UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO ACADÊMICO DE VITÓRIA DE SANTO ANTÃO
NÚCLEO DE EDUCAÇÃO FÍSICA E CIENCIAS DO ESPORTE
CURSO DE LICENCIATURA EM EDUCAÇÃO FÍSICA
ALEX FILIPY CIRINO BRAZ
EDUCAÇÃO FÍSICA INCLUSIVA: UM DESAFIO DA PRÁTICA DOCENTE COM ÊNFASE EM PESSOAS COM DEFICIÊNCIA
VITÓRIA DE SANTO ANTÃO 2017
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO
CENTRO ACADÊMICO DE VITÓRIA DE SANTO ANTÃO NÚCLEO DE EDUCAÇÃO FÍSICA E CIENCIAS DO ESPORTE
CURSO DE LICENCIATURA EM EDUCAÇÃO FÍSICA
ALEX FILIPY CIRINO BRAZ
EDUCAÇÃO FÍSICA INCLUSIVA: UM DESAFIO DA PRÁTICA DOCENTE COM ÊNFASE EM PESSOAS COM DEFICIÊNCIA
VITÓRIA DE SANTO ANTÃO
2017
TCC apresentado ao Curso de
Licenciatura em Educação Física da Universidade Federal de Pernambuco, Centro Acadêmico de Vitória, como
requisito para a obtenção do título de Licenciado em Educação Física.
Orientador: Profº. Ms. Saulo
Fernandes Melo de Oliveira
Catalogação na Fonte
Sistema de Bibliotecas da UFPE. Biblioteca Setorial do CAV. Bibliotecária Giane da Paz Ferreira Silva, CRB-4/977
B827e Braz, Alex Filipy Cirino.
Educação física inclusiva: Um desafio da prática docente com ênfase em pessoas com deficiência / Alex Filipy Cirino Braz.- Vitória de Santo Antão, 2017.
28 folhas. il. fig.
Orientador: Saulo Fernandes Melo de Oliveira.
TCC (Graduação) – Universidade Federal de Pernambuco, CAV. Licenciatura em Educação física, 2017.
Inclui referências.
1. Educação física inclusiva. 2. Pessoas com deficiência. I. Oliveira, Saulo Fernandes Melo de (Orientador). II. Título.
796 (23.ed.) BIBCAV/UFPE-224/2017
ALEX FILIPY CIRINO BRAZ
EDUCAÇÃO FÍSICA INCLUSIVA: UM DESAFIO DA PRÁTICA DOCENTE COM
ÊNFASE EM PESSOAS COM DEFICIÊNCIA
TCC apresentado ao Curso de
Licenciatura em Educação Física da Universidade Federal de Pernambuco, Centro Acadêmico de Vitória, como
requisito para a obtenção do título de Licenciado em Educação Física.
Aprovado em: 13/12/2017
BANCA EXAMINADORA
________________________________________ Profº. Ms. Saulo Fernandes Melo de Oliveira
Universidade Federal de Pernambuco
_________________________________________ Profº. Dr. Kenio Erithon Cavalcante Lima
Universidade Federal de Pernambuco
_________________________________________
Profº Ms. Ernani Nunes Ribeiro
Universidade Federal de Pernambuco
VITÓRIA DE SANTO ANTÃO
2017
Dedico este trabalho ao Pai Celestial, pela força
е coragem durante toda esta longa caminhada. A
minha família sempre presente, em especial a
minha fi lha, Lorena Cirino. Aos amigos de
trabalho quando na educação especial da Escola
Sen. João Cleofas de Oliveira e aos meus alunos
do regime especial que me inspiraram a realizar
esse trabalho, em especial meu aluno
cadeirante, Jonas Lau.
