UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTECENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA
INSTITUTO DE QUÍMICAPROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM QUÍMICA
Compósitos superparamagnéticos à base de magnetita e complexointerpolieletrolítico
Elvis Lopes BritoDissertação de MestradoNatal/RN, agosto de 2018
ELVIS LOPES BRITO
Compósitos superparamagnéticos à base de magnetita e complexo
interpolieletrolítico
Coorientadora: Dra. Letícia Streck
NATAL 2018
Dissertação de mestrado apresentada ao Programa
de Pós-Graduação em Química, Instituto de
Química, Universidade Federal do Rio Grande do
Norte, como parte dos requerimentos necessários à
obtenção do título de Mestre em Química.
Orientador: Prof. Dr. José Luís Cardozo Fonseca
Brito, Elvis Lopes. Compósitos superparamagnéticos à base de magnetita e complexointerpolieletrolítico / Elvis Lopes Brito. - 2018. 81 f.: il.
Dissertação (mestrado) - Universidade Federal do Rio Grandedo Norte, Centro de Ciências Exatas e da Terra, Instituto deQuímica, Programa de Pós-graduação em Química. Natal, RN, 2018. Orientador: Prof. Dr. José Luís Cardozo Fonseca. Coorientadora: Profa. Dra. Letícia Streck.
1. Magnetita - Dissertação. 2. Quitosana - Dissertação. 3.Poli (4-estireno sulfonato de sódio) - Dissertação. 4. Cargasuperficial - Dissertação. 5. Sorção de fármacos - Dissertação.I. Fonseca, José Luís Cardozo. II. Streck, Letícia. III. Título.
RN/UF/BCZM CDU 553.311.2
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRNSistema de Bibliotecas - SISBI
Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Central Zila Mamede
Elaborado por RAIMUNDO MUNIZ DE OLIVEIRA - CRB-15/429
AGRADECIMENTOS
A toda a minha família pelo apoio, carinho e motivação.
Ao meu orientador Prof.Dr. José Luís, pelos ensinamentos, paciência e confiança.
A minha Coorientadora Dra. Letícia Streck, pelo Colaboração e ensinamentos.
Aos meus colegas do Laboratório de Membranas e Colóides, pela ajuda nos
experimentos e conhecimento transmitido.
A Capes, ao CNPq e a UFRN pelo apoio financeiro e acadêmico.
“Penso noventa e nove vezes e nada descubro;
deixo de pensar, mergulho em profundo
silêncio - e eis que a verdade se me revela.”.
Albert Einstein
RESUMO
Nanopartículas de magnetita tem sido intensivamente estudadas devido à sua baixa
toxicidade, propriedades superparamagnéticas em condições ambientes e baixo custo de
produção. Tais características proporcionam uma potencial utilização em aplicações médicas e
tecnológicas como liberação de fármaco, hipertermia, separação magnética e tratamento de
efluentes. A funcionalização de nanopartículas com magnetita tem se mostrado extremamente
promissora nas últimas décadas, uma vez que acarreta modificações dimensionais e químicas
na superfície das partículas, tornando-as aptas a novas aplicações. A quitosana é amplamente
utilizada para melhorar a biocompatibilidade de partículas magnéticas, a fim de produzir
sistemas de partículas mais adequados para aplicação em biomedicina. A quitosana possui
grupos amino em sua estrutura macromolecular, os quais em condição ácida tornam-se
protonados, resultando em grupos positivos que podem ser usados como revestimento de
partículas, bem como na preparação de compósitos de rede polimérica. Neste trabalho,
compósitos magnéticos foram obtidos por precipitação química entre quitosana e poli (4-
estireno sulfonato de sódio) na presença de nanopartículas de magnetita, o qual foram
preparados nas razões molares (SO3-/NH3
+) de 1,43 e 0,7. Complexos interpolieletrolíticos
(IPEC) foram preparados usando as mesmas razões, sendo estes obtidos em ausência de
magnetita a fim de comparação. A composição e a microestrutura dos compósitos foram
investigadas por análise termogravimétrica (TGA), espectroscopia no infravermelho por
transformada de Fourier (FTIR), difração de raios X (DRX), microscopia eletrônica de
Transmissão (TEM) e potencial zeta (ζ). A caracterização magnética foi realizada através das
medidas de magnetização Field cooled (FC) e zero Field Cooled (ZFC), além de histereses
magnéticas em diferentes temperaturas. As caracterizações de composição e microestrutura
evidenciaram que os compósitos magnéticos são constituídos de magnetita, quitosana e poli (4-
estireno sulfonato de sódio), tendo um potencial zeta positivo ou negativo dependente da razão
molar utilizada. Além disso, a matriz polimérica apresenta características para formação dos
IPEC, o que indica a incorporação da magnetita nos IPEC. As medidas de magnetização
confirmaram comportamento superparamagnético dos compósitos em temperatura de 25°C.
Palavras-chave: Magnetita, Quitosana, poli (4-estireno sulfonato de sódio), carga superficial,
sorção de fármacos.
ABSTRACT
Magnetite nanoparticles are one of the most studied magnetic materials due their extremely low
toxicity, superparagnetic behavior at room temperature and low costs, with potential for wide
use in medical application as drug release, hyperthermia and magnetic separation. The
functionalization of magnetite nanoparticles has been extremely promising in recent decades,
since it causes dimensional and chemical modifications on the surface of the particles, taking
them to new applications. Chitosan are widely used to improve biocompatibility of magnetic
particles, in order to yield particle systems more adequate for application in biomedicine.
