UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO
SARA ANDGEL FERREIRA DA SILVA
DESENVOLVIMENTO DA COMPETÊNCIA INFORMACIONAL NA BIBLIOTECA
VISCONDE DE SABUGOSA DO NÚCLEO DE EDUCAÇÃO DA INFÂNCIA
(NEI/UFRN)
NATAL/RN
2018
SARA ANDGEL FERREIRA DA SILVA
DESENVOLVIMENTO DA COMPETÊNCIA INFORMACIONAL NA BIBLIOTECA
VISCONDE DE SABUGOSA DO NÚCLEO DE EDUCAÇÃO DA INFÂNCIA
(NEI/UFRN)
Monografia de graduação apresentada ao Centro
de Ciências Sociais Aplicadas, da Universidade
Federal do Rio Grande do Norte, como requisito
para a obtenção do título de Bacharela em
Biblioteconomia.
Orientadora: Dra. Gabrielle Francinne de S.C Tanus
Monografia aprovada em: ______/________/______.
BANCA EXAMINADORA
________________________________________________________
Professora Dra. Gabrielle Francinne de S.C Tanus – Orientadora
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
_______________________________________________________
Professora Dra. Monica Marques Carvalho Gallotti – 1o Examinador
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
_______________________________________________________
Professor Dr. Pedro Alves Barbosa Neto – 2o Examinador
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
NATAL/RN
2018
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
Sistema de Bibliotecas - SISBI
Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial do Centro Ciências Sociais Aplicadas - CCSA
Silva, Sara Andgel Ferreira da.
Desenvolvimento da competência informacional na Biblioteca
Visconde de Sabugosa do Nücleo de Educação da Infância (NEI/UFRN)
/ Sara Andgel Ferreira da Silva. - 2018.
64f.: il.
Monografia (Graduação em Biblioteconomia) - Universidade
Federal do Rio Grande do Norte, Centro de Ciências Sociais
Aplicadas, Departamento de Ciência da Informação. Natal, RN,
2018.
Orientador: Profa. Dra. Gabrielle Francinne de S.C Tanus.
1. Biblioteca escolar - Monografia. 2. Competência
informacional - Monografia. 3. Programas de desenvolvimento de
competências informacionais - Monografia. 4. Lei 12.244/10 -
Monografia. I. Tanus, Gabrielle Francinne de S.C. II.
Universidade Federal do Rio Grande do Norte. III. Título.
RN/UF/Biblioteca Setorial do CCSA CDU 027.8
Elaborado por Eliane Leal Duarte - CRB-15/355
AGRADECIMENTO
Agradeço, em primeiro lugar, a Deus, que me concedeu a graça da vida, e por
está ao meu lado sempre, me protegendo no dia a dia, me iluminando nos momentos
difíceis da graduação. Agradeço todas as bênçãos alcançadas, até hoje e por ter me
dado saúde e força para concluir este ciclo da minha vida.
Agradeço a minha família minha mãe Angélica Silva e minha irmã Samyra Agnes
por estarem presentes toda minha vida, pelo incentivo diário desde o início dessa
jornada. Agradeço a minha tia Luzia Silva e a seu Marido Luciano Lira, pelos auxílios e
pelo apoio nos primeiros anos de curso.
Ao meu Marido Rafael Lauro agradeço por todo o seu amor e compreensão
nestes anos de dedicação ao curso, por ter me dado suporte e carinho para que eu
conseguisse chegar até aqui. A minha filha peço-lhe desculpas pelas vezes em que
cheguei atrasada na escola e por diversas vezes em que deixei de ser mãe para ser
estudante. Agradeço a ela por toda a sua ternura e por ser meu abrigo nas dificuldades.
Sou grata à minha orientadora, por ter sido uma grande amiga e mestre, por todo
conhecimento transmitido que me ajudou a compor este trabalho e realizar o meu
sonho.
Por fim, agradeço a todas amizades conquistadas e os drinks bebidos, os
obstáculos vivenciado e vencidos juntos, todos momentos de ensinamentos
proporcionados pelos professores e toda confiança e respeito a mim. Muito obrigada.
RESUMO
A sociedade contemporânea tem como um de seus insumos a informação, o que
implica a necessidade dos sujeitos de se manterem informados. O desafio posto por
essa sociedade da informação é, justamente, de que tais sujeitos possuam
conhecimentos e habilidades adequadas para se obtenham uma satisfação
informacional. Assim, procurou-se evidenciar a biblioteca escolar como um
equipamento essencial no processo de ensino e aprendizado, que contribui por meio
dos seus recursos informacionais e das ações de mediação entre o bibliotecário e seus
usuários. A competência informacional entendida como capacidade que o indivíduo
possui para buscar e usar a informação desejada, torna-se um elemento importante na
formação dos usuários da biblioteca escolar. Diante disso, o trabalho buscou destacar a
relevância dos programas de desenvolvimento dessas habilidades no ambiente das
bibliotecas escolares. Foi realizado um estudo bibliográfico das publicações da área de
Biblioteconomia e Ciência da Informação, posteriormente, foi realizado um estudo de
caso para analisar as práticas desenvolvidas na Biblioteca Visconde de Sabugosa, do
Núcleo de Educação da Infância (NEI), da Universidade Federal do Rio Grande do
Norte (UFRN). Ademais, investigou-se as atividades que contribuem para a formação
de competências nos usuários como por exemplo a cotação de historia e o programa de
capacitação do usuário. Conclui-se que, os programas de formação de habilidades
informacionais devem ser incluídos no planejamento pedagógico das instituições
escolares, com intuito de potencializar o aprendizado dos alunos e, consequentemente,
o rendimento e desempenho escolar.
Palavras-chave: Biblioteca escolar; Competência informacional; Programas de
desenvolvimento de competências informacionais; Lei 12.244/10.
ABSTRACT
Contemporary society has as one of its inputs the information, which implies the
subjects' need to keep themselves informed. The challenge posed by this information
society is, precisely, that such subjects possess adequate knowledge and skills to obtain
an informational satisfaction. Thus, we tried to highlight the school library as an essential
equipment in the teaching and learning process, which contributes through its
information resources and mediation actions between the librarian and its users. The
informational competence understood as the capacity that the individual possesses to
seek and use the desired information, becomes an important element in the training of
the users of the school library. Therefore, the work sought to highlight the relevance of
programs to develop these skills in the school library environment. A bibliographic study
of the publications of the Library and Information Science area was carried out. Later, a
case study was carried out to analyze the practices developed in the Library Visconde
de Sabugosa, the Child Education Center (NEI), the Federal University of Rio de Janeiro
Grande do Norte (UFRN). In addition, we investigated the activities that contribute to the
formation of competences in the users and what the positive impacts that the programs
cause in the school performance. It is concluded that informational skills training
programs should be included in the pedagogical planning of school institutions, in order
to enhance students' learning and, consequently, school achievement and performance.
Keywords: School library; Informational competence; Information skills development
programs; Law 12.244/10.
LISTAS DE QUADROS
Quadro 1 - Quadro de publicações sobre a lei 12.244/10 ......................................... 20
Quadro 2 - Quadro de publicações indexadas na BRAPCI sobre a lei 12.244/10 ... 21
Quadro 3 - O poder da informação: construindo parcerias para aprendizagem .... 28
Quadro 4 - Resumo das caracteristicas das dimensoes da competencia
informacional ................................................................................................................ 30
Quadro 5 - Programa de competência informacional com alunos do ensino
fundamental, Parte 1. ................................................................................................... 34
Quadro 6 - Programa de competência informacional com alunos do ensino
fundamental, Parte 2. ................................................................................................... 35
LISTAS DE FIGURAS
Figura 1 - Biblioteca Visconde de Sabugosa ............................................................ 44
Figura 2 - Mesas para estudo ..................................................................................... 45
Figura 3 - Coleção Infantil............................................................................................ 46
Figura 4 - coleção de gibis e trabalhos produzido pelos alunos do
NEI...................................................................................................................................46
Figura 5 - Estantes com coleções infanto-juvenil .................................................... 47
Figura 6 - Estantes com coleção especializada da
educação....................................................................................................................... 47
Figura 7- Narração com fantoche para a turma do berçário ..................................... 52
Figura 8 - Narração com suporte digital ..................................................................... 52
Figura 9 - Certificado do leitor do mês ....................................................................... 53
Figura 10 - Orientação da localização da biblioteca ................................................. 55
SUMARIO
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 9
1.1 Problema de pesquisa ........................................................................................ 11
1. 2 Objetivo geral ..................................................................................................... 11
1. 3 Objetivos específicos ........................................................................................ 11
2. BIBLIOTECA ESCOLAR ........................................................................................... 12
2.1 Lei 12.244/10 ........................................................................................................ 17
3. COMPETÊNCIA INFORMACIONAL ......................................................................... 23
3.1 Competência informacional a partir de bibliotecas escolares ........................ 31
4. BIBLIOTECÁRIO ESCOLAR NO DESENVOLVIMENTO COMPETÊNCIA
INFORMACIONAL ......................................................................................................... 37
5. METODOLOGIA ........................................................................................................ 41
6. CARACTERIZAÇÃO DO OBJETO DE PESQUISA .................................................. 43
7. ANÁLISE DOS RESULTADOS ................................................................................. 49
7.1 A competência informacional na biblioteca: perspectiva da bibliotecária .... 49
7.2 Na observação das práticas desenvolvidas pela biblioteca ........................... 51
Contação de histórias ............................................................................................... 51
Leitor do mês ............................................................................................................ 53
Programa de capacitação dos usuários ................................................................. 54
8. CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................................... 57
REFERÊNCIAS .............................................................................................................. 59
APÊNDICE A ................................................................................................................. 63
APÊNDICE B ................................................................................................................. 64
A biblioteca escolar oferece serviços de apoio à aprendizagem,
disponibilizando livros e outros recursos informacionais aos
membros da comunidade escolar, possibilitando-lhes tornarem-se
pessoas críticas e usuários competentes de informações em todos
os formatos e meios. (Manifesto IFLA/UNESCO para biblioteca
escolar, 2015).
O bibliotecario e o principal responsavel por introduzir o processo da competencia informacional, que e um processo de aprendizagem vinculado ao universo informacional, no planejamento curricular da escola em que trabalha e, e tambem em conjunto com os professores, o responsavel por transmitir aos estudantes as habilidades, atitudes e ideias em relacao a informacao que os transformarao em competentes usuarios da informacao. (CAVALCANTE; BONALUMI 2014, P.105-10
9
1. INTRODUÇÃO
A sociedade atual dispõe de uma gama de recursos informacionais sejam eles
impressos, virtuais, digitais, eletrônicos, estes últimos estão atrelados com o avanço
das tecnologias de informação e comunicação. Dentre o desenvolvimento tecnológico
da sociedade contemporânea ou comumente chamada de “sociedade em rede”
(CASTELLS, 1999) destaca-se o uso dos computadores e da internet, que veem
possibilitando um acesso fácil e rápido as diversas informações (verdadeiras e falsas,
inclusive). Todavia, não foi apenas a sociedade que mudou, a biblioteca também
acompanhou esse processo de transformação, a qual passou de um ambiente de
armazenamento documental bibliográfico para um centro de cultura e de aprendizado,
oferecendo mais serviços e produtos aos usuários.
Tal mudança suscita alguns questionamentos: Qual informação é imprescindível
para a necessidade de cada indivíduo? O indivíduo consegue localizar e avaliar a
informação desejada? Segundo Cruz (2008, p. 1024) essa relação entre qualidade e
quantidade é sem dúvidas a principal dificuldade encontrada por essa nova sociedade,
e o maior trabalho é a transformação da grande massa informacional em conhecimento.
Dentro desse cenário, ocorre o surgimento do termo Information Literacy, que traduzido
para o português remete ao conceito de competência informacional, cuja definição a
priori é um conjunto de conhecimentos e habilidades que o indivíduo deveria possuir
para buscar, avaliar e usar as informações qualificadas por ele de acordo com suas
necessidades informacionais.
A unidade de informação – biblioteca – constitui peça fundamental para esse
processo de desenvolvimento de habilidades para aprendizagem desse novo
paradigma informacional. A metodologia para a competência informacional ultrapassa
as salas de aulas chegando à biblioteca, transformando continuadamente esse
ambiente no espaço sociocultural mais próximo dos alunos. Em meio à diversidade de
bibliotecas, como, por exemplo, biblioteca pública, biblioteca comunitária, biblioteca
nacional, biblioteca especializada, biblioteca universitária e biblioteca escolar – o foco
10
deste trabalho concentra-se em discutir as bibliotecas escolares e a questão da
competência informacional.
