1
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE - UFRN Unidade Acadêmica Especializada
Escola de Música Curso de Licenciatura em Música
O APRENDIZADO ATRAVÉS DO CANTO CORAL: Um relato da experiência de formação através da universidade e do
canto coral.
Edvaldo Ribeiro de Brito Neto
Natal/RN
2011
2
O APRENDIZADO ATRAVÉS DO CANTO CORAL: Um relato da experiência de formação através da universidade e do
canto coral.
por
Edvaldo Ribeiro de Brito Neto
Monografia apresentada para conclusão do curso de Licenciatura em Música da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, sob a orientação do professor Jean Joubert Freitas Mendes.
Natal/RN 2011
3
AGRADECIMENTOS
A Deus pelo dom da vida e salvação em Jesus Cristo. A meus pais Francisco e Kátia pelo amor e constante apoio nos meus estudos. A meu irmão Thiago pelo incentivo e ajuda. A minha noiva Raquel por toda paciência e compreensão. Aos meus familiares por incentivar minhas escolhas profissionais. Aos meus amigos Rodrigo, Márcio, Luizmar e Flávia pelo grande incentivo na hora em que mais precisei. À Igreja Batista do Bom Pastor pelo amor e comunhão em todos os momentos. Aos coros Saúde em Canto, Madrigal, Coral Da FARN, Clarear e Coral dos Alunos Mais, que têm sido para mim um ambiente de grande aprendizado. Ao meu orientador Jean Joubert pela ajuda na busca do material, elaboração desta monografia e por acreditar na minha capacidade. Ao musicoterapeuta Marcelo Pereira pelo grande incentivo. A grande maestrina Tércia de Souza, com quem aprendi a amar o Canto Coral. Aos cantores dos coros que se tornaram grandes amigos mesmo fora dos momentos musicais. A minha coordenadora Yeda pelo abraço e compreensão. A todos os professores e funcionários da UFRN pela instrução e incentivo.
iii
4
“Um povo que sabe cantar está a um passo da felicidade; é preciso ensinar o mundo
inteiro a cantar” (VILLA-LOBOS, 1987,p.13). iv
5
RESUMO
O canto coral é hoje uma atividade escolhida por muitas pessoas de diferentes idades, lugares, grupos sociais e por motivos diferentes. O desenvolvimento musical que se dá através desta atividade é perceptível. Em um curso de graduação em música a mesma é vista de maneira mais detalhada, mostrando teóricos e atividades que ajudam a compreender melhor esta arte. Esta monografia tem como objetivo mostrar que através do canto coral é possível ter um aprendizado de excelência, associando-o às atividades ensinadas na universidade. Descrevo minha experiência nos quatro anos do curso de licenciatura em música unindo com a vivência da prática coral. A opção metodológica do relato consistiu no modelo autobiográfico, baseado na minha história de vida e no processo de formação que tive durante os estudos e a aplicação dos mesmos. Palavras-chave: Autobiografia, Canto coral, Formação musical.
v
6
ABSTRACT
The choir singing is now an activity chosen by many people of different ages, places and social groups, for different reasons. The musical development that occurs through this activity is noticeable. In an undergraduate degree in Music, the music is studied in a more detailed way, through theoretical knowledge and activities that help to better understand this art. This monograph aims to show that through the choir singing is possible to have an excellent learning if it is associated with the activities taught at the university. I describe my experience of four years degree course in music united with the experience of choir practice. The methodological approach consisted in the autobiographical model. Based in my life story in the process of training I had during the studies and their application. Keywords: Autobiography, Choral Singing, Musical Training.
vi
7
LISTA DE ANEXOS
ANEXO A: Foto do Coral Saúde em Canto no Festival Internacional de Coros 2009 38
ANEXO B: Foto do Coral Saúde em Canto com outros corais no
Festival Internacional de Coros 2009 39
ANEXO C: Matéria sobre a cantata natalina do coral Saúde em Canto 40
ANEXO D: Cartaz do espetáculo “ABBAlando as Estruturas” Madrigal UFRN. Outubro/2010 41
ANEXO E: Cartaz do espetáculo “ABBAlando as Estruturas” Madrigal UFRN. Dezembro/2010 42
ANEXO F: Foto do espetáculo “ABBAlando as Estruturas” Madrigal UFRN. Julho 2011 43
ANEXO G: Cartaz do espetáculo “ABBAlando as Estruturas” Madrigal UFRN. Julho/2011 44
ANEXO H: Cartaz do espetáculo “Conviviabilidade musical ”
III Encontro Eurobrasileiro de educação. Agosto/2011 45
ANEXO I: Matéria sobre o Coral Saúde em Canto e sua participação no
I Encontro de Coros de Aracaju. 46
vii
8
SUMÁRIO
Introdução 9 CAPÍTULO 1 – Caminhos Metodológicos da Pesquisa 11 Referencial Teórico 11 Metodologia de Escrita 13 CAPÍTULO 2 – Corais de Minha Vida 14 Coral Saúde em Canto 14 Madrigal da Escola de Música da UFRN 15
CAPÍTULO 3 – Entrada na Universidade e no Coral Saúde em Canto 17 CAPÍTULO 4 – Assumindo Responsabilidades no Canto Coral 23 CAPÍTULO 5 – Entrada no Madrigal da Escola de Música da UFRN 27 CAPÍTULO 6 – Mais Seguro com a Prática Coral 31 Considerações Finais 34 Referências 36
Anexos 37
viii
9
Introdução
As razões que levam as pessoas a cantar em um grupo coral são variadas,
relacionadas aos aspectos sociais, de lazer, religiosos, emocionais e outros. Porém
não é dada a verdadeira importância que a participação no canto coral possui.
Os benefícios são muitos e nesta monografia é mostrada a experiência de
uma formação através da interação da teoria aprendida na universidade com a
prática coral fora e dentro da universidade.
No curso de licenciatura em música os alunos são preparados para assumir
uma sala de aula para ensinar música. Através das disciplinas aprendem a solfejar,
tocar um instrumento harmônico, flauta e a linguagem musical.
