UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA
FERNANDO LUIZ NUNES
ACELERAMENTO DO PROCESSO DE ASSOREAMENTO DO RIO TAQUARI
NA PLANÍCIE PANTANEIRA EM CONSEQUÊNCIA DA INTENSIFICAÇÃO
DO USO E DEGRADAÇÃO DO SOLO NAS SUB-BACIAS DO RIO COXIM E
JAURU
VIÇOSA – MINAS GERAIS
2015
FERNANDO LUIZ NUNES
ACELERAMENTO DO PROCESSO DE ASSOREAMENTO DO RIO TAQUARI
NA PLANÍCIE PANTANEIRA EM CONSEQUÊNCIA DA INTENSIFICAÇÃO
DO USO E DEGRADAÇÃO DO SOLO NAS SUB-BACIAS DO RIO COXIM E
JAURU
Monografia apresentada a Universidade Federal de Viçosa, como parte das exigências do Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Recuperação de Áreas Degradadas, para a obtenção do título de Especialista em Recuperação de Áreas Degradadas.
Orientador: Eduardo A. G. Marques.
VIÇOSA – MINAS GERAIS
2015
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AGRADECIMENTOS
Ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis – IBAMA, instituição a qual tenho orgulho de servir, por mais essa
oportunidade de aprendizado;
A Universidade Federal de Viçosa – UFV, onde me graduei e agora
tenho a oportunidade de aperfeiçoar os conhecimentos adquiridos ao longo de
minha vida profissional;
Ao professor Eduardo Marques pela orientação e revisão do trabalho
final;
Aos colegas e amigos do Ibama do estado do Mato Grosso do Sul,
principalmente aos Agentes de Fiscalização com que tive a honra de atuar
naquele estado.
A todos os amigos que fiz ao longo de minha trajetória no IBAMA.
RESUMO
A intensificação do processo de ocupação na Bacia do Alto Taquari a partir da década de 70 foi responsável pelo aceleramento de um processo, até então natural, de formação do maior leque aluvial do mundo, em razão do aumento da produção e do transporte de sedimentos para a planície pantaneira. Neste contexto, o presente trabalho tem como objetivo apresentar uma discussão, baseada em dados secundários, sobre a contribuição das sub-bacias do Rio Coxim e do Rio Jauru nesse processo, resultante da intensificação da ocupação do solo e as implicações de ações fiscalizatórias, isoladas, sem a contrapartida da recuperação das áreas degradadas, da utilização de técnicas conservacionistas e da preservação e proteção dos solos. Embora a ideia do trabalho tenha se baseado em informações geradas em levantamento de alvos para realização de uma operação do IBAMA visando à proteção do Rio Taquari, fica evidenciada a impotência das medidas punitivas de ações fiscalizatórias sem instrumentos complementares, que possam abranger também áreas utilizadas e exploradas legalmente mas que, pela forma de utilização, contribuem para a degradação do Rio Taquari, considerado um dos principais formadores do Pantanal, ocasionando impactos irreversíveis a esse importante bioma brasileiro e Patrimônio Nacional.
ABSTRACT
The intensification of the occupation process in the Alto Taquari watershed from the 1970s was responsible for the acceleration of a process hitherto natural, of forming the world largest alluvial fan, by increasing sediment production and transport to Pantanal. In this context, the present study aims to present a discussion, based on secondary data, on the contribution of two watersheds, Coxim and Jauru, located within Alto Taquari, in the process as a result of the increase of land use and the implications of isolated inspection actions without the counterpart recovery of degraded areas, use of conservation techniques and soil preservation and protection. Although the idea of the proposed study has been based on information generated in targets prospection for conducting an IBAMA operation aimed to protect the Taquari River watershed, it became evident the ineffectiveness of punitive measures raised from inspection actions without complementary instruments that can also be applied to areas that, despite being legally used and exploited, can contribute for the degradation of the Taquari River, one of the main tributaries of the Pantanal, so causing irreversible impacts to this important Brazilian biome and National Heritage.
SUMÁRIO
RESUMO ........................................................................................................ 06
ABSTRACT .................................................................................................... 07
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................. 09
2 METODOLOGIA .......................................................................................... 11
2.1 Obtenção das classes de solos na Bacia do Alto Taquari ........................ 13
2.2 Perda de solos na Bacia do Alto Taquari .................................................. 14
2.3 Transporte de sólidos em suspensão ....................................................... 16
3 CONTEXTUALIZAÇÃO DO PROBLEMA E DISCUSSÃO ......................... 18
3.1 Pantanal Mato-Grossense ........................................................................ 18
3.2 Pantanal do Taquari .................................................................................. 21
3.3 Bacia do Alto Taquari ................................................................................ 22
3.3.1 Classificação dos solos da Bacia do Taquari ......................................... 24
3.3.2 Geologia da Bacia do Taquari ................................................................ 26
3.3.3 Clima e precipitação .............................................................................. 30
3.3.4 Desmatamento na Bacia do Taquari ...................................................... 30
3.4 Caracterização e Ocupação da Bacia do Rio Coxim e Jauru ................... 33
3.5 Suscetibilidade à erosão ........................................................................... 36
3.6 Transporte de sedimento .......................................................................... 41
3.7 Medidas de uso, conservação e proteção dos solos ................................ 45
4. CONCLUSÕES ........................................................................................... 47
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................. 50
9
1 INTRODUÇÃO
A utilização intensiva do solo sem as devidas técnicas de manejo e
conservação tem sido comumente empregada em todo o processo de ocupação e
expansão agropecuária no Brasil.
Esse tipo de ação antrópica, cujo objetivo é a obtenção do lucro imediato,
explorando ao máximo as fontes de recursos naturais em detrimento da
sustentabilidade ambiental, também ocorreu na ocupação da Bacia Hidrográfica do
Alto Taquari (BAT).
Essa região tem grande importância ecológica e ambiental por possuir como
dreno principal o Rio Taquari, que, em sua planície, forma o maior leque aluvial do
mundo, sendo considerado um dos principais formadores do Pantanal.
Com aproximadamente 28.000 km², a Bacia do Alto Taquari (Figura 1)
compreende a área do planalto drenada pelo rio Taquari e seus afluentes até a
escarpa cuestiforme da Bacia Sedimentar do Paraná, próxima à Cidade de Coxim
(MATO GROSSO DO SUL, 1992; SANTOS & CREPANI, 1993, apud GALDINO et.al,
2006). Abrange 11 municípios de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, sendo
dominada pelo bioma Cerrado, com representações de todos os seus ecossistemas,
e com predominância de solos de textura arenosa (Neossolos Quartzarênicos, 59%
da BAT) e/ou com horizonte B textural (Argissolos, 14% da BAT) (OLIVEIRA et al.,
1998, apud COUTINHO et.al., 2008).
Segundo Oliveira et al. (1998), suas terras foram inicialmente ocupadas pela
atividade de criação de gado, utilizando-se para isto as pastagens nativas e,
posteriormente, através do cultivo de gramíneas exóticas, com destaque para
espécies do gênero Brachiaria.
Devido às características do seu regime pluviométrico, tipos de solo e relevo,
é considerada uma das regiões que apresentam os maiores potenciais erosivos da
Bacia do Alto Paraguai (GALDINO et al., 2006).
10
Figura 1 – Localização da bacia do rio taquari. Fonte: Galdino et al., 2006.
Apesar da importância dessa Bacia na formação do bioma Pantanal e do alto
poder de erosão e transporte de sedimentos de sua rede de drenagem, sua
ocupação e consequentes alterações do uso do solo se intensificaram a partir da
década de 70, por meio da supressão da vegetação nativa e utilização das áreas
abertas, sem considerar os métodos de manejo e conservação do solo. Essa
intensificação do uso pode ser considerada como um fator de aceleramento de um
processo natural, tendo em vista as características edáficas da Bacia do Alto Taquari.
Neste contexto, a ameaça à sustentabilidade do bioma Pantanal, demandou a
intervenção do IBAMA no ano de 2013 por meio de uma Ação Civil Pública requerida
pelo Ministério Público Federal. Mesmo se tratando de licenciamento Estadual, no
que se refere às autorizações de desmatamentos e averbações de Reserva Legal,
cuja fiscalização compete primariamente ao ente Estadual, conforme Lei
Complementar 140/11, a decisão judicial em primeira instância foi pela adoção de
ações fiscalizatórias pelo IBAMA em todas as propriedades localizadas em ambas
as margens do rio Taquari, em que o mesmo é classificado como sendo um Rio
Federal.
Planície de inundação
Bacia do Alto Taquari
11
Desencadeou-se então a operação “SOS TAQUARI”, realizada por meio
aéreo, terrestre e fluvial, focada inicialmente em ações fiscalizatórias nas
propriedades situadas às margens do rio, situado no planalto da bacia sedimentar do
Paraná. Nesta operação foram percorridos aproximadamente 300 Km do trecho alto
do rio Taquari, em que foram identificados as propriedades e os passivos ambientais
em ambas as margens.
Os resultados da ação e os indicativos de processos erosivos levantados pelo
setor de Geoprocessamento da Superintendência do IBAMA em Mato Grosso do Sul
sugeriram o redirecionamento do foco das demais etapas da operação para as sub-
bacias dos rios Coxim e Jauru, esse ultimo, afluente direto do Rio Coxim.
