1
Universidade Federal do Pará Instituto de Geociências
Programa de Cursos Lato Sensu Especialização em Rochagem/Remineralização
ECONOMIA DE PROJETOS DE ROCHAGEM
Marcos Antônio Souza dos Santos Engenheiro Agrônomo, Dr.
Professor da UFRA-ISARH
Sheryle Santos Hamid Engenheira Agrônoma, Mestranda
PPGCAN-UFPA
BELÉM – PARÁ 2021
2
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO........................................................................................................... 3
2. ANÁLISE DE CONJUNTURA DO AGRONEGÓCIO......................................................... 4
2.1 ANÁLISE HISTÓRICA DO CONSUMO DE ALIMENTOS..................................................... 4
2.2 DEFLACIONAMENTO DE PREÇOS E OUTRAS VARIÁVEIS MONETÁRIAS......................... 7
2.3 NÚMEROS ÍNDICES........................................................................................................ 9
2.4 TAXAS DE CRESCIMENTO.............................................................................................. 13
2.5 FONTES DE INFORMAÇÃO DE MERCADO NO AGRONEGÓCIO...................................... 15
2.6 EXERCÍCIOS.................................................................................................................... 18
2.7 EXEMPLO DE CONJUNTURA DE MERCADO................................................................... 21
3. CUSTOS DE PRODUÇÃO NA AGROPECUÁRIA............................................................ 25
3.1 CUSTO DE OPORTUNIDADE........................................................................................... 25
3.2 CONCEITOS DE CUSTOS DE PRODUÇÃO........................................................................ 22
3.3 PONTO DE NIVELAMENTO OU PONTO DE EQUILÍBRIO................................................. 26
3.4 EXERCÍCIOS.................................................................................................................... 27
4. INDICADORES DE VIABILIDADE ECONÔMICA DE PROJETOS...................................... 29
4.1 VALOR DO DINHEIRO NO TEMPO.................................................................................. 29
4.2 VALOR PRESENTE DE UM VALOR FUTURO.................................................................... 30
4.3 VALOR PRESENTE LÍQUIDO ........................................................................................... 30
4.4 TAXA INTERNA DE RETORNO......................................................................................... 31
4.5 RELAÇÃO BENEFÍCIO-CUSTO......................................................................................... 32
4.6 EXERCÍCIOS.................................................................................................................... 32
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................................. 34
3
1. INTRODUÇÃO
O objetivo deste texto é oferecer uma síntese de fundamentos econômicos que
permitam uma avaliação de mercado e a estimativa de indicadores de custo e viabilidade
econômica de projetos de atividades agropecuárias. A compreensão destes fundamentos é
essencial para a elaboração e implementação de projetos de rochagem/remineralização.
Inicialmente apresenta-se um conjunto de métodos que permitem a elaboração de
estudos de conjuntura do agronegócio, envolvendo a análise histórica do consumo de
alimentos, deflação de variáveis monetárias, cálculo de taxas de crescimento e de números
índices, além de uma relação de fontes de informações sobre o agronegócio brasileiro.
A seguir discutem-se os fundamentos teóricos necessários a determinação dos custos de
produção de atividades agropecuárias, abordando os conceitos de custos fixos, custos variáveis,
custo total e custo médio.
Ao final são apresentados os elementos centrais da análise econômica de projetos
abordando os métodos do valor presente líquido, taxa interna de retorno e relação beneficio-custos.
Todas as seções apresentam um conjunto de exercícios que podem ser utilizados para
fixação dos conceitos e aplicações do conteúdo estudado.
4
2. ANÁLISE DA CONJUNTURA DO AGRONEGÓCIO
2.1 ANÁLISE HISTÓRICA DO CONSUMO DE ALIMENTOS
O levantamento de dados históricos de consumo é de grande importância na
análise de mercados pois permite acompanhar, ao longo do tempo, o comportamento da
variável. Nem sempre é possível obter diretamente dados de consumo. Entretanto, existem
estatísticas oficiais que permitem a determinação desta variável de forma aproximada o que
chamamos de consumo aparente.
O consumo aparente (CA) é igual à produção nacional mais as importações menos
as exportações e pode ser obtido a partir da seguinte expressão:
XMPCa (1)
Em que:
Ca é o consumo aparente;
P produção;
M importação;
X exportação.
Havendo a possibilidade de se obter a variação de estoques para o produto, em
cada período, pode-se determinar a série histórica de consumo efetivo (CE) que é dada pela
expressão abaixo:
EXMPCe (2)
Em que:
Ce é o consumo efetivo;
P produção;
M importação;
X exportação;
E variação de estoque (estoque inicial - estoque final)
Para efeito de ilustração a seguir são apresentados dois exemplos.
5
Exemplo 1 - A tabela seguinte (1a) apresenta dados sobre a produção, importações e exportações de óleo de palma no Brasil no período 2014-2018. Utilize a expressão 1 e determine o consumo aparente.
Tabela 1a. Produção, importações e exportações de óleo de palma no Brasil, 2014-2018.
Óleo de Palma (toneladas)
Ano Produção Importações Exportações Consumo Aparente
2014 365.000 252.351 103.670 513.681
2015 400.000 209.069 131.674 477.395
2016 415.000 236.702 46.443 605.259
2017 313.376 188.932 89.907 412.401
2018 361.931 213.748 30.665 545.014
Fonte: Food and Agriculture Organization of the United Nations - FAO, 2021.
Figura 1a. Evolução do consumo aparente de óleo de palma no Brasil, 2014-2018.
Fonte: Food and Agriculture Organization of the United Nations - FAO, 2021.
6
Exemplo 2 - A tabela seguinte (1b) apresenta dados sobre a produção, importações, exportações e variação de estoques de óleo de soja no Brasil no período 2014-2018. Utilize a expressão 2 e determine o consumo efetivo.
Tabela 1b. Produção, importações e exportações de óleo de soja no Brasil, 2014-2018.
Óleo de Palma (mil toneladas)
Ano Produção Importações Exportações Variação de
Estoques Consumo Efetivo
2014 7.443 0 1.305 -148 5.990
2015 8.075 25 1.670 4 6.434
2016 7.885 66 1.254 79 6.776
2017 8.433 58 1.343 -40 7.108
2018 8.835 35 1.415 85 7.540
Fonte: Food and Agriculture Organization of the United Nations - FAO, 2021.
