UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE EDUCAÇÃO
PROGRAMA NACIONAL ESCOLA DE GESTORES DA EDUCAÇÃO BÁSICA PÚBLICA
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA – CECOP 3
MARCOS VINÍCIUS DE JESUS SANTOS
A AVALIAÇÃO A FAVOR DA APRENDIZAGEM, CRESCIMENTO E FORMAÇÃO DO ALUNO: UM ESTUDO NA ESCOLA SONIA SUELY
LEAL, EM BARRA DO ROCHA/BA
Salvador 2015
MARCOS VINÍCIUS DE JESUS SANTOS
A AVALIAÇÃO A FAVOR DA APRENDIZAGEM, CRESCIMENTO E FORMAÇÃO DO ALUNO: UM ESTUDO NA ESCOLA SONIA SUELY
LEAL, EM BARRA DO ROCHA/BA
Projeto Vivencial apresentado ao Programa Nacional Escola de Gestores da Educação Básica Pública, Faculdade de Educação, Universidade Federal da Bahia, como requisito para a obtenção do grau de Especialista em Coordenação Pedagogia. Orientadora: Profª. Esp. Cristiane Regina Dourado Vasconcelos
Salvador 2015
MARCOS VINÍCIUS DE JESUS SANTOS
A AVALIAÇÃOA FAVOR DA APRENDIZAGEM, CRESCIMENTO E FORMAÇÃO DO ALUNO: UM ESTUDO NA ESCOLA SONIA SUELY
LEAL, EM BARRA DO ROCHA/BA
Projeto Vivencial apresentado como requisito para a obtenção do grau de Especialista em Coordenação Pedagógica pelo Programa Nacional Escola de Gestores, Faculdade de Educação, Universidade Federal da Bahia.
Aprovado em janeiro de 2016.
Banca Examinadora
Primeiro Avaliador.____________________________________________________ Segundo Avaliador. ___________________________________________________ Terceiro Avaliador. ___________________________________________________
AGRADECIMENTOS
A Deus, por me permitir mais esta conquista.
Aos meus familiares, pelo apoio neste momento. A todos, meu muito obrigado!
À minha orientadora, Profª. Cristiane Regina Dourado Vasconcelos, pela paciência e
competência ao me auxiliar nesta jornada, de forma que eu só tenho a agradecer,
pelo carinho, competência e dedicação, por mostrar que a caminhada é difícil, mas
quando se tem força de vontade tudo é possível. A você Cris, meu muito obrigado!
À minha querida amiga de longas datas, Noélia Miranda Afra, que contribuiu na
organização ortográfica de todo o trabalho. Obrigado! Você, de fato, faz a diferença!
Ao técnico em informática Dilman Lima, sempre me socorrendo nos momentos
difíceis, obrigado!
À Faculdade de Educação da UFBA e ao Programa Escola de Gestores, por
levarem a cabo esta iniciativa que beneficia tantos Coordenadores Pedagógicos,
como eu.
“E, para avaliar, o primeiro ato básico é o de
diagnosticar, que implica, como seu primeiro passo,
coletar dados relevantes, que configurem o estado
de aprendizagem”.
Luckesi
SANTOS, Marcos Vinícius de Jesus. A avaliação a favor do processo de
aprendizagem, crescimento e formação do aluno: Um estudo na Escola Sonia
Suely Leal, em Barra do Rocha/BA. 2015. Projeto Vivencial (Especialização) –
Programa Nacional Escola de Gestores, Faculdade de Educação, Universidade
Federal da Bahia, Salvador, 2015.
RESUMO
O presente trabalho concentrara-se no estudo da avaliação nas salas multisseriadas, que não está constituída em um espaço de guarda, mas sim na formação, que possa assegurar o desenvolvimento do ensino e aprendizagem das crianças, jovens e adultos. Uma vez que a avaliação é uma ação necessária ao acompanhamento e desenvolvimento do educando, este deve ser um instrumento eficiente no processo educacional da mesma. Observou-se que as escolas rurais, necessitam de uma atenção maior no que diz respeito ao seu funcionamento, no uso da avaliação e no trabalho docente. Através de fundamentação teórica alicerçada nos fundamentos de autores como Luckesi, Vasconcellos, Martins e Haydt e segundo a realidade escolar estudada, tratou-se de identificar como a utilização dos instrumentos avaliativos adequados podem colaborar com a produção de resultados positivos de aprendizagem. Nesse sentido o objetivo foi fornecer ao educador a oportunidade de compreensão dos aspectos avaliativos, refletindo sobre o processo da avaliação nas classes multisseriadas das escolas rurais. Este trabalho se deu através da utilização de questionários para professor e aluno e por meio de uma abordagem bibliográfica, onde foi possível analisar dados pertinentes ao objeto de estudo. A intervenção prevê oficinas de estudo e construção de instrumento de avaliação, na perspectiva de que os professores tenham o máximo de aproveitamento e que o uso da avaliação nessa modalidade de ensino proporcione ao educador a investigação para a melhoria da avaliação, no uso adequado de métodos para o aprimoramento do estudante. Palavras-chave: Avaliação. Aprendizagem. Classes multisseriadas.
ABSTRACT
This work had concentrated on the evaluation of the study on multi-year classes,
which is not incorporated in a guard room, but in the training, which will ensure the
development of teaching and learning for children, youth and adults. Once the
assessment is an action necessary for the monitoring and development of the
student, this should be an effective tool in the educational process of the same. It
was observed that rural schools need more attention with regard to its operation, the
use of assessment and teaching. Through theoretical foundation rooted in the
fundamentals of authors like Luckesi, Vasconcellos, Martins and Haydt and
according to school studied reality, this was to identify how the use of appropriate
evaluation tools can collaborate with the production of positive learning outcomes. In
this sense the aim was to give the teacher the opportunity to understand the
evaluative aspects, reflecting on the assessment process in multigrade classes in
rural schools. This work was made through the use of questionnaires to teachers and
students and through a bibliographic approach, it was possible to analyze data
relevant to the subject matter. The intervention provides study workshops and
building assessment tool with a view that teachers have maximum utilization and the
use of evaluation in this type of education provides the educator research to improve
assessment, the appropriate use of methods for student improvement.
Keywords: Assessment. Learning. Multigrade classes.