Assim, esse trabalho se propõe a realizar uma análise dos dados resultantes
da “Operação SOS Taquari” e apresentar uma discussão sobre a potencialidade de
carreamento de sedimentos sólidos dos Rios Coxim e Jauru e sua contribuição no
aceleramento do processo de assoreamento na planície pantaneira, devido ao uso
intensivo e à ocupação dessas regiões, fornecendo desta forma subsídios e
argumentação para o incremento das ações de controle e fiscalização nessas sub-
bacias, com foco na proteção do rio Taquari e do bioma Pantanal.
2 METODOLOGIA
O presente trabalho foi realizado com base em revisão bibliográfica e
informações obtidas durante a operação de fiscalização do IBAMA denominada
“SOS Taquari”.
A operação se desenvolveu em duas etapas. Na primeira foram realizadas
ações em todas as propriedades às margens do Rio Taquari situadas no estado do
Mato Grosso do Sul, as quais foram notificadas a apresentar, em arquivo digital
formato vetorial, informações detalhadas das propriedades, tais como: delimitação
da área total, delimitação da área de Reserva Legal, delimitação das áreas de
preservação permanente e desmatamentos realizados nos 5 anos anteriores e suas
respectivas autorizações. As informações geradas foram tratadas pelo Núcleo de
12
Geoprocessamento da Superintendência do IBAMA em Campo Grande/MS, tendo
sido apuradas as infrações ambientais ocorridas nos últimos 5 anos.
Após esta primeira etapa, realizou-se, com base em conhecimento empírico
obtido na atividade rotineira de Analistas Ambientais do IBAMA em interpretação de
imagens de satélite, a identificação de áreas com indícios de processo erosivo,
visando definir áreas-alvo de ação fiscalizatória das equipes em campo.
O levantamento foi realizado com a utilização do software Quatum Gis e
Arcgis 9.1, tendo como imagem de fundo cenas Google Earth e Microsoft Bing, a
partir do plugin Openlayer, como também imagens Landsat obtidas no site
http://earthexplorer.usgs.gov/ e imagens Rapideye disponibilizadas ao IBAMA no site
geocatalogo. IBAMA.gov.br.
Em todos os alvos indicados, nos quais foi possível realizar constatações em
campo, confirmou-se o processo erosivo (Figura 2 e 3), tendo sido os proprietários
notificados a apresentar projeto de recuperação de área adotando medidas de
controle com o objetivo de cessar a degradação ambiental, sob pena de incorrer em
sanção administrativa tipificada no artigo 80 do Decreto Federal 6.514/2008.
Figura 2 – Processo erosivo em voçoroca identificado na SUPES/MS e confirmado em
campo. Foto: IBAMA.
13
Figura 3 – Processo erosivo em voçoroca identificado na SUPES/MS e confirmado em
campo. Foto: IBAMA.
2.1 Obtenção das classes de solos na Bacia do Alto Taquari
A bacia hidrográfica é uma importante unidade geomorfológica, porque nela
interagem diversos fatores sejam eles relacionados ao meio físico e biológico ou
econômicos e sociais sendo resultantes da interação do conjunto das condições
naturais (geomorfologia, geologia, vegetação, solo e clima); e das atividades
humanas nelas desenvolvidas (CUNHA & GUERRA, 2004, apud SOUZA et al, 2014).
A cobertura vegetal e as características geomorfológicas definem o
comportamento hidrológico de uma bacia hidrográfica, dentre as características
geomorfológicas o solo desempenha uma importante função no ciclo hidrológico.
A taxa de ocorrência das classes de solo da bacia hidrográfica do Alto Taquari,
foi obtida do trabalho de Oliveira et al. (1998), que através da compilação do Mapa
Exploratório de solos do Estado do Mato Grosso do Sul (MATO GROSSO DO SUL,
1989) e os dados contidos no Mapa Exploratório de Solos da Folha Goiânia (BRASIL,
1983), obtiveram 41 unidades de mapeamento de solo, agrupando em seguida
essas unidades observando-se o nível taxonômico, a importância de ocorrência e a
14
sua predominância. As seguintes classes de solos foram obtidas deste agrupamento:
Latossolo Vermelho-Escuro, Latossolo Roxo, Latossolo Vermelho-Amarelo,
Argissolo Vermelho-Amarelo, Solos Hidromórficos, Areias Quartzosas, Solos
Litólicos.
Essa classificação dos solos realizada por Oliveira et al. (1998) foi analisada
juntamente com os mapas de classe e textura de solos gerados com auxílio do
software Quantum Gis, com base em arquivos “shapefile” obtidos junto ao Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística, para demonstrar a predominância de solos
arenosos na BAT.
2.2 Perda de solos na Bacia do Alto Taquari
A erosão pode ser definida como o processo de desagregação e remoção de
partículas do solo ou fragmentos de rocha, que são removidos, transportados e
depositados pela ação combinada de diversos agentes como vento, água, gelo,
gravidade ou organismos (FENDRICH et al., 1997).
Entre os modelos científicos utilizados para estimar a perda de solo hídrica
laminar, a mais empregada é a equação Universal de Perda de Solo (Universal Soil
Loss Equation - USLE) (GALDINO, 2003), conforme a seguinte expressão:
A= R x K x LS x C x P
Em que,
A = Perda de solo, em t ha-1 ano-1;
R = Erosividade das chuvas, em Mj mm ha-1 h-1 ano-1;
K = Erodibilidade do solo, em t h Mj-1 mm-1;
LS = Fator topográfico da USLE, adimensional;
C = Fator de uso/manejo de solo, adimensional;
P = Fator de práticas conservacionistas de solo, adimensional.
O fator de erosividade da chuva (R) representa o efeito erosivo do impacto da
gota da chuva e escoamento superficial em uma área desprotegida. Pode ser obtido
a partir de modelos de simulação matemática que estimam a ocorrência de variáveis
15
climáticas e geram um conjunto de valores numéricos, denominado série sintética,
com as mesmas características estatísticas da série histórica (ZANETTI et al., 2005).
O fator topográfico (LS) é obtido a partir do comprimento das encostas
(vertentes) (L) e do gradiente de declividade (grau de declive) (S). O cálculo do LS,
normalmente é realizado utilizando um Sistema de Informações Geográficas (SIG),
onde é gerado um modelo numérico de terreno (MNT) (GALDINO et al., 2003). Esse
fator representa a relação entre as perdas de solo em uma área com declividade e
comprimento de encosta quaisquer e as perdas que ocorrem em uma parcela
unitária padrão, com 22,1 m de comprimento e 9% de declividade (WISHMEIER e
SMITH, 1965 e 1978).
Com relação a cobertura, manejo do solo e práticas conservacionistas (C e P),
segundo Amorim et al. (2010), são considerados fatores limitantes ao uso da USLE
no Brasil devido à falta de base de dados que permitam a determinação precisa dos
fatores C e P para as condições brasileiras.
O fator K expressa quantitativamente a suscetibilidade do solo ao processo
erosivo (Foster, 1982). Pode ser determinado de forma direta, pela razão entre as
perdas de solo e a erosividade das chuvas, sob chuva natural ou chuva simulada, e
também por meio de análise de regressão linear simples entre essas duas variáveis
(WISCHMEIER & SMITH, 1978).
Todas as variáveis da equação de perda de solo no presente trabalho, foram
obtidas do trabalho de Galdino et al. (2004), que empregaram a Equação Universal
de Perda de Solo (Universal Soil Loss Equation-USLE) (WISCHMEIER & SMITH,
1978) e técnicas de geoprocessamento e rotinas computacionais desenvolvidas por
Risso (1993).
Para a determinação de erosividade anual das chuvas (Fator R), Galdino et al.
(2004) empregaram a metodologia de Lombardi Neto (1977), devido à ausência de
Pluviógrafo na BAT, considerado o período de 20 anos entre 1969 a 1989.
Os valores de erodibilidade do solo (K) foram obtidos por Galdino et al. (2004),
a partir de valores de erodibilidade de cada classe de solos brasileiros, realizados
experimentalmente e encontrados nos trabalhos de Bertoni e Lombardi Neto (1985),
Resende e Almeida (1985) e Denardin (1990).
O potencial topográfico (fator LS), de erosão hídrica laminar na BAT, foi obtido
utilizando-se o modelo numérico de terreno (MNT), que é uma representação
16
matemática computacional que procura representar digitalmente a superfície
espacial de uma área, também foi utilizado por Galdino et al. (2004) o conjunto de
rotinas desenvolvidas pelo IPH-UFRGS (RISSO, 1993). O MNT da BAT foi gerado a
partir da digitalização e da interpolação numérica de dados altimétricos de cartas do
Serviço de Cartografia do Exército, na escala de 1:100.000.
Para os parâmetros uso e manejo do solo (C), que representam as perdas de
solo de um terreno cultivado em determinadas condições em relação às perdas de
solo em um terreno descoberto sob as mesmas condições e Práticas
conservacionistas empregadas (P), que indicam as perdas de solo relacionadas a
um terreno cultivado com o uso de determinada prática, foram representados como
em condições de solo em pousio e descoberto sem adoção de práticas
conservacionistas.