Figura 1b. Evolução do consumo efetivo de óleo de soja no Brasil, 2014-2018.
Fonte: Food and Agriculture Organization of the United Nations - FAO, 2021.
7
2.2 DEFLACIONAMENTO DE PREÇOS E OUTRAS VARIÁVEIS MONETÁRIAS
Um dos problemas mais agravantes com que a economia mundial tem se
defrontado e, particularmente, os países em desenvolvimento, têm sido o fenômeno da
inflação. Como bem enfatiza Viana (2003), a inflação talvez seja o fenômeno econômico que
mais tenha chamado a atenção dos economistas e mais tenha afetado a vida do ser humano
no cotidiano.
No Brasil, a população conviveu mais intensamente com essa situação nas décadas
de 1970 e 1980, se estendendo até meados da década de 1990, por ocasião da implantação
do Plano Real.
Apesar da complexidade teórica que o termo envolve, de modo mais simplificado, a
inflação pode ser entendida como um aumento geral dos níveis de preço da economia. A
percepção do fenômeno, no âmbito do consumidor, reflete-se na perda de poder de compra
dos salários.
Nas análises de mercados que envolvem variáveis monetárias é sempre
conveniente levar em consideração a influência da inflação sob pena do analista ser
conduzido a conclusões totalmente falsas e prejudiciais à tomada de decisão e à empresa.
Um exemplo pode contribuir para elucidar esta questão:
Se uma empresa aumenta o seu faturamento de um período a outro, isso não quer
dizer necessariamente que suas vendas melhoraram em termos de unidades vendidas. Pode
ter ocorrido que um processo inflacionário tenha obrigado a empresa a aumentar
acentuadamente os preços de seus produtos, gerando um aumento no faturamento (em
termos nominais) o qual não corresponde a um aumento real do faturamento. Isso também
é válido para os preços de produtos e fatores de produção.
O deflacionamento de variáveis é um procedimento em que se elimina a influência
da inflação nas variáveis nominais, permitindo a determinação do valor real. Esse
procedimento permite eliminar a influência da inflação e facilita a interpretação do
acompanhamento da evolução da variável com relação a um período-base.
8
Para o deflacionamento de séries de variáveis monetárias, são utilizados os índices
de preços. No caso particular de preços de produtos do agronegócio, um dos índices mais
utilizados é o Índice Geral de Preços – Disponibilidade interna (IGP-DI), calculado pela
Fundação Getúlio Vargas (FGV) e publicado mensalmente na Revista Conjuntura Econômica.
O preço real pode ser obtido por meio da seguinte expressão:
t
finalt
IGPDI
IGDIPNtPR
Em que:
PRt = preço real do produto no período t;
PNt = preço nominal do produto no período t;
IGPDIfinal = Índice Geral de Preços Disponibilidade Interna no período final;
IGPDIt = Índice Geral de Preços Disponibilidade Interna no período final.
Exemplo 1 - A tabela seguinte (2) apresenta dados sobre o preço nominal do milho e do Índice Geral de Preços Disponibilidade Interna (IGPDI). Calcule o preço real do milho com base no ano 2019.
Tabela 2. Evolução do Preço do milho, em R$/sc de 60kg, no Estado do Pará, 2015-2019.
Ano Preço do Milho (R$/sc de 60 kg)
IGP-DI (Base: Ago/94 =100)
Preço Real do Milho (R$/sc de 60 kg)
Em R$ 2000
2015 31,48 580,30 39,30
2016 43,90 639,43 49,74
2017 30,58 645,59 34,31
2018 34,73 683,13 36,83
2019 34,95 724,43 34,95 Fonte: Produção Agrícola Municipal – IBGE, 2021.
9
2.3 NÚMEROS ÍNDICES
Os números-índices são proporções estatísticas, geralmente expressas em
porcentagem, que encontram grande utilização por parte de administradores, economistas,
engenheiros entre outros profissionais, na comparação da evolução de variáveis. Tem como
principal vantagem permitir obter um quadro simples e resumido das mudanças de variáveis
como área cultivada, produção, consumo e, principalmente preços em épocas ou localidades
diferentes.
A determinação de um número-índice permite transformar a série original de dados
em valores adimensionais (proporções), ou seja, elimina a unidade de medida da variável.
Esse é um aspecto relevante, pois viabiliza a análise comparativa de variáveis expressas em
unidades diferentes.
A seguir apresentamos as especificações das fórmulas para determinar os índices
relativos simples de quantidade e preços e dois exemplos de aplicação. É válido ressaltar que
a construção de números índices também é possível para variáveis como área cultivada,
produtividade, consumo, volume de vendas entre outras.
Índice Relativo de Quantidade - Iqt
O índice relativo de quantidade ou número-índice simples de quantidade é expresso
pela relação entre a quantidade produzida em determinado período de tempo (ano ou mês
geralmente) e a quantidade produzida no período escolhido como base. A sua determinação
pode ser efetuada a partir da expressão abaixo especificada.
1000
Q
QIq t
t
Em que:
Qo = é a quantidade produzida do produto no período-base;
Qt = é a quantidade produzida do produto no período t;
Iqt = é o índice relativo de quantidade no período t.
10
Exemplo 1 - Determine o número-índice de quantidade para a produção de pimenta-do-
reino e coco-da-baía no Estado do Pará no Período 1999-2018.
Tabela 3a - Evolução da produção (toneladas) de coco-da-baía e pimenta-do-reino no Estado do Pará, 1999-2018.
Ano Coco-da-baía Pimenta-do-reino
1999 141.914 23.395
2000 154.957 33.471
2001 197.383 44.010
2002 220.361 51.688
2003 225.388 57.067
2004 240.664 55.922
2005 247.627 66.486
2006 256.378 67.031
2007 256.622 64.245
2008 253.597 55.995
2009 248.188 51.881
2010 232.448 39.235
2011 229.080 33.349
2012 231.400 32.267
2013 214.859 30.885
2014 212.503 29.706
2015 205.691 32.414
2016 178.345 35.845
2017 173.788 39.577
2018 191.825 33.877 Fonte: IBGE, 2021.