LISTA DE ABREVEATURA E SIGLAS
AC’s - Atividades Complementares
CECOP – Curso de Especialização em Coordenação Pedagógica
EJA – Educação de Jovens e Adultos
Faculdade de Ensino Superior do Piemonte da Chapada – FESPC
Faculdade do Piemonte – FAP
UFBA – Universidade Federal da Bahia
SUMÁRIO
1. Introdução .................................................................................................... 9
2. Memorial ...................................................................................................... 11
2.1. Memórias do meu eu. ................................................................................ 11
2.2. A trajetória acadêmica ................................................................ 11
2.3. A trajetória profissional .............................................................. 13
2.4. Minhas expectativas ................................................................... 14
3. Avaliação: Uma reflexão necessária nas salas multisseriadas.............. 16
4. Proposta de intervenção ............................................................................ 22
4.1. Caracterização da unidade de ensino ..................................................... 25
4.2. Aplicação da pesquisa e instrumento da análise de dados .................. 25
4.3. Operacionalizando a proposta de intervenção........................................ 27
Considerações finais ....................................................................................... 29
Referências ...................................................................................................... 31 Anexos .............................................................................................................. 32
9
1. INTRODUÇÃO
Este estudo teve como foco compreender os princípios e as finalidades da
avaliação como embasamento para o desenvolvimento do processo de ensino e
aprendizagem na Escola Sonia Suely Leal, buscando responder ao seguinte
questionamento: De que maneira os instrumentos de avaliação podem possibilitar
um processo de avalição mais reflexivo, formativo e diagnóstico em classes
multisseriadas1?
Nesta vertente, salientamos que o presente trabalho busca realizar uma breve
análise da avaliação em classes multisseriadas, trazendo os instrumentos da
avaliação e uma forma cautelosa e repensada sobre o ato de avaliar, pois esta está
fragmentada e se faz necessário pensar em estratégias que possam nortear
caminhos para melhorias na educação rural.
A fundamentação teórica está centrada na compreensão de que os
instrumentos avaliativos são importantes para o diagnóstico e para intervir no
desenvolvimento do saber e na busca do construir. Envolvendo os indivíduos
participantes em suas ações, buscando entender quais caminhos seguir em uma
trajetória que não está coerente com a proposta de ações trabalhadas em relação
aos diferentes modos de aprender.
A avaliação em diferentes contextos tem uma compreensão e ação das
atividades desenvolvidas pelos educadores das escolas rurais e urbanas, contudo
este estudo está voltado para a prática da avaliação nas classes multisseriadas.
Neste contexto a fundamentação teórica estará focada na compreensão do uso da
avaliação diagnóstica para favorecer o processo de ensino e de aprendizagem,
atraindo os alunos a participarem de suas ações, no processo avaliativo. Desta
forma, o uso de instrumentos de avaliação diagnóstica proporciona ao educador
muitas descobertas que facilitarão criar ações que possibilitem o aprendizado do
educando.
1 Classe multisseriada é o agrupamento de alunos de diferentes séries e idades, numa mesma turma. Este formato
de classe é comum nas escolas do campo,
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O presente trabalho traz como objeto de estudo a avaliação em classes
multisseriadas, na educação do campo, tendo como finalidade descobrir mediante
os estudos, de que maneira os instrumentos de avaliação podem desenvolver ou
possibilitar um processo de avaliação mais flexiva, formativa e diagnóstica na
educação. Por outro lado, temos a incumbência de tornar as escolas do campo mais
eficazes, de desfazer a ideia de que as escolas rurais não são um espaço de
transformação.
Para realização da pesquisa foram aplicados questionários a professores e
alunos, pesquisas bibliográficas, e análise de dados.
Não dá para olhar para as escolas do campo e identificar um único problema.
São mais de 76 mil escolas país afora, muitas delas não possuem infraestrutura, os
espaços são inadequados, as vezes não possuem nem energia elétrica. Os
profissionais de educação, que trabalham com salas multisseriadas, de modo geral,
sentem dificuldades na transmissão de conhecimento.
Autores como Luckesi, Vasconcellos, mostram a importância da utilização
coerente dos instrumentos avaliativos no desenvolvimento dos estudantes,
mostrando que a avaliação favorece não apenas ao educador, mas também a
compreensão do educando.
Nesta perspectiva, é necessário o uso adequado da avaliação, buscando a
compreensão da avaliação como instrumento de diagnóstico, que busca uma
intervenção visando a melhoria no processo evolutivo do aluno.
O desenvolvimento do trabalho é apresentado em capítulos que abordam os
conceitos avaliativos, o memorial trazendo memórias do meu eu, relatando sobre
minha vida acadêmica, trajetória profissional e expectativas, além da proposta de
intervenção com a análise de dados e caracterização da escola.
11
1. MEMORIAL
1.2. MEMÓRIAS DO MEU EU...
Minha vida de estudante não foi nada fácil, estudei um longo período á noite,
pois meu pai biológico não me registrou, e a certidão de nascimento era fundamental
para ingressar na escola no período do diurno. Minha mãe e meu padrasto não
dispunham de recursos para que eu ingressasse na escola particular, tornando difícil
a minha estadia dentro da escola em um turno que não fosse o noturno. Foi um
longo período estudando e repetindo a mesma série, sempre no noturno. Em 2001
terminei o ensino médio, na formação de Magistério. Após concluir o curso de
Magistério, atuei como professor de jovens e adultos por um período de 04 anos
(2005 a 2009) pela prefeitura municipal de Barra do Rocha. Este foi um período de
grandes experiências para minha formação, pois via naquele momento uma
oportunidade para estudar mais sobre a avaliação enquanto instrumento norteador,
que possibilita o processo de ensino aprendizagem.
Nesse período as experiências foram de grande relevância para a formação
e desenvolvimento nas minhas práticas como docente. Em 2010 comecei a
supervisionar as escolas que trabalham com a modalidade de jovens e adultos.
Buscando estratégias que amenizassem a evasão escolar, desenvolvemos projetos
(cinema na escola, aula de artesanato, capacitação de professor mensalmente
através da secretária de educação e distribuição de material didático) no intuito de
fortalecer os laços entre professor e alunos e abrandar a evasão que ocorria de
forma drástica no turno noturno.
2.1. A TRAJETÓRIA ACADÊMICA
Minha graduação em Pedagogia ocorreu no período de 2005 a 2009, pela
FESPC (Faculdade de Ensino Superior do Piemonte da Chapada), que atualmente
recebe o nome de FAP (Faculdade do Piemonte). Foi um curso extremamente
valioso para mim, enxerguei naquela oportunidade mais um caminho que
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favorecesse minha jornada como professor e coordenador. Pude criar conceitos,
princípios éticos e reafirmar meu compromisso com a educação. Na hora do
juramento no ato da minha, formatura, disse a mim mesmo: Serei professor por
convicção. Não descarto minhas experiências enquanto professor, minhas práticas
educativas, meus desafios e meus medos antes de ingressar na faculdade, todavia,
os professores que encontrei no período de graduação foram extremamente
profissionais, provocavam sempre em mim inquietações, desafios e mudança de
comportamento. Despertei para um novo olhar sobre o ato de educar. Posso afirmar
que durante a minha formação em Pedagogia compreendi que a educação é a
"chave que abre todas as portas”.