2.3 Transporte de sólidos em suspensão
Os dados referentes à concentração em mg/l de sólidos suspensos totais
(SST) e as concentrações em µg/l do fósforo total (PT) e Nitrogênio total (NT), foram
obtidos por Oliveira et al. (2002), das amostras realizadas nos meses de abril,
agosto e dezembro de 1995; janeiro, junho, agosto e novembro de 1996 e janeiro e
abril de 1997, agrupadas através das médias em dois períodos: vazante/seca (abril,
junho e agosto) e cheia (novembro dezembro e janeiro).
As amostras foram todas coletadas na superfície da água em 10 estações,
sendo 03 delas na Bacia do Alto Taquari, correspondentes ao Rio Taquari, Jauru e
Coxim, as demais estações de coleta estavam situadas no Rio Taquari a partir da
entrada para o Pantanal, após o município de Coxim.
As cargas em toneladas por dia de sólidos suspensos totais (SST), fósforo
total (PT) e Nitrogênio total (NT)foram obtidas multiplicando-se a concentração de
cada parâmetro pela vazão, obtida diretamente no campo segundo metodologia
descrita em Padovani et al. (1998).
Segundo Oliveira et al., (2002), as concentrações (ug/l) de NT e PT foram
realizadas após digestão com persulfato de potássio e leitura em espectrofotômetro,
17
enquanto a concentração (mg/l) de SST foi obtida após filtragem em filtro de fibra de
vidro (0,7um de diâmetro), secagem em estufa a 105°C, seguida por queima a
500°C, conforme American Public Health Association - APHA (1985) e Wetzel e
Likens (1991) apud Oliveira (2002).
18
3 CONTEXTUALIZAÇÃO DO PROBLEMA E DISCUSSÃO
3.1 Pantanal Mato-Grossense
O Pantanal Mato-Grossense é considerado a maior planície alagada contínua
do mundo, com 140.000 km2 em território brasileiro, localizados nos estados de Mato
Grosso e Mato Grosso do Sul. Encontra-se no alto curso do rio Paraguai, com
altitude entre 90 e 200 m, sendo considerada uma imensa área de sedimentação e
inundação cuja fonte provém do planalto que o circunda (SOUZA et al. 2006), que se
encontra fora do pantanal propriamente dito e possui aproximadamente 214.000 km²,
com altitude superior a 200 m, em que estão localizadas as nascentes dos rios
pantaneiros.
Segundo Souza et al. (2010), as atividades desenvolvidas fora da planície,
principalmente a agricultura e a garimpagem, trazem para o Pantanal uma
quantidade imensa de sedimentos oriundos de erosão do solo pelas águas.
Essas atividades têm intensificado e acelerado um processo natural,
relacionado à dinâmica fluvial, e que resulta no acúmulo de sedimentos quaternários
na bacia, provenientes do planalto adjacente, cujas características geológicas,
muitas delas de origem sedimentar ou formadas por rochas solúveis e friáveis,
continuamente erodidas pela ação do vento e das águas, favorecem a perda e o
transporte de sedimentos via sistema de drenagem, já que fornecem uma enorme
quantidade de sedimentos que são depositados na planície, em um processo
contínuo de entalhamento (erosão), transporte e sedimentação. Formam-se, assim
terrenos de aluvião, muito permeáveis, de composição argilo-arenosa.
O Plano de Conservação da Bacia do Alto Paraguai (PCBAP) dividiu o
Pantanal em várias regiões com características próprias de flora, fauna e aspectos
físicos. São 11 Pantanais catalogados pelo plano (Figura 4) e descritos no site
http://riosvivos.org.br/a/pantanal/principal.php?opt=5&x=pan_var&p=1 conforme segue
abaixo:
19
Figura 4 – Divisão dos Pantanais de acordo com o Plano de Conservação da Bacia
do Alto Paraguai. Fonte: Souza e Cunha, 2004, apud Souza et al., 2010.
a) Pantanal de Barão de Melgaço (Itiquira - São Lourenço - Cuiabá) Composto por solos arenosos ou areno-argilosos com concreções de ferro, em áreas inundáveis de relevo plano. Terras inundáveis de 3 a 4 meses. Vegetação de Savana. Fauna residente em presença de ninhais. Área de recarga de aquíferos. Reservas Indígenas Teresa Cristina e Perigara. Turismo e pecuária extensiva. Potencial para preservação e turismo; b) Pantanal do Paraguai Solos arenosos ou areno-argilosos com concreções de ferro em áreas inundáveis de relevo plano. Área de inundação por mais de 6 meses. Vegetação de Savana e Formações Pioneiras. Alta
20
concentração de fauna. Área de reprodução em sistema de piracema para as espécies de: pintado, pacú, cachara, barbado, dourado e curimbatá. Contém o Parque Nacional do Pantanal e a Estação Ecológica Taiamã. Pecuária com pasto nativo; c) Pantanal do Taquari Solos arenosos, de ambientes úmidos com forte presença de material orgânico, em relevo de planície. Área de inundação por 6 meses. Instabilidade dos leitos fluviais. Vegetação de Floresta Estacional e formações pioneiras. Pecuária com pastagem nativa com pouca ocorrência de plantada, bananicultura e pesca; d) Pantanal de Poconé (Cuiabá - Bento Gomes – Paraguaizinho) Composto por solos arenosos ou areno-argilosos com concreções de ferro em áreas inundáveis de relevo plano. Área de inundação de 3 a 4 meses. Vegetação de Savana. Área de reprodução de avifauna e de recepção e deposição de sedimentos. Pecuária extensiva em pasto nativo, pesca profissional e turismo. Potencial para preservação e turismo; e) Pantanal do Cáceres (Corixo Grande – Jauru – Paraguai) Caracterizado por solos arenosos ou areno-argilosos com concreções de ferro em áreas inundáveis de relevo plano. Área de inundação de 3 a 5 meses. Concentração de fauna. Vegetação de Savana e Floresta Estacional. Potencial para preservação, turismo e pecuária; f) Pantanal do Paiaguás/ Nhecolândia Solos arenosos profundos e hidromórficos em relevo de planície. Inundação de 3 a 4 meses ao ano. Concentração de fauna. Vegetação de Savana. Área de recarga de aquífero. Pecuária extensiva com pastagem nativa. Potencial para pecuária em pasto nativo e para turismo; g) Pantanal de Aquidauana Solos arenosos ou areno-argilosos com concreções de ferro em áreas inundáveis com relevo de planície. Áreas de inundação de 3 a 4 meses. Concentração de fauna. Vegetação de Savana. A atividade econômica preponderante é a pecuária extensiva. Potencial para preservação; h) Pantanal do Abrobral/Negro Caracterizado pela presença de solos argilosos e siltosos em relevo e planície, área de inundação por mais de 6 meses. Área de deposição de sedimentos finos de instabilidade dos leitos fluviais. Alta concentração de fauna e presença de capões de matas com sítios arqueológicos. Vegetação de Savana e Formações Pioneiras. Pecuária com pastagem nativa e turismo; i) Pantanal do Miranda Solos argilosos de baixa permeabilidade em relevo de planície, com inundações de 4 a 6 meses ao ano. Vegetação de Savana Gramíneo-Lenhosa e Paratudal (tabebuia). Atividades com rizicultura irrigada e pecuária extensiva com pasto nativo e turismo recreacional e pesqueiro; j) Pantanal do Nabileque Presença de solos argilosos com alto teor de sódio em relevo de planície com período de inundação acima de 6 meses. Vegetação de Savana Estépica Gramíneo-Lenhosa e ocorrência de Carandazais, com concentração de fauna. Atividade de pesca profissional e esportiva e pecuária extensiva em pastagens nativas;
21
k) Pantanal de Porto Murtinho Presença de solos hidromórficos e argilosos, com concentração de sódio, em relevo de planície. Área de inundação de 4 a 6 meses. Vegetação de Savana Estépica com ocorrência de aves chaquenhas. Atividade de pesca. Potencial para pesca e preservação.
Os rios Jauru e Coxim, embora classificados como rios estaduais,
transportam sedimentos ao Rio Taquari que, no planalto, é classificado como sendo
um rio Federal, diretamente relacionado ao Pantanal do Taquari.
3.2 Pantanal do Taquari
Na Planície Pantaneira o Rio Taquari forma um leque aluvial de
aproximadamente 50.000 km², sendo considerado o maior do mundo e
representando, segundo Souza et al. (2002), cerca de 36% da área total do Pantanal
Brasileiro.
Este leque aluvial é formado por depósitos quaternários constituídos por
sedimentos provenientes dos planaltos, provocando alterações hidrológicas no leito
do rio que, em conjunto com o regime de cheias, interfere diretamente na principal
atividade econômica do pantanal, a pecuária, através de perdas de áreas de
pastagem, que estão também relacionadas a um fenômeno conhecido popularmente
na região como “arrombados”.
O fenômeno dos “arrombados” - caracterizado pelo extravasamento do leito
do rio Taquari, formando canais secundários que resultam no alagamento de
extensas áreas de terra anteriormente sujeitas às inundações temporárias
(provocadas pelos pulsos de inundação) – tem afetado diretamente a paisagem local
e a vida das populações que habitam tradicionalmente esta região do Pantanal
(CURADO, 2006).
Frente a essa situação, muitos proprietários rurais, com objetivo de conter
essas alterações hidrológicas e consequente perda de áreas, têm realizado
intervenções sem autorização dos órgãos ambientais, através de implementação de
pequenas barragens nos pontos de extravasamento, incorrendo, desta forma em
ilicitudes ambientais.