Chitosan has amino groups in its macromolecular structure, which in acid condition become
protonated, resulting in positive 3
N H
groups so that it can be used as coating for particles as
well as in the preparation of polymer network composites. In this work, magnetic composites
were obtained by chemical precipitation between chitosan and poly (sodium 4-
styrenessulfonate) in presence of magnetite nanoparticles, which was studied for (SO3-/NH3
+)
molar ratios of 1.43 and 0.7. in order to compare, Interpolyeletrolyte complexes were prepared
with the same proportion and without the presence of magnetite nanoparticles. Composite
composition and magnetite microstructure were investigated by termogravimetric analysis
(TGA), Fourier transformed Infrared spectroscopy (FTIR), X-ray powder Diffraction (DRX),
Transmission electron microscopy (TEM) and zeta potential ( ). Magnetic characterization
was performance by Field cooled (FC) and zero Field Cooled (ZFC) magnetization experiments,
as well as magnetic hysteresis measured in different temperature. TGA and FTIR confirmed the
presence of Chitosan, poly (sodium 4-styrenessulfonate) and magnetite in all composites,
furthermore, the thermal event verified in TGA results for magnetic composites agree with
IPEC structure. DRX and TEM showed that magnetite had no change their structural features
during the preparation of composites, being approximately 12 nm for all samples. Composite
surface charge was altered according to (SO3-/NH3
+) molar ratio, being positive for the
composite with ratio 1.43 and negative for ratio 0.7 ( ). The magnetic characterization shows
that both magnetic composites are superparamagnetic in room temperature (25°C).
Keywords: Magnetite, Chitosan, poly (sodium 4-styrenessulfonate), surfaces charge, Drug
sorption.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Representação da estrutura espinélio cúbica AB2O4. Os átomos A, de cor cinza
claro ocupam sítios tetraédricos e os átomos B, azul, ocupam sítios octaédricos dentro de
uma estrutura CFC de oxigênios em vermelho ___________________________________ 17
Figura 2 - Curvas magnetização medidas a 296 K para Fe3O4 com diferentes tamanhos de
partículas (M5: 5 nm, M10: 10 nm; M50: 50 nm, M150: 150 nm) ____________________ 18
Figura 3-Comportamento magnético de nanopartículas de Fe3O4: dependência entre
tamanho de partícula e coercividade (Hc) _______________________________________ 19
Figura 4 - Representação esquemática do processo de formação de mCS/LCF e sua
aplicação para AR18 _______________________________________________________ 23
Figura 5 – Representação esquemática dos tipos de polieletrólitos pendente e integrado __ 25
Figura 6 - Representação esquemática da formação de um complexo interpolieletrólito __25
Figura 7 - Representação da estrutura química da quitosana, onde: nA representa o número
de unidades acetiladas e nD o número de unidades desacetiladas _____________________27
Figura 8 - Representação esquemática da estrutura química do Poli (4 - Estireno Sulfonato
de
sódio)____________________________________________________________________28
Figura 9 - representação da estrutura química do Cloridrato de Tetraciclina __________ 32
Figura 10 - representação da estrutura química do Cromoglicato dissódico ____________33
LISTA DE SÍMBOLOS
Cs ............ Quitosana
CM ............ Compósitos Magnéticos
Cu2+ ............ Cátion cobre (II)
Fe 2+ ............ Cátion Ferro (II)
Fe 3+ ............ Cátion Ferro (III)
Fe3O4 ............ Magnetita
H ............ Campo magnético aplicado
H+ ............ Hídron ou cátion hidrogênio
Hc ............ Coercividade
H2O ............ Água
IPEC ............ Complexos Interpolieletrolíticos
M ............ Magnetização
M5 ............ Magnetita com tamanho de 5nm
M10 ............ Magnetita com tamanho de 10nm
M50 ............ Magnetita com tamanho de 50nm
M150 ............ Magnetita com tamanho de 150nm
Ni2+ ............ Cátion Niquel (II)
3-N H
............ Grupo amino
NaPSS ........... Poli (4-estireno sulfonato de sódio)
OH- ............ Ânions Hidróxido
SO3- ............ Grupo sulfonato
XD ............ Grau de desacetilação
Χ ............ Susceptibilidade magnética
............ Potencial zeta
SUMÁRIO
1 introdução ............................................................................................................................. 10
2 Fundamentação teórica ....................................................................................................... 12
2.1 Nanopartículas Magnéticas ................................................................................................ 12
2.2 Propriedades magnéticas de nanopartículas ....................................................................... 13
2.2.1 Materiais diamagnéticos ............................................................................................... 13
2.2.2 Materiais paramagnéticos ............................................................................................. 13
2.2.3 Materiais ferromagnéticos e ferrimagnéticos ............................................................. 14
2.2.4 Superparamagnetismo .................................................................................................. 14
2.3 Magnetita ............................................................................................................................ 15
2.3.1 Propriedades estruturais e magnéticas ........................................................................ 15
2.3.2 Métodos de preparação da magnetita .......................................................................... 19
2.3.3 Compósitos magnéticos em matriz poliméricas .......................................................... 21
2.4 polieletrólitos e complexos polieletrolíticos ....................................................................... 24
2.4.1 Quitosana ........................................................................................................................ 27
2.4.2 Poli (4 - Estireno Sulfonato de sódio) ........................................................................... 28
2.5 Fármacos ............................................................................................................................. 31
2.5.1 Cloridrato de tetraciclina (Tetraciclina) ...................................................................... 31
2.5.2 Cromoglicato de sódio ................................................................................................... 33
3 Objetivos ............................................................................................................................... 35
3.1 Objetivo geral ..................................................................................................................... 35
3.2 Objetivos específicos .......................................................................................................... 35
4 - Considerações Finais ........................................................................................................36
REFERÊNCIAS ............................................................................................................................ 37
5 - Artigo submetido à revista colloids and surfaces a - physicochemical and engineering
aspects: Superparamagnetic magnetite/interpolyelectrolyte complex composites .................. 50
10
1 INTRODUÇÃO
Os medicamentos para uso humano e veterinário representam mais de 4000 moléculas
sendo uma das principais fontes de contaminação em sistemas hídricos e do solo (Beausse, 2004;
Bendz et al., 2005). A contaminação dos recursos hídricos por produtos farmacêuticos é
amplamente documentada e inclui moléculas como: hormônios, betalactamidas,
antiinflamatórios, analgésicos, reguladores lipídicos, antidepressivos, antibióticos, agentes
citostáticos. Esses têm sido encontrados em pequenos córregos, lagos, rios, estuários e, mais
raramente, em águas subterrâneas e água marinha (Beausse, 2004; Corcoran, Winter e Tyler,
2010; Kümmerer, 2001, 2009a; b; Verlicchi, Aukidy, Al e Zambello, 2012).
