
A doença renal promove alterações diversas, levando-os a viver e
conviver na dependência, interferindo em seu trabalho e em sua capacidade
de ganhar a vida, trazendo dificuldades financeiras, econômicas e socais.
Percebemos através da escuta, em visitas realizadas ao leito que esses
pacientes sofrem alterações em sua auto-estima, são dominados muitas vezes
por sentimentos como tristeza, desânimo, desmotivação, nervosismo,
insegurança, insatisfação e até ausência de amigos e familiares. Isso nos leva
a buscar um trabalho multidisciplinar, onde cada qual com seu saber e fazer
profissional irá contribuir para qualidade de vida desses pacientes, sem conta
que a família desempenha um importante papel na vida desses pacientes.
Dentre as escutas destacamos algumas que vem refletindo diretamente
no tratamento desses pacientes, tão logo precisam ser trabalhadas:
• Falta de informação;
• Relação familiar;
• Situação trabalhista
• Dependência da previdência social
• Necessidade de transporte
Sem duvida nosso papel junto a esses pacientes caminha em
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orientações e acompanhamento, além de informações necessárias para o
tratamento, buscando medidas que possam auxiliá-los á continuidade do
tratamento, medidas educativas que conduzam mudanças do estado de vida,
criando uma relação de empatia e credibilidade entre nos profissionais e os
pacientes.
Diante do exposto fica evidente a necessidade de um trabalho
educativo que venha informar, esclarecer e orientar, esses pacientes a fim de
possibilitar mudanças.
O paciente renal crônico em tratamento de diálise padece de uma
patologia que diminui sua capacidade física, lhe impondo uma rotina de
tratamento que modifica todo seu viver e influencia em sua qualidade de vida,
tornando-se dependente de uma tecnologia para sobreviver sem que tenha
tido a oportunidade de se preparar física e psicologicamente.
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CAPITULO III
1. PROPOSTA DE INTERVENÇÃO
Diante do exposto percebemos que a realidade de nosso município é de
um projeto e/ou programa de prevenção ou sócio-educativo para
esclarecimento de como podemos nos prevenir e ou cuidar melhor de nosso
rim, porém este está voltado para qualidade do atendimento realizado aos
pacientes internados, cujo quadro clínico é de insuficiência renal crônica, e que
por este motivo passa pelo tratamento de hemodiálise dentro de nossa unidade
de saúde.
Desse modo nossa atuação impõe um desafio, o de construir uma
intervenção qualificada enquanto profissional da saúde, com uma atuação
interdisciplinar, com ações inovadoras para realidade, indo além das práticas
rotineiras, implantando ações com as legitimas demandas da população
atendida.
Acreditamos assim que melhor qualidade de atendimento prestado á
esses pacientes, que seja criado um projeto voltado para os mesmos, cujo
objetivo geral venha ser a ressocialização desses pacientes renais crônicos, no
sentido de uma ação socioeducativa e/ou conscientizadora. Levando os
pacientes a descobrirem maneiras de viver dentro de seus limites e a
conviverem com a doença e o tratamento de hemodiálise, bem como identificar
suas necessidades, auxiliá-los e conscientizá-los que os próprios são
responsáveis por si mesmo e pelo seu tratamento. Dentro desta proposta que
seja realizado um trabalho de:
• Orientação quanto aos procedimentos para cadastro em clínicas
de hemodiálise - documentações, aonde o paciente venha não só entregar
documentação solicitada, mas entender a importância da entrega deste
documento bem como do cadastro.
• Realização de atividades de grupos com pacientes e suas
famílias, educando-os por meio de palestras, filmes e conversas com equipe
30
que envolve o tratamento sobre hemodiálise, buscando esclarecer que o
mesmo pode levar uma vida normal basta ter aderência ao tratamento.
• Orientações e apoio sócio-familiar, na busca de ações mútua e de
melhor convivência familiar.
• Esclarecimentos e conscientização de familiares e
acompanhantes sobre a insuficiência renal crônica.
• Orientações quanto aos direitos previdenciários e sociais, tais
como: auxilio doença, aposentadoria por invalidez, benefícios, isenção do
imposto de renda, dentre outras.
• Sensibilização aos pacientes e seus familiares sobre a
importância do tratamento.
Além dos trabalhos acima citados, cabe como proposta uma campanha
de prevenção cujo objetivo venha ser de fornecer informações sobre Doença
Renal Crônica para população, visando o aumento da consciência dos
mesmos, sobre os aspectos globais e as principais formas de prevenção.
Estendendo esta campanha para as unidades básicas de saúde, e despertando
sobre a importância de um acompanhamento ambulatorial, bem como da
inserção em programas de saúde.