22
No ano de 2013 em uma ação conjunta entre IBAMA e Polícia Federal, foram
localizados, somente na região conhecida como Caronal, aproximadamente 09
arrombados e uma draga. Como resultado dessa ação, foram realizadas sanções
administrativas e criminais, bem como a apreensão da draga.
Essas intervenções têm caráter exclusivamente econômico, em detrimento à
segurança e qualidade ambiental, já que têm como objetivo a contenção das perdas
de áreas produtivas, sendo realizadas à margem da legislação e sem estudos
relacionados aos prováveis impactos negativos decorrentes dessa intervenção.
Embora se considere legítima a preocupação dos proprietários rurais dessa
região, as atividades de intervenções realizadas não são eficazes na solução do
problema, uma vez que a origem se encontra nas terras altas do planalto através da
produção de sedimentos oriundos do processo natural ou antrópico devido ao mau
uso do solo que, via Rio Taquari, são transportados para a planície à jusante.
O Rio Taquari, com aproximadamente 800 km de extensão (sendo 500 km na
região da planície, onde perde o seu poder de erosão e transporte de sedimentos),
passa a delinear uma ampla faixa de depósitos aluviais que se alarga, à jusante
como um delta (MATO GROSSO DO SUL 1992 apud GALDINO et al., 2006, p. 32),
e é responsável pelo transporte de grande volume de sedimentos até a planície,
sendo seu assoreamento considerado o maior problema ambiental do Pantanal.
3.3 Bacia do Alto Taquari
A Bacia Hidrográfica do Rio Taquari, está localizada entre as latitudes
S17°00'00” e S 20°00'00” e as Longitudes W53°00'00” e W58°00'00”, com área
aproximada de 65.023 km² (OLIVEIRA, 2002), na Região Centro-Oeste do Brasil, e é
uma das principais formadoras da Alta Bacia do Rio Paraguai. Também abrange a
região de planaltos, também denominada Bacia do Alto Taquari e a Planície
Pantaneira. Tem como dreno principal o rio Taquari, cuja nascente está localizada
no município de Alto Taquari no estado do Mato Grosso, a uma altitude de 860 m,
onde percorre 40 km nesse estado até sua chegada ao Estado do Mato Grosso do
Sul (SOUZA, 2002).
23
Esta Bacia pode ser dividida em três compartimentos conforme as
características e comportamento hidrológico que apresenta o seu curso d'água
principal, sendo elas as bacias do Alto, Médio e Baixo Taquari.
O médio Taquari está situado aproximadamente entre a cidade de Coxim e, já
na planície pantaneira, às proximidades da Fazenda São Gonçalo. Nesse segundo
compartimento o Rio Taquari meandra dentro de uma planície de inundação restrita,
apresenta uma calha de sedimentação bem definida e retrabalha os sedimentos
depositados, sendo caracterizado pela erosão das margens localizadas na parte
côncava e deposição na parte convexa (MATO GROSSO DO SUL, 1992 e SANTOS
& CREPANi, 1993, Apud GALDINO, 2006).
O Baixo Taquari situa-se após a fazenda São Gonçalo e está inserido no
Pantanal do Taquari.
Já a Bacia do Alto Taquari (Figura 5), situada no Planalto, possui o Trecho do
rio classificado como um rio Federal pela Agência Nacional de Águas, tendo sido,
por essa razão, definida como a área de abrangência da Operação “SOS Taquarí”
executada pelo IBAMA.
Esta Bacia ocupa aproximadamente 35,1% de toda Bacia Hidrográfica do
Taquari e compreende uma área de 28.450 km² do planalto drenado pelo rio Taquari
e seus afluentes, até a escarpa cuestiforme da bacia sedimentar do Paraná, próximo
à cidade de Coxim.
Apresenta uma rede de drenagem com alto poder de erosão e transporte de
sedimentos.
A Bacia do Alto Taquari ainda pode ser dividida em quatro sub-bacias
(Figura 5). A Sub-Bacia do Rio Taquari, que compreende a área de drenagem do
Rio Taquari à montante da confluência com o seu principal afluente, o Rio coxim. A
Sub-Bacia do Rio Coxim, com seção de controle à montante do seu mais importante
tributário, o Rio Jauru. Como também as Sub-Bacias do Rio Jauru e do Taquari-
Mirim (GALDINO et al., 2006).
24
Figura 5 – Divisão das sub-bacias do Alto Taquari. Fonte: Galdino et al., 2003.
3.3.1 Classificação dos solos da Bacia do Taquari
Segundo Oliveira et al. (1998), na Bacia do Alto Taquari há predominância de
Areias Quartzosas, ocupando cerca de 46,6% da área, seguido por Latossolo
25
Vermelho-Escuro, com 15,3%, Argissolo Vermelho-Amarelo, com 14,1%, Solos
Litólicos, com 12,5%; Associação Complexa, com 8,5% e os Solos Hidromórficos,
com 2,3% (Tabela 1). A área ocupada com Latossolo Roxo e Latossolo Vermelho-
Amarelo é inferior a 1%. As classes de solo (Tabela 1) e suas texturas identificadas
na BAT (Figura 6) sugerem a necessidade de maior cuidado no uso e na ocupação
das propriedades, visando minimizar a perda de solos e o consequente
assoreamento dos cursos d'água.
Segundo Gomes et al. (2011), as areias quartzosas, os solos Litólicos e os
Argissolos Vermelho-Amarelo, são solos de alta erodibilidade, ou seja, mais sujeitos
à erosão, e recobrem 79,19% da superfície da BAT.
Tabela 1 – Área e taxa de ocorrência das classes de solo na Bacia do Alto Taquari (BAT)
Classe de Solo Área Ocupada (ha) Taxa de Ocorrência (%)
Latossolo Vermelho-Escuro 446.373 15,29
Latossolo Roxo 16.751 0,57
Latossolo Vermelho-Amarelo 1.147 0,04
Argissolo Vermelho-Amarelo 412.640 14,14
Solos Hidromórficos 68.571 2,35
Areia Quartzosas 1.359.148 46,57
Solos Litólicos 365.973 12,54
Associação Complexa 247.959 8,50
Fonte: Oliveira et al. (1998).
26
Figura 6 – Textura dos Solos na Bacia do Alto Taquari. Fonte: IBGE.
3.3.2 Geologia da Bacia do Taquari
A bacia hidrográfica do Taquari apresenta geologia bastante diversificada e
antiga com identificação de até 16 unidades geológicas variando desde a Era Pré-
Cambriana Proteozóica (2.600 a 570 milhões de anos) a Era Cenozoica (65 milhões
de anos até a época atual) com duas grandes divisões, a do Planalto com rochas
27
mais antigas e a da planície que ainda se encontra em formação com sedimentos
depositados (ABDON et al., 2004).
A bacia do Taquari foi subdividida em três compartimentos em função do
comportamento que o rio taquari apresenta durante seu percurso até o rio Paraguai
(GALDINO et al., 2006), essas características, são influenciadas pela topografia e
geologia entre outros fatores. O primeiro compartimento está situado no planalto,
com altitudes variando entre 200 e 850 m (Figura 7). Segundo o Plano de
Conservação da Bacia do Alto Paraguai citado por Vieira et al. (2006), este
compartimento está subdividido em cinco unidades ambientais naturais a seguir
(Figura 8):
Figura 7 – Variação de altitude na Bacia do Alto Taquari. Fonte: Collischonn & Tucci, 2002.
28
Figura 8 – Subdivisão das Unidades ambientais naturais da Bacia do Alto Taquari. Fonte:
Galdino & Pellegrini, 2003, apud, Vieira, 2006).
a) Planalto do Taquari - Constituído por rochas das formações Bauru e
Botucatu e em menor proporção Pirambóia, Palermo e Aquidauana, apresenta
relevo fortemente ondulado, com colinas amplas e é circundado por encostas
erosivas com solos litólicos, representa a maior unidade com 65,9% da Bacia do Alto
Taquari;
29
b) Planalto de Maracaju Campo Grande - Ocupa aproximadamente 9,8% da
BAT, situado entre 300 e 600 metros de altitude apresenta relevo em forma de
colinas, os litotipos predominantes são as formações Furnas, Ponta Grossa e
Aquidauana, no contato entre o planalto e o pantanal estão presentes rochas
metamórficas do grupo Cuiabá e granito intrusivo;
c) Chapada de São Gabriel/Coxim/Campo Grande - Representa 12,3% da
BAT apresentando ocorrência de sedimentos argilosos da formação ponta grossa e
arenitos das formações Bauru e Aquidauana, possuem relevo plano e pouco
dissecado, possui áreas com exposição de rochas da formação serra geral, o que
condiciona a ocorrência de latossolos roxos e terras roxas estruturadas ao longo de
alguns vales, nessa unidade está inserida a nascente do Rio Coxim;
d) Planalto do Correntes - Corresponde a 2,1% da Bacia e está
caracterizado por apresentar uma superfície pouco movimentada com relevo plano,
formada por rochas da formação Bauru, Furnas e Botucatu;
e) Chapada das Emas - Com litologia predominante de arenito das
formações Bauru e Botucatu e Basalto da formação Serra Geral, o relevo apresenta
superfície plana e alta na parte central com cotas superiores a 800 metros. A
chapada das emas ocupa aproximadamente 9,9 % da Bacia do Alto Taquari e é
onde se situam as nascentes do rio Taquari.