Adotando o ano de 1999 como ano-base e aplicando a expressão é possível
determinar o número-índice de produção para cada um dos anos, conforme apresentado na
Tabela 2. Os resultados obtidos permitem identificar que a produção de coco-da-baía, em
2018, foi 35,17% (135,17 – 100,00) superior à observada em 1999 e que a produção de
pimenta-do-reino, em 2018, foi 44,80% (144,88 – 100,00) superior à de 1999.
Com a utilização dos números-índices, pode-se, com maior facilidade, observar que
para a cultura do coco-da-baía, o ano de 2007 registrou maior percentual de crescimento da
produção em relação ao ano-base, enquanto que para a pimenta-do-reino, este
comportamento ocorreu em 2006. Em ambas as culturas ocorreu uma desaceleração do
crescimento a partir desses anos, conforme demonstrados pelos números-índices.
11
Este exemplo permite observar a importância da utilização de números-índices.
Anteriormente ao cálculo, os valores estavam expressos em valores absolutos, o que
dificultava a avaliação do seu comportamento ao longo do período de estudo. O emprego
dos valores absolutos permitia, apenas, identificar que uma variável cresceu e que a outra
decresceu no período. O uso do número-índice permitiu saber o quanto cresceu e o quanto
decresceu em relação ao período tomado por base.
Tabela 3b - Números-índices de quantidade produzida de coco-da-baía e pimenta-do-reino no Estado do Pará, 1999-2018.
Ano Coco-da-baía Pimenta-do-reino
1999 100,00 100,00
2000 109,19 143,07
2001 139,09 188,12
2002 155,28 220,94
2003 158,82 243,93
2004 169,58 239,03
2005 174,49 284,19
2006 180,66 286,52
2007 180,83 274,61
2008 178,70 239,35
2009 174,89 221,76
2010 163,79 167,71
2011 161,42 142,55
2012 163,06 137,92
2013 151,40 132,02
2014 149,74 126,98
2015 144,94 138,55
2016 125,67 153,22
2017 122,46 169,17
2018 135,17 144,80 Fonte: IBGE, 2021. Nota: (Base: 1999 = 100,00)
12
Índice Relativo de Preço - Ipt
O índice relativo de preços ou número-índice simples de preços é expresso pela
relação entre o preço em determinado período de tempo (ano ou mês geralmente) e o preço
no período escolhido como base. A sua determinação pode ser efetuada a partir da
expressão a seguir.
1000
P
PIp t
t
Em que:
Po = é o preço no período-base;
Pt = é o preço do produto no período t;
Ipt = é o índice relativo de quantidade no período t.
Exemplo 2 - Determine o número-índice simples para os preços do leite de vaca em nível de produtor, atacado e varejo no Estado do Pará período 1995-2000.
Tabela 4 - Evolução do preço do leite de vaca, em nível do produtor,
atacado e varejo, no estado do Pará, no período de 2015 a 2020.
Preço (R$/litro) Número-índice
Ano Produtor
(PP) Atacado
(PA) Varejo
(PV) IPP IPA IPV
2015 1,04 4,90 4,89 100,00 100,00 100,00 2016 1,10 5,56 5,79 105,52 113,51 118,57 2017 1,19 5,02 5,19 113,83 102,48 106,17 2018 1,17 5,08 5,21 112,59 103,78 106,73 2019 1,23 4,64 4,72 118,05 94,69 96,52 2020 1,16 4,86 5,05 111,59 99,22 103,36
Fonte: Companhia Nacional de Abastecimento – CONAB, 2021.
Notas: preços corrigidos para janeiro de 2021.
13
2.4 TAXAS DE CRESCIMENTO
Um dos tópicos mais importantes em análise de mercados agropecuários refere-se
à identificação do padrão de evolução temporal das variáveis intervenientes na conjuntura
do mercado. A avaliação temporal de variáveis como área cultivada, produção,
produtividade, preços, consumo, renda, população são relevantes e a identificação do seu
padrão comportamental (crescimento, decrescimento, estagnação) deve ser um objetivo dos
analistas de mercado.
Nesse contexto, a determinação de taxas de crescimento assume grande utilidade,
pois permite identificar o ritmo médio de crescimento de uma variável num dado período de
tempo sintetizando, numericamente, o desempenho e a tendência da variável, além de
permitir a execução de projeções.
Esta seção sintetiza os procedimentos necessários para determinar as taxas de
crescimento de dados. Inicialmente são apresentadas as fórmulas para determinação de
taxas de crescimento e, posteriormente, a resolução de exercícios e a sua utilização em
projeções.
a) Taxa de Variação Anual (TAV)
1001
1
n
nn
V
VVTAV (1)
b) Taxa Aritmética de Crescimento (TAC)
)1(0 inVVn 100
10
n
V
V
iTAC
n
(2)
14
c) Taxa Geométrica de Crescimento (TGC)
n
n iVV )1(0 10010
n
n
V
ViTGC (3)
Exemplo de aplicação:
Aplicando a expressão (1) aos dados da tabela 5a, podemos calcular a taxa de
variação anual da quantidade produzida para cada uma das culturas, como demonstrado na
tabela 5b.
Tabela 5a - Quantidade produzida, em toneladas, das principais lavouras temporárias do Estado do Pará, 2010-2019.
Ano Abacaxi Cana-de-açúcar Mandioca Milho
(em grão) Soja
(em grão)
2010 254.347 668.738 4.596.083 519.258 243.616
2011 270.532 715.152 4.647.552 541.128 317.093
2012 317.127 750.378 4.617.543 604.799 373.398
2013 320.478 935.020 4.621.692 613.546 506.347
2014 326.210 921.704 4.914.831 590.078 736.947
2015 372.686 918.297 4.695.735 759.662 1.022.677
2016 412.102 918.560 4.263.013 643.008 1.304.598
2017 217.856 859.683 4.234.797 872.065 1.632.115
2018 426.060 925.527 3.836.215 790.965 1.638.469
2019 311.947 1.029.044 3.711.214 827.720 1.781.672
Fonte: Produção Agrícola Municipal – IBGE, 2021.
