ETNOCONHECIMENTO DE PESCADORES NO SISTEMA LAGO
GRANDE DE MANACAPURU
MANAUS - AMAZONAS
2011
PPG/CASA
UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS
PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-
GRADUAÇÃO
Programa de Pós-Graduação em Ciências do Ambiente
e Sustentabilidade na Amazônia – PPG/CASA
Mestrado Acadêmico
1
FABIANA CALACINA DA CUNHA
ETNOCONHECIMENTO DE PESCADORES NO SISTEMA LAGO
GRANDE DE MANACAPURU
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
graduação em Ciências do Ambiente e
Sustentabilidade da Amazônia PPG/CASA
como requisito para a obtenção do título de
Mestre em Ciências do Ambiente e
Sustentabilidade na Amazônia.
Orientadora: Profª Dra. Therezinha de Jesus Pinto Fraxe
Co-orientadora: Dra. Maria Gercilia Mota Soares
MANAUS – AMAZONAS
2011
2
FABIANA CALACINA DA CUNHA
ETNOCONHECIMENTO DE PESCADORES NO SISTEMA LAGO
GRANDE DE MANACAPURU
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
graduação em Ciências do Ambiente e
Sustentabilidade da Amazônia PPG/CASA
como requisito para a obtenção do título de
Mestre em Ciências do Ambiente e
Sustentabilidade na Amazônia.
Aprovada em 31 de agosto de 2011.
BANCA EXAMINADORA:
Prof. ª Dra. Therezinha de Jesus Pinto Fraxe
Universidade Federal do Amazonas
Prof. Dr. Henrique dos Santos Pereira
Universidade Federal do Amazonas
Prof. Dr. Manuel de Jesus Masulo da Cruz
Universidade Federal do Amazonas
3
Ficha Catalográfica
(Catalogação realizada pela Biblioteca Central da UFAM)
C972e
Cunha, Fabiana Calacina da
Etnoconhecimento de pescadores no sistema Lago Grande de
Manacapuru / Fabiana Calacina da Cunha. - Manaus: UFAM, 2011. 130 f.; il. color.
Dissertação (Mestrado em Ciências do Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia) –– Universidade Federal do
Amazonas, 2011.
Orientadora: Profª. Dra. Therezinha de Jesus Pinto Fraxe
Co-orientadora: Profª. Dra. Maria Gercilia Mota Soares
1. Etnoconhecimento 2. Pescadores 3. Manejo da pesca 4. Lagos
de várzea I. Fraxe, Therezinha de Jesus Pinto (Orient.) II. Soares,
Maria Gercilia Mota (Co-orient.) III. Universidade Federal do Amazonas IV. Título
CDU 639.312:39(811.3)(043.3)
4
Dedico às minhas queridas avós Edith Vieira e
Adelaide Calacina que mesmo eu estando
distante sempre se lembram de mim em suas
orações. Deram-me a força para continuar
essa jornada.
5
Agradecimentos
À minha família pelo amor, torcida e pela compreensão para com as minhas ausências
durante essa jornada.
À minha orientadora Dra. Therezinha Fraxe pela orientação, dedicação, paciência e
amizade. E, principalmente pela motivação sempre presente nos momentos decisivos.
À Dra. Maria Gercilia por estar sempre disponível para esclarecer minhas dúvidas, pelas
contribuições ao meu conhecimento que muito ajudaram no desenvolvimento de meu trabalho
e, especialmente, pela amizade. Obrigada pela dedicação, principalmente por ter contribuído
para minha formação acadêmica, compartilhando seus conhecimentos e possibilitando viver
e aprender sobre os desafios da pesquisa. Obrigada pela confiança creditada em mim.
Aos amigos do Laboratório de Biologia e Ecologia de Peixes do Instituto Nacional de
Pesquisas da Amazônia-INPA, que proporcionaram efetivamente o diálogo entre as áreas de
conhecimento e contribuíram de forma significativa para a consecução deste trabalho. Estes
amigos que além de conhecimentos, compartilharam bons momentos, boas conversas. Em
especial, Luiza Prestes, Renata Eiko, Davison Carneiro e Lucian Prestes.
Agradeço também aos amigos que conheci participando da SUB-REDE: Bases para a
Sustentabilidade da Pesca na Amazônia- BASPA.Compartilhamos momentos bons do
trabalho de campo, das decidas e subidas de barrancos na seca bem como a observação das
mais belas paisagens na enchente e cheia.
Agradeço aos professores do Programa de Pós-graduação em Ciências do Ambiente e
Sustentabilidade na Amazônia pelas contribuições acadêmicas.
6
Aos amigos Andréia, Railma, Hayla, Seu Carlinhos, Eduardo, Daniele Marian, Michele pela
força e idéias compartilhadas.
A FAPEAM pela concessão da bolsa que proporcionou a execução deste estudo.
E, por fim, quero agradecer aos pescadores, mulheres e crianças do Lago Grande de
Manacapuru que partilharam comigo momentos de suas vidas e que estiveram sempre
presentes e dispostos a participar deste estudo. Agradeço seus ensinamentos e pelas boas
conversas. A todos, sinceramente obrigada!
7
RESUMO
O trabalho investigou o etnoconhecimento dos pescadores sobre a pesca e bioecologia de
peixes para averiguar se o acervo dessas informações em sinergia com as informações
científicas podem ser utilizadas nas práticas de manejo da pesca. Para isso, o estudo foi
realizado em 7 comunidades no sistema Lago Grande de Manacapuru, AM, próximas aos
lagos São Lourenço e Jaitêua, onde é intensa a atividade pesqueira, sendo a principal fonte de
alimento para as famílias. O conhecimento dos entrevistados no Sistema se expressa através
da identificação dos locais e ambientes de pesca, onde discorrem sobre as pescarias, da época
e dos locais de reprodução, assim como dos movimentos migratórios de peixes permitindo
que esse conhecimento favoreça no estabelecimento de estratégias na captura do pescado. Em
geral, o acesso e a quantidade de locais para a realização das pescarias pelos moradores estão
relacionados com o ciclo hidrológico. Na enchente e cheia os peixes se espalham pela áreas
alagadas onde encontram locais de refúgio e alimentação, consequentemente os pescadores
buscam esses locais para pescar. Na vazante ou descida d’água devido o deslocamento dos
peixes para os ambientes mais profundos (poços, mãe do rio, canais passíveis de navegação),
os pescadores pescam nos locais considerados passagem dos peixes, tais como nas bocas e
furos. Na seca, a área alagada já está muito reduzida e a pesca concentra-se nos e poços dos
lagos que permanecem com água nessa época. Da mesma forma, o uso dos apetrechos
também está relacionado ao período do ciclo hidrológico e naturalmente com o peixe alvo da
pesca. Na enchente, cheia e seca, a maioria dos peixes capturados é residente, enquanto que
na vazante é migrador. Dentre os peixes mais capturados estão aqueles de maior valor
comercial, tais como tucunaré, curimatã e tambaqui. Os entrevistados também descreveram a
reprodução de 16 peixes e, para a maioria, a enchente é o principal período de desova. Os
pescadores citam como os principais locais de desova para os peixes residentes, os igarapés,
paranás e lagos no Sistema e, para os migradores, além dos igarapés dentro do Sistema, o rio
Solimões. Estas informações em sua maioria estão de acordo com aquelas relatadas na
literatura específica consultada. No que se refere aos movimentos migratório dos peixes, os
pescadores mencionam três movimentos os quais tem relação com ciclo hidrológico: o
movimento do peixe gordo, realizado pelo jaraqui (Semaprochilodus spp.); o movimento com
fins reprodutivos, realizado pela curimatã e o movimento com fins tróficos realizados pela
curimatã (Prochilodus nigricans) e tambaqui (Colossoma macropomum). Finalmente, é
possível concluir que o conhecimento dos pescadores, em sua maioria, estava de acordo com
a informação que consta na literatura consultada e ainda com o banco de dados BASPA,
indicando assim a importância da integração destes conhecimentos. Portanto, o conhecimento
destes pescadores é detalhado, consistente e relevante para o aprofundamento de questões
complexas que podem proporcionar novas pesquisas e contribuir para organização de
informação integrada que possa ser utilizada como subsídio para políticas públicas que
tratarem dos recursos pesqueiros.
Palavras-chave: etnoconhecimento, pescadores, reprodução de peixes, movimentos
migratórios, lagos de várzea.
8
ABSTRACT
This study investigated the ethnic knowledge of fishermen on fisheries and bio-ecology of
fish to assess wetter the collection of this information in synergy with the scientific
information can be used in practical fisheries management. For such, the study was conducted
in seven communities in the Great Lake System of Manacapuru, Amazonas, near St.
Lawrence and Jaitêua lakes where fishing activity is intense and the main source of food for
families. The knowledge of respondents in the system is expressed by the identification of
fishing locations and environments, where they discourse on fisheries, and the time of
breeding and sites, as well as the migratory movements of fish causing this knowledge to
favor the establishment of strategies to capture fish. In general, access to and the amount of
local fisheries to the achievement of the residents are related to the hydrological cycle. In full
flood and the fish spread throughout the wetlands where they find places of refuge and food,
hence the fishermen seek out these places to fish. At low water or fall of water due to the shift
from fish to deeper environments (Wells, mother of river channels capable of navigation),
anglers fish in places considered passage of fish, such as the mouths and holes. During the dry
season, the flooded area is already very low and fishing is concentrated in lakes and wells
with water that remain at this time. Likewise, the use of fishing gear is also related to the
devices period of the hydrological cycle and of course the fish targeted by the fisheries. In the
flood, flood and drought the most fish caught is a resident, while the tide is migrating. Among
the most fish caught are those of greatest commercial value, such as peacock bass, and
tambaqui curimatã. Respondents also described the reproduction of 16 fishes, and for the most
of the flooding it is the main spawning period. Fishermen cite as the main spawning grounds
for fish residents, the streams, and lakes paranás System, and the addition of migratory
streams into the system, the Solimões River. This information mostly agree with that reported
in the relevant literature consulted. With regard to the movements of migratory fish, the
fishermen mentioned three movements which are related to the hydrological cycle: the
movement of fatty fish, carried out by jaraqui (Semaprochilodus spp.), The movement for
reproductive purposes, and the motion carried with the curimatã purposes made by trophic
curimatã (Prochilodus nigricans) and tambaqui (Colossoma macropomum). Finally, we
conclude that the knowledge of fishermen, mostly agreed with the information contained in
the literature and with the database BASPA, thus indicating the importance of integrating
knowledge. Therefore, knowledge of these fishermen is comprehensive, consistent and
relevant to the deepening of complex issues that can provide new research and contribute to
the organization of integrated information that can be used as a subsidy for public policies that
deal with fish stocks.
Keywords: ethnic knowledge, fishermen, fish breeding, migration, floodplain lakes.
9
LISTA DE FIGURAS
Figura 01
Localização dos lagos Jaitêua e São Lourenço, integrantes do lago
Grande de Manacapuru, Amazonas, Brasil.
(2008)........................................................................................................
33
Figura 02 Flutuação do nível da água do Rio Solimões. Fonte: CPRM extraído de
SOARES et al., 2009...............................................................................
34
Figura 03
Localização das comunidades no Sistema lago Grande de Manacapuru,
Manacapuru, AM. ......................................................................................
35
Figura 04
Comunidade Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, Jaitêua de
Cima............................................................................................................
37
Figura 05
Comunidade Assembléia de Deus Tradicional, Jaitêua de
Cima...........................................................................................................
37
Figura 06
Comunidade Assembléia de Deus, Jaitêua de Cima. Fonte: BASPA,
2008...........................................................................................................
38
Figura 07
Comunidade de Santa Izabel, localidade de Jaiteua de
Cima..........................................................................................................
38
Figura 08
Comunidade de Santo Antônio, Jaitêua de
Baixo..........................................................................................................
39
Figura 09
Comunidade Nossa Senhora Perpétuo Socorro,
Cajazeiras..................................................................................................
40
Figura 10
Comunidade Nossa Senhora Aparecida,
Cajazeiras....................................................................................................
40
Figura 11
a) Mapeamento participativo com os pescadores para o delineamento
dos movimentos migratórios mais citados ; b) mapa elaborado por
pescadores sobre o movimento dos peixes e ambientes da paisagem
local...........................................................................................................
45
Figura 12
Georreferenciamento dos movimentos dos peixes: pescador indicando
os caminhos dos peixes....... .......................................................................
46
Figura 13
Participação da família no prepraro da farinha: a) homem torrando a
farinha; b) criança participando do processo de preparo da farinha.
...................................................................................................................
49
Figura 14
a) Pescador da localidade de Jaitêua de Cima; b) gado no pasto na
localidade de Jaitêua de Cima..................................................................
50
10
Figura 15 Peixes mais capturados pelos entrevistados no período da enchente no
Sistema Lago Grande de Manacapuru, AM.
...................................................................................................................
54
Figura 16
Peixes mais capturados pelos entrevistados no período da cheia, no
sistema Lago Grande de Manacapuru, AM.
..................................................................................................................
55
Figura 17
Peixes mais capturados pelos entrevistados no período da vazante, no
sistema Lago Grande de Manacapuru, AM.
...................................................................................................................
56
Figura 18
Peixes mais capturados pelos entrevistados no período da seca, no
sistema Lago Grande de Manacapuru, AM Fonte:
BASPA...................................................................................................
57
Figura 19
Ambientes de pesca no período da enchente no Sistema Lago Grande de
Manacapuru, AM.....................................................................................
64
Figura 20
Ambientes de pesca no período da cheia no Sistema Lago Grande de
Manacapuru, AM.......................................................................................
65
Figura 21
Ambientes de pesca no período da vazante no Sistema Lago Grande de
Manacapuru, AM....................................................................................
66
Figura 22
Ambientes de pesca no período da seca no Sistema Lago Grande de
Manacapuru, AM......................................................................................
67
Figura 23
Locais de desova de acordo com os períodos do ciclo hidrológico de
peixes residentes e migradores citados pelos entrevistados no Sistema
Lago Grande Manacapuru,
AM............................................................................................................
87
Figura 24 Locais de desova de acordo com os períodos do ciclo hidrológico de
peixes migradores citados pelos entrevistados no Sistema Lago Grande
Manacapuru...............................................................................................
88
Figura 25
a) tronco e vegetação aquática em igarapé; b) capins e folhas no
Igarapé...................................................................................................
88
Figura 26
Locais de reprodução citados pelos entrevistados do Sistema Lago
Grande de Manacapuru, AM................................................................
92
Figura 27
Movimento de peixe gordo, jaraquis, saída de peixes no Sistema Lago
Grande de Manacapuru, AM. …………………………………............
97
Figura 28
Movimento para reprodução, curimatã, saída de peixes no Sistema Lago
Grande de Manacapuru,
AM…………………………………......................................................
99
11
Figura 29
Movimentos para fins tróficos, curimatã, entrada de peixes no Sistema
Lago Grande de Manacapuru, AM.
……………………………………........................................................
101
Figura 30
Movimentos para fins tróficos, curimatã e tambaqui, entrada de peixes no
Sistema Lago Grande de Manacapuru, AM………………......................
103
12
LISTA DE TABELAS
Tabela 1
Número de famílias e infraestrutura das comunidades no Jaitêua de
Cima, Sistema Lago Grande de Manacapuru, AM.................................
36
Tabela 2
Número de famílias e infraestrutura das comunidades na localidade de
Cajazeiras, Sistema Lago Grande de Manacapuru, AM. .......................
39
Tabela 3
Peixes mais citados pelos entrevistados no Sistema Lago Grande de
Manacapuru,AM. N= número de citação; %= percentagem das
citações. Fonte: Banco de dados BASPA (2009) e pesquisa de campo
(2010)......................................................................................................
44
Tabela 4
Perfil socioeconômico dos entrevistados nas comunidades do Sistema
Lago Grande de Manacapuru, AM..........................................................
48
Tabela 5
Modalidades de pesca nas três localidades, Cajazeiras, Jaitêua de
Baixo e Jaitêua de Cima..........................................................................
52
Tabela 6
Classificação dos ambientes aquáticos pelos entrevistados e os
registros encontrados na literatura específica..........................................
59
Tabela 7
Número (N) e percentagem (%) de citações dos pescadores (etno) e
conhecimento científico (cient) sobre época de reprodução de 16
peixes no sistema Lago Grande de Manacapuru, AM............................
69
Tabela 8
Etnoconhecimento e literatura específica sobre local e época de
desova do acará-açú. ..............................................................................
70
Tabela 9
Etnoconhecimento e literatura específica sobre local e época de
desova do aruanã. ..................................................................................
71
Tabela 10
Etnoconhecimento e literatura específica sobre local e época de
desova do bodó........................................................................................
72
Tabela 11
Etnoconhecimento e literatura específica sobre local e época de
desova da pescada...................................................................................
73
Tabela 12
Etnoconhecimento e literatura específica sobre local e época de
desova da piranha-caju............................................................................
74
Tabela 13
Etnoconhecimento e literatura específica sobre local e época de
desova do pirarucu..................................................................................
75
Tabela 14
Etnoconhecimento e literatura específica sobre local e época de
desova do tamoatá...................................................................................
76
13
Tabela 15 Etnoconhecimento e literatura específica sobre local e época de
desova da traíra. ....................................................................................
77
Tabela 16
Etnoconhecimento e literatura específica sobre local e época de
desova do tucunaré..................................................................................
78
Tabela 17
Etnoconhecimento e literatura específica sobre local e época de
desova do aracú.......................................................................................
79
Tabela 18
Etnoconhecimento e literatura específica sobre local e época de
desova da branquinha..............................................................................
80
Tabela 19
Etnoconhecimento e literatura específica sobre local e época de
desova do curimatã..................................................................................
82
Tabela 20
Etnoconhecimento e literatura específica sobre local e época de
desova dos jaraquis..................................................................................
83
Tabela 21
Etnoconhecimento e literatura específica sobre local e época de
desova dos matrinxã................................................................................
84
Tabela 22
Etnoconhecimento e literatura específica sobre local e época de
desova do pacu........................................................................................
85
Tabela 23
Etnoconhecimento e literatura específica sobre local e época de
desova do tambaqui.................................................................................
86
Tabela 24
Conhecimento dos pescadores sobre período reprodutivo de peixes no
Sistema Lago Grande, portarias e instruções normativas do IBAMA
referente ao período de defeso e informações científicas sobre a
biologia reprodutiva de peixes................................................................
91
Tabela 25
Conhecimento dos pescadores entrevistados sobre os movimentos de
três peixes migradores no Sistema Lago Grande Manacapuru, AM…...
94
Tabela 26
Pontos Georreferenciados dos movimentos migratórios de peixes no
Sistema Lago Grande de Manacapuru, AM............................................
104
14
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO............................................................................................................ 16
2 REFERENCIAL TEÓRICO...................................................................................... 18
2.1 CONSIDERAÇÕES SOBRE A PESCA NO BRASIL............................................... 18
2.2 A PESCA NA AMAZÔNIA........................................................................................ 18
2.2.1 A pesca até a década de 60 ................................................................................... 19
2.2.2 A pesca no período dos governos militares........................................................... 21
2.2.3 Marco legal da nova lei da pesca........................................................................... 22
2.2.4 Modalidades de pesca existentes na Amazônia.................................................... 23
2.3 O ESTUDO DO CONHECIMENTO DAS POPULAÇÕES LOCAIS:
DIFERENTES ABORDAGENS SOBRE A RELAÇÃO POPULAÇÃO
HUMANA E RECURSOS NATURAIS..................................................................
25
2.3.1 O etnoconhecimento de pescadores e a conservação do recurso pesqueiro..... 27
2.4 CONSIDERAÇÕES SOBRE REPRODUÇÃO E MIGRAÇÃO DE PEIXES........... 29
2.4.1 Reprodução de peixes............................................................................................. 29
2.4.2 Migração de peixes.................................................................................................. 31
3 METODOLOGIA....................................................................................................... 32
3.1 ÁREA DE ESTUDO................................................................................................... 32
3.1.1 Município de Manacapuru..................................................................................... 32
3.1.2 Sistema Lago Grande de Manacapuru.................................................................. 32
3.1.2.1 Aspectos ecológicos.............................................................................................. 32
3.1.2.2 As comunidades do Sistema Lago Grande de Manacapuru................................. 35
3.2 MÉTODOS E TÉCNICAS DE COLETA DE DADOS.............................................. 40
3.2.1 Métodos................................................................................................................... 40
3.2.2 Etapas da pesquisa................................................................................................. 41
3.2.3 Sujeitos da pesquisa............................................................................................... 42
3.3 TÉCNICAS DE COLETA E ANÁLISE DOS DADOS............................................ 42
3.3.1 Perfil socioeconômico dos entrevistados, modalidades de pesca, espécies
capturadas e locais de pesca utilizados no ciclo hidrológico..............................
43
3.3.2 Etnoconhecimento dos pescadores sobre o período reprodutivo de peixes..... 43
3.3.3 Etnoconhecimento dos pescadores sobre o movimento de peixes..................... 44
3.4 OBSERVAÇÃO PARTICIPANTE............................................................................ 46
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO................................................................................. 47
4.1 PERFIL SOCIOECONÔMICO DOS ENTREVISTADOS....................................... 47
4.2 ETNOCONHECIMENTO DOS ENTREVISTADOS SOBRE A PESCA E
PEIXES NO SISTEMA LAGO GRANDE DE MANACAPURU..................................
51
4.2.1 Modalidades de pesca............................................................................................ 51
4.2.2 Peixes capturados nas pescarias........................................................................... 53
4.2.3 Local de pesca......................................................................................................... 58
4.3 ETNOCONHECIMENTO DOS ENTREVISTADOS SOBRE REPRODUÇÃO DE
PEIXES............................................................................................................................. .
68
4.3.1 Contribuição da biologia reprodutiva dos peixes do SLGM à legislação
pesqueira...........................................................................................................................
89
15
4.4 ETNOCONHECIMENTO DOS ENTREVISTADOS SOBRE MOVIMENTOS DE
PEIXES......................................................................................................................
93
4.4.1 Movimento do peixe gordo (saída dos peixes do Sistema)................................. 95
4.4.2 Movimento com fins reprodutivos (saída dos peixes do Sistema)..................... 98
4.4.3Movimento com fins tróficos ( entrada de peixes no Sistema)............................ 100
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS...................................................................................... 106
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS..........................................................................
109
ANEXOS........................................................................................................................... 126
16
1 INTRODUÇÃO
A Amazônia possui uma grande variedade de ecossistemas terrestres e aquáticos que
proporciona habitats para inúmeros organismos. Dentre eles destacamos os biótopos aquáticos
que abrigam uma rica ictiofauna, estimada em cerca de 3000 espécies. Isto representa 30%
dos peixes de água doce do mundo e 75% do Brasil (COHEN, 1970; REIS et al., 2003). E,
diante disso, é detentora da maior sociobiodiversidade sendo considerado um dos biomas mais
produtivos do planeta sendo, portanto, foco de atenção de todos (SANTOS e SANTOS,
2005). A biodiversidade, nos termos da ciência moderna, está circunscrita ao entendimento da
variabilidade de organismos vivos que fazem parte de ecossistemas terrestres, marinhos e
outros ecossistemas aquáticos, assim como os complexos ecológicos de que fazem parte,
considerando ainda a diversidade dentro de espécies, entre espécies e de ecossistemas (Artigo
2 da CONVENÇÃO SOBRE DIVERSIDADE BIOLÓGICA).
Diegues (2000) amplia a discussão sobre biodiversidade ao explicar que tal conceito
pertence ao domínio do natural e do cultural e remete a sociobiodiversidade. Este
entendimento está baseado na compreensão de que a sociobiodiversidade é, por sua vez, uma
construção social e cultural. Isso se dá a partir do reconhecimento de que os grupos humanos
podem nomear, classificar e manipular os recursos naturais. Mas, segundo ele, é por meio da
cultura que estes grupos entendem, representam mentalmente e manuseiam os recursos, que
possuem um valor de uso e um valor simbólico, sendo por isso capaz de estabelecer formas de
manejo. Diante dessas considerações, estes grupos humanos são reconhecidos como
detentores de conhecimentos detalhados sobre a sociobiodiversidade.
O peixe é um recurso natural de grande abundância e intensamente explorado na
região. Evidentemente, a existência dessa grande riqueza permite que esse recurso seja a
maior fonte de proteína para região, com consumo variando entre 369 a 600 g/ pessoa
(CERDEIRA et al., 1997; BATISTA et al., 2004). O peixe é importante não somente como
alimento, mas tem grande papel na economia regional, sendo comercializado nas feiras,
supermercados e ainda exportado tanto na forma de pescado semi-industrializado como na
comercialização de peixe ornamental.
A questão mais relevante do peixe na Amazônia talvez seja a sua acessibilidade para
as populações tanto para aquelas que habitam as áreas alagadas (rios, igarapés, lagos) como a
sua disponibilidade para as populações dos centros urbanos (CERDEIRA et al., 1997). E, um
ponto principal a considerar é que o desenvolvimento amazônico, crescimento populacional e
demanda por alimento, junto com outros impactos, tem reduzido as populações de peixes.