A licenciatura em Pedagogia me trouxe outros desafios que me
proporcionaram crescimento na área educacional, despertando assim o interesse
em atuar em outras áreas da Educação. Em 2014 comecei a atuar como
coordenador de uma escola do campo, onde pude perceber a grandiosidade de
atuar como coordenador de uma escola da zona rural. Como já atuava como
professor do noturno, eu tentava pôr em prática tudo aquilo, porém com um público
totalmente diferenciado. Foi um grande desafio, pois mesmo gostando de trabalhar
como jovens e adultos, não posso afirmar que essa clientela (público infantil) seja
fácil, principalmente quando se tinha que lidar com conteúdos que traziam as teorias
piagetianas. Os recursos eram escassos para realizar uma pesquisa. Desafios
vencidos! Com a ajuda de Deus, prosseguimos, desbravando os novos desafios de
se coordenar uma escola com salas multisseriadas no campo.
Meu primeiro contato com o diurno foi na escola Cecília Sarmento Leal, zona
urbana de Barra do Rocha/BA, sob a direção da professora e diretora da instituição
de ensino Noélia Miranda Afra, onde dava aula à noite. A sala era familiar, porém o
público totalmente diferenciado. Todavia, serviu como laboratório para minha
atuação hoje na coordenação.
Naquele período de estágio supervisionado comecei a criar um novo olhar
sobre a educação. Pude perceber que através dela, podemos possibilitar ao
indivíduo trilhar por caminhos que ofereçam a ele novas conquistas, novos
horizontes. Através deste contato com a escola pude observar que em seu cotidiano,
elementos que indicam o processo ensino aprendizagem e o apoio aos docentes
13
são corriqueiros, tornando o relacionamento professor e aluno amigável. O período
de experiência como docente no ensino regular foi gratificante e enriquecedor, pois
pude olhar de forma mais efetiva minha intencionalidade, minha ação pedagógica e
fazer uma reflexão sobre a mesma.
2.2. A TRAJETÓRIA PROFISSIONAL
Minha trajetória profissional teve início no ano de 1998, quando comecei a
trabalhar com a alfabetização de jovens e adultos, através da Alfabetização
Solidária, programa desenvolvido e mantido pelo Governo Federal. Mesmo sem ter
concluído o Ensino Fundamental II, atuei nesse programa. No ano de 2001 concluí o
curso de habilitação ao Magistério, assumindo uma vaga no noturno para trabalho
com a EJA, desta vez não mais através do programa e sim pela prefeitura municipal
de Barra do Rocha/BA. Em 2007 assumi a coordenação/supervisão desta
modalidade com o desafio de amenizar a evasão neste turno, demos início a
algumas ações que possibilitassem a permanência do aluno em sala de aula,
freando assim a evasão que ocorria em massa. Trabalhei nesta coordenação até o
ano de 2012, quando finalizei assumindo a coordenação da escola Sonia Suely Leal,
na zona rural de Barra do Rocha/BA.
Trabalhei em muitas escolas como professor, e também na Secretaria de
Educação. Percebi a vulnerabilidade de muitos alunos que vivem na linha da
pobreza, e outros abaixo da linha pobreza. Constatei que mesmo com todos os
aparatos e programas sociais criados pelos nossos governantes focando na
educação, a evasão ocorria de forma drástica, principalmente nas áreas rurais.
Saliento ainda que as dificuldades encontradas pelos educadores eram inúmeras, e
isso dificultava o trabalho pedagógico.
Observando os modelos de aulas e atividades desenvolvidas pelos
professores, constatei que alguns desses educadores não aguçavam a curiosidade
dos alunos, não provocavam inquietação, não geravam conflitos que pudessem
favorecer o crescimento dos mesmos. Percebi que muitos alunos tinham certas
dificuldades em relação à aprendizagem. Contudo, criamos trabalhos de grupos que
14
facilitaram o entrosamento e desenvolvimento das atividades propostas na unidade
de ensino, através da coordenação.
Cada dia vivido nesta escola está sendo um desafio para mim, percebo que
posso prosseguir na caminhada, servindo de ponte entres os entraves que hora
ocorrem ou ocorreram na escola Sonia Suely Leal. Propomos aos professores
desafios, confrontos, compreendendo e superando dificuldades, tornando um
ambiente agradável, onde cada um possa desenvolver ou mostrar seu ponto de
vista, convergir ou divergir das ideias trazidas durante nossos encontros ou das
atividades extraclasse. Percebi que as diferenças foram superadas e trabalhamos
juntos, superando os desafios, buscando entendimento.
No exercício da função de coordenador pedagógico e professor em diferentes
modalidades, pude constatar a diferença entre coordenar e lecionar, principalmente
para públicos tão diferenciados. Como docente, posso criar ou desenvolver
atividades educadoras, que possibilitem atribuições aos alunos tornando-os seres
pensantes, capazes de interagir com o mundo, seres questionadores, enxergando
na escola um lugar prazeroso, tornando a educação atraente.
Na coordenação pedagógica constato que alguns docentes ainda possuem
uma filosofia de avaliação mecanizada, tradicional, de pouca motivação, enxergando
o aluno como uma tábua rasa. Ressalto ainda que existem professores que fogem
do conformismo, tornando as atividades atraentes. Na construção do planejamento,
constato que a maior motivação está justamente no ouvir, compartilhar e doação de
todos para a construção do conhecimento. Minha missão é promover e contribuir
para que as atividades desenvolvidas na instituição de ensino possibilitem e
contribuam para uma comunidade atuante, enxergando a educação como “chave
que abre todas as portas”, melhorando e despertando no educando a autoestima e o
desejo de aprender.
2.3. MINHAS EXPECTATIVAS
Alguns que compõem nossa sociedade, tem visto a educação pública como
uma educação falida, em todos os níveis e modalidades de ensino. A Educação
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Básica tem como função a formação de cidadãos, construindo conhecimentos,
agregando valores que tornem o aluno solidário, ético, crítico e um ser participativo.
Percebo que educar é antes de tudo amar o indivíduo como ele é, com seus valores
e princípios, mesmo com todos os entraves que envolvem a educação a uma
condição desacreditada, conseguimos avançar e amenizar o analfabetismo no
Brasil. Saímos de 35 milhões de analfabetos para um número significativo de 13
milhões de analfabetos, isso significa que estamos avançando. Tudo que podemos
fazer no sentido de envolver os que vivem em torno da escola, e dentro da unidade
de ensino, no sentido de participarem ativamente de toda atividade desenvolvida
pela escola.
Fica à critério da educação formar pessoas, porém isso não pode se dar
exclusivamente através só do professor, que deve ou não passar o aluno, mais
buscar na construção do conhecimento, desenvolvimento de novas competências
buscando criar habilidades que possibilitem a compressão do processo educativo no
desenvolvimento do estudante. Buscamos através deste projeto vivencial nortear
caminhos aos educadores no uso adequado de instrumentos de avaliação que
favoreçam a aprendizagem do universo estudantil, visando uma educação rural mais
atrativa, colocando o educando como um ser participativo e questionador.