15
Tabela 5b - Taxa de variação anual (TAV) da quantidade produzida (toneladas) das principais lavouras temporárias do Estado do Pará, 2010-2019. (%)
Ano Abacaxi Cana-de-açúcar Mandioca Milho
(em grão) Soja
(em grão)
2010 - - - - -
2011 6,36 6,94 1,12 4,21 30,16
2012 17,22 4,93 -0,65 11,77 17,76
2013 1,06 24,61 0,09 1,45 35,61
2014 1,79 -1,42 6,34 -3,82 45,54
2015 14,25 -0,37 -4,46 28,74 38,77
2016 10,58 0,03 -9,22 -15,36 27,57
2017 -47,14 -6,41 -0,66 35,62 25,10
2018 95,57 7,66 -9,41 -9,30 0,39
2019 -26,78 11,18 -3,26 4,65 8,74 Fonte: Elaborada a partir de dados do IBGE, 2021.
Aplicando-se as expressões (2) e (3) aos dados da tabela 5a podemos calcular as
taxas aritmética e geométrica de crescimento da quantidade produzida para cada culturas,
em diferentes períodos, conforme apresentado na tabela 5C.
Tabela 5C- Taxas aritmética (TAC) e geométrica (TGC) de crescimento da quantidade
produzida (toneladas) das principais lavouras temporárias do Estado do Pará, 1999-2019.
Cultura 2010-2014 2014-2019 2010-2019
TAC TGC TAC TGC TAC TGC
Abacaxi 4,71 6,90 -0,73 -1,30 2,26 2,47
Cana-de-açúcar 6,30 9,52 1,94 1,46 5,39 3,90
Mandioca 1,16 1,29 -4,08 -5,60 -1,93 -2,39
Milho (em grão) 2,27 3,89 6,71 6,24 5,94 5,66
Soja (em grão) 33,75 30,76 23,63 18,88 63,13 27,39 Fonte: Elaborada a partir de dados do IBGE, 2021.
2.5 FONTES DE INFORMAÇÃO DE MERCADO NO AGRONEGÓCIO
Apresenta-se a seguir uma relação dos principais sites com informações de
mercado no agronegócio e que são úteis na elaboração de estudos de conjuntura e
atualização sobre o comportamento de mercados de produtos agropecuários.
Informações gerais
http://www.agrolink.com.br
http://www.ruralbusiness.com.br
http://www.noticiasagricolas.com.br
http://www.paginarural.com.br
http://www.portaldoagronegocio.com.br
http://www.scotconsultoria.com.br
16
http://www2.safras.com.br/
http://www.canaldoprodutor.com.br
http://www.farmpoint.com.br
http://www.coffeepoint.com.br
Grãos
http://www.cisoja.com.br
http://www.cnpaf.embrapa.br
http://www.irga.rs.gov.br
http://www.bolsinha.com.br
Pecuária de corte e leite
http://www.beefpoint.com.br
http://www.milkpoint.com.br
http://www.abiec.com.br
http://www.cileite.com.br
http://www.baldebranco.com.br
http://www.portaldbo.com.br
http://www.cigeneticabovina.com.br
Avicultura Suinocultura
http://www.ebc.com.br/uniao-brasileira-de-
avicultura
http://www.aviculturaindustrial.com.br
http://www.apa.com.br
http://www.sindicarne.org.br
http://www.facta.org.br
http://www.avisite.com.br
http://www.apavi.com.br
http://abpa-br.com.br/
http://www.suino.com.br
http://www.suinoculturaindustrial.com.br
http://www.accs.org.br
http://www.abcs.org.br
https://www.embrapa.br/suinos-e-aves
Ovino e caprinocultura
https://www.embrapa.br/caprinos-e-ovinos
http://www.accoba.com.br
http://www.caprilvirtual.com.br
http://www.caprileite.com.br/home
http://www.arcoovinos.com.br/index.php
17
Pesca e Aquicultura
http://www.abccam.com.br
http://www.panoramadaaquicultura.com.br
http://www.icmbio.gov.br/cepene/
http://www.pesca.sp.gov.br
Horticultura
https://www.embrapa.br/hortalicas
http://www.cnpmf.embrapa.br
http://www.grupocultivar.com.br
http://www.todafruta.com.br
http://www.abhorticultura.com.br
http://www.planetaorganico.com.br
http://www.aao.org.br
http://www.ciorganico.agr.br
http://www.ibraf.org.br
http://www.veiling.com.br
http://www.floranet.com.br
http://www.ibd.com.br
http://www.sbau.com.br
http://www.ibraflor.com.br
Madeira
http://www.remade.com.br
http://www.aimex.com.br
http://www.ciflorestas.com.br
http://www.ipef.br
http://www.abimci.com.br
http://www.abimad.com.br
Institucionais
http://www.agricultura.gov.br
http://www.incra.gov.br
http://www.agritempo.gov.br
https://www.gov.br/produtividade-e-comercio-
exterior/pt-br
http://www.ibge.gov.br
http://www.cna.org.br
http://www.conab.gov.br
http://www.bcb.gov.br
http://www.bancoamazonia.com.br
http://www.fao.org
http://www.dieese.org.br
http://www.fgv.br
http://www.ipea.gov.br
http://www.nead.org.br
http://www.deser.org.br
http://www.cepea.esalq.usp.br
http://www.iea.sp.gov.br
http://www.pesca.sp.gov.br
http://www.pensa.org.br
http://www.ceagesp.com.br
http://www.bndes.gov.br
18
Bases de dados
Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO): http://www.fao.org
Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA): http://www.fas.usda.gov/psdonline/
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA): http://www.agricultura.gov.br
Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB): http://www.conab.gov.br
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE): http://www.sidra.ibge.gov.br
Instituto de Economia Agrícola (IEA-SP): http://www.iea.sp.gov.br
Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada: https://www.ipea.gov.br/portal/
Fundação Getúlio Vargas: http://portalibre.fgv.br/
Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada: http://www.cepea.esalq.usp.br
Banco Central do Brasil (Crédito Rural): http://www.bcb.gov.br/?CREDRURAL
Centro de Socioeconomia e Planejamento Agrícola (CEPA-EPAGRI-SC): http://cepa.epagri.sc.gov.br/
Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF):
http://www.mda.gov.br/sitemda/tags/pronaf
Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais:
http://www.agricultura.mg.gov.br
Secretaria de Estado de Agricultura do Pará (SAGRI-PA): http://www.sagri.pa.gov.br/
2.6 EXERCÍCIOS
Exercício 1 – A tabela abaixo apresenta dados de produção, importação e exportação de óleo de palma no Brasil no período 1990-2002. Evolução da produção, importação e exportação de óleo de palma (toneladas) no Brasil, 2010-2018.