Os antibióticos constituem uma proporção significativa dos poluentes farmacêuticos
encontrados no meio ambiente, se tornando uma classe de contaminantes de preocupação
emergente. Eles foram detectados em concentrações entre alguns ng/L para µg/L, bem como em
níveis tão elevados como mg/L, tanto nos efluentes industriais como nos seus corpos receptores
de água, incluindo águas superficiais e subterrâneas em vários países do mundo (Cardoso,
Porcher e Sanchez, 2014; Corcoran, Winter e Tyler, 2010; Fick et al., 2009; Heberer, 2002;
Phillips et al., 2010; Verlicchi, Aukidy, Al e Zambello, 2012). Dentre os vários métodos
utilizados para tratar esta classe de compostos, a separação dos contaminantes em estações de
tratamento convencional depende principalmente da etapa de tratamento biológico,
especialmente o processo de sorção em sólidos suspensos e subsequente remoção por
decantação (Ternes, Joss e Siegrist, 2004).
A combinação de sistemas poliméricos e nanopartículas magnéticas, mais comumente a
magnetita e a maghemita, tem gerado materiais com propriedades diferenciadas e adequadas a
uma gama de utilidades, onde destacam-se aplicações como: imagens de ressonância magnética,
reparação de tecido, desintoxicação de fluidos biológicos, transporte de fármaco e tratamento
de efluentes. Este último vem sendo objeto de estudo de muitos pesquisadores nos últimos anos,
onde o uso de compósitos magnéticos tem se mostrado promissor como adsorvente de cátions
metálicos de Ni2+ Cu2+, na separação de proteínas e remoção de outros poluentes de natureza
orgânica presentes em efluentes (Caroni et al., 2012; Cho et al., 2012; Ngaboni Okassa et al.,
2005).
11
A quitosana (CS) é um dos biopolímeros mais usados para preparação de nanopartículas
devido, principalmente, às suas características como a biodegradabilidade, atividade
antimicrobiana, baixa toxicidade e baixos custos de produção (Pillai, Paul e Sharma, 2009).
Diferentes métodos têm sido empregados para preparação de sistemas particulados a base de
quitosana, dentre eles, destacam-se o método de evaporação do solvente, polimerização em
emulsão, precipitação e complexação interpolieletrolítica (Pillai, Paul e Sharma, 2009). Este
último é resultado da interação que ocorre em meios aquosos entre polieletrólitos carregados de
cargas opostas para formar os chamados complexos interpolieletrolíticos (IPEC) (Tavares et al.,
2012).
Desta forma, o presente trabalho teve por objetivo o uso da complexação
interpolieletrolítica para preparar compósitos superparamagnéticos a base de magnetita com
superfície funcionalizadas pela matriz polimérica dos IPEC, de modo que estes apresentem
características propícias a interagir com antibióticos de natureza catiônica e aniônica. Os
fármacos utilizados para estudar a sorção foi clorohidrato de tetraciclina e cromoglicato de sódio,
o qual apresentam uma carga parcial positiva e negativa, respectivamente, quando em solução
aquosa.
Esta dissertação consiste na presente Introdução (Seção 1), que dá as linhas nas quais o
trabalho foi realizado, seguida da Fundamentação Teórica (Seção 2), que aborda aspectos
teóricos e experimentais já reportados na literatura, tanto para a preparação e propriedades de
nanopartículas de magnetita quanto para obtenção de complexação interpolieletrolítica a base
de quitosana. Os objetivos deste trabalho são descritos na Seção 3 (Objetivos), que é seguida
das Considerações Finais (Seção 4). Todos os resultados e discussão estão expostos na Seção 5
desta dissertação, na qual é anexado o artigo preparado a partir de meus experimentos e
submetido à revista Colloids and Surfaces A - Physicochemical and Engineering Aspects,
intitulado: Superparamagnetic magnetite/IPEC particles. No artigo consta a parte experimental,
resultados, discussão e parte das considerações finais de meu trabalho.
12
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 NANOPARTÍCULAS MAGNÉTICAS
Em química, física e ciências dos materiais, uma partícula é definida como uma
determinada quantidade de matéria que se comporta de modo unitário em termos de seu
transporte e propriedades (Mohanraj, Chen e Chen, 2006). Na literatura, as partículas se
apresentam em diferentes formas, podendo ser esféricas, cúbicas, octaédricas, decaédricas entre
outras estruturas poliédricas, contudo, sua classificação ocorre de acordo com seus respectivos
tamanhos (Mohanraj, Chen e Chen, 2006). As nanopartículas (NPs) compõe o conjunto de
sistemas particulados com tamanhos entre 1 e 100 nm, e esta peculiaridade dimensional
proporciona a ampliação de características químicas e físicas das NPs, como aumento da área
superficial e capacidade de adsorção.