Também é ensinado a reger e conduzir um coral da melhor maneira.
Ingressei em um coral de uma instituição de saúde do estado, e assim, vi na prática
o que estudava na teoria. Cantar neste coral também me proporcionou muitas outras
experiências que relato no decorrer deste trabalho.
Inicio a monografia descrevendo as referências teóricas em que me baseei e
a metodologia de escrita que adoto, por se tratar de uma autobiografia é descrita em
10
primeira pessoa para relatar da melhor maneira a visão do processo de
aprendizagem durante o meu período no curso de licenciatura em música da
Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
No segundo capitulo trago o histórico de dois dos corais que contribuíram
para meu crescimento musical, pessoal e acadêmico. O coral Saúde em Canto do
Hospital Walfredo Gurgel e o Madrigal da Escola de Música da Universidade Federal
do Rio Grande do Norte.
No terceiro capitulo descrevo como foi a entrada na universidade, os medos,
os anseios e as expectativas de uma nova fase em minha vida, também conto a
resistência e a aceitação de participar no coral Saúde em Canto.
Sigo no quarto e quinto capítulos descrevendo o aumento das minhas
responsabilidades na prática do canto coral e com isso sentindo mais segurança
para participar do Madrigal da EMUFRN que é um projeto de extensão da
Universidade e um coral com grande importância para a mesma.
Encerro minha reflexão contando como aumentou minha segurança na
música através da universidade e da prática coral.
11
Capítulo 1 Caminhos Metodológicos da Pesquisa
Neste capítulo são apresentados os desdobramentos do processo
investigativo desta pesquisa autobiográfica. Para realizar a mesma foi necessário
entrar em contato com um referencial teórico que pudesse contemplar os ambientes
estudados que permitisse uma abordagem mais acertada do meu processo de
aprendizagem através do canto coral.
Referencial teórico
Souza (2006) apresenta diferentes tipificações e entradas construídas como
prática de investigação/formação com base nas histórias de vida que deram base
para mostrar de uma melhor forma minha aprendizagem durante a formação.
Passeggi, Souza e Vicentini (2011) apresentam um panorama da pesquisa
autobiográfica no qual se situam as atividades de pesquisa, docência e formação na
pós-graduação, contribuindo para melhor expor as minhas experiências através da
autobiografia.
12
Souza (2008) traz reflexões sobre questões vinculadas à construções
identitárias de profissionais da docência em processo de formação por meio de
narrativas auto-referentes. Busca também entender as narrativas autobiográficas
como processo de auto formação e de intervenção na construção da identidade dos
professores e formadores, expressadas pelas narrações e discursos da memória,
que foi que mais utilizei no processo de minha pesquisa.
Queiroz (2007) traz um trabalho de pesquisa produzido na cidade de João
Pessoa fazendo um levantamento dos espaços formais e não-formais de educação
musical, visando também refletir sobre as estratégias e processos de ensino e
aprendizagem da música destes contextos, que contribuiu para o meu entendimento
que o ensino da música em ambientes não acadêmicos também contribui para uma
formação musical.
Herr (1998) traz a importância da classificação da voz do coralista para
melhor contribuir ao profissional que usa a voz como instrumento.
Dias (2001) investigou as interações nos processos pedagógicos-musicais
da prática coral. A pesquisa baseou-se em dois estudos de caso com dois corais da
cidade de Porto Alegre. Um deles ligado a área de educação e o outro na área da
saúde. Relata também a experiência da participação nos corais como cantora com
base na observação participante, que ajudou a nortear a pesquisa, pois, de uma
maneira diferente, também trago a mesma experiência.
Rocha (2004) mostra a importância da postura, expressão e como os
regentes devem proceder nos ensaios. Que pude observar nos regentes e
professores que passaram durante minha formação.
Pereira e Vasconcelos (2007) analisam as dimensões pessoal, interpessoal
e comunitária presentes no processo de socialização no canto coral, com reflexão
teórica e um estudo de campo com regentes de coros de Goiânia, que mostrou a
importância que o canto coral tem para uma boa socialização.
Fucci Amato (2007) aborda aspectos que podem ser desenvolvidos através
do canto coral como: motivação, inclusão social e interação interpessoal, mostrando
o canto coral como uma significativa ferramenta de ação social que aprendi com a
vivência e a prática nos corais.
Metodologia de escrita
13
Para apresentar este relato, é adotada a metodologia de escrita
autobiográfica (SOUZA, 2006) buscando na história de vida as fontes para a
narração do processo de formação-aprendizagem dentro e fora da universidade.
Através de diversos documentos pessoais (agendas, certificados, fotografias e
objetos pessoais), buscando também na memória os acontecimentos que me
ajudaram nesta formação (Souza 2008).
As histórias de vida são, atualmente, utilizadas em diferentes áreas das ciências humanas e da formação, através da adequação de seus princípios epistemológicos e metodológicos a outra lógica da formação do adulto, a partir dos saberes táticos ou experienciais e da revelação das aprendizagens construídas ao longo da vida como uma metacognição ou metareflexão do conhecimento de si (SOUZA, 2006, p.24).
Na autobiografia o sujeito desloca-se analisando entre o papel de ator e
autor das suas próprias experiências (PASSEGGI, 2011). Relatar as aprendizagens
também se torna um processo de formação “[...] por que parte do princípio de que o
sujeito toma consciência de si e de suas aprendizagens experienciais quando vive,
simultaneamente, os papéis de ator e investigador da sua própria história” (SOUZA
2006).
Esta metodologia é considerada um meio de investigação e um instrumento
pedagógico como afirma Souza:
Essa dupla função justifica a utilização do método no domínio das ciências da educação e mais especificamente, no âmbito do trabalho com memoriais acadêmicos de professores em processo de formação. Como investigação, tal abordagem contribui para a apreensão de dispositivos sobre os percursos de formação e de dimensões de cotidiano escolar, de questões vinculadas à profissão, além de possibilitar a apreensão de diferentes processos de aprendizagem, de conhecimento e de formação, através das experiências e modos de narrar às histórias individuais e coletivas, expressas nos memoriais de formação (SOUZA, 2008, p. 43).