AGRADECIMENTOS
Primeiramente ao Grande Arquiteto do Universo que permitiu que tudo isso
acontecesse, ао longo de minha vida, е não somente nestes anos como
universitário, mas em todos os momentos. É o maior mestre que alguém pode
conhecer. A minha família que sempre me apoiou em todas as hipóteses e me
orientou em minhas escolhas. Ao meu orientador o doutorando Saulo Fernandes
Melo de Oliveira por sua enorme paciência para comigo. A minha banca
examinadora composta pelo doutor Kênio Erithon Cavalcante Lima e pelo
doutorando Ernani Nunes Ribeiro por todo o incentivo necessário. Aos meus,
verdadeiros, amigos na graduação e a todos os funcionários do centro acadêmico,
administrativos e gerais, que de alguma forma contribuíram positivamente em minha
vida acadêmica.
RESUMO
O presente trabalho aborda pesquisa e reflexões bibliográficas com discussões
sobre a inclusão de alunos com algum tipo de Necessidade Especial em âmbito escolar. Tem como objetivo mostrar uma percepção de conceitos e novas ideias. No
atual sistema educacional nos deparamos com uma proposta de ensino/aprendizagem, priorizando a diversidade e a inclusão. Abordando como temática central a educação física voltada para os portadores de necessidades
especiais (PNEs). Procura explicitar, mesmo que de forma sucinta, avanços, retrocessos e perspectivas da educação física e de esportes adaptados quando
relacionados aos princípios da integração e inclusão.
Palavras-chave: Educação Física. Deficiência. Inclusão. Preconceito. Adaptação.
ABSTRACT
The present work deals with research and bibliographical reflections with discussions
about the inclusion of students with some type of Special Needs in school. It aims to show a perception of concepts and new ideals. In the current educational system we
are faced with a teaching / learning proposal, prioritizing diversity and inclusion. Approaching as central theme the physical education focused on people with special needs (PSN’s). It seeks to make explicit, even succinctly, advances, setbacks and
perspectives of physical education and adapted sports when related to the principles of integration and inclusion.
Keywords: Physical Education.Deficiency. Inclusion. Preconception. Adaptation.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO......................................................................................................................... 8
2 OBJETIVO ............................................................................................................................. 11
3 REVISÃO DA LITERATURA ................................................................................................ 12
3.1 A pessoa com deficiência .................................................................................................... 12
3.2 Inclusão ............................................................................................................................. 13
4 METODOLOGIA.................................................................................................................... 18
4.1 Tipo de pesquisa ................................................................................................................ 18
4.2 Processo de busca .............................................................................................................. 18
4.3 Seleção Científica ............................................................................................................... 18
5 RESULTADOS E DISCUSSÕES .......................................................................................... 19
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................................. 22
REFERÊNCIAS ........................................................................................................................ 23
8
1 INTRODUÇÃO
A educação física vem refletindo sobre a temática da deficiência, com o intuito
de minimizar os problemas e assegurar a inclusão desse grupo minoritário.
Especificadamente, nesse estudo iremos abordar um tipo de deficiência: a física.
Ainda que predominantemente no campo acadêmico, a Educação Física
Escolar (EFE) e as propostas ligadas à educação de Pessoas com Necessidades
Educativas Especiais (PNEE) aparecem como tema de diversos encontros e
congressos, o que vem possibilitando reflexões sobre questões próprias e as
possíveis relações entre cada área (CIDADE; FREITAS, 2002).
Todavia, o resultado destas discussões, no que se refere às mudanças
qualitativas, não tem se refletido na prática diária da ação profissional, conforme
apontam os resultados da literatura pertinente, referindo-se à inclusão, o que parece
causar um afastamento de muitos alunos das aulas de Educação Física (AGUIAR;
DUARTE, 2005).
Nesse sentido, parece-nos importante refletir sobre alguns aspectos do
ambiente escolar, principalmente quanto às dimensões atitudinais, às competências
humanas, às relações com a área da EFE e às possíveis implicações na prática
pedagógica atual (DARIDO, 2001). No atual sistema educacional nos deparamos
com uma proposta de ensino/ aprendizagem que prioriza a diversidade e a inclusão,
sendo comum encontrarmos pessoas com necessidades especiais nas escolas
regulares. Este novo sistema educacional requer conhecimentos e ideias novas que
tenham o objetivo maior de incluir todos, independentemente de qualquer condição
física (SANTOS; PAULINO, 2008).
