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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
Escola de Engenharia de Lorena
ESTUDO DA VIABILIDADE ECONOMICA DO BIODIESEL
A PARTIR DE ÓLEO ALIMENTÍCIO USADO
Sidney Macias Dourado Júnior
LORENA
2011
Departamento de Engenharia Química
ii
ESTUDO DA VIABILIDADE ECONOMICA DO BIODIESEL
A PARTIR DE ÓLEO ALIMENTÍCIO USADO
Sidney Macias Dourado Júnior
Orientador: Prof. Dr. FRANCISCO JOSÉ MOREIRA CHAVES
Trabalho de Conclusão de Curso,
apresentado ao Departamento de Engenharia
Química da Escola de Engenharia de Lorena -
Universidade de São Paulo, como parte dos
requisitos para conclusão do curso de Engenharia
Industrial Química.
LORENA
2011
iii
The diesel engine can be fed with vegetable oils and will help considerably in the
development of the agriculture of the countries which use it.
Rudolf Diesel
iv
AGRADECIMENTOS
Ao meu orientador, Prof. Dr. FRANCISCO JOSÉ MOREIRA CHAVES, pela
compreensão e suporte, e acima de tudo pela orientação deste trabalho.
Ao presidente da empresa Planeta Biodiesel, Sr. Sergio Arditti, por toda ajuda com
inúmeras informações necessárias para o estudo econômico deste trabalho.
Aos Srs. Luiz Gonzaga Ribeiro Coura e Leila Maria Gonçalves Coura, por todo
incentivo dado à este aluno, desmotivado à fazer este trabalho.
À sua avó Sr. Antonieta Gerin Gonçalves, pelos inúmeros apelos feitos à minha
pessoa, com o intuito de vê-lo formado.
Agradeço a toda comunidade EEL-USP, funcionários e professores.
v
RESUMO
Na indústria o estudo da viabilidade de processos é essencial para que estes possam
ser implementados.
Com o auxilio dos estudos de custo de produção foi realizado um estudo de custo
para produção de biodiesel usando como matéria-prima óleo alimentício usado.
As variáveis estudadas foram o custo inicial, a mão-de-obra, matéria-prima e custos
de produção.
Através dos estudos dos custos, chegou-se a uma tabela onde nota-se em função das
variáveis, se o processo mostra-se rentável ou não.
PALAVRAS-CHAVE: Biodiesel, estudo econômico, viabilidade de produção,
óleo alimentício usado.
vi
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Estrutura da oferta de energia no mundo no ano de 2007..............13
Figura 2 – PB 50................................................................................................20
vii
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Propriedades do diesel x biodiesel de óleo de fritura usado......... ..........15
Tabela 2 Custos variável mensais...........................................................................22
Tabela 3 Custo variável considerando o valor da matéria prima principal.............23
Tabela 4 – Viabilidade econômica do projeto........................................................24
viii
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS ...................................................................................................................... VI
OBJETIVO ......................................................................................................................................... 9
1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 10
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................................ 12
3. MATERIAIS E MÉTODOS ................................................................................................... 16
3.1. Estudo Ambiental ....................................................................................... 16
3.2. Estudo Econômico ................................................................................. 17
3.2.1. Valor Presente Líquido ................................................................... 17
3.2.2. Taxa interna de retorno................................................................... 18
3.2.3. Taxa Mínima de Atratividade......................................................... 19
3.2.4. Investimentos iniciais do projeto .................................................. 19
3.2.5. Custos de Produção ........................................................................ 20
3.2.5.1. Custos Fixos ................................................................................. 20
3.2.5.2. Custos Variáveis .......................................................................... 21
4. RESULTADO E DISCUSSÃO ............................................................................................... 26
5. CONCLUSÃO .......................................................................................................................... 27
6. SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS .................................................................. 28
7. REFERÊNCIAS ....................................................................................................................... 29
9
OBJETIVO
O presente trabalho tem por objetivo estudar os custos de produção de biodiesel a partir
de óleo alimentício usado, com isso, determinar se há viabilidade econômica. Para maximizar
as respostas utilizaremos o auxilio de técnicas engenharia econômica.