17
Ribeiro e Fabré (2005) destacam a grande importância que é conferida a pesca, pelas
comunidades e, principalmente pelos pescadores, que acumulam conhecimento detalhado em
relação à fauna íctica que exploram e manejam em um sistema de subsistência, organizando,
em muitos casos, modelos informais de manejo e de conservação do recurso. Diante disso, há
um crescente interesse em compreender as diferentes formas de apropriação do recurso
pesqueiro por parte das populações locais e como as suas interações com o ambiente podem
possibilitar um conhecimento detalhado sobre o recurso. Assim, para uma melhor
compreensão da dinâmica do uso dos recursos naturais e, em particular do recurso pesqueiro,
são necessárias abordagens que contemplem a interação existente entre os sistemas
ecológicos, sociais e culturais. Desse modo, estudos sobre o etnoconhecimento das
populações locais podem revelar caminhos profícuos para a compreensão e análise da relação
homem e ambiente. Mas, ainda são incipientes os estudos a respeito do conhecimento que os
pescadores possuem sobre o recurso pesqueiro na Amazônia e, principalmente sobre a
relevância destes conhecimentos para sua conservação. Isso tem relação com a elaboração de
propostas intervencionistas ou até mesmo de políticas públicas que necessita ouvir os agentes
que estão envolvidos na atividade (LEFF, 2000; CAVALCANTE, 1997; SACHS, 2002).
Nesse sentido, o resgate desse conhecimento tem implicações no meio social das
próprias populações ribeirinhas e muito mais se for associada ao conjunto de conhecimentos
técnico-científicos disponíveis. Nesse caso, a integração entre esses conhecimentos pode
preencher lacunas, em particular sobre a bioecologia de peixes, que permitirão desenvolver
estratégias de conservação e manejo mais adequadas para a Amazônia (DIEGUES, 2000;
CASTRO, 2000; COSTA-NETO et al., 2002; BATISTA, et al., 2004). Assim, o estudo
propõe registrar o etnoconhecimento dos pescadores sobre a pesca e a bioecologia de peixes
no Sistema Lago Grande de Manacapuru, para averiguar se o acervo de informações dos
pescadores em sinergia com as informações técnico-científicas pode ser utilizado como
subsídio para políticas públicas dos recursos pesqueiros, como por exemplo, o defeso. Para
isso, faz-se necessário compreender a atividade da pesca no sistema em foco. E com isso, foi
realizado o levantamento sobre o etnoconhecimento dos pescadores sobre as espécies de
peixes exploradas para consumo e comercialização; a descrição do conhecimento dos
pescadores sobre a reprodução e migração de peixes, identificando a época, locais de desova e
georreferenciando os movimentos migratórios dos peixes.
18
2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 CONSIDERAÇÕES SOBRE PESCA NO BRASIL
A pesca é uma das atividades mais antigas no país. Relatos dos primeiros viajantes
pela Amazônia descreveram a relação que as populações estabeleciam com seu ambiente
natural, destacando a pesca como uma das atividades essenciais para a obtenção de alimento
(VERÍSSIMO, 1970). Sem embargo, essa atividade tem na própria geografia do país, o fator
que propicia o seu desenvolvimento. Isso porque o Brasil apresenta um vasto litoral e
importantes bacias hidrográficas1 que contribuem para que aproximadamente quatro milhões
de pessoas dependam direta ou indiretamente, da atividade pesqueira (BORGHETTI, 2000).
De acordo com os dados do Ministério da Pesca e Aqüicultura (2008-2009), a
produção pesqueira no país atingiu em 2009 o valor de 1 240 813 t. Deste total, a região norte
contribuiu com 21%, ficando em terceiro lugar, enquanto que as regiões Nordeste e Sul
ficaram em primeiro e segundo lugar, respectivamente. Esses dados correspondem à produção
da pesca artesanal, industrial e aqüicultura.
2.2 A PESCA NA AMAZÔNIA
Conforme já mencionado no Brasil e, em particular na Amazônia, os aspectos
ecológicos e geográficos da região contribuem para a alta atividade da pesca. Barthem e Fabré
(2005, p.31) ressaltam que a várzea é de fundamental importância para a pesca na Amazônia
por apresentar áreas periodicamente alagadas por ciclos anuais regulares de rios de água
branca, ricos em sedimentos. O solo dessas áreas, submersos durante quase a metade do ano,
possuem alto teor de nutrientes que são constantemente renovados, sendo grande a
diversidade de espécies de vegetação, com alta biomassa (JUNK, 1989; AYRES, 2006).
A compreensão dos fatores que afeta o ciclo de vida dos organismos possibilita
perceber a complexidade principalmente no que diz respeito à ictiofauna da região, pois as
espécies apresentam estratégias de adaptações biológicas relacionadas às variações que
ocorrem no ciclo hidrológico. Compreender estas adaptações é questão imprescindível para o
entendimento da abundância e da composição dos recursos pesqueiros na região (BARTHEM;
FABRÉ, 2005).
1 Há no Brasil oito principais bacias hidrográficas: Amazônica, rio Paraná, rio Paraguai, Parnaíba, Araguaia-Tocantins, São Francisco, Uruguai e Paraíba do sul.
19
E, levando em consideração esses aspectos a atividade da pesca se destaca em relação
às demais regiões, devido a riqueza de peixes explorados, pela quantidade do pescado que é
capturado e ainda pela dependência da população tradicional a esta atividade (BARTHEM e
FABRÉ, 2005). Contudo, a pesca passou ao longo dos anos por processos de transformação e
intensificação, por meio de projetos que visavam transformar o sistema tradicional das
populações ribeirinhas em um sistema de alta produtividade e de caráter nacional (RUFFINO,
2005).
2.2.1 A pesca até a década de 60
Os registros históricos sobre a pesca na Amazônia consistem nas descrições dos
cronistas que acompanhavam as grandes expedições. Tais registros descrevem como os
habitantes nativos utilizavam o recurso pesqueiro na época. Nesse sentido, a compreensão da
longa trajetória da atividade da pesca nesta região e do consumo de peixes revela a
importância deste recurso para as populações locais tal como afirma Santos e Santos (2005):
“O próprio processo de colonização desencadeado a partir dos séculos XVII e XVIII e centrado ao longo do Solimões/Amazonas e de seus principais
tributários é, em certa medida, o reflexo da importância dos rios e dos
recursos pesqueiros na vida do homem amazônico” (p.165).
Desse modo, para resgatar essa trajetória serão evidenciados as narrativas citadas por
Veríssimo (1970) em sua obra A pesca na Amazônia. Tais narrativas trazem elementos e
informações que permitem resgatar a trajetória da pesca no processo de conquista da região. O
autor destaca que quando da chegada das expedições, os colonizadores depararam-se com
fartura de peixes na região que possibilitaram alimento necessário durante os percursos pelos
rios da Amazônia:
“O peixe foi sempre, então como hoje, mais ainda então que hoje, na
Amazônia, o principal desse alimento. A sua abundância, a habilidade com que os índios, tinham em pescá-lo, foram parte nessa obra verdadeiramente
admirável da fácil penetração dos portugueses sertões amazônicos adentro
[...]” VERÍSSIMO (1970), p. 90.
Os indígenas, nesse período, possibilitaram a partir de suas técnicas de captura que os
colonizadores tivessem acesso ao peixe e que dele pudessem se alimentar e levar reservas
durante as viagens. Esses indígenas passaram então a realizar as pescarias que ajudavam a
alimentar as escoltas das expedições como se observa no relato a seguir:
20
“Parados, à espera de uma canoa que havia se atrasado, ‘se mandou a fazer
pescaria nos muitos e grandes lagos que havia nas mesmas ilhas (do
Madeira) de que resultou copiosa abundância de peixe, com que se abasteceu toda a escolta’[...]” José Gonçalves da Fonseca citado por
VERÍSSIMO (1970, p. 90).
Não somente os peixes, mas também tartarugas, adultos e ovos, e o peixe-boi eram
utilizados como alimento para os povos nativos e para as escoltas que recorriam a estes para o
seu sustento durante as expedições. No entanto, muito antes da chegada dos portugueses, os
indígenas já utilizavam os peixes como fonte de proteína animal, além da caça. Veríssimo
(1970, p. 87) cita que o indígena da Amazônia tem no ambiente ao seu redor as condições
favoráveis:
“[...] a prodigiosa rede de canais- rios, furos e igarapés, igarapés-miris, lagos
ligados uns aos outros e aos rios próximos – que lhes oferecem o meio mais fácil, mais conveniente, mais propício as suas, aliás, resumidas,
necessidades da vida social [...]”.
Também, é através destes relatos que se encontram as descrições do apetrecho de
pesca utilizado pelos indígenas e a dinâmica do ciclo das águas. No que se refere ao apetrecho
utilizado pelos indígenas, Acuña citado por Veríssimo (1970) descreve: “[...] Era, porém com
as frechas [sic] que em todo tempo e ocasião apoderavam-se de quanto pescado sustentava o
rio. Disparavam-as com a mão com um instrumento especial que nela seguravam [...]” p.93. E
para a realização de tais pescarias não necessitavam percorrer grandes distâncias já que as
áreas próximas às residências constituíam os principais pesqueiros. Veríssimo (1970) afirma
não haver relatos de uso de malhadeira até o final do século XIX. Mas observou-se que os
indígenas já possuíam o puçá, uma espécie de rede em forma de sacos que eram feitos de
algodão ou das folhas da palmeira tucum sendo os de algodão os mais duráveis.
Com a formação das vilas e povoados e o crescimento populacional, aumentou-se a
demanda por alimentos na região. Atividades como a produção da borracha e o cultivo da juta
trouxeram imigrantes para a região e colocou em segundo plano o incentivo a atividade
pesqueira, fato que perdurou até a crise destas atividades. De acordo com Ruffino (2005) as
preocupações com a conservação dos recursos já era observada na época colonial e em
meados de 1912, com normas para evitar o uso de técnicas predatórias. Ainda neste ano, foi
criada a Inspetoria Federal de Pesca que, de acordo com o autor, passou a centralizar esta
atividade. Posteriormente, verificaram-se os incentivos do governo, com a criação da
21
Superintendência do Plano de Valorização da Amazônia, em 1953, para o desenvolvimento da
atividade pesqueira visando aumentar a produtividade.
2.2.2 A pesca no período dos governos militares
O breve resgate histórico da pesca permite visualizar as modificações ocorridas e sua
intrínseca relação com os planos de desenvolvimento econômico adotado pelo país,
principalmente a partir da década de 60. No plano político, o país iniciava nessa década um
período de governos militares que perdurou até meados da década de 80. Batista et al. (2004)
citam que a implementação de projetos desenvolvimentistas, como a “Operação Amazônia”2
ocasionou um crescimento urbano acelerado, aumento demográfico e ainda com a Criação da
Zona Franca de Manaus o estado do Amazonas sofreu significativas transformações, inclusive
na ampliação do mercado da pesca comercial. Portanto, a partir dessa intervenção
intensificou-se o processo de pesca industrial na região. Além da introdução do motor a
diesel, das fibras de nylon para redes de malhar, a instalação de frigoríficos contribuiu para
uma mudança qualitativa do potencial de pesca na região (RUFFINO, 2005; BARTHEM et
al., 1997).
Esse modelo de desenvolvimento trouxe conseqüências sociais, políticas e ambientais,
pois contribuiu para o acirramento dos conflitos sociais entre grupos com diferentes
capacidades de exploração do recurso pesqueiro e, principalmente, pela grande pressão
exercida sobre o recurso (RUFFINO, 2005). A necessidade de regulamentação exigia
conhecimento aprofundado sobre a dinâmica do recurso bem como das questões sociais e
econômicas envolvidas, ainda insuficientes na época, e isso acabou contribuindo para que até
1989 verificassem “ações isoladas, buscando-se, tão somente, a solução de problemas
pontuais decorrentes, na maioria dos casos de pressões político-ecológicas locais” (p.36).
Ainda de acordo com o autor, como conseqüência do declínio da produtividade pesqueira e da
falta de credibilidade governamental, proliferam conflitos de pesca na bacia Amazônica. O
autor destaca que a criação de regras de uso do recurso pesqueiro, não depende apenas dos
conhecimentos científicos, pois para ele necessita, sobretudo, da mediação de interesses
2 De acordo com Teixeira (2009), essa operação foi deflagrada na década de 60 com intuito de efetivar
a estratégia de integração da Amazônia ao desenvolvimento capitalista brasileiro, pautado pela compreensão da necessidade de ocupação iniciou uma remodelagem de incentivos fiscais para região e
ainda implementação de programas de investimento em infraestrutura.
22
sociais, econômicos e culturais. E, como respostas à falta de participação no processo formal
são verificadas iniciativas de manejo comunitário por meio de acordos de pesca3.
2.2.3 Marco legal da nova lei da pesca
A partir de 1989, diante das novas configurações econômicas e políticas com a
Constituição, a concentração urbana e a degradação dos recursos naturais verificou-se o início
de debates no âmbito nacional e internacional acerca da conservação dos recursos naturais.
Para a pesca, em específico, ocorreu a extinção da SUDEPE e a criação do Instituto Brasileiro
do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis-IBAMA, que passa também a
preocupar-se com a conservação do recurso pesqueiro (RUFFINO, 2005).
Porém, somente no ano de 2009 com a lei n o 11.958 de 29 de junho que importantes
modificações ocorreram no setor pesqueiro. Neste ano, foi criado o Ministério da Pesca e
Aquicultura, em substituição a Secretaria Especial de Aquicultura e Pesca (Lei 11.958/09).
Isso ocorreu em virtude da nova lei da pesca ter sido sancionada no referido ano. O setor até
então era regulado pelo decreto Lei 221, de 1967, conhecido como Código da Pesca, que
estava completamente defasado e não respondia mais às necessidades da atividade pesqueira
que havia passado por modificações ao longo dos anos. No antigo decreto temos referência
apenas aos pescadores profissionais, quando matriculados em Colônia e com RGP.
A nova Lei de Pesca destaca a necessidade de regulamentação e a conservação do
recurso pesqueiro, trazendo em seu texto o conceito de desenvolvimento sustentável,
conforme o artigo 3o:
Art 3o. Compete ao poder público a regulamentação da Política Nacional de
Desenvolvimento Sustentável da Atividade Pesqueira, conciliando o equilíbrio entre
o princípio da sustentabilidade dos recursos pesqueiros e a obtenção de melhores
resultados econômicos e sociais, calculando, autorizando ou estabelecendo, em cada caso:
I – os regimes de acesso;
II – a captura total permissível;
III – o esforço de pesca sustentável;
IV – os períodos de defeso;
V – as temporadas de pesca;
VI – os tamanhos de captura;
VII – as áreas interditadas ou de reservas;
VIII – as artes, os aparelhos, os métodos e os sistemas de pesca e cultivo;
3 O IBAMA considera o acordo de pesca como uma importante estratégia de administração pesqueira
que reúne um conjunto de normas específicas, decorrentes de tratados consensuais entre os diversos
usuários dos recursos pesqueiros de uma determinada área. (Instrução Normativa nº 29, de 31 de
dezembro de 2002).
23
IX – a capacidade de suporte dos ambientes;
X – as necessárias ações de monitoramento, controle e fiscalização da atividade;
XI – a proteção de indivíduos em processo de reprodução ou recomposição de
estoques. (artigo 3, Lei 11.958/09).
Outro aspecto importante é que esta nova lei dá visibilidade aos pescadores artesanais,
de subsistência e à aquicultura familiar bem como suas particularidades de forma a assegurar
a sua realização. Além disso, amplia o acesso aos créditos rurais, possibilitando assim meios
para que os pescadores possam obter financiamentos para melhorias na produção bem como
garantiu acesso a direitos previdenciários previstos aos trabalhadores rurais.
2.2.4 Modalidades de pesca existentes na Amazônia
Para uma melhor compreensão da atividade pesqueira na Amazônia utilizaremos a
classificação de Barthem et al. (1997) que destaca cinco modalidades, descritas a seguir:
A pesca de subsistência é praticada de forma artesanal pelos moradores da região e é
voltada para o consumo. Por outro lado, na pesca comercial o objetivo é a comercialização do
pescado capturado. O seu crescimento se deu em grande parte pelo aumento da demanda em
virtude do crescimento populacional, nos centros urbanos principalmente a partir da criação
da Zona Franca e ainda pelas modificações e introdução do motor a diesel, do melhoramento
na conservação do pescado e a utilização do náilon (BARTHEM et al, 2007; RUFFINO,
2005).
Na pesca industrial são utilizadas grandes embarcações com maior potencial de
captura. Essa atividade atende os grandes frigoríficos e é realizada, principalmente, na foz do
rio Amazonas e no litoral Amazônico, está voltada para exportação (BARTHEM et al, 2007).
A pesca ornamental é uma atividade comercial que vem se tornando uma importante
fonte de renda na região, sendo o Estado do Amazonas o principal produtor. Já a pesca
esportiva vem se expandindo na Amazônia, mas está relacionada com o lazer, turismo (idem).
Diante dessas considerações sobre as modalidades de pesca existentes é válido
mencionar as contribuições de Furtado (1993) que classifica tais modalidades em duas
categorias: a tradicional e a moderna. Deste modo, as modalidades de pesca tradicional e
moderna se distinguem devido à aplicação de técnicas e o uso de apetrechos de pesca que
24
podem ser mais ou menos eficazes. E, dependendo da intensidade do esforço de pesca podem
ou não contribuir para o aumento da pressão sobre os estoques dos recursos pesqueiros,
ocasionando a rápida diminuição ou a garantia e o controle de tais recursos. Essas
considerações são evidenciadas pela autora porque estas categorias reúnem um conjunto de
apetrechos de pesca, cujas características de uso têm uma relação com natureza do processo
de pesca.
A modalidade tradicional engloba algumas técnicas como a arpoagem, a fisga e a
espera e tais técnicas podem ser consideradas de baixo impacto aos recursos pesqueiros, pois
a sua natureza permite a manutenção, por conseguinte, a renovação dos estoques de peixes.
Por outro lado, a modalidade moderna dispõe de técnicas mais eficazes, com ênfase na
quantidade de peixes capturados e por isso utilizam grandes redes, malhadeiras, arrastão,
considerados por pescadores, principalmente os da modalidade artesanal, como predatórias,
pois retiram qualquer espécie de peixe não respeitando os períodos de reprodução. Em muitos
casos o peixe de menor interesse ao pescador é descartado. Pereira e Pinto (2001) corroboram
tais informações descrevendo que para os ribeirinhos a pesca predatória, refere-se ao uso
técnicas e utensílios que diminuem a possibilidade dos peixes escaparem da captura, ou ainda
aquelas que não selecionam as espécies de maior interesse ao pescador.
No contexto da pesca verificam-se diversos agentes sociais que desenvolvendo suas
atividades podem ser identificados, levando-se em consideração duas dimensões da atividade
de pesca (FURTADO, 1993). A primeira expressa que a pesca é realizada de forma
complementar as demais atividades produtivas, assegurando a manutenção do grupo familiar.
Enquanto que na outra a pesca configura-se como uma atividade central, ocupando grande
parte do tempo do pescador.
A partir destas dimensões, Furtado (1993) identifica os pescadores polivalentes e o
pescadores monovalentes. Os primeiros se caracterizam pela prática da atividade de pesca,
onde o recurso obtido (peixes) destina-se ao consumo familiar do que para comercialização,
indicando que além da pesca são realizadas outras atividades tais como agricultura,
extrativismo vegetal e animal. No que se refere aos pescadores monovalentes, a atividade
pesqueira é o centro de sua ocupação e, no tempo em que não está pescando, dedica-se ao
conserto de seus apetrechos de pesca. Assim, de acordo com a autora, a atividade da pesca é
prioritária e configura-se com a principal fonte de renda familiar. Diante disso, conclui-se que
a pesca na Amazônia é complexa e envolve uma diversidade de agentes sociais bem como
25
interesses notadamente diferenciados que implicam também na magnitude dos problemas
relacionados aos recursos pesqueiros.
Para alguns peixes, sobretudo os de maior importância comercial, tais como o
pirarucu (Arapaima gigas) e o tambaqui (Colossoma macropomum) (RUFFINO e ISAAC,
1994; ISAAC e RUFFINO, 1996) os dados indicam um cenário preocupante. Mas, ainda há
poucas informações científicas disponíveis sobre a pesca, sendo que apenas nos últimos 10
anos foram intensificadas as investigações que passaram a gerar dados sistemáticos sobre o
recurso pesqueiro, envolvendo a biologia, ecologia e ainda aspectos sociais e econômicos
(RUFFINO, 2005).
Finalmente, sabe-se que as informações sobre a ictiofauna, importantes para o manejo
são ainda insuficientes, apesar do grande esforço para obtenção de dados sistematizados de
pesquisadores e instituições de pesquisa, e nesse contexto, o conhecimento local dos
pescadores pode ser de grande utilidade (BEGOSSI et al., 2006). Também, informações sobre
o conhecimento local podem facilitar a concepção de novos modelos de conservação dos
recursos naturais (RIBEIRO e FABRÉ, 2003).
2.3 CONHECIMENTO DAS POPULAÇÕES LOCAIS: DIFERENTES ABORDAGENS
SOBRE A RELAÇÃO POPULAÇÃO HUMANA E RECURSOS NATURAIS
Estudos sobre o conhecimento das populações locais acerca dos recursos naturais
estiveram inicialmente relacionados à investigação dos conceitos e classificações, em grande
parte, desenvolvidos com povos indígenas (POSEY, 1987). Posteriormente, foi expandido
para as populações litorâneas, habitantes de rios e lagos no interior da Amazônia. E, durante
algum tempo o conhecimento local das populações não recebia a atenção devida. As
preocupações ambientais desconsideravam a importância do conhecimento dessas populações
para a conservação dos recursos. Isso resultou em propostas que muitas vezes não
assinalavam o capital cultural dessas populações, como foi o caso da criação dos primeiros
parques ao redor do mundo, que consideravam ser incompatível a permanência dessas
populações em áreas protegidas (DIEGUES, 2004). Porém, a partir da década de 80, esses
saberes passaram a ser valorizados na perspectiva de conservação da sociobiodiversidade.
No âmbito científico, o estudo dos saberes das populações locais vem sendo
intensamente realizado a partir da etnociência. A etnociência é “parte da lingüística para
26
estudar o conhecimento das populações humanas sobre os processos naturais, de forma a
descobrir a lógica subjacente ao conhecimento humano do mundo natural, as taxonomias e
classificações totais” (DIEGUES, 2004, p.78).
Estes conhecimentos por sua vez são criados e recriados no âmbito da sociedade em
que as populações se desenvolvem conforme Furtado (1993):
“O conhecimento do ambiente em que vive e a habilidade para fazer as coisas
para utilizar este ambiente à medida que vão sendo transmitidas e absorvidos
pelas gerações transformam práticas, hábitos de vida, modo de apreensão e apropriação da natureza com traços característicos do povo, no seio do qual
são desenvolvidos”. (p.199)
O saber responde por um entendimento formulado na experiência das relações com a
natureza, com o ambiente ao seu redor, através de diversas maneiras de perceber, representar
e agir sobre o território, possibilitando uma complexa adaptação a um meio ecológico e
formas de uso (CASTRO, 2000, p.169):
Suas atividades apresentam-se complexas, pois constituem formas múltiplas de relacionamento com os recursos, e é justamente essa variedade de
práticas que assegura a reprodução do grupo, possibilitando também uma
construção da cultura integrada à natureza e as formas apropriadas de
manejo.
E é com a valorização destes conhecimentos e das práticas desenvolvidas por estas
populações que se pode vislumbrar ações de uso e conservação dos recursos mais conectadas
e coerentes com a realidade local. Também pode ser resgatado e registrado tais
conhecimentos visto que, a grande pressão ocasionada pela demanda crescente do mercado
urbano-industrial, muitos dos conhecimentos encontram-se ameaçados (SILVANO, 2004).
Várias abordagens são utilizadas tais como a etnoecologia, etnobiologia e
etnoictiologia. A etnoecologia trata do conhecimento do ambiente, do conhecimento
tradicional da dinâmica do meio natural. Ou seja, busca compreender as percepções das
populações locais sobre os recursos naturais. Marques (1995) conceitua a etnoecologia “como
o estudo das interações entre a humanidade e o resto da ecosfera, através da busca da
compreensão dos sentimentos, comportamentos, conhecimentos e crenças a respeito da
natureza [...] p.37”. Já a etnobiologia é entendida como o conhecimento e das conceituações a
respeito do mundo natural e das espécies, enfatizando os conceitos e categorias das
populações estudadas (POSEY, 1987). E a etnoicitiologia trata do conhecimento que as
populações locais, dentre elas destacamos os pescadores, sobre os peixes. Conhecimento este
27
relacionado às estratégias de captura, nomenclatura, morfologia, reprodução e migração
(BEGOSSI et al.,1999). Embora existam subdivisões no que se refere ao estudo do
conhecimento das populações locais, o ponto em comum entre tais subdivisões é o fato de
todos estes estudos reconhecem que estes conhecimentos apresentam relevância social e
cultural. E, acima de tudo, por reconhecer nestas populações a riqueza e detalhamento de
informações e a importância destes para propostas de conservação dos recursos.
E, um dos primeiros trabalhos etnoecológicos foi realizado por Maranhão (1975) sobre
a classificação dos peixes feita por uma comunidade de pescadores do litoral cearense;
Marques (1995) realizou um estudo com pescadores no baixo São Francisco Alagoano sobre
as plantas e animais da várzea maritubana. No que se refere à etnobiologia podemos destacar
Posey (1987) que investigou os conceitos dos grupos indígenas dentro e entre as categorias
cognitivas.
2.3.1 O etnoconhecimento de pescadores e a conservação do recurso pesqueiro
A maioria desses estudos tem sido realizada em comunidades de pescadores artesanais
que atuam em regiões litorâneas com destaque para Begossi et al. (2005) que analisou a
etnotaxonomia de peixes em comunidade de pescadores da mata Atlântica, SP. Muitos outros
trabalhos fazem a descrição de recursos pesqueiros, como por exemplo, Souza e Barella
(2004) que analisaram a pesca artesanal exercida pelos pescadores na Estação Ecológica de
Juréia, em termo de composição de espécies, sazonalidade e produtividade das pescarias.