Segundo Brandão (1995) a educação é a organização dos recursos biológicos
do indivíduo, de todas as capacidades de comportamento que fazem adaptável ao
meio físico e mental. Se indivíduos são seres adaptáveis, as formas de integração
de qualquer meio e situação com certeza podem ser adaptadas. Sendo assim
defende-se que a Educação Física seja uma ferramenta educacional de interação e
cooperação, que deve ser trabalhada a fim de atender a todos os alunos;
desenvolvendo atividades físicas, recreativas e psicomotoras para o
desenvolvimento das habilidades, que socializem as potencialidades individuais
(COSTA; SOUSA, 2004).
9
Para os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN’S, 1997), o ensino da
Educação Física deve respeitar o que a criança traz em si mesma, uma educação
que priorize poderes sobre ela, desafiando-a a que lhe dê autodomínio,
autoconfiança e autonomia. Assim, a Educação Física se faz fundamental por
colaborar no desenvolvimento do processo educativo como um todo, associando o
corpo e a mente, aprimorando as habilidades físicas, morais e sociais do educando.
Se bem trabalhada é uma excelente forma de inclusão (BUENO; RESA, 1995).
Segundo os PCN’S (1997, p. 30) “Na escola, portanto, quem deve determinar
o caráter de cada dinâmica coletiva é o professor, a fim de viabilizar a inclusão de
todos os alunos. Esse é um dos aspectos que diferencia a prática corporal dentro e
fora da escola”.
Ainda segundo o documento:
Por desconhecimento, receio ou mesmo preconceito, a maioria dos
portadores de deficiências físicas foram (e são) excluídos das aulas de Educação Física. A participação nessa aula pode trazer muitos benefícios a essas crianças, particularmente no que diz respeito ao desenvolvimento das capacidades afetivas, de integração e inserção social (PCN’S, 1997, p.31)
Se o investimento na qualidade de ensino não se tornar uma ação constante,
pode intensificar a rejeição já existente nas escolas e resultar em maiores
dificuldades desses educandos de estudarem junto aos outros alunos (MANTOAN,
2006). Diferentemente dessa perspectiva, o papel desempenhado pelo professor de
Educação Física pode ser diferenciado, no sentido de que ...
A aula de Educação Física pode favorecer a construção de uma atitude digna e de respeito próprio por parte do deficiente e a convivência com ele
pode possibilitar a construção de atitudes de solidariedade, de respeito, de aceitação, sem preconceitos (PCN’S, 1997, p. 31).
Espera-se que esse trabalho contribua com a formação acadêmica no sentido
de apontar a relevância de se trabalhar em defesa de pessoas com necessidades
especiais, defendendo que assim é possível colaborar para mudar um pouco essa
imagem preconceituosa da sociedade perante essas pessoas.
10
Por questionamento, buscamos compreender como futuros professores e
professores em atividade docente trabalham subsídios para a discussão sobre a
inclusão e a sua aplicação no espaço escolar? Por objetivos, buscaremos
desmitificar a problemática da incapacidade e/ou da impossibilidade do profissional
da Educação Física trabalhar a inclusão em seu espaço de atuação docente.
Partimos com a premissa de que é relevante este estudo para mostrarmos que é sim
possível trabalhar com todos os estudantes e conviver harmoniosamente,
respeitando os limites e a particularidade de cada ser humano.
11
2 OBJETIVO
Nesse contexto, o profissional de Educação Física se coloca repleto de
desafios na postura frente a sua classe profissional docente. Por trás dessa questão
é necessário a intervenção de um profissional capacitado, consciente e responsável,
principalmente tratando-se de crianças com alguma necessidade especial (CIDADE;
FREITAS, 2002).
12
3 REVISÃO DA LITERATURA
3.1 A pessoa com deficiência
Antes de iniciarmos a discussão é necessário esclarecermos um ponto
principal no estudo que são termos primordiais para análise do trabalho, tais como: o
que são as pessoas com deficiência? E o que é deficiência?