A história de vida e a busca na memória dos acontecimentos ajudaram na
fixação dos conteúdos e acontecimentos que no momento não tiveram sua devida
importância, porém somando as experiências vividas após esses acontecimentos
tiveram grande significado na aprendizagem.
14
Capítulo 2 Corais de Minha Vida
No processo de formação, fiz participações em vários corais da cidade,
cantando, ensinando linguagem, fazendo técnica vocal e acompanhando com o
violão. Trabalhei de acordo com as necessidades de cada coral e o que o regente
solicitava.
Porém descrevo nesta monografia dois corais em que minha participação foi
mais ativa e pude utilizar o que vinha aprendendo na universidade.
Coral Saúde em Canto
O Coral Saúde em Canto iniciou suas atividades em 1º de setembro de 1997
e recebeu, naquela época, o nome de Coral Monsenhor Walfredo Gurgel. Seu
primeiro regente foi o professor Flávio Rodrigues da Silva. No período compreendido
entre 1998 a 2000 o grupo esteve sobre a regência da Professora Ana Judith de
Oliveira Medeiros. Ao fim do ano 2000 e, enfrentando dificuldades de ordem
15
administrativa, o coral suspendeu suas atividades até 2002. Em julho daquele ano,
as atividades retornaram sob a regência do Professor Paulo Ritzel, que permaneceu
assim até junho de 2003. Em agosto, novo regente, o também Professor Robson
Luiz Bezerra de Melo que permanece com o grupo até agosto de 2004.
De março de 2008 a dezembro de 2009, com uma nova formação, o grupo
fica sob a regência de Marcelo Pereira da Silva. Ainda em 2008 o Coral decide criar
um novo nome e, através de votação, adota o nome Saúde em Canto.
Componente do Coral Canto do Povo e professora de piano Josilene Araújo,
a convite do próprio grupo, aceita a proposta para reger e começa um novo trabalho
vocal com os coralistas. Atualmente, Josilene é a regente responsável pelo Saúde
em Canto.
Hoje, o coro é composto por 22 componentes, entre colaboradores e
servidores do Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel.
O principal objetivo do coral Saúde em Canto é a humanização da
assistência hospitalar, através da interação profissional. O grupo tem também como
meta a aprendizagem musical, o combate ao stress e a valorização do servidor.
Madrigal da Escola de Música da UFRN
Criado em 1966, o Madrigal da Escola de Música é formado por docentes,
discentes, funcionários da UFRN e por membros da comunidade externa. Por
décadas, dedicou-se à interpretação de música erudita e, ao longo de sua trajetória,
realizou concertos memoráveis, tais como o ‘Magnificat’ (Bach), a ‘Fantasia Coral’
(Beethoven), ‘Bibi Canta e Conta Piaf’ e ‘Bibi in Concert’ (com a atriz e cantora Bibi
Ferreira), a ‘Missa de Alcaçuz’ e a ‘Sinfonia em Quatro Movimentos’ (ambas de
Danilo Guanais), o concerto em comemoração aos 50 anos da Petrobrás, com o
cantor e compositor Geraldo Azevedo e a Orquestra Sinfônica do Rio Grande do
Norte.
Em 1998 o grupo representou o Brasil nos ‘Encuentros Corales
Bonaerenses’, na cidade de Necochéa, Argentina. Tantos anos de lapidação
renderam ao grupo o primeiro lugar no II Concurso FUNARTE de Canto Coral,
16
realizado na cidade do Rio de Janeiro. Na mesma ocasião, o grupo também foi
agraciado com o prêmio de melhor interpretação da peça de confronto, por ‘Flora:
Cinco Canções de Amor’, de Aylton Escobar.
Desde 2005 o grupo está sob a regência da maestrina Tércia de Souza que,
além de preservar o trabalho erudito, incluiu no repertório peças desafiadoras com o
objetivo de atingir novas sonoridades.
Com a realização dos concertos Momentos, Diversidade e o Poemas
Cantados o grupo ganhou nova personalidade e experiência que serviram de base
para o show ABBALANDO AS ESTRUTURAS, sucesso absoluto exibido em três
temporadas, a última delas em Julho 2011 no Teatro Alberto Maranhão, em Natal-
RN.
17
Capítulo 3 Entrada na Universidade e no Coral Saúde em Canto
Ao entrar na universidade senti um pouco de dificuldade no dia da matricula,
pois deveria escolher qual instrumento escolher entre piano e violão. Sempre tive o
desejo de aprender piano, mas como já cantava e tocava violão há três anos escolhi
me especializar no violão.
Assim que deram inicio às aulas conheci meus colegas de turma e percebi
que todos já possuíam uma grande vivência musical e a maioria dos colegas já
estava trabalhando na área; e eu, como ainda era novo, sentia um pouco de
vergonha e um pouco desmotivado por não ter tanta experiência na área musical,
pois o que eu sabia era de pouco tempo de estudos em uma escola especializada
em música chamada Casa Talento e a vivência e aprendizagem musical na igreja.
Nos primeiros dias de aula os professores pediam que cada aluno se
apresentasse, falasse suas experiências musicais e qual o seu instrumento. Na
apresentação vi que um aluno da turma já era trombonista da Orquestra Sinfônica do
18
RN, outro era secretário de cultura de um município, outros guitarristas e violonistas,
porém o que me chamou a atenção foi uma colega de turma que se apresentou e
contou que o instrumento dela era a regência coral, achei muito interessante e vi que
o canto coral poderia ser um instrumento de trabalho musical. Na minha
apresentação me apresentei como aprendiz de violão apesar de saber pouco
comparado aos meus colegas, mas não tinha segurança em falar que meu
instrumento era o canto, pois era o que realmente fazia musicalmente na igreja.