Fernandes Pinto e Marques (2004) observaram que os pescadores de Guaraqueçaba (PR)
possuem conhecimento detalhado sobre a variação espacial e temporal dos peixes, facilitando
assim a captura. Thé (2003) também analisou e descreveu a atividade pesqueira de
comunidades de pescadores do Rio São Francisco (MG), e registrou a existência de regras de
uso para a utilização dos recursos.
Na Amazônia, trabalhos têm sido realizados com etnias indígenas como os Kayapós,
onde está destacado o conhecimento sobre os peixes e as estratégias de captura (PETRERE,
1990). Além desse, outro importante estudo foi realizado com as tribos Tukano e Tuyuka, no
alto rio Tiquié, que têm amplo conhecimento sobre nomenclatura usual, habitat, reprodução e
hábitos alimentares de 147 espécies de peixes (CABALZAR, 2005). Tais estudos evidenciam
que o conhecimento está relacionado com experiências, a cultura e o ambiente em que as
populações vivem. Esse conhecimento possibilita produzir e se reproduzir socialmente num
28
determinado espaço por meio de informações sobre os recursos naturais disponíveis,
tecnologias e práticas para aproveitamento e conservação dos recursos (BEGOSSI et al.,
2006; CASTRO, 2000; DIEGUES, 2004).
Posteriormente, o foco da pesquisa mudou, passando a ser realizado com populações
de seringueiros e os ribeirinhos que residem próximos aos principais rios e lagos que possuem
um conhecimento detalhado sobre o ambiente em que vivem. Os resultados de estudos
realizados com pescadores têm alta contribuição para a compreensão da atividade pesqueira,
principalmente por reconhecer na pesca a sua importância social, econômica e cultural
(SMITH, 1979).
Thé (2003) ressalta que as populações ribeirinhas4 mantêm contato direto com o
ambiente natural e exploram a natureza com base num conjunto de crenças e saberes no uso
dos recursos naturais, fundado nas tradições culturais e na relação empírica com o meio
ambiente. Assim, é necessário levar em consideração os aspectos sociais, econômicos e
culturais das populações humanas estudadas.
Diversas pesquisas têm dado ênfase ao conhecimento dos pescadores sobre os
aspectos ecológicos dos peixes (LIMA, 2003; BARROS e RIBEIRO, 2005), análise sobre o
uso dos peixes e tabus (BEGOSSI e BRAGA, 1992) e classificação (BEGOSSI e
GARAVELO, 1990). Batistella et al. (2005) também relatam que os pescadores da
comunidade Boas Novas no Lago Janauacá, rio Solimões, possuem conhecimentos
consistente e detalhados sobre a dieta alimentar de mais de 40 espécies de peixes; No lago
Grande de Manacapuru, Rebelo (2008) menciona que os pescadores conhecem a dieta
alimentar de 10 espécies mais capturadas nas pescarias, e que estes conhecimentos são
consistentes e condizentes com as resultados científicos de análises de conteúdo estomacal. E,
essas informações são importantes para a conservação dos recursos pesqueiros.
Sendo assim, conhecimento expressa uma forma empírica de explicação sobre o
ambiente como resultado de um processo cumulativo e de dimensão histórica. Dito de outra
4 As populações ribeirinhas expressam um modo de vida particular onde no sentido de CASTRO (2000)
apresenta referência na linguagem, imagens de mata, rios, igarapés e lagos, definindo por sua vez lugares e
tempos na vida destas populações que se encontra intimamente relacionada com as concepções construídas sobre
a natureza. FRAXE (2000) destaca que os caboclos ribeirinhos são polivalentes, ou seja, desenvolvem diversas
atividades como caça, pesca, agricultura, extrativismo vegetal e criação de animais, com a finalidade de atender
às demandas do grupo doméstico e, caso haja excedente, disponibilizam-no ao mercado por meio de sistemas de
trocas e/ou comercialização.
29
forma, a interação das populações locais com o ambiente em que vivem possibilitou um
conhecimento particular sobre o ecossistema. Este saber é resultado de processos de
conhecimentos a partir das atividades desenvolvidas por estas populações utilizando os
recursos do ambiente natural, como a pesca, e que pode contribuir para o conhecimento cada
vez mais detalhado sobre os recursos naturais.
Diante disso, é preciso que a atenção devida seja dada a tais conhecimentos, pois como
salienta Allut (2000, p.118):
“Então se os pescadores regem sua vida pelo que consideram sua verdade, e a prova de sua verossimilhança vem demonstrada por sua efetividade para a
sobrevivência ao longo dos séculos, é óbvio que os conhecimentos
adquiridos, desempenham um papel fundamental. E isto deveria constituir-se
argumento para que quem desenha as políticas pesqueiras lhes desse mais
atenção”.
O reconhecimento desses conhecimentos foi destacado por Batista et al., (2004, p.118)
ao mencionar que “as etnociências representam a forma atual de incorporação desses saberes
no conjunto de conhecimentos técnico-científicos disponíveis para subsidiar as políticas
públicas e ao manejo pesqueiro regional”. Trabalhos como o de Doria et al. (2008)
evidenciam essa articulação entre os saberes ao registrar a contribuição do conhecimento local
dos pescadores em Rondônia sobre o período reprodutivo de 5 espécies de importância
comercial para ajustes na legislação pesqueira, sugerindo a adequação dos períodos de defeso
na localidade. Além desse, o estudo de Moysés (2008), realizado com catadores de caranguejo
na Área de Proteção Ambiental de Guapimirim (RJ) também destacou a importância dos
conhecimentos dos catadores inclusive para verificação do período adequado de defeso dos
caranguejos na área estudada.
2.4 CONSIDERAÇÕES SOBRE REPRODUÇÃO E MIGRAÇÃO DE PEIXES
2.4.1 Reprodução de peixes
Em termos biológicos, a reprodução assegura a preservação e a abundância das
espécies, sendo o conhecimento do ciclo reprodutivo de fundamental importância para
proteção de estoques naturais (GODINHO, 2007). Na Amazônia Central, peixes migradores
realizam a desova na calha principal dos rios (SANTOS, 1980; GOULDING e CARVALHO,
1982; VIEIRA et al. 1999) enquanto que grande parte dos residentes realiza a reprodução nos
lagos, sendo principalmente no início das chuvas, quando o lago ainda está desconectado dos
30
rios (ARAGÃO, 1986; WORTHMANN, 1992; LEÃO et al. 1991). Isso é explicado pela
flutuação do nível da água, que acaba regulando o ciclo biológico dos peixes principalmente
no desenvolvimento dos órgãos sexuais e, por isso é considerado importante estímulo para o
desencadeamento da desova (SANTOS, 1982; LEÃO et al. 1991). Essas condições estão
associadas ao início da época de chuvas e da alagação quando ocorre maior disponibilidade de
alimentos e com isso favorece o desenvolvimento e crescimento das larvas e juvenis
(MENEZES e VAZZOLER, 1992; SÁNCHEZ-BOTERO e ARAÚJO-LIMA, 2001).
Muitas informações têm sido geradas sobre reprodução de peixes residentes, como o
tucunaré Cichla monoculus tanto em lagos (Fernandes, 2001; OLIVEIRA JÚNIOR, 1998;
SANTOS et.al., 2004) quanto em rio (LOWE-McCONNELL, 1969; DUPONCHELLE et al.,
2005; MUÑOZ et al., 2006); tamoatá Hoplosternum littorale (CARTER e BEADLE, 1931;
WINEMILLER, 1987; HOSTACHE e MOL, 1998; FERREIRA NETO, 2001; SÁ-
OLIVEIRA e CHELLAPA, 2002; MACIEL, 2010); traíra Hoplias malabaricus
(VAZZOLER e MENEZES, 1992; ARAÚJO-LIMA e BITTENCOURT, 2001; PRADO et al.,
2006); piranha Pygocentrus nattereri (SAZIMA e MACHADO, 1990;
BITTENCOURT,1994; QUEIROZ et al., 2010); pescada Plagioscion squamosissimus
(WORTHMANN, 1992; OLIVEIRA 2000; LOUBENS, 2003; CAMARGO e LIMA
JÚNIOR, 2007), bodó Pterigoplichthys pardalis (FERREIRA et al., 1998, NASCIMENTO,
2004) e acará-açu Astronotus ocellatus (FERREIRA-NETO e SOARES, 1999).
Já em relação a peixes migradores, grande parte dos estudos foram realizados com o
tambaqui Colossoma macropomum (GOULDING e CARVALHO, 1982; ARAÚJO-LIMA e
GOULDING, 1998; MUÑOZ e VAN DAMME, 1998; VIEIRA et al., 1999); curimatã
Prochilodus nigricans (GOULDING, 1980; CARVALHO e MERONA, 1986; LOUBENS e
PANFILI,1995; FERNANDES,1997) e jaraqui, Semaprochilodus spp. (RIBEIRO, 1983;
RIBEIRO e PETRERE, 1990; VAZZOLER et al., 1989; FERNANDES ,1997; BATISTA e
LIMA ,2010).
Porém ainda há a necessidade de elucidação de questões quanto a reprodução de várias
espécies, principalmente daquelas que são alvo da pesca comercial. E, a lacuna dessas
informações tem dificultado à elaboração de ações voltadas a conservação deste recurso, a
exemplo da definição de períodos de defeso.
31
2.4.2 Migração de peixes
De acordo com Nikolsky (1963) a migração é um componente do ciclo de vida dos
peixes que influencia na abundância de exemplares de determinada espécie no ambiente. É
um fenômeno adaptativo que permite a uma espécie de peixe colonizar vários ambientes em
diferentes estádios da vida. As migrações podem ser classificada em três tipos básicos (JUNK,
1984):
1. Migrações motivadas pela mudança do nível das águas: estas migrações
são geralmente movimentos curtos num espaço de centenas de metros a
poucos quilômetros, sendo realizadas pelas espécies que colonizam as
várzeas. Elas são ocasionadas pelas mudanças no nível das águas que permitem ou facilitam o acesso aos locais de alimentação e de proteção no
período das enchentes e a saída destes locais durante a vazante. Os peixes
característicos deste tipo de migração são: o pirarucu (Arapaima gigas) e os acarás (Astronotus spp., Geophagus spp., Satanoperca spp.).
2. Migrações para fins reprodutivos: estas migrações são realizadas por
peixes como o tambaqui, curimatã, jaraquis e ocorrem, geralmente, no inicio da enchente.
3. Migrações para fins tróficos: praticamente todas as espécies que realizam migrações reprodutivas também efetuam migrações tróficas. Em geral, elas
são direcionadas rio acima, talvez para compensar deslocamento dos ovos,
das larvas e dos jovens, ocasionados pelo movimento rio abaixo. Migrações tróficas são realizadas por vários bagres, como a dourada, filhote, surubim e
maparás e também os peixes de escamas como jaraquis, curimatãs,
matrinchãs, entre outros.
Na Amazônia, o saber dos pescadores a respeito dos movimentos migratórios de
peixes comercializados pode auxiliar e contribuir nas propostas para o uso adequado do
recurso pesqueiro, visto que as informações na literatura específica ainda são escassas. Muitos
estudos estão concentrados em dados de desembarque do pescado para peixes migradores de
longa distância, dourada Brachyplatystoma flavicans; piramutaba, B. vaillanti (BARTHEM e
GOULDING, 1997); para peixes migradores de curta distância, os maparás, Hypophthalmus
spp. e a curimatã, Prochilodus nigricans no Baixo Tocantins, PA (CARVALHO e MERONA,
1986); e para peixes migradores de média distância, o tambaqui, Colossoma macropomum, no
médio Amazonas (ARAÚJO-LIMA e GOULDING, 1998), e os jaraquis, Semaprochilodus
insignis e S. taeniurus (RIBEIRO e PETRERE, 1990) no rio Negro.
32
3 METODOLOGIA
3.1 ÁREA DE ESTUDO
3.1.1 Município de Manacapuru
O Município de Manacapuru (3° 18' 15" S e 60° 37' 03" W) está situado à margem
esquerda do Rio Solimões, na confluência com o Rio Manacapuru, distante cerca de 98 km de
Manaus, capital do estado do Amazonas. O município ocupa uma área de 7 329,234 km²,
representando 0,46 % da área do Estado do Amazonas. Limita-se com seis municípios que
são: Iranduba e Manaquiri ao leste; Beruri ao sul; Anamã e Caapiranga ao oeste e Novo Airão
ao norte e noroeste.
A população total é de 85 144 habitantes sendo o 4º mais populoso do Estado e
apresenta uma densidade populacional de 11,62 habitantes por km². De acordo com estes
dados, o município apresenta 70,6% do total de habitantes vivendo na área urbana, enquanto
que 29,3% vivem na área rural. As principais atividades econômicas estão relacionadas à
agropecuária, com destaque na agricultura para a produção de mandioca, banana, juta entre
outros (IBGE, 2010).
É rico em recursos aquáticos, florísticos e faunísticos, que proporciona um cenário de
beleza singular em seu território. Os principais rios que passam pelo território de Manacapuru
são os rios Solimões e Manacapuru. Um fato interessante é que Manacapuru foi o primeiro
município do Amazonas a ter em sua área territorial um Sistema Municipal de Unidade de
Conservação (SMUC) que é a Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Piranha . Além
disso, possui a Área de Proteção Ambiental do Miriti e dos Lagos de Manutenção do Paru e
Calado. A vegetação da localidade caracteriza-se em quase sua totalidade por áreas de várzea
e terra firme (BIBLIOTECA VIRTUAL DO AMAZONAS, 2008; PREFEITURA
MUNICIPAL DE MANACAPURU, 2010). E, é neste município que está localizado o
sistema Lago Grande de Manacapuru.
3.1.2 Sistema Lago Grande de Manacapuru
3.1.2.1 Aspectos ecológicos
Os lagos Jaitêua (0317’555’’ S e 6043’759’’ W) e São Lourenço (0313’901’’ S e
6044’326’’ W) fazem parte do Sistema que forma o Lago Grande de Manacapuru com área
estimada em torno de 420 km2
(SOARES et al., 2009) (Figura 1). O lago Grande é neste
33
trabalho entendido como um sistema por apresentar não somente um sistema ecológico no
sentido de um complexo de lagos5, canais, igarapés e paranás, mas por ser constituído também
de um sistema cultural e social. Na localidade habitam populações com suas organizações
sociais e que interagem com ambiente ao seu redor através representações feitas sobre a
natureza que permitem construir um modo de vida particular.
Figura 1- Localização dos lagos Jaitêua e São Lourenço, integrantes do lago Grande de
Manacapuru, Amazonas, Brasil. Fonte: INPE (2008); Maciel (2010)
A paisagem sofre variações sazonais por causa do pulso de inundação6 (JUNK et al.,
1989). A enchente no rio Solimões-Amazonas próximo ao Sistema Lago Grande de
5Soares et al. (2009) explica que o Lago Grande é formado por um complexo lacustre, constituído de
lagos, igarapés e furos. 6 De acordo com Junk et al.. (1989) o pulso de inundação pode ser entendido como “a principal força
direcionadora, responsável pela existência, produtividade e interações da biota em sistemas rio-
planícies de inundação”, onde “um pulso previsível de longa duração gera adaptações e estratégias que
propiciam o uso eficiente dos atributos da zona de transição aquática/terrestre”.
Brasil
Lago Jaiteua
Lago São Lourenço
Lago Jaiteua
03˚13’901’’ S
e 60˚44’326’’
W),
009
(03˚13’901’’ S
e 60˚44’326’’
W),
Lago Grande
rio Manacapuru
34
Manacapuru, começa no final de novembro, e continua até o final de abril, quando o fluxo da
água é no sentido rio-lago, atingindo o nível máximo entre maio e julho, cheia. A vazante do
rio começa no final de julho e início de agosto prosseguindo até setembro. Nesse período o
fluxo da água é no sentido lago-rio, ocorrendo uma grande retração dos ambientes aquáticos.
Finalmente, a cota atinge o valor mais baixo de setembro a novembro, época de seca (águas
baixas). A água começa a entrar no lago a partir de dezembro (SOARES et al., 2009) (Figura
2)
Figura 2- Flutuação do nível da água do Rio Solimões. Fonte: CPRM extraído de SOARES et
al. (2009).
A flutuação sazonal do nível das águas promove condições que levam os lagos de
várzea a terem importante papel associado à produtividade e a variabilidade de habitats
resultando em diversos ambientes de pesca, que são muitos procurados pelos pescadores
(SOARES et al., 2009). Considerando essas condições, é esperado que o pescado proveniente
da pesca praticada por moradores dessas comunidades, assim como pelos pescadores
profissionais, tenha alta participação na comercialização nos mercados de Manacapuru e de
outras cidades vizinhas. Isso permite que Manacapuru seja uma das cidades de maior
produção pesqueira no Amazonas (RUFFINO et al., 2006; GONÇALVES e BATISTA,
2008). Outro ponto a ser ressaltado é o acesso ao Lago Grande de Manacapuru. Em geral, é
facilitado naturalmente por meio fluvial em todos os períodos do ciclo hidrológico, sendo
dificultado somente na seca, principalmente em outubro, quando o nível da água está muito
baixo. Nesse sentido, o deslocamento para realização da pesquisa foi realizado por meio de
barco saindo do porto do Ceasa em Manaus e, em 2010, a logística foi reorganizada tendo
como ponto de partida o porto do Município de Manacapuru.
35
3.1.2.2 As comunidades do Sistema lago Grande de Manacapuru
A pesquisa foi realizada em 7 comunidades7 rurais pertencentes a três localidades:
Jaitêua de Cima, Jaitêua de Baixo (no lago Jaitêua) e Cajazeiras nas proximidades do Lago
São Lourenço (Figura 3). Fraxe et al. (2009) realizaram um estudo sobre a vida social das
comunidades, onde foi possível identificar os aspectos sociais, culturais e demográficos, a
saber:
Figura 3- Localização das comunidades no Sistema lago Grande de Manacapuru,
Manacapuru, AM. Fonte: BASPA (2008).
Jaitêua de Cima
No Jaitêua de Cima estão localizadas as comunidades Nossa Senhora Perpétuo
Socorro, Assembléia de Deus, Tradicional e Santa Isabel. De modo geral, as comunidades
possuem suas instituições (escolas e igrejas) e domicílios formando um núcleo comunitário.
Essa centralização de serviços e instituições é de suma importância, “por desempenhar o papel
de sustentar a socialização entre os moradores” (MIGUEZ et al., 2007, p. 55). A maioria das
comunidades na localidade de Jaitêua de Cima possui escola, igreja e sede social (Tabela 1).
7 Nesta pesquisa o conceito de comunidade refere-se a denominação utilizada pelos moradores locais, que
envolve principalmente uma área delimitada e identificada pelos grupos sociais que vivem nesse espaço e
estabelecem relações entre si.
36
A comunidade Nossa Senhora do Perpétuo Socorro (Figura 4) possui 25 famílias que
se dedicam às atividades extrativistas. Fraxe et al. (2009) relata que a comunidade possui
apenas uma escola de ensino fundamental que também atende os estudantes do Jaitêua de
Baixo. Mas, em 2010 a escola passou por uma reforma e foi ampliada para atender os alunos
até o 3º ano do Ensino Médio. A comunidade conta ainda com uma igreja católica, campo de
futebol e sede social onde são realizadas as reuniões com os moradores e outros trabalhos
comunitários. A energia é fornecida por meio de motor que é ligado apenas em ocasiões
especiais como reuniões realizadas durante a noite.
Tabela 1- Número de famílias e infraestrutura das comunidades no Jaitêua de Cima, Sistema
Lago Grande de Manacapuru, AM.
Comunidades na localidade de Jaitêua de Cima
Comunidades
N.S. do Perpétuo
Socorro
Assembléia de Deus
Tradicional
Assembléia
de Deus
Santa Isabel
Nº de famílias
25 famílias
30 famílias
17 famílias
40 famílias
Infr
aest
rutu
ra
Escola de Ensino Médio
Escola de Ensino Fundamental
Igreja
Escola de Ensino Fundamental
Sede social
Poço artesiano
-
Gerador de energia
Gerador de energia
Gerador de energia
-
Igreja
Campo de futebol
Campo de futebol
-
Campo de futebol
Igreja Igreja - Sede social
Fonte: Adaptado de Fraxe et al. (2009) e Cunha (2011).
A Comunidade Tradicional (Figura 5) reúne 30 famílias. No núcleo comunitário estão
localizados a escola primária, o poço artesiano, o campo de futebol e a igreja evangélica
Assembléia de Deus Tradicional. O fornecimento de energia elétrica é por meio de gerador a
diesel que atende as casas que se localizam próximo ao núcleo comunitário.
Na comunidade Assembléia de Deus (Figura 6) vivem 17 famílias, onde uma parcela
reside no núcleo comunitário e o restante está dispersa em casas flutuantes ao longo dos
igarapés. No período de cheia, a água alcança o assoalho das residências e os animais são
transportados para terra firme.
37
A comunidade Santa Isabel (Figura 7), localizada mais afastada das demais
comunidades, possui em média 40 famílias que contam ainda com uma escola de Ensino
Fundamental e um espaço para reuniões. O acesso à energia é por meio de gerador a diesel
sendo utilizado em ocasiões especiais, tais como, realização de cultos, reuniões e em alguns
casos nos finais de semana.
Figura 4- Comunidade Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, Jaitêua de Cima. Fonte: BASPA
(2008).
Figura 5- Comunidade Assembléia de Deus Tradicional, Jaitêua de Cima. Fonte: BASPA
(2008).
38
Figura 6- Comunidade Assembléia de Deus, Jaitêua de Cima. Fonte: BASPA (2008).
Figura 7- Comunidade de Santa Izabel, localidade de Jaitêua de Cima. Fonte: BASPA (2008).
Jaitêua de Baixo
Nesta localidade existe apenas uma comunidade que é a de Santo Antônio (Figura 8),
onde vivem aproximadamente 16 famílias. A comunidade possui uma escola, sede
comunitária, igreja católica e um campo de futebol. O acesso à energia é por meio de placas
solares existentes em algumas casas, tais placas foram instaladas através de um projeto de
alternativas tecnológicas da Eletrobrás em áreas rurais do Amazonas denominado
“Ribeirinhas” com a tecnologia Sistemas Fotovoltaicos, em meados de 2004.
Cajazeiras
Nesta localidade encontram-se as comunidades de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro
e Nossa Senhora de Aparecida. Semelhante às outras comunidades a infraestrutura é composta
por escola de ensino fundamental, sede social e igreja (Tabela 2).
39
Figura 8- Comunidade de Santo Antônio, Jaitêua de Baixo. Fonte: BASPA (2008), pesquisa
de campo 2010.
Tabela 2- Número de famílias e infraestrutura das comunidades na localidade de Cajazeiras,
Sistema Lago Grande de Manacapuru, AM.
Comunidades em Cajazeiras
Comunidades
Nossa Senhora do Perpétuo Socorro
Nossa Senhora Aparecida
Nº de famílias
10 famílias 14 famílias
Infr
aest
rutu
ra Sede social Escola de ensino fundamental
Gerador de energia Forno de farinha comunitário
Forno de farinha comunitário Gerador de energia
Campo de futebol Campo de futebol
Igreja Igreja
Fonte: Adaptado de Fraxe et al. (2009) e Cunha (2011).
Na comunidade Nossa Senhora do Perpétuo Socorro (Figura 9) vivem 10 famílias,
cujas principais atividades são agricultura, pesca e criação de gado. Possui uma sede social
utilizada para reuniões e para realização de eventos festivos. Além disso, possui gerador de
energia e um campo de futebol, onde são realizados alguns torneios.
A Comunidade Nossa Senhora Aparecida (Figura 10) está localizada no igarapé
Cajazeira e possui aproximadamente 14 famílias. A comunidade possui uma escola de Ensino
Fundamental, um gerador de eletricidade, um forno de farinha que pode ser utilizado pelos
membros da comunidade, uma sede onde os comunitários se reúnem. O campo de futebol é
40
bastante utilizado nos sábados e domingos. Nesta comunidade há uma igreja católica
denominada de Nossa Senhora de Aparecida.
Figura 9- Comunidade Nossa Senhora Perpétuo Socorro, Cajazeiras. Fonte: BASPA (2008).
Figura 10- Comunidade Nossa Senhora Aparecida, Cajazeiras. Fonte: BASPA (2008).
3.2 MÉTODOS E TÉCNICAS DE COLETA DE DADOS
3.2.1 Métodos
Essa pesquisa está inserida em uma abordagem quanti-qualitativa. A pesquisa
qualitativa parte do fundamento de que há uma relação dinâmica entre o mundo real e o
sujeito, uma interdependência viva entre sujeito e o objeto, um vínculo indissociável entre o
mundo objetivo e a subjetividade do sujeito (CHIZZOTTI, 2000, p. 79). Nesse sentido, as
informações obtidas levam em consideração as representações, as relações que estes sujeitos
41
criam em suas ações, compreender a percepção destes do ambiente que convivem, bem como
seu conhecimento empírico.
No trabalho foi utilizado o método etnográfico, considerado importante em estudos
com grupos humanos e a sua interpretação pelas ciências sociais. O modelo etnográfico
buscou uma descrição e interpretação do etnoconhecimento dos pescadores a respeito da
ictiofauna no Lago Grande de Manacapuru, envolvendo seus aspectos culturais e sociais.
Nesse sentido, destacamos que a etnografia tem como objetivos principais selecionar
informantes, transcrever textos, levantar genealogias, levando em consideração a capacidade
criativa do pesquisador em estabelecer a descrição densa (GEERTZ, 1989).
Para isso, é necessário considerar três caminhos que fundamentam e direcionam o
trabalho do antropólogo: o olhar, ouvir e escrever (OLIVEIRA, 1996). Assim, durante o
trabalho de campo os sentidos devem estar treinados para perceber a realidade social,
registrando minuciosamente tal realidade no seu diário de campo, mediante observação
participante, onde posteriormente parte-se para última etapa que é escrever, sistematizando e
dando sentido às impressões percebidas.