Também cabe a elaboração de uma cartilha como um instrumento
didático, facilitador para educação em saúde com base nas necessidades dos
pacientes. Buscamos, contudo, identificar questões que possam intervir no
tratamento, viabilizando o acesso aos direitos sociais, com a preocupação em
informá-los melhor, considerando que a informação é um grande instrumento
que visa o fortalecimento e a defesa do conhecimento dos seus direitos.
31
1.1. Organização, Direção e Gestão da Saúde
Com a instituição da Constituição Federal de 1988, temos no Brasil a
extensão dos direitos sociais e o conceito de seguridade social estabelecido
como um conjunto integrado de ações de iniciativa dos poderes públicos e da
sociedade destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e
à assistência social; e que ao poder público compete, organizar a seguridade
social (Art.194).
No que tange a saúde, o texto constitucional acolhe grande parte das
reivindicações do movimento sanitário. Determina a saúde como direito de
todos e dever do Estado, garantida através de políticas sociais e econômicas
que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso
universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e
recuperação. Cabendo ao poder público dispor, nos termos da lei, sobre sua
regulamentação, fiscalização e controle (Art.196 e 197).
A Constituição estabelece um Sistema Único de Saúde (SUS), composto
por um conjunto de ações e serviços de saúde prestados por órgãos e
instituições públicas federais, estaduais e municipais, da administração direta e
indireta e das fundações mantidas pelo poder público. A iniciativa privada
participa do SUS em caráter complementar. Este sistema é regulamentado pela
Lei Orgânica da Saúde (LOS) N° 8.080/90 e 8.142/90, que dentre outros trata
da organização e funcionamento dos serviços e da participação popular na sua
gestão.
Concernente a organização, direção e gestão do SUS, a Lei N° 8.080
dispõe sobre os mesmos no capítulo III, que no Art. 8 que declara as ações e
serviços de saúde, executadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS), seja
diretamente ou mediante participação complementar da iniciativa privada,
serão organizados de forma regionalizada (planejamento integrado, de acordo
com a territorialidade, identificando as demandas da população) e
hierarquizada (divisão dos serviços de saúde em: primário, secundário, terciário
e quaternário) em níveis de complexidade crescente.
Entende-se por serviços Primários os prestados pelas Unidades Básicas
de Saúde (UBS), Centros e/ou Postos de Saúde, tais como: consultas simples
32
(Clínica Geral, Pediatria, Ginecologia e Saúde Bucal); serviços de enfermagem,
atividades de educação em saúde, vacinação e vigilância epidemiológica e
sanitária; outras atividades clínicas (Oftalmologia e Psiquiatria), Programas
Preventivos e algumas unidades contam com Psicologia e serviço Social. Os
Secundários são constituídos pelos ambulatórios de especialidades e pelos
hospitais de baixa complexidade e resolutividade, capazes de realizar partos,
internações clínicas que exijam menos cuidados especializados e cirurgias
simples. É o maior apoio para os serviços de atenção primária. Os Terciários
são constituídos pelos hospitais de maior complexidade e resolutividade da
região ou do Estado. E os Quaternários são constituídos pelos hospitais
altamente especializados e com alto nível tecnológico e que, em geral, são
instituições de ensino e pesquisa. Possuem equipamento de ponta e pessoal
tecnicamente qualificado para tratamentos intensivos e normalmente envolvem
hospitalização e atendimento de profissionais pós-graduados. Atendem
questões de alta complexidade.
Tais serviços se dividem entre os entes da federação da seguinte forma:
Primários e Secundários – Municípios; Terciário – Estado e Quaternário -
União.
A direção do Sistema Único de Saúde é única, de acordo com o inciso I
do Art.198 da Constituição Federal. Único porque segue as mesmas regras e
princípios organizativos em todo território nacional, sendo exercidos em cada
esfera de governo – União (Ministério da Saúde), Estados, Distrito Federal e
Municípios (em suas respectivas Secretárias de Saúde). Caracterizando os três
níveis de gestão do Sistema – o Federal, o Estadual e o Municipal.
Estes possuem competências e funções comuns e específicas, em
virtude da descentralização enquanto princípio do SUS, compreendida como a
redefinição e a distribuição de funções a serem executadas por cada nível de
governo.
A perspectiva da Reforma Sanitária quanto à descentralização está para
além da transferência de competências e atribuições aos entes da federação,
admitiu ser “(...) um instrumento adequado para o uso e a redistribuição mais
eficiente dos orçamentos públicos, (...), reafirmada como meio de reduzir as
33
desigualdades sociais e promover a equidade no acesso aos serviços sociais.”