2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018
Produção 250.000 270.000 310.000 340.000 365.000 400.000 415.000 313.376 361.931
Importação 155.813 214.419 227.445 250.082 252.351 209.069 236.702 188.932 213.748
Exportação 16.524 46.534 65.227 72.428 103.670 131.674 46.443 89.907 30.665
Fonte: Food and Agriculture Organization of the United Nations - FAO, 2021.
Com base nestes dados determine:
a) O consumo aparente de óleo de palma no Brasil no período 1990-2002;
b) Elabore um gráfico para identificar o padrão de comportamento da variável;
c) Determine qual a proporção do consumo em relação à produção nacional;
d) Determine a taxa geométrica de crescimento do consumo nos períodos 2010-2014, 2014-2018 e 2010-2018.
19
Exercício 2 – Com base nos dados da tabela abaixo determine:
Evolução da produção, importação, variação de estoques e exportações de milho em grão (mil toneladas) no Brasil, 2014-2018.
Ano Produção Importação Variação de
Estoques Exportações Consumo
Efetivo
2014 79.882 773 4.822 20.655
2015 85.283 370 -6.130 28.924
2016 64.188 2.903 -1.073 21.873
2017 97.911 1.325 7.250 29.266
2018 82.288 924 -4.704 23.566
Fonte: Food and Agriculture Organization of the United Nations - FAO, 2021.
a) O consumo efetivo de milho no Brasil no período 1980-2002;
b) Elabore um gráfico para identificar o padrão de comportamento dessa variável
c) Determine a taxa geométrica de crescimento da produção e consumo efetivo no período de 2014-2018.
Exercício 3 – A tabela abaixo apresenta dados sobre área colhida, quantidade produzida e
valor bruto da produção (VBP) de cacau no Estado do Pará no período 2010-2019.
Área colhida, produção e valor bruto da produção da cultura do cacau no Estado do Pará, 2010-2019.
Ano
Área colhida (ha)
Produção (ton.)
VBP (R$ Mil)
2010 81.764 59.537 300.459
2011 85.041 63.799 306.877
2012 88.267 67.299 307.247
2013 97.176 79.727 336.848
2014 116.532 100.293 650.899
2015 123.350 105.914 805.644
2016 129.829 85.826 789.946
2017 131.891 116.358 849.559
2018 128.963 110.060 1.049.657
2019 140.514 128.961 1.197.405
Fonte: Produção Agrícola Municipal - IBGE, 2021.
A partir destes dados, calcule:
a) A produtividade, os preços nominais e os preços reais do produto; b) Construa o número índice relativo simples para as variáveis área colhida, produção e produtividade definindo como período base o ano de 2010;
20
c) Determine as taxas de crescimento (aritmética e geométrica) para as variáveis área colhida, produção e produtividade no período 2010-2019; d) Elabore gráfico em barras ou colunas, para ilustrar a evolução de cada uma das variáveis.
Exercício 4 – Com base nos dados da tabela abaixo, determine:
Área colhida, produção e valor bruto da produção (VBP) da cultura do feijão e da mandioca
no Estado do Pará no período 2012-2019.
Ano
Feijão (em grão) Mandioca
Área colhida (ha)
Produção (ton.)
VBP (R$ Mil)
Área colhida (ha)
Produção (ton.)
VBP (R$ Mil)
2012 51.555 35.512 66.845 301.364 4.617.543 1.187.507
2013 43.941 30.737 65.493 302.300 4.621.692 2.208.029
2014 41.324 28.751 64.822 344.323 4.914.831 1.676.500
2015 36.354 24.800 47.606 308.964 4.695.735 1.221.060
2016 31.312 24.066 83.453 291.740 4.263.013 1.933.296
2017 33.468 27.880 71.074 294.337 4.234.797 1.845.760
2018 27.112 20.584 40.745 261.308 3.836.215 1.647.494
2019 27.464 20.883 48.647 262.021 3.711.214 1.518.521
Fonte: Produção Agrícola Municipal - IBGE, 2021.
a) A produtividade, os preços nominais e os preços reais de cada produto;
b) Construa o número índice relativo simples para as variáveis área colhida, produção e produtividade definindo como período base o ano de 2012;
c) Determine as taxas de crescimento (aritmética e geométrica) para as variáveis área colhida, produção e produtividade no período 2012-2019;
d) Elabore gráfico em barras ou colunas, para ilustrar a evolução de cada uma das variáveis.
21
2.7 EXEMPLO DE CONJUNTURA DE MERCADO – O CASO DO CAFÉ
1. INTERNACIONAL
Tabela 1. Quantidade produzida (t) de café dos principais países produtores, no período de 2010-2019.
Ano Quantidade produzida (t)
Brasil Vietnã Colômbia Indonésia Etiópia
2010 2.907.265 1.105.700 535.380 684.076 370.569 2011 2.700.540 1.276.506 468.540 638.600 376.823 2012 3.037.534 1.260.463 462.000 691.163 275.530 2013 2.964.538 1.326.688 653.160 675.800 392.006 2014 2.804.070 1.406.469 728.400 643.900 419.980 2015 2.647.504 1.452.999 827.750 639.412 457.014
2016 3.024.466 1.460.800 818.243 639.305 469.091 2017 2.684.508 1.542.398 851.640 717.962 449.230 2018 3.552.729 1.616.307 813.420 756.051 494.574 2019 3.009.402 1.683.971 885.120 760.963 482.561
Fonte: Food and Agriculture Organization of the United Nations – FAO, 2021. Figura 1. Evolução da quantidade produzida (t) de café dos principais países produtores, no período de 2010-2019.
Fonte: Food and Agriculture Organization of the United Nations – FAO, 2021.
22
Tabela 2. Evolução das quantidades produzidas, importadas e exportadas (t) de café em grão, no Brasil, no período de 2010-2019.
Ano Produção Importação Exportação
toneladas
2010 2.907.265 - 1.789.939 2011 2.700.540 - 1.790.799 2012 3.037.534 2 1.503.337 2013 2.964.538 30 1.698.157 2014 2.804.070 15 1.986.266 2015 2.647.504 57 2.004.805 2016 3.024.466 14 1.823.786 2017 2.684.508 352 1.647.808
2018 3.552.729 976 1.826.248 2019 3.009.402 48 2.229.342
Fonte: Sistema de Estatísticas do Comércio Exterior – COMEX STAT, 2021. Food and Agriculture Organization of the United Nations – FAO, 2021.