Como os custos variam ao longo do tempo, definiremos uma data base para efetuarmos
esse estudo, assim como também colocarei a custo final de produção em função de variáveis, a
fim de que para um futuro estudo econômico basta substituir essas variáveis.
10
1. INTRODUÇÃO
A invenção do motor à Diesel foi feita por Rudolf Christian Karl Diesel em
23 de Fevereiro de 1897, utilizando como combustível óleo de amendoim. Mais tarde dada
a abundância de petróleo disponível a baixo custo, optou-se por utilizar derivados deste
como combustível para este motor.
Há inúmeras teorias sobre o surgimento do petróleo, porém a mais aceita é
que ele surgiu através de restos orgânicos de animais e vegetais depositados no fundo de
lagos e mares, sofrendo transformações químicas ao longo de milhões de anos, o que
significa que a sua vida útil é finita.
Durante quase meio século, o Brasil desenvolveu pesquisas sobre biodiesel,
promoveu iniciativas para usos em testes e foi um dos pioneiros ao registrar a primeira
patente sobre o processo de produção de combustível, em 1980. No Governo do Presidente
Luiz Inácio Lula da Silva, por meio do Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel
(PNPB), o Governo Federal organizou a cadeia produtiva, definiu as linhas de
financiamento, estruturou a base tecnológica e editou o marco regulatório do novo
combustível. (PROGRAMA NACIONAL DE PRODUÇÃO E USO DE BIODIESEL,
2011)
A utilização do biodiesel tem apresentado um potencial promissor no mundo
inteiro. Em primeiro lugar, pela sua enorme contribuição ao meio ambiente, com a redução
qualitativa e quantitativa dos níveis de poluição ambiental e, em segundo lugar, como fonte
estratégica de energia renovável em substituição ao óleo diesel e outros derivados do
petróleo. Somado à produção de biodiesel a partir da plantação de oleaginosas, pode-se
incluir neste cenário os resíduos urbanos, mais especificamente o óleo de fritura usado,
disponível imediatamente e que pode ser transformado em biodiesel de alta qualidade.
Atualmente, a reciclagem de resíduos vem ganhando espaço cada vez maior, não
simplesmente porque os resíduos representam matérias primas de baixo custo, mas,
principalmente, porque os efeitos da degradação ambiental decorrente de atividades
industriais e urbanas estão atingindo níveis cada vez mais alarmantes. Neste contexto surge
11
o óleo de fritura usado, como mais uma matéria-prima que pode ser transformada em
biodiesel de alta qualidade, e que outrora estaria sendo desperdiçado e despejado no meio
ambiente de forma incorreta. (CASTELLANELLI, 2008)
Sob o aspecto ambiental, o uso de biodiesel reduz significativamente as
emissões de poluentes, quando comparado ao óleo diesel, podendo atingir 98% de redução
de enxofre, 30% de aromáticos e 50% de material particulado e, no mínimo, 78% de gases
do efeito estufa. (ROSA, 2003)
12
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 A Energia
A energia é considerada como questão estratégica das nações e as extensões de
seu uso sempre estiveram diretamente associadas ao grau de desenvolvimento de um
povo. Ao longo da história, pode-se constatar que a disponibilidade e a acessibilidade
que as pessoas têm à energia estão ligadas ao crescente conforto humano e à produção
de bens.
O esgotamento das fontes de energia fóssil para os próximos 40 ou 50 anos
destaca a necessidade latente de se buscar outras fontes alternativas.