Acredita-se que a biblioteca escolar propicia informação e ideias fundamentais
para seu funcionamento bem sucedido na atual sociedade, baseada na informação e no
conhecimento. A biblioteca escolar habilita os estudantes para a aprendizagem ao
longo da vida e desenvolve a imaginação, preparando-os para viver como cidadãos
responsáveis (IFLA, 2000, p. 1). A biblioteca, instituição milenar, que durante séculos
garantiu a sobrevivência dos registros do conhecimento humano, tem agora seu
potencial reconhecido como partícipe fundamental do complexo processo educacional.
A biblioteca escolar poderá assim contribuir efetivamente para preparar crianças e
jovens a viver no mundo contemporâneo, onde a informação e o conhecimento
assumem destaque central.
Nesse aspecto, a biblioteca escolar deve ser reconhecida como um equipamento
cultural e, ainda, como uma instituição social, com intuito de integrar a sociedade da
informação, estabelecendo novos conceitos e se adequando às realidades sociais,
culturais, educativas e tecnológicas da sociedade. Com a explosão informacional, a
sociedade contemporânea necessita de profissionais bibliotecários que atuem em
biblioteca escolar com competências que possam atender as novas demandas de
produtos e serviços de informação. Nessa perspectiva, procurou-se investigar: quais as
atividades que estão sendo dispostas neste ambiente; quais os incentivos a
competência informacional; qual é a relação entre biblioteca e instituição escolar e qual
é a contribuição dos bibliotecários para a biblioteca escolar, embasando-se na literatura
da área e no estudo de caso da Biblioteca Visconde de Sabugosa, vinculada ao Núcleo
de Educação e Infância (NEI), da Universidade Federal do Rio Grande do Norte
(UFRN). Para a composição do estudo de caso foi necessário recorrer ao método da
entrevista e da observação, realizada no primeiro semestre de 2018.
Diante das várias possibilidades de caminhos a serem seguidos, este trabalho
buscou especificamente responder ao seguinte problema de pesquisa, e tendo como
objetivos gerais e específicos, a saber:
11
1.1 Problema de pesquisa
Como a Biblioteca Escolar Visconde de Sabugosa contribui para o desenvolvimento de
competência informacional da sua comunidade escolar?
1. 2 Objetivo geral
Discutir a importância do bibliotecário e da Biblioteca Escolar Visconde de Sabugosa
vinculada ao Núcleo Educacional da Infância (NEI), da Universidade Federal do Rio
Grande do Norte (UFRN), em meio ao processo de desenvolvimento da competência
informacional.
1. 3 Objetivos específicos
● Discorrer sobre a competência informacional e sua importância no ambiente da
Biblioteca Escolar;
● Discutir a importância da biblioteca e do bibliotecário neste ambiente;
● Verificar o impacto da lei 12.244 na literatura da área da Biblioteconomia e
Ciência da Informação;
● Diagnosticar as atividades desenvolvidas pela Biblioteca Escolar Visconde de
Sabugosa;
● Compreender alguns aspectos sobre a biblioteca e a competência informacional
a partir da observação e da entrevista realizada com a bibliotecária.
12
2. BIBLIOTECA ESCOLAR
A biblioteca por muito tempo teve sua imagem vinculada a uma concepção
limitada ou mesmo antiquada, sendo associada apenas a um espaço físico de guarda
ou como sendo responsável pelo depósito dos livros. Na trajetória da história da
biblioteca durante séculos ela manteve sua porta fechada a população, um espaço
onde predominantemente mantinha-se o silêncio e a sacralidade entorno do livro
(MARTINS, 2003). Todavia, com o desenvolvimento da história e a instauração de um
outro contexto, houve progressivamente a abertura da concepção da biblioteca, dando
espaço cada vez mais para a sua importância enquanto um espaço de conhecimento e
de formação de leitores, dentre outras muitas funções e serviços prestados a
comunidade. Ainda a fim de compreender sobre a história das bibliotecas escolares no
país retoma-se, brevemente, ao Brasil Colônia.
Com a chegada dos portugueses em 1500, os jesuítas foram enviados para o
Brasil com o objetivo de catequizar os nativos, os índios que já habitavam estas terras.
Assim com a chegada dos religiosos europeus foi instaurado um processo de educação
e de formação de uma sociedade cristã, o que acabara por refletir na produção e na
entrada dos primeiros livros na Colônia (MORAES, 2006). Os padres perceberam que,
as escolas quando somadas aos centros de leitura, dariam aos alunos mais gosto pela
leitura, assim foram criando as bibliotecas escolares, em diversos colégios no território
brasileiro. Com a ascensão do imperador Marquês de Pombal, que possuía outra visão
enquanto aos métodos de ensino religioso, esclarece-se que ele:
[…] rompeu com toda estrutura educativa que fora implantado e consolidado em mais de dois séculos de atuação dos jesuítas em nosso país. A educação a partir de então, passou a ser de responsabilidade do Estado e muitas reformas estavam nos planos do Marquês do Pombal, porém neste período não houve nenhum avanço, devido à falta de recursos e bibliotecários (SILVA; ARAUJO, 2018, p. 14).
Posteriormente, com o fim do período pombalino, a biblioteca escolar cresce de
forma tímida, conforme se passavam os anos, novas políticas e planos educacionais
foram sendo implantados, modificando a função e a compreensão da biblioteca escolar,
13
Já no Brasil Império, com a criação da lei de 15 de outubro de 18271, surgiram às
primeiras escolas, que tinham como finalidade ensinar a ler, a escrever, a aritmética e a
religião, buscando privilegiar a leitura da constituição do Império e a História do Brasil
(VÁLIO, 1990, p.16). Ademais, segundo Silva (2011, p. 495) a biblioteca escolar só vai
conseguir um espaço melhor demarcado de conquista no século XX, "especialmente a
partir de algumas reformas educacionais." De modo geral, as bibliotecas escolares se
moldaram a cada geração, pois:
A cada ano, a cada década, a biblioteca escolar vai conquistando configurações mais adequadas à nova maneira de pensar a educação. Dessa forma, criam-se novos conceitos por parte dos pesquisadores com diferentes reflexões e debates acerca do ensino e da biblioteca escolar, pois este espaço torna-se fundamental e necessário para o pleno desenvolvimento do
ensino [...] (SILVA; ARAÚJO, 2018, p. 17).
Em resumo, desde seu início a biblioteca escolar possui um caráter educacional
e de apoio ao ensino formal. As unidades de informação escolar atuam como um centro
de recursos educativos, que deveriam sempre agir em conjunto com a escola no
processo de ensino e aprendizado. As instituições onde localizam-se as bibliotecas, por
sua vez, devem reconhecer a potencialidade viabilizada pelas ações de uma biblioteca
escolar. Tendo em vista as diferentes concepções, Campello (2002) afirma que por
excelência o ambiente informacional é um local que possibilita a criatividade para o uso
das informações, ao proporcionar um espaço para busca de informação ela instrui os
alunos para a realidade do dia-a-dia nos ambientes de trabalho, bem como, futuros
profissionais e como cidadãos.
Segundo Pimentel (2007, p. 28) a biblioteca escolar deve ser um espaço
dinâmico e indispensável para a criação de um cidadão, e completa: "É a biblioteca
escolar que abrirá, ainda no ensino básico, os caminhos para que os alunos
desenvolvam a curiosidade e o senso crítico que os levarão à cidadania plena". O
compromisso de incentivo a leitura e a pesquisa deve partir da escola em conjunto com
a biblioteca, este é um fator imprescindível para o desenvolvimento do ciclo da
educação contínua.
1 A lei pode ser consultada na íntegra: http://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei_sn/1824-1899/lei-38398-15-outubro-1827-566692-publicacaooriginal-90222-pl.html. Acesso em: 29 maio de 2018.
14
Para Corrêa (2002, p. 111) deve haver uma harmonia entre escola e biblioteca,
"para que juntas possam alcançar seus reais objetivos. O uso de bibliotecas deve ser
incentivado e deve começar o mais cedo possível na vida do indivíduo." É dever da
biblioteca escolar:
É a de ser o órgão de apoio a todos e quaisquer programas educativos. Para atender as exigencias desses programas educativos, a biblioteca escolar devera fornecer toda a especie e tipo de materiais essenciais a obtenção dos objetivos dos currículos, satisfazendo ao mesmo tempo aos interesses, necessidades aptidões e como e objetivos dos próprios
alunos (FERREIRA 1978, p. 11).
A International Federation of Library Associations (IFLA), no ano de 2015,
publicou novas diretrizes para a biblioteca escolar. O documento define e enfatiza que
as bibliotecas escolares são meios de aprendizado físico e digital na escola, as
atividades de incentivo à leitura, pesquisa, investigação, pensamentos, imaginação e
criatividades são primordiais para a formação dos alunos, tanto para o seu crescimento
pessoal, quanto para a fomentação da cultura e uma sociedade democrática.
Deste modo, a missão da biblioteca escolar é promover a educação de
qualidade, comprometendo-se com a instituição escolar, ordenando às suas atividades
em prol da educação dos alunos, oferecendo suportes informacionais que norteiem o
ensino e pesquisa dos seus usuários, e, principalmente, o dever de formar leitores e
pesquisadores, além de capacitar cidadãos para vida. Deste modo, ainda segundo a
IFLA (2015, p. 17) a missão da biblioteca escolar é:
A biblioteca escolar fornece informação e ideias que são fundamentais para sermos bem sucedidos na sociedade atual baseada na informação e no conhecimento. A biblioteca escolar desenvolve nos alunos competências para a aprendizagem ao longo da vida e estimula a imaginação, permitindo-lhes tornarem-se cidadãos responsáveis.
Cabe ressaltar, que a biblioteca escolar tem como objetivo o desenvolvimento de
atividades que possibilite alcançar a sua missão e a missão da instituição que esteja
inserida. Diante disso, o papel desempenhado pela biblioteca escolar para atingir o seu
objetivo, com base na IFLA (2015) é o dever de oferecer suporte para o ensino e
15
aprendizado com parceria no currículo escolar desenvolvendo capacidade e atitudes
para seus usuários, destacando:
A. A capacidade e atitude para lidar com a informação em qualquer suporte
apresentado, capaz de avaliar os recursos na sua variedade de formas;
B. A capacidade e atitude para formar um pensamento crítico, capaz de
analisar criticamente as informações apresentadas;
C. A capacidade e atitude para pesquisa, o conhecimento para a criação,
construção e uso da informação, desempenhando uma compreensão
profunda;
D. A capacidade e atitude para a leitura, desenvolvendo o gosto pela leitura,
criando habilidade de significados e compreensão;
E. A capacidade e atitude pessoais e interpessoais, habilitando para o meio
social e cultural, além de aprender sobre si mesmo pesquisador e criador
de conhecimento; e
F. A capacidade e atitude de relacionamento com o próprio conhecimento.
(IFLA, 2015, p. 21).
Nesta perspectiva, o papel educativo da biblioteca escolar é o de estar envolvido
com os programas curriculares, ou seja, é de suma importância que o bibliotecário
tenha parceria com as escolas (professores e administradores). Segundo a IFLA (2015,
p. 32), "Idealmente, o bibliotecário ensina colaborativamente com outros professores e
cada elemento dessa equipe de ensino contribui, nas suas diferentes áreas de
conhecimento, para a concepção e implementação de atividades de ensino e
aprendizagem" e conclui apresentando um modelo de atividade para o co-ensino:
1) Apoio ao ensino - um professor assume o papel de liderança e o outro
move-se entre os alunos para prestar apoio individual, quando
necessario. Isto tem sido designado como “one teaches/ one drifts” (um
ensina/ outro orienta).
2) Ensino em paralelo - dois ou mais professores trabalham com
diferentes grupos de alunos simultaneamente, em diferentes partes da
16
sala de aula ou na biblioteca. Isto tem sido designado como “estacões/
cantos de trabalho”.
3) Ensino complementar - um professor faz algo para melhorar a ação
de outro(s) 53 professor(es). Por exemplo, um professor pode
parafrasear o que o outro diz ou ensinar os alunos a tomar notas.