16
3. AVALIAÇÃO: UM REFLEXÃO NECESSÁRIA NAS SALAS MULTISSERIADAS
Vivenciamos inúmeros obstáculos que tem dificultado o ensino no campo,
todavia temos condições de transformar as escolas rurais em um espaço de
transformação, onde o educador possa desenvolver instrumentos avaliativos para o
aprimoramento do aluno. Entretanto há o desafio de se construir instrumentos
avaliativos que norteiam caminhos rumo a aprendizagem. Existem cerca de 76 mil
unidades de ensino no campo espalhadas pelo país, cada uma com seus problemas
que de uma forma ou de outra tem dificultado o avanço dos educandos. Assim
sendo, a análise que se faz neste contexto é que as escolas do campo não são
negadas apenas a uma educação de qualidade - são negados muitos outros direitos
e isso tem desencadeado empecilhos no desenvolvimento do aluno.
Dentro desta vertente surge as calasses multisseriadas trazendo um debate
sobre a existência ou não dessa modalidade de ensino. Existem professores que
não aceitam essa forma de ministrar aula, muitos relatam que na junção de turmas o
desenvolvimento do educando é prejudicado. Outros relatam, muitas vezes, que as
salas multisseriadas são possíveis de serem trabalhadas.
Nesta perspectiva, a avaliação surge como uma importante ferramenta para o
docente, ela busca uma intervenção no desenvolvimento do ensino aprendizagem.
Através dela o professor tem a oportunidade de rever seus conceitos, criando
mecanismos que possibilitem o andamento do educando no desenvolvimento de
suas habilidades. Devemos levar em conta que a avaliação não pode ser destinada
somente aos alunos. Através dela o professor tem a oportunidade de rever seus
conceitos e valores, observando sua prática pedagógica.
Nesta perspectiva Luckesi (2002) relata que: "A avaliação é diferente da
verificação, envolve um ato que ultrapassa a obtenção da configuração do objeto,
exigindo decisão do que fazer com ela". Entretanto a avaliação deve ser inclusiva,
através dela o educando vai se aperfeiçoando em suas habilidades.
Contudo, a avaliação vem sendo discutida e revista ao longo dos anos, por
muitos autores. Nesta pesquisa, optamos por aprofundar nossas discussões a partir
das contribuições de alguns teóricos como: Luckesi, Haydt, Sant´´anna, Martins, e
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Vasconcellos, na perspectiva de fortalecer o conceito de avaliação como instrumento
norteador para o desenvolvimento do educando.
A avaliação era muitas vezes utilizada como forma de punir o aluno,
deixando, em certa medida, de ser utilizada como forma de estabelecer
compromisso com os estudantes, propor e implantar mudanças no cotidiano das
atividades.
Entretanto a avaliação está explicita em todos os nossos atos, no nosso dia a
dia. Seguindo esta linha, Cipriano Carlos Luckesi retrata que: "o ato de avaliar é uma
perspectiva de utilização adequada para coletar dados que venham mostrar o nível
de aprendizagem e dificuldades que os alunos se encontram”. (LUCKESI, 2011). Os
instrumentos são fundamentais para que a avaliação possibilite ao professor
caminhos que possam nortear o processo de aprendizagem do educando.
É possível perceber na prática, que a maioria das unidades de ensino seja ela
rural ou urbana promove provas, testes, questionários etc, que não são uma prática
avaliativa. Este ato deixa claro que examinar é classificatório e seletivo. Por outro
lado, a avaliação deve ser diagnóstica e inclusiva, levando a uma intervenção
visando à melhoria da aprendizagem.
Com efeito:
“O ato de avaliar está explícito na coleta de dados, análise e síntese do que configura o objeto de estudo da avaliação, dando um valor ou qualidade, que se dá a partir da comparação da configuração do objeto avaliado, dentro de um determinado padrão de qualidade previamente estabelecido para aquele objeto”. (LUCKESI, 2000).
Seguindo a mesma linha de pensamento de Luckesi (2002), “a avaliação,
difere da verificação, envolve um ato que ultrapassa a obtenção do que fazer com
ela. A verificação é uma ação que “congela” o objeto; a avaliação, por sua vez,
direciona o objeto numa trilha dinâmica da ação”. Partindo deste pressuposto, o
professor deve utilizar várias técnicas ao avaliar o aluno, utilizando instrumentos
variados, para que a avaliação possa trabalhar a realidade da classe, dando ao
educador subsídios que facilitará detalhar a realidade de uma classe multisseriadas,
18
facilitando a aprendizagem do educando durante todo o processo de ensino-
aprendizagem.
Haydt (2000) defende que a avaliação deve ser compreendida como processo
dinâmico de permanente interação entre educador e educando no apontamento e no
desenvolvimento de conteúdos de ensino aprendizagem. Dentro desta perspectiva,
ressaltamos que todo processo avaliativo deve ocorrer a favor do aluno, que é
sujeito do processo, aliado à sua aprendizagem, promovendo o desenvolvimento de
sua autoestima, despertando o gosto pela escrita e leitura, gerando o desejo de
conhecer mais e fortalecendo o vínculo com a escola.
Por outro lado, o sistema educacional, quase sempre apoia a avaliação como
classificatória com a intenção de verificar a aprendizagem ou competências
desenvolvidas pelos alunos. Estas medidas tornam a avaliação como objeto que
pressupõe que as pessoas aprendam do mesmo modo, nos mesmos instantes,
tentando assim evidenciar competências isoladas.
Na concepção dos autores Haydt (2000), Sant´anna (2001), Luckesi (2002), a
avaliação apresenta-se em três modalidades, as quais estão as avaliações:
classificatória, somativa e a avaliação diagnóstica.
O educador do campo primeiramente tem que saber diagnosticar a situação
do aluno e a partir daí, criar metodologias assertivas que venham favorecer o
desenvolvimento do educando. Dentro desta linha de pensamento, Santa´nna
(2001), relata que, "Localizar, apontar, discriminar deficiência, insuficiência, no
desenvolvimento do ensino-aprendizagem para eliminá-las: proporcionar feedback
de ação (leitura, explicação, exercício)" (SANTA´NNA. 2001, p.34). As classes de
multisseriadas são grandes desafios que conduzem o educador a refletir sobre a
escola, suas disciplinas, avaliação, séries e conteúdo, pois se tratando da educação
do campo, o olhar deve ser amplo, visto com dignidade, carinho e atenção.
Desta forma o educador precisa ser estrategista ao dividir o espaço da sala
de aula para obter a atenção de toda a classe. Observamos que a maioria das
classes multisseriadas tem uma forma peculiar na organização da turma, muitas
vezes por fileiras ou grupos seriados, o quadro é organizado por linhas horizontais
19
de acordo com as séries, pra tanto constatamos que isso não é bastante para
desempenhar um trabalho bom, pois na junção das turmas um unidocente não é
suficiente para desenvolver um trabalho de qualidade com os alunos do
multisseriado.