Nesse contexto, o trabalho de campo entendido como além de se configurar apenas
como o local de realização da pesquisa, referindo-se ao recorte espacial, é principalmente o
espaço ocupado pelas pessoas e grupos convivendo numa dinâmica de interação social. A este
respeito é válido o aprofundamento nesta questão onde:
“Essas pessoas e esses grupos são sujeitos de uma determinada história a ser
investigada, sendo necessária uma construção teórica para transformá-los em objeto. Partindo da construção teórica do objeto de estudo, o campo
torna-se um palco de manifestações de intersubjetividades e interações entre
pesquisador e grupos estudados, propiciando a criação de novos
conhecimentos” (NETO, 1994, p. 54).
Para compreender a percepção dos pescadores a respeito do ambiente em que vivem, o
trabalho se apóia no conceito de Representações Sociais (MOSCOVICI, 2003). Nessa
perspectiva, as representações sociais expressam a capacidade de perceber, compreender,
inferir, dando sentido às coisas. E, é diante dessas considerações, que o estudo busca
compreender as representações sociais dos pescadores do Sistema Lago Grande cujo senso
comum expressa a representação de sua realidade.
3.2.2 Etapas da pesquisa
42
Para a consecução do estudo procedeu-se a realização das seguintes etapas: pesquisa
bibliográfica e pesquisa de campo. Na pesquisa bibliográfica procedeu-se o levantamento de
livros, artigos e dissertações relacionados ao tema da presente pesquisa, bem como
relacionados à área de estudo, Sistema Lago Grande de Manacapuru, Amazonas. Além disso,
foi direcionada aos relatórios e a base de dados da sub- Rede Bases para a Sustentabilidade da
Pesca na Amazônia- BASPA (MCT/CNPq/PPG7)8. A sub-rede realizou pesquisas na área do
Lago Grande de Manacapuru de 2006 até 2008. No que se refere à base de dados BASPA,
foram consultadas informações geradas por dois sub-projetos a saber: “Caboclos-ribeirinhos e
a Etnoconservação dos Recursos Pesqueiros em Manacapuru” e o “Biologia e Ecologia de
Peixes em lagos de várzea: subsídios para conservação e uso dos Recursos Pesqueiros na
Amazônia.”
E, por fim, procedeu-se a etapa de pesquisa de campo. O primeiro contato com os
habitantes do lago Grande de Manacapuru ocorreu em 2006 quando iniciaram as atividades da
sub-rede BASPA e, grande parte dos dados utilizados corresponde aos anos dedicados à
pesquisa na área. A permanência na área de estudo, durante cada viagem, compreendia um
período de 5 dias, onde foram aplicadas as técnicas de coleta de dados que subsidiaram o
banco de dados da sub-rede. Posteriormente, em 2010 foram realizadas 3 viagens para
obtenção de dados que consubstanciaram os resultados que se apresentam nesta dissertação.
3.2.3 Sujeitos da pesquisa
Os sujeitos da pesquisa foram os agentes sociais que praticam a pesca, seja para
consumo ou comercialização, pertencente às 7 comunidades das localidades de Jaitêua de
Cima, Jaitêua de Baixo e Cajazeiras.
3.3 TÉCNICA DE COLETA E ANÁLISE DOS DADOS
As técnicas de coleta de dados consistiram basicamente na aplicação de formulários,
observação participante, a realização de mapas mentais e georreferenciamento dos
movimentos de peixes no Sistema conforme abaixo relatados.
8 A sub-rede Bases para Sustentabilidade da Pesca na Amazônia (MCT/CNPq/PPG7) era composta pelos
seguintes sub-projetos: 1- Caboclos-ribeirinhos e a Etnoconservação dos Recursos Pesqueiros em Manacapuru,2-
Tecnologia do pescado, 3- Estimativa do Valor do Não-uso de Recursos Ambientais na Região do Lago de
Manacapuru, Amazonas, 4- Estratégias de Manejo Pesqueiro na Amazônia, 5- Biologia e Ecologia de Peixes de
Lagos de Várzea: Subsídios para Conservação e Uso dos Recursos Pesqueiros da Amazônia e 6- Modelos de
Avaliação de Estoques Pesqueiros de Lagos de Várzea.
43
3.3.1 Perfil socioeconômico dos pescadores, modalidade de pesca, espécies capturadas e
locais de pesca utilizados no ciclo hidrológico.
Os dados foram obtidos por meio do banco de dados (BASPA, 2008) do subprojeto
Caboclos-ribeirinhos e a Etnoconservação dos Recursos Pesqueiros em Manacapuru, sub-
rede BASPA, cujas informações foram obtidas por meio formulários aplicados com o chefe
de família ou alguém da família com experiência e conhecimento na pesca, alcançando um
total de 57% das famílias da área estudada. No formulário, constam questões que atendem aos
subprojetos integrantes da sub-rede BASPA. As questões consultadas no banco de dados
foram relacionadas à faixa etária, escolaridade, profissão dos entrevistados, se praticavam a
pesca para consumo ou comercialização, local de pesca e quais os peixes mais capturados nas
pescarias ao longo de ciclo hidrológico. Os dados foram tabulados em planilhas no Excel e
posteriormente por meio de estatística descritiva calculada a freqüência relativa. Os resultados
são apresentados em forma de gráficos e tabelas.
3.3.2 Etnoconhecimento dos pescadores sobre o período reprodutivo de peixes
Os dados sobre o conhecimento dos pescadores sobre a reprodução dos peixes foram
obtidos por meio do banco de dados BASPA e de entrevistas para complementação das
informações realizadas durante a pesquisa de campo em 2010, conforme já mencionada. Nos
formulários, foram abordados aspectos reprodutivos referentes ao período e local de desova.
Na análise dos dados, foram selecionados os peixes que apresentaram freqüência de
ocorrência de citação pelos entrevistados, acima de 4%, totalizando 16 peixes (Tabela 3).
Em seguida, uma análise de dados foi efetuada por meio de uma tabela de cognição
comparada (MARQUES, 1995). A tabela exibe as informações dos pescadores sobre os
peixes mais citados e os dados da literatura científica específica, inclusive Instruções
Normativas e Portarias do IBAMA referente ao período de defeso. Para elaboração da tabela
foram considerados os trabalhos publicados sobre as espécies selecionadas assim como os
dados sobre reprodução gerados no sub-projeto Biologia e Ecologia de Peixes em Lagos de
Várzea (BASPA). Na consulta, foram considerados os nomes comuns dos peixes que foram
citados pelos pescadores, ressaltando em alguns casos, o nome correspondia a um grupo de
espécies, como por exemplo, as branquinhas que englobam espécies de vários gêneros. Nesse
caso foram escolhidas as espécies mais representativas do grupo em termos de números de
44
exemplares capturados nas pescarias experimentais nos lagos. Finalmente, na comparação das
informações do etnoconhecimento com as portarias do defeso para cada peixe, foi verificado
que na maioria das vezes a reprodução era mencionada no contexto do período do ciclo
hidrológico (enchente, cheia, vazante e seca). Não tendo informação, para maioria das
espécies, sobre o mês em que ocorre a desova. Isso pode ser explicado pela metodologia da
coleta de dados, que privilegiou informações sobre período. Deste modo, para algumas
espécies é possível apenas mencionar o período de desova. Mas, para outras espécies foi
possível relatar o mês de desova a partir das informações da biologia reprodutiva existentes
no banco de dados BASPA.
Tabela 3- Peixes mais citados pelos entrevistados no Sistema Lago Grande de Manacapuru,
AM. N= número de citação; %= percentagem das citações.
Nome comum Nome científico N %
Tucunaré Cichla monoculus 58 95,08
Acará-açú Astronotus ocellatus 43 70,49
Curimatã Prochilodus nigricans 37 60,65
Pirarucu Arapaima gigas 30 49,18
Bodó Pterigoplichthys pardalis 18 29,50
Aruanã Osteoglossum bicirrhosum 14 22,95
Tambaqui Colossoma macropomum 14 22,95
Jaraquis Semaprochilodus sp. 13 21,31
Traíra Hoplias malabaricus 13 21,31
Piranha Pygocentrus nattereri 10 16,39
Aracu Schizodon fasciatum 8 13,11
Branquinha Potamorhina latior 7 11,47
Tamoatá Hoplosternum littorale 5 8,19
Pacu Mylossoma duriventre 4 6,55
Matrinxã Brycon sp. 3 4,91
Pescada Plagioscion squamosissimus 3 4,91
Fonte: Banco de dados BASPA (2008) e pesquisa de campo (2010).
3.3.3 Etnoconhecimento dos pescadores sobre os movimentos de peixes
Para compreender o movimento dos peixes no Sistema Lago Grande de Manacapuru
foram selecionados os entrevistados que participariam de três etapas: aplicação de formulário,
mapeamento participativo e georreferenciamento. A seleção aconteceu durante a aplicação
dos formulários da sub-rede BASPA, onde era perguntado ao entrevistado se ele conhecia os
movimentos dos peixes no Sistema e, diante da resposta positiva, iniciava-se a aplicação de
formulário específico (ANEXO). Nesse contexto, foram aplicados 25 formulários. Estes
45
informantes, a partir de seu conhecimento a respeito da ictiofauna, elucidaram sobre a época e
locais de reprodução, assim como os movimentos migratórios para fins reprodutivos e tróficos.
No mapeamento participativo, os entrevistados desenharam a comunidade, os
igarapés, furos, canais, paranás que compõem o ambiente da região e, principalmente,
delinearam os principais movimentos realizados por jaraquis (Semaprochilodus spp.),
curimatã (Prochilodus nigricans) e tambaqui (Colossoma macropomum). Descrevem os
ambientes por onde estes peixes passam e a época, possibilitando assim registrar como que os
pescadores compreendem a distribuição espacial e temporal desses peixes no Sistema Lago
Grande de Manacapuru (Figura 11).
Figura 11- a) Mapeamento participativo com os pescadores para o delineamento dos
movimentos migratórios mais citados ; b) mapa elaborado por pescadores sobre o movimento
dos peixes e ambientes da paisagem local. Fonte: BASPA (2008).
Finalmente, foi realizado o georreferenciamento dos movimentos dos peixes que
foram mais citados, com GPS (Global Positioning System) junto com os pescadores de forma
individual (Figura 12), onde indicaram os movimentos delineados através do mapeamento,
detalhando os ambientes por onde os cardumes passam, de onde que eles vem, qual o destino.
As trajetórias das dos peixes foram percorridas com uma embarcação tipo voadeira, com
motor de 25 HP nas áreas de lagos, igarapés, paranás, furos que integram o ambiente local
(Figura 12). Posteriormente, esses dados foram transferidos para o computador utilizando o
programa GPS TrackMaker versão 13.1 para assim identificá-los no mapa da localidade.
a) b)
46
Figura 12- Georeferrenciamento dos movimentos dos peixes no Sistema Lago Grande de
Manacapuru: pescador indicando os caminhos dos peixes. Fonte: BASPA (2008).
3.4 OBSERVAÇÃO PARTICIPANTE
A observação participante, no sentido de Minayo (1994) é conceituada como um
processo pelo qual o observador se mantém numa determinada situação social com a
finalidade de realizar uma investigação. No entanto, a inserção no mundo do outro não ocorre
sem estranhamento, pois como desconhecidos que adentram e passam a conviver em sua
realidade, respondíamos também aos questionamentos feitos por homens, mulheres e crianças.
Essa técnica permitiu, em muitos casos, que acompanhássemos os agentes sociais na
realização de suas atividades, tais como a pesca, a agricultura permitindo compreender a
dinâmica de sua vida, seus conhecimentos e práticas. Durante tais acompanhamentos
utilizava-se o caderno de campo como instrumento para registrar os acontecimentos, as
observações e as dúvidas que surgiam. Além disso, essa técnica permitiu ainda que
registrássemos os fatos do cotidiano, principalmente durante as visitas aos domicílios e
caminhadas pelas comunidades.
47
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 PERFIL SOCIOECONÔMICO DOS ENTREVISTADOS
Nas 7 comunidades que fazem parte do Sistema Lago Grande de Manacapuru, foram
entrevistados 64 comunitários, e as comunidades estão localizadas ao redor dos lagos Jaitêua
e São Lourenço. Na localidade Jaitêua de Cima, comunidade de Santa Isabel, foram aplicados
13 formulários, na Nossa Senhora do Perpétuo Socorro 14, na Assembléia de Deus, 6, e na
Assembléia de Deus Tradicional, 8. Na localidade Jaitêua de Baixo, comunidade de Santo
Antônio, foram aplicados 6 formulários. E, por fim, na localidade de Cajazeiras, comunidade
de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro foram aplicados 4 formulários e na comunidade de
Nossa Senhora Aparecida 13 (Tabela 4).
A maioria dos entrevistados encontra-se entre 41 e 50 anos, conforme foi o caso dos
entrevistados nas comunidades de Santa Isabel (61,5%), Nossa Senhora do Perpétuo Socorro
(61,5%) e Assembléia de Deus (50%) (Jaitêua de Cima) e Nossa Senhora do Perpétuo Socorro
(50%) (Cajazeiras). Todos os entrevistados eram do sexo masculino.
Em relação à escolaridade observa-se que a maioria possui grau de escolaridade
referente 1ª à 4ª série do ensino fundamental com destaque para as comunidades Assembléia
de Deus tradicional (87,5%) e Santa Isabel (61,5%). Os moradores que apenas assinam o nome
alcançam percentuais acima de 30 % nas comunidades de Santa Isabel (Jaitêua de Cima) e
Nossa Senhora Aparecida (Cajazeiras).
Estes números indicam a situação da educação de populações que vivem em áreas
rurais no Brasil e, especialmente, no interior do Estado do Amazonas, cujas distâncias
geográficas e a variação sazonal dos rios exigem do poder público estratégias locais que
assegurem o acesso à educação. Na área de estudo, somente em 2010 os jovens e adultos
puderam cursar o ensino médio na própria localidade, com a ampliação da disponibilidade do
ensino até o 3º ano do Ensino médio. Tal situação possibilitou aos jovens continuarem seus
estudos sem ter que deixar seus familiares e seu local de residência.
Com relação às atividades desenvolvidas, a principal foi a agricultura, com destaque
para a comunidade Assembléia de Deus (83,3%) (Jaitêua de Cima) e Nossa Senhora
Aparecida (80%) (Cajazeiras) onde os entrevistados afirmaram dedicar-se a atividade da
agricultura, autodenominando-se, portanto, de agricultores, conforme pode ser observado na
tabela a seguir:
48
Tabela 4- Perfil socioeconômico dos entrevistados nas comunidades do Sistema Lago Grande de
Manacapuru, AM.
Jaitêua de Cima Jaitêua
de Baixo
Cajazeiras
Santa Isabel N.S. Perpétuo
Socorro
Assembléia de Deus
Assembléia de Deus
Tradicional
Santo Antonio
N. S. Perpétuo
Socorro
N.S. Aparecida
n= 13 n=14 n=6 n=8 n=6 n=4 n=13
Faixa etária (%)
16 – 20 - - - 12,5 - 25,0 7,7
21 – 30 15,4 15,4 33,3 12,5 50,0 - 23,1
31 – 40 7,7 7,7 33,3 12,5 16,7 - 15,4
41 – 50 61,5 61,5 16,7 50,0 0 50,0 -
50 – 60 7,7 7,7 16,7 - 16,7 25,0 30,8
61 – 70 - - - - - - 15,4
71 – 76 7,7 7,7 - - 16,7 - 7,7
Sexo (%)
Masculino 100 100 100 100 100 100 100
Escolaridade ( %)
1a a 4a Série 61,5 21,4 50,0 87,5 50,0 50,0 38,5
5a a 8a Série - 42,9 33,3 12,5 16,7 - 15,4
Só Assina o Nome
30,8 14,3 16,7 - - 25,0 30,8
Ensino Médio Incompleto
- - - - 16,7 25,0 15,4
Ensino Médio Completo
- 7,1 - - 16,7 - -
Nunca Estudou 7,7 14,3 - - - - -
Profissão (%)
Agricultor 76,92 78,57 83,33 50,0 16,67 100 80
Pescador 30,0 21,43 - 50,0 83,33 - 20
Agente de saúde - - 16,67 - - - -
Fonte: Banco de dados BASPA (2008).
Na agricultura os entrevistados plantam mandioca para fazer a farinha, banana, cana-
de-açúcar, milho, feijão, dentre outros. FRAXE (2000) destaca que cultivo da mandioca
constitui um componente básico do sistema da produção na Amazônia em ambientes de terra
firme ou de várzea porque possui uma dupla finalidade: subsistência e comercialização. Além
disso, essa produção é de forma artesanal e envolve mão-de-obra familiar. A participação das
crianças também foi verificada durante o acompanhamento de uma família até a casa da
farinha comunitária para a observação do processo de preparo da farinha (Figura 13).
49
Figura 13- Participação da família no prepraro da farinha: a) homem torrando a farinha; b)
criança participando do processo de preparo da farinha. Fonte: BASPA (2008).
A criação de gado, porcos, carneiros e galinhas são direcionadas ao consumo e
eventualmente comercializadas. A criação de gado, por parte das famílias que habitam em
áreas de várzea, funciona como uma poupança que pode ser utilizada em situações de
necessidade extrema, visto que podem consumir ou obter renda, no caso de comercializar
(PEREIRA, 2007, p.18). Finalmente, a extração de madeira é realizada principalmente para a
construção de casas, canoas, reforma das sedes sociais, confecção de apetrechos de pesca9 tais
como caniço ou de utensílios como o remo (Figura 14).
9 Brito (2010) registrou que a madeira utilizada na fabricação de apetrechos como o caniço, arco e flecha são
retiradas da floresta próximo de suas residências.
a) b)
50
Figura 14- Atividades dos entrevistados. a) Pesca, pescador da localidade de Jaitêua de Cima;
b) Criação de gado na localidade de Jaitêua de Cima. Fonte: BASPA (2008).
No entanto, na localidade de Jaitêua de Baixo a maioria dos entrevistados afirmou
que se dedicam mais a pesca, considerando-se, por sua vez pescadores (Tabela 4).
Eu pesco para vender, eu vendo aí na beira mesmo, na balsa dos peixeiros, lá
em frente de Manacapuru [ ...] Hoje não deu para pescar para vender não , só
para comer mesmo, aqui pertinho de casa. Para vender as vezes eu pesco duas vezes, às vezes só uma mesmo, depende... por exemplo assim, a
pescaria é aquela coisa tem vezes que a gente vai e o mar tá pra peixe , tem
vezes que é mais difícil, tem que procurar o peixe, tem que saber pescar
também. (pescador da localidade de Jaitêua de Baixo, F.R.L.32 anos, BASPA).
De fato, no Sistema Lago Grande de Manacapuru, há uma diversidade de atividades
produtivas desenvolvidas pelos comunitários. Essas atividades apresentaram maior ou menor
intensidade de acordo com os aspectos ambientais, sociais, culturais e econômicos. O
resultado indica que nas localidades, Jaitêua de Cima e Cajazeiras, é maior a atividade
dedicada à agricultura e pecuária. Por outro lado, na localidade de Jaitêua de Baixo há maior
dedicação a atividade da pesca, com grande participação na renda familiar.
a) b)
51
4.2 ETNOCONHECIMENTO DOS ENTREVISTADOS SOBRE A PESCA NO SISTEMA
LAGO GRANDE DE MANACAPURU
4.2.1 Modalidades de pesca
Na Amazônia a pesca artesanal10
tem importância vital na vida das populações,
especialmente as ribeirinhas (ISAAC et al., 1996). Isto porque atende às necessidades básicas
da demanda nutricional familiar e pode ser fonte de renda, através da comercialização do
pescado. Witkoski et al. (2009) explicam que a realização das várias atividades produtivas em
conjunto com a piscosidade dos ambientes aquáticos, aos quais as comunidades têm acesso,
favorece a economia de subsistência e do excedente que se encontram também vinculada as
demandas do mercado de Manacapuru.
Os entrevistados pescam quase que diariamente, coexistindo duas principais
modalidades de pesca: pesca voltada para o consumo e a pesca destinada à comercialização.
Um bom exemplo dessa situação é observado nas localidades de Cajazeiras e Jaitêua de Cima,
onde a maioria dos entrevistados mencionou que a pesca é realizada para o consumo (Tabela
5). Nestas localidades, o cotidiano dos entrevistados é marcado por atividades produtivas
diversificadas. Isso porque se dedicam a atividades da produção agrícola, através do cultivo
de suas roças, assim como pescam de forma complementar, atendendo a demanda de
subsistência do grupo familiar. O excedente é eventualmente comercializado (WITKOSKI et
al, 2009; BRITO, 2010).
E tais atividades foram constantemente mencionadas com o período mais favorável
para sua realização, pois alguns entrevistados destacavam o tempo de plantar e o tempo de
pescar, identificando, assim, um período de realização das atividades para sua reprodução
social, que está intrinsecamente relacionado aos ciclos da natureza, ao tempo que não é
demarcado pelo relógio, mas pela natureza que acaba por direcionar os seus afazeres diários
(MALDONADO, 2000). Da mesma forma, Furtado (1993) relata a percepção sobre o tempo
de pescadores no baixo Amazonas. Ainda nesse estudo, a autora ressalta que essa percepção
tem uma dimensão ecológica, onde a sazonalidade da subida e descida das águas direciona e
reorganiza as atividades.
10 A pesca artesanal neste estudo é entendida como aquela realizada com uma variedade de apetrechos, captura
de variadas espécies e a utilização de embarcações de pequeno porte.
52
Por outro lado, na localidade de Jaitêua de Baixo, a pesca comercial ocorre como
principal modalidade para todos os entrevistados. As pescarias são realizadas levando em
consideração a demanda e o valor do pescado nos pontos de venda, exigindo do pescador
grande dedicação na atividade. Esses pescadores são também denominados localmente de
pescadores de caixinha11
, pois transportam em suas canoas uma caixa de isopor de tamanho
variado onde o pescado é armazenado no gelo e comercializado nos principais pontos de
venda em Manacapuru, tais como na Panairzinha e Balsa dos Peixeiros.
Tabela 5- Modalidades de pesca nas três localidades, Cajazeiras, Jaitêua de Baixo e Jaitêua de
Cima.
Modalidade de Pesca
Localidades Comunidades Consumo (% ) Comercialização (% )
Jaitêua de Cima
Santa Isabel 77 23
N.S Perpétuo Socorro 86 14
Assembléia de Deus 100 -
Assembléia de Deus Tradicional 75 25
Jaitêua de Baixo Santo Antônio - 100
Cajazeiras Nossa Senhora Aparecida 75 25
Nossa Senhora Perpétuo Socorro 100 -
Fonte: BASPA (2008).
Outro fato de destaque é a pesca efetuada por crianças. Alguns pescadores das
localidades mencionam que quando possível, os filhos ou sobrinhos acompanhavam as
pescarias. Estudos realizados indicam que a socialização para a arte da pesca ocorre desde a
mais tenra idade, sendo registrado por volta dos cinco anos (FRAXE, 2000). Na localidade foi
observado que os meninos pescam sozinhos nas áreas próximas da comunidade. Garcez e
Sanchez-Botero (2006) relatam, em comunidades rurais de Manacapuru, a pesca realizada por
crianças com idades entre 5 e 12 anos de idade. Segundo esses autores, as crianças praticam a
pesca para alimentação da família, frequentemente em locais próximos a comunidade.
11 Brito (2010) descreve que se trata de uma prática de pesca que é rentável para os pescadores do
Sistema Lago Grande de Manacapuru e consiste na captura de diversos peixes, de variados tamanhos armazenados em uma caixa de isopor com gelo que é transportada até os locais de venda através de
uma canoa motorizada.
53
Somente em raras ocasiões a pesca tinha por objetivo a comercialização, mas, sempre
acompanhados de algum familiar.
4.2.2 Peixes capturados nas pescarias
Fatores ambientais, características climáticas e a dinâmica sazonal das águas
determinam à distribuição e a ecologia dos recursos pesqueiros e, como conseqüência, o
comportamento do pescador e da pesca (BARTHEM e FABRÉ, 2004). Tais fatores
influenciam a disponibilidade e acessibilidade aos recursos ictiofaunísticos exigindo do
pescador um profundo conhecimento sobre o comportamento dos peixes, o que pode
favorecer o êxito das pescarias. Nesse sentido, a complexidade ambiental requer adaptações
dos recursos ictiofaunísticos conforme explica Soares et al. (2007, p. 13) que “os peixes, em
especial, estão bastante adaptados ao ecossistema amazônico, com espécies de variados
tamanhos, formas e estratégias de vida (tipos de reprodução, alimentação)”.
Por meio das entrevistas também foi possível identificar os peixes que são alvos das
pescarias e, que variam conforme o período do ciclo hidrológico. Estes peixes podem ser
classificados quanto ao seu comportamento em temporários e residentes. Os temporários se
agrupam em cardumes e realizam migrações, desenvolvendo parte do seu ciclo de vida nos
lagos de várzea, na época de alagação, e parte nos rios, na época de seca. Os residentes por sua
vez, desenvolvem todo o seu ciclo de vida nos lagos de várzea, se reproduzem nos lagos;
realizando movimentos dentro do sistema conforme a flutuação do nível d´água (JUNK,
1984).
Os principais peixes residentes capturados pelos entrevistados no período da enchente
foram os acarás (Geophagus proximus, Chaetobranchus sp., Heros efasciatus), o tucunaré
(Cichla monoculus), as piranhas (Pygocentrus nattereri, Serrasalmus sp.), o acará-açú
(Astronotus ocellatus) e com menor frequência o bodó (Pterygoplichthys pardalis), a aruanã
(Osteoglossum bicirrhosum), a traíra (Hoplias malabaricus) e a pescada (Plagioscion sp.).