Além disso, a crescente preocupação com o meio ambiente e, em particular,
com as mudanças climáticas globais coloca em xeque a própria sustentabilidade do
atual padrão de consumo energético. Conforme o pensamento de Hawking (2001),
durante anos, parte da comunidade científica se enganou atribuindo o aquecimento aos
ciclos naturais do planeta e às mudanças na atividade solar. Hoje existe uma quase
unanimidade de que o problema é causado por nós mesmos. Todos esses fatores, cuja
importância varia de país para país, têm viabilizado economicamente novas fontes de
energia em vários países do mundo. (Hawking, 2004)
2.1.1 A Energia no Brasil
A proporção da oferta interna de energia (OIE) renovável no Brasil (47,2% em
2009) é das mais altas do mundo, contrastando significativamente com a média mundial
(12,7% em 2007), conforme a Figura 1. Isto coloca o Brasil numa situação
energeticamente privilegiada, se comparado a grande maioria dos países, fortemente
dependentes de fontes não renováveis.
13
Figura 1 – Estrutura da oferta de energia no mundo no ano de 2007
Fonte: MME (2009)
No mundo, a participação das fontes renováveis (hidráulica, biomassa, solar, eólica
e geotérmica) na oferta interna de energia pouco se alterou nas últimas três décadas.
Passou de cerca de 12,5% em 1973 para 12,7% em 2007, um crescimento de apenas
3,2%. A biomassa segue sendo a fonte de energia renovável mais utilizada no mundo
(Ministério de Minas e Energia, 2011).
O uso de óleos vegetais em motores de combustão interna iniciou-se com
Rudolf Diesel utilizando óleo de amendoim em 1900. Razões de natureza econômica
levaram ao completo abandono dos óleos vegetais como combustíveis à época.
Entretanto, na década de 70, o mercado de petróleo foi marcado por dois súbitos
desequilíbrios entre oferta e demandas mundiais conhecidos como 1° e 2° Choques do
Petróleo. Em respostas a estas crises, o mercado sentiu a necessidade de diminuir a
dependência do petróleo, levando ao investimento no desenvolvimento de tecnologia de
produção e uso de fontes alternativas de energia. Foi justamente nesta época que se deu o
início do Proálcool. (OLIVEIRA, 2007)
2.2 Biodiesel
O governo voltou a se interessar pelo biodiesel quando sua produção e consumo
passaram a crescer na Europa, principalmente na Alemanha; também vislumbrou uma
forma de fortalecer a agricultura familiar e assim melhorar a inclusão social, um
problema muito sério no Brasil.
14
Nesse início de século, a Portaria n. 720, de 30 de outubro de 2002, instituiu o
Programa Brasileiro de Biodiesel (Pró-biodiesel) (BRASIL, 2007), demonstrando o
esforço do governo federal em empreender-se rumo ao desenvolvimento sustentável, ou
seja, visando os aspectos econômicos, sociais e ambientais. Em 6 de dezembro de
2004 foi lançado oficialmente o Programa Nacional de Produção de Biodiesel,
regulamentado pela Lei nº- 11.097, de 2005, atualizado pela RESOLUÇÃO ANP Nº 2,
DE 12 DE JANEIRO DE 2011.
O PNPB é um programa interministerial encarregado de estudos sobre a
viabilidade de utilização de óleos vegetais para fins energéticos que visa, dentre outros
objetivos, implantar um desenvolvimento sustentável promovendo a inclusão social.
2.2.1 Biodiesel Obtido Através do Óleo de Fritura Usado
Segundo experimentos de Costa Neto, (COSTA NETO & ROSSI, 2000), no caso
específico da utilização do biodiesel de óleo de fritura usado em ônibus do transporte
urbano de Curitiba, foi verificado que, entre 3000 e 5000 RPM, a potência efetiva e o
torque do motor foram pouco inferiores aos observados com óleo diesel. Não obstante,
entre 1500 e 3000 RPM, os índices obtidos para ambos foram praticamente idênticos. A
maior diferença verificou-se com relação à emissão de fumaça, cuja redução média foi
41,5%, medido em escala Bosch.
A utilização de biodiesel obtido através do óleo de fritura usado no transporte
rodoviário pesado oferece grandes vantagens para o meio ambiente, principalmente em
grandes centros urbanos, tendo em vista que a emissão de poluentes é menor que a do
óleo diesel (CHANG, 1996), Os mesmos autores também demonstraram que as emissões
de monóxido e dióxido de carbono, enxofre e material particulado foram inferiores às do
diesel convencional.