A pratica da avaliação nas pedagogias preocupadas com a transformação,
tem que estar atenta aos modos de superação, no que diz respeito ao autoritarismo
que alguns professores estabelecem sobre o educando. Isso por conta do novo
modelo no contexto social, na qual há um novo olhar no ato de avaliar, com a escola
democrática, que visa a participação de todos. Isso desencadeia a igualdade efetiva
de oportunidades e condições para aprimoramento nas ações da unidade de ensino.
Ressaltamos ainda que nesta análise, a avaliação escolar deverá ocorrer como
instrumento de diagnosticar a situação, levando em conta o avanço e o crescimento
do aluno, e não a sua estagnação na mesma série. Nesta linha de pensamento a
autora, Ilza Martins relata que, "a avaliação diagnóstica deve ser utilizada como
sondagem, projeção e retrospecção da situação do aluno."(SANT´ANNA, 7.
Ed.Vozes. Petrópolis 2001), as modalidades de avaliação e acompanhamento irão
nortear o professor, que desenvolverá a certificação da aprendizagem na busca do
sucesso do educando.
Nesse contexto a avaliação diagnostica deverá ocorrer no início de cada ciclo
de estudos. No multisseriado, a utilização de coleta de dados irá favorecer ao
educador, pois a variação de tempo pode favorecer ou prejudicar as trajetórias
imediatas, caso não ocorra uma reflexão, crítica e participativa. O ato de avaliar
ocorrerá em todo o processo de ensino aprendizagem, não sendo só aplicado em
provas ou testes no intuito de atribuir notas. Por outro lado, cabe ao educador,
ajudar seus alunos, orientá-los nas atividades que venham fortalecer o seu
desenvolvimento do aluno em sua trajetória educacional.
Nesta vertente Luckesi (2002), ressalta que a avaliação é um recurso
pedagógico útil e necessário para auxiliar cada educador e cada educando na busca
e na construção de si mesmo e dos seus melhores modos de ser na vida. Ela não
pode ser vista como sendo a tirana da prática educativa, que ameaça e submete a
todos, mas sim amorosa, inclusiva, dinâmica e construtivista.
20
A necessidade de avaliar estará sempre presente, não importando padrão, ou
normas que se baseia o modelo educacional. Não há como fugir da primordialidade
da avaliação, embora se possa, com efeito, torná-la eficaz naquilo a que se propõe:
Um aperfeiçoamento no processo educativo. Nesta perspectiva de avaliação
Cipriano Luckesi ressalta que, "a avaliação vem como forma de "avaliar a
aprendizagem", através dela o educador descobre qual o nível de aprendizagem que
o educando está inserido". (LUCKESI, 2000). Para tanto, salientamos que a busca
por forma norteadora para facilitar o ensino aprendizagem nas salas de
multisseriadas está na busca por instrumentos de coletas de dados que visem o
aprimoramento na avaliação, usando-a com recurso para a permanência do aluno
em sala de aula.
Segundo Luckesi (2002), “a pratica escolar usualmente usada como avaliação
da aprendizagem pouco tem a ver com a avaliação. Ela se constitui muito mais que
provas/exames do que avaliação”. A pratica avaliativa como provas e exames,
atribuindo notas e conceitos, teve seu inicio no século XVI e XVII com a
naturalização da sociedade burguesa. A prática nos dias atuais é referida desta
época, que foi desencadeada pela exclusão e marginalização de pessoas daquela
sociedade.
Luckesi ainda relata que: “usa-se a denominação de avaliação, mais a pratica
de aplicação dos instrumentos de avaliação tem se resumido á aplicação de provas
e exames, uma vez que estas são mais fácies e costumeiras de serem executadas”.(
LUCKESI, 985). A avaliação, deve ter como finalidade dar um juízo de valor sobre o
objeto, sendo este bom o quanto mais se aproximar do ideal estabelecido.
Toda avaliação deveria ter uma dimensão diagnóstica, no sentido de que
conduzir, ou de que forma conduzir, dando um melhor ajustamento no
ensinoaprendizagem. Buscando adaptar melhor os conteúdos, as formas de avaliar
os alunos revelados pela avaliação. Avaliar é representar um dos pontos de vista
para alcançar uma pratica pedagógica competente. Mesmo com todos os avanços,
pouco se conhece sobre o processo avaliativo que ocorre nas escolas de
multisseriado isso desencadeia–se devido à má utilização que se faz dela.
Utilizamos as mais diversas formas de avaliar, porém todas como cunho para punir
21
ou classificar, a utilização da avaliação deve estar em conhecer ou diagnosticar a
real situação que o educando se encontra.
Seguindo a mesma linha de pensamento, Luckesi (2011) relata: “Usualmente,
denominamos os testes, os questionários como perguntas aberta e fechada, as
fichas de observação, as redações, os simulado, entre outros, de instrumento de
avaliação. Na verdade, eles não são “instrumentos de avaliação”, quando estamos
atuando no primeiro passo do diagnóstico, que se define pela coleta de dados, fica a
parecer termo já concluído o ato de avaliar ( juntando os atos de coleta de dados e
qualificar a realidade, como se fossem um único ato), o que efetivamente não se dá
dessa forma( LUCKESI, 2011). Partindo deste pressuposto, no cenário educacional,
a avaliação se difere, tem caráter sistemático, apoia-se em pressupostos explícitos
em maior ou menor grau, variam em complexidade e servem a múltiplos propósitos.
Haydt (2000), relata que: “faz parte do trabalho docente verificar e julgar o
rendimento dos alunos, avaliando os resultados do ensino. ” A avaliação está
sempre presente na sala de aula, fazendo parte da rotina escolar, de onde surge a
responsabilidade do professor aperfeiçoar suas técnicas.
Enfatizamos que a aceitação pelo professor de diversificar instrumentos
avaliativos possibilita oportunizar novos meios que venham influenciar na
aprendizagem do educando, e assim possamos melhorar os trabalhos,
aperfeiçoando e obtendo mais dados para avançarmos junto ao aluno. Ressaltamos
ainda que a utilização de varias técnicas para verificar o rendimento escolar do
estudante, tornará mais significativa a avaliação.
É frequente encontramos classes heterogêneas nas escolas, principalmente
nas escolas do campo, tornando o trabalho do ensino-aprendizagem uma tarefa
árdua, onde o professor necessita desenvolver suas metodologias focada na
realidade local. Neste sentido os alunos das classes multisseriadas devem ser
assistidos de forma mais coerente com os pré-requisitos necessários, dentro de uma
perspectiva para novas formas de avaliar.
Segundo Martins (1988), “ o diagnóstico poderá ser direcionado nos seguintes
sentidos : determinar o comportamento de entrada do aluno, que sejam pré-
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requisitos para o alcance dos objetivos formulados; determinar o domínio de certos
objetivos por parte do educando, que possibilitem o ensino de assuntos de acordo
com seus interesses, aptidões e traços da personalidade”( MARTINS, 1995).