Entre os migradores os mais capturados foram o tambaqui jovem, denominado localmente de
ruelo (Colossoma macropomum), os pacus (Mylossoma sp., Metynnis sp.), a curimatã
(Prochilodus nigricans) as branquinhas (Potamorhina spp.), os aracus (Schizodon fasciatus,
Leporinus sp.), a matrinxã (Brycon sp.), a pirapitinga (Piaractus brachypomus) e as sardinhas
(Triportheus spp.) (Figura 15).
54
0 5 10 15 20
Acarás
Ruelo
Tucunaré
Pacus
Piranhas
Curimatã
Acará-açú
Bodó
Branquinhas
Aracus
Aruanã
Matrinxã
Pirapitinga
Sardinhas
Traíra
Pescada
Peix
es
Frequencia relativa de citação (%)
Figura 15- Peixes mais capturados pelos entrevistados no período da enchente no Sistema
Lago Grande de Manacapuru, AM. Fonte: BASPA, 2008.
A cheia é considerada pelos pescadores como um período difícil para a pescaria, pois:
“ele [peixe] entra no capim e fica difícil, o peixe fica depressa” (V. L. S, 48 anos). Outro
pescador, durante entrevista, informou que na cheia “o volume de água aumenta e o peixe ele
acha muito lugar pra ele tá, tá a vontade né? É isso que acontece aí você tem que usar da
artimanha pra pegar ele, tem que usar um material mais fino, tem que saber pintar bem, tem
que saber botar[ o apetrecho de pesca]”(F. R. L, 32 anos). Soares et al. (2009) em estudo
realizado no Sistema Lago Grande de Manacapuru, relatam que o aumento da área alagada
permite a ampliação de habitats e, assim, os peixes encontram refúgio tornando-se menos
vulneráveis a pesca. Isso explica o fato dos pescadores mencionarem a maior dificuldade de
captura. Esse período, conforme relatado pelos pescadores, corresponde a maio e junho.
Na cheia, também foram capturados vários peixes residentes, sendo os mais citados o
tucunaré (C. monoculus), a piranha (Pygocentrus nattereri, Serrasalmus sp.), o acará-açú (A.
55
ocellatus), bodó (P. pardalis). Entre os migradores os mais capturados são ruelo (C.
macropomum), curimatã (P. nigricans), branquinhas (Potamorhina spp.) e pacus (Mylossoma
sp., Metynnis sp.) (Figura 16).
0 5 10 15 20
Ruelo
Tucunaré
Curimatã
Pacus
Piranhas
Acará-açú
Branquinhas
Bodó
Aracus
Acarás
Sardinhas
Pescada
Matrinxã
Pirapitinga
Aruanã
Surubim
Cuiu-cuiu
Traíra
Pe
ixe
s
Frequência relativa de citação %
Figura 16- Peixes mais capturados pelos entrevistados no período da cheia no sistema Lago
Grande de Manacapuru, AM. Fonte: BASPA, 2008.
Já a vazante é considerada um bom período para as pescarias, pois “o rio fica raso o
peixe passa toda hora e em qualquer lugar que acha malhadeira pega o peixe” (J. C. L, 45
anos). Outro pescador mencionou também que é neste período que ocorre “a saída do peixe”
(R. S, 24 anos), em direção a calha principal do rio pelos peixes migradores. É quando muitos
dos peixes capturados são os migradores com destaque para o ruelo (C. macropomum),
curimatã (P. nigricans) e pacus (Mylossoma sp.,Metynnis sp.). Também foram citados,
embora com menor freqüência de ocorrência, as branquinhas (Potamorhina spp.), o surubim
(Pseudoplatystoma fasciatum), as sardinhas (Triportheus spp.), os jaraquis (Semaprochilodus
spp.), a pirapitinga (P. brachypomus ) e os maparás (Hypophythalmus spp.). No que se refere
aos peixes residentes, os mais capturados foram o tucunaré (C. monoculus), o acará-açú (A.
ocellatus), as piranhas (Pygocentrus nattereri, Serrasalmus sp.), os acarás (Geophagus
56
proximus, Chaetobranchus sp., Heros efasciatus), o bodó (P. pardalis ), a pescada
(Plagioscion sp.), a traíra (H. malabaricus ) e o matrinxã (Brycon sp.) (Figura 17).
0 5 10 15 20
Tucunaré
Ruelo
Acará-açú
Curimatã
Piranhas
Pacus
Acarás
Branquinhas
Bodó
Pescada
Surubim
Sardinhas
Traíra
Jaraquis
Matrinxã
Pirapitinga
Maparás
Peix
es
Frequência relativa de citação (%)
Figura 17- Peixes mais capturados pelos entrevistados no período da vazante no Sistema Lago
Grande de Manacapuru. Fonte: BASPA, 2008.
No período da seca, a retração das águas e concentração dos peixes nos poços e
igarapés, facilita a pesca. Os mais capturados nesse período foram os peixes residentes com
destaque para o tucunaré (C. monoculus), as piranhas (Pygocentrus nattereri, Serrasalmus
sp.), a aruanã (O. bicirrhosum), o acará-açú (A. ocellatus) e o bodó (P. pardalis). No que se
refere aos migradores de curta distância os mais capturados foram ruelo (C. macropomun),
curimatã (P. nigricans), surubim (P. fasciatum). Os com menor freqüência foram as
branquinhas (Potamorhina spp.), os aracus (S. fasciatus, Leporinus sp.), a pirapitinga (P.
brachypomus) e os pacus (Mylossoma sp., Metynnis sp.) (Figura 18).
57
0 5 10 15 20
Ruelo
Tucunaré
Curimatã
Piranhas
Aruanã
Acará-açú
Surubim
Bodó
Cuiu-cuiu
Acarás
Branquinhas
Aracus
Pescada
Pirapitinga
Pacus
Traíra
Peix
es
Frequência relativa de citação %
Figura 18- Peixes mais capturados pelos entrevistados no período da seca no Sistema Lago
Grande de Manacapuru, AM. Fonte: BASPA,2008.
Os pescadores do Sistema Lago Grande de Manacapuru capturam em suas pescarias
uma variedade de peixes. Na enchente, cheia e seca predominam as residentes, enquanto que
na vazante, a maioria é migradora. No que se refere aos residentes, o tucunaré, a piranha e o
acará-açú foram os mais citados, sendo capturados ao longo de todo o ciclo hidrológico. Já
entre os migradores, predominou o tambaqui/ruelo e a curimatã. Estudos realizados na
Amazônia com dados de desembarque apontam alta freqüência de captura de peixes como
curimatã, pacu, tambaqui, tucunaré (PETRERE, 1978; BATISTA et al., 1998; BARTHEM e
FABRÉ, 2004; VIANA, 2004). Assim como dados de desembarque de pescado no porto da
Panairzinha, em Manacapuru, lista esses 5 peixes como os principais (SOUSA, 2009). Esses
resultados corroboram as informações relatadas pelos pescadores do Lago Grande.
Portanto, nota-se regularidade na captura de tucunaré, curimatã, tambaqui, acará-açú e
a piranha. E, a maior freqüência de captura desses peixes pode estar associada: a) objetivos da
pesca, se é para consumo ou comercialização, b) a ocorrência das espécies ao longo do ciclo
hidrológico e c) o conhecimento do pescador sobre o ambiente e a ictiofauna que deseja
capturar.
58
4.2.3 Local de pesca
A identificação dos locais de pesca refere-se, principalmente, a representação social do
ambiente que está intimamente associada às atividades produtivas desenvolvidas pelos
habitantes do Sistema Lago Grande de Manacapuru. Nesse sentido, o território muitas vezes
ocupado há várias gerações, não é definido apenas pelos limites espaciais, recursos existentes
e, consequentemente, das atividades ali executadas. Mas, de forma essencial, é o espaço onde
se estabelecem as relações sociais, as representações dos mitos e lendas. Portanto, o espaço
assim como o lugar apresenta importância econômica, social e cultural (TUAN , 1980).
Maldonado (2000) explica que falar do espaço, nem sempre significa falar de um dado
concreto, mas de uma realidade geográfica da natureza com a qual o homem se confronta para
se reproduzir. Esses espaços tanto terrestres e aquáticos são revestidos de significados. Nesse
sentido, a pesca mostra relevância da percepção do ambiente não somente para a ordenação
dos homens nos espaços sociais, mas, de acordo com a autora, essa percepção do ambiente é
importante também para a organização da própria produção e da reprodução da atividade
pesqueira.
Autores como Little (2002) conceituam a delimitação desses espaços como
territorialidade, pois trata-se de “esforço coletivo para ocupar, usar, controlar e se identificar
com a parcela específica de seu ambiente biofísico, convertendo-a assim em seu ‘território’”
(p. 03). A utilização desses territórios pressupõe um conhecimento detalhado sobre a
ictiofauna local, sobre onde encontrar os peixes, como capturar e, por isso, a função prática
deste saber empírico demonstra como um conjunto de conhecimentos influencia de maneira
incisiva na produção de alimentos para essas populações. A escolha do local de pesca também
está relacionado com o ciclo das águas, onde determinados períodos do ciclo possibilitam
maior ou menor acesso aos locais de pesca. Nesse sentido, este ciclo das águas implica
compreender como que os pescadores se inter-relacionam com o ambiente ao seu redor. Com
efeito, para o deslocamento aos locais de pesca, os pescadores utilizam um conhecimento
detalhado sobre as características do ambiente e as transformações decorrentes da variação
sazonal das águas cuja identificação dos locais é seguida de uma nomeação dos elementos da
paisagem que orientam e facilitam o acesso.
Souto (2010) destaca que é comum a existência de percepções êmicas de espacialidade
que correspondem a diferenciações e identificação dos ambientes, ou de acordo com o
mesmo, permitem a identificação dos locais e acesso aos ambientes aquáticos. Os ambientes
59
aquáticos que compõem o Sistema Lago Grande de Manacapuru são nomeados e classificados
há vários anos e, tais nomeações, são compartilhadas entre homens, mulheres e crianças. E os
pescadores com maior idade possuem um maior detalhamento destes ambientes.
No Sistema Lago Grande de Manacapuru foi possível identificar um modelo cognitivo
de classificação desses locais, através da representação social do ambiente, de aspectos
culturais, da sazonalidade e do conhecimento da movimentação das espécies de peixes. Os
locais são categorizados pela população local em: rio, lago, paraná, igarapé, furo, igapó, poço,
mãe do rio e chavascal, sendo extensamente descritos na literatura especifica (Tabela 6).
Tabela 6- Ambientes aquáticos citados pelos entrevistados e os registros encontrados na
literatura específica.
Ambientes Etnoconhecimento pescadores Descrição na literatura
Rio Canal principal, os pescadores
identificam o rio Manacapuru (água preta) e o Rio Solimões
(água branca).
Os rios da bacia Amazônica podem ser classificados de
acordo com sua cor, origem e química em três principais categorias: rios de águas pretas ex. Rio Negro), rios de
águas claras (ex. Tapajós) e rios de águas brancas (ex.
Amazonas) (SIOLI, 1975).
Lago Curso d’água maior que
expande-se no período de
enchente/cheia e reduz no período da seca.
Os lagos podem ser considerados como corpos de água,
total ou parcialmente circundados pelo sistema terrestre
com origens e tempo de vida variáveis., podem ser de terra firme ou de várzea.
Os lagos de várzea surgem de depressões no terreno que
são alcançadas periodicamente pelas inundações, sendo que no período de seca ficam parcialmente ou totalmente
isolados dos ambientes lóticos. Os lagos de terra firme se
diferem dos lagos da várzea por serem permanentes. Geralmente são lagos grandes, abastecidos por nascentes
( SIOLI, 1984)
Paraná Permite o acesso a diversos ambientes (lagos e igarapés) e
localidades (localidade de
Jaitêua, Cajazeira e suas comunidades).
Os paranás são canais de navegação até os lagos, importantes para a migração e dispersão das espécies
(GARCEZ et al., 2010).
São formações de bancos arqueados estreitos e muito longos, depositados por migração lateral de todo um
canal ou de um braço. ( PEREIRA, 2007).
Igarapé Curso d’água menor que o lago,
que muitas vezes deságua no
lago, paraná.
São corpos d´água de pequeno porte, caracterizados pelo
leito bem delimitado e apresenta correnteza relativamente
acentuada. (SANTOS e FERREIRA, 1999).
60
Continuação Tabela 6- Ambientes aquáticos citados pelos entrevistados e os registros
encontrados na literatura específica.
Ambientes Etnoconhecimento pescadores Descrição na literatura
Furo
É um canal que possibilita o acesso mais
rápido a dois ambientes, é um tipo de
atalho que pode ser usado na enchente/cheia, local de passagem de
peixes. Os principais furos do sistema lago
Grande possibilitam o acesso entre os lagos São Lourenço e Jaitêua.
canais muito rasos e estreitos e
meandriformes, denominados de furos, que
drenam a água para o paraná ou para o canal principal. (PEREIRA,2007)
Igapó
Área de floresta inundada no período da cheia.
São florestas inundáveis, localizados ao longo dos rios de águas pretas e águas
claras (AYRES, 2006, p.36).
Poços
Áreas profundas que permanecem na seca
e que concentram os peixes.
Trata-se de um micro-ambiente
característico dos lagos de origem fluvial da
Amazônia cuja fisiografia propicia sua
integridade aquática ainda que no período da seca, fato que lhes confere alta
produtividade pesqueira (RIBEIRO e
FABRÉ, 2003).
Chavascal Existe em locais como lagos onde há
capins aquáticos, que são os chavascais, geralmente associado a um local de difícil
pescaria principalmente a realizada com
malhadeira.
Os chavascais são constituídos por extensas
áreas de vegetação arbustiva e pantanosa e são comuns na região entre os lagos, canais
e rios, normalmente atrás das faixas de
restinga (AYRES, 2006, p.36).
Mãe do rio
Parte mais funda passível de navegação o
ano inteiro, como um canal que possibilita
o deslocamento do rio até a área do Sistema Lago Grande de Manacapuru.
A imagem da água sempre remeteu a
mulher, no aspecto de fertilidade,
sensualidade, flexibilidade e instabilidade frequentemente destacados e descritos nas
representações também do elemento
aquático (Fortes, s/d). Além disso, a água é sempre associada a fonte de vida e, no
contexto ribeirinho, pode representar a fonte
de vida que permanece e garante o acesso
das comunidades, a circulação de produtos, a realização das pescarias. A relação com a
água assegura um modo de vida particular,
um rico universo simbólico (FRAXE, 200; DIEGUES, 2007; FORTES, s/d).
Fonte: Pesquisa de campo (2010) e literatura específica. Adaptado de Brito (2010).
No período da enchente, com o aumento das chuvas no inverno, grandes porções de
floresta são inundadas, dispersando os peixes e dificultando sua captura. Para esse período, os
entrevistados citaram 43 locais, considerados como os mais procurados para a pesca: os lagos
Jaitêua, Mutum e Grande; igarapés Jauari Grande, Boca larga, Grande, Cedro, Tiago, Cumaru.
61
Também foi mencionado pelos pescadores, o rio Manacapuru e a mãe do rio. Esse último é
bastante procurado pelos pescadores, principalmente porque fica próximo da comunidade de
Santo Antônio (Jaitêua de Baixo). Outro local muito procurado é o furo do Acari e o Canal
Serra Lima, identificados como locais de passagem de peixes (Figura 19).
No que se refere ao período da cheia foram citados 51 locais de pesca. O aumento do
número de locais deve-se ao fato de que na cheia, a expansão dos ambientes facilita o acesso
aos lagos, igarapés, furos e canal. O lago do Jaitêua, por exemplo, é o principal local de pesca.
E, com relação aos igarapés, tem destaque os do Tiago, Cedro e Jauarí Grande. Os furos do
Acari e Cumaru são também muito pescados, principalmente, pela presença da floresta
inundada que propicia alimento e refúgio aos peixes.
Além desses, o canal do Serra Lima é outro local de pesca muito utilizado. Os
moradores, principalmente da localidade de Jaitêua de Cima, estão pescando na Reserva de
Desenvolvimento Sustentável do Piranha12
. A reserva é conhecida pela grande quantidade de
peixes, principalmente tambaqui e pirarucu. Nesse período também pescam nas áreas de
chavascal. O rio foi procurado para as pescarias com menor freqüência, apesar da facilidade
de deslocamento (Figura 20).
No período da vazante, a área alagada começa a reduzir e os peixes iniciam os
movimentos dentro do sistema procurando os locais mais profundos. E, diante disso, os
pescadores posicionam-se nas bocas dos igarapés, furos, por onde os peixes passam em
direção ao rio, lagos e canais mais profundos. Foram mencionados 40 locais de pesca e os
mais citados foram os lagos, com destaque para o lago do Jaitêua e o Grande e, com menor
freqüência o Mutum Grande, Mutunzinho, Inácio, Redondo e ainda o lago do Piranha, na
RDS Piranha; para os igarapés, tem destaque o Grande, Cedro, Cajazeira, Boca Larga, Zé
Leite e Peraço, principalmente nas bocas; para os furos, tem pescarias no Acari, Bode, Tigre;
Canal, locais mais profundos tem o do Cedro, Peraço e Serra lima. No Paraná do Anamã é
freqüente a pescaria, mas também ocorre com menor freqüência no Paraná da Fazenda,
Seringa, Cajazeira e Tiago. Finalmente, a pesca ocorre também no poço do Chatu, devido à
facilidade de captura de peixes (Figura 21).
12
Prefeitura Municipal de Manacapuru implantou em 1997 por meio da lei n° 009/97, a primeira RDS
municipal do país, denominada Reserva de Desenvolvimento Sustentável Piranha. Brito (2010) em seu
estudo sobre a pesca no lago Grande, evidenciou que a pesca na área da reserva ocorre no período de águas altas, que corresponde a enchente e cheia, devido a maior rentabilidade obtida com a
comercialização do pescado capturado.
62
Finalmente, com a retração das águas na seca há uma redução na quantidade de locais
de pesca para os pescadores, sendo citados somente 21 principais pontos de pesca. Isso
porque o baixo volume da água promove a concentração dos peixes em locais específicos,
geralmente mais profundos, como os canais e poços que não secam. Os poços mais citados
foram do Barro Vermelho, Chatu, e Pescoço do Veado localizados ao longo do paraná do
Anamã (Jaitêua de Cima). E ainda, os poços do Cumaru, Terra Preta e do Jaitêua de Baixo.
Além desses, são ainda utilizados nas pescarias o paraná do Cedro e Jaitêua. Também devem
ser mencionados os lagos Grande, Mutum Grande, Mutunzinho, Jaitêua, São Lourenço, a mãe
do rio e os igarapés Grande e da Cajazeira, pois permanecem com água suficiente para
ocupação de muitos peixes (Figura 22).
Resumindo, no período da enchente e cheia com o aumento das áreas alagadas, os
pescadores tem acesso a vários ambientes de pesca, principalmente, os lagos, igarapés e
paranás. Enquanto que, na vazante exploram, principalmente, os furos e as partes mais
profundas como os canais, além dos lagos e igarapés. Finalmente, na seca, há uma diminuição
de locais, agora ficando restritos aos poços que em sua maioria estão situados ao longo do
paraná do Anamã. Também os lagos do Jaitêua e Grande são preferenciais para a pesca
porque continuam acessíveis durante o ciclo hidrológico, inclusive na seca. Estes dados
corroboram as informações registradas por Sousa (2009)13
, que detectou diminuição das
freqüências de pescaria na seca, sendo realizadas principalmente nas proximidades do lago
Grande e Paraná do Anamã.
Estudos realizados a partir de dados de desembarque identificou pesqueiros
relacionados com 5 principais rios e somente no Rio Solimões foi registrado 59 locais, sendo
em sua maioria lago, paraná e costa (PETRERE, 1978). Esse resultado indica a utilização de
vários espaços aquáticos onde estão sendo realizadas as pescarias. Da mesma forma Cardoso
e Freitas (2007) no médio rio Madeira relatam pescarias realizadas em lagos, igarapés e rio.
Por outro lado, no estudo de Batista et al. (1998), realizados com pescadores ribeirinhos
observou que em localidades constituídas por grandes lagos, a tendência é que as capturas
sejam efetuadas principalmente no lago, diferentemente do que ocorre em lugares com poucos
lagos onde as pescarias são realizadas mais nos rios.
13 Sousa (2009) dividiu o Sistema Lago Grande em setores, que são unidades geográficas definidas que
possibilitam fazer uma relação entre o banco de dados de estatística pesqueira e Sig (Sistemas de Informação
Geográfica). Foi utilizado o mapeamento participativo, por meio de imagens de satélites impressas na escala de
1:700.000, com a localização dos principais setores.
63
Portanto, os pescadores do Sistema Lago Grande de Manacapuru estão pescando em
vários ambientes que são categorizados, nomeados e cuja acessibilidade depende 1) da
possibilidade de deslocamento conforme o ciclo hidrológico (enchente, cheia, vazante e seca),
2) dos hábitos das espécies de peixes alvo da pesca, 3) da experiência pessoal de cada
pescador e 4) dos acordos de pesca14
existentes. Para as pescarias que envolvem pequenos
deslocamentos, geralmente os entrevistados utilizam as canoas, enquanto que nas longas
distâncias são utilizadas canoas com rabetas. Os pescadores comerciais também usam a canoa
com rabeta (canoa com motor de 3 a 5HP), mas para adentrar aos locais de difícil acesso, tais
como o igapó, utilizam-se da canoa a remo.
14 O IBAMA considera o acordo de pesca como uma importante estratégia de administração pesqueira que reúne
um conjunto de normas específicas, decorrentes de tratados consensuais entre os diversos usuários dos recursos
pesqueiros de uma determinada área. (Instrução Normativa nº 29, de 31 de dezembro de 2002). Na área da
pesquisa, Jacaúna (2009) registrou que um grupo de pescadores de subsistência que residem nas comunidades
localizadas em Jaitêua de Cima possui um acordo informal para manutenção do pescado no Paraná do Anamã,
no período da seca. De acordo com o autor trata-se de um acordo verbal e informal onde ficou estabelecido que
neste período apenas a pesca para o consumo é permitida no Paraná do Anamã.
64
Figura 19- Ambientes de pesca no período da enchente no Sistema Lago Grande de Manacapuru, AM.
65
Figura 20- Ambientes de pesca no período da cheia no Sistema Lago Grande de Manacapuru, AM.
66
Figura 21- Ambientes de pesca no período da vazante no Sistema Lago Grande de Manacapuru, AM.
67
Figura 22- Ambientes de pesca no período da seca no Sistema Lago Grande de Manacapuru, AM.
68
4.3 ETNOCONHECIMENTO DOS ENTREVISTADOS SOBRE A REPRODUÇÃO DE
PEIXES
Na visão dos entrevistados, o período de reprodução dos peixes é considerado como
época de desova. A época e características de desova descritas pelos entrevistados revelam o
conhecimento que é adquirido através da realização da pesca e de observações direta do
comportamento dos peixes.
No que se refere aos conhecimentos relacionados com o comportamento reprodutivo
da ictiofauna no Sistema, analisando a lista dos peixes mais capturados pelos entrevistados em
conjunto com as informações da literatura cientifica específica, foi possível resgatar dados
referentes a 16 peixes (Tabela 3). Esses peixes são alvos da pesca local e pertencem a dois
distintos grupos, os residentes e os migradores (temporários).
Os residentes, acará-açú, aruanã, bodó, pescada, piranha-caju, pirarucu, tamoatá, traíra e
tucunaré, na visão dos pescadores são aqueles que permanecem no Sistema. Eles realizam
migrações locais, principalmente na vazante, procurando locais de maior profundidade e na
enchente deslocam-se em direção as áreas recentemente alagadas para se alimentar e/ou
desovar (MACIEL, 2010; MÉRONA e RANKIN-DE-MERONA, 2004). Por outro lado, os
migradores (temporários), aracu, branquinha, curimatã, jaraquis, matrinxã, pacu e tambaqui,
vivem nos lagos temporariamente, se agrupam em cardumes realizando movimentos de saída
dos lagos, e, na vazante, em direção a calha principal do rio. Já na enchente, sobem o rio para
desovar (migrações reprodutivas), e, depois, os adultos e larvas retornam as áreas alagadas
(migração trófica) onde encontram locais para alimentação, abrigo e crescimento,
permanecendo até a próxima vazante (SANTOS, 1981; ZANIBONI-FILHO, 1985; RIBEIRO
e PETRERE, 1990). E, para grande parcela dos entrevistados é a enchente o período que
ocorre a reprodução para a maioria dos peixes (Tabela 7).
69
Tabela 7- Número (N) e percentagem (%) de citações dos pescadores (etno) e conhecimento
científico (cient) sobre época de reprodução de 16 peixes no Sistema Lago Grande de
Manacapuru, AM.