No Relatório de Reabilitação Internacional da UNICEF encontram-se as
definições de deficiência divulgada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) da
seguinte maneira:
Deficiência: qualquer restrição ou perda na execução de uma atividade,
resultante de um impedimento, na forma ou dentro dos limites considerados como
normais para o ser humano.
Para reforçar os conceitos apresentados, segundo as orientações da CIF
(Classificação Internacional de funcionalidade, incapacidade e saúde),
Deficiência é:
Perda ou anormalidade de estrutura ou função psicológica, fisiológica
ou anatômica temporária ou permanente.
A CIF distingue ainda doença de deficiência:
As deficiências podem ser parte ou expressão de uma condição de saúde, mas não indicam necessariamente a presença de uma doença, ou que o indivíduo deva ser considerado doente [...]. As deficiências são mais abrangentes no seu escopo do que os distúrbios ou doenças. Por exemplo, a perda de uma perna é uma deficiência de uma estrutura do corpo, mas não é um distúrbio da doença (CIF, 2003, p. 24).
Além disso, segundo Amaral (1995, p.63) as “deficiências são relativas a toda
alteração do corpo ou aparência física, de um órgão ou de uma função, qualquer
que seja sua causa; em princípio significam perturbações em nível de órgão”.
Levando em consideração o que está proposto acima, é de suma importância
identificar algumas definições para classificarmos as deficiências.
13
Deficiência mental: existem diferentes definições, em função dos critérios em
que se baseiam. Segundo a Associação Americana de Deficiência Mental, a
deficiência
Caracteriza-se por registrar um funcionamento intelectual geral significativamente abaixo da média, oriundo do período de desenvolvimento, concomitante com limitações associadas a duas ou mais áreas da conduta adaptativa ou da capacidade do indivíduo em responder adequadamente às demandas da sociedade, nos seguintes aspectos: comunicação, cuidados pessoais, habilidades sociais, desempenho na família e comunidade, independência na locomoção, saúde e segurança, desempenho escolar, lazer e trabalho. (BRASIL, 1994, p.15)
Deficiência auditiva: “corresponde à perda parcial ou total da audição. A
classificação é feita de acordo com a perda sensorial apresentada (medida em
decibéis)” (CIDADE; FREITAS, 2002, p. 33).
Deficiência visual: “pode-se dizer que a deficiência da visão refere-se a uma
limitação sensorial que pode anular ou reduzir a capacidade de ver, abrangendo
vários graus de acuidade visual, permitindo várias classificações da redução da
visão.” (CIDADE; FREITAS, 2002, p. 33).
Deficiência física (motora) “É toda e qualquer alteração no corpo humano,
resultado de um problema ortopédico, neurológico ou de má formação, levando o
indivíduo a uma limitação ou dificuldade no desenvolvimento de alguma tarefa
motora” (COSTA, 1995, p.8).
3.2 Inclusão
Falar de inclusão de certeza é uma barreira, barreira também deve ser a
prática, o que não significa que sua realização não seja alcançável. No entanto, para
começarmos a esclarecer como é possível a prática e sua necessidade, no presente
estudo iremos entender o real sentido da Inclusão.
Inclusão e participação são essenciais à dignidade humana e ao gozo e exercício dos direitos humanos. No campo de educação, tal se reflete no desenvolvimento de estratégias que procuram proporcionar uma equalização genuína de oportunidades. A experiência em muitos países demonstra que a integração de crianças e jovens com necessidades educacionais especiais é mais eficazmente alcançada em escolas inclusivas que servem a todas as crianças de uma comunidade. (UNESCO 1994, p.61).
14
Sob um novo conceito de deficiência e agora Lei Brasileira de
Inclusão art. 2º (2015, p. 1)
Considera-se pessoa com deficiência aquela que tem impedimento
de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o
qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua
participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições
com as demais pessoas.
Segundo Sassaki (1997) a inclusão é um processo amplo, com
transformações, de grandes e pequenos portes, nos espaços físicos e na
mentalidade de todos os indivíduos, inclusive da própria pessoa com necessidades
especiais.