4) Ensino em equipe - dois ou mais professores planejam, ensinam,
avaliam e acompanham todos os alunos na sala de aula ou na
biblioteca, dividindo equitativamente responsabilidade, liderança e
prestação de contas. (IFLA, 2015, p.50-51)
Diante disso, é preciso ter estratégia e planejamento dos serviços oferecidos
pela biblioteca escolar. Para Neves (2011, p 49) os principais serviços que a biblioteca
escolar deve oferecer de forma qualificada são:
● Possuir um planejamento tendo em vista seu público alvo: alunos,
professores, funcionários, gestores e pais.
● Possuir organização padrão de modo que possa instruir os seus
usuários a fim de que o mesmo reconheça as regas em qualquer outra
unidade de informação.
● Conter um acervo atualizado, desenvolvido a partir da
necessidade de sua comunidade.
● Educar seus usuários enquanto ao uso dos suportes
informacionais, capacitando por uso adequado.
● Possuir profissionais habilitados para uso correto da informação,
incluindo bibliotecário.
Tendo em vista isso, a biblioteca deve se estabelecer em duas vertentes, um
com aspectos tradicionais e essenciais para o seu funcionamento de caráter técnico de
organização e tratamento do seu acervo, e outra, com aspectos de mediar às
competências, orientando o aprendizado ao longo da vida.
Portanto, vale destacar o reconhecimento da importância da biblioteca escolar na
estrutura de ensino, de modo que, ela contribui para a formação de indivíduos que são
capazes de lidar com as informações a qualquer momento de sua vida, além de, servir
de equipamento sócio/cultural democrático, com práticas que edificam seus usuários
sobre seus direitos e deveres transformando-os em cidadãos mais críticos.
17
2.1 Lei 12.244/10
No ano de 2010, em 24 de maio foi sancionada a Lei nº 12.224/10, que dispõe
da universalização das bibliotecas em instituições de ensino, estipulando um prazo de
10 anos para as escolas públicas/privadas se adequarem a esta realidade. Segundo
Leite et al (2013, não paginado) a lei "surgiu de um projeto implementado pelo Sistema
CFB (Conselho Federal de Biblioteconomia) junto aos Conselhos Regionais de
Biblioteconomia para uma implantação de uma rede de informação dinâmica e eficaz,
visando promover maior qualidade no ensino público”.
Seus artigos buscam promover a consciência da importância do espaço da
biblioteca escolar para a sua comunidade escolar, respeitando a atuação do
bibliotecário nestes espaços, conforme se visualiza a seguir:
Art. 1o As instituições de ensino públicas e privadas de todos os
sistemas de ensino do País contarão com bibliotecas, nos termos
desta Lei.
Art. 2o Para os fins desta Lei considera-se biblioteca escolar a
coleção de livros, materiais videográficos e documentos
registrados em qualquer suporte destinados a consulta, pesquisa,
estudo ou leitura.
Parágrafo único. Será obrigatório um acervo de livros na biblioteca
de, no mínimo, um título para cada aluno matriculado, cabendo ao
respectivo sistema de ensino determinar a ampliação deste acervo
conforme sua realidade, bem como divulgar orientações de
guarda, preservação, organização e funcionamento das
bibliotecas escolares.
Art. 3o Os sistemas de ensino do País deverão desenvolver
esforços progressivos para que a universalização das bibliotecas
escolares, nos termos previstos nesta Lei, seja efetivada num
prazo máximo de dez anos, respeitada à profissão de
Bibliotecário, disciplinada pelas Leis nos 4.084, de 30 de junho de
1962 de 25 de junho de 1998.
Art.4o Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
18
Como visto, os artigos enfatizam a criação de bibliotecas escolares, com intuito
de promover a biblioteca escolar no ambiente escolar. "A Lei 12244/10 mostra uma
conotacao de mudanca, pois se configura precisamente na possibilidade de
transformacões que a biblioteca escolar precisa para mostrar sua potencialidade."
(SILVA, 2011, p. 511). O autor chama atenção ainda para a importância da mobilização
da área para a questão da biblioteca escolar, a fim de que esta lei não seja mais uma
no país como tantas outras leis2, a saber:
Portanto, e fundamental reconhecer que essa lei podera ser
passivel de reconhecimento se houver, ao longo desses anos,
uma continuidade e ampliacao no processo de mobilizacao da
classe biblioteconomica mostrando a importância da biblioteca
escolar. Do contrario, essa lei se consolidara como a “intramitavel”
cultura politica do pais de elaborar leis com um discurso
esteticamente bem construido, mas sem uma efetiva
contemplacao pratica (SILVA, 2011, p. 511).
A presente lei reforça também a importância de um bibliotecário neste ambiente,
que é um profissional formado em um curso superior cujas habilidades e competências
envolvem o manuseio dos recursos informacionais e a capacidade de criação de
produtos e serviços de interesse da comunidade. Segundo a IFLA (2015, p. 28) “o
bibliotecário escolar é responsável pelo espaço de aprendizagem físico e digital da
escola onde a leitura, pesquisa, investigação, pensamento, imaginação e criatividade
são fundamentais para o ensino e a aprendizagem”. Ademais, Nascimento (2016, p. 24-
25) expõe que:
De nada adianta a biblioteca escolar existir sem a presença de um profissional qualificado para a execução de diversas atividades inerentes a essa unidade de informação, dentre as quais: incentivo à leitura, orientação aos alunos em relação aos materiais informacionais contidos na biblioteca, conscientização da importância da biblioteca escolar para a questão do ensino aprendizado, criação de atividades capazes de desenvolver nos alunos uma visão mais crítica em relação às informações, desenvolver nos alunos a curiosidade de conhecer outras Unidades de Informação, apresentar outras literaturas que não só
2 Sobre as alterações da Lei 12.444/2010 realizou-se uma pesquisa na Câmara dos Deputados, em Projetos e Outras Proposições, e constatou-se a existência de quatros projetos ainda não aprovados, que buscam alterar a referida lei (VER APÊNDICE A).
19
as didáticas, para que os alunos tenham contato com informações diversas, organização e preservação do acervo, e recuperação, acesso e uso da informação.
Diante disso, analisar a lei 12.244/10 torna-se imprescindível para este trabalho,
tendo em vista, que o mesmo busca compreender a relevância e o impacto causado
pelas bibliotecas escolares no desempenho dos alunos, visto que, a mesma configura
como parte do processo de educação. Apesar da existência da lei o comprimento
completo desta lei de bibliotecas em instituições de ensino ainda não foi em sua
totalidade efetivado, na verdade, pouco foi o impacto desta lei no cenário brasileiro.
Oriá (2017, p. 17) em um documento que analisa a aplicação da lei de
bibliotecas, retrata a realidade da situação atual brasileira. O autor utiliza os dados do
censo escolar do ano de 2016, exatamente 6 anos após a aprovação da lei, e firma "Do
total de 217.480 escolas públicas do pais, apenas 21% possuem biblioteca em suas
dependencias. Ja do universo de 61.878 escolas da rede privada de ensino, 38%
possuem esse equipamento escolar. Conclusão: A rede privada de ensino encontra-se
melhor aparelhada no que se refere a instalacao de bibliotecas escolares."
Ainda segundo Oriá (2017, p. 17), a distribuição por regiões que constam é:
● Regiao Norte: do universo de 33.955 escolas, apenas 16%
possuem biblioteca;
● Regiao Nordeste: de 109.240 escolas, apenas 18% declararam
possuir biblioteca;
● Regiao Centro-oeste: de 13.124 escolas, 39% possuem
biblioteca;
● Regiao Sudeste: do total de 88.216 escolas, 28% contam com
biblioteca;
● Regiao Sul: de 34.823 escolas, 44% dispõem de biblioteca.
Oriá (2017) constata que os estados que menos implantaram bibliotecas
escolares a partir do início da vigência da lei, foram os estados de Roraima, Acre e
Amapá, todos da região Norte do País. Ademais, a situação no Rio Grande do Norte,
estado que compõe o nordeste brasileiro, ainda, infelizmente, parece longe do alcance
20
de uma estatística que seja um retrato positivo deste cenário de inclusão de bibliotecas
escolares com a presença de um profissional capacitado para o desenvolvimentos das
atividades deste ambiente informacional.
Apesar disso, vale ressaltar as manifestações da área de Biblioteconomia sobre
a lei 12.244/10, em eventos realizados nos últimos anos nas universidades e ações dos
Conselho Federal e Conselhos Regionais de Biblioteconomia em prol de uma maior
divulgação e conscientização sobre a importância da biblioteca escolar e a aplicação da
lei. Campello (2016) percebe que existem poucos documentos de incentivo ao
cumprimento da lei, o quadro a seguir indica as publicações acerca desta temática, a
saber:
Quadro 1 - Quadro de publicações sobre a lei 12.244/10
Fonte: (Campello 2016, p. 42)
Campello (2016) relata que os textos publicados trazem uma visão otimista da lei
12.244/10, como um caminho para a potencialização da biblioteca escolar, no entanto,
os pontos negativos indicados pelos autores são: o conceito apresentado na lei sobre
biblioteca escolar, apontando que é necessário um melhor detalhamento da definição; a
21
deficiência de uma identificação de responsabilidade quanto ao cumprimento da lei; a
ausência de mobilização social pela causa. Como ponto positivo, as citações dos
autores, expõem a importância que lei apresenta ao bibliotecário nas unidades de
informação escolar, embora ainda falta um longo caminho para a conscientização da
importância desse profissional para a sociedade.
Outrora, foi necessário verificar se a quantidade de publicação sobre a lei
12.244/10 aumentou ou não nestes útimos anos desde a pesquisa desenvolvida pela
Campello (2016). Assim, utilizando a Base de Dados em Ciência da Informação
(BRAPCI)3 verificou-se que houve um aumento das publicações periódicas que não
constaram porventura no quadro acima exposto, a saber:
Quadro 2 - Quadro de publicações indexadas na BRAPCI sobre a lei 12.244/10
Autores Título Fonte Ano
ALBUQUERQUE, Ana Cristina de; TEDESQUI, Conceição
Competências profissionais do bibliotecário escolar: reflexões a partir da Lei 12.244/10
Informação@Profissões 2014
MORENO, Edinei Antônio
Diagnóstico das bibliotecas escolares do município de jaragu? do sul (SC) segundo a lei 12.244/2010
Revista ACB: Biblioteconomia em Santa Catarina
2014
SILVA, Judson Daniel Oliveira da.; CUNHA, Jacqueline de Araujo.
O papel educativo da biblioteca escolar no contexto do plano nacional de educação
Encontros Bibli: Revista Eletrônica de Biblioteconomia e Ciência da Informação
2014
CRUZ, Alexsandra Dos Santos.; CARVALHO, Ediane Toscano Galdino
Bibliotecas públicas escolares do município de joão pessoa: campo de trabalho em expansão
Biblionline 2014
ARAÚJO, Francisco de Paula
A biblioteca escolar na pauta do congresso nacional
Biblioteca Escolar em Revista
2015
VIANA, Lilian.; PIERUCCINI, Ivete
Bibliotecas escolares: políticas públicas para a criação de possibilidades
Encontro Nacional de Pesquisa em Ciência da Informação
2015
ZIMMERMANN Juliano Ricardo; PAULA, Viviane Carolina de; OHIRA, Maria Lourdes Blatt
Avanços, perspectivas e limitações da lei nº 12.244/2010 com vistas a sua aplicabilidade: análise da literatura brasileira e ações dos órgãos de classe do estado de santa catarina (Brasil)
Revista ACB: Biblioteconomia em Santa Catarina,
2017
3 Disponível em: http://www.brapci.inf.br/index.php. A base LIBES (disponível em: http://libes.eci.ufmg.br/) especializada em biblioteca escolar trouxe os mesmos resultados da BRAPCI, por isso, optou-se-se em tomar a primeira como referência.