Figura 2. Evolução da produção, exportação (t) e do preço real (R$/kg) do café em grão no Brasil, no período de 2010 a 2019.
Fonte: Sistema de Estatísticas do Comércio Exterior – COMEX STAT, 2021; Produção Agrícola Municipal – IBGE, 2021.
23
2. NACIONAL
Tabela 3. Dados da produção e produtividade da cultura do café nos principais estados produtores no ano de 2019.
Estados
Produção (t)
Área colhida (ha)
Produtividade (t/ha)
Participação na produção
(%)
Participação acumulada
(%)
Minas Gerais
1.495.697 990.845 1,51 49,70 49,70
Espírito Santo
789.684 379.100 2,08 26,24 75,94
São Paulo 290.400 199.488 1,46 9,65 85,59
Bahia 180.234 116.660 1,54 5,99 91,58 Rondônia 137.180 61.800 2,22 4,56 96,14 Outros estados
116.207 75.510 1,54 3,86 100,00
Brasil 3.009.402 1.823.403 1,65 100,00
Fonte: Produção Agrícola Municipal – IBGE, 2021.
3. REGIONAL Tabela 4. Dados da produção e produtividade da cultura do café nos principais municípios produtores do Estado de Rondônia, no ano de 2019.
Municípios de RO
Produção (t)
Área colhida
(ha)
Produtividade (t/ha)
Participação na produção
(%)
Participação acumulada
(%)
São Miguel do Guaporé
37.261 8.716 4,28 27,16 27,16
Cacoal 16.098 9.757 1,65 11,73 38,90 Alta Floresta D'Oeste 15.356 5.980 2,57 11,19 50,09 Ministro Andreazza 11.523 4.950 2,33 8,40 58,49 Buritis 10.626 4.500 2,36 7,75 66,24 Alto Alegre dos Parecis
9.096 3.600 2,53 6,63 72,87
Nova Brasilândia D'Oeste
7.849 5.291 1,48 5,72 78,59
Novo Horizonte do Oeste
3.517 2.095 1,68 2,56 81,15
Porto Velho 3.300 2.357 1,40 2,41 83,56 Alvorada D'Oeste 3.215 1.180 2,72 2,34 85,90 Outros municípios 19.339 13.374 1,45 14,10 100,00
Estado de Rondônia 137.180 61.800 1,65 100,00
Fonte: Produção Agrícola Municipal – IBGE, 2021.
24
4. CUSTOS DE PRODUÇÃO
Tabela 5. Custos de produção (R$/sc 60 kg) do café Conilon em diferentes sistemas de produção, em novembro de 2019.
Região Sistema Produtividade
(kg/ha) Variável
(a) Operacional
(b) Total
(c) a/c (%)
b/c (%)
Nova Brasilândia D'Oeste (RO)
Adensado - Irrigado
6.249 141,90 182,70 187,85 75,54 97,26
Itabela (BA) Semi Adensado e
Irrigado 4.350 217,03 235,45 240,15 90,37 98,04
Castelo (ES) Convencional -
Irrigado 3.600 271,32 306,13 320,00 84,79 95,67
Fonte: Companhia Nacional de Abastecimento – CONAB, 2021.
Tabela 6. Custos de produção dos principais itens do custeio da lavoura de café Conilon em sistema adensado e irrigado no estado de Rondônia, em novembro 2019.
Item do custeio Custo (R$) Participação (%)
Por hectare Por sc 60 kg Custo Variável Custo Total
Mão de obra 5.658,00 54,33 38,28 28,92 Fertilizantes 2.809,95 26,98 19,01 14,36 Agrotóxicos 903,00 8,67 6,11 4,62 Conjunto de Irrigação 396,90 3,81 2,69 2,03 Embalagens/utensílios 120,00 1,15 0,81 0,61
Administrador 109,79 1,05 0,74 0,56
Total 9.997,64 95,99 67,64 51,10
Fonte: Companhia Nacional de Abastecimento – CONAB, 2021.
25
3. CUSTOS DE PRODUÇÃO NA AGROPECUÁRIA
Neste capítulo apresenta-se o conceito de custos de produção e destaca-se a sua
importância como elemento de gestão e tomada de decisão.
Entende-se por custo de produção a soma de todos os recursos (insumos) e
operações (serviços) utilizados no processo produtivo, visando obter determinada
quantidade de produto com o mínimo dispêndio. Nesse sentido, e para fins de análise
econômica, custo de produção é a compensação que os donos dos fatores de produção
(terra, trabalho, capital) e dos recursos financeiros de custeio utilizados por uma empresa
para produzir determinado bem devem receber para que esses fatores continuem sendo
fornecidos (GUIDUCCI et al., 2012).
A utilidade dos custos é permitir verificar o valor dos recursos empregados por
unidade produzida e compará-lo com o preço de mercado do produto. A partir dessa
comparação é possível identificar a rentabilidade da atividade e viabilidade econômica.
Estimativas de custo de produção são fundamentais para a tomada de decisão do
produtor, para avaliar a viabilidade econômica de um sistema de produção, para comparar
níveis de desempenho entre diferentes sistemas de produção, entre tecnologias, além de
orientar formuladores de políticas públicas em ações de fomento ao desenvolvimento do
agronegócio.
3.1 CUSTO DE OPORTUNIDADE
Custo de oportunidade é um conceito econômico importante e básico que deve ser
levado em consideração na tomada de decisões econômicas, inclusive decisões pessoais do
dia a dia. O custo de oportunidade se fundamenta no fato de que, após um ativo ser
adquirido, ele pode ter um ou mais usos alternativos. Após o ativo ser comprometido com
um determinado uso não estará mais disponível para um uso alternativo e perde-se a renda
advinda da alternativa.
O custo de oportunidade pode ser definido de uma entre duas maneiras:
- A renda que poderia ter sido obtida com a venda ou aluguel do insumo a outro
produtor/empresa/unidade de produção;
26
- A renda extra que teria sido recebida se o insumo tivesse sido utilizado em seu uso
alternativo mais lucrativo.