Contando com isso acreditamos o que nos é apresentado pela Declaração de
Salamanca (1994 p.08), onde
• cada criança tem o direito fundamental à educação e deve ter a oportunidade de conseguir e manter um nível aceitável de aprendizagem, • cada criança tem características, interesses, capacidades e necessidades de aprendizagem que lhe são próprias, • os sistemas de educação devem ser planeados e os programas educativos implementados tendo em vista a vasta diversidade destas características e necessidades, • as crianças e jovens com necessidades educativas especiais devem ter acesso às escolas regulares, que a elas se devem adequar através duma pedagogia centrada na criança, capaz de ir ao encontro destas necessidades, • as escolas regulares, seguindo esta orientação inclusiva, constituem os meios mais capazes para combater as atitudes criminatórias, criando comunidades abertas e solidárias, construindo uma sociedade inclusiva e atingindo a educação para todos; além disso, proporcionam uma educação adequada à maioria das crianças e promove a eficiência, numa ótima relação custo-qualidade, de todo o sistema educativo.
A UNESCO além de elaborar esses pontos, também estabelece como meta
(1994, p. 9).
• conceder a maior prioridade, através das medidas de política e através das medidas orçamentais, ao desenvolvimento dos respectivos sistemas educativos, de modo a que possam incluir todas as crianças, independentemente das diferenças ou dificuldades individuais,
15
• adaptar como matéria de lei ou como política o princípio da educação inclusiva, admitindo todas as crianças nas escolas regulares, a não ser que haja razões que obriguem a proceder de outro modo, • desenvolver projetos demonstrativos e encorajar o intercâmbio com países que têm experiência de escolas inclusivas, • estabelecer mecanismos de planejamento, supervisão e avaliação educacional para crianças e adultos com necessidades educativas especiais, de modo descentralizado e participativo, • encorajar e facilitar a participação dos pais, comunidades e organizações de pessoas com deficiência no planejamento e na tomada de decisões sobre os serviços na área das necessidades educativas especiais, • investir um maior esforço na identificação e nas estratégias de intervenção precoce, assim como nos aspectos vocacionais da educação inclusiva, • garantir que, no contexto de uma mudança sistêmica, os programas de formação de professores, tanto a nível inicial como em serviço, incluam as respostas às necessidades educativas especiais nas escolas inclusivas.
Além disso, é de suma importância apresentar as tendências mais recentes
dos sistemas de ensino que são:
Integração/inclusão do aluno com necessidades especiais preferencialmente no sistema regular de ensino e, se isto não for possível em função do educando, realizar o atendimento em classes e escolas especializadas;
Ampliação do regulamento das escolas especiais para prestarem apoio e orientação aos programas de integração, além do atendimento específico;
Melhoria da qualificação dos professores do ensino fundamental;
Expansão da oferta dos cursos de formação/especialização pelas universidades e escolas normais. (SANTOS; PAULINO, 2008.)
É necessário compreender que todos somos diferentes e essas diferenças
devem ser respeitadas. Para promover uma sociedade que aceite e valorize as
diferenças individuais, aprenda a conviver dentro da diversidade humana, através da
compreensão e da cooperação (CIDADE; FREITAS, 1997). A educação deve ser um
meio de propagação para aceitação dessas diferenças.
16
A inclusão no ambiente escolar é uma palavra dos tempos modernos que,
cada vez mais, vem ganhando forma e espaço, efetivando-se, gradativamente, em
consequência de momentos políticos e sociais. Nasce dentro de um ideal
neoliberalista, refletindo-se também na organização das políticas públicas
educacionais, o que de certa forma interfere na forma e oferta de serviços de ensino
(SEABRA JR.; SILVA; ARAÚJO; ALMEIDA, 2004).
Segundo Karagiannis (1999) na visão do âmbito educacional, o sentido de
inclusão conjectura um movimento de intensa transformação da escola, propiciando
o atendimento benéfico a todos os alunos, por mais dificuldades que possam
apresentar.
Presente ou não nos textos das leis, o ideário da inclusão tem como
pressupostos a igualdade de oportunidades, o convívio com as diversidades, a
aproximação das diferenças, uma pedagogia centrada no educando, na sua
individualidade, com suas capacidades e potencialidades, em detrimento de suas
limitações.