.
15
Tabela 1 – Propriedades do diesel x biodiesel de óleo de fritura usado
PARÂMETROS US-2 d Ésteres metílicos
de óleo residual de fritura Densidade a 15
oC (Kg/m
3) 0.849 0.888
Ponto de ebulição inicial (oC) 189 307(1%) 10% 220 319 20% 234 328 50% 263 333 70% 286 335 80% 299 337 90% 317 340 Ponto de ebulição final (oC) 349 342(95%) Aromáticos (%v/v) 31.5 --
Análises Carbono (%) 86.0 77.4 Hidrogênio (%) 13.4 12.0 Oxigênio (%) 0.0 11.2 Enxofre (%) 0.3 0.03 Índice de Cetano 46.1 44.6 Número de Cetano 46.2 50.8 Proporção H/Ce 1.81 3.62 Valor Calorífico líquido (MJ/Kg) 42.30 37.50
Fonte: MITTELBACH, M., TRITTHART, P., (1988).
De acordo com a Tabela 1 , o biodiesel obtido por estes pesquisadores,
apresentou valor calorífico muito próximo ao diesel convencional de referência. Com
relação à curva de destilação, as temperaturas registradas para o ponto de ebulição inicial
e volumes estilados de 10 a 50% são consideravelmente superiores às verificadas para
o diesel convencional de referência. As temperaturas registradas para o ponto de ebulição
final foram semelhantes.
16
3. Materiais e Métodos
Após a realização de um estudo bibliográfico, foi levantado sobre todos os custos
da produção em pequena escala de biodiesel a partir de óleo alimentício usado, bem como
a economia ambiental realizada e possíveis custos ao uso deste novo combustível.
3.1. Estudo Ambiental
Segundo a Lei nº 12.047, de 21 de setembro de 2005 fica instituído o Programa
Estadual de Tratamento e Reciclagem de Óleos e Gorduras de Origem Vegetal ou Animal
e Uso Culinário, mediante a adoção de medidas estratégicas de controle técnico, para não
se incidir na proibição de lançamento ou liberação de poluentes nas águas, no ar ou no
solo, consoante os termos da Lei Estadual nº 997, de 31 de maio de 1976 regulamentadas
pelo Decreto 8.468, de 8 de setembro de 1976, ou seja, todo óleo usado tem que ter um
destino adequado.
Segundo IPA (IPA, 2004), o despejo de águas residuais contendo óleos
alimentares usados nas linhas de água, tem como consequência a diminuição da
concentração de oxigênio presente nas águas superficiais, devendo-se tal situação
principalmente ao fato deste tipo de águas residuais conterem substâncias consumidoras
de oxigênio (matéria orgânica biodegradável), que ao serem descarregadas nos cursos de
água, além de contribuírem para um aumento considerável da carga orgânica, conduzem
em curto prazo a uma degradação da qualidade do meio receptor. Além disso, a
presença de óleos e gorduras nos efluentes de águas residuais provoca um ambiente
desagradável com graves problemas ambientais de higiene e maus cheiros, provocando
igualmente impactos negativos ao nível da fauna e flora envolventes.
Por hora, em sua maioria, o destino tem sido a utilização em produção de sabões e
detergentes, porém abordaremos somente a viabilidade visando o uso como combustível.
Há ainda prefeituras em que se dão incentivos a destinação correta destes resíduos.
Usaremos esses incentivos nos cálculos para um estudo econômico.
17
3.2. Estudo Econômico
Fará uma avaliação econômica da viabilidade do projeto o qual requer a
estimativa dos custos fixos, dos custos operacionais e do preço de venda dos produtos,
conjurando no preço final do combustível, comparando com o combustível tradicional,
objeto deste estudo.