(BRAVO, apud SOUZA (Orgs), 2006. p. 70-71).
Quanto às atribuições comuns registradas no Capítulo IV da Lei 8080/90
– Da Competência e das Atribuições, Seção I – nas diferentes esferas de
governo ser gestor do SUS, compreende a atividade e responsabilidade de
comandar um sistema de saúde, exercendo as funções de coordenação,
articulação, negociação, planejamento, execução, acompanhamento, controle,
avaliação e auditoria.
As especificas confere à direção federal a formulação e implementação
de políticas nacionais de saúde; o planejamento, a normalização, a avaliação e
o controle do SUS em nível nacional; O financiamento das ações e serviços de
saúde por meio de transferências de recursos públicos aos Estados e
Municípios. À direção estadual participação da formulação da política e da
execução de ações de saneamento básico, bem como a regulação
complementar e controle do SUS em nível estadual, colaborar com a União na
execução da vigilância sanitária, dar apoio técnico e financeiro aos municípios,
entre outros.
E a direção municipal executar a política de insumos e equipamentos
para saúde, controle e prestação de serviços de saúde diretos ou por meio de
consórcios administrativos intermunicipais. Financiamento com recursos
próprios e com recursos transferidos pelo gestor federal e estadual do SUS.
Nos últimos vinte anos a descentralização da saúde tem dado nova
forma a política setorial, visto que, “desde suas origens no pós-30 a
intervenção governamental na esfera social tem sido realizada em meio à
centralização política e à concentração de poder decisório no Executivo
federal”. (BRAVO, apud SOUZA (Orgs), 2006. p. 70).
Como resultante do processo de descentralização/municipalização da
gestão das políticas sociais, surgem os conselhos que se apresentam como
mediador na relação Estado/sociedade civil, na qualidade de instrumentos de
expressão, representação e participação popular, que segundo a Constituição
se dará na elaboração, implementação e fiscalização das políticas sociais.
No que se refere à saúde a participação popular é garantida
constitucionalmente e regulamentada pela Lei 8.142/90 que dispõe sobre sua
34
participação na gestão do Sistema Único de Saúde (SUS), essa participação
popular/controle social fora concebida com o movimento de reforma sanitária, a
partir do processo de redemocratização da sociedade brasileira.
Os Conselhos de Saúde existem nos três níveis de gestão do SUS,
sendo formados por representantes do governo e da população usuária,
prestadores de serviços e profissionais de saúde, distribuídos de forma
paritária, ou seja, 50% de usuários e 50% de gestores, prestadores de serviços
e profissionais de saúde. Seu principal objetivo é debater, elaborar e fiscalizar a
política de saúde em cada esfera do governo. Para definir as prioridades e as
ações de saúde são realizados a cada quatro anos a Conferência de Saúde
com a representação dos vários segmentos sociais, visando influenciar as
discussões travadas nos Conselhos de Saúde.
1.2 – Atualidade
A partir dos anos 90 temos o redirecionamento do papel do Estado sob a
influência da ideologia Neoliberal. O grande capital ataca os avanços sociais
contidos na Constituição de 88, propõe uma reforma da Previdência e não da
Seguridade Social, com o intuito de desmontá-la. A idéia é – “Seguridade virou
previdência e previdência é considerada seguro”.
A Reforma do Estado/Contra-Reforma se constitui um meio de
desresponsabilizar o Estado quanto o desenvolvimento econômico e social,
para se tornar regulador, transferindo para o setor privado atividades que antes
eram suas. Conseqüentemente temos a redução dos direitos sociais e
trabalhistas, desemprego, precarização do trabalho, desmonte da previdência,
sucateamento da saúde e educação.
Com a vinculação da saúde ao mercado, a sociedade civil é
responsabilizada e obrigada a assumir o custo da crise como parceira do
Estado, causando uma refilantropização que se utiliza de agentes comunitários
e cuidadores que realizam atividades profissionais para reduzir os custos.
35
No que diz respeito ao Sistema Único de Saúde (SUS), ocorre um
descumprimento da ordem constitucional e uma inércia do Governo Federal na
regulamentação e fiscalização, comprometendo a possibilidade de avanço do
SUS como política social, visto que com a precarização dos serviços, ocorre
um desrespeito ao princípio da eqüidade na alocação dos recursos públicos
pela não unificação dos orçamentos federais, estaduais e municipais. A
Reforma do Estado no setor da saúde propõe a separação do SUS em
hospitalar (de referência) e básico (através de programas focais).