22
CAMILLO. Everton da Silva; CASTRO FILHO, Claudio Marcondes
Inquietações à reforma de uma lei: olhares sobre a biblioteca escolar
Biblionline 2017
FILGUEIRA, Barbara Larissa Alexandre; Hemerson Soares da Silva; Fabiola da Silva Costa; SAMPAIO, Denise Braga
Panorama das bibliotecas escolares municipais da cidade de juazeiro do norte: desafios descortinados para a aplicação da lei 12.244/2010
Revista Brasileira de Biblioteconomia e Documentação
2017
CARVALHO, Ediane Toscano Galdino de
Um olhar sobre a legislação profissional de Biblioteconomia e sua relação com as bibliotecas escolares
Biblionline 2017
PAULA, Viviane Carolina de.; OHIRA, Maria Lourdes Blatt
Diagnóstico das bibliotecas escolares de nove municípios de Santa Catarina: dados preliminares
Revista Brasileira de Biblioteconomia e Documentação
2017
VIANNA, Viviane Vahldick;, BARBOSA, William; KARPINSKI, Cezar; SOUZA, Marli Dias de
Diagnóstico para melhoria contínua nas bibliotecas escolares do município de indaial/sc
Biblioteca Escolar em Revista
2017
Fonte: elaborada pela autora.
Deste modo, percebe-se um aumento quantitativo das publicações sobre a
referida lei, o que é um ponto positivo para a área. Acredita-se ser necessário ainda um
aperfeiçoamento da lei 12.244/10 com intuito de fortalecer a fiscalização da aplicação
da lei, e uma melhor definição dos seus artigos. Pode-se inferir como fator que contribui
para a falta de interesse na promoção da biblioteca escolar a ausência de disciplinas
obrigatórias voltadas ao estudo da área nas grades curriculares dos cursos de
Biblioteconomia, além da falta de ações de mobilização mais efetiva dos Conselhos, em
fiscalizar e cobrar das autoridades públicas o cumprimento da lei.
23
3. COMPETÊNCIA INFORMACIONAL
No mundo contemporâneo, a informação tornou-se o pilar para o
desenvolvimento da denominada “sociedade do conhecimento” ou “sociedade da
informacao”. Deste modo, com o avanco das tecnologias de comunicação e informação
(TICs), ocorreu a explosão informacional, que levou a uma multiplicidade de
informações disponíveis para o uso. Com isso, manter-se bem informado tornou-se um
desafio cada vez maior, os usuários agora precisam ter habilidades para gerir de forma
satisfatória as informações disponíveis em vários suportes, formatos, locais, ou mesmo
saber discernir as informações inverídicas, manipuladas, etc.
Em meio a esse contexto de mudanças surgiu o termo Information Literacy,
indicado pelo bibliotecário Paul G Zurkowski no ano de 1974, no relatório The
information service environment relationships and priorities, que indicava o uso das
bases de informação e as políticas daquela época para o uso da informação, segundo
Dudziak (2010, p. 5) Zurkowski pretendia estabelecer diretrizes para o programa
nacional de preparações e acesso universal à Information Literacy.
O conceito de Information literacy para Zurkowski, estava ligado a resolução de
problemas em um ambiente de trabalho, Dudziak (2003, p. 24) completa que o
bibliotecário Zurkowski "Sugeria que os recursos informacionais deveriam ser aplicados
às situações de trabalho, na resolução de problemas, por meio do aprendizado de
técnicas e habilidades no uso de ferramentas de acesso à informação."
Ainda na década de 70, Hamelink, segundo Campello (2003,) apresenta uma
visão modificada sobre o conceito de information literacy anteriormente mostrado por
Zurkowski, ela afirma que Hamelink vinculou o termo a questões de cidadania, na
perspectiva que usuário competente, resolveria melhor questões de caráter social em
dadas situações através das habilidades desenvolvidas para lidar com as informações.
Na década de 80, o termo passou a ser pesquisado por Carol C. Kuhlthau, que
definiu como:
A educacao voltada para a Alfabetizacao em Informacao, segundo
dois eixos fundamentais: sua integracao ao curriculo, a partir da
proficiencia em investigacao, identificada como a meta das
24
bibliotecas do ensino medio; e o amplo acesso aos recursos
informacionais, cruciais ao aprendizado estudantil, a partir da
apropriacao das tecnologias de informacao e das ferramentas de
busca. (DUDZIAK, 2010, p. 6-7)
A American Library Association (ALA), sucessivamente, ainda segundo Dudziak
(2010) publica um relatório, no final da década de 90, que evidencia a Information
literacy, como peça fundamental para os indivíduos, trabalhadores e cidadãos, e
apresenta uma nova visão para relação entre sala de aula e a biblioteca, o que
possibilita melhores resultados no desenvolvimento de habilidades dos seus usuários.
Nesta perspectiva, a ALA (2000) traz o conceito de competências em alfabetização
informacional, como sendo um conjunto de habilidades desempenhadas pelos
indivíduos que reconhece as informações que são de sua necessidade e tem o poder
de localizar, avaliar e usar.
No Brasil, segundo Campello (2003, p. 28), o termo foi “mencionado pela
primeira vez por Caregnato (2000, p. 50), que o traduziu como “alfabetizacao
informacional” em um texto em que propunha a expansao do conceito de educacao de
usuários e ressaltava a necessidade de que as bibliotecas universitárias se
preparassem para oferecer novas possibilidades de desenvolver nos alunos habilidades
informacionais necessarias para interagir no ambiente digital”. A partir de então, o termo
Information literacy que tem sua origem inglesa, foi traduzido para o português por
diversas expressões como: “habilidade”, “letramento”, “alfabetizacao” e “competencia
informacional”.
Gasque (2013) em uma entrevista cita que os termos estão inter-relacionados e
apresenta as diferenças entre os termos, a saber:
● Alfabetização informacional: seria o primeiro contato de contato com a
informação, ou seja, o fundamento ao conhecimento das ferramentas
informacionais.
● Letramento informacional: se relaciona com a alfabetização informacional,
contudo, nesta etapa os indivíduos já entendidos dos diversos suportes
informacionais, agora vão aprender a lidar com eles, ou seja, o processo de
desenvolvimento de competências informacionais.
25
● Competência informacional: momento em que o indivíduo possui capacidade
de mobilizar seu próprio conhecimento, ou seja, o processo contínuo de
aprendizado ao longo da vida, considerando os aspectos éticos, políticos e
sociais.
● Habilidade informacional: entendida como o poder das ações de específicas
realizadas pelos indivíduos para alcançar e satisfazer suas necessidades
informacionais.
Pode-se perceber que todos estes conceitos supracitados estão vinculados ao
indivíduo em momentos diferentes (fases) e com entendimentos específicos. Sobre
estes conceitos acrescenta-se ainda que:
O desenvolvimento da Competência Informacional envolve
diferentes fases, que costumam acompanhar a evolução cognitiva
de cada indivíduo. Inicialmente, acontece o processo de
letramento informacional ou alfabetização informacional: esta
envolve os primeiros contatos do indivíduo com o universo
informacional. A fase de desenvolvimento de habilidades
informacionais – que também constitui o processo da
Competência Informacional – geralmente é desenvolvida após o
letramento informacional: nesse processo, o indivíduo geralmente
apreende os conteúdos relacionados aos padrões de letramento e
aplica-os para resolver problemas. Dessa forma, os conceitos que
antes estavam no plano ideológico, passam a se consolidar e
tornar aplicáveis. Assim, a Competência Informacional acontece
na medida em que o conhecimento – em princípio idealizado e
depois aplicado – passa a ser objeto de resolução de problemas:
o saber fazer (LUCCA; CALDIN; RIGHI, 2015, p. 193).
Em destaque neste trabalho, a compreensão sobre a competência informacional
reforça que tal conceito tem ligado a ele os seguintes caminhos: aprender a aprender,
habilidades que o indivíduo precisa ter para lidar com todo e qualquer tipo de
informação disponível de forma eficiente e eficaz. Dudziak (2001, p. 61) defende que a
competência informacional está ligada diretamente ao aprendizado e a capacidade que
a pessoa tem para criar significado através da informação. A autora completa: "Pessoas
competentes em informação reconhecem sua necessidade, sabem como e onde achar
a informação, sabem avaliar e selecionar as informações mais relevantes sabem
26
organizar a informação de modo a criar novas ideias e interpretações, sabem usar a
informação para a construção de conhecimentos importantes para o bem comum."
A autora também expõe os componentes que sustem o conceito, que seriam: O
processo investigativo (ato da pesquisa), aprendizado ativo e independente,
pensamento crítico, aprender a aprender ao longo da vida.
A partir da análise da evolução do conceito e seguindo a
concepção de information literacy voltada ao aprendizado ao
longo da vida, pode-se defini-la como o processo contínuo de
internalização de fundamentos conceituais, atitudinais e de
habilidades necessárias à compreensão e internalização
permanente com o universo informacional e sua dinâmica, de
modo a proporcionar um aprendizado ao longo da vida.
(DUDZIAK, 2003, p. 28)
A autora ressalta também os objetivos que fornecem aos indivíduos:
● Sabedoria para entender a sua necessidade de informação, bem
como, possuir habilidade de inteligência para decisões.
● Conhecimento de mundo informacional e capacidade de identificar
e usar potenciais fontes de informação de forma eficiente e eficaz.
● Capacidade de avaliação crítica das informações, observando a
sua relevância, pertinência, lógica e ética. Aplicando estratégias
para suas escolhas, estabelecendo valores.
● Utilize as informações de forma que alcance seu propósito
individual ou em grupo, gerando novos conhecimentos para assim
criar novas necessidades.
● Considerar as implicações das suas ações e conhecimento,
entendido as dimensões ética, política social e economia.
● Capacidade de aprender sozinho e ao longo da vida (DUDZIAK,
2003, p. 28-30).
O manifesto da UNESCO (2008, tradução nossa, p. 7) define a competência
informacional como "a capacidade das pessoas para: Reconhecer suas necessidades de
informação; Localize e avalie a qualidade da informação; Armazene e recupere
informações; Fazer uso efetivo e ético da informação; e Aplicar informações para criar e
27
comunicar conhecimento". As diretrizes apresentam também elementos necessários
para a que se construção de competências:
● Reconhecer as necessidades de informação4. A consciência de que a
informação é necessária para resolver problemas no local de trabalho,
compreender as necessidades cívicas e prover saúde e bem-estar da família e
da comunidade é o primeiro componente da IL.
● Localizar e avaliar a qualidade das informações5. As habilidades necessárias
para localizar as informações dependem do contexto em que uma pessoa está
aplicando suas habilidades de IL. Dentro local de trabalho, as informações
podem estar localizadas em manuais, em códigos publicados de prática ou em
bancos de dados dedicados.
● Armazenar e recuperar informações6. As pessoas sempre apreciaram a
importância de armazenamento de informações e sua recuperação para uso
posterior. Os povos indígenas geralmente têm locais sagrados onde tais
informações são armazenadas e acessadas para serem transmitidas cada
geração.
● Faça uso efetivo e ético da informação7. Eficácia da informação É provável
que esse uso seja englobado em pesquisas de solução de problemas e de
pensamento crítico, como bem como em aspectos da alfabetização.
● Comunicar conhecimento8. O propósito da IL é permitir que as pessoas criem e
usar novos conhecimentos e, portanto, esse componente representa o produto
da prática de IL.(UNESCO, 2008, tradução nossa, p. 12-13)
4 Recognise Information needs. The awareness that information is required to solve problems in the
workplace, to understand civic needs, and to provide for the health and well being of family and
community is the fi rst component of IL. 5 Locate and evaluate the quality of information. The skills required to locate information depend on the context in which a person is applying their IL skills. In the workplace, the information may be located in manuals, in published codes of practice, or in dedicated databases. 6 Store and retrieve information. People have always appreciated the importance of storage of
information and its retrieval for later use. Indigenous people often have sacred places where such
information is stored and accessed to be transmitted to each generation. 7 Make effective and ethical use of information. Effectiveness of information use is likely to be
encompassed in surveys of problem solving and critical thinking, as well as in aspects of literacy 8 Communicate knowledge. The purpose of IL is to enable people to create and use new knowledge and hence this component represents the product of IL practice.
28
Campello (2003) cita um documento emitido pela American Association Of
School Librarians/ Association For Educational Communications And Technology, de
grande importância a para essa nova percepção de competência informacional, o
documento chama Information Power e apresenta um conjunto de recomendações
relevantes a competência informacional, classificando quais as habilidades que o
indivíduo precisa possuir para se considerar competente. As habilidades estão divididas
entre: competência para lidar com a informação; informacao para aprendizagem
independente; informacao para responsabilidade social. A partir disso, em um quadro a
autora descreve cada categoria, apresentando como normais para competência
informacional.