Conforme norma gov ernam en ta l , o biodiesel só pode ser comercializado
através de leilões realizados pela Petrobrás ou para testes e para consumo próprio. Desta
forma o uso mais apropriado seria o uso deste para consumo próprio, economizando
assim com a compra de combustível, assim como, pode servir à pesquisa,
proporcionando uma interação com alunos de diversos cursos da própria instituição.
A partir destas informações, irão ser utilizadas ferramentas de engenharia
econômica para o calculo da viabilidade, julgando-se mais adequadas para este projeto,
à utilização do (payback), da taxa interna de retorno (TIR), do valor presente líquido
(VPL), e a Taxa Mínima de Atratividade (TMA) sendo estas ferramentas essenciais para a
tomada de decisão, no caso a aceitação ou rejeição do projeto que está sendo proposto
neste trabalho.
Para tal, utilizará uma planilha, onde os fluxos de caixa são inseridos, envolvendo
receitas e despesas, e assim obtendo-se os resultados do payback, TIR e VPL.
3.2.1. Valor Presente Líquido
Segundo (BRIGHAM, GAPENSKI, & EHRHARDT, 2006), o método do VPL é
um modo eficiente de avaliar projetos. Esta técnica consiste em somar os fluxos de caixa
esperados de uma empresa e trazê-los a valor presente por uma taxa de desconto.
Para implementar esta abordagem, deve-se proceder conforme a seguir:
1. Encontrar o valor presente de cada fluxo de caixa esperado, incluindo as entradas
e saídas de caixa, descontadas ao custo de capital do projeto.
2. Somar os fluxos de caixa descontados; esta soma é definida como o VPL do
projeto.
18
3. Se o VPL for positivo, o projeto é viável economicamente e deve ser
implementado. Caso contrário, o projeto é economicamente inviável.
A equação usada para calcular o VPL é:
Fonte: Brigham; Gapenski; e Erhardt (2006).
Onde:
FCEt: fluxo de caixa esperado no período t;
k: taxa de desconto;
t: período de tempo;
n: vida útil do projeto.
Para calcular o VPL, devemos projetar os custos e receitas que compõem o fluxo de
caixa por 10 anos, período que perdura a vida útil do projeto. Serão estipulados também
três cenários de projeções: cenário base, cenário pessimista e cenário otimista.
Como há um grande nível de incerteza nas estimativas feitas durante um horizonte
de 10 anos no futuro, estes diferentes cenários tentarão mostrar o que poderá acontecer
com a viabilidade econômica caso a realidade venha a fugir do previsto no cenário base.
3.2.2. Taxa interna de retorno
A taxa interna de retorno (TIR) é definida como a taxa de desconto que zera o VPL
de um projeto, ou seja, quando os valores presentes das entradas de caixa se igualam o
valor presente das saídas de caixa (BRIGHAM, GAPENSKI, & EHRHARDT, 2006). Esta
definição pode ser representada pela seguinte equação:
19
Fonte: (Brigham; Gapenski; e Ehrhardt, 2006).
Sendo que a TIR é a taxa de retorno esperada para um projeto, haverá um excesso
de caixa após o pagamento dos custos de capital se a TIR exceder a taxa mínima de
atratividade, que será o capital usado para financiar o projeto. Assim, o projeto será
economicamente viável quando a TIR for maior que o capital.
Para possíveis análises futuras se estruturará também uma forma de estudos
considerando as variáveis de preços do mercado.
3.2.3. Taxa Mínima de Atratividade
Para esse estudo econômico, utilizaremos a Taxa Mínima de Atratividade (TMA)
para comparação com a Taxa Interna de Retorno (TIR), a fim de estudar a viabilidade
econômica, pela comparação entre ambas.
Caso a TIR for maior que a TMA, o projeto será considerado viável o seu
desenvolvimento, em relação a outros possíveis investimentos. Se a TIR for menor do que
a TMA, o projeto será economicamente inviável, pois poderá ter uma maior rentabilidade
financeira aplicando o capital inicial em outros investimentos mais rentáveis.