Dois projetos vivenciam momentos de tensão nesse período: o Projeto
de Reforma Sanitária (construído na década de 1980 e inscrito na Constituição
Brasileira de 1988) que tem como uma de suas estratégias o Sistema Único de
Saúde (SUS), que foi resultado da mobilização dos profissionais de saúde e da
articulação com os movimentos populares. O Projeto de Reforma Sanitária tem
como principal preocupação assegurar a atuação do Estado na sociedade a
partir da concepção de um Estado democrático e de direito que se
responsabilize pelas políticas sociais e pela saúde; e o Projeto de Saúde
Articulada ao Mercado ou Modelo Médico Assistencial Privatista que está
relacionado a Política de Ajuste, tendo como principal estratégia a contenção
dos gastos com racionalização da oferta e a descentralização com isenção de
responsabilidade do poder central, propondo o atendimento focalizado através
dos pacotes básicos para o atendimento da população vulnerável, ampliação
da privatização com o estímulo do seguro privado e descentralização dos
serviços ao nível local. Esse Projeto tem como preocupação a garantia de um
mínimo aos que não podem pagar ficando para o setor privado o atendimento
dos que têm acesso ao mercado.
No primeiro mandato de Lula, a esperança era de que se reafirmasse o
Projeto de Reforma Sanitária, contudo com o questionamento deste nos anos
90, temos a consolidação do Projeto Privatista. Neste governo as políticas
sociais mantêm-se fragmentadas e submetidas à lógica econômica, o conceito
de seguridade social não se amplia, conservando as características das três
políticas do tripé. (Previdência – contributiva; Saúde – universal e Assistência
Social – focalizada).
36
No atual governo Lula a disputa entre os dois projetos se mantêm, oras
se fortalece propostas do Projeto de Reforma Sanitária, oras se mantém as
ações do Projeto Privatista, como o reforço a focalização e o desfinanciamento
da saúde.
Contudo a política de saúde atual inova quando:
(...) retorno da concepção de Reforma Sanitária que, nos anos 90, foi totalmente abandonada; a escolha de profissionais comprometidos com a luta pela Reforma Sanitária para ocupar o segundo escalão do Ministério; as alterações na estrutura organizativa do Ministério da Saúde, sendo criadas quatro secretarias e extintas três; a convocação extraordinária da 12ª Conferência Nacional de Saúde e a sua realização em dezembro de 2003; a participação do ministro da saúde nas reuniões do Conselho Nacional de Saúde e a escolha do representante da CUT para assumir a secretaria executiva do Conselho Nacional de Saúde. (BRAVO, apud MOTTA (Orgs), 2006. p. 102)
Com as mudanças na organização do Ministério da Saúde foi criada a
Secretaria de Gestão do trabalho em Saúde a fim de formar recursos humanos
para atuar na saúde, como também regulamentar as profissões e o mercado de
trabalho deste setor. Pois se faz necessário enfrentar a questão de recursos
humanos para o SUS, visto ser este um grande problema para o sistema.
Criou-se a Secretaria de Atenção à Saúde para unificar as ações de
atenção básica, ambulatorial e hospitalar incorporando as atribuições das
antigas secretarias (Política de Saúde e de Assistência à Saúde). E também foi
formada a Secretaria de Gestão Participativa, destinada a corroborar o controle
social, constituir as conferências de saúde e estabelecer a ligação/contato do
Ministério da Saúde com as demais esferas de governo e com a sociedade.
Realizou-se a 12ª Conferência Nacional de Saúde (CNS), com o
propósito de determinar orientações para o plano plurianual de saúde do
governo e as principais diretivas a serem incluídas no sistema de saúde. A
expectativa era que esta fosse um marco expressivo para Saúde, como a 8ª
Conferência realizada em 1986, fato que não ocorreu, visto que, a mesma não
ampliou o número de participantes, o investimento no fortalecimento da
Reforma Sanitária, como também no da concepção de Seguridade Social.
Assim como ocorreram algumas ações do atual governo voltadas para o
Projeto da Reforma Sanitária, houve também a continuidade da política de
37
saúde dos anos 90, dirigidas a focalização, precarização, terceirização dos
recursos humanos, desfinanciamento, falta de interesse em viabilizar a
concepção de Seguridade Social como já mencionado. Bravo (BRAVO, apud
MOTTA (Orgs), 2006. p. 104) demonstra alguns exemplos desta continuidade:
(...) Como exemplo de focalização podem ser destacados a centralidade do Programa Saúde da Família (PSF), sem alterá-lo significativamente para que se transformem em estratégia de organização da atenção básica em vez de ser um programa de extensão de cobertura para as populações carentes. (...) Outro aspecto que está relacionado mais diretamente com a precarização e terceirização dos recursos humanos refere-se à ampliação da contratação de agentes comunitários de saúde e a inserção de outras categorias que não são regulamentadas: auxiliar e técnico de saneamento, agente de vigilância sanitária, agentes de saúde mental (...). (BRAVO, apud MOTTA (Orgs), 2006. p.. 104)
O desfinanciamento da saúde configura-se grave problema para o setor,
visto estar articulado ao gasto social do governo que tem a responsabilidade de
planejá-lo e prove-lo. Tal feito estimula a manutenção da política focal e da
precarização e terceirização dos recursos humanos proposto pela política de
saúde dos anos 90.