Participar de um processo inclusivo é estar predisposto, sobretudo, a considerar e respeitar as diferenças individuais, criando a possibilidade de aprender sobre si mesmo e sobre cada um dos outros em uma situação de diversidade de ideias, sentimentos e ações [...] (PEDRINELLI, 2002, p.54).
Entretanto, quando falamos em inclusão e necessidades especiais, no
ambiente escolar, devemos considerar que esta opção nos remete a uma série de
abordagens e cada uma delas pode abranger uma população diferente. Portanto,
inclusão não pode tratar somente de uma população específica (pessoas em
condição de deficiência), colocando novamente de lado a atenção para com os
alunos menos habilidosos, obesos, entre outros (AGUIAR; DUARTE, 2005).
Esta representação equivocada parece causar certas distorções no
entendimento do processo inclusivo, podendo levar a ações pedagógicas que
chamem a atenção somente para “as diferenças”, ou, por outro lado, ignorando que
elas devam ser levadas em consideração, influenciando diretamente no atendimento
e nas ações dos professores quanto às aulas de Educação Física (COSTA; SOUZA,
2004).
17
Segundo Paes (1996) não é raro observarmos que a EFE apresenta certa
tendência de considerar as preferências culturalmente determinadas e familiarizadas
da maioria da população quanto às habilidades esportivas. Em decorrência desse
contexto, aparentemente sem aspectos negativos, podemos observar que as aulas
desenvolvem-se predominantemente em moldes esportivos, privilegiando um
número bastante reduzido de modalidades. Todavia, esse tipo de ação, quando
descontextualizado de uma proposta pedagógica, pode levar a uma prá tica
esportivizada.
Essas ações, em geral, parecem reforçar o desinteresse e o afastamento dos
menos expressivos e menos habilidosos, levando-os a solicitar a permissão do
professor para deixar a aula, (des)motivados pela falta de oportunidades ou por
comportamentos excludentes por parte de seus pares (KARAGIANNIS, A.;
STAINBACK, W.; STAINBACK, S, 1999).
Assim como aponta Pedrinelli (2002), percebemos um outro aspecto que se
refere ao aluno presente nas aulas de Educação Física, porém sem participação
efetiva nas atividades desenvolvidas. Parece existir uma relação direta desta ‘não
participação’ com a ação pedagógica do professor, ou seja, quanto menor a ação do
professor menor o envolvimento do aluno.
Nesse sentido, independentemente das propostas pedagógicas produzidas
pela área, entendemos que a intervenção do professor deve pautar -se numa ação
pedagógica efetiva e interativa no sentido de: favorecer, estimular e orientar o
desenvolvimento do aluno (LEMOS, 2002).
Da mesma forma, acreditamos que a interação dos conhecimentos sobre o
que ensinar, como ensinar e fundamentalmente sobre quem aprende devem fazer
parte dessa “ação pedagógica”.
18
4 METODOLOGIA
4.1 Tipo de pesquisa
O tipo de pesquisa escolhido foi a pesquisa bibliográfica, onde.
[...] é feita a partir do levantamento de referências teóricas já analisadas, e publicadas por meios escritos e eletrônicos, como livros, artigos científicos, páginas de web sites. Qualquer trabalho científico inicia-se com uma pesquisa bibliográfica, que permite ao pesquisador conhecer o que já se estudou sobre o assunto. Existem porém pesquisas científicas que se baseiam unicamente na pesquisa bibliográfica, procurando referências teóricas publicadas com o objetivo de recolher informações ou conhecimentos prévios sobre o problema a respeito do qual se procura a resposta (FONSECA, 2002, p. 32).
Para Gil (2007, p. 44), os exemplos mais característicos desse tipo de
pesquisa são sobre investigações sobre ideologias ou aquelas que se propõem à
análise das diversas posições acerca de um problema.