PEIXES
N % N % N % N % N % N % N % N %
Acará-açu 38 88 3 100 4 9 - - 1 2 - - - - - - 3
Aruanã 13 93 6 67 - - - - - - - - 1 7 3 33 6
Bodó 15 83 3 43 - - - - 2 11 - - 1 6 4 57 3
Pescada 1 33 5 45 1 33 - - 1 33 3 27 - - 3 27 7
Piranha-caju 8 80 7 64 2 20 1 9 - - - - - - 3 27 8
Pirarucu 23 77 5 63 7 23 - - - - - - - - 3 38 5
Tamoatá 5 83 7 78 1 17 - - - - - - - - 2 22 7
Traíra 12 86 3 50 2 14 - - - - - - - - 3 50 4
Tucunaré 52 76 6 40 12 17 1 7 4 6 1 7 1 1 7 47 9
Aracu 8 100 5 83 - - - - - - - - - - 1 17 5
Branquinha 6 86 5 100 - - - - - - - - 1 14 - - 5
Curimatã 26 70 11 73 11 30 4 27 - - - - - - - - 11
Jaraquis 9 70 6 75 2 15 - - 2 15 - - - - 2 25 6
Matrinxã 3 100 4 100 - - - - - - - - - - - - 4
Pacu 3 75 3 75 1 25 1 25 - - - - - - - - 3
Tambaqui 10 72 9 90 3 21 1 11 1 7 - - - - 1 10 9
legenda: n cientifico=total de trabalhos científicos
Científico Etno Científico Etno Científico
Mig
rad
ore
sR
esi
den
tes
Etno Científico N científico
ENCHENTE CHEIA VAZANTE SECA
Etno
Fonte: BASPA (2008), pesquisa de campo 2010.
O acará-açú é um peixe cuja reprodução é bastante conhecida pelos pescadores, e
para a maioria dos entrevistados a desova ocorre na enchente (Tabela 7). Esse resultado é
similar aos relatados na literatura específica consultada, assim como naqueles gerados no
banco de dados dos projetos da sub-rede BASPA (Tabela 8). Com relação ao local de desova,
os pescadores descrevem como ocorrendo nas raízes, troncos, galhadas e folhas em lagos e
igarapés dentro do Sistema. Na literatura consultada é mencionado que o acará-açú constrói
ninhos em galhadas, troncos e raízes flutuantes.
70
Tabela 8- Etnoconhecimento e literatura específica sobre local e época de desova do acará-
açú.
Época de desova
Bacia Biótopo Habitat
Enchente Rio Amazonas Lago, igarapé, e paraná Igapó, raízes, toco de árvores, margens,
(novembro a março) do SLGM pausadas e folhas no fundo de lago
e igarapé, cabeceira de igarapé
Cheia Rio Amazonas Rio Amazonas Troncos caídos no rio, em cima
Igarapé do SLGM de pau
Vazante Rio Amazonas Igarapé e furo do SLGM Pau velho, em cima das folhas
(agosto)
Época de desova
Bacia Biótopo Habitat
Enchente (janeiro Rio Amazonas Lago Camaleão -
a março) (FERREIRA-NETO e SOARES, 1999)
Enchente (dezembro) Rio Amazonas Lago -
e cheia (julho) (SANTOS et al., 2006)
Enchente (dezembro Rio Amazonas Lago Jaitêua (SLGM) Água aberta, floresta alagada
a fevereiro) (Banco de dados BASPA)
Local de desova
Literatura científica
Etnoconhecimento
Local de desova
Fonte: BASPA (2008), pesquisa de campo (2010).
Em relação ao aruanã, os entrevistados destacam que a reprodução acontece na
enchente (Tabela 7). Estudos específicos (ARAGÃO, 1989; CAVALCANTE, 2008;
FERREIRA e SOARES, 1999) informam que a reprodução ocorre no final da seca e início da
enchente, concordando com as informações geradas pela sub-rede BASPA. No que se refere
ao local, os pescadores descrevem que a desova ocorre em lagos, paranás e igarapés e, que a
aruanã cuida da prole protegendo os filhotes na boca. Tal informação é similar às informações
científicas acima mencionadas (Tabela 9).
O bodó é frequentemente citado pelos entrevistados como desovando na enchente,
embora tenha sido menos freqüente nos períodos da vazante e seca (Tabela 7). Os estudos de
reprodução apontam que a reprodução do bodó ocorre entre o período de seca e a enchente
(NASCIMENTO, 2004; FERREIRA et al., 1998; BASPA, 2008). E, segundo os pescadores,
no Sistema Lago Grande de Manacapuru, a desova ocorre em buracos feitos no barro,
71
principalmente em lagos e igarapés. E, essas informações estão em consonância com as
informações relatas na literatura específica consultada (Tabela 10).
Tabela 9- Etnoconhecimento e literatura específica sobre local e época de desova do aruanã.
Época de desova
Bacia Biótopo Habitat
Enchente Rio Amazonas Lago, igarapé, paraná Boca do igarapé
do SLGM
Seca Rio Amazonas Lago do SLGM Na boca de outro
peixe
Época de desova
Bacia Biótopo Habitat
Final de seca (novembro) a Rio Amazonas Lago Janauacá -
meados da enchente (março) (ARAGÃO, 1989)
Enchente (novembro e Rio Amazonas Rios Ucayali e Maranon -
dezembro) (TELLO et al ., 1992)
Final de seca (dezembro) a Rio Amazonas Lago Camaleão -
meados da enchente (março) (FERREIRA-NETO e
SOARES, 1999)
Inicio (dezembro) a Rio Amazonas Canal, lago na RDS Mamirauá -
meados da enchente (março) (QUEIROZ 2008)
Inicio (dezembro) a Rio Amazonas Lagos, paranás e ressacas -
meados da enchente (março) (RDS Mamirauá)
(CAVALCANTE, 2008)
Seca (outubro, novembro) e Rio Amazonas Lago Jaitêua Água aberta,
inicio da enchente (dezembro). (Banco de dados BASPA) fundo do lago
Etnoconhecimento
Local de desova
Literatura científica
Local de desova
Fonte: BASPA (2008), pesquisa de campo (2010).
72
Tabela 10- Etnoconhecimento e literatura específica sobre local e época de desova do bodó
Época de desova
Bacia Biótopo Habitat
Enchente Rio Amazonas Lago, paraná e Buraco cavado no fundo
(dezembro a março) igarapé do SLGM
Vazante Rio Amazonas Lago Jaitêua Buraco cavado no
no barranco
Seca Rio Amazonas Lago Jaitêua Buraco cavado no fundo
Época de desova
Bacia Biótopo Habitat
Final de seca (dezembro) Rio Amazonas Lagos Ninhos em tocas
início da enchente (março) (FERREIRA et al., 1998) no fundo
Seca (novembro e dezembro) Rio Amazonas Lagos Poraque, Aruã, -
início da enchente (janeiro) Campina, Iauara e Preto
(NASCIMENTO, 2004)
Seca (outubro e dezembro) Rio Amazonas Lago Jaitêua do SLGM Ninhos em tocas
(Banco de dados BASPA) no fundo
Etnoconhecimento
Local de desova
Literatura científica
Local de desova
Fonte: BASPA (2008), pesquisa de campo (2010).
A pescada com base nas entrevistas, não tem o período de reprodução bem definido,
pois é mencionado que os peixes desovam na enchente (33%), cheia (33%) e vazante (33%)
(Tabela 7). Os estudos realizados com pescada destacam que a desova ocorre entre o período
da seca e enchente (DORIA e LIMA, 2008; WORTHMANN, 1992; OLIVEIRA, 2000). No
rio Ucayali, Riofrío (2009) relata que a desova acontece o ano inteiro, com maior frequência
na vazante e enchente. E, no Sistema Lago Grande de Manacapuru Maciel (2010) afirma que
a reprodução ocorre na enchente, vazante e seca. Mas, considerando que o resultado está
baseado em somente três questionários, é sugerido aumentar o número de entrevistas, para um
resultado conclusivo. Os locais de desova da pescada, segundo os pescadores, são os capins e
as partes profundas no rio Solimões e paranás. Oliveira (2000) relata que a pescada desova
nas margens do rio Solimões, enquanto que Maciel (2010) sugere no próprio Sistema, nos
lagos Jaitêua e São Lourenço (Tabela 11).
73
Tabela 11- Etnoconhecimento e literatura específica sobre local e época de desova da
pescada.
Época de desova
Bacia Biótopo Habitat
Enchente Rio Amazonas Rio, paraná No fundo parana
Cheia Rio Amazonas Rio, paraná Rio, paraná fundo,
capim
Vazante Rio Amazonas Dentro da fêmea
Época de desova
Bacia Biótopo Habitat
Início da seca Rio Amazonas Lago Janauacá
(WORTHMANN, 1992) -
Enchente, do inicio Rio Amazonas Rio Solimões-Amazonas, Margens do rio
(dezembro) ao final (abril) (OLIVEIRA 2000) Costa do Catalão
Final da seca (setembro) Rio Amazonas Rio Mamoré, lago Água aberta
e inicio da enchente (LOUBENS, 2003).
(dezembro)
Todo o ano, principalmente Rio Amazonas Médio rio Xingu Ambientes lênticos,
na vazante (julho) e (CAMARGO e LIMA áreas de corredeiras
enchente (novembro). JÚNIOR, 2007) e de inundação sazonal
Todo o ano todo, com Rio Tocantins- UHE DE TUCURUÍ -
pico de desova de Araguaia (Rocha et al. 2006)
setembro a outubro
Todo o ano, com Rio Amazonas Rio Ucayali (Amazônia
maior frequencia entre Peruana) -
setembro (vazante) e (RIOFRÍO 2009)
outubro (enchente)
Enchente (janeiro) Rio Amazonas Lago São Lourenço, lago Área aberta
Vazante (agosto), Jaitêua (MACIEL, 2010)
Seca (novembro).
Etnoconhecimento
Local de desova
Literatura científica
Local de desova
Fonte: BASPA (2008), pesquisa de campo (2010).
A piranha-caju para a maioria dos entrevistados desova na enchente (80%), mas a
cheia também foi citada, embora com menor freqüência (20%) (Tabela 7). A reprodução da
piranha-caju tem sido estudada em vários ambientes. No Rio Mamoré, Amazônia Boliviana
(PIMENTEL, 2002; DUPONCHELLE et al., 2007), rio Miranda, Paraguai (SAZIMA E
74
MACHADO, 1990), rio Rupunini, Orinoco (LOWE-MCCONNELL, 1964) e no lago do Rei,
rio Solimões (BITTENCOURT, 1994) a desova é relatada como acontecendo na enchente.
Para Vicentin et al., (2012), no rio Negro, a desova ocorre na enchente e cheia. Mas, na
Reserva Mamirauá (QUEIROZ et al., 2010) acontece na seca. No sistema Lago Grande de
Manacapuru a piranha cajú desova entre a seca e início da enchente (MACIEL, 2010). Os
locais de desova segundo os pescadores são os tocos de paus, capim, no lago, canal, igapó e
igarapé. Bittencourt (1994) e Queiroz et al. (2010) também mencionam a desova ocorrendo
em lagos, especialmente nos capins e outros tipos de vegetações (Tabela 12).
Tabela 12-Etnoconhecimento e literatura específica sobre local e época de desova da piranha-
caju.
Época de desova
Bacia Biótopo Habitat
Enchente Rio Amazonas Igarapé, paraná, lago, canal Tronco, igapós, capim,
no SLGM margens, nas costa de outra
piranha, qualquer lugar
Cheia Rio Amazonas Igarapé, paraná, lago, canal Igapó, boca de outra piranha
no SLGM
Época de desova
Bacia Biótopo Habitat
Início da enchente (maio) Rio Amazonas Rio Rupunini -
(LOWE-McCONNELL, 1964)
Início da enchente Rio Paraguai Rio Miranda -
(SAZIMA e MACHADO, 1990)
Início da enchente Rio Paraguai Rio Vermelho Ninhos escavados no fundo,
(fevereiro) (UETANABARO et al. 1993) na vegetação, entre raízes e
caules, recentemente alagada
Início (dezembro) ao Rio Amazonas Lago do Rei Galhadas
final da enchente (abril) (BITTENCOURT,1994)
Seca (outubro) e inicio Canal e lagos nos rios Mamoré Nas margens
da enchente (dezembro) Rio Amazonas e Iténe (Amazônia Boliviana)
(DUPONCHELLEe et al ., 2007)
Seca (novembro) e Rio Amazonas Lagos São Lourenço e Jaitêua Água aberta
início de enchente (janeiro) do SLGM (MACIEL, 2010)
Seca (outubro e novembro) Rio Amazonas Lagos da RDS Mamirauá Capins e outras vegetação
(QUEIROZ et al ., 2010)
início de enchente (dezembro) Rio Paraguai Rio Negro (Pantanal central) -
e cheia (fevereiro) (VICENTIN et al ., 2012)
Etnoconhecimento
Local de desova
Literatura científica
Local de desova
Fonte: BASPA (2008), pesquisa de campo (2010).
75
O pirarucu tem a época de desova bastante citada pelos entrevistados. Para a maioria é
na enchente que ocorre a desova, mas a cheia também foi citada, embora com menor
freqüência (Tabela 7). Nos trabalhos consultados também é evidente a citação da desova na
enchente como sendo a mais freqüente. Os locais de desova, de acordo com os entrevistados,
são os lagos, igarapés e até mesmo no rio Solimões onde o pirarucu cava buraco para depois
desovar. Queiroz e Sardinha (1999) na RDS Mamirauá destacam que a desova acontece nos
lagos, corroborando assim com as informações dos pescadores entrevistados no Lago Grande
que descrevem em detalhes os locais de desova (Tabela 13).
Tabela 13- Etnoconhecimento e literatura específica sobre local e época de desova do
pirarucu.
Época de desova
Bacia Biótopo Habitat
Enchente Rio Amazonas Rios Solimões e Purus Buraco na terra (panela), igapó no lago
(novembro a março) Lago, paraná e igarapé ,boca do macho, restinga,cabeceiras
no SLGM dos lagos, em cima dos paus
Cheia Rio Amazonas Lago no SLGM Buracos no igapó, chavascal
Época de desova
Bacia Biótopo Habitat
Enchente Rio Amazonas Rio Ucayali (Amazônia peruana) Constrói ninhos na floresta alagada
(dezembro a maio) (LǗLING, 1964) (quando a água do rioalcança a floresta)
Enchente Rio Amazonas Rio Tocantins
(janeiro e março) (GODINHO et al . 2005) -
Final da seca (novembro) Rio Amazonas Lagos, canais na RDS Mamirauá Constrói ninhos na margens
início de enchente (janeiro) (QUEIROZ e SARDINHA, 1999)
Seca (setembro) Rio Amazonas Rio Pacaya e Samiria -
e enchente (dezembro) (FLORES, 1980)
Final da seca (novembro) Rio Amazonas Ressaca, paraná, lago na RDS Constrói ninhos nas margens da
inicio da enchente (janeiro) Mamirauá (CASTELLO, 2008) floresta alagada em substratos de areia
Local de desova
Literatura científica
Etnoconhecimento
Local de desova
Fonte: BASPA (2008), pesquisa de campo (2010).
No que se refere a época de desova do tamoatá, a maioria dos entrevistados menciona
que ocorre na enchente (Tabela 7). Esta informação está de acordo com os estudos realizados
por Carter e Beadle (1931), Winemiller (1987), Hostache e Mol (1998) e Maciel (2010).
Sobre o local de desova, os entrevistados descrevem que o tamoatá constrói ninhos em folhas
e capins em canais e lagos. Carter e Beadle (1931), Winemiller (1987) e Ferreira Neto (2001)
76
também descrevem que o tamoatá constrói ninhos de espuma flutuante na vegetação aquática
nos lagos de várzea (Tabela 14).
Tabela 14- Etnoconhecimento e literatura específica sobre local e época de desova do
tamoatá.
Época de desova
Bacia Biótopo Habitat
Enchente Rio Amazonas Paraná e lago do Folhas, capim
SLGM Ninho em plantas aquáticas
Cheia Rio Amazonas Lago do SLGM Ninho de espuma
no capim
Época de desova
Bacia Biótopo Habitat
Enchente, logo no início Rio Paraguai Chaco paraguaio Locais rasos, proximo as margens
período de chuvas (CARTER e BEADLE, 1931) Ninhos de plantas aquáticas flutuantes
na superfície da água, folhas e caules
Enchente, logo no início Rio Orinoco Riacho de segunda Ninhos na vegetação aquática
período de chuvas ordem do rio Apure
(WINEMILLER, 1987)
Enchente, depois do Rio Amazonas Rio Rupununi Locais rasos, areas abertas nas
início das chuvas (HOSTACHE e MOL, 1998) margens da vegetação aquática, perto de
diques, anexados em moitas de capim
Ninhos flutuante de espuma em material
vegetal
Seca (final), início da Rio Amazonas Lago Camaleão Margens, ninhos nos capins e
enchente (FERREIRA NETO, 2001) macrófitas aquáticas flutuantes
Final da seca (dezembro) Rio Amazonas Lagos permanente e temporário -
e enchente (fevereiro) da APA do Rio Curiaú
(SÁ-OLIVEIRA e CHELLAPA, 2002)
Enchente UHE de Tucuruí Margens
(SANTOS et al., 2004)
Enchente, início das Rio Amazonas Lagos São Lourenço Água aberta
chuvas (novembro e dezembro) e Jaiteua do SLGM
( MACIEL, 2010)
Etnoconhecimento
Local de desova
Literatura científica
Local de desova
Rio Tocantins-
Araguaia
Fonte: BASPA (2008), pesquisa de campo (2010).
A traíra para a maioria (86%) dos entrevistados, desova na enchente, mas a cheia
também foi mencionada como menor freqüência (14%) (Tabela 7). Estas informações
concordam com aquelas relatadas por Araújo-Lima e Bittencourt (2001), Prado et al. (2006) e
77
principalmente, com os dados procedentes do banco do BASPA. Os principais locais de
desova segundo os entrevistados são os lagos, igapós e paranás. Segundo eles, a traíra desova
em folhas, troncos, e constrói ninhos no fundo (buracos), próximos a vegetação. E, esta
informação é similar à relatada por Araújo-lima e Bittencourt (2001) e Prado et al. (2006)
(Tabela 15).
Os pescadores mencionam que o tucunaré desova no início da enchente (Tabela 7).
Esses resultados corroboram aqueles gerados em outros locais da Amazônia onde é relatado
que a reprodução dos tucunarés ocorre com maior freqüência na enchente (OLIVEIRA-
JUNIOR, 1998; CORREA, 1998, ISAAC et al., 2000) e ainda com as informações para o
Sistema Lago Grande de Manacapuru registradas no banco de dados do BASPA. Os
pescadores também mencionaram como importante local de desova as galhadas, troncos e
raízes nos igarapés dos lagos. E, essas informações estão de acordo com os estudos de
Gomiero e Braga (2004) e Fontenele (1982) onde relatam que o tucunaré normalmente
constrói os ninhos em galhos ou troncos (Tabela 16).
Tabela 15- Etnoconhecimento e literatura específica sobre local e época de desova da traíra.
Época de desova
Bacia Biótopo Habitat
Enchente Rio Amazonas Igapó, paraná e lago Buracos na terra, pedaços
do SLGM de paus, raízes e folhas
Cheia Rio amazonas Igapó, igarapé e lago Margens
do SLGM
Época de desova
Bacia Biótopo Habitat
Final da seca Rio Amazonas Lagos Águas rasas
(VAZZOLER e MENEZES, 1992)
Final da seca (início do Rio Amazonas Lago do Rei Moitas de capim,
período de chuvas) e o início (ARAÚJO-LIMA e floresta alagada,
da enchente.Quando o nivel BITTENCOURT, 2001) ninhos no fundo do lago
da água ainda está baixo
Início da enchente Rio Paraguai Rio Miranda Área alagada, águas rasas,
(período de chuvas) (PRADO et al ., 2006) ninhos em solo arenoso
Entre a seca e início Rio Amazonas Lagos São Lourenco e Jaiteua Água aberta
da enchente do SLGM
(novembro e dezembro) (Banco de dados BASPA)
Etnoconhecimento
Local de desova
Literatura científica
Local de desova
Fonte: BASPA (2008), pesquisa de campo (2010).
78
Tabela 16 - Etnoconhecimento e literatura específica sobre local e época de desova do
tucunaré.
Época de desova
Bacia Biótopo Habitat
Enchente Rio Amazonas Paraná , igarapé, Canal, Tronco, capim, cabeceiras,
(novembro a março) igapó,cabeceira de igarapé beiradas, folhas no fundo
do SLGM de lagos, canoas afundadas
perto das galhadas
Cheia Rio Amazonas Igapó, cabeceira de igarapé Em cima dos paus
(maio) do SLGM
Vazante Rio Amazonas Canal e igarapé do SLGM
(agosto)
Seca Rio Amazonas Igarapé do SLGM Paus no fundo
Época de desova
Bacia Biótopo Habitat
Final da seca Rio Amazonas Rio Rupununi Ninhos em troncos
e galhadas
Final da seca (abril) e Rio Orinoco Rio Cinaruco, paraná e Ninhos em bancos de areia,
inicio da enchente e lago margens, pausadas, pedras
(WINEMILLER et al., 1997)
Seca (outubro) e final Rio Amazonas Baixo rio Amazonas -
da enchente (abril), (CORREA, 1998)
com pico no começo da
enchente (fevereiro)
Todo o ano. Maior Rio Amazonas Lago UHE Balbina -
atividade no começo até (OLIVEIRA JÚNIOR 1998)
meados da enchente
(época de chuvas)
Inicia na seca (outubro) e Rio Amazonas Lago do Rei -
prolonga até a cheia (abril) (FERNANDES, 2001)
Vazante Lago UHE Tucuruí -
(setembro) e o início da (SANTOS et.al., 2004)
enchente (janeiro).
Seca (setembro) até Rio Amazonas Rios Mamoré e Iténez -
a enchente (março). (Amazônia Boliviana)
(DUPONCHELLE et al.,
2005)
Final da seca e início Rio Amazonas Rio Paraguá e lago Ninhos no fundo do canal
das chuvas (Amazônia Boliviana) do rio e de lagos
(MUÑOZ et al., 2006)
Final de Seca (novembro) Rio Amazonas Lago São Lourenço e Jaiteua Água aberta
início de enchente (dezembro) (Banco de dados BASPA)
Etnoconhecimento
Local de desova
Literatura científica
Local de desova
(LOWE-McCONNELL, 1969)
Rio Tocantins-
Araguaia
Fonte: BASPA (2008), pesquisa de campo (2010).
79
O aracu para os entrevistados e em concordância com os resultados de estudos sobre a
reprodução (SANTOS, 1982; VILARA, 2003; FABRÉ E SAINT-PAUL, 1998; ISAAC et al.,
2000), desova na enchente. Mas, os dados da reprodução gerados pela sub-rede BASPA
indicam a reprodução ocorre no final da seca e início da enchente. Em relação aos locais, os
entrevistados mencionam que ocorre em folhas, na beira do rio, cabeceiras de igarapés, lago e
Paraná do Anamã (Tabela 17).
Em relação à branquinha, a maioria dos entrevistados menciona que a reprodução
ocorre na enchente (Tabela 7) e esta informação é similar ao registrado para o rio Ucayali e
Maranon, Amazônia Peruana (TELLO et al., 1992) e, no lago Grande de Manacapuru
(MACIEL, 2010) onde foi identificado que a reprodução acontece no período da enchente.
Com relação ao local, os entrevistados mencionam que a desova ocorre na praia, em cima e de
folhas e em capins no Paraná do Anamã e Lago Jaitêua, corroborando com as informações de
Maciel (2010) que indica que a reprodução ocorre no próprio Sistema (Tabela 18).
Tabela 17- Etnoconhecimento e literatura específica sobre local e época de desova do aracu.
Época de desova
Bacia Biótopo Habitat
Enchente Rio Amazonas Rio, igarapé, lago e Folhas na beira do rio Solimões,
paraná do SLGM cabeceiras de igarapé
Época de desova
Bacia Biótopo Habitat
Início (janeiro) até Rio Amazonas Rio Solimões-Amazonas Encontro das águas dos
meados da enchente (abril) (SANTOS, 1982) rios Solimões-Amazonas e
Início (janeiro) até meados Rio Amazonas Rio Solimões-Amazonas -
da enchente (abril) (FABRÉ e SAINT-PAUL,1998)
Enchente (novembro a Rio Amazonas Baixo rio Amazonas
janeiro) (ISAAC et al ., 2000) -
Enchente (novembro Rio Amazonas Rios Purus, Madeira, Juruá Litoral com vegetação
a março) (LIMA e ARAÚJO-LIMA 2004)
Seca (novembro) e inicio Rio Amazonas Lagos Jaetêua e São Água aberta
da enchente (dezembro) Lourenço do SLGM
(Banco de dados BASPA)
Etnoconhecimento
Local de desova
Literatura científica
Local de desova
Fonte: BASPA (2008), pesquisa de campo (2010).
80
Tabela 18 - Etnoconhecimento e literatura específica sobre local e época de desova da
branquinha.
Época de desova
Bacia Biótopo Habitat
Enchente Rio Amazonas Lago, igarapés Capim no paraná,
(novembro a março) e paraná do SLGM cabeceira de igarapé,
praia
Seca Rio Amazonas - -
Época de desova
Bacia Biótopo Habitat
Enchente (novembro Rio Amazonas Rios Ucayali e Maranon -
e dezembro) (Amazônia Peruana)
(TELLO et al ., 1992)
Enchente (dezembro a Rio Amazonas Rio Amazonas -
janeiro) (FERNANDES 1997)
Período de chuvas, Rio Amazonas Lago Pirapora, rio Acre, -
dezembro a fevereiro Amapá (FREITAS, 2002)
Enchente (novembro Rio Amazonas Rios Purus, Madeira, Juruá Litoral com vegetação
a março) (LIMA e ARAÚJO-LIMA 2004)
Enchente, do inicio Rio Amazonas Sistema Lago Grande de Água aberta
(dezembro) ao final Manacapuru
(abril) (MACIEL, 2010)
Local de desova
Etnoconhecimento
Local de desova
Literatura científica
Fonte: BASPA (2008), pesquisa de campo (2010).
O curimatã, para os entrevistados, tem a desova acontecendo principalmente no
período da enchente (70%) embora ocorra com menor freqüência na cheia (30%) (Tabela 7).