Esta última definição talvez seja a mais comum, mas ambas devem ser lembradas
quando o gestor toma decisões sobre uso de insumos.
3.2 CONCEITOS DE CUSTOS DE PRODUÇÃO
Custos Fixos (CF): São os custos que não variam com a quantidade produzida (juros sobre o
capital — empatado em benfeitorias, máquinas, impostos fixos, despesas de arrendamento
etc.). É o resultado da soma dos custos associados a benfeitorias, máquinas e equipamentos,
lavouras permanentes, animais produtivos e de trabalho e também impostos e taxas fixas.
Custos Variáveis (CV): São aqueles que variam em função da quantidade produzida. Envolve
itens como: adubação, calagem, rações e medicamentos, herbicidas, fungicidas, inseticidas,
entre outros.
Custo Total (CT): É a soma dos custos fixos com os custos variáveis (CF + CV).
Custo Médio ou Custo Unitário (CMe): É a divisão do custo total (CT) pela quantidade
produzida (Q). Ele gera uma informação importante para efeito de comparação com o preço
de mercado: CMe = CT ÷ Q
3.3 PONTO DE NIVELAMENTO OU PONTO DE EQUILÍBRIO
O ponto de nivelamento (PN), também chamado de ponto de equilíbrio, corresponde
a um nível de produção no qual o valor das vendas se iguala aos custos totais. No PN os
gastos são iguais À receita advinda da produção, ou seja, a exploração não apresenta lucro
nem prejuízo.
A identificação do ponto de nivelamento pode ser obtida dividindo-se o custo total
pelo preço do produto no mercado. O resultado corresponde a quantidade a ser produzida,
de modo que a renda Iíquida seja igual a zero ou a receita total igual ao custo total.
Essa é a produção que maximiza a renda Iíquida gerada e permite a estabilidade do
empreendimento no longo prazo. Se produzir abaixo desse nível, o sistema de produção terá
renda Iíquida negativa e não se sustentará. A Figura 2 ilustra o ponto de nivelamento ou
ponto de equilíbrio.
27
Figura 2. Ponto de nivelamento ou ponto de equilíbrio.
3.4 EXERCÍCIOS
Questão 01 – O conceito de custo de oportunidade.
Após a leitura do texto e observação dos vídeos dos links abaixo elabore um texto,
destacando de quer forma o conhecimento de “como as pessoas tomam as suas decisões
econômicas do dia a dia” pode contribuir no seu desempenho como cidadão e profissional.
https://www.dicionariofinanceiro.com/custo-de-oportunidade/
https://www.youtube.com/watch?v=IhzSl3mZbYo
https://www.youtube.com/watch?v=uqUVSAVnv_4
Questão 02 – Para cada um dos itens abaixo, indique e justifique se são custos fixos ou
variáveis.
- Gasolina e óleo diesel
- Depreciação de máquinas
- Sal e minerais
- Mão de obra contratada por hora
28
- Mão de obra contratada por um ano
- Corretivos de solo
- Fertilizantes
- Eletricidade
Questão 03 – A estimativa do custo total de produção do feijão (Phaseolus vulgaris) no
Município de Unaí – MG (safra 2006/2007) foi de R$1.740,00/hectare, sendo que a
produtividade média é 2.400 kg/hectare. Com base nestes dados pede-se: a) calcular o custo
total médio de produção (em R$/sc de 60 kg); b) calcular o ponto de nivelamento,
considerando o preço de R$0,80/kg e c) admitindo que ocorra uma queda de 10% na
produtividade como resultado de incidência de pragas qual será o custo total médio?
Questão 04 – Acesse o site da Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB) e efetue o
download da planilha Série Histórica - Custos - Cacau - 2015 a 2020, disponível em:
https://www.conab.gov.br/info-agro/custos-de-producao/planilhas-de-custo-de-
producao/itemlist/category/414-planilhas-de-custos-de-producao-series-historicas
Com base nestes dados pede-se: (a) elaborar um gráfico mostrando a evolução do custo
médio de produção de cacau nos estados da Bahia e Pará, em R$/kg, no período 2015-2020;
(b) discutir o comportamento do gráfico, explicando o que pode estar motivando as
diferenças nos custos médios de produção entre os dois estados.
29
4. INDICADORES DE VIABILIDADE ECONÔMICA DE PROJETOS
O objetivo deste capítulo é oferecer os elementos fundamentais para proceder à
análise de projetos de rochagem e estimar indicadores de viabilidade econômica.
Especificamente pretende-se:
(a) Explicar o valor do dinheiro no tempo e seu uso na tomada de decisão e análise
econômica;
(b) Demonstrar o processo de desconto ou a determinação do valor presente de um fluxo
de caixa;
(c) Calcular o valor presente líquido, a taxa interna de retorno e a relação benefício custo
de um projeto,
4.1 VALOR DO DINHEIRO NO TEMPO
Todos prefeririam ter R$ 1.000,00 hoje a ter R$ 1.000,00 daqui a três anos. As
pessoas reconhecem institivamente que dinheiro recebido hoje vale mais do que o obtido
em um momento futuro. Por quê? A resposta é relativamente, pois um real recebido hoje
pode ser investido para render juros e, assim, aumentará para um real acrescido de juros em
uma data futura. Ou seja, os juros representam o custo de oportunidade de se receber um
real no futuro em vez de hoje. Essa é a explicação de investimento do valor do dinheiro no
tempo. Mas existem outras explicações de por que são cobrados juros.
Dinheiro permite a compra de bens e serviços para consumo imediato. Se o real fosse
gasto com bens de consumo, como um novo aparelho de TV, um carro ou um móvel,
preferiríamos ter o real agora para desfrutar do produto imediatamente;
Risco é outro motivo para preferir o real agora, e não mais tarde, pois alguma
circunstância imprevista pode nos impedir obtê-lo no futuro;
A inflação pode diminuir substancialmente o que um real pode comprar no futuro se
comparado a hoje.
30
4.2 VALOR PRESENTE DE UM VALOR FUTURO
O valor presente de um valor futuro depende da taxa de juros e do espaço de
tempo até o recebimento do pagamento. Taxas de juros mais altas e períodos mais longos
reduzem o valor presente e vice-versa. A equação para encontrar o valor presente de um
único pagamento a ser recebido no futuro é:
Em que:
VF = valor futuro;
VP = valor presente;
n = número de períodos;
i = taxa de juros.