Nanopartículas magnéticas (MNPs) caracterizam-se por serem NPs ao qual exibem
alguma resposta à aplicação de campo magnético. Neste contexto, as MNPs têm várias
propriedades magnéticas únicas, incluindo superparamagnetismo, alta suscetibilidade
magnética, etc. Esses materiais têm sido vastamente utilizados em aplicações industriais,
médicas e ambientais, como por exemplo, diagnóstico e tratamento médico (Jordan et al., 2001),
fluidos magnéticos (Jordan et al., 1999; Kolhatkar et al., 2013; Vallejo-Fernandez et al., 2013),
catálise (Lu, Salabas e Schüth, 2007), armazenamento de energia magnética (Frey et al., 2009),
armazenamento de dados (Singamaneni et al., 2011). Além disso, a aplicação de campo
magnético externo provoca o movimento de MNPs para o local desejado ou induz aquecimento
devido propriedades como magnetização indutível. Essas características, incluindo a baixa
toxicidade, biocompatibilidade e agregação de alto nível no tecido desejado, as tornam atraentes
para diferentes aplicações, incluindo técnicas de separação e agentes de aumento de contraste
para ressonância magnética a sistemas de liberação de fármacos, hipertermia magnética, entre
outros. (Horák et al., 2005; Jordan et al., 2001).
13
2.2 PROPRIEDADES MAGNÉTICAS DE NANOPARTÍCULAS
O comportamento de substâncias sob influência de um campo magnético externo é
determinado por dois fatores: suscetibilidade e permeabilidade. Suscetibilidade (χ) descreve o
nível de magnetização (M) de um material na presença de um campo magnético externo (H):
M = χ H (Eq.1)
A permeabilidade indica a indução magnética (B) induzida por um campo magnético
externo (B = µH). A matéria com alta permeabilidade revela baixa resistência em reação ao
campo magnético(Indira, 2010). Os materiais baseados em sua suscetibilidade aos campos
magnéticos, podem ser categorizados em grupos diamagnéticos, paramagnéticos ou
ferromagnéticos.
2.2.1 Materiais diamagnéticos
Estes materiais na presença de campo magnético externo induzem um momento
magnético fraco antiparalelo ao campo externo. Portanto, eles têm suscetibilidade pequena e
negativa (-10-6 a 10-3). Quando o campo externo é removido, os spins voltam à posição inicial e
não mostram características magnéticas. Água, madeira, quartzo (SiO2), cobre, prata e a maioria
dos compostos orgânicos são exemplos de materiais diamagnéticos. A propriedade comum deste
material é que todos eles preencheram subcamadas eletrônicas (taeghwan Hyeon, Su Seong Lee,
Jongnam Park, 2001).
2.2.2 Materiais paramagnéticos
Em materiais paramagnéticos, alguns dos átomos ou íons têm um momento magnético
devido a elétrons desemparelhados em orbitais parcialmente preenchidos. No entanto, esses
momentos magnéticos não interagem entre si e são orientados aleatoriamente; Como resultado,
a magnetização do material é zero sem um campo externo. Quando o material paramagnético é
submetido ao campo magnético, ocorre um alinhamento parcial dos momentos magnéticos
14
atômicos na direção do campo, resultando em magnetização e suscetibilidade magnética positiva
(Sun et al., 2000; Sun, S. et al., 2004)
2.2.3 Materiais ferromagnéticos e ferrimagnéticos
Os materiais ferromagnéticos também são conhecidos como ímãs com uma
susceptibilidade grande e positiva. As suscetibilidades da substância ferromagnética são
determinadas pelo campo externo, temperatura e suas estruturas atômicas. Ao contrário de outras
duas categorias, suas propriedades magnéticas são persistentes mesmo após a eliminação do
campo magnético. De fato, depois de empregar um forte campo magnético, os spins da
substância encontram-se alinhados com o campo. Nesse momento, a magnetização máxima
denominada magnetização de saturação é obtida. Quando a magnitude do campo diminui, a
redução da magnetização total ocorre devido ao retorno dos spins às suas primeiras direções.
Porém, o momento magnético desses materiais é estável mesmo na ausência de campo
(Weissleder e Mahmood, 2001). Já os materiais ferrimagnéticos têm um ordenamento magnético
mais complexo devido às características da estrutura cristalina. Em compostos iônicos, como a
magnetita, existem duas orientações magnéticas separadas por átomos de oxigênio. A interação
de troca é realizada pelo ânion de oxigênio e é chamada de interação indireta. Essa forte
interação indireta resulta em um alinhamento antiparalelo dos spins de elétrons entre as duas
orientações. Como os momentos magnéticos dos dois componentes não são iguais, o momento
magnético líquido resultante é diferente de zero (Kodama, 1999; Teja e Koh, 2009).
Além disso, As susceptibilidades dos materiais ferrimagnético e ferromagnéticos
dependem da temperatura, do campo externo H e das estruturas atômicas. Em tamanhos
pequenos (na ordem de dezenas de nanômetros), estes materiais tornam-se monodomínio
magnéticos e, devido a esta característica podem apresentar um grande momento magnético.
2.2.4 Superparamagnetismo
O superparamagnetismo é uma forma de magnetismo que aparece em pequenas
nanopartículas ferromagnéticas ou ferrimagnéticas (Kodama, 1999; Teja e Koh, 2009). Em
nanopartículas suficientemente pequenas, a magnetização pode virar aleatoriamente a direção
sob a influência da temperatura. O tempo típico entre duas viradas é chamado de tempo de
15
relaxamento Neel. Considerando a ausência de um campo magnético externo, quando o tempo
usado para medir a magnetização das nanopartículas é muito maior do que o tempo de relaxação
de Neel, seu valor médio de magnetização assume valores muito próximos de zero: dizem que
as partículas estão no estado superparamagnético. Neste estado, um campo magnético externo é
capaz de magnetizar as nanopartículas, semelhante a um paramagneto. No entanto, sua
suscetibilidade magnética é muito maior que a dos paramagnetos (Marghussian, 2015).