O segundo Compartimento é denominado de médio taquari e é considerado
como sendo uma área de deposição de solos latériticos provenientes do planalto,
sendo caracterizado como uma planície de inundação restrita onde o rio taquari
meandra uma calha de sedimentação bem definida formada pelos processos de
deposição de sedimentos nos trechos convexos provenientes das partes côncavas
do rio (GALDINO, et al. 2006).
No terceiro compartimento o rio taquari perde velocidade e sua capacidade de
transporte de sedimentos que se acumulam formando depósitos quaternários de
sedimentos arenosos, constituindo o maior leque aluvial do mundo, o baixo taquari
apresentando relevo predominante de planície alagável.
30
3.3.3 Clima e precipitação
De acordo com a classificação de Koppen com base nos valores médios de
precipitação e temperatura a bacia do Taquari apresenta tipo climático de Savana
classificado com Aw (GOMES et al., 2011).
Apresenta regime de precipitação tipicamente tropical dividido em duas
estações, uma seca correspondente ao período de abril a setembro e outra chuvosa
entre outubro a março, onde se concentra aproximadamente 80% da precipitação
média anual de 1.500mm (GOMES et al., 2011).
3.3.4 Desmatamento na Bacia do Taquari
Além dos atributos físicos da bacia do Alto Taquari, a atividade de
desmatamento ilegal (Figuras 9, 10, 11 e 12) ou mesmo legalizado, tem contribuído
com a perda de solo, trazendo consequências diretas ao aceleramento do processo
de assoreamento do rio Taquari.
Figura 9 – Desmatamento ilegal flagrado pela equipe de fiscalização do Ibama no ano de
2013, em área de preservação permanente do rio Taquari parte alta da bacia. Foto: IBAMA.
31
Figura 10 – Desmatamento ilegal flagrado pela equipe de fiscalização do Ibama no ano de
2013, em área de preservação permanente do rio Taquari parte alta da bacia. Foto: IBAMA.
Figura 11 – Desmatamento ilegal e queima de material lenhoso sem autorização em área
passível de exploração na parte alta da bacia. Foto: IBAMA.
32
Figura 12 – Desmatamento ilegal flagrado pela equipe de fiscalização do Ibama no ano de
2013, em área de preservação permanente do rio Taquari parte alta da bacia. Foto: IBAMA.
Em dados apresentados por Silva (2006) constatou-se que os
desmatamentos acumulados ocorridos entre 1976 a 1994 na totalidade da Bacia do
Alto Paraguai, com área de 361.666Km², no planalto da bacia do alto Paraguai, com
área de 223.483 km² e na Bacia do Alto Taquari com área de 28.046 km², foram de
30,47%, 46,22 % e 58,08% respectivamente, sendo que no ano de 2000, 62,04% da
BAT já havia sido desmatado, enquanto que em 1976 essas taxas foram de 3,16%,
4,83 % e 5,60%, ou seja, em um período de 24 anos, entre os anos de 1976 a 2000,
mais de 50% da Bacia Hidrográfica do Alto Taquari foi desmatada.
Esses índices indicam uma intensificação da atividade em toda a Bacia do Rio
Taquari, com maior proporção no compartimento Alto Taquari, provavelmente em
decorrência das dificuldades relacionadas à alteração do uso do solo nas regiões da
planície pantaneira, que apresenta regime de cheias que demandam maior
adaptação das espécies vegetais e animais a serem introduzidas.
Comparando-se as atividades de desmatamento acumulado entre os anos de
1976 a 2000 nas três principais sub-bacias do Alto Taquari (Coxim, Jauru e Taquari),
a sub-bacia do Rio Coxim apresentou 6.221,51 km² de área suprimida,
representando 66,1% de toda sua superfície; enquanto os desmatamentos nas sub-
33
bacias do Jauru e Taquari foram de 4.155,91 km² e 7.022,98 km², respectivamente,
o que representa 65,68% da área da sub-bacia do Jauru e 57,08% da sub-bacia do
Taquari. As sub-bacias do Coxim e Jauru apresentam, juntas, 15.470 km² de
superfície, dos quais, entre os anos de 1976 e 2000, foram desmatados
10.377,42 km², ou seja, 67% da área total.
Neste período os avanços na aceleração da supressão vegetal e substituição
pela agropecuária mais significativos ocorreram entre os anos de 1984 e 1994,
principalmente na bacia do rio Jauru, na qual houve um acréscimo de 260% em
relação ao desmatamento acumulado no ano de 1984. Neste mesmo período de dez
anos, os acréscimos de desmatamentos acumulados nas sub-bacias do rio Coxim e
Jauru foram de 232%, enquanto na sub-bacia do Taquari foi de 139% (Tabela 2).
Tabela 2 – Evolução do desmatamento na Bacia do Alto Taquari
Ano Área fisiográfica (km²) Área desmatada (km²) Área desmatada (%)
Taquari Jauru Coxim Taquari Jauru Coxim Taquari Jauru Coxim
1976 12.305 6.327 9.143 484,53 70,41 1.016,37 3,94 1,11 10,8
1984 12.305 6.327 9.143 2.770,88 1.064,75 3.086,26 22,52 16,83 32,8
1994 12.305 6.327 9.143 6.631,34 3.841,88 5.816,84 53,89 60,72 61,8
2000 12.305 6.327 9.143 7.022,98 4.155,91 6.221,51 57,08 65,68 66,1
Fonte: SILVA et al., 2006, p.133.
Esse avanço no desmatamento está diretamente relacionado aos programas
governamentais que neste mesmo período estimularam a ocupação e o
desenvolvimento agropecuário nesta região.
3.4 Caracterização e Ocupação da Bacia do Rio Coxim e Jauru
As unidades geomorfológicas das sub-bacias dos rios Coxim e Jauru,
apresentam grande contribuição como carreadores de sedimentos ao Rio Taquari.
34
No fim do alto curso do Rio Taquari, nas proximidades da cidade de Coxim, o
rio Taquari recebe o seu principal tributário, denominado Rio Coxim e seu afluente, o
Rio Jauru, cujas nascentes estão nas regiões montanhosas de Costa Rica, nas
coordenadas S18°23'39” W53°24'03” (http://www.portalpantanal.com.br/riosprincipais/
89-riotaquari.html). O rio Coxim tem suas nascentes nas coordenadas S19°23'07” e
W54°34'08”, na junção de um curso d'água sem denominação (cujas nascentes se
encontram nas coordenadas 19°16'00”S e 54°36'38”W), com o Córrego Brejão, nas
proximidades da Cidade de São Gabriel do Oeste (Figura 2). Juntos, os dois rios
possuem cursos d'água que percorrem os municípios de Coxim, São Gabriel do
Oeste, Rio Verde de Mato Grosso, Camapuã, Figueirão e Costa Rica.
As sub-bacias dos rios Coxim e Jauru estão inseridas na bacia sedimentar do
Paraná, porém pertencem à Bacia Hidrográfica do Alto Paraguai. Somadas,
perfazem 15.741,3 km², de um total de 28.046,17 km², correspondendo a
aproximadamente 56% de toda a Bacia do Alto Taquari (GOMES et al, 2011).
Apresentam como vegetação nativa predominante a Savana, com formação
vegetal que varia de densa a gramíneo-lenhosa.
Segundo Galdino et al. (2003), a sub-bacia do rio Jauru apresenta 71,25% de
sua superfície recoberta por areias Quartzosas, também denominada Neossolo
Quartzarênico Órtico, o que representa 16,01% dessa classe de solo em toda BAT.
Já a sub-bacia do rio Coxim mostra a maior parte de sua superfície, 33,07%,
recoberta por Argissolos Vermelho-Amarelos, correspondente a 43,76% da área
total de Argissolos Vermelho-Amarelos existentes na Bacia do Alto Taquari. As
areias quartzosas, os solos Litólicos e os Argissolos Vermelho-Amarelos são solos
classificados como de alta erodibilidade, ou seja, mais sujeitos à erosão, e recobrem
79,19% da superfície da BAT (GOMES et al., 2011, p.5), o que evidencia a elevada
suscetibilidade natural da área ao desenvolvimento de processos erosivos.
Devido à extensão das sub-bacias do Coxim e Jauru dentro da BAT,
características edáficas e de uso do solo, essas duas sub-bacias apresentam
grandes potencialidades na geração de impactos ambientais negativos relacionados
ao assoreamento do rio Taquari, na planície pantaneira.
Na Bacia do Alto Taquari, nos últimos 20 anos, observou-se a intensificação
dos processos erosivos, como consequência da expansão da fronteira agrícola, a
qual foi conduzida sem a definição de um planejamento que envolvesse não só as
35
atividades agropecuárias, mas também a questão ambiental. Como resultado dessa
situação, esta região apresenta uma aceleração da erosão na porção do planalto em
que se concentram as atividades agrícolas. Além disso, o processo de transporte e
acúmulo de sedimentos na região da planície pantaneira tem sido submetido a
modificações que terão consequências imprevisíveis, caso não sejam definidas e
implementadas ações corretivas.