Durante muito tempo percebemos a avaliação como instrumento de
hostilização e amedrontamento para os alunos. Da mesma forma Vasconcellos
retrata que: “A pratica da avaliação escolar chega a um grau assustador de pressão
sobre o aluno, levando a distúrbios físicos e emocionais: mal-estar, dor de cabeça,
“branco”, medo, angustia, insônia, ansiedade, decepção, introjeção de autoimagem
negativa. Uma escola que precisa recorrer á pressão da nota logo nas séries iniciais
em certamente, uma triste escola e não está educando, é uma escola
fracassada.”(VASCONCELLOS, 1995).
A avaliação só deixará de ser autoritária quando enxergarmos com olhos
norteadores, criando concepção de teoria e prática, buscando na educação uma
concepção igualitária. Portanto para que a avaliação sirva para uma escola
democrática, ou gestão participativa é preciso que modifiquemos a sua raiz de
classificatória para diagnóstica. Entendemos que avaliação deverá ser assumida
como instrumento para compreender o estágio de aprendizagem do educando,
levando em consideração as tomadas de decisões para o avanço no processo
ensino e aprendizagem.
4. Proposta de Intervenção
A necessidade de aprimorar e levar conhecimento à zona rural tem
despertado a busca por recursos que venham favorecer a educação no campo,
criando um novo olhar na forma de avaliar e que tipo de avaliação devemos aplicar
dentro da unidade de ensino, uma vez que avaliar não é punir, premiar ou retardar a
ida do educando para as séries seguintes.
Um educador que busca a qualificação através da educação estará apto a
desenvolver novas metodologias que possam favorecer o processo de ensino
aprendizagem. Salientamos ainda que a secretaria de educação do município de
23
Barra do Rocha, através da coordenação pedagógica deveria também estar
ajudando estes profissionais a lidar com diferentes graus de desenvolvimento mental
e ritmos de aprendizagem, através de capacitação e engajamento em programas
que trabalham com a educação do campo, a exemplo de: Programa Despertar e o
Trilhas que visam a participação exclusivamente aos alunos e professores da zona
rural, despertando o educador e educando do campo a o cuidar e lidar com o solo.
Essas ações necessitam ser efetuadas para que as escolas do campo
venham atender as expectativas dos cidadãos, no sentido de fortalecer a gestão
pedagógica e participativa. Ressaltamos que a participação da família e da
comunidade escolar, irá buscar uma maneira eficaz de atender melhor a importância
do acompanhamento do processo de ensino aprendizagem.
Vivenciando inúmeros obstáculos, a exemplo de falta de estrutura física,
material didático inadequado para aquela realidade, as escolas do campo têm
tentado nortear caminhos nos quais os educandos da zona rural possam
desenvolver seu gosto pelo processo de ensino aprendizagem. Mesmo com todos
estes entraves foi constatado que os alunos das classes multisseriadas tem tido
êxito dentro deste contexto que coloca a educação do campo como um dos
assuntos bastante discutidos por professores, coordenadores e gestores de
educação.
Salientamos ainda que os alunos do campo são muito carentes, tanto na
aprendizagem, quanto no afetivo. Eles dependem muito de profissionais de
educação que estejam realmente envolvidos na educação do campo, que saibam
ministrar aulas, que sejam pacientes, compreensivos. Os educandos necessitam de
atenção e de conteúdos que facilitem a aprendizagem e o desenvolvimento.
Todos os obstáculos têm proporcionado desafios que de forma direta ou
indireta tem contribuindo para a qualificação destes profissionais que trabalham com
a educação do campo, desenvolvendo seu papel, sua tarefa que não deixa de
árdua. Temos percebido um olhar diferenciado para os alunos da zona rural, porém
ainda existem alguns entraves que tem despertado em nós, coordenadores, uma
necessidade de conhecer a realidade do campo, como a conservação de alunos por
muito tempo na mesma série. Essa necessidade de conhecer esse diagnóstico
24
trouxe inúmeras chances de entender e a partir dessa atividade pensar em
desenvolver projetos que venham direcionar uma sensibilidade a respeito da forma
de avaliar os alunos.
Na elaboração deste Projeto de Intervenção, o principal objetivo é promover
a aprendizagem para o aluno, e o que de fato a unidade de ensino tem proposto
para a construção e formação deste educando. Daí, necessitamos levar em conta
qual ambiente social a unidade de ensino está inserida, e a partir desta vertente
desenvolver uma proposta de trabalho que contemple as habilidades desenvolvidas
pelos educandos, tendo como base a avaliação como diagnostica para nortear
caminhos.
Nesta perspectiva o trabalho do coordenador pedagógico é de formador,
buscando desenvolver novas maneiras de aperfeiçoar as aulas, alinhando teoria e
prática, no intuito de facilitar o trabalho do educador. Por outro lado, os desafios de
turmas multisseriadas não está exclusivamente na falta de formação para atuação
do professor em sala de aula, os recursos muitas vezes são escassos, e muitas
vezes não são adequados para trabalhar nesta modalidade de ensino e por muitas
vezes as escolas do campo nem dispõem deste material para ajudar no trabalho do
professor.
Entretanto as concepções de valores dentro do contexto e saberes, às quais
pertencem ao currículo da instituição de ensino, está vinculada pela Secretária de
Educação e coordenação escolar, que também sente dificuldades para
desenvolvimento das atividades adequadas para o aprimoramento destes
profissionais de educação em salas multisseriadas.
Dentro deste contexto, faz-se necessário a participação de toda equipe
pedagógica para o aprimoramento do trabalho criado pela escola.
No primeiro passo da pesquisa, foi feita a análise das atividades da escola,
observando a forma com que é aplicada a avaliação nas séries inicias e na
modalidade EJA, em salas multisseriadas. Haja vista que tratamos muito sobre o ato
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de avaliar, todavia pouco tem se modificado na prática. Avaliar é colher dados, é
analisar ou desenvolver uma síntese dos dados que configura o objeto da avaliação.
Dentro desta vertente a utilização da avaliação diagnóstica dará suporte
para que os instrumentos de avaliação proporcionem ao educador caminhos que
facilitem esse processo na evolução do educando, criando uma linha lógica, para
que o aluno possa alcançar seu desenvolvimento em sala de aula.
Ressaltamos ainda que o educador, é um facilitador, ele busca, favorece,
recolhe e desenvolve as contribuições interpretadas pelos alunos, tornando-se um
ser ativo, onde suas praticas visa ser criativo e critico que contrasta na sua rotina
diária.
4.1. CARACTERIZAÇÃO DA UNIDADE DE ENSINO
A Escola Municipal Sonia Suely Leal está situada na Zona Rural de Barra do
Rocha/BA. Esta é mantida pela Prefeitura Municipal e pela Secretaria de Educação,
a qual norteia todo trabalho escolar nos termos da legislação vigente. A sua
localização está há 27 km da sede do município e atualmente trabalha com 48
alunos, distribuídos no período matutino e noturno.