Assim que ingressei na universidade a minha mãe, que trabalha no Hospital
Walfredo Gurgel, chegou em casa falando que o hospital estava reativando o coral
da instituição e estava precisando de cantores para os naipes masculinos e disse a
coordenadora que eu havia acabado de ingressar no curso de música da
universidade, e a coordenadora logo pediu que ela me convidasse a entrar no coral,
porém eu não quis participar, pois não possuía experiência em canto coral.
Estava matriculado na disciplina de Canto Coral I no curso, e fiquei
encantado com a possibilidade de fazer música com várias vozes diferentes.
Estávamos executando arranjos simples para duas e três vozes, aprendendo
vocalizes e relaxamento corporal que são de grande importância para um bom
desempenho do cantor, como afirma Dias (2001) e Fucci Amato (2007).
Após aproximadamente um mês minha mãe volta do hospital falando
novamente do convite para cantar no coral do hospital que na próxima semana já iria
começar os ensaios, aceitei, pois via a possibilidade de poder aprender mais e ver a
diferença do que estudava na universidade com um coral na prática.
Ao chegar ao primeiro ensaio do coral no hospital, fui apresentado a todos e
muito me alegrou o acolhimento dos coralistas e do regente Marcelo Pereira que se
mostrou bem disposto a me ajudar com minhas dúvidas que eu pudesse trazer da
universidade (FUCCI AMATO, 2007).
No primeiro ensaio o regente fez a classificação vocal dos novos coralistas e
pedi que ele fizesse a minha, pois eu ainda não havia cantado em um coral a quatro
vozes, e não sabia qual minha classificação vocal, apesar de saber que me sentia a
vontade na região aguda, então fizemos a classificação e o regente disse que eu
tinha a extensão de um tenor, me colocou no naipe dos tenores e eu iria ser o chefe
de naipe dos tenores.
19
Apesar da minha pouca experiência em canto coral percebi que já possuía
um “status” por ser aluno da universidade e vi o grande desafio que iria enfrentar,
para poder desempenhar o papel que me foi dado. Dias (2001) fala da expectativa
que é criada em alguém que possui um estudo acadêmico na área musical.
Com o passar dos ensaios pude notar que o coral possuía musicalidade e
as pessoas estavam felizes em poder estar cantando naquele pouco momento de
intervalo das suas atividades no hospital.
Conforme o regente ia ensinando as musicas novas me vi incentivado a
estudar em casa para poder ajudar meus colegas, e também senti que era esperada
de mim uma maior segurança nas músicas e era preciso que eu sempre “segurasse
o naipe” tendo sempre as músicas prontas.
Por conta dos meus estudos de linguagem musical, os meus colegas
coralistas vinham sempre tirar dúvidas comigo e isso fez com que o regente me
incentivasse a estudar para poder ensinar e ajudar o coral, então observando a
professora de Linguagem Musical I ensinando o conteúdo pedi que me ajudasse e
ela me passou uma apostila1 para iniciantes feita por ela.
Em todas as aulas observei como o assunto era ensinado e a melhor forma
que aprendíamos em sala para ensinar de maneira eficaz aos coralistas do coral. O
regente precisou viajar por uma semana e me deixou responsável pelos ensaios
desta semana e senti o que afirma Herr (1998):
O regente de coro é, principalmente, um educador musical e serve de exemplo para seus coralistas que o percebem neste papel. Ele é o único professor de canto que a maioria destes coralistas irão ter, fato este que aumenta muito suas responsabilidades. Entretanto, com prática, com atenção e uma cabeça aberta a um certo dinamismo na sua liderança (HERR, 1998, p.56).
Aproveitei para poder ajudá-los com o conteúdo da linguagem musical, que
como afirma Fucci Amato (2007) é necessário que seja desenvolvido trabalhos de
educação musical com o coro, informando conceitos históricos, sociais e técnicos da
musica para atingir bons resultados.
E com a ajuda desta apostila pude elaborar uma outra especialmente aos
coralistas para acompanharem as aulas.
Minha primeira experiência na docência foi ensinando teoria musical ao coral
Saúde em Canto, comecei ensinando as propriedades do som, pauta, figuras 1 Baseada nos livros de Bohumil Med.
20
musicais e duração. Já na primeira aula percebi que os coralistas possuíam
musicalidade facilitando assim o entendimento do conteúdo. Fiz a leitura rítmica e
percebi a alegria deles em compreender o significado daqueles símbolos que eles
sempre viam nas músicas, mas não compreendiam.
No outro dia de aula passei a ensinar as alturas da notas e pequenos
solfejos com músicas já conhecidas por eles, o que também facilitou o aprendizado e
fez com que eles compreendessem melhor cada localização das notas e altura delas
representadas na partitura (FUCCI AMATO, 2007). Na outra semana o regente
voltou e me incentivou a continuar com as aulas, porém pela agenda do coral não
conseguimos continuar com as aulas.
Na universidade participei da disciplina Atividades Orientadas II Metodologia
do Ensino da Voz e da Música Coral, o que me ajudou a entender os cuidados que
se deve ter com a voz, como classificar as vozes do coral e como ensinar musica a
um coral a duas e até três vozes. A vivência no coral me ajudou bastante nesta
disciplina, pois vi bem reforçado na teoria aquilo que via acontecer na prática,
possibilitando poder participar de debates nas aulas com propriedade e
entendimento do assunto.
O coral estava em preparação para viajar ao ENACOSE (Encontro de corais
em Sergipe) então os ensaios estavam puxados, com isso, o regente viu a
necessidade de aproveitar ao máximo o tempo e me deixou responsável pelo ensaio
do naipe masculino do coral, essa foi a minha primeira experiência como chefe de
naipe, então enquanto o regente ensaiava as vozes femininas no auditório do
hospital, eu juntamente com os naipes de homens íamos à outra sala do hospital
para ensaiarmos as músicas. Foi-me entregue um CD com a melodia dos baixos e
tenores (tocada por um piano), ouvíamos e a reproduzimos colocando a letra na
melodia. Quando estávamos seguros voltávamos ao auditório e passávamos a
música com todas as vozes regidas pelo regente do coral, assim fomos ensaiando
até o dia da viajem.