Segundo Mato Grosso do Sul (1995a), apud Oliveira et al., (2002, p.3), o rio
Coxim está inserido em região com forte agricultura (principalmente soja) e recebe
maior carga orgânica em relação ao alto rio Taquari (efluentes domésticos, onde
predominam as indústrias de laticínios, frigoríficos e criação de suínos), o que deve
estar associado a maiores entradas de nutrientes e sedimentos, se comparados aos
rios Jauru e Taquari.
No município de Coxim aproximadamente 60% das terras se encontram
antropizadas, principalmente pela atividade agropecuária, enquanto que 40%
apresentam certo grau de preservação (AMARAL, 2012).
Em São Gabriel do Oeste, outro município inserido nas sub-bacias do Coxim
e Jauru, a introdução da cafeicultura associada à fertilidade das terras atraíram para
a região grande número de colonos (BACANI, 2010).
A ocupação das terras e alteração do uso de solo, sempre é precedida de
desmatamentos, realizados muitas vezes à margem da legislação vigente, em que a
vegetação nativa muitas vezes é substituída por pastagem, que sem os devidos
cuidados podem se tornar áreas degradadas (pastagens degradadas) e potenciais
fontes de carreamento de sedimentos.
Na BAT, em 1994, segundo Abdon (2004), 88,5% da vegetação natural
suprimida estavam convertidas em pastagens cultivadas para o gado e o restante
em áreas agrícolas. Em 2000, segundo Silva (2003), as pastagens cultivadas para o
gado representavam 88,3% do total da área desmatada, sendo o restante destinado
para agricultura. Entre 1990 e 1998, o Estado de Mato Grosso do Sul, estado de
tradição agropecuária, apresentou desenvolvimento 25% mais acelerado que a taxa
acumulada de crescimento do Brasil (PORTALBRASIL, 2003, apud SILVA et al.,
2006).
Em 1977 as lavouras e as pastagens cultivadas ocupavam apenas 3,4% da
Bacia do Alto Taquari (OLIVEIRA et al., 1997, apud GALDINO et al., 2006). Em 2000,
36
as áreas ocupadas pela agropecuária correspondiam a 61,9% da superfície da BAT
(SILVA, 2003).
Em se tratando de áreas com características físicas susceptíveis a processos
erosivos, como a bacia do Alto Taquari, o aceleramento do desmatamento e a
exploração dessas novas fronteiras agrícolas a partir da década de 70 fizeram com
que a ocupação das sub-bacias do Rio Coxim e Jauru se tornasse um importante
fator a ser considerado na evolução e no aceleramento do assoreamento do Rio
Taquari.
3.5 Suscetibilidade à erosão
A erosão é um processo natural e ocorre mesmo em ecossistemas em
equilíbrio. A intervenção humana eleva a taxa de incidência desse processo gerando
a “erosão acelerada” (BERTONI & LOMBARDI, 1990, apud GALDINO et al., 2006).
Esse fenômeno assume grande importância em razão da rapidez de seu
desencadeamento e pelos grandes prejuízos acarretados não só para a exploração
agropecuária, mas também para diversas outras atividades econômicas e para o
meio ambiente (GALDINO et al., 2006, p.105).
A bacia do alto Taquari é uma das regiões que apresentam os maiores
potenciais erosivos da bacia do alto Paraguai. O PCBAP (RISSO et al., 1997, apud
GALDINO 2004) estimou em 315,6 t ha-1 ano-1 a perda de solo potencial média na
BAT. Segundo classificação hídrica proposta pela FAO, UNEP E UNESCO (1980)
citada por Galdino et al. (2004), áreas com perdas de solo superiores a 200 t ha-1
ano-1 são consideradas de grau de erodibilidade muito altas.
Essa suscetibilidade torna essa região uma das prioridades ambientais no
que se refere às ações fiscalizatórias do IBAMA no estado do Mato Grosso do Sul,
tendo em vista que essa perda de solo é a responsável pelo assoreamento do Rio
Taquari.
As ações fiscalizatórias são realizadas anualmente e visam coibir os
desmatamentos irregulares no Estado, incluindo aí os polígonos situados na BAT.
Especificamente para a segunda etapa da operação SOS Taquari, a fiscalização
37
teve como objetivo a identificação de áreas nas quais foram identificados processos
erosivos, para posterior adoção de medidas administrativas de cobrança de
reparação ou recuperação.
Nesse contexto, visando o planejamento logístico das ações de fiscalização,
foram elencadas pelo Núcleo de Geoprocessamento do IBAMA em Campo Grande,
as regiões dentro da Bacia do Alto Taquari, por ordem de número de polígonos
indicativos de processo erosivo, tendo sido selecionados 414 polígonos, dos quais
252 se encontravam na sub-bacia do Rio Coxim e 113 na sub-bacia do Jauru,
conforme Tabela 3 e Figura 13.
Tabela 3 – Polígonos indicativos de processo erosivo na BAT
Sub-bacia Número de Polígonos Área erodida (ha)
Coxim 252 2.479,4
Jauru 113 817,6
Alto Taquari 49 573,8
Fonte: Núcleo Geoprocessamento SUPES/IBAMA/MS.
Figura 13 – Mapa indicativo de processo erosivo na BAT.
38
O levantamento, embora realizado de forma empírica, indicou maior
concentração de polígonos nas Sub-bacias dos rios Coxim e Jauru em relação ao
restante da Bacia do Alto Taquari, tanto em número de polígonos quanto em
tamanho de área total erodida em hectares, levando ao questionamento sobre
realidade e efetividade da hipótese de maior contribuição das Sub-bacias do Coxim
e Jauru, apontadas nas análises de satélite que motivaram o redirecionamento das
ações fiscalizatórias para as sub-bacias do Coxim e Jauru. Porém, faz-se necessário
uma abordagem científica embasada em estudos já realizados para justificar esse
redirecionamento dos alvos e priorização de ações fiscalizatórias.
Conforme já citado, empregou-se a equação Universal de Perda de Solo
(Universal Soil Loss Equation - USLE) para estimar a perda de solo, em t ha-1 ano-1.
Os valores C e P foram considerados como unitários, o que representa a
condição de uma área mantida continuamente descoberta e sem a adoção de
prática conservacionista de solo (GALDINO et al., 2004, p.128) (Figura 14 e 15).
Figura 14 – Pastagem degradada na sub-bacia do Coxim. Imagem CEBERS-2B com
indicação dos pontos 1 e 2 representados nas fotografias B e C. Ponto C situado nas coordenadas geográficas 19º23'57.9''S 53º59'29.5''W em 25.05.2009. Fonte: Luciano et al., 2009.
39
Figura 15 – Pastagem degradada na sub-bacia do Coxim e assoreamento de curso d’água. Imagem CBERS-2B (Ponto 3). B- Pastagem degradada com mancha de solo exposto. C- Ribeirão Mandioca assoreado. Ponto 19º12'20.2''S 54º02'13.4''W 26.05.2009. Fonte: Luciano et al., 2009.
Segundo Galdino et al. (2004), os valores dos coeficientes de variação dos
fatores R, K e LS foram calculados a partir da média e do desvio padrão ponderado
pelas áreas de ocorrência, em que o fator LS apresentou o maior coeficiente de
variação (36,8%), seguido do fator K (7,6%) e a erosividade das chuvas, que
apresentou a menor variação (4,4%). Com base nestes dados, conclui-se que o
relevo da BAT, é o fator que mais contribui para a erosão potencial hídrica laminar
desta bacia.
A Tabela 4 representa a perda anual de solos em toneladas por hectare nas
sub-bacias do Alto Taquari e os fatores R, K, LS.
Embora o relevo tenha sido o fator de maior relevância na perda de solos na
Bacia do Alto Taquari, o mesmo fator não foi tão expressivo nas sub-bacias do
Coxim e Jauru, que apresentam topografia menos acidentada que as do Taquari e
Taquari-mirim, conforme demonstrado na Tabela 4, onde os fatores LS são
inferiores a 2. Em termos de perdas de solo essa diferença pode ser estimada, por
exemplo, quando comparadas às sub-bacias do Coxim e Taquari-mirim, que
possuem as mesmas perdas potenciais de solo (A), utilizando para isso o mesmo
valor do fator topográfico (LS) do Taquari-mirim para as duas sub-bacias, nesta
40
situação o aporte de sedimentos proveniente da perda de solos da sub-bacia do
Coxim seria em torno de 758,7 t h-1ano-1, portanto representando um acréscimo de
151,7 t h-1ano-1.
Tabela 4 – Valores médios do fator topográfico LS da USLE e de perda de solo potencial (A) nas sub-bacias e nas da bacia do alto Taquari
Sub-bacia Fator R
(Mj mm ha-¹ano-¹)
Fator K
(t h Mj-1 mm-1) LS
A
(t ha-1 ano-1)
Coxim 7.441,1 0,032 1,81 638,7
Jauru 8.218,0 0,043 1,60 544,2
Taquari 8.139,0 0,035 2,15 631,0
Taquari Mirim 7.348,4 0,038 2,24 638,7
Fonte: Galdino et al., (2004).
Esses valores indicam que as variáveis que mais influenciaram a perda de
solos nestas sub-bacias foram as práticas conservacionistas, o uso e o manejo do
solo, enquanto que na sub-bacia do rio Jauru o fator K ou erodibilidade do solo
apresentou maior contribuição.