3.2.4. Investimentos iniciais do projeto
Far-se-á um estudo dos principais custos conhecidos, como o investimento inicial
necessário; como equipamentos, aprendizagem, instalação e eventuais custos adicionais.
O valor total do investimento capital fixo é de R$ 35.000,00, segundo dados
obtidos com a empresa PLANETABIODIESEL. Tomando-se por hipótese que a vida
útil média desses equipamentos é de 10 anos, sua depreciação é de R$ 3.500,00 anuais.
A seguir na Figura 2, apresenta-se o equipamento para a transformação do óleo de fritura
usado em biodiesel, produzida pela PLANETABIODIESEL, denominada PB
SIMPLEX 60.
20
A PB SIMPLEX 60 tem capacidade de produção de 60 litros por hora. Para as 8
horas/dia propostas estima-se uma produção de 4 8 0 litros por dia, e considerando 26
dias por mês, obtemos o total de 12.480 litros por mês. A PB SIMPLEX 60
DIMENSÕES BÁSICAS: ALTURA 1,10M X LARGURA 0,65M e PESO
APROXIMADO: 90 KILOS
.
Figura 2 – PB 50
O investimento inicial orçado pela PLANETABIODIESEL, para compra dos
equipamentos, instalação, montagem, transporte, adequação do terreno, instalação elétrica,
construção civil até o START da planta foi de: R$: 65.500,00.
3.2.5. Custos de Produção
Tradicionalmente os custos são divididos em fixos e variáveis
3.2.5.1. Custos Fixos
21
Custos fixos independem da quantidade produzida. É evidente que eles oscilam,
seja em função de ajustes de estrutura de pessoal ou de inflação. Os custos fixos podem
ser divididos em três categorias: pessoal, administrativo e financeiro e são apresentados de
acordo com o modelo básico mostrado a seguir.
Pessoal: Salário e pró-labore, encargos sociais, benefícios (plano de saúde, vale
refeição e transporte, seguro de vida, etc.).
Administrativo: Aluguel, impostos, contador, assessores (financeiro, advogado,
ambiental, etc.), luz, telefone, manutenção de veículos e equipamentos, seguros destes
equipamentos e veículos, propaganda, despesas com viagens, e outras despesas (incluídos
juros e tarifas bancárias).
Financeiro: Juros associados às instalações industriais e impostos. Neste caso
não serão considerados por se tratar de um empreendimento piloto-experimental para uso
próprio.
Os custos fixos calculados junto à PLANETABIODIESEL para manutenção e
operação da planta para a produção de 60L/hora, por 8horas/dia, 26 dias/mês, totalizando
uma produção esperada de 12480 Litros/mês foi de: R$400,00/mês onde segunda a
PLANETA BIODIESEL seria de R$300,00 de energia e R$100,00 em manutenção, e a
mão de obra de um funcionário, com salario médio de R$2.000,00 ao mês, em média.
3.2.5.2. Custos Variáveis
Os custos variáveis, ao contrário dos custos fixos, são aqueles que
variam proporcionalmente à produção e, também, à estrutura de vendas adotada.
Obviamente, o que determinará se um custo é fixo ou variável é a natureza das
atividades da empresa e de seus processos produtivos. Os custos variáveis de operação
mais importantes são: a matéria prima utilizada (óleo de alimentício usado),
eletricidade, etanol ou metanol, catalisador, venda da glicerina resultante do processo,
que s e r á utilizada para a fabricação de cosméticos e na indústria farmacêutica, entre
22
outros.
Tabela 2. Custos variável mensais
Descrição Quantidade Custo unitário Custo total
Óleo de fritura usado 12480Litros X 12480*X
Metanol 3744Litros Y 3744*Y
NaOH 62,4kg Z 62,4*Z
Energia Elétrica 1200kW W 1200*W
Glicerina 3744litros - Q -3744*Q
Custo Total - - = 12480*X +
3744*Y+ 62,4*Z+
1200*W - 3744*Q
Baseado nos custos e receitas para se verificar a viabilidade econômica do projeto. Como taxa utilizou-se a taxa interbancária (SELIC=11,5%, BANCO CENTRAL DO BRASIL/ 162ª reunião 19/10/2011).