O superparamagnetismo ocorre em nanopartículas que têm monodomínio, isto é,
compostas de um único domínio magnético. Isso é possível quando seu diâmetro está abaixo de
3 a 30 nm, dependendo dos materiais. Nessa condição, considera-se que a magnetização das
nanopartículas é um único momento magnético gigante, a soma de todos os momentos
magnéticos individuais transportados pelos átomos da nanopartícula(Marghussian, 2015).
2.3 MAGNETITA
2.3.1 Propriedades estruturais e magnéticas
A magnetita (Fe3O4) têm atraído considerável interesse devido às suas propriedades
peculiares, como seu alto momento magnético, biocompatibilidade, estabilidade química e
características magneto-elétricas (Yoo et al., 2016). Entre as suas aplicações, destacam-se:
Pasta de indução magnética: devido à sua alta resposta magnética e elevada taxa de
indução magnética, nanopartículas de Fe3O4 podem ser transformadas em sistemas
pastosos para induzir o magnetismo, sendo utilizado em estruturas adesivas e sistemas
de selagem magnética (Wei et al., 2012);
Fluidos magnéticos: devido à sua excelência na produção de fluidos magnéticos, Fe3O4
pode ser amplamente utilizado em instrumentos e equipamentos médicos de vedação,
anti-choque, ajuste de volume, exibição de luz, etc (Wu, He e Jiang, 2008);
Sistemas de tratamento de efluentes: materiais a base de Fe3O4 têm sido aplicados como
adsorventes para cátion metálicos alta toxicidade como chumbo, mercúrio e arsênio,
além de compostos orgânicos danosos provenientes da indústria farmacêutica.
16
Além disso, os avanços nanotecnológicos para estes sistemas acarretaram ampliação de
suas aplicações para o área da medicina, onde destacam-se principalmente no transporte e
liberação controlada de fármaco (Yang et al., 2006; Zhou et al., 2009), terapia (Hu, Neoh e Kang,
2006), hipertermia, separação magnética e imagens de ressonância magnética(Saralidze, Koole
e Knetsch, 2010).
A magnetita é uma forma mineral ferrimagnética de óxido de ferro (II, III) com a fórmula
química Fe3O4, adotando estrutura espinélio, comumente escrita como AB2O4 e representada na
Figura 1. O padrão do cristal espinélio cúbico como o grupo espacial Fd-3m, ilustrado na figura
1 é baseado em um empacotamento cúbico de face centrada (CFC) de átomos de oxigênio. Os
átomos A (Cinza claro), geralmente em estado de oxidação +2, ocupam 1/8 das posições
tetraédricos, enquanto os átomos B (azul), geralmente +3, ocupam 1/2 dos posições octaédricos
disponíveis. Além desse arranjo espinélio “normal”, também é possível que os átomos B
ocupem locais tetraédricos com uma mistura de átomos A e B distribuídos nos sítios octaédricos,
convencionalmente chamados de estrutura espinélica “inversa” (Walsh et al., 2007).
As características estruturais da magnetita mineral conferem propriedades magnéticas
peculiares, o que tem proporcionado destaque destes sistemas nas últimas décadas. Entre elas, a
elevada temperatura de Curie (850 K) e polarização de rotação quase total à temperatura
ambiente são consideradas de grande potencial para aplicações em dispositivos
magnetoeletrônicos e válvulas rotativas baseadas em filmes de magnetita (Poddar, Fried e
Markovich, 2002).
17
Figura 1 - Representação da estrutura espinélio cúbica AB2O4. Os átomos A, de cor cinza
claro ocupam sítios tetraédricos e os átomos B, azul, ocupam sítios octaédricos dentro de uma
estrutura CFC de oxigênios em vermelho
Goya e colaboradores investigaram a influência entre magnetização de saturação, estado
o qual todos os domínios magnéticos encontram-se orientados em direção ao campo magnético
aplicado, e os respectivos tamanhos de partículas magnetita (Goya et al., 2003). A figura 2
mostra as histereses magnéticas para nanopartículas de magnetita com faixas de tamanho entre
5 e 150 nm. Para partículas com dimensões aproximadas dos cristais de magnetita encontrados
na natureza (M150), a magnetização de saturação apresentou os valor mais elevado, com
aproximadamente 75 emu/g. já as amostras M50 e M10, a saturação ocorreu próximo de 55
emu/g, enquanto que a magnetita M5, com menor tamanho de partícula, apresentou um valor
máximo de 28 emu/g, qual não atingiu a saturação com o campo aplicado. Em outras palavras,
a saturação magnéticas das nanopartículas de magnetita diminui com a redução no tamanhos
dos cristais a temperatura ambiente (25° C) (Goya et al., 2003).
18
Figura 2 - Curvas magnetização medidas a 296 K para Fe3O4 com diferentes tamanhos de
partículas (M5: 5 nm, M10: 10 nm; M50: 50 nm, M150: 150 nm)
Fonte:(Goya et al., 2003)
Além da magnetização de saturação, propriedades como a coercividade magnética (Hc)
e a magnetização remanente das partículas de magnetita também sofrem influência do tamanho
dos cristais, o que implica diretamente nas caraterísticas magnéticas do sistema (Oldfield,
Thompson e Dickson, 1981). Na literatura, já é conhecido que à medida que o tamanho da
partícula diminui, a coercividade aumenta gradualmente até atingir um pico e em seguida,
diminui rapidamente para valores muito próximos de zero (Kneller e Luborsky, 1963). Na figura
3, está representado esquematicamente a variação da coercividade em função do tamanho de
partícula para magnetita. Como introdução à teoria de domínios magnéticos, a figura 3 também
mostra a subdivisão em tamanhos de partículas que apresentam as regiões superparamagnética
(Superparamagnetic region), monodomínios (Single domain) e multidomínios (Multi-domain).