Nesse contexto as intervenções relacionadas ao uso e à ocupação do solo,
bem como as práticas conservacionistas em toda BAT são meios pelos quais os
órgãos de controle e fiscalização podem exercer influência na diminuição dos
sedimentos transportados pelo rio Taquari, ao contrário dos parâmetros K
(erodibilidade dos solos), R (erosividade da chuva) e LS (fator topográfico) da
equação Universal de Perda de Solo, já que esses são fatores relacionados a
aspectos do meio físico, sobre os quais poucas ou nenhumas medidas podem ser
tomadas para minimizar os efeitos da perda de solo.
Somadas as sub-bacias dos rios Coxim e Jauru apresentam perda de solos
significativa, sugerindo que a ocupação, o uso e o manejo e a recuperação dessas
regiões são prioritários para minimizar os impactos relativos ao assoreamento do Rio
Taquari.
41
3.6 Transporte de sedimento
O rio Taquari, como muitos outros rios, apresenta três zonas em relação à
distribuição de sedimentos: a zona da alta bacia (Alto Taquari), em que predominam
os processos erosivos, de forte degradação; a zona intermediária no Pantanal
(médio Taquari), em que predomina o transporte de sedimentos, sendo uma zona de
transferência na qual o rio apresenta meandros; e a zona baixa, em que predomina
a formação de depósitos, onde há uma forte agradação (CARVALHO, 1994).
Em trabalhos realizados por Oliveira et al. (2002) foram obtidos os resultados
mostrados nas Tabelas 5 e 6, a partir de amostragens realizadas nos meses de abril,
agosto e dezembro de 1995; janeiro, junho, agosto e novembro de 1996 e janeiro e
abril de 1997, para os parâmetros de Vazão (m3/s), cargas de Nitrogênio Total (NT),
Fósforo Total (PT) e Sólidos em suspensão Totais (SST) (ton./dia) na alta bacia do
rio Taquari (rios Taquari, Coxim e Jauru).
Os dados na Tabela 5 indicam que o rio Taquari apresentou maior carga de
sólidos suspensos (toneladas/dia) no período de vazante proveniente do próprio rio
Taquari seguido do rio Coxim e Jauru, o que está relacionado à sua maior vazão.
Tabela 5 – Vazão (m³/s), cargas de Nitrogênio Total (NT), Fósforo Total (PT) e Sólidos em suspensão Totais (SST) (ton./dia) na bacia do rio Taquari (rios Taquari, Coxim e Jauru) no período de dezembro/95 a maio 97
Local Vazante/Seca Enchente/Cheia
Vazão NT PT SST Vazão NT PT SST
Rio Taquari 158,6 2,5 0,7 2.174,8 289,2 7,9 2,3 4.398,5
Rio Coxim 53,3 0,9 0,5 1.700,9 141,2 3,8 1,6 6.793,2
Rio Jauru 58,4 0,8 0,5 756,1 117,7 2,7 1,7 3.575,5
Fonte: Oliveira et al., 2002.
Entretanto, com aumento em 164,9% na vazão do rio Coxim no período de
cheia observa-se que este superou o Taquari na carga de sólidos suspensos totais,
representando contribuição expressiva de material alóctone no corpo d'água na
42
parte alta do rio Taquari, indicando que essa sub-bacia é responsável por razoável
aporte de sedimentos nesse período do ano.
Os resultados das amostragens observados na Tabela 6 demonstram maior
concentração de sólidos suspensos no rio Coxim, seguido do Jauru, principalmente
no período de cheias, o que sugere a importância dessas sub-bacias na contribuição
de sedimentos relacionada à erosão hídrica laminar decorrente da maior perda de
solos no período de chuvas.
Com relação a cargas dos nutrientes Fósforo e Nitrogênio, o Rio Taquari
superou os Rios Coxim e Jauru, tanto nas vazantes como nas cheias, o que se deve
à sua maior, já quando em comparação com as concentrações considerando as
concentrações dos nutrientes Nitrogênio e Fósforo o rio Coxim se destacou em
todos os parâmetros, seguido pelo rio Jauru que apresentou concentrações de
Fósforo total superiores ao Taquari na vazante e na cheia e concentrações de
Nitrogênio superiores nas vazantes.
Tabela 6 – Concentração de Nitrogênio Total - NT (μg/l), Fósforo Total - PT(μg/l) e Sólidos em suspensão totais - SST (mg/l), na alta bacia do rio Taquari (rios Taquari, Coxim e Jauru) no período de dezembro/95 a maio/97
Local Vazante/Seca Enchente/Cheia
NT PT SST NT PT SST
Rio Taquari 150,62 50,74 147,05 281,94 88,11 175,81
Rio Coxim 147,89 105,36 373,71 491,50 224,80 647,71
Rio Jauru 123,19 81,54 144,02 250,88 146,27 331,37
Fonte: Oliveira et al., 2002.
O destaque na concentração de Nutrientes do rio Coxim pode estar
relacionado segundo (MATO GROSSO DO SUL, 1995ª, APUD OLIVEIRA et al.,
2002) à presença de forte agricultura na região como também ao recebimento de
cargas orgânicas provenientes das indústrias de laticínios, suinocultura e frigoríficos,
o que também pode influenciar na elevação dos sólidos em suspensão.
No trabalho de Galdino et al. (2006), foram comparados resultados de
medições de vazão e concentração de sedimentos realizados entre abril de 1995 a
abril de 1997 por Padovani et al. (1998a) com amostras de 1977 a 1982. Os dados
43
foram obtidos do extinto Departamento Nacional de Obras e Saneamento – DNOS,
em que as amostras foram colhidas nos períodos hidrológicos de vazante, seca,
enchente e cheia, mais especificamente nos meses de abril, agosto, novembro e
janeiro, respectivamente.
As medições de aporte de sedimentos de abril e agosto de 1995 foram
realizadas no rio Taquari logo abaixo da confluência com o rio Coxim. As demais
medições foram realizadas separadamente nos rios Taquari, Coxim e Jauru,
conforme Figura 16.
Figura 16 – Pontos indicativos das seções de amostragem ao longo do rio Taquari. Fonte:
Padovani et al., 2006.
Em valores absolutos obtidos nos anos de 1995 a 1997 (Tabela 7),
considerando a vazão média, o rio Taquari contribui com 56% da carga de
sedimentos para o Pantanal superando o Coxim e o Jauru juntos. Entretanto, a
contribuição de cada sub-bacia ponderada pela sua respectiva área é um importante
dado a ser considerado.
Normalizando-se, então, os valores médios pela área de cada sub-bacia a
contribuição da concentração de sedimentos totais da sub-bacia do rio Coxim passa
de 45% (em números absolutos) para 48%. Em termos de vazão, o rio Taquari, que
representa 57% do total em termos absolutos, passa para 43%. Comparando-se a
descarga sólida total, o rio Taquari, responsável por 50% da produção do planalto
em termos absolutos, passa para 37% da contribuição quando os valores médios
são ponderados pela área de cada sub-bacia (PADOVANI, et al., 2006).
44
Tabela 7 – Valores de concentração de sedimentos em suspensão (C), vazão (Q) e descarga sólida de sedimentos totais (Qst) para saída das sub-bacias dos rios Coxim, Taquari e Jauru (Mato Grosso do Sul), no período de dez./95 a abr./97, evidenciando: Número amostral (n), valores máximos, médios, mínimos e desvio padrão (D.P)
Ano
Rio Coxim Rio Taquari Rio Jauru
C (mg/L)
Q (m³/s)
Qst (t/dia)
C (mg/L)
Q (m³/s)
Qst (t/dia)
C (mg/L)
Q (m³/s)
Qst (t/dia)
N° 7 7 7 7 7 7 7 7 7
Máximo 1.537 190 42.816 1.988 394 81.752 1.375 184 25.068
Média 998 81 12.910 633 233 21.245 607 97 8.106
Mínimo 540 48 3.770 220 131 3.531 199 38 981
D.P. 397 50 13.893 624 96 27.583 451 62 9.438
Fonte: Padovani al., 2006.
Assim, os resultados mostrados na Tabela 7 corroboram os resultados nas
amostras dos estudos de Oliveira, et al. (2002).
Segundo Galdino et al. (2006), o rio Coxim drena a região dos chapadões de
São Gabriel do Oeste, áreas que apresentam extensas monoculturas de grãos de
soja e milho. Por conta disso, este rio tem sido considerado como o maior produtor
de sedimentos para o Pantanal. Observando os valores médios de concentração em
suspensão, nota-se que o rio Coxim representa 45% do total, com valores mais
elevados que os rios Taquari e Jauru, individualmente.
O aporte de sedimentos do Planalto do Taquari para o Pantanal é
representado na Tabela 8, na qual são comparados parâmetros de concentração,
vazão e descarga sólida total de dados coletados de 1995 a 1997 por Padovani et al
(1998a) com as amostras referentes ao período de 1997 a 1982.
A comparação dos dados indica uma pequena diminuição da vazão média,
em torno de 6,7%, por outro lado houve um acréscimo de 15,2% da concentração de
sólidos em suspensão e 28,9% na descarga sólida total no Pantanal, demonstrando
a evolução da perda de solos na bacia do Alto Taquari justamente no período de
intensificação da ocupação na região.