Na unidade de ensino atuam dois professores, um auxiliar que atua na sala
junto ao professor, um funcionário de apoio (servente), um diretor e um coordenador,
fazendo ponte entre a Secretaria de Educação e a escola. O prédio escolar tem 02
salas trabalhando com o multisseriadas, dependências para professores (01 sala),
02 banheiros, uma cozinha, uma área para recreio coberta, uma área descoberta e
uma sala de odontologia (desativada). Salientamos que para o ano de 2016, já está
aprovado através do poder Público Municipal a implantação de um parque infantil
para deleite das crianças.
A escola trabalha ainda como a atividade que beneficia a Educação de
Jovens e Adultos - EJA, com aulas de artesanatos, envolvendo reciclagem com
garrafas petes, pneus, garrafas de vidro, customização de roupas com retalhos,
culinária práticas etc. Para aprimoramento da renda familiar dos alunos e manter
26
ativamente em sala de aula, amenizando assim a evasão, cerca de 23, jovens,
adultos e idosos são beneficiados através deste curso.
4.2. APLICAÇÃO DA PESQUISA E INSTRUMENTO DA ANÁLISE DE DADOS
Esta pesquisa foi realizada com os professores que atuam nas séries do
ensino fundamental I, nas séries inicias em salas multisseriadas e com a professora
que atua na EJA, através da utilização de coleta de dados, através de respostas
dadas aos questionários, aplicados a professores e alunos.
Os resultados desta coleta serão apresentados aos educadores através de
slides, em uma oficina. Salientamos que o pesquisador deve encarar de forma
bastante racional, desenvolvendo maneiras adequadas que possam confirmar ou
não as perspectivas dos docentes.
Participaram da pesquisa duas professoras. Ambas trabalham com salas
multisseriadas, uma do diurno e a outra do noturno, vamos nomeá-las como
professora CC e professora AA. Todos os dados foram coletados nas unidades de
ensino das professoras. Iniciaremos esta análise sobre a formação das duas: A
professora CC é graduada em Letras, a professora AA tem o ensino médio em
formação geral, ambas trabalham no multisseriado desde o ano de 2013.
Os questionários foram respondidos, obtendo uma resposta positiva sobre a
concepção de avaliação, pois conceituam a avaliação como meio de pesquisa para
obter informação sobre o desenvolvimento dos alunos. Tratando-se da formação as
duas relatam que tem apenas acompanhamento pedagógico nos encontros de
Atividades Complementares – AC’s. Falando sobre os instrumentos avaliativos, de
que forma ocorre em sala de aula, a professora CC pontua que são feitos através de
atividades diárias, análise das atividades, registro e relatório final de forma muito
vaga, a professora AA relata que faz testes, provas e atividades extraclasse, para dá
nota aos alunos. Quanto ao destino dos resultados encontrados as professoras
afirmam que buscam trabalhar a partir deles, e buscam retornar aos conteúdos que
não foram compreendidos pelos alunos.
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A análise que se faz é que as professoras já têm experiências como
educadoras nessas turmas. Entretanto, ainda sentem dificuldades na busca por
instrumentos diversificados para avaliarem seus alunos. Durante esta pesquisa fica
claro que as professoras contribuíram de forma favorável para apurar dados, que
apoiarão uma proposta de intervenção que ocorrerá através de uma oficina realizada
de acordo com o problema diagnosticado
Já em conversa com os alunos, percebe-se que há um entrosamento com as
professoras, há um respeito e uma forma peculiar que harmoniza ambas as salas,
percebi que no noturno as falas estão todas voltadas para as qualidades da
professora, o respeito e o carinho por ela estão por toda parte. Questionados sobre
a avaliação, muitos relatam que não gostam de prova, por que é ruim, que preferem
as atividades diárias.
4.3. OPERACIONALIZANDO A PROPOSTA DE INTERVENÇÃO
OFICINA DE INSTRUMENTOS DA AVALIAÇÃO PARA O MULTISSERIADO
Local: Escola Sonia Suely Leal
TEMPO: 16 horas
DATA: 15 e 16 do mês de março 2016
RESPONSAVÉL: Marcos Vinícius de Jesus Santos
OBJETIVO GERAL:
Compreender os princípios, as técnicas e as finalidades da avaliação observando a
forma como é aplicada nas séries iniciais e modalidade EJA como embasamento
para o melhor desenvolvimento do processo ensino aprendizagem na Escola Sonia
Suely Leal.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS:
Formular procedimentos metodológicos e etapas da avaliação;
Construir instrumentos que favoreçam a utilização dos resultados da avaliação,
como proposta de intervenção para a melhoria da aprendizagem dos alunos.
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DESENVOLVIMENTO
"Não há saber mais ou saber menos. Há sabres diferentes." Paulo Freire
PRIMEIRA ETAPA:
Mostrar em slides:
Os vários tipos de avaliação, segundo os autores Luckeysi. Sant´anna,
Vasconcellos, Haydt e Martins.
A avaliação diagnóstica como ponte para o aprimoramento do
desenvolvimento do educando.
Amparo legal na educação do campo.
BASE TEÓRICA: Luckesi, Vasconcellos e Haydt
Através da apresentação dos slides mostrando a concepção de cada autor sobre o
ato de avaliar, trazendo vertentes para as salas multisseriadas, os participantes da
oficina serão oportunizados a adaptar instrumentos, trabalhados nos slides, à sua
realidade em sala de aula.
SEGUNDA ETAPA:
Será realizada na oficina, a construção de modelos de avaliação, com o apoio de
instrumentos como: Portfolio, livro da vida, depoimentos de alunos ( jovens e
adultos), diário de aula, ou memórias de grupo, entrevistas etc...
TERCEIRA ETAPA:
Apresentação dos instrumentos desenvolvidos.
QUARTA ETAPA:
Avaliação e reflexão.
Ocorrerá mediante a participação na explanação do tema, apresentação das
atividades desenvolvidas e depoimentos sobre as experiências obtida durante as
oficinas.
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A partir dos slides apresentados e discutidos pelos participantes da oficina, os
mesmos serão oportunizados a rever suas maneiras de avaliar, deixando cada
educador falar da forma como eles viam a avaliação e como vê, a partir da oficina.
RECURSOS
Som, Datashow, notebook, material impresso, ofício, lápis, caneta, marcador de
texto permanente e papel madeira.
RESULTADOS ESPERADOS
Que no ano de 2016 a aplicação dessa oficina possa ser inserida nas ações
desenvolvidas pela escola, através da direção e coordenação escolar. Que os
professores tenham o máximo de aproveitamento, que o uso da avaliação nessa
modalidade de ensino proporcione ao educador a investigação na melhoria da
avaliação, no uso adequado de métodos para o aprimoramento do estudante.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A educação que buscamos para as escolas do campo, nas salas de
multisseriadas é uma educação mais flexiva, com docentes capacitados e bem
remunerados, com metodologias que favoreçam o processo de ensino
aprendizagem no desenvolvimento do aluno, com participação da família e troca de
conhecimento entre educando e educador, sem esquecer de uma boa organização
do espaço escolar, e o uso adequado dos instrumentos avaliativos.