Na viajem pude perceber que eventos de sociabilidade ajudam numa melhor
interação entre os integrantes do coral, como afirma Pereira e Vasconcelos (2007),
pois traz uma melhor união fora do palco e principalmente durante a produção da
música.
21
Acreditamos que há um processo de socialização no canto coral e, consequentemente, um desenvolvimento favorável ao participante desta atividade. Este desenvolvimento acredita-se, é propiciado pelas relações travadas entre pessoas, porém tendo como canal e vínculo entre elas aquilo que seria o elemento principal – a música, que traz novas formas de agir, pensar e sentir. (PEREIRA e VASCONCELOS, 2007, p. 102).
Participamos do encontro e conheci outros corais de cidades que não
conhecia, pois nunca havia saído do Rio Grande do Norte e através da música pude
conhecer outro estado e principalmente poder cantar em um encontro de corais
(FUCCI AMATO, 2007). O encontro foi muito bom, cantamos bastante e em variados
lugares de Aracajú. Igrejas, escolas e teatro se tornaram palco para nós. Quando
voltamos percebi o coral mais unido e mais feliz por conta das experiências vividas
na viajem.
Ao chegar a Natal, o trabalho não parou e depois de uma semana de
descanso voltamos aos ensaios com a preparação para o natal, pois fomos muito
requisitados a cantar em vários lugares além do próprio hospital onde os coralistas
trabalhavam.
Incentivado pelo regente do coral fui estudar por conta própria o piano na
universidade, pois era o instrumento mais utilizado para o aquecimento, técnica
vocal e acompanhamento do coral.
Com os conhecimentos adquiridos através da disciplina Prática de
Instrumento Harmônico, fui aprendendo a formar os acordes no violão e tentava
passar a aprendizagem para o piano, então, nos horários em que não tinha aula
entrava em uma sala de piano e estudava os vocalizes para o coral e tentava
acompanhar as músicas de natal para ajudar durante os ensaios, pois o regente
tinha que tocar e reger o coral ao mesmo tempo, estudei bastante, porem ainda não
possuía habilidade ao piano, então somente passava os vocalizes e o regente
ensinava e tocava a música para o coral.
Com as músicas prontas, cantamos em vários hospitais da cidade e também
em outros lugares onde éramos solicitados, o mês de dezembro foi bastante puxado
para o coral, porém fizemos com excelência todas as apresentações natalinas, mas
a que mais me chamou a atenção foi a apresentação que fizemos no hospital sede
do coral, em apenas uma manhã pudemos levar a alegria das músicas natalinas a
vários setores do hospital e isso emocionava a todos que viam e que participavam
22
do coral principalmente por poder cantar para os pacientes que estavam cuidando
durante o expediente de trabalho. E para mim, ver a alegria do coral e pacientes
naquele momento tão especial me fez acreditar mais na música e querer aprender
mais para poder ajudar a quem precisa dela.
E vendo isto o coral se propôs a fazer uma cantata especial de natal para o
outro ano, demonstrando essa alegria que as músicas de natal nos trazem.
23
Capítulo 4 Assumindo Responsabilidades no Canto Coral
Um novo ano se inicia e tive a oportunidade de escolher as disciplinas em
que eu iria estudar neste novo semestre, e como fui bastante incentivado através do
coral, me matriculei na disciplina de regência para poder contribuir melhor no coral
em que fazia parte.
Ao voltar os ensaios do coral o regente chegou com a proposta de o coral
participar do Festival Internacional de Coros em Minas Gerais e todos concordaram
mesmo sabendo também do projeto de fim de ano que o coral pretendia fazer neste
ano. Então começamos a trabalhar bastante para estes dois eventos.
Na universidade pude estudar a técnica de regência, onde aprendi a
conduzir um coro com precisão. Nas aulas o professor nos dava músicas para que
ensinássemos e regêssemos a classe, aplicava as correções nos momentos
24
necessários. Identifiquei-me bastante com a disciplina, pois tudo que aprendia na
aula estava guardando para poder utilizar quando fosse preciso no coral Saúde em
Canto.
Em um ensaio do coral foi elaborado e apresentado o estatuto do coral
dizendo os direitos e deveres de cada participante e fui apresentado oficialmente
como regente substituto do coral, isso me deixou bastante feliz e a responsabilidade
aumentaram, pois sabia que ser regente estava além da habilidade musical, pois
Rocha (2004) afirma que este não é o único requisito para ser um bom regente, é
preciso a liderança, o talento musical e a aptidão física. Então tinha que trabalhar
estudar mais ainda para ajudar o coral, além de ajudar minha mãe que entrou no
coral, pois sempre foi um sonho dela e através do meu incentivo ela fez o teste e
passou a participar do coral como coralista e não mais somente como ouvinte.
Os ensaios estavam cada vez mais puxados, pois tínhamos que preparar
para o festival musicas em Japonês e Esperanto além das cantadas em português.
Foi uma experiência muito boa, pois além de cantar no nosso coral fizemos
participações com vários outros corais cantando a música tema do festival, fiquei
emocionado ao cantar com tantas pessoas de lugares diferentes (ANEXO A e B).
Conhecemos vários lugares históricos de Ouro Preto e cantamos em várias
igrejas. Para cantar conosco, o regente convidou três participantes do coral Madrigal
da UFRN, e eles nós ajudaram bastante com suas experiências durante o festival.
Vendo isto o regente me incentivou a fazer o teste para participar do coral Madrigal
quando voltássemos para Natal, pois me ajudaria bastante musicalmente além de
ser uma oportunidade de participar de um projeto de extensão da universidade.