4.2 Processo de busca
Este trabalho se desenvolveu através de uma revisão bibliográfica, traçada e
estruturada por descritores nas seguintes bases de dados: LILACS, SCIELLO,
PENSAR A PRÁTICA, MOTRIVIVENCIA. Foi realizado um levantamento e
aprofundamento do tema abordado, utilizando artigos científicos indexados, tendo
como principais descritores: Inclusão, pessoa com deficiência, educação física
inclusiva, práticas inclusivas.
4.3 Seleção Científica
Vale salientar a grande importância da seleção para o desenvolvimento do
trabalho, pois permite, também, a detecção e obtenção de informações por vezes
não apreendidas por outros métodos.
19
Em contrapartida, requer uma sistematização específica, diferenciando-se da
seleção informal, o que podemos chamar de seleção científica. Para esta última,
têm-se uma meta específica e a questão de pesquisa pode versar sobre os
contextos sociais e influência dos mesmos sobre as relações humanas.
5 RESULTADOS E DISCUSSÕES
Ao percorrer de seis meses realizamos um estudo crítico-reflexivo dos
pressupostos histórico-sociais e pedagógicos do processo ensino-aprendizagem da
Educação Física Inclusiva no ensino básico. O que pudemos encontrar através das
pesquisas foi que esta temática está cada vez mais sendo debatida nos centros
educacionais do país.
Mas em contrapartida entendemos que a má formação dos professores de
Educação Física é um dos fatores primordiais que afetam diretamente o trabalho
inclusivo nas escolas do ensino básico.
Em segundo plano observamos e identificamos outro fator importantíssimo
para a negação dos conteúdos da Educação física às pessoas com deficiência.
Podemos dizer que os autores tratam a estrutura física fornecida pelas escolas
como uma possibilidade de defasagem ainda maior em relação ao trato com o
conteúdo. Isso é estabelecido quando encontramos uma escola sem uma quadra
poliesportiva, sem nenhuma acessibilidade necessária à prática da Educação Física.
Além disso destacamos também os materiais necessários a essa prática. Em
quase todas as literaturas pesquisadas e expostas, encontra-se uma citação acerca
da insuficiência de materiais adequados à prática. O que encontra -se sempre são
materiais que não têm serventia pra mais absolutamente nada, desestruturando e
desestimulando o trabalho da Educação Física na escola.
Todos esses importantíssimos fatores expostos anteriormente não são
caracterizados isoladamente, geralmente veem acompanhados um dos outros,
possibilitando um grande desafio para o professor de Educação Física. Entendemos
que cada um deles representa um momento muito importante para a categoria dos
professores em geral, mas em conformidade é notório o quanto à Educação Física é
prejudicada por isso, pois não exerce sua função ilimitada de inclusão.
20
Em correlação, encontramos alguns autores indo à busca da ressignificação
dos conteúdos da Educação Física, buscando atingir a todos os níveis de
deficiência. Essa busca pela ressignificação parte do pressuposto de que a
negligência dos conteúdos às pessoas com deficiência não pode ser justificada pela
má estrutura das escolas do nosso país. Com o princípio da Inclusão, a Educação
Física escolar deve ter como eixo fundamental o aluno e, sendo assim, deve
desenvolver as competências de todos os discentes e dar as mesmas condições
para que tenham acesso aos conteúdos que propõe, com participação plena,
adotando para tanto, estratégias adequadas para assim evitar a exclusão.
Na análise de artigos acadêmicos (AC), Publicações em Revistas (PR), Livros
(Li), Jornais (Jo) e publicações do MEC, Guias de Metodologia da Investigação
Cientifica, CIF e Unesco/Unicef (outros), o que correspondeu a 38 textos no total,
encontramos diversas concepções referentes à inclusão, como constatado na Figura
01.
Figura 1: Escala de análise
Fonte: Elaborada pelo autor
2
7
0 0 0
3
1 1 0 0 0
7
1
4
0 0 0 0 0
12
0
2
4
6
8
10
12
14
A.C P.R Li Jo OUTROS
Qualificação C/Obj Dir de Inclusão Qualificação S/Obj Dir de Inclusão
Visão Inclusão S/Qualificação Outros
21
Com as observações constatadas nas análises dos textos desta pesquisa,
notamos que em comum que os artigos científicos possuem ideias semelhantes de
uma inclusão e de uma melhor qualificação profissional para obter esse objetivo. Em
5/38 artigos (13,15%) existe o intuito de qualificar o profissional, mas sem ter como
objetivo direto a inclusão. Apresentam em comum a ideia de investigar os
significados da inclusão de pessoas com necessidades especiais nas aulas de
educação física da rede de ensino regular.