Todavia faz-se necessário pensarmos de que forma poderemos capacitar o
educador de salas multisseriadas. Ressaltamos que o educador bem capacitado
poderá buscar subsídios e novas metodologias que possam favorecer a
aprendizagem do educando do campo. Por outro lado, observamos que as
Secretárias de Educação deveriam desenvolver junto com o coordenador
pedagógico do campo ações que favorecessem o processo de ensino
aprendizagem, apoiando os educadores, oferecendo recursos para uma diversidade
de atividades, trabalhos individuais e em grupo.
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Essa possibilidade de conhecer seu diagnóstico da escola do campo, trouxe
inúmeras vertentes de entender o processo avaliativo, tendo o diagnóstico como
ponte para mediar o educador e o educando e a partir dessa avaliação pensar ou
repensar em desenvolver projetos que possa desencadear mais qualidades no
ensino e investimento em mais recursos para o bom andamento na educação do
campo.
Portanto como foi apresentado ao longo deste trabalho, a avaliação é uma
reflexão crítica sobre a prática, no sentido de coletar informações para o
desenvolvimento do educando, observando seus avanços, dificuldades, resistência,
a fim de nortear caminhos que possibilitem uma nova tomada sobre o ato de avaliar,
superando obstáculos que dificultam a aprendizagem dos alunos. A avaliação é para
acompanhar o desenvolvimento dos educandos e ajudá-los em suas eventuais
dificuldades.
Outro fator que destacamos durante este estudo, está no fato de que a
avaliação é usada muitas vezes como instrumento de classificação, não auxiliando
em nada o avanço do educando.
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REFERÊNCIAS
HAYDT, Regina cazaux. Avaliação do processo ensino-aprendizagem. São
Paulo: Ática,2000
LUCKESI, Cipriano Carlos. Avaliação da aprendizagem escolar. 13º ed. São
Paulo: Cortez, 2002
LUCKESI, Cipriano Carlos. Maneiras de avaliar a aprendizagem. Pátio. São Paulo:
Cortez,2002
MARTINS, José Prado. Didática Geral: fundamentos, planejamento, metodologia
e avaliação. São Paulo: Atlas, 1995.
SANT´ANNA, Ilza Martins. Por que avaliar? Como avaliar?: Critérios e
instrumentos. 7. Ed. Vozes. Petrópolis, 2001
VASCONCELLOS, Celso dos Santos. Avaliação: Concepção dialética-libertadora
do processo de avaliação escolar. São Paulo: Libertad, 1995
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ANEXOS
Universidade Federal da Bahia Faculdade de Educação
Programa Nacional Escola de Gestores da Educação Básica Pública Curso de Especialização em Coordenação Pedagógica – CECOP
Sob a orientação da Profª. Pesquisadora Orientadora, Cristiane Regina Dourado Vasconcelos, a Srª. Patrícia Alves da Silva, Coordenadora Pedagógica/Cursista da 3ª Edição do Curso de Especialização em Coordenação Pedagógica – CECOP 3, vinculado ao Programa Nacional Escola de Gestores da Educação Básica Pública, desenvolvido pela Faculdade de Educação da Universidade Federal da Bahia - FACED/UFBA, está desenvolvendo o Trabalho de Conclusão de Curso na Modalidade de Projeto Vivencial – TCC/PV intitulado A avaliação a favor do processo de aprendizagem, crescimento e formação do aluno: Um estudo na Escola Sonia Suely Leal, em Barra do Rocha/BA, com o objetivo de compreender os princípios e as finalidades da avaliação como embasamento para o desenvolvimento do processo ensino aprendizagem na escola Sonia Suely Leal. Período da pesquisa: de 09 a 19 de novembro de 2015
Participantes respondentes: Professores da Escola Municipal Sonia Suely Leal
Solicitamos ao participante que responda às perguntas, de acordo com a realidade
da escola em que atua e da sua percepção e atuação docente.
Não se faz necessária a identificação do respondente e todas as respostas dadas ao
instrumento serão utilizadas para a pesquisa, sem que se faça qualquer menção ao
respondente ou à escola em que atua.
QUESTIONÁRIO PARA OS PROFESSORES
1. Você já participou de alguma formação sobre avaliação da aprendizagem na
modalidade do multisseriado na educação do campo? Sim ( ) Não ( ). Se sua resposta foi afirmativa, qual/quais?
2. Qual a sua concepção sobre avaliação?
3. Quais os métodos que você utiliza para avaliar seus?
4. Que instrumentos você utiliza para avaliar seus alunos? 5. Em sua concepção, quais as maiores dificuldades encontradas para avaliar
os alunos em classes multisseriadas?
6. O seu plano de ação contempla intervenções pedagógicas a partir dos resultados das avaliações? Sim ( ) Não ( ). Se sua resposta foi afirmativa, qual/quais?
Universidade Federal da Bahia
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Faculdade de Educação Programa Nacional Escola de Gestores da Educação Básica Pública Curso de Especialização em Coordenação Pedagógica – CECOP 3
Sob a orientação da Profª. Pesquisadora Orientadora, Cristiane Regina Dourado
Vasconcelos, a Sr. Marcos Vinicius de Jesus Santos, Coordenador
Pedagógica/Cursista da 3ª Edição do Curso de Especialização em Coordenação
Pedagógica – CECOP 3, vinculado ao Programa Nacional Escola de Gestores da
Educação Básica Pública, desenvolvido pela Faculdade de Educação da
Universidade Federal da Bahia - FACED/UFBA, está desenvolvendo o Trabalho de
Conclusão de Curso na Modalidade de Projeto Vivencial – TCC/PV intitulado A
avaliação a favor do processo de aprendizagem, crescimento e formação do
aluno: Um estudo na Escola Sonia Suely Leal, em Barra do Rocha/BA, com o
objetivo de compreender os princípios e as finalidades da avaliação como
embasamento para o desenvolvimento do processo ensino aprendizagem na escola
Sonia Suely Leal.
Período da pesquisa: de 09 a 19 de novembro de 2015
Participantes respondentes: Alunos da Escola Municipal Sonia Suely Leal
Solicitamos ao participante que responda às perguntas, de acordo com a realidade
da escola em que atua e da sua percepção e atuação docente.
Não se faz necessária a identificação do respondente e todas as respostas dadas ao
instrumento serão utilizadas para a pesquisa, sem que se faça qualquer menção ao
respondente ou à escola em que atua.
QUESTIONÁRIO PARA OS ALUNOS
1) Qual a sua série? □ 1º □ 2º □ 3º ou □ 4º
2) Como você percebe seu professora? □ Uma pessoa comum □ Uma
pessoa despreparada □ Um facilitador □ Um mestre.
3) Você gosta de estudar nesta escola sim □ não □ Por que?
4) Na sua opinião qual a finalidade da avaliação? 5) Você concorda com a forma como os alunos são avaliados na escola? Sim
□ Não □ .
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