Quando voltamos a Natal fomos convidados a dar uma entrevista na TV
local para falar como foi a experiência de um coral de um hospital público do estado
participar de um festival internacional em outro estado. E para minha surpresa
durante a entrevista enquanto o regente falava foi pedido que o coral cantasse então
fui convidado a assumir o posto de regente substituto, e enquanto o regente falava
regi o coral pela primeira vez e fiquei bastante nervoso, mas tudo ocorreu bem. O
que achei interessante foi que ao terminar a entrevista uma coralista me procurou
para me ajudar na minha regência, disse que eu me mexia muito regendo e isso
atrapalhava um pouco, gostei e apliquei isso aos meus gestos.
25
Com o fim do ano se aproximando focamos em preparar a cantata de natal
pois seria algo bem diferente do que o coral já fez. Então foram escolhidos chefes de
naipe para otimizar o tempo nos ensaios.
Começávamos o ensaio com todos os coralistas fazendo exercícios de
respiração, técnica e aquecimento vocal que segundo Fucci Amato (2007) é de
fundamental importância para uma emissão da voz cantada com boa qualidade.
Éramos divididos em salas e cada naipe iria estudar a peça separadamente,
fiquei responsável pelo naipe do tenor, ensaiávamos e quando estávamos prontos
íamos ao auditório nos encontrar com os outros coralistas para executar a música
todos juntos. Isto fez com que preparássemos doze músicas a tempo para a cantata,
também eram necessários solos em algumas músicas então o regente pediu que eu
fizesse o solo de uma música e aceitei.
Durante os ensaios gerais vimos que não seria fácil, pois além de cantar o
coral também tínhamos que interpretar, ensaiamos e chegando o dia da cantata,
foram convidados familiares e funcionários do hospital para assistir.
O coral estava bastante nervoso, cheguei a quem eu via que estava assim e
dizia que tudo estava bem e o que importava neste momento era transmitir o que as
músicas estavam falando.
Nós apresentamos e foi um sucesso (ANEXO C), todos elogiavam e o coral
ficou bastante incentivado a continuar com o trabalho. E após a apresentação
sempre era feita uma conversa entre o grupo para ver os pontos positivos e os
negativos, e nesta conversa vimos que o coral estava bastante maduro e unido, pois
em pouco tempo produzimos uma cantata muito bonita.
Após a cantata participamos do ENCONAT (Encontro de Coros em Natal) e
lá vimos vários grupos corais da nossa cidade, além de cantar. Fomos aplaudidos de
pé, e isto nos alegrou muito, que apesar das dificuldades diárias de trabalhar no
maior hospital do estado o coral era reconhecido pelo belo trabalho.
No ENCONAT tive a oportunidade de ver o Madrigal da EMUFRN, em que
tinha o desejo de participar. Achei muito bom e pedi ajuda ao regente, pois ainda
não me sentia preparado para entrar neste coral, porém ele disse que eu era capaz,
então entrei em contato com a regente do Madrigal e ela disse que fosse em
fevereiro do outro ano participar da seleção.
26
O ano foi cheio experiências boas e através do coral Saúde em Canto pude
me firmar cada vez mais na profissão em que desejei seguir.
27
Capítulo 5 Entrada no Madrigal da Escola de Música da UFRN
No inicio do ano sou avisado do teste para o coral madrigal, vou para o
workshop onde nos foi dado aulas de técnica vocal e uma canção para aprendermos
e executá-la no outro dia, durante o teste fomos divididos em salas diferentes e nos
era ensinada a música para cantar no teste final, mas em todo momento éramos
observados a como reagimos e como era nosso interesse no coral.
Ao chegar o dia do teste cantamos, os interessados em entrar no coral com
uma parte do madrigal, e logo após todos saíram da sala e cada um que ia participar
do teste entrava na sala individualmente. Na minha vez entrei na sala e me senti
bem, pois tinha estudado bastante a música e me senti bem com a regência, cantei
em um octeto formado na hora pela regente, onde eu estava sendo avaliado, e ao
finalizar a regente conversou comigo disse que minha afinação era boa e não sabia
28
que eu cantava, pois éramos colegas de curso e durante o inicio da formação eu me
apresentava aos colegas como violonista e não como cantor.
Após duas semanas fui avisado que teria uma entrevista com a
coordenadora do madrigal, pois era uma seleção muito organizada, avaliando não
somente o lado musical, pois pra participar de um coral também é necessário que o
individuo possa interagir e viver bem socialmente.
Na entrevista fui avisado de como é o trabalho do coral, com muita
responsabilidade e dedicação, e recebi a informação de que passei no teste inicial e
passarei por um período de experiência. Fiquei muito feliz com a noticia e informo ao
coral que tanto me ajudou, o Saúde em Canto e todos gostaram da noticia, mas
pediram que não os abandonassem e fiquei participando nos dois corais.
Ao voltar os ensaios do coral Saúde em Canto somos surpreendidos com
um projeto de participar de um festival de corais fora do país, montamos uma
comissão para trabalhar no projeto, pois era preciso da ajuda de todos.
Na universidade estava participando da disciplina Projetos em Música o que
me ajudou também a participar de forma mais ativa do novo projeto do coral, com a
disciplina aprendi como preparar projetos e torná-los aceitáveis. Aprendi com a
disciplina, mas não pude utilizar meus conhecimentos no coral porque neste ano
houve alguns desentendimentos no coral e projeto foi parado e o coral deu uma
pausa em suas atividades. Fiquei triste, por que estava gostando do projeto e da
possibilidade de aprendermos mais em outros países.
Acontecendo isto mudo o meu projeto da disciplina e preparo um novo onde
levaria um coral nos principais hospitais da cidade fazendo assim com que
despertasse o interesse dos funcionários para também montar um coral em seu
hospital. Fui elogiado pelo professor e me incentivou que eu continuasse com o
projeto.
Ao começar os ensaios do madrigal fui me adaptando a nova realidade
coral, partindo de um coral com ensaios de três horas semanais para um com seis
horas semanais sem contar com ensaios de naipe e ensaios extras que eram em
dias diferentes dos ensaios oficiais.
Logo quando entro no madrigal é apresentado um projeto inovador para o
coral onde faríamos uma performance no palco cantando e dançando musicas do
29
grupo sueco ABBA. Quando vi o projeto, logo me identifiquei por fazer um trabalho
parecido na igreja em que cresci e dei meus primeiros passos musicais.