Com é possível verificar na figura 3, quando o diâmetro de partícula (D) diminui, um estado
magnético de múltiplos domínios (MD) passa por uma transição para um estado de domínio
único (SD). A ilustração dos tipos de domínios magnéticos estão representados na parte superior
de cada região da figura 3, onde para o estado MD mais de um domínio é observado cada
partículas. O diâmetro no qual ocorre transição do estado MD para SD ocorre é representado
como DS.
19
Figura 3-Comportamento magnético de nanopartículas de Fe3O4: dependência entre tamanho
de partícula e coercividade (Hc)
Fonte:(Lee et al., 2015)
Para uma partícula no estado SD, o valor de sua coercividade é geralmente alto, o que
implica numa maior dificuldade para reverter sua magnetização, sendo necessária a aplicação
de um campo magnético maior, em sentido inverso, do que o campo usado para saturação
magnética da partícula SD (Li et al., 2017). A diminuição da coercividade, em tamanhos de
partículas abaixo do DS, deve-se ao aumento da contribuição térmica, que randomiza a
magnetização. Em um caso extremo em que o tamanho da partícula diminui ainda mais, a
coercividade se torna zero, atingindo um estado superparamagnético, sendo representado pelo
ponto DP (Goya et al., 2003; Lee et al., 2015; Li et al., 2017).
2.3.2 Métodos de preparação da magnetita
Partículas de magnetita, assim como todos demais tipos de ferritas, podem ser obtidos
por várias técnicas, tais como métodos de co-precipitação química (Caruntu et al., 2005;
Kucheryavy et al., 2013; Salavati-Niasari, Mahmoudi e Amiri, 2012), pirólise (Koprinarov e
Konstantinova, 2012), sol-gel (Chen e He, 2001), reação hidrotérmica (Li, Liao e Qian, 1998),
síntese por micro-ondas (Wang e Zhu, 2007), moagem (Cvejic et al., 2006) e decomposição
20
térmica de compostos organometálicos (Maity et al., 2009; Matutes-Aquino et al., 1999; Sun e
Zeng, 2002). No entanto, apenas métodos baseados em solução e os hidrotérmicos são capazes
de controlar o tamanho e a forma das partículas (Komarneni et al., 2012; Kucheryavy et al.,
2013).
O método de co-precipitação é um dos mais utilizados na preparação óxidos de ferro a
partir de soluções aquosas de Fe2 + / Fe3 + (geralmente, na razão molar Fe2 +/ Fe3 + = 1/2) sob
condições básicas. Esta técnica é fortemente influenciada pela natureza e concentração dos sais
precursores, presença de agentes dispersantes, temperatura, campos elétricos e magnéticos,
processos de sonicação e o pH do meio (Culiţǎ et al., 2010). A síntese de magnetita pelo método
de co-precipitação ocorre de acordo com a equação química Eq.1.
2 3
3 4 2( ) ( ) ( ) ( ) ( )2 8 4
aq aq aq s lFe Fe OH Fe O H O
(Eq. 2)
Seguindo a reação química 2 (Eq. 2), a precipitação total de magnetita ocorre em uma
faixa de pH de 8-14. Contudo, em presença de oxigênio a magnetita é transformada em hematita
(Eq.3) (Sun, Y. K. et al., 2004). Devido à esta tendência à oxidação, a síntese de magnetita é
realizada em atmosfera inerte (geralmente por nitrogênio borbulhado na solução para remover
oxigênio e assegurar fluxo dinâmico de nitrogênio sobre a solução).
3 4 2 3 2( ) ( ) ( ) ( )
2s aq s l
Fe O H Fe O H O
(Eq. 3)
O processo de co-precipitação ocorre em dois estágios, a nucleação (quando a
concentração atinge a região saturada) seguido pelo crescimento lento dos núcleos. A condição
para a obtenção de nanopartículas monodispersas é que essas duas fases não se sobreponham,
ou seja, durante a etapa de crescimento dos núcleos, a nucleação deve ser evitada. Assim, o
controle de tamanho das partículas magnéticas só pode ocorrer no início do primeiro estágio do
processo, devido ao número de partículas ser determinado no final da etapa de nucleação e não
muda durante o crescimento (Ahn et al., 2012; Lok, 2009; Tao, Dou e Sun, 2008).
21
2.3.3 Compósitos magnéticos em matriz poliméricas
O desenvolvimento dos compósitos foi influenciado pela crescente necessidade de
combinação entre sistemas com propriedades considerados incompatíveis, o que originou
materiais com características desejáveis e divergentes daquelas apresentadas pelos seus
componentes precursores separados. Pesquisadores buscaram reunir em um único sistema, um
ou mais atributos, tais como, rigidez adequada, resistência mecânica, densidade, resistência à
corrosão, melhoria de propriedades térmicas e químicas, de tal maneira que obtivesse um
material conjugado capaz de desempenhar novas funções, apresentando-se como possível
solução para muitos problemas tecnológicos (José e Sanchez De Almeida Prado, 2005).
Um determinado material é designado compósito quando o mesmo reúne duas fases
primordiais, uma contínua (matriz) e uma dispersa (denominada, em alguns casos, como reforço
ou modificador), cujas propriedades são obtidas a partir da combinação das propriedades dos
constituintes individuais (Fowler, Hughes e Elias, 2006). Nesta linha de pesquisa, os materiais
à base de polímeros são os mais desenvolvidos e estudados, devido à sua alta versatilidade e
capacidade de alterar suas propriedades intrínsecas em função de pequenas mudanças em
parâmetros como temperatura, força iônica, pH, concentração (Stuart et al., 2010).