Na tabela acima podemos observar que no cálculo do custo total, no caso de
algum dos custos variáveis mudarem, basta alterar seu valor na equação final para
recalcular o novo valor total de produção mensal. Com isso, esse estudo poderá ser
utilizado no futuro, apenas atualizando os valores correntes das variáveis aplicadas.
O processo se realiza em batelada, onde em cada produção de 60 litros de Biodiesel
por batelada, temos um gasto de 60,00 Litros de óleo vegetal, 18,00 Litros de Metanol a
um preço médio de R$1,40 o litro, 300 gramas de NaOH a um preço médio de R$2,50 o
quilograma, Além da energia elétrica utilizada.
Ou seja, para cada litro de biodiesel produzido, gastamos: 1Litro de óleo, 300mL de
metanol, 5gramas de NaOH.
O valor a ser pago no óleo usado ainda é incerto. Apesar de os resultados
apontarem para um orçamento positivo, onde quase toda a matéria-prima seria obtida de
forma gratuita, mas existe concorrentes para o uso de óleo usado como os fabricantes de
ração animal e sabão, e com o tempo, o óleo de fritura usado pode se tornar um
resíduo com um considerável valor comercial. Desta forma, apresenta-se a seguir,
alguns cenários de variação de valores a serem pagos por este resíduo, de forma a
23
verificar até que ponto, este empreendimento seria viável economicamente.
Os preços médios de mercado para cada custo unitário e consumo foram definido
pela fabricante do equipamento, com base no mês de outubro de 2011 para isolar o preço
do óleo usado como única variável.
Tabela 3 – Custo variável considerando o valor da matéria prima principal
Custo da Matéria prima Custo Variável por Litro
R$ 0,00 R$0,62
R$ 0,10 R$0,72
R$ 0,20 R$0,82
R$ 0,30 R$0,92
R$ 0,40 R$1,02
R$ 0,50 R$1,12
R$ 0,60 R$1,22
R$ 0,70 R$1,32
Custo total calculado pela PLANETABIODIESEL para o mês base outubro de
2011 fica na base de R$5797,60
A taxa interna de retorno de um projeto, também chamada de eficiência marginal
do capital, é a taxa de desconto que iguala o valor das receitas futuras ao valor atual dos
custos futuros do projeto (WOILER, 1996), ou seja, é a taxa média de crescimento de um
investimento. Para a TIR, se a taxa retornada é superior ou igual à taxa utilizada, se aceita
o projeto, e para o VPL, se o valor é superior ou igual à zero também se aceita o projeto, e
para a TMA, se o valor é superior à TIR também se aceita o projeto. Os resultados obtidos
são apresentados na Tabela 4.
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Tabela 4 – Viabilidade econômica do projeto Custo da matéria prima, Payback (anos), TIR, VPL, TMA e Aceitação do projeto.
A partir dos resultados obtidos, podem-se tecer algumas considerações quanto à
viabilidade econômica do projeto. É visível que, conforme o valor a ser pago para a
matéria- prima aumenta, o período do retorno também aumenta, sendo que a TIR e o VPL
se apresentam no sentido inversamente proporcional ao payback. No entanto pode-se
observar que para valores até R$1,20 o projeto ainda é viável, sendo a taxa de retorno
maior do que a Taxa Mínima de Atratividade e o VPL maior que zero. Para valores
maiores que R$1,30 o projeto começa a apresentar-se inviável, sendo que é possível
observar que o período de retorno é de 4 anos para o valor de matéria prima equivalente a
R$1,40, assim como a taxa de retorno é inferior à taxa utilizada e o VPL é negativo. Isto
corrobora com o fato de que projetos como este são viáveis se apresentam um retorno em
aproximadamente 5 anos.