Estudos realizados sobre a reprodução compartilham esta informação, onde é destacado que a
desova também acontecendo na enchente (GOULDING, 1980; TELLO et al., 1992;
OLIVEIRA, 1997; MOTA e RUFFINO, 1997; MONTREUIL et al., 2001). Outros trabalhos
mencionam os peixes desovando no final da enchente e início da cheia (LOUBENS e
81
PANFILI,1995; CAMARGO e LIMA JÚNIOR, 2007). As informações que constam no
banco de dados do BASPA destacam que a reprodução do curimatã na área estudada ocorre
no período da enchente, o que corrobora as informações fornecidas pelos entrevistados. Em
relação ao local de desova os entrevistados relatam que curimatã desova no capim (capim
murim) no rio Solimões e nos igapós e igarapés do Sistema Lago Grande. Uma informação
diferente foi relatada pelos pescadores sobre os peixes estarem desovando na escama de outro
peixe, que também foi mencionado por Rebelo (2008) (Tabela 19).
Os jaraquis (S. insignis e S. taeniurus) para a maioria dos entrevistados se reproduzem
no período da enchente (69%) e, com menor freqüência, na cheia (15%) e vazante (15%). A
literatura específica consultada registra que a reprodução do jaraqui ocorre no final da seca e
início da enchente (RIBEIRO, 1983; VAZZOLER et al., 1989; RIBEIRO e PETRERE, 1990).
Em relação ao local de desova, os pescadores mencionam que ocorre no encontro das águas
do rio Manacapuru e Solimões, em paranás como o do Anamã e Laguinho, no capim no rio
Manacapuru, nas pedras no rio Solimões e em lagos (Tabela 20).
82
Tabela 19- Etnoconhecimento e literatura específica sobre local e época de desova do
curimatã.
Época de desova
Bacia Biótopo Habitat
Enchente Rio Amazonas Rio Solimões Capim (arroz, canarana, murim),
(novembro a abril) Lago, igarapé na beira do rio, igapó, boca do lago,
e paraná do SLGM na praia (de cima e de baixo), ponta
de murinzal, pedras, pausadas,
folhas das arvores e barrancos,
nas costas de outro peixe
Cheia Rio Amazonas Rio Solimões Capim (canarana, murim), na beira do
(maio) Paraná do SLGM rio e igapó, escama do outro peixe
Época de desova
Bacia Biótopo Habitat
Enchente Rio Amazonas Rio Madeira, lagos Boca de lago
(GOULDING, 1980).
Enchente (janeiro Rio Tocantins Baixo rio Tocantins -
e fevereiro) (CARVALHO e MERONA 1986)
Final da enchente e cheia Rio Amazonas Lagos (rio Mamoré, Bolivia) -
(janeiro a março). (LOUBENS e PANFILI,1995)
Enchente (dezembro a Rio Amazonas Rio Amazonas -
janeiro) (FERNANDES, 1997)
Enchente, do inicio Rio Amazonas Baixo rio Amazonas -
(dezembro) ao final (abril) (MOTA e RUFFINO, 1997)
Inicio e final da enchente Rio Amazonas Amazônia central -
(dezembro a março) (OLIVEIRA, 1997).
Inicio e final da enchente Rio Amazonas Baixo rio Amazonas (Amazônia -
(dezembro a março) Peruana), rio Maranon
(MONTREUIL et al ., 2001)
Enchente e inicio da cheia Rio Amazonas Rio Ucayali (Amazônia Peruana)
(outubro-janeiro) (RIOFRIO, 2002). Litoral com vegetação
Enchente (novembro Rio Amazonas Rios Purus, Madeira, Juruá
a março) (LIMA e ARAÚJO-LIMA 2004) Ambientes lênticos no canal
principal do rio, áreas de corredeiras
Enchente, do inicio Rio Amazonas Médio rio Xingu e áreas de inundação sazonal
(novembro) e cheia (maio) (CAMARGO e LIMA
JÚNIOR, 2007).
Enchente, do inicio Rio Amazonas Lago Jaitêua do SLGM -
(dezembro) ao final (abril) (Banco de dados BASPA).
Etnoconhecimento
Local de desova
Literatura científica
Local de desova
Fonte: BASPA (2008), pesquisa de campo (2010).
83
Tabela 20- Etnoconhecimento e literatura específica sobre local e época de desova dos
jaraquis.
Época de desova
Bacia Biótopo Habitat
Enchente Rio Amazonas Rio Manacapuru e Solimões. Encontro das águas dos rios
Paraná, igarapé e lago Manacapuru e Solimões, capim no
do SLGM igarapé e lago
Cheia Rio Amazonas Rio Manacapuru Capim no rio Manacapuru
(maio) Paraná SLGM
Vazante Rio Amazonas Rio Solimões Pedras no rio, no
(agosto) murinzal (capim)
Época de desova
Bacia Biótopo Habitat
Final da seca (dezembro) Rio Amazonas Rios Negro e Solimões Encontro das águas dos rios
e inicio da enchente (RIBEIRO, 1983; RIBEIRO e de água branca (rio Solimões) e
(janeiro) PETRERE, 1990) e preta (rio Negro)
Final da seca (dezembro) Rio Amazonas Rios Negro e Solimões Encontro das águas dos rios
e inicio da enchente (VAZZOLER et al ., 1989) de água branca (rio Solimões) e
(janeiro) e preta (rio Negro)
Enchente (dezembro a Rio Amazonas Rio Amazonas -
janeiro) (FERNANDES 1997)
Inicio da enchente Rio Amazonas Rios Negro, Solimões, Boca de igarapé e rio água preta,
Purus e Madeira área de conexão entre lagos de água
VIEIRA et al. (2002) preta e rios de água brancas
Enchente (novembro Rio Amazonas Rios Purus, Madeira, Juruá Litoral com vegetação
a março) (LIMA e ARAÚJO-LIMA 2004)
Inicio da enchente Rio Amazonas Rios de agua brancas
(BATISTA e LIMA 2010) -
Etnoconhecimento
Local de desova
Literatura científica
Local de desova
Fonte: BASPA (2008), pesquisa de campo (2010).
No que se refere à reprodução da matrinxã, os entrevistados mencionam que a desova
ocorre principalmente no período de enchente (Tabela 7), em troncos no igarapé da Cajazeira,
nas proximidades do rio Manacapuru e em capins no rio Solimões. Estudos realizados por
Zaniboni (1985), Borges (1986) e Goulding (1980) concordam com essas informações ao
ressaltar a desova de matrinxã acontecendo também na enchente. Em relação aos locais de
desova tais estudos destacam o rio como sendo o principal local de desova (Tabela 21).
84
Tabela 21-Etnoconhecimento e literatura específica sobre local e época de desova dos
matrinxã.
Época de desova
Bacia Biótopo Habitat
Enchente Rio Amazonas Rio Manacapuru , Troncos, murinzal,
rio Solimões, igarapé. capim
Época de desova
Bacia Biótopo Habitat
Enchente Rio Amazonas GOULDING, 1980) -
Início da enchente
(dezembro e
janeiro)
Rio Amazonas
Baixo Rio Negro e
Solimões/Amazonas Encontro dos rios de
(ZANIBONI, 1985) águas brancas e pretas
Início da enchente Rio Amazonas Rio Amazonas -
(dezembro a janeiro) (BORGES, 1986)
Enchente (novembroRio Amazonas Rios Purus, Madeira, Juruá Litoral com vegetação
a março) (LIMA e ARAÚJO-LIMA 2004)
Etnoconhecimento
Local de desova
Literatura científica
Local de desova
Fonte: BASPA (2008), pesquisa de campo (2010).
O pacu para a maioria (75%) dos entrevistados desova na enchente, mas a cheia
também foi citada, embora com menor freqüência (25%) (Tabela 7). E, segundo esses
entrevistados o capim, principalmente no murim (Paspalum repens), no rio Solimões e os
troncos do igarapé da Cajazeira são importantes locais de desova. Paixão (1980) no lago
Janauacá (próximo a Manaus) relata que a reprodução do pacu acontece entre os períodos de
seca e cheia enquanto que Goulding (1980) no rio Madeira, afirma que ocorre na enchente,
concordando assim com as informações dos entrevistados (Tabela 22).
85
Tabela 22- Etnoconhecimento e literatura específica sobre local e época de desova do pacu
Época de desova
Bacia Biótopo Habitat
Enchente Rio Amazonas Rio Manacapuru Troncos, murinzal, capim
Rio Solimões
igarapé do SLGM
Época de desova
Bacia Biótopo Habitat
Enchente Rio Amazonas Rio Madeira -
GOULDING, 1980).
Início da enchente Rio Amazonas Rio Solimões -
(dezembro) e a cheia (PAIXÃO, 1980)
(fevereiro)
Enchente (janeiro e Rio Amazonas Rio Solimões Canal do rio próximo
março) (OLIVEIRA e a foz de lago
ARAÚJO-LIMA, 1998)
Etnoconhecimento
Local de desova
Literatura científica
Local de desova
Fonte: BASPA (2008), pesquisa de campo (2010).
Já em relação à reprodução do tambaqui a maioria dos entrevistados menciona o
período da enchente (71%) enquanto que outros citam a cheia (21%) e a vazante (7%) (Tabela
7). Esse resultado concorda com aqueles mencionados para outros rios onde o tambaqui
desova no período da enchente (GOULDING e CARVALHO, 1982; ARAÚJO-LIMA e
GOULDING, 1998; VIEIRA et al., 1999; ISAAC et al., 2000). De acordo com os
entrevistados a desova ocorre principalmente em pausadas, raízes, pedras ao longo do rio
Solimões. Além do rio, segundo alguns pescadores entrevistados o tambaqui desova nos
locais mais profundos nos paranás e lagos que integram o sistema Lago Grande de
Manacapuru. Esta informação está em consonância com a descrita por Araújo-Lima e
Goulding (1998, p.42) ao identificar o local de desova também através de relatos de
pescadores, onde foi registrado que a desova acontece nas áreas de pausadas ou ao longo das
margens, com capins flutuantes, alagadas durante a subida das águas, enchente. Os mesmos
autores em coletas experimentais no meio do rio Solimões-Amazonas concluíram que o
tambaqui não desova no meio do canal, mas provavelmente em lugares ao longo das margens.
E, uma explicação para esse fato seria a de que estes locais evitam turbulências e superfícies
abrasivas, possibilitando maior sobrevivência dos ovos e larvas (Tabela 23).
86
Tabela 23- Etnoconhecimento e literatura específica sobre local e época de desova do
tambaqui.
Época de desova
Bacia Biótopo Habitat
Enchente Rio Amazonas Rio Solimões Pauzadas e troncos
Lago, paraná e no fundo dos poços
igarapé do SLGM e locais fundos
Cheia Rio Amazonas Lago do SLGM Capinzal, raízes, paus
Vazante Rio Amazonas Rio Solimões -
Época de desova
Bacia Biótopo Habitat
Enchente Rio Amazonas Rio Solimões Diques, gramíneas inundadas
(GOULDING e CARVALHO, 1982)
Início (novembro) a Rio Amazonas Rio Solimões Canal do rio principal.
meados (abril) da (ARAÚJO-LIMA e GOULDING, 1998) Margens com capins flutuantes
enchente
Início da enchente Rio Amazonas Rio Ichilo ( Amazônia Boliviana) Confluência do rio e tributários
(dezembro a janeiro) (MUÑOZ e VAN DAMME, 1998) (Ibaresito, Ibabo e Useuta)
Enchente Rio Amazonas Rio Amazonas ( Baixo Amazonas) -
(VIEIRA et al., 1999)
Enchente (outubro Rio Amazonas Rio Solimões, lagos e paranás Canal do rio
e novembro) (Costa, 1998)
Seca (setembro) e Rio Amazonas Rio Solimões e afluentes Margens dos rios de água branca
enchente (fevereiro) (VILLACORTA-CORREA
e SAINT-PAUL, 1999)
Inicio (dezembro) a Rio Amazonas Lagos, rios e igarapés do baixo -
meados (março) rio Amazonas (ISAAC et al., 2000)
da enchente
Enchente (novembro Rio Amazonas Rios Purus, Madeira, Juruá Litoral com vegetação
a março) (LIMA e ARAÚJO-LIMA 2004)
Enchente (outubro a Rio Amazonas Rio Mamoré e Itinez ( Amazônia -
fevereiro) Boliviana) (NUÑEZ et al ., 2005)
Etnoconhecimento
Local de desova
Literatura científica
Local de desova
Fonte: BASPA (2008), pesquisa de campo (2010).
Os peixes que têm o local de reprodução mais conhecido pelos entrevistados são os
residentes, acará-açú, aruanã, bodó, piranha, pirarucu, traíra e tucunaré; e os migradores,
curimatã, jaraqui e tambaqui. Outro ponto importante diz respeito a identificação dos locais de
desova, onde os entrevistados citam não apenas o biótopo (rio, igarapé, lago), mas também
87
descrevem o habitat, capim, praia e troncos. Para os residentes, as pausadas, raízes e troncos
(Figura 25) nos igapós (igapó o Inácio e do Tiago), paranás (paraná do Anamã e Laguinho),
igarapés (igarapé do Cedro e Grande) e lagos (lago Jaitêua, Piranha e Catoré) são os locais de
desova mais citados nas entrevistas (Figura 26). Para os peixes migradores, segundo os
entrevistados, os capins em igarapés, paranás e rios são importantes locais de desova (Figura
24). Até as crianças, conhecem os locais de desova dos peixes, pois relatam sobre a “panela”
feita pelo pirarucu, o “buraco” escavado pelo bodó e a “pauzada” ou “galhada” utilizada na
desova de tucunaré. É evidente a participação das crianças na pesca que já foi mencionada na
zona rural de Manacapuru (GARCEZ e SÁNCHEZ-BOTERO, 2006).
De acordo com a dinâmica da flutuação da água do rio, durante o período de seca
grande parte da área, tanto correspondente aos habitats água aberta como parte da floresta,
que anteriormente estavam alagadas é ocupada por vegetação semi-aquática e/ou terrestres e
capins. Também, a deposição periódica de material proveniente da floresta alagada favorece o
acumulo de material orgânico, como raízes, folhas, galhos, troncos e paus (AYRES, 2006)
(Figura 25). E, todos esses ambientes ao serem alagados com a entrada da água do rio
Solimões no Sistema, na enchente, são disponibilizados para os peixes que utilizam como
local de reprodução e/ou de alimentação (Figura 25).
0 10 20 30 40 50 60 70
Cabeceiras
Canal
Igapós
Igarapés
Lagos
Paranás
Beirada
Buracos
Capim
Folhas
Fundo
Galhadas
Paus
Raizes
Troncos
Número de citações
Enchente
Cheia
Vazante
Seca
Peixes residentes
Figura 23- Locais de desova de acordo com os períodos do ciclo hidrológico de peixes residentes
citados pelos entrevistados no Sistema Lago Grande Manacapuru. Fonte: BASPA, 2008; pesquisa de
campo 2010.
88
0 10 20 30 40 50
Cabeceiras
Igapós
Igarapés
Lagos
Paranás
Rios
Poço
Praia
Fundo do rio
Capim
Folhas
Barrancos
Paus
Troncos
Costas de peixes
Pastos
Pedras
Número de citações
Enchente
Cheia
Vazante
Peixes migradores
Figura 24- Locais de desova de acordo com os períodos do ciclo hidrológico de peixes
migradores citados pelos entrevistados no Sistema Lago Grande Manacapuru. Fonte:
BASPA,2008; pesquisa de campo 2010.
Figura 25- Ambientes no Sistema alagados com a água do rio Solimões. a) tronco e vegetação
aquática em igarapé; b) capins e folhas no Igarapé. Fonte: BASPA (2008), pesquisa de campo,
2010.
Na Amazônia Central, conforme relatado por vários autores, a reprodução dos peixes
está estreitamente relacionada com a flutuação do nível d’água (PAIXÃO, 1980; SANTOS,
1982, LEÃO et al., 1991). Os resultados das entrevistas com os pescadores indicam a
enchente (82%) como o período mais mencionado para a reprodução dos peixes, seguido da
cheia (13%), vazante (3%) e seca (2%). E, esses resultados estão em consonância com aqueles
relatados na literatura e principalmente, daquelas gerados pelo BASPA. Concluindo, os
a) b)
89
pescadores possuem um conhecimento detalhado sobre a reprodução dos peixes no Sistema
lago Grande de Manacapuru.
As diferenças entre as informações sobre a época de reprodução dos peixes, entre o
conhecimento dos pescadores e científico, tem explicação. Os pescadores têm uma visão
muito ampla da dinâmica do ambiente em que vivem, pois conhecem profundamente o
Sistema e suas variações. Por outro lado, os estudos sobre a reprodução em geral procuram
contemplar o ciclo reprodutivo de forma mais detalhada. E, isso envolve o conhecimento do
mês em que ocorre a desova de acordo com a variação mensal do nível d’água. Mas, a
comparação das informações entre o etnoconhecimento e o conhecimento científico não
significa que um ou outro possa estar errado. Porém, deve ser ressaltado que as diferenças têm
relação com a visão espaço/temporal do ambiente que os pescadores têm do local em que
vivem. Resultado similar é relatado por REBELO (2008) ao comparar o conhecimento
científico e tradicional sobre a composição da dieta da ictiofauna no Lago Grande de
Manacapuru.
4.3.1 Contribuição da biologia reprodutiva dos peixes do SLGM à legislação pesqueira.
O conhecimento sobre a biologia reprodutiva dos peixes possibilita a elaboração de
uma das principais ferramentas de ordenamento pesqueiro. Entre as medidas gerais de
ordenamento podem ser destacadas a definição de tamanho mínimo de captura para
determinadas espécies de peixes, restrição ou proibição de determinados apetrechos de pesca
e definição do período de defeso. Este último consiste em estabelecer normas para a pesca no
período de reprodução natural dos peixes, proibindo a captura de espécies em períodos
definidos (Portaria n° 48 de 05/11/07, IBAMA).
No entanto, conforme afirma Doria et al. (2008), as estratégias de ordenamento são
limitadas porque as informações disponíveis sobre biologia, reprodução e tamanhos de
primeira maturação sexual das espécies ainda são insuficientes para a elaboração de medidas
adequadas. Além disso, os autores destacam ainda que normas de defeso e restrição do
tamanho de captura para a pesca de algumas espécies de peixes são emitidas anualmente para
toda Amazônia brasileira, com raras exceções de regionalização entre bacias e sub-bacias
hidrográficas. Assim, não são consideradas as variações regionais impostas pelas condições
ambientais locais na biologia das populações de peixes.
Atualmente, a legislação pesqueira que define o período de defeso na área do SLGM é
a Portaria nº 48, de 5 de novembro de 2007, Instrução Normativa n° 35 de 29 de setembro de
90
2005 para tambaqui (Colossoma macropomum) e a Instrução normativa nº 1 de 1º de junho de
2005 que proíbe anualmente a captura do pirarucu (Arapaima gigas).
A Portaria n° 48 de 05/11/07(IBAMA) define o período de 15 de novembro a 15 de
março o defeso para pirapitinga (Piaractus brachypomus), mapará (Hypophthalmus spp.),
sardinha (Triportheus spp.), pacu (Mylossoma spp.) e aruanã (Osteoglossum bicirrhosum),
matrinxã (Brycon spp.). Dos peixes cujas informações sobre a reprodução foram descritas no
SLGM, apenas três estão contemplados pela referida portaria, pacu, aruanã e matrinxã. Para
aruanã (Osteoglossum bicirrhosum) a desova de acordo com os dados da biologia reprodutiva
no banco BASPA inicia em outubro e se estende até novembro, enquanto que a portaria
define de novembro a março ( Tabela 24)
Para pacu e matrixã não foi possível obter dados com relação a biologia reprodutiva do
banco de dados BASPA, uma vez que o exemplares capturados não foram suficientes para
determinação do período de desova, como foi o caso também de jaraqui, matrinxã, pacu,
tambaqui e pirarucu. Por outro lado, os pescadores entrevistados mencionam a reprodução
ocorrendo no período de enchente (que compreende de quatro a seis meses, ou seja, de
novembro até abril), não citando detalhadamente que mês(es) em que ocorre a desova. Assim,
sugere-se que estudos futuros possam levar em consideração a definição do mês de desova,
contribuindo para definição correta do período de defeso.
O tambaqui possui o período estabelecido pela Instrução Normativa n° 35 de 29/09/05
(IBAMA), de 1° de outubro a 31 de março. Porém, no SLGM, os pescadores destacaram que
esta reprodução se estende até o período da cheia, até meados do mês de maio (Tabela 24).
O pirarucu tem a sua captura proibida com exceção de áreas manejadas e com
autorização do IBAMA. E, na IN n° 01 de 01/06/05, o período de sua reprodução ficou
definido de 01 de junho a 30 de novembro. No entanto, as informações obtidas para este peixe
no SLGM a partir do etnoconhecimento, o período de reprodução corresponde de novembro a
março, diferente do mencionado na IN (TABELA 24). Esse fato também é observado quando
consultado estudos realizados em outras localidades, conforme apresentado na tabela 13.
A IN n° 43 de 18 de outubro de 2005 (IBAMA) definiu o período de defeso de 15/11
até 15/03 para curimatã (Prochilodus nigricans), porém as informações citadas pelos
entrevistados e no banco de dados sobre biologia reprodutiva do BASPA no SLGM indicam
que a reprodução inicia em novembro e se estende até meados de abril (Tabela 24).
Para o acará-açu, aracu, bodó, branquinha, pescada, piranha, tamoatá, traíra e tucunaré
não foram encontrados portarias ou IN do IBAMA para o estado do Amazonas a respeito de
seu período de defeso. Os jaraquis, apesar de serem frequentemente capturados e
91
comercializados no estado, não possuem proteção específica na legislação consultada. No
SLGM com base no etnoconhecimento, a reprodução dos jaraquis ocorre na enchente e isso
pode auxiliar na definição do período de defeso para este peixe.
Portanto, não se tem portarias ou IN para a maioria das espécies capturadas e
frequentemente comercializadas no SLGM. Além disso, observa-se a necessidade de maior
aprofundamento dos estudos de biologia reprodutiva para estas espécies, principalmente para
peixes migradores como jaraquis, pacu, matrinxã e tambaqui. Assim, com a definição do mês
de desova é possível auxiliar na adoção de medidas para a conservação do recurso, em
especial para a definição adequada dos períodos de defeso. E, para isto, devem-se levar em
consideração as condições ambientais locais, no caso específico do SLGM, observou-se
discordâncias em relação aos períodos de defeso para aruanã, pirarucu, curimatã.
Tabela 24- Conhecimento dos pescadores sobre período reprodutivo de peixes no Sistema
Lago Grande, portarias e instruções normativas do IBAMA referente ao período de defeso e
informações científicas sobre a biologia reprodutiva de peixes.
Peixes jan fev mar abr maio jun jul ago set out nov dez
Acará-açu (Astronotus ocellatus)
Aracu (Schizodon fasciatum)
Aruanã (Osteoglossum bicirrhosum) x x x x x
Bodó (Pterigoplichthys pardalis)
Branquinha (Potamorhina latior)
Curimatã (Prochilodus nigricans) x x x x x
Jaraqui (Semaprochilodus sp.)
Matrinxã (Brycon sp.) x x x x x
Pacu (Mylossoma duriventre) x x x x x
Pescada (Plagioscion squamosissimus)
Piranha (Pygocentrus nattereri)
Pirarucu (Arapaima gigas) ** x x x x x x
Tambaqui (Colossoma macropomum) x x x x x x
Tamoatá (Hoplosternum littorale)
Traíra (Hoplias malabaricus)
Tucunaré (Cichla monoculus)
* Portaria nº 48 , DE 5 DE NOVEMBRO DE 2007 Legenda:
N° 35 DE 29 DE SETEMBRO DE 2005 Conhecimento dos pescadores sobre o período de reprodução
Nº 1, DE 1º DE JUNHO DE 2005 X Período de defeso*
IN n° 43 de 18 de outubro de 2005 Conhecimento científico (Banco de dados BASPA)
** o pirarucu tem a pesca proibida o ano todo,
exceto em areas manejadas.
92
Figura 26- Locais de reprodução dos peixes citados pelos entrevistados do Sistema Lago Grande de Manacapuru, Am.
93
4.4 ETNOCONHECIMENTO DOS ENTREVISTADOS SOBRE OS MOVIMENTOS DE
PEIXES
Os pescadores entrevistados conhecem os movimentos dos peixes dentro do Sistema
Lago Grande os quais estão relacionados com a variação sazonal do nível da água do rio
Solimões-Amazonas. A compreensão dos fatores que afeta o ciclo de vida dos peixes
possibilita perceber a complexidade da ictiofauna da região, pois as espécies apresentam
estratégias de adaptações biológicas relacionadas às variações que ocorrem no ciclo
hidrológico (BARTHEM e FABRÉ, 2005). Diante disso, compreender estas adaptações é
questão imprescindível para o entendimento da abundância e da composição dos recursos
pesqueiros na região. Outra questão importante se refere ao fato de que os peixes migradores,
tais como tambaqui, curimatã, jaraquis, pacus, sardinhas, apresentarem alto valor econômico.
Isso é relevante, pois conforme mencionado por Barthem e Goulding (1997) “para explorá-los
comercialmente é fundamental conhecer melhor as migrações enquanto os rios ainda se
mantêm conservados” (p.59).
Considerando que os movimentos são influenciados pela variação do nível d`água, os
pescadores conhecem detalhadamente os meses correspondentes aos períodos do ciclo
hidrológico. Isso porque para os entrevistados o uso adequado do apetrecho de pesca e dos
locais de pesca tem relação direta com a percepção do fluxo migratório. Isso envolve o
conhecimento de rotas migratórias, assim como o mês de entrada e saída dos peixes,
especialmente aqueles de valor na comercialização. Então, das entrevistas foi possível
selecionar as espécies migratórias mais citadas pelos pescadores que realizam os movimentos,
relacionar com o período do ciclo hidrológico e com o tipo de movimento (Tabela 25).