Essa equação pode ser usada para obter o valor presente de R$ 1.000,00 a serem
recebido em cinco anos, usando uma taxa de juros de 8% ao ano. O resultado seria:
4.3 VALOR PRESENTE LÍQUIDO
O método do Valor Presente Líquido (VPL) é um dos principais métodos de
avaliação de viabilidade econômica de projetos, pois leva em conta tanto o valor do dinheiro
no tempo quanto o tamanho dos fluxos de caixa ao longo de toda o horizonte de
planejamento do investimento.
O VPL corresponde ao somatório dos fluxos de rendimentos esperados para cada
período (n= 1,2,..., N), trazidos para valores do período zero, por uma taxa de desconto
equivalente à taxa mínima de atratividade (TMA) do mercado, subtraído do valor do
investimento inicial realizado no período zero, dada pela fórmula abaixo:
31
Em que:
Rt = Fluxo de receitas da atividade no ano t;
Ct = Fluxo de custo da atividade no ano t;
n = Número de anos ou horizonte de planejamento (anos);
i = Taxa de juros de longo prazo.
t= tempo
Para que o investimento seja considerado viável, o fluxo esperado de rendimentos
deve ser superior ao valor do investimento que gerou, ou seja, o VPL tem que ser superior a
zero.
A Taxa Mínima de Atratividade (TMA) é o custo de oportunidade do capital,
representa a taxa de retorna mínima necessária para justificar o investimento. Se o
investimento proposto não for render essa taxa mínima, o capital deve ser investido em
outro lugar. Se forem tomados recursos de um banco para financiar o projeto, a TMA pode
igualada ao custo do capital emprestado. Caso ocorra uma combinação de capital
emprestado e recursos próprios deve-se utilizar uma média ponderada das taxas de juros.
4.4 TAXA INTERNA DE RETORNO
O valor do dinheiro no tempo também é usado em outro método de análise de
investimentos, no caso, a Taxa Interna de Retorno (TIR). A TIR representa a taxa de desconto
que iguala a soma do Fluxo de Caixa ao valor do investimento, conforme notação abaixo:
Considera-se viável o investimento que apresentar TIR superior a taxa mínima de
atratividade do mercado.
32
4.5 RELAÇÃO BENEFÍCIO-CUSTO
Relação Benefício-Custo (Rb/c): é o somatório das receitas atualizadas de recursos
no caixa do projeto dividido pelos custos atualizados. Quanto maior for a Relação Benefício-
Custo mais atraente o projeto será considerado, pois a relação demonstra o retorno para
cada unidade monetária investida. O critério utilizado para consideração de “viabilidade do
projeto” é uma Relação Benefício-Custo maior que à unidade.
É recomendável também proceder a uma Análise de Sensibilidade: permite medir
em que proporção uma alteração pré-fixada em um ou mais itens do fluxo de caixa do
projeto altera o resultado final. A definição dos critérios para efetuar a análise de
sensibilidade fica a critério do analista responsável pelo projeto.
4.6 EXERCÍCIOS
Questão 01 – Conceitue valor futuro e valor presente em suas próprias palavras. Como você
explanaria sobre eles para alguém que nunca ouviu falar deles antes?
Questão 02 – Imagine que você herde HOJE R$ 10.000,00 e seu irmão herde R$ 10.000,00
daqui a três anos. Quem ficará mais rico, considerando essa herança?
Questão 03 – Com base no fluxo de caixa da tabela abaixo pede-se: a) calcular o VPL
considerando uma taxa de desconto de 12% ao ano; b) ilustrar o resultado do VPL e da taxa
interna de retorno (TIR) graficamente; c) você recomendaria tomar financiamento bancário
a uma taxa de juros de 6% ao ano? (Justifique sua resposta):
Ano 0 1 2 3
FC (R$) -120.000,00 35.000,00 55.000,00 100.000,00
33
Questão 04 – Você recomendaria a um empresário tomar financiamento bancário a uma taxa de
juros de 7%a.a para um projeto de investimento cuja taxa interna de retorno é de 12,5%a.a.
Justifique sua resposta, incluindo ilustração gráfica.
Questão 05 – Com base no fluxo de caixa da tabela abaixo pede-se: a) calcular o valor presente
líquido (VPL), considerando uma taxa de desconto de 15%a.a e 30%a.a; b) ilustrar graficamente o
resultado do VPL e da taxa interna de retorno (TIR); c) elaborar um texto interpretando os
resultados obtidos e apontando para a decisão de investimento.
Ano FC (R$)
0 - 500.000,00
1 100.000,00
2 200.000,00
3 300.000,00
4 400.000,00
34
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRAULE, R. Estatística aplicada com Excel para cursos de Administração e Economia. Rio de Janeiro: Campus, 2001. 199p.
BUARQUE, C. Avaliação econômica de projetos: uma apresentação didática. Rio de Janeiro: Campus, 1984. 266p.
FAO. Base de dados estatísticos. Disponível em: <http://www.fao.org>. Acesso em: 3 mar. 2021.
FONSECA, J. S.; MARTINS, G.A.; TOLEDO, G.L. Estatística aplicada. São Paulo: Atlas, 1985. 267p.
GUIDUCCI, R. C. N.; LIMA FILHO, J. R; MOTA, M. M. Viabilidade econômica de sistemas de produção agropecuários: metodologia e estudos de caso. Brasília (DF): Embrapa, 2012.
HOFFMANN, R. Estatística para economistas. São Paulo: Pioneira, 1991. 426p.
IBGE. Banco de dados agregados. Disponível em: <http://www.sidra.ibge.gov.br>. Acesso em 3 mar. 2021
NEGRI NETO, A.; COELHO, P. J.; MOREIRA, I. R. O. Análise gráfica e taxa de crescimento. In: Informações econômicas. São Paulo: IEA, v.23, n.10, out. 1993. p 99-108.
SANTOS, V.P. Elaboração de projetos: teoria e prática. São Paulo: VPS, 2002. 365p.
VIANA, J.R.V. Inflação. Barueri (SP): Manole, 2003. 309p.
WOILER, S; MATHIAS, W.F. Projetos: planejamento, elaboração e análise. São Paulo: Atlas, 1996. 294p.
Top Related