Nanopartículas magnéticas, quando combinadas com um material polimérico podem
produzir uma grande variedade de compósitos com propriedades químicas e magnéticas
peculiares, as quais destacam-se pela sua ampla aplicabilidade (Beecroft e Ober, 1997; Coey,
1999; Lu et al., 2004; Zhu et al., 2013). No entanto, a dispersão de nanopartículas nos
compósitos geralmente tem uma forte tendência a formação de aglomerados. Para evitar a
agregação de nanopartículas magnéticas puras foram desenvolvidas estratégias de proteção para
estabilizá-las quimicamente, através do revestimento com espécies orgânicas incluindo
surfactantes ou polímeros, ou camadas inorgânicas como a sílica ou o carbono (Ghosh et al.,
2013; Kango et al., 2013; Majewski e Thierry, 2007; Zhou et al., 2016). Desta forma, a
incorporação destas nanopartículas magnéticas funcionalizadas em polímeros ou outras matrizes
para o desenvolvimento de materiais compósitos magnéticos mostrou-se eficaz (Lu, Salabas e
Schüth, 2007; Zhang, Kohler e Zhang, 2002).
A adsorção de poli (4-estireno sulfonato de sódio) (NaPSS) em partículas magnéticas de
oxido de ferro e a estabilidade das respectivas suspensões foi estudada por Sontum e
colaboradores. Neste estudo, foi constatado que em altas concentrações de polímero, a
22
suspensão manteve-se estável devido à saturação de polieletrólito adsorvido nas partículas
magnéticas de carga superficial positiva, o que provocou uma mudança de carga em função da
formação de multicamadas do poliânion, resultando na estabilização por uma alta rede de
superfícies carregadas negativamente (Sontum et al., 1996).
Os compósitos magnéticos (CMs) híbridos (orgânicos-inorgânicos) podem ser
produzidos através da preparação das nanopartículas magnéticas separadas e, posteriormente,
adicionadas na matriz polimérica ou utilizando técnicas in situ (Thévenot et al., 2013). Vários
métodos têm sido usados para preparação dos CMs, tais como, micro-refluxo, co-precipitação,
fusão, técnicas de polimerização em emulsão e complexação interpolieletrolítica (Khomutov et
al., 2017; Nunes et al., 2006; Tombacz et al., 2006; Tsai et al., 2012).
A aplicação dos CMs inclui diferentes áreas, incluindo a biomédica e o tratamento de
efluentes. Na área da saúde, destaca-se a aplicação no direcionamento e manipulação de células
magnéticas, na liberação controlada de fármaco e atuadores ou ligas de memória de forma
(Thévenot et al., 2013). A adsorção de poluentes orgânicos, como fármacos, ácido húmico,
trinitrofenol, corantes, entre outros, é uma preocupação pública devido às consequências na vida
animal e vegetal (Simonich e Hites, 1995). A maioria desses produtos químicos não é
completamente removida das águas residuais dos municípios por estações de tratamento de
esgoto (Ghosh et al., 2013). Sendo assim, sua remoção do meio ambiente é de grande
importância.
Neste contexto, o uso de compósitos a base de nanopartículas magnéticas (MNPs) e
quitosana tem mostrado uma considerável eficácia como adsorvente para metais pesados,
corantes e fármacos. A quitosana (CS) é um material natural solúvel em condições levemente
acidas e que contém sítios ativos ao longo de sua cadeia polimérica devido à presença de grupos
– NH2. Devido a estas propriedades, a CS foi considerada como um dos mais promissores
biossorventes para tratamento de água e águas residuais para contaminantes carregados
negativamente (Ahmaruzzaman, 2008; Caroni et al., 2012; Wan Ngah, Teong e Hanafiah, 2011).
Zhou e coautores desenvolveram compósitos usando CS, fibras de lignocelulose (LCF)
e MNPs, ao qual se mostraram promissores para remoção de azo corantes ácidos. Primeiramente,
o sistema LCF/CS foi preparado via reticulação por deposição superficial, em seguida o material
foi magnetizado através da adição em uma solução aquosa contendo MNPs, permitindo a
aderência espontânea, como visto na figura 4. O compósito magnético CS/LCF (mCS / LCF)
foi usado para adsorver ácido vermelho 18 (AR-18) como corante azo modelo a partir da água
23
em diferentes pH, força iônica e temperatura. Como esperado, a adsorção de azo corantes sobre
mCS / LCF se mostrou altamente dependente do pH, devido à protonação dos grupos amino (-
NH3 +) presentes na CS em pH mais baixo, o que aumenta as interações eletrostáticas entre os
ânions de AR-18 negativamente carregados e a adsorção nos sítios positivamente carregada do
polímero (Zhou et al., 2016). Além disso, eles demonstraram que a remoção de AR-18
permaneceu em torno de 99,68% em dez ciclos consecutivos. Desta forma, o compósito mCS /
LCF apresentou uma capacidade de adsorção considerável, além da fácil separação através da
aplicação de um campo magnético, obtendo capacidades de adsorção notavelmente altas, 1181
mg / g comparado a 828,1 mg / g para quitosana pura.
Figura 4 - Representação esquemática do processo de formação de mCS/LCF e sua aplicação
para AR18
Fonte: (Zhou et al., 2016)
De modo similar, Arya e Phillip prepararam nanocompósitos contendo argila, carvão
ativado, quitosana e MNPs para a adsorção de fármacos em meio aquoso (Arya e Philip, 2016).