Quadro 3 - O poder da informação: construindo parcerias para aprendizagem
Fonte: Campello (2003, p. 32)
29
Belluzzo (2004, p. 18) afirma que a information literacy é o preparo que o
humano tem para lidar com as suas necessidades informacionais, ao pode acessar,
avaliar organizar e, por fim, transformá-la em conhecimento, o que a autora chama de
"aprendizado ao longo da vida".
A essência sobre o termo competência informacional está vinculada ao
conhecimento no decorrer da vida, ou seja, uma construção contínua sobre os saberes,
contribuindo e definindo a tomada de decisões dos indivíduos. Orelo, Vitorino (2012),
entende que as definições envolvidas no contexto da competência informacional
incluem as habilidades do manuseio das informações, tais como a identificação e
recuperação, que classifica como habilidades técnicas, e habilidades cognitivas que
envolvem a compreensão das informações que são pesquisadas, ou seja, a formação
de um pensamento, através de reflexão.
É evidente a importância da Competência Informacional para o
desenvolvimento humano, pois abarca o processo informacional,
que se inicia com a identificação da necessidade de determinada
informação até sua utilização, considerando, ainda, as
características intelectuais envolvidas, tais como: interpretação,
atribuição de significados, geração de novos conhecimentos e
aprendizado independente por toda a vida. Outra característica da
Competência Informacional é que o indivíduo competente em
informação, que aprendeu a aprender, consegue utilizar esses
recursos de tal forma que possibilita que os outros a sua volta
aprendam com ele, revelando, assim, a solidariedade entre os
sujeitos no compartilhamento de suas experiências. (ORELO;
VITORINO, 2012, p. 49).
Diante dos conceitos apresentados para competência informacional, cabe
enfatizar que, dimensões alcancem pelos indivíduos competentes em informações.
Vitorino, Piantola (2011) apresenta quatro dimensões: dimensão técnica, dimensão
estética, dimensão ética e dimensão política, como componentes que juntos compõem
a significava do termo.
● Dimensão Técnica implica nas habilidades desenvolvidas pelos indivíduos, ou
seja, na habilidade deles na resolução de problemas. A maioria dos conceitos
30
encontrados sobre competência informacional está ligada a dimensão técnica,
pois é ela que vai aprimorar o sujeito competente em informação.
● Dimensão Estética implica ao indivíduo a conexão a sua percepção e
sensibilidade, processo que ocorre no sujeito ao ter contato com a informação,
no seu interior de forma individual, porém, que reflete ao âmbito coletivo. A
estética está ligada ao entendimento da informação, o indivíduo competente
aperfeiçoa a imaginação e o autoconhecimento, buscando assim uma harmonia
e beleza ao contexto de coletividade.
● Dimensão Ética implica em usar a informação de forma responsável, praticando
o pensamento do bem coletivo. Propõe ao indivíduo competente autonomia e
julgamento crítico, provocando um a análise de suas ações enquanto a seu
individual e principalmente no coletivo, capaz de tomar decisões assumindo uma
postura crítica diante da informação, apontando valor.
● Dimensão Política implica ao indivíduo a cidadania, visando à participação ativa
e responsável do sujeito nas decisões sociais, ou seja, capaz de exercer seus
direitos e deveres de forma consciente para sua comunidade. O sujeito
competente possui um alto grau de crítico enquanto as implicações políticas,
sabendo usar a informação a superar barreiras interferindo na realidade.
Quadro 4 - Resumo das caracteristicas das dimensoes da competencia informacional
Fonte: Vitorino, Piantola (2011)
31
Conclui-se que, a competência informacional é imprescindível para os indivíduos
conhecidos também como usuários pela Biblioteconomia e Ciência da Informação. O
carácter social, político e ético da competência informacional contribuem para a
formação de cidadãos capazes de discernir e disseminar informações de forma
consciente e responsável, cooperando para uma sociedade mais informada.
3.1 Competência informacional a partir de bibliotecas escolares
O papel da biblioteca escolar está inerente à missão da instituição em que a
mesma está inserida, ou seja, disponibilizar material e recursos necessários para a
formação dos indivíduos como cidadãos. Diante disso, uma biblioteca dinâmica, que
disponibiliza de diversas ações para atrair o seu usuário, torna-se visível a sua
comunidade, servindo como uma ponte para a construção do saber adaptando suas
atividades de forma estratégicas, para a educação dos seus usuários. A mudança do
paradigma da educação ocasionou em um novo modelo de ensino e aprendizado, esta
nova realidade chegou ao ambiente da biblioteca escolar, configurando novas funções
enquanto centro informacional.
Segundo Campello (2005) a educação proposta pelos Parâmetros Curriculares
Nacionais (PCN) enxerga a biblioteca como espaço para promoção da leitura e também
como um estoque de conhecimento de profunda importância para os alunos
aprenderem permanentemente. Assim, a biblioteca escolar, é um centro de educação, e
a partir dos produtos e serviços prestados a sua comunidade, e que possibilita a
formação aos seus usuários de habilidades e competências para utilizar as
informações. Diante disso, é preciso criar programas em que, os bibliotecários em
conjunto com os professores, familiares, administradores da escola, entre outros, para o
objetivo comum, educar e avaliar os alunos, constatando o impacto da biblioteca como
centro de aprendizado ao longo da vida.
Para alcançar este objetivo é necessário planejar estratégias visando elaborar
práticas para o desenvolvimento de habilidade informacionais. Campello (2009)
32
descreve três instrumentos da competência informacional, que auxilia nas práticas e no
desenvolvimento de programas eficientes para escolas, caracterizando como:
● Parâmetros para habilidades informacionais - O objetivo é auxiliar na
implementação e avaliação dos programas, diante disso, ela expõe o mais
importante documento sobre a competência informacional o Information Power.
As diretrizes do documento, buscas ressaltar as habilidades de uso e avaliação;
aprendizado independente e responsabilidade social, além de apresentar níveis
basic, proficient, exemplary ao desenvolvimento das competências.
● Estruturas para aprendizagem do processo de pesquisa - Auxilia no
processo de pesquisa na escola, recomendando o uso do Big6, o mesmo foi
desenvolvido por bibliotecários, e é estruturado em 6 passos que percorrem
inicialmente a identificação do problema e quais as necessidade, passando para
a identificação e escolha das fontes de informação, interpretando e sintetizando
assim o conteúdo para finalmente avaliar o produto.
● Avaliação da aprendizagem das habilidades informacionais - Para embasar
avaliação de serviços prestados pela biblioteca escolar, busca-se medir o nível
de aprendizagem dos alunos encontrados nos programas implementados, para
isto, sugere-se utilizar o SLIM (School Library Impact Measure) por um grupo de
pesquisadores do CISSL que consistem em um conjunto de estrategistas, o
mesmo foca em uma reflexão sobre o estudante e sobre seu aprendizado.
Consiste em três etapas: início, meio e fim específicas do processo, buscando
explorar o conhecimento prévio sobre o assunto o interesse sobre o tema, as
facilidades e dificuldade encontradas e a percepção final sobre o que aprendeu.
(CAMPELLO, 2009, p. 77-83)
Partindo desses princípios, é necessário promover práticas que desenvolvam a
consciência de competência informacional nos aluno. Para Inácio (2016, p. 26) "a
biblioteca escolar com um planejamento criterioso de suas atividades pode oferecer
33
serviços de apoio à aprendizagem alcançando objetivos significativos. No entanto, é
interessante que as atividades que forem realizadas com os alunos, faça com que eles
conheçam os serviços da biblioteca no que se refere à pesquisa, estudo, recreação e
orientação pessoal".
Kuhlthau (2004) apresenta uma sequência de atividades que contribui para
formação de habilidades informacionais em alunos a partir das bibliotecas escolares.
Consiste em um programa de tarefas, em que a autora respeitando o desempenho
cognitivo de cada faixa etária busca formar competências nos alunos. Diante disso,
classifica esse processo em 3 fases:
FASE I - Preparando a criança para usar a biblioteca: contempla crianças de 4
a 6 anos de idade que estão em fase de alfabetização. Na 1 etapa - consiste em um
programa que levará a criança conhecer a biblioteca, procurando incentivar o interesse
pelo espaço. Na 2 etapa - promove o envolvimento das crianças com as diversas
narrativas de histórias, familiarizando elas com as histórias através de contações.
FASE II - Aprendendo a usar a os recursos informacionais: contempla
crianças de 7 a 10 anos de idade, e propõe atividade para desenvolver habilidades para
o uso dos recursos informacionais. Na etapa 1 - pratica a leitura, na etapa 2- expandir o
interesse literário, na etapa 3 - preparar as crianças para o uso dos recursos de forma
independente e, por fim, a etapa 4 - a busca por informações de trabalhos escolares.
FASE III - Vivendo na sociedade da informação compreende as séries finais
de ensino fundamental: Contempla crianças de 11 aos 14, propõe um preparo
preparar as crianças para conviver na sociedade da informação. Na etapa 1 - conduz as
crianças ao uso dos recursos informacionais independente. Na etapa 2 - as crianças
entendem o ambiente informacional.
Considerando o modelo de Carol Kuhlthau, é possível a criação de programas de
desenvolvimento da habilidade em escolas, Spudeit, et al (2017, p.895), desenvolveu um
programa de criação, implementação e avaliação de competências, com alunos do
34
ensino fundamental, com objetivo de desenvolver nos alunos habilidades de
competência informacional, mais especificamente:
a) Mapear e analisar os programas de competência de informação
existentes na literatura.
b) Construir um programa que vise o desenvolvimento de competências
em informação no âmbito escolar.
c) Implementar o programa em uma escola pública na cidade do Rio de
Janeiro.
d) Avaliar o programa para verificar a eficácia e eficiência do mesmo.
O programa é construído por etapas, com base nas diretrizes da IFLA e da
UNESCO, entre outras referências sobre a área, às atividades foram pensadas em
torno das habilidades necessárias para um indivíduo competente em informação.
Quadro 5 - Programa de competência informacional com alunos do ensino fundamental, Parte 1.
Fonte: (SPUDEIT, et al, 2017, p.900).
35
Quadro 6 - Programa de competência informacional com alunos do ensino fundamental, Parte 2.
Fonte: (SPUDEIT, et al, 2017, p. 900).
O programa possibilitou aos alunos habilidade de uso, busca, seleção, avaliação,
análise, interpretação, comunicação da informação, visto que, isto são habilidade que
serão utilizadas ao longo da sua vida, como ferramenta para a resolução de problemas.
Cavalcante e Bonalumi (2014, p.103-110), realizaram um estudo comparativo
com os perfis de dois bibliotecários e os programas de desenvolvimento a partir da
competência informacional por meio de atividades educativas, analisando sobre a
“Categoria Desenvolvimento da Competencia Informacional por meio de Atividades de
Educacao de Usuarios”, com subcategorias distintas.
A primeira categoria e as suas subcategorias: Bibliotecário como educador,
Conhecimentos necessários ao bibliotecário educador, Conhecimento sobre
Competência Informacional, foi percebida pelas autoras através das entrevistas
exploratórias que os bibliotecários possuem a consciência de suas funções educativas,
entendo a função pedagógica da biblioteca escolar, porém, percebendo que são
necessários aos bibliotecários escolares conhecimentos sobre a educação e de se
36
manter sempre atualizado, contribuindo para a formação de alunos. Quando indagados
sobre a competência informacional os bibliotecários percebem que é necessário este
conhecimento para lidar com as novas tecnologias de informação, entendendo também
como atitudes e ideias que contribuem para a resolução de problemas.
Na segunda categoria foi usado como parâmetro as seguintes subcategorias:
Acesso e uso, Construcao do conhecimento pautados na etica e responsabilidade
social, Necessidades de informacao dos usuarios, Compartilhamento do Conhecimento
Produzido, Normalizacao dos trabalhos e formas de apresentacao, Construcao dos
processos de busca e recuperacao de informacões, Organizacao da informacao. No
geral as bibliotecas exercem suas funções educativas e instrui bem seus usuários com
base na competência informacional, o que resulta na contribuição de uma visão positiva
das bibliotecas escolares e a integração das mesmas no processo educativo nas
instituições de ensino (CAVALCANTE; BONALUMI 2014).