45
Tabela 8 – Concentração de sedimentos em suspensão (C), vazão (Q) e descarga sólida de sedimentos totais (Qst) do Rio Taquari. Aporte do planalto para o Pantanal (Coxim, MS). Número amostral (N), valores máximos, médios, mínimos e desvio padrão (D.P). Dados do período de 77-88 (Extinto Departamento Nacional de Obras e Saneamento) e de 96-97 (Embrapa Pantanal)
Ano C (mg/L) Q(m³/s) Qst(t/dia)
77-82 95-97 77-82 95-97 77-82 95-97
N° 59 9 59 9 59 9
Máximo 2.369 1.374 879 769 129.512 120.643
Média 547 630 413 385 27.789 35.830
Mínimo 34 296 256 216 1.873 8.129
D.P. 507 364 182 182 26.567 37.061
Fonte: Padovani al., 2006.
3.7 Medidas de uso, conservação e proteção dos solos
A degradação do solo pode ser definida como sendo a deterioração de suas
propriedades químicas, físicas, morfológicas e biológicas; pela perda de volume e
estrutura por erosão e compactação; pela perda de fertilidade por erosão e manejo
inadequado (MACEDO et al., 1998).
A degradação do solo na bacia do Alto Taquari está mais relacionada a
perdas por processos erosivos (físicas), devido às suas características de relevo e
de solo, do que pela deterioração de suas propriedades químicas, embora a perda
de nutrientes esteja associada também à perda de solos.
Para o êxito na adoção de técnicas conservacionistas e de manejo e proteção
dos solos, essas características edáficas devem ser analisadas de forma criteriosa
para a adoção de um conjunto de ações que possibilitem não só a proteção do meio
ambiente, como também a recuperação da capacidade produtiva.
Na BAT, por exemplo, aproximadamente 46% da área é recoberta por solos
arenosos, cujas características físicas estão diretamente relacionadas a baixa
fertilidade, baixa capacidade de troca catiônica (CTC), baixa retenção de água e
maior erodibilidade, sendo fundamentais nesse tipo de solo a adoção de práticas
edáficas e vegetativas que visem fundamentalmente melhorar as características
46
físico-químicas do solo, como: adubação verde, química e orgânica, calagem,
controle de queimadas, plantio em nível, plantio direto, manejo adequado de
pastagem entre outros. Essas técnicas são a base para a implantação das práticas
mecânicas, como a implantação de terraços, bacias de acumulação e demais
estruturas de quebra da energia cinética ou desvio da água.
Entretanto, a remoção da vegetação nativa na bacia do Alto Taquari
associada à utilização e exploração dessas áreas, em grande parte não atentou para
esses cuidados, ocasionando aceleramento de perdas e transporte de sedimentos
para o rio Taquari e a para a Planície Pantaneira.
Por esta razão medidas corretivas devem ser adotadas para reverter esse
processo, seja por meio de ações fiscalizatórias, mudanças na legislação de uso do
solo ou principalmente por ações governamentais de incentivo a programas de
recuperação e preservação.
Em razão dos riscos associados aos impactos ambientais dessa problemática,
no ano de 2006, foi constituído pela Casa Civil da Presidência da República, um
grupo de trabalho interministerial com objetivo de definir e implantar ações para
promover a proteção e recuperação ambiental da Bacia hidrográfica do Taquari e
identificar ações estratégicas destinadas à proteção do Pantanal.
Neste trabalho a conservação do solo e da água no planalto foi um dos quatro
componentes a serem adotados para atingir o objetivo de definição e implementação
de ações para promover a proteção, a recuperação ambiental e o desenvolvimento
produtivo da bacia hidrográfica do Alto Taquari.
Mas, até a data da “Operação SOS TAQUARI” muito pouco foi realizado em
termos de medidas práticas para a recuperação e incentivo à conservação do
Taquari, o que motivou a intervenção judicial, embora ações fiscalizatórias concretas
e exitosas de combate ao desmatamento entre outros ilícitos sejam realizadas
sistematicamente pelo IBAMA do Mato Grosso do Sul.
47
4. CONCLUSÕES
A abertura de novas fronteiras agrícolas em áreas sensíveis e de alto
potencial de perda de solos como é o caso de toda bacia do Alto Taquari, demanda
maior preocupação e atenção visando minimizar as perdas relacionadas aos
processos erosivos, principalmente porque os impactos gerados na parte alta da
Bacia do Taquari influenciam no aceleramento do assoreamento do Rio Taquari na
Planície pantaneira, ameaçando o equilíbrio ecológico de um dos biomas
classificados pela Constituição Brasileira como Patrimônio Nacional.
Na BAT as sub-bacias dos rios Coxim e Jauru têm apresentado grande
contribuição no aporte de sedimentos no rio Taquari, principalmente quando se
considera a extensão territorial das duas sub-bacias. Esta contribuição se destaca
ainda mais nas estações de cheias, em que há uma elevação considerável dos
sólidos em suspensão nos rios Coxim e Jauru, em razão da ação das águas pluviais
na desagregação e no transporte de partículas de solo.
Esta perda de solos está, portanto, intimamente relacionada à sua ocupação,
ao uso e à perda da cobertura, intensificado a partir da década de 70, sugerindo que
a linha de atuação para a diminuição desse problema ambiental deve ser voltada ao
desenvolvimento de instrumentos legais relativos à recuperação de áreas degradada
e de incentivo à adoção de técnicas conservacionistas de proteção do solo, tais
como, manejo adequado de pastagem, priorização de atividades produtivas que
aumentam a cobertura do solo, plantio direto para incorporação de matéria orgânica
no solo, entre outras, além de medidas educativas com foco nos produtores rurais
por meio de implantação de programas de extensão rural e educação ambiental.
É claro que a atividade fiscalizatória exercida pelos órgãos ambientais é
importante instrumento de proteção do meio ambiente, já que as sanções aplicadas
exercem influência, através do exemplo e da dissuasão pelo medo da punição,
naqueles que intentam infringir a legislação ambiental, uma vez que a sensação de
impunidade associada à vantagem econômica imediata são estímulos à prática de
ilicitudes.
No entanto, a fiscalização por si só exerce influência limitada no que concerne
a infrações tipificadas na legislação e como agente de mitigação dos impactos
48
decorrentes da degradação do meio ambiente. Isto porque embora o aceleramento
do assoreamento no Rio Taquari seja consequência direta da degradação do solo,
em sua maior parte situado em áreas passíveis de exploração, não há
enquadramento legal na legislação, mais especificamente no Decreto Federal
6.514/2008, que estabeleça sanções ao proprietário rural por não adoção de
medidas de proteção do solo nessas áreas.
Na Bacia do Alto Taquari, a ineficácia da atividade fiscalizatória sem a
contrapartida da recuperação de áreas degradas e proteção do solo fica evidenciada
pela intensificação do assoreamento do rio Taquari mesmo com a realização de
exitosas operações de fiscalização voltadas para o combate ao desmatamento ilegal,
tanto no Pantanal como no Cerrado, realizadas praticamente todos os anos no
Estado do Mato Grosso do Sul.
Estas Operações fazem uso de tecnologias, como a utilização de SIG e
softwares de georreferenciamento de imagens de satélite, que otimizam os
resultados e a asseguram a sanção dos infratores, contribuindo com a geração de
processos de recuperação de áreas degradadas apenas quando as áreas afetadas
pela infração não são passíveis de exploração, ou seja, a maior parte das áreas não
é contemplada na obrigatoriedade de recuperação do dano, por se tratar de áreas
que se encontram fora de APP e/ou Reserva Legal.
Considerando que apenas 20% da vegetação nativa da bacia do Alto Taquari
devem ser preservadas a título de Reserva Legal, infere-se que 80% da vegetação
nativa, sem considerar as áreas de Preservação Permanente, poderiam ser
suprimidas legalmente. Portanto, sem os devidos cuidados e técnicas
conservacionistas estas áreas estão sujeitas a se tornarem áreas degradadas e
potencial fonte de aporte de sedimentos no Taquari e ainda assim estar fora do raio
de ação da Fiscalização Ambiental e do dever de recuperação.
Conclui-se, portanto, que o processo de intensificação do uso agropecuário
nas sub-bacias do Coxim e Jauru tem contribuído no aceleramento do processo de
assoreamento em todo Rio Taquari principalmente na Planície Pantaneira, sendo
fundamental para a mitigação desses impactos negativos a realização de programas
de recuperação das áreas degradadas e adoção de técnicas de manejo e
conservação do solo em todas as propriedades rurais, sejam elas em áreas
passíveis ou não de utilização.
49
Para isso mudanças na legislação, adoção de um rigoroso zoneamento
ambiental, desenvolvimento de programas de extensão rural com enfoque em
técnicas de proteção do solo, criação de mecanismos de incentivos financeiros e
valoração dos serviços ambientais prestados pelas propriedades rurais, seriam
importantes instrumentos para desacelerar o processo de assoreamento de rio
Taquari e da degradação ambiental de um importante bioma Brasileiro, o Pantanal,
que embora citado no artigo 225 § 4° da Constituição da República Federativa do
Brasil, como sendo um patrimônio nacional, não possui um regime jurídico próprio,
como é o caso da Mata Atlântica.
Dessa forma, a exploração do Pantanal e de áreas que estão diretamente
vinculadas à sua formação, mesmo quando dentro da legalidade, tem ocasionado
danos irreversíveis e, neste caso, mesmo com todos os recursos tecnológicos e
estruturais, muito pouco pode ser feito pela atividade de Fiscalização Ambiental.
50
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