94
Tabela 25- Conhecimento dos pescadores entrevistados sobre os movimentos de três peixes
migradores no Sistema Lago Grande Manacapuru. AM.
Peixes (%) de
citações
Conhecimento dos
entrevistados
Citações sobre os
deslocamentos Curimatã
(Prochilodus
nigricans)
68
Vazante (movimento de saída do
Sistema)
Para pegar cria (desovar) no
rio Solimões e/ou
Poços no paraná do Jaitêua
Enchente
(movimento de entrada no Sistema)
Depois da desova entra para
alimentação (adultos e
larvas)
Tambaqui
(Colossoma
macropomum)
56
Vazante (movimento de saída do
Sistema)
Para desovar no rio Solimões
e/ou
paraná do Anamã
Enchente (movimento de entrada no
Sistema)
Depois da desova entra para
alimentação (adultos e
larvas)
Jaraquis
(Semaprochilodus
spp.)
52
Vazante (movimento de saída do
Sistema)
O peixe faz cardume e vai
para o rio
Desovar
porque é a época dele sair
porque está gordo
Enchente (movimento de entrada no
Sistema) Retorna depois da desova
Com relação ao movimento migratório, um pescador da região destacou o seguinte:
“A curimatã vai pro Solimões, é porque lá no Solimões muitas delas já vai subi pra cima pra desova, quando ela vai, quando ela sai daqui ela, ela já vai
com a ova deste tamanho assim, ela desova em novembro, dezembro,
janeiro, fevereiro, às vezes até março ainda encontra alguma curimatá
ovada, nesses meses aí, já vi muita curimatá ovada em dezembro e janeiro. Quando bate água nova ela desova, tem peixe que só desova quando a água
nova chega. Por que a curimatã vai pro Solimões? porque lá ela vai
encontrar água nova, água corrente aí lá ela desova, naquelas beiradas [...] ”.(pescador da localidade de Jaitêua de Baixo, F. R. L. 32 anos, BASPA).
Conforme revela o depoimento acima mencionado, a dinâmica do ciclo das águas e os
aspectos bioecológicos dos peixes são constantemente observados pelos pescadores, sendo
considerado durante a pesca. E, ao descrever a migração de curimatã em direção ao rio
Solimões no período da vazante para a reprodução e o de entrada no Sistema para alimentação
e crescimento, o pescador usa um conhecimento complexo que se encontra relacionado com a
95
sua realidade socioambiental. Este conhecimento é corroborado com as informações sobre
movimentos migratórios relatadas para o rio Madeira (GOULDING, 1979), rio Tocantins
(CARVALHO e MERONA, 1996) e rio Solimões (COX-FERNANDES, 1997).
Outro peixe muito conhecido pelos pescadores é o tambaqui e, sobre os jovens
denominados de ruelo, foi relatado durante entrevista que:
“ruelo gosta do fundo não é peixe do baixio não, o ruelo essa época quando é tempo do igapó ele come, come, ele engorda mesmo, fica gordo e quando
chega essa época [ seca] ele não come quase, ele fica agüentando aquela
gordura dele. Muitos deles vai pelo menos o tambaqui ele vai pro Solimões. O tambaqui ele vai pro Solimões, ele vai para beira do Solimões vai
procurar aqueles poços na beira do Solimões para aquelas pausadas mais
horríveis do mundo que a pessoa tem até medo de ir pra lá [...], ele desova
lá.”(pescador da localidade de Jaitêua de Baixo, F.R.L.32 anos, BASPA).
Nos relatos de Goulding (1980), Almeida (1984), Goulding et al. (1988), Claro Jr.
(2003) e Santos e Ferreira (1999, p.363), tal consideração é evidente, visto que tambaquis,
pacus, matrinxãs e sardinhas exploram as áreas alagadas nos períodos de enchente e cheias
para alimentação, pois é grande a oferta de frutos, sementes, insetos ou outros organismos. O
resultado dessa alimentação é o acúmulo de grandes quantidades de gordura na cavidade
abdominal e nos músculos que será utilizada como reserva nutritiva no período da seca,
quando a oferta de alimentos é reduzida (JUNK, 1985). O mesmo autor ainda relata que essa
gordura também é gasta durante os meses de atividade reprodutiva.
Considerando o profundo conhecimento dos pescadores sobre os peixes associado a
um sofisticado conhecimento acerca dos locais e ambientes que integram o sistema, fica claro
a sua precisão ao identificar os seus movimentos. Nos resultados das entrevistas vários
movimentos foram destacados pelos pescadores, pois o Sistema Lago Grande Manacapuru é
constituido de lagos, paranás, igarapés, furos e canais apresentando variedade de locais onde
os peixes possam usar como caminhos, alimentação e reprodução. Assim, foram selecionadas
as informações de movimentos do peixe gordo, reprodutivo e trófico usando como exemplo
três peixes de amplo conhecimento dos entrevistados.
4.4.1 Movimento do peixe gordo (saída dos peixes do Sistema)
O primeiro percurso relatado pelos entrevistados estabelece uma rota migratória
exemplificada pelos jaraquis (Semaprochilodus spp.). O movimento dentro do sistema é
96
similar ao mencionado por Ribeiro (1983) no rio Negro, denominada localmente de baixada
do peixe gordo. Depois de cerca de 3 meses nas florestas alagadas, onde se alimentaram
intensamente, os jaraquis, durante descida das águas (vazante), se deslocam para fora dessas
áreas em direção ao rio Solimões. Nesse percurso (Figura 27) passa por 3 principais
ambientes, furos, igarapés e paranás. Como exemplos são mencionados 4 caminhos que os
jaraquis utilizam para acessar o lago Jaitêua (onde também fica a mãe do rio, p. 03), passando:
1) pelos furos do Bode (p.09), Cumaru (p.07), Ponta do Seu Toti (p.08) e Paranã do Jaitêua
(p.10);
2) pelo Furo do Tigre (p.06) e também atrás da Comunidade de Santo Antonio (p. 05);
3) pelo igarapé da Terra Preta (p.11);
4) pelo igarapé do Acarí (p.14), furo do Acarí (p.15), ilha do Val (p.13) e igarapé Siglóia
(p.12).
Finalmente, os peixes seguem para a Boca do Jaitêua (p.02) e do rio Manacapuru (p.
01) alcançando o rio Solimões (Figura 27). Esse é um dos principais locais de entrada e saida
do Sistema. Assim, os jaraquis na vazante seguem para o rio Solimões, onde permanecem
durante a seca. Mas, retornam para as áreas alagadas quando o nível da água começa a subir.
97
Figura 27- Movimento de peixe gordo, jaraquis, saída de peixes no Sistema Lago Grande de Manacapuru, AM.
98
4.4.2 Movimento com fins reprodutivo (saída dos peixes do Sistema)
O segundo percurso relatado pelos entrevistados descreve o movimento de saída,
realizado também no período da vazante, onde segundo eles tem como finalidade a
reprodução ou como afirmam “pegar cria”, “desovar” . E, começa quando o nível da água
começa a diminuir, o que obriga aos peixes a se deslocarem do sistema em direção ao rio
Solimões, em busca de local para desovar. É importante ressaltar que a vazante do rio é
rápida, acontecendo em torno de 1 mês (agosto), próximo a Manaus. Porém, os peixes que
não conseguem sair, seguem em direção aos locais mais profundos, em sua maioria os poços
que permanecem na seca.
Nesse caso, para exemplificar foi selecionado o movimento do curimatã (Prochilodus
nigricans). Durante a descida d`água os curimatãs começam a sair dos paranãs e igarapés em
direção ao lago Grande (ou Cabaliana) usando os locais de maior profundidade. Os
entrevistados mencionaram como principal caminho aquele que passa pelo canal do Tiago
(p.24), atravessa o paraná do Jaitêua (Jaitêua de Cima) (p. 53), o igarapé do Tauarí (p.52) e
saem na boca do Tauarí (p.51). Nesse ponto os peixes se reúnem e seguem para a boca do
Laguinho (p. 49), o lago do Jaitêua (p. 48) e o Paraná do Anamã (p.47). Esse paraná é
identificado pelos pescadores como local de reprodução ou “chocadeira” para muitos peixes.
Considerando que o curimatã segue ao rio Solimões, em busca de local para desovar, os peixes
continuam os deslocamentos passando pelo poço do Muruca (p.46), chegando ao lago Grande
(p.34). Depois atravessam a Prainha (p.33) e o Canal do Serra Lima (p. 45), alcançando a boca
do rio Manacapuru (p.1) e também o rio Solimões. Durante a “descida das águas” alguns peixes
ficam nos poços, por exemplo Poço do barro vermelho (p.36), mais profundos que são local de
pesca, abastecendo a comunidade durante o período de seca (Figura 28; tabela 26).
99
Figura 28- Movimento para reprodução, curimatã, saída de peixes no Sistema Lago Grande de Manacapuru, AM..
100
4.4.3 Movimento com fins trófico (entrada dos peixes no Sistema)
O terceiro percurso relatado pelos entrevistados estabelece movimento com fins tróficos
aqui exemplificado também com o curimatã e o tambaqui. Segundo os pescadores, os peixes
percorrem dois principais caminhos: o primeiro é caminho mencionado para o curimatã (Figura
29) e o segundo para o curimatã e tambaqui (Figura 30).
O primeiro caminho que é percorrido pelo curimatã, acontece no período da enchente
quando os peixes oriundos rio Solimões, entram no sistema pela boca do rio Manacapuru (p.01) e
seguem direto para as áreas de cabeceiras dos igarapés e paranás. Em geral, os peixes fazem o
caminho inverso: passam pela Boca do Jaitêua de baixo (p.02), entram no paraná do Jaitêua
(p.10), Prainha (p. 33), lago Grande (p.34), paraná do Cedro (p.35), poço do Barro Vermelho
(p.36), poço do Chatu (p.37), boca do Jaitêua do meio (p.38), lago do Mutum Grande (p.39),
poço do Pescoço do Veado (p.40), lago do Redondo (p.41) e atravessam o Canal que vai para o
Castanho (p.42). Aqui passam pela Enseada do Mutum e margeando a floresta alagada começam
a se espalhar pelo paraná do Castanho (p.32), paraná do Catoré (p.29), lago do Catoré (p.30),
paraná do Seringa (p.27 e 26), boca do São João (p.25), paraná do Tauarí (p.23) até o canal Tiago
(p 24) e igarapé Água Branca (p.28) (Figura 29).
101
Figura 29- Movimentos para fins tróficos, curimatã, entrada de peixes no Sistema Lago Grande de Manacapuru, AM.
102
O segundo caminho, que é percorrido pelo curimatã e tambaqui, também acontece no
período da enchente. Essas informações corroboram aquelas relatadas para o curimatã. Na
enchente o curimatã e o tambaqui vindos do rio Solimões, passam pela boca do Maracati (p.17),
boca do Jaitêua (p.02), ilha no Jaitêua de baixo (p.18). A partir desse ponto os peixes se espalham
pelas áreas alagadas das cabeceiras do paraná do Jaitêua (p.10 ), ilha do Val (p.13), Fazenda do
Seu Pedro (p.19), boca do Igarapé do Cumarú (p.20), igarapé do Cumaru (p.21), paraná do
Tauarí (p. 23) se espalham dos Igarapé Água Branca (p.28) , no canal Tiago (p.24). Também os
peixes podem prosseguir pela boca do São João (p.25), paraná do Seringa (p.26), igarapé do
Seringa (p.27). Finalmente chegam ao paraná do Catoré (p.29) que dá acesso ao lago do Catoré
(p.30) e paraná do Castanho (p. 31) (Figura 30; Tabela 26).
É importante ressaltar que nos movimentos, tanto de entrada como de saída, os peixes
procuram ambientes profundos e margeando a floresta alagada. Isso é fundamental, não somente
como forma de proteção contra predadores como também por ser grande fonte de alimentos.
Somente em alguns trechos os peixes atravessam o lago pela parte central.
103
Figura 30- Movimentos para fins tróficos, curimatã e tambaqui, entrada de peixes no Sistema Lago Grande de Manacapuru, AM.)
104
Tabela 26- Pontos Georreferenciados dos movimentos migratórios de peixes no Sistema Lago
Grande de Manacapuru, AM.
Pontos Ambientes Coordenadas
1 Boca do rio Manacapuru S 03° 16' 56,35534'' W 060° 39' 28,67947''
2 Boca do Jaitêua de baixo S 03° 16' 09,00406' W 060° 42' 57,38624''
3 Mãe do rio S 03° 16' 10.70" W 060° 44' 32.06 ''
5 Comunidade Santo Antônio S 03° 15' 58.30" W 060°45'04.043"
6 Furo do Tigre S 03° 15' 18,05382 W 060° 44' 58,65354
7 Furo do Cumaru S03° 15' 08.80" W 060° 43' 58.0"
8 Ponta do Seu Toti S03° 15' 45.6" W 060° 43' 32.87"
9 Furo do Bode S03° 15' 44.85" W 060° 43' 31.11"
10 Paraná do Jaitêua S 03°15' 59.25 " W 060° 43' 56.65"
11 Igarapé da Terra Preta S 03º 15' 42.14 " W 060° 45' 56.91"
12 Igarapé Sigloia S 03° 16' 07,03455'' W 060 46' 32,88115
13 Ilha do Val S 03° 16’ 07.4” W 060° 47’ 17.9”
14 Igarapé do Acarí S 03° 15' 04.1'' W 060° 46' 16.4''
15 Furo do Acarí S 03° 15' 56.51" W 060° 47' 10.52"
16 Igarapé do Canarana S 03° 15' 32.7'' W 060° 47' 12.1''
17 Boca do Maracati 03 17' 42,26125'' W 60° 38' 54,96511''
18 ilha no Jaitêua de baixo S03° 16' 14,81664'' W 060° 44' 20,27656''
19 Fazenda do Seu Pedro S03° 16' 14,81664'' W 060° 44' 20,27656''
20 Boca do igarapé do Cumaru S 03° 15' 05,69058'' W 60° 50' 46,58315''
21 Igarapé do Cumaru S 03° 15' 06,61604'' W 060° 51' 01,00009''
23 Paraná do Tauari S 03°15’39.5’’ W 060°51’14.9’’
24 Canal Tiago S03°15`54.9'' W 060° 51' 57.7"
25 Boca do São João S 03° 15' 33,90920'' W 060° 51' 21,52080''
26 Paraná do Seringa S 03° 16' 04,67427'' W 060° 52' 03,76258''
27 Paraná do Seringa S 03° 16’ 26.5’’ W 060° 52’ 33.0’’
28 Igarapé Água Branca S 03° 15’ 10.9’’ W 060° 51’ 49.1’’
29 Paraná Catoré S 03° 16' 45,58503'' W 060° 53' 06,11680''
30 Lago Catoré S03° 17’ 10.6’’ W 060° 53’ 52.0’’
31 Paraná do Castanho S03° 17’ 35.2’’ W 060°5' 55.7''
32 Paraná do Castanho S03° 17’ 35.2’’ W 060°5' 55.7''
33 Prainha S 03° 16' 49,64475'' W 060° 50' 04,71374''
34 Lago Grande S 03° 17' 02,43950'' W 060° 51' 02,23756''
35 Paraná do Cedro S 03° 17' 03,00316'' W 060° 51' 15,32923''
36 Poço do Barro Vermelho S 03° 17’ 02.5’’ W 060° 51’ 21.2’’
37 Poço Chato S 03° 17' 06,07104'' W 060° 51' 31,32069''
38 Boca Jaitêua do meio S 03° 17' 08,83687'' W 060° 51' 36,87286''
39 Lago Mutum Grande S 03° 17' 11,01640'' W 060° 51' 45,21530''
40 Poço Pescoço do Veado S 03° 17’ 24.0’’e W 060° 52’ 08.6’’
41 Lago Redondo S 03º 17' 13,23515'' W 060° 52' 49,73336''
Fonte: pesquisa de campo 2008-2010.
105
Continuação Tabela 25- Pontos Georreferenciados dos movimentos migratórios de peixes no
Sistema Lago Grande de Manacapuru, AM.
Pontos Ambientes Coordenadas
42 Canal do Castanho S 03° 17’ 33.8’’ W 060° 53' 03.6'
43 Enseada do Mutum S 03º 17' 35,70546'' W 060° 53' 39,06260''
45 Canal Serralima S 03° 17’ 14.8” W 060° 45’ 55.1’’
46 Poço do Muruca S 03° 17’ 14.1’’ W 060°51’53.0’’
47 Paraná do Anamã S 03° 16’ 58.6’’ W 060° 51’ 36.6’’
48 Lago do Jaitêua S 03° 16' 33,59053'' W 060° 51' 33,86865''
49 Boca do Laguinho S 03° 16' 12,25721'' W 060° 51' 11,38477''
50 peixes se reúnem S 03° 16' 06,89393'' W 060° 51' 04,13526''
51 Boca do Tauarí S 03° 16' 01,37374'' W 060° 51' 05,41015''
52 Igarapé do Tauarí S 03° 15' 46,60406'' W 060° 51' 11,99430''
53 Paraná do Jaitêua de cima S 03° 15’ 28.7’’ W 060° 51’34.3’’
Fonte: pesquisa de campo 2008-2010.
106
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os habitantes do Sistema Lago Grande de Manacapuru desenvolvem atividades de
pesca, agricultura e criação de pequenos animais. No que se refere a agricultura, foi uma
atividade predominante nas comunidades das localidades de Jaitêua de Cima e de Cajazeira.
No entanto, a pesca apresenta uma relevância inquestionável, pois alimenta e é fonte de renda,
principalmente para os moradores da comunidade de Jaitêua de Baixo, onde a
comercialização do pescado foi predominante.
Além disso, a intrínseca relação com os recursos naturais pemitiu à população local
acumular um conhecimento particular sobre a área que residem. Este saber empírico reflete
um conhecimento processual e histórico, que se estabelece empiricamente no desenvolver de
suas atividades cotidianas. A observação direta, as relações de aprendizagem que se
estabelecem entre gerações, ou de informações obtidas através de outrem, fornece todo o
processo explicativo da vida cotidiana demarcada pela variação sazonal do nível d’água para
as populações que habitam às margens de rios e lagos.
Este conhecimento detalhado possibilita a utilização espacial e temporal dos recursos
pesqueiros. A observação do ciclo hidrológico, da localidade e das variações correspondentes
a tais períodos permite a escolha adequada dos locais, apetrechos de pesca e dos peixes que
desejam capturar e, principalmente, permite comprender aspectos comportamentais de
reprodução e migração de peixes no Sistema Lago Grande de Manacapuru.
Em geral, o acesso e a quantidade de locais para a realização das pescarias pelos
moradores está relacionado com os períodos do ciclo hidrológico, cheia, vazante, seca e
enchente. Na enchente e cheia, as espécies se espalham nas áreas alagadas encontrando
locais de refúgio e alimentação e, com isso, os pescadores tem acesso a diferentes locais de
pesca. Na vazante ou descida d’água, pescadores verificam o deslocamento dos peixes para os
locais mais profundos (poços, mãe do rio, canais passíveis de navegação), até saindo para os
rios, como o tambaqui adulto, sardinhas, branquinhas, jaraquis e, por isso, os pescadores
realizam suas pescarias nos principais locais de passagem como, por exemplo, bocas e furos.
Na seca, o ambiente está bastante reduzido e a pesca concentra-se nos poços dos lagos que
permanecem com água.
O conhecimento dessa dinâmica favorece a captura dos peixes pelo pescador. Durante
os periodos de enchente, cheia e seca os pescadores capturam mais os peixes residentes
107
enquanto que na vazante há predominância na captura de peixes migradores. Dentre os
principais peixes capturados pelos pescadores a maioria apresenta alto valor comercial nos
mercados e feiras da região. Da mesma forma, a eficiência da pesca, que em parte tem relação
com o uso adequado dos apetrechos, também está relacionado ao período do ciclo hidrológico
e ao peixe que se deseja capturar.
Para os entrevistados, é no período da enchente que ocorre a reprodução ou “desova”
da maioria das espécies. No que se refere aos locais, os entrevistados mencionam e descrevem
com detalhes a reprodução dos peixes residentes e migradores. Já em relação aos peixes
residentes, os pescadores mencionam que a reprodução ocorre principalmente em igarapés,
paranás e lagos no Sistema Lago Grande de Manacapuru, em áreas com pauzadas, troncos,
capins e buracos. Já para os migradores, observa-se que além dos igarapés, o rio é um
importante local de desova, onde procuram os paus e capins. As informações mencionadas
pelos pescadores, em sua maioria, foram similares aos registros verificados na literatura
específica para cada espécie e principalmente pelos dados gerados pela sub-rede BASPA,
indicando assim a importância da integração destes conhecimentos. Além disso, tais
informações podem auxiliar a legislação pesqueira, quanto a definição dos períodos de defeso
e de áreas para conservação. No caso específico do SLGM, observou-se discordâncias em
relação aos períodos de defeso para aruanã, pirarucu, curimatã. No entanto, observa-se ainda a
necessidade de adequações metodológicas para estudos futuros sobre biologia reprodutiva de
peixes, devendo-se levar em consideração a investigação dos meses em que ocorre a desova,
uma vez que os pescadores detêm o conhecimento sobre esses meses. Além disso,
considerando o grande número de espécies capturadas, é necessário a inclusão de mais
espécies nas portarias e instruções normativas que definem o defeso, a exemplo dos jaraquis
que não possuem proteção no período de reprodução.
Os movimentos migratórios estão relacionados com a variação do nível d´àgua, uma
vez que os três peixes migradores, jaraqui, tambaqui e curimatã, durante a vazante saem das
áreas alagadas em direção ao canal do rio principal para desovar na enchente. Após a desova
retornam (adultos e larvas) às áreas alagadas para alimentação, na enchente e cheia
(RIBEIRO, 1983; COX-FERNANDES, 1988; ZANIBONI, 1984). A complexidade dos
movimentos na área estudada, principalmente para os jaraquis (Semaprochilodus spp.)
permite conhecer os deslocamentos, porém a compreensão dos movimentos ainda é
diversificada para os entrevistados. Mas, é evidente o conhecimento dos principais
movimentos, de reprodução e trófica. Os movimentos de dispersão no sistema são mais
108
complexos, uma vez que os jaraquis fazem movimentos de arribação (movimento rio acima
na enchente) e do peixe gordo (movimento rio abaixo na cheia) (RIBEIRO, 1983). A saída
para o rio (Solimões) foi predominante no período da vazante para curimatã, jaraqui e
tambaqui. O retorno ocorre no período da enchente após a desova. Os entrevistados
identificaram também dois principais locais de entrada dos peixes no Sistema Lago Grande
Manacapuru, no período de enchente: Boca do Maracati e Boca do rio Manacapuru.
Em suma, este estudo descreve o etnoconhecimento dos pescadores do Sistema Lago
Grande de Manacapuru de forma a evidenciar a visão de mundo presente em suas narrativas e
da dinamicidade presente em seu modo de vida, cujos conhecimentos são empregados
cotidianamente nas suas atividades e, principalmente, na pesca. Finalmente, é possível
concluir que o conhecimento dos pescadores, em sua maioria, está de acordo com a
informação relatada na literatura consultada. Portanto, o conhecimento destes pescadores é
detalhado, consistente e relevante para o aprofundamento de questões complexas que podem
proporcionar novas pesquisas e contribuir para organização de informação integrada para ser
utilizada como subsídio para políticas públicas que tratarem dos recursos pesqueiros.
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WITKOSKI, Antonio Carlos; BRITO, Marco Antonio de Souza; FRAXE, Therezinha de
Jesus Pinto; SILVA, Suzy Cristina Pedroza. Etnoconhecimento e práticas de pesca. In:
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1869) (Teleostei, Characidae). 1985. 134p. Dissertação de Mestrado, Instituto Nacional de
Pesquisas do Amazonas/ Fundação Universidade do Amazonas, Manaus, Amazonas.
126
ANEXO - Formulário específico
Data: ___/___/___ Localidade:______________________ Comunidade:__________________________
Período:_____________
1. Identificação
Nome:
____________________________________________________________________Idade:_____________
Quanto tempo mora na Comunidade?______________________________________________________
Quantas pessoas trabalham na Família?____________________________________________________
Desempenha alguma atividade na comunidade? ( ) SIM ( )NÃO QUAL?______________________
2. Pesca
Exerce atividade pesqueira? ( ) SIM ( ) NÃO Há quanto tempo? __________________________
Exerce outra atividade além da pesca?
Etnoconhecimento de pescadores em lagos de várzea: subsídios para manejo integrado dos recursos pesqueiros
na Amazônia
127
_______________________________________________________________________________________
Que modalidade de Pesca? ( ) SUBSISTÊNCIA ( ) COMERCIAL
Que utensílios (apetrecho de pesca) de pesca são usados?
_______________________________________________________________________________________
Quais o mês mais intenso de pesca? _____________________________ Quais as espécies mais
pescadas?__________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
Que tipo de embarcação é utilizada? ______________________________________________________
As espécies passam o ano todo no lago?___________________________________________________
Quais os locais onde o peixe
vive?__________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________
128
Quais as espécies sedentárias ( habitam ambiente lacustre, desovam em lagos, não realizam
movimentação em direção ao rio) ?
Espécies
Onde ficam?
129
4. Época e local de DESOVA
Espécies
Época da desova
( E – C- V- S)
Local de desova
Características e denominação
130
3. Migração
Espécies Época de entrada
( E, C, V, S)
De onde vem? Por onde entram?
Onde ficam? Época de Saída/ Por que?
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