Diante das atividades que podem ser oferecidas pelas bibliotecas escolares com
vistas ao desenvolvimento da competência informacional, considera-se que outras
habilidades e conhecimentos são requeridos dos bibliotecários. Nessa direção Castro
Filho (2016, p. 254) declara que:
Portanto, o trabalho nas bibliotecas escolares exige do profissional que nela atua mais do que saber organizar e classificar os materiais do acervo – exige atributos como: colaboracao e parceria entre bibliotecas; cultura de captura e compartilhamento do conhecimento; trabalho em equipe incluindo profissionais de outras areas de conhecimento; e adocao de praticas de gestao do conhecimento e de um novo estilo de gestao da biblioteca (CASTRO FILHO, 2016, p. 254).
Em suma, a biblioteca escolar pode ser vista como uma ponte para a formação
de competência informacional nos indivíduos, visto que, a partir de novas perspectivas
enquanto as funções pedagógicas da biblioteca e do bibliotecário, ambos colaboram
para o desenvolvimento e consolidação do aprendizado ao longo da vida. A biblioteca
escolar, portanto, é um ambiente transformador e de novas práticas, que possibilitam
aos seus usuários de novas competências para conviver na nova sociedade da
informação.
37
4. BIBLIOTECÁRIO ESCOLAR NO DESENVOLVIMENTO
COMPETÊNCIA INFORMACIONAL
O avanço da tecnologia de informação e comunicação ocasionou uma revolução
na educação, concebendo novas percepções, visto que, anteriormente, o processo
educacional era centralizado no professor, uma nova visão foi implementada, agora
com os alunos como foco principal desse processo. Desta forma, o surgimento do termo
competência informacional trouxe aparato as novas práticas a educação, segundo
Dudziak:
A educação voltada para a competência em informação é aquela
que valoriza tais práticas, socializa o acesso à informação, ao
conhecimento e ao aprendizado. Incentiva a participação ativa da
comunidade (ou seja, seu comprometimento) na definição de
objetivos educacionais. Busca o aprendizado enquanto processo
de conteúdos significativos. Enfatiza a integração curricular e a
educação baseada em recursos. Adota práticas pedagógicas
voltadas para a construção de conhecimento, o aprendizado
independente e o aprendizado ao longo da vida, a partir da
elaboração de projetos de pesquisa e da resolução de problemas
(DUDZIAK, 2003, p. 32).
Neste novo paradigma, é importante ressaltar a relevância do profissional da
informação, que mediante as suas habilidades é capaz de lidar com as necessidades
informacionais dos usuários, proporcionando assim o acesso ao conhecimento de
forma mais eficiente. Um exemplo deste profissional, é o bibliotecário que desde o
princípio teve as suas funções atreladas à informação, possuindo como base a) práticas
tecnicista: que consistem em selecionar, classificar, organizar e armazenar a
informação, e b) práticas de mediação da informação: auxílio prestado aos usuários no
processo de busca para informação, tornando-se peça fundamental no processo de
desenvolvimentos de habilidades aos usuários da nova sociedade do conhecimento.
Ribeiro et al (2011, não paginado) ressaltam que:
[...] sendo o bibliotecário o profissional conhecedor das técnicas
de tratamento, organização e disseminação da informação, apto a
trabalhar com a informação nos mais variados suportes e, além
38
disso, com o entendimento real do verdadeiro papel de uma
biblioteca, certamente será a pessoa mais capacitada para
trabalhar em uma biblioteca escolar que é a unidade de
informação responsável por interiorizar o hábito de leitura e
incentivar o uso da biblioteca.
Neste contexto, o bibliotecário assume uma nova postura, cooperando de forma
ativa no processo de educação a sua comunidade. Dudziak (2003, p. 33) afirma que o
bibliotecário como agente educador pode iniciar os "processos culturais de
transformação da educação e da comunidade educacional e social. A biblioteca
enquanto instituição multicultural, pluralista e aprendente é a base desta transformação.
O bibliotecário deve direcionar seu trabalho para a mediação de aprendizado, que é
definida a partir de quatro conceitos", a saber:
● Intencionalidade (que ocorre quando o bibliotecário educador direciona a
interação e o aprendizado);
● Reciprocidade (quando o bibliotecário está envolvido em um processo de
aprendizado, ambos aprendem);
● Significado (quando a experiência é significativa para ambos);
● Transcendência (quando a experiência vai além da situação de aprendizagem, é
extrapolada para a vida do aprendiz) (DUDZIAK, 2003, p. 33).
Segundo Campello (2003), as funções educativas na biblioteca, surgiu com o
serviço de referência, conjunto de atividades que instrui-a o uso da informação.
Entretanto esses serviços e produtos ainda eram centralizados no professor das
bibliotecas escolares, com as diretrizes para bibliotecas escolares da American
Association of School Librarians - AASL, influenciada pelo termo Information Literacy,
passou a entender que o profissional bibliotecário em comunhão com as práticas
curriculares deveria sim, fazer parte dos programas educacionais. As qualificações do
bibliotecário de uma biblioteca escolar incluem assim:
• ensino e aprendizagem, currículo, ensino: planificação e execução; • gestao do programa - planeamento, desenvolvimento/ design, implementação, avaliação/ melhoria;
39
• desenvolvimento de colecao, arrumacao, organizacao, recuperação; • processos de informacao e comportamentos - literacia, literacia da informação, literacias digitais • motivacao para a leitura; • conhecimento de literatura para criancas e jovens; • conhecimento das deficiencias que afetam a leitura; • competencias de comunicação e colaboração; • competencias digitais e mediaticas; • etica e responsabilidade social; • servico para o bem público - prestação de contas ao público/ sociedade; • compromisso com a aprendizagem ao longo da vida atraves do desenvolvimento profissional contínuo; e • familiarizacao com a area da Biblioteconomia escolar e com a sua história e valores. (IFLA, 2015, p.31-32)
Diante disso, as funções que o profissional deve exercer apontado pela IFLA
(2015, p.32) são: "[...] ensino, gestão, liderança e colaboração e envolvimento da
comunidade."
● Ensino - O bibliotecário deve promover a leitura; desenvolver capacidade
informacionais, apresentando as informações aos seus usuários; proporcionar
aprendizado em torno da resolução de problemas formando pensamento crítico;
uso do recurso tecnológicos; apoio aos professores e sua formação.
● Gestão - O bibliotecário deve otimizar a utilização da biblioteca,
organizando seus recursos informacionais, humanos, físicos, além da suas
funções pedagógicas.
● Liderança e Colaboração - O bibliotecário deve colaborar para a missão
da instituição onde esteja inserido, deve estreitar a relação entre sala de aula e
biblioteca, contribuindo para o conhecimento e as competências em relação a
informação, ajudando para as atividades de ensino e aprendizado.
40
● Envolvimento da comunidade - O bibliotecário deve desenvolver suas
atividades pensando em sua comunidade, integrado à família, escola, professores
e alunos, promovendo a cultura, bem-estar, educação e democracia. (IFLA, 2015)
A competência informacional nesse sentido, tornou-se um suporte para os novos
padrões curriculares educacionais, tendo em vista, que seu principal fundamento é
instruir os indivíduos a lidar com a quantidade de informação existente, de forma
eficiente e eficaz. Dudziak (2003) evidencia que nos novos projetos educacionais o
planejamento e as ações, busca centrar a educação no aprendiz, para assim, facilitar o
processo percorrido por ele na construção de conhecimento e cidadania.
O bibliotecário como agente/mediador de competência informacional necessita
segundo Castro Filho (2016, p. 256) de habilidades para atuar na biblioteca diante
desses novos padrões:
[...] a) ter consciencia do seu papel como agente de transformacao social; b) ter a informacao como objeto de trabalho e pesquisa; c) elaborar e trabalhar novas metodologias de tratamento da informacao; d) participar do planejamento de politicas públicas e de informacao para o pais; e) otimizar o uso das telecomunicacões e das tecnologias de informacao e comunicacao; f) ser um profissional aberto e critico, com capacidade de se adaptar as mudancas, uma vez que tanto os suportes informacionais como os canais de acesso, disseminacao e transferencia da informacao estao constantemente em mutacao.
O bibliotecário, portanto, é peça fundamental para formação de competências
informacionais nos indivíduos, tendo em vista a sua habilidade perante os suportes
informacionais e a sua capacidade para mobilizar os conhecimentos acerca do
aprendizado ao longo da vida. O bibliotecário da biblioteca escolar vai além das
competências de organização, armazenamento, classificação e catalogação dos
acervos, é requerido dele tais atividades e mais o desenvolvimento dos sujeitos, de
leitores, de cidadãos críticos que sejam competentes em informação.
41
5. METODOLOGIA
A caracterização da pesquisa se dá através dos procedimentos metodológicos,
nomeados de métodos científicos, segundo Lakatos (2003, p. 83) "[...] é o conjunto das
atividades sistemáticas e racionais que, com maior segurança e economia, permite
alcançar o objetivo - conhecimentos válidos e verdadeiros -, traçando o caminho a ser
seguido, detectando erros e auxiliando as decisões do cientista".
Os métodos são uma ferramenta científica que conduz os pesquisadores a uma
realidade sobre a seu estudo, demonstrando de forma qualitativa e quantitativa o
resultado do estado do fenômeno pesquisado. Portanto, validando ou não uma hipótese
prevista pelo trabalho científico, para assim contribuir para as diversas áreas científicas
do conhecimento humano.
Cabe ressaltar, que esta monografia tem como estratégia de pesquisa o estudo
de caso, Yin (2005, p 32) define “um estudo de caso e uma investigacao empirica que
investiga um fenômeno contemporâneo dentro de seu contexto de vida real,
especialmente quando os limites entre o fenômeno e o contexto não estão claramente
definidos.”
Nesta perspectiva, o estudo se deu de forma qualitativa levando em conta o real
estado de qualidade do objeto de pesquisa, assim, o trabalho partiu da hipótese de que
a presença do profissional bibliotecário no ambiente das bibliotecas escolares, implica
um impacto positivo na formação da competência informacional dos usuários em
questão. Por outro lado, a ausência do bibliotecário nas bibliotecas escolares causa,
por seu turno, um impacto negativo. Concentrando-se, aqui, em comprovar a primeira
hipótese, tendo em vista a escolha de uma biblioteca que tem a presença de uma
bibliotecária.
Diante disso, o presente trabalho, teve início através de um levantamento
bibliográfico, uma pesquisa na literatura sobre os temas biblioteca escolar, competência
informacional e suas conexões com o intuito de conscientização histórica e
conceituação a fim de embasar as concepções dispostas neste estudo. Depois da
leitura que compõe a revisão de literatura, partiu-se para a pesquisa de campo, na
Biblioteca Escolar Visconde de Sabugosa com intuito realizar a composição da coleta
42
de dados, extraindo particularidades do objeto de pesquisa, sendo assim possível
analisar durante a convivência no ambiente de pesquisa, suas características e
funcionamento, além da aplicação de uma entrevista estruturada contendo quatro
questões discursivas (VER APÊNDICE B) com a coordenadora e bibliotecária da
biblioteca. Sobre a entrevista como coleta de dados Yin (2005, p. 118) esclarece que:
As entrevistas constituem uma fonte essencial de evidências para os estudos de caso, já que a maioria delas trata de questões humanas. Essas questões humanas derivariam ser registradas e interpretadas através dos olhos de entrevistador específicos, e respondentes bem-informados podem dar interpretações importantes para determinada situação.
A observação também foi uma fonte de evidência para este estudo, segundo
Marconi e Lakatos (2003, p. 193) a tecnica “[...] o pesquisador toma contato com a
comunidade, grupo ou realidade estudada, mas sem integrar-se a ela: permanece de
fora. Presencia o fato, mas não participa dele; não se deixa envolver pelas situações;
faz mais o papel de espectador. Isso, porém, não quer dizer que a observação não seja
consciente, dirigida, ordenada para um fim determinado. O procedimento tem caráter
sistemático”. Todavia, o método de observação elegido foi o não participante, isto se
deu em virtude do distanciamento com os alunos/usuários da biblioteca.
Portanto, nesta perspectiva, a observação (sem a interação com os sujeitos) foi
realizada durante o primeiro semestre de 2018, em conjunto com o estágio obrigatório
do curso de Biblioteconomia. Nesse período foi possível observar o planejamento e
execução dos produtos e serviços oferecidos pela biblioteca, além da implementação
de projetos para o desenvolvimento de competências informacionais sendo possível
observar o impacto do mesmo no ambiente escolar e na sua comunidade.