Vários são os problemas que o SUS enfrenta com relação ao seu
financiamento, desde sua desvinculação do CPMF da receita do setor saúde a
ameaça de desvinculação de recursos providos pela União, Estado e
Municípios, determinado na Constituição, obrigando a cada esfera de governo
destinar parte de todo dinheiro arrecadado para saúde.
Enfim temos no atual governo o fortalecimento das idéias focalista, a
defesa do papel do Estado na saúde atendendo os segmentos mais pobres da
população, a universalização cada vez mais distante de ser alcançada. O
Projeto Privatista tem prevalecido sobre o Projeto de Reforma Sanitária.
38
1.3.Um olhar sobre o problema Renal no Hospital Municipal Drº
Moacyr Rodrigues do Carmo
A hemodiálise é um procedimento complexo que exige matérias
específicos, equipamentos precisos e profissionais capacitados. A limitação
dos recursos tem sido um problema sério que tem atingido não só os setores
públicos, como também o privado. A maioria das unidades demonstra um
imenso esforço em equipar suas unidades para realizar o tratamento com
qualidade. Porém o maior problema no custo da diálise tem sido o crescente
número de pacientes renais.
O número de centros de diálise aumentou, estima-se que o gasto com a
compra de máquinas também, porém a sobrevivência dos pacientes tem sido a
mesma. No Brasil tem se preocupado muito com materiais importados.
É evidente que o tratamento dialítico teve melhoras e grandes
investimentos em sua qualidade, com organização e adequação, porém os
centros de diálise vive situações financeiras precárias, sendo pressionados a
prestar serviços cada vez mais sofisticados sem remuneração adequada para
fazer frentes a esses gastos de avanços.
No Hospital Municipal Drº Moacyr Rodrigues do Carmo esse tratamento
é financiado pelo SUS, através de parcerias com clínicas particulares
especializadas em diálise. Como já descrevemos trata-se de uma unidade de
alta complexidade, ou seja, nosso atendimento é emergencial e imediato,
porém devemos refletir por se tratar da longa espera que os pacientes
vivenciem aguardando na unidade vagas para clínicas satélites.
Podemos dizer que nosso problema em se tratando dos renais em nossa
unidade, refere exatamente na qualidade do atendimento prestado. Torna-se
relevante suscitar reflexões sobre o cotidiano dos pacientes em tratamento de
olhar o renal não como um doente, mas pensar em sua saúde de um modo
geral ( doença x saúde), ou seja, ir além de vê-los como doentes, mais buscar
qualidade de vida mesmo neste momento.
39
Nesta dependência real da diálise, o paciente se vê impotente perante
ele mesmo, perdendo sua liberdade e independência em função do tratamento,
cabendo-lhe pensar em uma nova forma de adaptação de vida. Neste
momento qualidade de vida depende também do empenho de familiares junto
ao paciente, amparando-o e não negligenciando ou fragilizando-os.
Através de nosso cotidiano com esses pacientes percebemos que além
das necessidades patológicas e tecnológicas, exige-se também um cuidado
especial diante da permanência prolongada, a necessidade de priorizar o
tratamento humanizado, de criar espaços para oficinas, sala de espera, com
espaços interdisciplinares centrados no paciente, espaços que possam
colaborar para sua autonomia.
Cabe ressaltar que uma cultura humanizada leva tempo para ser
construída, envolve valores, conscientização e sensibilização, sendo primordial
o envolvimento de todos do sistema: paciente, direção, profissionais e
gestores.
O maior problema encontrado dentro da unidade dentre outros, esta na
crescente população que vem chegando á unidade em perfil crônico, e como já
sinalizamos a necessidade de se investir nas unidades básicas e em
campanhas de prevenções, concomitantemente pensar nestes pacientes
dentro na unidade, sua instalação. Surge com esse crescente numero a
necessidade de se criar espaços apropriados para este, ou seja, um setor de
diálise, onde possamos trabalhar humanizadamente. Normalmente o
tratamento é feito nas enfermarias, podemos então começar a pensar em
ampliar esse espaço e deixá-lo mais confortável
40
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este trabalho foi proposto com base em conhecimentos acumulados
durante nossa atuação com pacientes renais. Por meio desta podemos
conhecer um pouco mais sobre a vida do renal crônico em hemodiálise no
Hospital Municipal Moacyr Rodrigues do Carmo.