Desta forma conclui-se que o empreendimento é altamente viável se a matéria
prima for obtida sem custo ou por valores abaixo de R$1,30. Observa-se segundo o
mercado de venda deste resíduo atualmente que as empresas que não doam gratuitamente
Custo da
matéria
prima
Payback(meses)
TIR VPL TMA Aceitação do
projeto
R$ 0,00 2 322% 1.152.265,00 25% ACEITA-SE
R$ 0,10 5 299% 1.065.887,45 25%
ACEITA-SE
R$ 0,20 5 277% 893.131,00 25% ACEITA-SE
R$ 0,30 5 254% 806.753,05 25% ACEITA-SE
R$ 0,40 6 231% 720.374,91 25% ACEITA-SE
R$ 0,50 6 208% 633.966,78 25% ACEITA-SE
R$ 0,60 7 185% 547.618,64 25% ACEITA-SE
R$ 1,00 13 94% 288.784,24 25% ACEITA-SE
R$ 1,10 17 70% 267.606,11 25% ACEITA-SE
R$ 1,20 13 47% 181.227,97 25% ACEITA-SE
R$ 1,30 48 22% 94.849,84 25% REJEITA-SE
R$ 1,40 X -21% -(57.028,30) 25% REJEITA-SE
25
este óleo, comercializam o mesmo por valores em torno de R$0,20 ou R$0,30. É preciso
considerar, no entanto, como citado anteriormente, que o mercado de fabricação de
biodiesel a partir deste resíduo possa aumentar, aumentando em uma proporção direta o
seu valor.
26
4. Resultado e Discussão
O reaproveitamento de resíduos como o óleo de fritura usado descartados nos
centros urbanos pode realizar benefícios econômicos, ambientais e de saúde pública,
para citar apenas os mais importantes. Isso traria efeitos favoráveis ao meio ambiente
e à saúde a população ao diminuir o lançamento de gordura na rede de esgotos e,
assim, a poluição e a atração de insetos, ratos e outros organismos nocivos à saúde
pública e vetores de diversas doenças. Ademais, contribuiria para reduzir os custos de
manutenção da rede e para aumentar sua vida útil, isso sem se considerar o potencial
de geração de empregos (inclusão social urbana) com atividades de coleta.
Este trabalho procura demonstrar alguns aspectos importantes em
relação à reutilização de óleo alimentício de fritura usado com fins energéticos, mais
especificamente, para a transformação em biodiesel em uma planta piloto. Para se
transformar em realidade, a viabilidade de produção deste óleo deve ser analisada desde
o início da cadeia, por assim se dizer, sendo que é necessário verificar-se o que se está
sendo feito com o óleo usado e o que a população pensa a respeito do tema, para que se
possam iniciar ações no sentido do melhor aproveitamento do mesmo.
A viabilidade econômica da produção de energia a partir de fontes
alternativas renováveis, sempre será dependente do balanço energético favorável, e do
preço do barril de petróleo. O es tudo de viabilidade econômica apresentada
neste trabalho considerou que a capacidade da planta pode ser ampliada sem alterar a
estrutura dimensional dos equipamentos usados em cada operação unitária. Também é
importante destacar que tal projeto tem pelo menos mais duas virtudes: a da geração
de empregos e da mitigação de impactos ambiental. (CASTELLANELLI, 2008)
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5. Conclusão
A partir dos dados obtidos com o estudo do processamento do óleo de fritura usado
como matéria-prima para a fabricação de biodiesel, pode-se observar que este, para os
atuais valores econômicos correntes, considerando o custo de compra do óleo alimentício
usado em até R$1,20/litro, o processo se mostrou altamente viável.
Concluirmos ainda que, para a implantação do projeto, teremos que fazer uma
análise econômica completa, a fim de calcular os custos no momento da implantação, os
mesmos poderão mudar.
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6. Sugestões para trabalhos futuros
Uma sugestão para trabalhos futuros seria um estudo sobre os valores praticados na
compra de óleo usado, seu impacto ambiental e estudo sobre possíveis incentivos fiscais.
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7. Referências
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