Todos do coral apóiam a idéia do projeto apesar de saberem que seria um
grande desafio. E foram iniciados os ensaios para o espetáculo com o preparador
vocal, mudando o conceito que tínhamos da técnica coral erudita para uma técnica
vocal popular, pois precisávamos estar de acordo com o que pedia o projeto.
Cada ensaio foi uma experiência diferente, sempre fiquei observando como
era ensinada a técnica vocal, o aquecimento, o ensino da música individualmente
por naipe até chegar à música executada por todo o coral, pois era meu interesse
para a formação musical (FUCCI AMATO, 2007).
Após alguns meses o coral Saúde em canto volta suas atividades com outra
regência, pois antigo regente se afastou indo reger outro coral em um hospital da
cidade e ficamos sendo regidos por uma colega minha do coral Madrigal, que tem
formação em artes com habilitação em música. Neste ano o coral Saúde em Canto
não fez muitas apresentações, pois estávamos em processo de readaptação após
um longo tempo parado e alguns coralistas saíram do coral, então passamos o resto
do ano nos reestruturando.
No Madrigal estávamos ensaiando bastante, pois o tempo estava correndo e
ainda estávamos nos acostumando a cantar e dançar ao mesmo tempo, mas todo o
coral estava envolvido, e foi o que facilitou para que em tão pouco tempo
produzíssemos um espetáculo tão grande e diferente para nós.
Com tudo pronto nos apresentamos em três dias na universidade e foi um
grande sucesso com o auditório cheio em todas as sessões (ANEXO D). Ficamos
muito felizes com toda a repercussão que o projeto tomou e todos que assistiram
gostaram. E com o sucesso de publico, no fim do ano foi mostrada a proposta de
repetirmos o espetáculo com algumas músicas a mais, então todos se empenharam
novamente.
Como estava no fim do ano o coral Saúde em Canto preparou uma
confraternização no hospital, mas foi no mesmo dia de ensaio do madrigal. Então
participo da confraternização do Saúde em Canto, e quando terminou vou ao ensaio
do madrigal e sou surpreendido com a regente pedindo que eu fizesse o teste para
um solo de uma nova musica do espetáculo e mesmo sem conhecer muito a música,
canto e sou escolhido para cantar, fico muito feliz e vi que minha responsabilidade
30
cada vez aumentava dentro do coral. Nos dias 28 e 29 de dezembro fazemos
novamente cinco sessões do espetáculo e novamente todos os dias com o auditório
lotado (ANEXO E).
Este ano para mim foi de muitas mudanças e aprendizagens, mas sempre
gostei de enfrentar desafios. Fui ficando cada vez mais seguro na minha auto-
afirmação musical (DIAS, 2001).
31
Capítulo 6 Mais Seguro com a Prática Coral
No ano de 2011 o coral Saúde em Canto volta as suas atividades com mais
maturidade estando mais em sintonia com a nova regente. E através da regente
entraram mais dois estudantes do curso de música da universidade, dividindo assim
as tarefas. Quando podíamos cada um fazia o trabalho de técnica e aquecimento
vocal antes dos ensaios.
Em um dia em especial, tínhamos uma apresentação em um outro hospital
da cidade e os estudantes de música e a regente já estavam no local da
apresentação então foi solicitado que eu fizesse a técnica e o aquecimento no
ônibus quando estávamos indo para a apresentação. Através das minhas
observações no coral Madrigal e na disciplina de Preparação para o Placo, fui
aplicando as técnicas de relaxamento que aprendi e todos se sentiram bem para
fazer a apresentação. Fizemos uma ótima apresentação e o hospital que nos
convidou solicitou que a regente do nosso coral preparasse um coral na instituição.
Após alguns ensaios tive que me ausentar do coral Saúde em Canto, pois
estava cumprindo os estágios obrigatórios do curso, porém continuei no Madrigal,
32
pois o horário não coincidia com os estágios, e estávamos em preparação para
novamente fazer o espetáculo “ABBALANDO AS ESTRUTURAS” que neste ano
seria no Teatro Alberto Maranhão.
O coral estava em processo de mudanças por que alguns componentes
saíram e outros entraram, mas conseguimos ensaiar e nos preparar para novamente
fazer um bom espetáculo. Como no ultimo espetáculo fiz um dueto com uma cantora
convidada a direção do coral fez audição para escolher uma cantora do próprio coral
para fazer o dueto e foi escolhida uma grande amiga minha, que facilitou para os
ensaios (ANEXO F), pois afirma Dias (2001) que a cumplicidade dos coralistas é
necessária para que haja a música.
Com o espetáculo se aproximando nossa regente marcou uma aula com a
professora da universidade, Nazaré Rocha, para que ela nos ajudasse, pois ela
estava com um projeto de laboratório de voz e corpo. Então, fizemos as aulas que
nos ajudaram bastante, principalmente a mim que tudo que observava guardava
para poder utilizar quando fosse preciso.
Fizemos o espetáculo em dois dias de julho com duas sessões cada dia
(ANEXO G), o trabalho foi muito bom, todos gostaram e as aulas que a professora
Nazaré nos deu me ajudou bastante então, pedi para continuar participando do
laboratório, fiz mais duas aulas que contribuíram muito para mim como pessoa,
como cantor e como professor.
Recebi um convite da minha regente Tércia de Souza para ajudar a fazer um
trabalho no coral de uma instituição da cidade, no mesmo horário do laboratório,
então precisei me afastar para ajudar nos ensaios do coral, pois estava se
preparando para gravar um CD, mas pude aproveitar os novos conhecimentos que
aprendi e utilizar com este coral e com outros corais que fui convidado a ajudar e
ficar a frente. O resultado foi muito bom e todos se sentiram bem ao executar os
exercícios e aplicá-los na música.