Percebe-se que as necessidades diante de todas as complicações e
limitações que a doença proporciona ao portador,
os pacientes renais crônicos têm sua qualidade de vida prejudicada devido seu
tratamento contínuo, o qual possui rotinas desconfortáveis, e por vez, até
dolorosas.
Trabalhar com renais crônicos incide em lidar com a dor, o sofrimento e
perdas constantes, cabe-nos pensar esta prática de forma interdisciplinar, cuja
possibilidade venha ser qualidade de vida para essas pessoas. A hemodiálise
movimenta milhões ao mês, precisamos olhar esses pacientes não como
números ou estatísticas, mas como indivíduos que querem ter simplesmente
uma vida normal.
É possível dizer que os pacientes renais crônicos em hemodiálise não
possuem satisfatoriamente uma qualidade de vida. Neste ínterim, tal visão
ratifica-se nas situações: falta assistência medica; falta mais atenção dos
profissionais; falta conhecimento, educação continuada; faltam mais máquinas
de hemodiálise, remédio, comida; melhor atenção do governo para renal
crônico.
Falar em qualidade de atendimento, em uma unidade de alta
complexidade, que não tem como referência tratar de renais, é complicado,
visto que seu suporte a estes pacientes vem sendo emergencial, ou seja, a
passagem desses pacientes em nossa unidade é rápida, assim temos um
atendimento e ações imediatas. Porém esse pouco tempo vem sendo
suficiente para nos despertar enquanto profissionais de saúde, e perceber um
alto índice de pacientes que já chegam crônicos em nossa unidade. Reflexo
que pode ser calculado pela deficiência na atenção primária á saúde, o que
consequentemente leva ao diagnóstico tardio da doença.
41
Notamos com isso que um expressivo percentual de pacientes utiliza os
serviços de emergência como local primário de atenção á saúde.
Mediante contato com esses pacientes, ficou clara a importância do
profissional de saúde na busca de soluções das limitações provocadas pela
IRC e pelo árduo tratamento.
Enquanto profissionais atuando diretamente com os pacientes renais,
devemos buscar ajudar os pacientes a desenvolverem sua alto- imagem,
levando-os a descobrirem novas maneiras de viver e a conviver com suas
limitações e a desenvolverem um novo estilo de vida, que lhes permitam
assumir responsabilidades pelo seu tratamento e sua vida, sendo ativo á
sociedade.
Cabe ressaltar a necessidade de se trabalhar não só com os pacientes
em suas comodidades, mas também com a famílias, visto que as mesmas tem
capacidade de prover necessidades de seus membros, e as fragilidades nos
laços familiares atinge importantes raízes da vida dos indivíduos.
Percebemos também uma necessidade de se investir em educação em saúde,
promoção na saúde por meios de ações educativas que possam gerar redução
de riscos. Precisamos também capacitar profissionais para uma melhor
compreensão á esses pacientes.
Cabe-nos buscar estratégias que possam favorecer e ampliar as
perspectivas de uma vida melhor com o compromisso, o engajamento e a
responsabilidade em campanhas junto á sociedade para conscientização de
que prevenir é melhor do que remediar.
Espera-se que este trabalho possa despertar nos e incentivarmos na
realização de estratégias de mudanças. Visto que temos enquanto profissionais
da saúde, que pensar uma pratica que nos leve a modificar a realidade
apresentada. Já que partimos do princípio de que a “ saúde é direito de todos
e dever do estado, garantido mediante políticas sociais.” Implantando ações
com as legitimas demandas da população atendida.
42
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Brasília: Câmara dos Deputados, Coordenação de Publicações, 2004.
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43
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44
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em tratamento Hemodialítico. Revista Brasileira de Enfermagem. Brasilia.2002.
45
ANEXOS
Índice de anexo
ANEXO 1 >>> PORTARIA Nº 1168/GM Em 15 de junho de 2004
46
ANEXO I
PORTARIA Nº 1168/GM Em 15 de junho de 2004
Institui a Política Nacional de Atenção ao Portador de Doença Renal, a ser implantada em todas as unidades federadas, respeitadas as competências das três esferas de gestão.