43
6. CARACTERIZAÇÃO DO OBJETO DE PESQUISA
O objeto de estudo deste trabalho é a Biblioteca Visconde de Sabugosa, que faz
parte do Sistema de Bibliotecas (SISBI) da UFRN, que é responsável por coordenar as
atividades técnicas e administrativas de todas as bibliotecas setoriais. Na atualidade o
SISBI/UFRN é constituído pela Biblioteca Central Zila Mamede (BCZM) - que coordena
e fiscaliza as atividades técnicas das demais unidades de informação do sistema,
atualmente com número de 23 bibliotecas setoriais.
A Biblioteca Visconde de Sabugosa fica localizada no Núcleo de Educação da
Infância (NEI), escola reconhecida de aplicação e referência, que pertence a instituição
da UFRN. O NEI originou-se da resolução 55/1979 COSUNI, de 17 de maio de 1979
que a nomeou de Núcleo, posteriormente uma outra a Resolução 55/1979 – COSUNI,
de 17 de maio de 1979, que implementou a nomenclatura Núcleo de Educação da
Infância (NEI), a priori tinha suas funções voltadas à creche com intuito de atender o
público feminino da UFRN. No entanto, devido ao alto custo de se manter como creche
foi instalada como pré-escola. Em 2002 foi regularizada como Educação infantil que
contempla os berçários e a pré-escola, e o Ensino fundamental.9
O NEI possui uma proposta pedagógica diferenciada, construída através do
comprometimento com o papel de mediação entre as relações e experiências dos
conhecimentos da criança em torno na sociedade e os contextos nela contidos. Diante
disso, lista princípio em que a criança é entendida como um ser social é necessário,
capaz de respeitar seu desenvolvimento físico e cognitivo.
O objetivo da instituição é contribuir na criação de um ambiente que dê
oportunidade e interação às crianças entre adultos, afirmando-as como indivíduos
coletivos: favorecendo assim aspectos (social, afetivo, cognitivo e motor); estimulando a
curiosidade frente às questões do mundo; dando oportunidade de vivenciar situações
para a construção do conhecimento; ligados às experiências a diversas áreas do
conhecimento para assim construir formas de representação e expressão do seu
conhecimento para desenvolver a sua consciência do seu conhecimento.
9 As informações desta página foram retiradas do site do NEI. Disponível em: http://www.nei.ufrn.br/.
44
A metodologia da escola é pensada pela ação pedagógica que se dá via tema de
pesquisa, cada turma no início do ano letivo escolhe seu tema com base nas
experiências e sugestões dos alunos. A partir disso, todas as atividades serão em torno
do tema escolhido, sendo articulado em três eixos: o contexto sociocultural, a estrutura
dos conhecimentos de área e os processos de construção de conhecimentos nas
crianças.
A Biblioteca Escolar do NEI teve sua origem através de um projeto entre
professores e alunos que sentiram a necessidade de uma unidade de informação na
escola. Diante disso, uniu sua coleção de livros com intuito de promover a leitura, e
assim denominou o espaço como Biblioteca Visconde de Sabugosa, porém, com
passar do tempo notou-se outra necessidade, a de uma organização para o seu acervo
que deveria ser realizada por um profissional adequado para o ambiente, tendo em
vista as várias dificuldades na recuperação das informações.
Figura 1 - Biblioteca Visconde de Sabugosa
Fonte: arquivo próprio (2018)
O horário de funcionamento das servidoras é de segunda a sexta de 07:00 horas
às 17:00 horas, mesmo horário de funcionamento da instituição que se encontra
45
inserida. Em relação a sua equipe, a biblioteca possui no quadro de funcionários, duas
assistentes administrativas e uma bibliotecária formada pela UFRN e mestra em
linguística.
A biblioteca disponibiliza diversos serviços a sua comunidade como:
empréstimos, computador para consulta, visitas programadas, levantamento
bibliográfico, normalização de trabalhos entre outros.
A biblioteca possui um espaço físico baste amplo atendendo ao princípio de um
espaço coletivo, oferecendo excelentes oportunidades para as práticas escolares. A
estrutura conta com climatizadores e iluminação adequada. Mobiliada com mesas para
estudo em grupo e leitura dos livros, do tamanho adequado à estatura das crianças.
Possui também três computadores sendo um disponibilizado para consultora e dois
para trabalhos de circulação e processamento técnico entre outras funções de
gerenciamento da biblioteca.
Figura 2 - Mesas para estudo
Fonte: arquivo próprio (2018)
O acervo da biblioteca é composto por cerca de 7 mil volumes contendo entre
livros, folhetos, dicionários e enciclopédia, e periódicos. Dispõe também de várias
coleções: gibis; histórias infantis; historias com palitoches; historias infanto-juvenis; e
46
acervo destinado para professores. Os materiais estão disponíveis para professores,
funcionários e alunos (do berçário, educação infantil e ensino fundamental), atendendo
além da sua comunidade escolar, a comunidade geral da Universidade Federal do Rio
Grande do Norte.
Figura 3 - Coleção Infantil
Fonte: arquivo próprio (2018)
Figura 4 - coleção de gibis e trabalhos produzido pelos alunos do
NEI
Fonte: arquivo próprio (2018)
A organização do seu acervo é feita pela classificação universal decimal (CDU),
utilizando também uma segunda chamada através de cores, nos livros infantis e
infanto-juvenil no intuito de simplificar a sua sistematização, facilitando a busca e
pesquisa na unidade de informação. O acervo encontra-se alocado em 17 estantes de
madeira com tamanho adequado para a estatura das crianças (livros infantis e infanto-
juvenil) e 11 estantes de ferro, destinadas ao acervo especializado da educação
(voltado para professores e funcionários), equipamento para contação de histórias
(fantoches, teatro de sombras, entre outros) e materiais ainda não trabalhados.
47
Figura 5 - Estantes com coleções infanto-juvenil
Fonte: arquivo próprio (2018)
Figura 6 - Estantes com coleção especializada da educação
Fonte: arquivo próprio (2018)
O serviço de empréstimos funciona com as mesmas características das demais
bibliotecas do sistema SISBI, distinguindo-se apenas no empréstimo infantil, que
consiste em: a) um livro por vez no prazo de 7 dias, e no b) personalizado disponível
para o professor que fica por 6 meses com o material, para o projeto em sala ciranda
de leituras. As suspensões por atraso é aplicada da mesma forma para as crianças,
desenvolvendo nelas a responsabilidade e cidadania.
A biblioteca é totalmente automatizada pelo sistema SIGAA, que foi
desenvolvido pela superintendência de informática da UFRN em conjunto com os
bibliotecários. O sistema atende de forma completa a unidade de informação,
encontrando dificuldade apenas no processo de compras, por algumas questões
48
burocráticas, como, por exemplo, limitações na aquisição dos livros infantis. Por
pertencer a uma universidade, os livros de leitura infantil tende a não conter o mesmo
peso dos exemplares que compõe os planos de ensino dos cursos de graduação e
pós-graduação da Universidade.
Quanto à frequência, as estatísticas de uso da biblioteca são bem positivas, as
crianças possuem um vínculo bem ativo na biblioteca, havendo uma política de visitas
acordada no início do ano, que consiste em uma visita por semana das turmas à
unidade de informação, contribuindo para familiarização do espaço.
A Biblioteca Visconde de Sabugosa é um lugar de grande importância para a
escola do NEI, e contribui para a educação oferecendo suportes de excelência para a
formação de conhecimento da sua comunidade escolar.
49
7. ANÁLISE DOS RESULTADOS
Conforme o referencial teórico desde trabalho, neste capítulo analisa-se os
dados extraídos na Biblioteca Visconde de Sabugosa do colégio NEI, por meio das
estratégias de entrevista estruturada e da observação, com intuito de verificar as
vivências desenvolvidas pela unidade de informação escolar a respeito da competência
informacional.
7.1 A competência informacional na biblioteca: perspectiva da bibliotecária
A entrevista foi iniciada a partir da questão: o que você entende por competência
informacional, mediação da informação e o papel do bibliotecário como educador? A
bibliotecária entrevistada afirma que se trata de uma prática de uso da informação a
seu favor, ou seja, a capacidade de entender a sua necessidade, encontrar, refletir,
avaliar e usar no momento certo. Portanto, a competência informacional se torna
imprescindível para os indivíduos, consiste em conhecimento ao longo da vida. Tal
compreensão vai ao encontro das autoras Orelo e Vitorino (2012, p. 46):
[...] Vive-se, hoje, em um ambiente onde a informação é componente básico no processo de evolução econômica e social. Para que o indivíduo possa viver em uma sociedade culturalmente capitalista, mantendo o equilíbrio necessário para viver com serenidade, ele precisa desenvolver habilidades informacionais, comportamentais e atitudes que lhe possibilitem adquirir conhecimentos necessários para o seu desenvolvimento pessoal, profissional, cultural e social.
Diante disso, quando indagada se a Biblioteca Escolar Visconde de Sabugosa
contribui para o desenvolvimento de competências informacionais, a entrevistada
reconheceu que sim, porém aponta que a unidade informacional necessita de mais
ações em prol da educação informacional dos seus usuários. A criação de programas
de desenvolvimento de competência informacional requer tempo e um planejamento.
Mata, Cassaro e Casarino (2014, p. 178) afirmam que a implementação de um
programa desse tipo exige um planejamento, buscando estratégia que delimite qual
será a missão, objetivo, metas, fundamento teórico, recursos humanos, recursos físicos
50
e financeiros e atividades avaliativas. É necessário definir cada passo, o que servirá
para a tomada de decisões, o que levará aos resultados finais conforme almejado.
A bibliotecária coordena a biblioteca a pouco mais de um ano, contudo, ao ser
interrogada das atividades que a biblioteca promove e que contribui para competência
informacional, a mesma descreveu várias atividades desenvolvidas como: contação de
histórias com diferentes suportes; ações culturais com autores de livros infantis;
apresentações teatrais; musicais entre outros; atividades de orientações quanto ao uso
da biblioteca e ao sistema informacional desenvolvidos com crianças e adultos. As
práticas sempre levam em conta a idade das crianças, sendo planejado de acordo com
a capacidade dos envolvidos, da faixa etária.
As práticas descritas pela biblioteca reafirma a função educativa da biblioteca
escolar. De acordo com Cavalcante e Bonalumi (2014, p. 104) "o bibliotecário escolar
estará atuando como um educador – mediador ao realizar atividades culturais as quais
fomentam a aprendizagem e atividades que transformam o ambiente da biblioteca em
um local onde a socialização é incentivada."
A bibliotecária foi questionada ainda sobre os pontos fortes e fracos da
Biblioteca, que apontou como pontos fortes a frequência dos usuários, o apoio
administrativo do colégio, a colaboração dos professores, a equipe da biblioteca unida
e que faz a biblioteca viva, além das características técnicas como a organização que
se adequa a necessidade de sua comunidade. O apoio entre professores, gestores e
bibliotecário é de grande importância para a biblioteca ser entendida como parte do
processo de educação.
Segundo Cavalcante e Bonalumi (2014, p. 96) a colaboração é importante para
que de fato aconteça à mediação da informação, esta profunda integração proporciona
ao bibliotecária a função de educador, colaborando para o plano pedagógico da escola.
Os autores ressaltam "[...] que por meio de ações voltadas à educação de usuários, o
bibliotecário pode exercer o seu papel educativo no desenvolvimento de habilidades
voltadas ao melhor aproveitamento das informações e por consequência contribuir à
aprendizagem dos usuários da biblioteca escolar, por meio da educação de usuários."
Quanto aos pontos fracos, a entrevistada relata que o acervo tem com pouca
variedade de outros suportes, além da ausência de computadores para pesquisa. A
51
ausência de pesquisa na biblioteca dificulta a metodologia de formação de
competências informacionais, tendo em vista que as tecnologias de informação e
comunicação são bases para este processo.
Sobre isso, Campello (2005) entende que o uso da internet promove fascínio
entre as crianças e jovem, isto contribui para uma nova forma de pensamento enquanto
a educação. A autora aponta ser necessário um planejamento das ações pedagógicas
adequadas com o uso de redes, validando ainda mais a presença do bibliotecário
nesse processo como mediador e filtro, da imensidão informacional existente na rede.