Após estes eventos o Madrigal foi convidado a participar do III Encontro
Eurobrasileiro de Educação (ANEXO H) e tivemos o prazer de receber um coral da
Espanha onde faríamos um concerto com músicas nossas e deles.
A experiência foi inexplicável, principalmente um dia em que a regente do
Madrigal foi convidada a participar em um debate deste encontro e pediu que eu
ficasse a frente do ensaio com o coral Espanhol e alguns participantes do madrigal,
33
fiquei um pouco assustado, mas aceitei e conduzi o ensaio e os participantes do
coral Espanhol gostaram da minha didática e me parabenizaram. Isto me deixou
muito feliz, pois tudo que aprendi foi através de tudo que vim observando e
aprendendo na minha trajetória dentro e fora da universidade.
Após algum tempo fora volto a ensaiar com o coral Saúde em Canto que me
acolhe com bastante carinho e alegria (DIAS, 2001). Como passei um tempo
ausente prefiro não ficar a frente das técnicas e aquecimentos vocais como antes
fazia, mas sou convidado pela regente para fazer um solo em uma música do coral.
Aceito e volto a participar das atividades do coral que está se preparando para se
apresentar no encontro de corais em Sergipe (ANEXO I).
34
Considerações Finais
A partir do momento em que entramos na universidade nos deparamos com
situações que nunca imaginaríamos em nossas vidas. Apesar das vivencias e
estudos musicais anteriores, percebi que as vivencias são únicas e cada uma tem
sua parcela de importância na formação acadêmica.
Em minha trajetória de formação refleti bastante nas mudanças que
ocorreram em minha vida acadêmica e pessoal, através das leituras indicadas pelos
professores, das práticas nos corais e em minhas observações. Mostro nesta
pesquisa autobiográfica a minha aprendizagem e crescimento durante o tempo que
passei na universidade, provando que é possível a interação do estudo com a
prática, facilitando assim um bom aprendizado.
Associando os estudos e teorias vistas na universidade com a prática no
coral Saúde em Canto e Madrigal pude perceber que o processo de
35
ensino/aprendizagem se dá com a associação da teoria com a prática. E é possível
uma melhor absorção do conhecimento unindo os dois.
Meu pensamento como educador musical, coralista e regente, tanto com
base na minha vivência como nos autores citados ao longo da monografia, tenho a
certeza da contribuição do canto coral para o desenvolvimento artístico, musical e
social através de uma postura pedagógica e cientifica desenvolvendo a construção
do sujeito não apenas em si mesmo, mas também no convívio coletivo.
36
Referências DIAS, Leila Miralva Martins Dias. Interações nos processos pedagógicos-musicais da prática coral: Dois estudos de caso. Porto Alegre: Programa de Pós-Graduação em Música, UFRGS, 2001. FUCCI AMATO, Rita. O canto coral como prática sócio-cultural e educativo-músical. Opus, Goiânia, v. 13, n.1, p. 75-96, jun. 2007. HERR, Martha. Considerações para a classificação da voz do coralista. In: FERREIRA, Léslie Piccolotto. Voz profissional: o profissional da voz. Carapicuíba: Pró-fono, 1998. p. 51-56. PEREIRA, Éliton; VASCONCELOS, Miriã. O processo de socialização no canto coral: um estudo sobre as dimensões pessoal, interpessoal e comunitária. In: Música Hodie. v. 7. Nº 1. UFG: Goiânia, 2007. p. 99-120. PASSEGGI, Maria da Conceição; SOUZA ,Elizeu Clementino de; VICENTINI,Paula Perin. Entre a vida e a formação: pesquisa (auto)biográfica, docência e profissionalização. Educação em Revista (UFMG. Impresso), v. 27, p. 369-386, 2011. QUEIROZ, Luiz Ricardo Silva. Educação Musical em João Pessoa: a realidade do ensino e aprendizagem da música nos espaços formais e não-formais do município. In: ENCONTRO ANUAL DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE EDUCAÇÃO MUSICAL, 16., 2007, Campo Grande. Anais,Campo Grande: ABEM. 2007. p. 1-9. ROCHA, Ricardo. Regência: uma arte complexa – técnicas e reflexões sobre a direção de orquestras e corais. Rio de Janeiro: Ibis Libris, 2004. SOUZA, Elizeu Clementino. (Auto)biografia, identidades e alteridade: modos de narração, escritas de si e práticas de formação na pós-graduação. Revista Fórum Identidades, v. 4, p. 37-50, 2008. ______. A arte de contar e trocar experiências: reflexões teórico-metodológicas sobre história de vida em formação. In.: Revista Educação em Questão. v. 25, n. 11, jan./avrr. Natal, RN: EDUFRN. 2006. p. 22-39. VILLA-LOBOS, Heitor. Villa-Lobos por ele mesmo/pensamentos. In: RIBEIRO, J. C. (org.). O pensamento vivo de Villa-Lobos. São Paulo: Martin Claret, 1987.
37
Anexos
38
ANEXO A: Foto do Coral Saúde em Canto no Festival Internacional de Coros 2009
39
ANEXO B: Foto do Coral Saúde em Canto com outros corais no Festival
Internacional de Coros 2009
40
ANEXO C: Matéria sobre a cantata natalina do coral Saúde em Canto
41
ANEXO D: Cartaz do espetáculo “ABBAlando as Estruturas” Madrigal UFRN.
Outubro/2010.
42
ANEXO E: Cartaz do espetáculo “ABBAlando as Estruturas” Madrigal UFRN.
Dezembro/2010.
43
ANEXO F: Foto do espetáculo “ABBAlando as Estruturas” Madrigal UFRN. Julho
2011.
44
ANEXO G: Cartaz do espetáculo “ABBAlando as Estruturas” Madrigal UFRN.
Julho/2011.
45
ANEXO H: Cartaz do espetáculo “Conviviabilidade musical ” – III Encontro
Eurobrasileiro de educação. Agosto/2011.
46
ANEXO I: Matéria sobre o Coral Saúde em Canto e sua participação no I Encontro
de Coros de Aracaju.
Top Related