O MINISTRO DE ESTADO DA SAÚDE, no uso de suas atribuições, e
Considerando a Constituição Federal, no capítulo saúde, em seus artigos 196 a
200 e as Leis Orgânicas da Saúde nºs 8.080 de 19 de setembro de 1990, e
8.142 de 28 de dezembro de 1990;
Considerando a importância epidemiológica das doenças renais e da
insuficiência renal crônica no Brasil;
Considerando a magnitude social da doença renal na população
brasileira e suas conseqüências;
Considerando o quadro de morbidade do País, composto por elevada
prevalência de patologias que levam às doenças renais;
Considerando as condições atuais de acesso da população brasileira
aos procedimentos de Terapia Renal Substitutiva;
Considerando a possibilidade de êxito de intervenção na história natural
da doença renal por meio de ações de promoção e prevenção, em todos os
níveis de atenção à saúde;
Considerando os custos cada vez mais elevados dos procedimentos de
diálise;
Considerando a necessidade de estruturar uma rede de serviços
regionalizada e hierarquizada que estabeleça uma linha de cuidados integrais e
integrados no manejo das principais causas das doenças renais, com vistas a
minimizar o dano da doença renal no País, melhorar o acesso dos pacientes ao
atendimento especializado em nefrologia e melhorar o acesso do paciente à
Terapia Renal Substitutiva;
Considerando a necessidade de aprimorar os regulamentos técnicos e
de gestão em relação ao tratamento de diálise no País;
47
Considerando a necessidade da implementação do processo de
regulação, fiscalização, controle e avaliação da atenção ao portador de doença
renal, com vistas a qualificar a gestão pública a partir de Centrais de Regulação
que integrem o Complexo Regulador da Atenção, conforme previsto na Portaria
nº 356/SAS/MS, de 22 de setembro de 2000, e na Norma Operacional da
Assistência à Saúde - NOAS-SUS 01/2002;
Considerando a responsabilidade do Ministério da Saúde de estimular a
atenção integral às patologias que, com maior freqüência, levam à doença
renal, por meio da implantação e implementação de medidas de prevenção e
controle, nos três níveis de atenção; e Considerando a necessidade de
promover estudos que demonstrem o custo-efetividade e analisem a qualidade
dos procedimentos de Terapia Renal Substitutiva,
R E S O L V E:
Art. 1° Instituir a Política Nacional de Atenção ao Portador de Doença
Renal a ser implantada em todas as unidades federadas, respeitadas as
competências das três esferas de gestão.
Art. 2° Estabelecer que a Política Nacional de Atenção ao Portador de
Doença Renal seja organizada de forma articulada entre o Ministério da Saúde,
as Secretarias de Estado da Saúde e as Secretarias Municipais de Saúde,
permitindo:
I - desenvolver estratégias de promoção da qualidade de vida, educação,
proteção e recuperação da saúde e prevenção de danos, protegendo e
desenvolvendo a autonomia e a eqüidade de indivíduos e coletividades;
II - organizar uma linha de cuidados integrais (promoção, prevenção,
tratamento e recuperação) que perpasse todos os níveis de atenção,
promovendo, dessa forma, a inversão do modelo de atenção;
III - identificar os determinantes e condicionantes das principais patologias
que levam à doença renal e ao desenvolvimento de ações transetoriais de
responsabilidade pública, sem excluir as responsabilidades de toda a
sociedade;
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IV - definir critérios técnicos mínimos para o funcionamento e avaliação
dos serviços públicos e privados que realizam diálise, bem como os
mecanismos de sua monitoração com vistas a diminuir os riscos aos quais fica
exposto o portador de doença renal;
V - ampliar cobertura no atendimento aos portadores de insuficiência
renal crônica no Brasil, garantindo a universalidade, a eqüidade, a
integralidade, o controle social e o acesso às diferentes modalidades de
Terapia Renal Substitutiva (diálise peritoneal, hemodiálise e transplante);
VI - ampliar cobertura aos portadores de hipertensão arterial e de
diabetes mellitus, principais causas da insuficiência renal crônica no Brasil;
VII - fomentar, coordenar e executar projetos estratégicos que visem ao
estudo do custo-efetividade, eficácia e qualidade, bem como a incorporação
tecnológica do processo da Terapia Renal Substitutiva no Brasil;
VIII - contribuir para o desenvolvimento de processos e métodos de
coleta, análise e organização dos resultados das ações decorrentes da Política
Nacional de Atenção ao Portador de Doença Renal, permitindo que a partir de
seu desempenho seja possível um aprimoramento da gestão, disseminação
das informações e uma visão dinâmica do estado de saúde das pessoas com
doença renal e dos indivíduos transplantados;
IX - promover intercâmbio com outros subsistemas de informações
setoriais, implementando e aperfeiçoando permanentemente a produção de
dados e garantindo a democratização das informações; e
X - qualificar a assistência e promover a educação permanente dos
profissionais de saúde envolvidos com a implantação e implementação da
Política de Atenção ao Portador de Doença Renal, em acordo com os
princípios da integralidade e da humanização.