7.2 Na observação das práticas desenvolvidas pela biblioteca
Contação de histórias
A contação de histórias é uma prática de grande importância, contribuído para a
formação de significado nas crianças. Segundo Silva, Alencar e Bernardino (2017, p.
40) “desde os primórdios a contacao de história e uma das formas mais usadas de
comunicação. A contação transmite cultura, sentimentos, fantasia, promove interação
entre o contador e os ouvintes. Permite que a criança enquanto leitor construa suas
próprias concepcões acerca da leitura”.
A prática é desenvolvida pela Biblioteca Visconde de Sabugosa com as crianças
do berçário ao 5º ano, as turmas possuem um programa de visita à biblioteca que
consiste em pelo menos uma vez por semana, o fato contribui para a promoção das
atividades. As histórias são escolhidas de acordo com a faixa etária das crianças,
respeitando sempre o seu desenvolvimento cognitivo. São utilizados diversos gêneros
textuais com vários assuntos, busca-se junto com o aluno a construção de reflexões
sobre a história. São usandos como apoio de diversos recursos lúdicos como:
fantoches, palitoches, teatro de sombras, além de suportes digitais através de um data
show.
52
Figura 7- Narração com fantoche para a turma do berçário
Fonte: arquivo próprio (2018)
Figura 8 - Narração com suporte
digital
Fonte: arquivo próprio (2018)
No momento após a contação é trabalhado com as crianças a concepção de
avaliação das histórias e das informações encontradas nela, levando-os a algumas
conclusões próprias, aprendendo a aprender sozinho. Diante disso, neste momento
são aplicadas práticas: reflexivas sobre o que foi entendido da história, buscando o
desenvolvimento da comunicação das crianças; e a promoção de desenhos como, por
exemplo, a recriação de outros finais para as histórias.
Na perspectiva da competência informacional a prática de contação de história
contribui para familiarização das crianças com o espaço da biblioteca e com os
diversos suportes informacionais. Outro fator extraído das narrações é o
desenvolvimento de um pensamento crítico, formando nas crianças e a capacidade de
avaliação dos conteúdos a eles apresentados.
53
Tal ação reforça a biblioteca escolar como um espaço dinâmico, formado por
uma variação de recursos movimentada por atividades educativas, lúdicas e de leitura,
podendo promover novas maneiras de aprender, mais atraentes e polissêmicas,
aproximando os sujeitos de diferentes linguagens, sentidos e também de outros
sujeitos, superando práticas rígidas e desestimulantes encontradas frequentemente
nas escolas (CASTRO FILHO, 2016).
Leitor do mês
A leitura no processo de educativo é imprescindível e necessário para criar
hábitos de leitura nas crianças com intuito de potencializar a evolução do
conhecimento. Nascimento e Carvalho (2017, p. 2), compreendem que:
A biblioteca escolar deve ser um local mágico, dinâmico, encantador e alegre, tendo como função essencial desenvolver o gosto e o hábito da leitura, incentivando e estimulando a aprendizagem, a criatividade e a comunicação dos alunos da comunidade escolar em que está inserida, com atividades que possam ampliar a vivência cultural de seus usuários.
A biblioteca Visconde de Sabugosa promove com periodicidade a atividade de
leitor do mês, que consiste em analisar a assiduidade em que o aluno visita a biblioteca
nos seus momentos livre e a frequência em que realiza empréstimos. O sistema
automatizado da biblioteca emite a estatística de empréstimo, relatando qual criança
usou mais a biblioteca, posteriormente, é entregue ao aluno um certificado.
Figura 9 - Certificado do leitor do mês
54
Fonte: Arquivo próprio (2018)
A atividade contribui também para promoção do espaço da biblioteca, atraindo
mais usuários. Campello (2005, p. 23) a escola que pretendem investir na leitura como
ato verdadeiramente cultural não pode ignorar a importância de uma biblioteca aberta,
interativa, espaço livre para a expressão genuína da criança e do jovem.
Proporcionar a leitura na biblioteca escolar é desenvolver habilidades de
interpretação, capacidade importante para a competência informacional, é através dela
que o usuário extrai da informação necessária ao seu favor, sendo capaz de entendê-la
da forma eficiente e eficaz.
Programa de capacitação dos usuários
Conforme já visto, a competência informacional é a capacidade de uso da
informação que será utilizada continuamente na vida dos indivíduos. Lucca, Caldin e
Righi (2015, p. 196) reforcam que: “Por ser um movimento que estimula a
aprendizagem ao longo da vida, a Competência Informacional pode se desenvolver em
qualquer idade: infância, adolescência, senescência, porém de forma diferente, ao
observar os diferentes estagios de desenvolvimento cognitivo do ser humano.”
O programa de capacitação dos usuários da biblioteca Visconde de Sabugosa
apoia-se no desenvolvimento de competências informacionais dos indivíduos. A
55
atividade consiste em aulas expositivas sobre o que são fontes informacionais e o
sistema da organização de bibliotecas, no intuito de proporcionar um entendimento da
organização da informação e como buscá-la devidamente.
A partir disso, são programados encontros com as turmas de 4º e 5º ano do
ensino fundamental, com intuito de apresentar temas como; o que são e quais as
fontes informacionais existente na biblioteca; mostra do sistema de organização de
bibliotecas e habilidades de localização. A prática é importante para formação de
conhecimento dos alunos, além de auxiliar na pesquisa pedagógica. Tais ações vão ao
encontro da proposta de Kuhlthau (2004).
Figura 10 - Orientação da localização da biblioteca
Fonte: Arquivo próprio (2018)
Ademais, Campello (2005, p. 11) afirma que “a biblioteca escolar e sem dúvida,
o espaço por excelência para promover experiências criativas de uso de informação”.
Ao reproduzir o ambiente informacional da sociedade contemporânea, a biblioteca
56
pode, através de seu programa, aproximar o aluno de uma realidade que vai vivenciar
no seu dia-dia, como profissional e como cidadão.
57
8. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A competência informacional torna-se imprescindível para o indivíduo na
sociedade contemporânea. A capacidade de lidar com a informação transforma o meio
cultural, profissional e pessoal. O sujeito competente tem capacidade de resolver
problemas de forma responsável e crítica. A biblioteca escolar deve promover a
formação de competência informacional a sua comunidade, fazendo com que os
programas de desenvolvimento destas habilidades estejam incluídos e em comunhão
com a proposta pedagógica das instituições de ensino, potencializando o aprendizado
dos alunos.
O bibliotecário tem o compromisso de exercer funções educativas, contribuindo
de forma ativa no processo de ensino, entendendo a biblioteca escolar como uma
extensão da sala de aula, utilizando de ações estratégicas para atrair seus usuários,
promovendo a leitura, cultura, ética e cidadania, compreender que o trabalho técnico
não é atividade principal para o ambiente informacional escolar. O bibliotecário deve
buscar parcerias com professores, administradores e familiares, estreitando as
relações para melhor funcionamento do programa educacional.
Enquanto a pesquisa na Biblioteca Visconde de Sabugosa foi possível verificar
que a instituição de ensino NEI traz em seus princípios o desenvolvimento das crianças
enquanto cidadãos responsáveis, sendo um centro educacional para o processo de
aprendizado. A biblioteca por sua vez, contribui fomentando o ensino, através dos seus
recursos informacionais, e através da profissional bibliotecária, que promove atividades
que proporciona conhecimentos aos seus usuários.
Tendo em vista o referencial teórico apresentado neste trabalho, que conceitua e
descreve práticas de competências informacionais a partir de bibliotecas escolares,
percebe-se que a Biblioteca analisada vai ao encontro das ações discutidas na
literatura da área. A análise no ambiente da Biblioteca permitiu perceber as atividades
com vistas ao direcionamento para a capacitação de alunos para habilidades
informacionais, como, por exemplo: incentivo à leitura através da contação de histórias
de forma lúdica e, principalmente, o programa de capacitação do usuário enquanto ao
uso do espaço da biblioteca, o mesmo contribui para desenvolver nos usuário
58
habilidades para buscar, usar e avaliar as informações de forma adequada a sua
necessidade, este programa também instrui os alunos aos conhecimentos
informacionais usados ao longo da vida, em qualquer situação para resolução de
problemas. Um ponto a destacar enquanto as práticas promovidas pela biblioteca foi o
aumento na frequência dos usuários, dos empréstimos e do reconhecimento da
unidade no pela instituição e seus professores.
Em suma, as atividades promovidas na Biblioteca Visconde de Sabugosa para a
formação de competências informacionais dos alunos ainda se apresenta de forma
tímida, no entanto, cabe ressaltar a existência da consciência estimulada pela
bibliotecária enquanto a importância da temática para sua comunidade.
Diante disso, se confirma a hipótese de que o bibliotecário pode contribuir
positivamente no processo de ensino e aprendizado, sendo necessário na sua
formação disciplinas que lhe embasarão para as práticas de suas funções educativas.
Conclui-se que, o presente trabalho atingiu seu objetivo, evidenciando a
importância da biblioteca escolar e os programas de competência informacional para o
processo de aprendizagem dos indivíduos. Ressaltando também o bibliotecário escolar
como peça fundamental para os programas pedagógicos das instituições escolares.
59
REFERÊNCIAS
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APÊNDICE A
A BIBLIOTECA ESCOLAR - PROPOSIÇÕES EM TRAMITAÇÃO NO CONGRESSO
NACIONAL
Projeto de Lei nº 9484/2018
Altera a Lei nº 12.244, de 24 de maio de 2010, que dispõe sobre a universalização das
bibliotecas escolares nas instituições de ensino do País, para dispor sobre uma nova
definição de biblioteca escolar e cria o Sistema Nacional de Bibliotecas Escolares
(SNBE).
Autora: Laura Carneiro (PMDB/RJ).
Situação: Aguardando designação de relator na Comissão de Educação (CE).
Disponível em: http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao...
Projeto de Lei do Senado n° 94/2018
Altera a Lei nº 12.244, de 24 de maio de 2010, para estabelecer obrigação de construir
biblioteca escolar em todas as novas escolas públicas de educação básica.
Autora: Rose de Freitas (PMDB/ES).
Explicação da Ementa:
Inclui dispositivo com a obrigação de que dos projetos básicos para a construção de
escola conste a previsão de espaço físico para instalação de bibliotecas.
Situação: Matéria com o relator.
Disponível em: https://www25.senado.leg.br/.../materias/-/materia/132461
Projeto de Lei nº 7455/2017
Altera a Lei nº 12.244, de 24 de maio de 2010, que “Dispõe sobre a universalizacao das
bibliotecas nas instituicões de ensino do pais”, para tornar obrigatória a presenca de
títulos de autores locais nas bibliotecas escolares.
Autor: Pedro Fernandes (PTB/MA).
Situação: Aguardando designação de relator na Comissão de Constituição e Justiça e
de Cidadania (CCJC).
Disponível em: http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao...
Projeto de Lei do Senado nº 158/2016
Altera a Lei nº 12.244, de 24 de maio de 2010, para definir especificidades das
bibliotecas escolares em instituições que ofertem a educação pré-escolar, o ensino
fundamental e o ensino médio.
Autora: Regina Sousa (PT/PI).
Situação: Pronto para a pauta na Comissão de Educação, Cultura e Esporte.
Disponível em:
https://legis.senado.leg.br/sdleggetter/documento...
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APÊNDICE B
ROTEIRO DE ENTREVISTA REALIZADA COM A BIBLIOTECÁRIA DA BIBLIOTECA
ESCOLAR VISCONDE DE SABUGOSA DO NÚCLEO DE EDUCAÇÃO E INFÂNCIA (NEI).
1. O QUE VOCÊ ENTENDE POR COMPETÊNCIA INFORMACIONAL, E COMO PERCEBE O RELACIONAMENTO ENTRE "MEDIAÇÃO DO BIBLIOTECÁRIO" - "COMPETÊNCIA EM INFORMAÇÃO" - "PAPEL DE EDUCADOR DO BIBLIOTECÁRIO"?
2. VOCÊ ACREDITA ESTA BIBLIOTECA ESCOLAR CONTRIBUI PARA O DESENVOLVIMENTO DE COINF?
3. DESCREVA AS ATIVIDADES DE COMPETÊNCIA INFORMACIONAL DESENVOLVIDAS POR ESTA BIBLIOTECA?
4. QUAIS OS PONTOS FORTES E FRACOS DESTA BIBLIOTECA?
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