Em outros 9/38 artigos (23.68%) constatamos como pressupostos o intuito de
qualificar seus profissionais com objetivo direto a inclusão e apresentaram em
comum a ideia de: 1. identificar conhecimentos dos professores de educação física
sobre educação inclusiva e educação especial e/ou educação física adaptada; 2.
investigar o conhecimento dos professores de educação física, sobre inclusão da
pessoa com deficiência nas aulas de educação física da rede de ensino regular.
Seguem com o propósito de 3. averiguar aspectos facilitadores e entraves para a
atuação do professor de educação física que tenha em suas aulas alunos com
deficiências e 4. verificar, na opinião dos professores de educação física, se a
inclusão da pessoa com deficiência em aulas de educação física pode auxiliar no
processo da inclusão escolar.
Em outros 12/38 (31.57%) encontramos a finalidade de incluir sem qualificar
seus profissionais, os quais apresentaram em comum a problemática: 1. mas o que
é de fato a inclusão? O que leva as pessoas a terem entendimentos e significados
tão diferentes?; 2. buscam uma inclusão perene, com objetivo inalcançável e de
visão utópica.
Outros 12/38 (31.57%) serviram de base teórica para construção dessa
revisão, sendo eles: 5 guias de Metodologia da Investigação Cientifica, 4
publicações do Ministério da Educação, 1 da Unicef, 1 da Unesco e 1 Classificação
de Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde. Com esse
material analisado, confirma-se o desejo de muitos pesquisadores de trazer para o
contexto científico e escolar a discussão da inclusão nos mais diversos aspectos,
ressaltando a importância de melhor qualificar os profissionais, e aqui destacamos o
professor de Educação Física, para participar dessa revolução que é, antes de tudo,
um direito comum a qualquer cidadão brasileiro.
22
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Entendemos que é preciso romper com a atual organicidade escolar, buscar
novos princípios filosóficos como diretriz para a educação/educação física, buscando
compreender que os homens são diferentes e é na diferença que ocorre a
compreensão dos seus limites e possibilidades. É preciso redimensionar o tempo e o
espaço do trabalho escolar, flexibilizar os conteúdos rompendo com a
compartimentalização dos saberes, e ainda aprender a lidar com o processo de
inclusão que é, no nosso entendimento, o grande desafio para a educação/educação
física neste século XXI.
Parece existir uma lacuna entre o discurso e a realidade, fato este que pode
gerar um distanciamento ainda maior que o existente. Observamos que explorar o
potencial do educando, bem como identificar seus interesses e as suas
necessidades ainda não tem sido o foco principal das ações pedagógicas de muitos
professores. A forma de se conceber a Educação Física na escola mediada pela
ação do professor pode, de certa forma, contribuir para a participação ou
distanciamento de alunos em determinadas atividades.
23
REFERÊNCIAS
AGUIAR, J. S. de; DUARTE, E. Educação inclusiva: um estudo na área da educação
física. Revista brasileira educação especial, Marília, 2005, v. 11, n. 2, p. 223-240.
ALMEIDA, A. C. P. G. Atividade física e deficiência auditiva. GORGATTI; COSTA
(Org.). In: Atividade Física Adaptada. Barueri: Manole, 2005. p. 129-146.
ALVES, R. Conversas sobre educação. Campinas: Versus, 2003.
AMARAL, L.A. Conhecendo a deficiência (em companhia de Hércules). São Paulo:
Robe, 1995.
Atividade física e esportiva para portadores de deficiência. Brasília: SESI-DN,
BRANDÃO, Carlos Rodrigues. O que é educação. 33 ed. São Paulo: Brasiliense,
1995 (col. Primeiros Passos).
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