Art. 3° Definir que a Política Nacional de Atenção ao Portador de Doença
Renal, de que trata o artigo 1º desta Portaria, deve ser instituída a partir dos
seguintes componentes fundamentais:
I - atenção básica: realizar ações de caráter individual ou coletivo,
voltadas para a promoção da saúde e prevenção dos danos, bem como as
ações clínicas para o controle da hipertensão arterial, do diabetes mellitus e
das doenças do rim que possam ser realizadas neste nível. Tais ações terão
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lugar na rede de serviços básicos de saúde (Unidades Básicas de Saúde e
Equipes da Saúde da Família). De acordo com a necessidade local, o gestor
poderá instituir uma equipe de referência da atenção básica com a função de
tutoria e, ou referência assistencial à rede de serviços básicos de saúde, cuja
regulamentação será definida em portaria da Secretaria de Atenção à Saúde;
II - média complexidade: realizar atenção diagnóstica e terapêutica
especializada garantida a partir do processo de referência e contra referência
do portador de hipertensão arterial, de diabetes mellitus e de doenças renais.
Essas ações devem ser organizadas segundo o Plano Diretor de
Regionalização (PDR) de cada unidade federada e os princípios e diretrizes de
universalidade, eqüidade, regionalização, hierarquização e integralidade da
atenção à saúde. Para desempenhar as ações neste nível de atenção, o gestor
poderá instituir um Centro de Referência especializado em hipertensão e
diabetes, cuja regulamentação será definida em portaria da Secretaria de
Atenção à Saúde;
III - alta complexidade: garantir o acesso e assegurar a qualidade do
processo de diálise visando alcançar impacto positivo na sobrevida, na
morbidade e na qualidade de vida e garantir eqüidade na entrada em lista de
espera para transplante renal. A assistência na alta complexidade se dará por
meio dos Serviços de Nefrologia e dos Centros de Referência em Nefrologia,
cuja regulamentação será definida em portaria da Secretaria de Atenção à
Saúde;
IV - plano de Prevenção e Tratamento das Doenças Renais, que deve
fazer parte integrante dos Planos Municipais de Saúde e dos Planos de
Desenvolvimento Regionais dos Estados e do Distrito Federal;
V - regulamentação suplementar e complementar por parte dos Estados,
do Distrito Federal e dos Municípios, com o objetivo de regular a atenção ao
portador de doença renal;
VI - a regulação, a fiscalização, o controle e a avaliação de ações de
atenção ao portador de doença renal serão de competência das três esferas de
governo;
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VII - sistema de informação que possa oferecer ao gestor subsídios para
tomada de decisão para o processo de planejamento, regulação, fiscalização,
controle e avaliação e promover a disseminação da informação;
VIII - protocolos de conduta em todos os níveis de atenção que permitam
o aprimoramento da atenção, regulação, fiscalização, controle e avaliação;
IX - capacitação e educação permanente das equipes de saúde de todos
os âmbitos da atenção, a partir de um enfoque estratégico promocional,
envolvendo os profissionais de nível superior e os de nível técnico, em acordo
com as diretrizes do SUS e alicerçada nos pólos de educação permanente em
saúde;
X - acesso aos medicamentos da assistência farmacêutica básica e aos
medicamentos excepcionais, previstos em portaria do Ministério da Saúde,
disponibilizados pelo SUS.
Art. 4º Criar uma Câmara Técnica, subordinada à Secretaria de Atenção
à Saúde, com o objetivo de acompanhar a implantação e implementação da
política instituída pelo artigo 1º desta Portaria.
Art. 5º Determinar à Secretaria de Atenção à Saúde, isoladamente ou em
conjunto com outras áreas e agências do Ministério da Saúde, que, no prazo
de 90 (noventa) dias, adote todas as providências necessárias à plena
estruturação da Política Nacional de Atenção ao Portador de Doença Renal
instituída por esta Portaria.
Art. 6º Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação,
Art. 7º Ficam revogadas as Portarias nº 82/GM, de 3 de janeiro de 2000, publicada no DOU nº 27-E, de 8 de fevereiro de 2000, Seção 1, página 13, e nº 1.654/GM, de 17 de setembro de 2002, publicada no DOU nº 181, de 18 de setembro de 2002, Seção 1, página 43.
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