Embora o carvão ativado por si só seja considerado uma das melhores tecnologias de controle
disponíveis para uma ampla gama de poluentes, a eficiência de remoção relatada para os
poluentes hidrofílicos tendem a ser menores (Redding et al., 2009). No entanto, com o
compósito de argila magnética, foi alcançada a capacidade de remover contaminantes catiônicos
ou aniônicos e hidrofílicos ou hidrofóbicos (Arya e Philip, 2016) e, assim, esses compósitos são
24
adsorventes promissores para remoção de componentes farmacêuticos e tratamentos de
efluentes.
2.4 POLIELETRÓLITOS E COMPLEXOS POLIELETROLÍTICOS
Os polieletrólitos são poliíons que contêm grupos iônicos em suas unidades de repetição
(meros) e, portanto, exibem propriedades eletrolíticas. Os complexos interpolieletrolíticos
(IPEC) são formados pela mistura de soluções de poliânions e policátions, a qual é acompanhada
pela liberação de contra-íons. O processo de complexação entre poliíon de cargas opostas é um
fenômeno conhecido há mais de 100 anos (Decher e Schlenoff, 2012; Hamman, 2010; Kizilay,
Kayitmazer e Dubin, 2011; Kossel, 1897). Os estudos de revisão do mecanismo termodinâmico,
cinético e de reação de polieletrólitos de carga oposta em solução aquosa, fornecem dois tipos
diferentes de complexos interpolieletróliticos (IPEC), os IPEC não estequiométricos solúveis e
os estequiométricos insolúveis. Os IPEC não estequiométricos solúveis, formam soluções
estáveis, opticamente transparentes já os IPEC estequiométricos insolúveis, precipitam em água
ou existem como sistemas coloidais turvos homogêneos e sem separação de fases (Bekturov e
Bimendina, 1981, Dautzenberg et al., 1996, Dautzenberg e Karibyants, 1999, Fuoss e Sadek,
1949, Kizilay, Kayitmazer e Dubin, 2011, Michaels e Miekka, 1961, Tsuchida, Osada e Ohno,
1980). Se houver um excesso de polieletrólito com carga negativa ou positiva na solução, os
complexos não estequiométricos são produzidos. Ao contrário dos IPEC não estequiométricos,
os IPEC estequiométricos contêm quantidades iguais de grupos com cargas opostas, de modo
que a sua carga é zero e a complexação, geralmente, resulta na separação de fases macroscópica.
Além disso, os IPEC contendo polieletrólitos fracos apresentam menor grau de agregação em
comparação com os IPEC contendo polieletrólitos fortes (Dautzenberg e Karibyants, 1999;
Hamman, 2010; Tsuchida, Osada e Ohno, 1980).
Complexos interpolieletrolíticos envolvendo polieletrólitos sintéticos com alta densidade
de carga como poli [cloreto de (4-vinilbenzil)trimetilamônio] associados com NaPSS foram
investigados pela primeira vez em 1961 por Michaels ( Michaels e Miekka, 1961). Assim, a
acessibilidade dos grupos funcionais dos complexos é de especial interesse. Portanto, os
polieletrólitos foram classificados de acordo com a posição dos grupos funcionais que são
chamados de tipo pendente ou integrado. Na Figura 5 está representado esquematicamente os
25
poliíons do tipo pendente, no qual as cargas encontram-se localizadas nos grupos laterais, e o
tipo integrado, onde as cargas localizam-se na cadeia principal do polieletrólito.
Figura 5 – Representação esquemática dos tipos de polieletrólitos pendente e integrado
Fonte: Modificado de (Koetz e Kosmella, 2007)
A força motriz para a formação de IPEC são as fortes interações coulômbianas entre
polieletrólitos de cargas opostas, o que leva à condensação iônica interpolimérica. As interações
inter-macromoleculares estão envolvidas na formação de estruturas de IPEC tais como ligação
de hidrogênio, forças de Van der Waals, interações hidrofóbicas e dipolo-dipolo. O processo de
formação dos IPEC também é conduzido pela contribuição entrópica, devido à liberação de
contra-íons que não estão mais restritos à cadeia principal ou lateral dos polieletrólitos
(Muthukumar, 2004; Ou e Muthukumar, 2006).
Dautzenberg e colaboradores mostraram que as características de complexos
polieletróliticos fortes sofrem influência de eletrólitos dissolvidos no meio em seus trabalhos
envolvendo PSS, poli (cloreto de dialildimetilamônio) e os seus copolímeros de acrilamida.
Nestes estudos eles revelaram que a presença de pequena quantidade de sal durante a formação
complexa causou valores muito menores do grau de agregação. Eles também relataram que o
IPEC formados pela mistura de soluções de policátion (PC) e poliânion (PA), consiste
26
principalmente de três componentes: (i) pequenos IPEC e PAs solúveis, (ii) partículas coloidais
dispersas de complexos agregados de PC e PA, e (iii) partículas insolúveis com tamanhos
maiores, mais rapidamente precipitadas (Dautzenberg et al., 1996; Dautzenberg e Karibyants,
1999).
Diversas variáveis afetam os mecanismos de formação e a estabilidade dos complexos
polieletrolíticos formados tanto em bulk quanto em interfaces; tais como a razão molar de grupos
catiônicos para aniônicos, concentração de polieletrólito, pH, força iônica, temperatura, etc.
Além disso, a rigidez das cadeia, a topografia, a densidade de carga e o peso molecular dos
polielectrólitos também desempenham um papel importante na definição da estrutura dos IPEC
(Gohy et al., 2000; Krotova et al., 2009; Shovsky et al., 2009; Vasilevskaya et al., 2007).
Figura 6 - Representação esquemática da formação de um complexo interpolieletrólito
Modificado de (Koetz e Kosmella, 2007)
Na Figura 6 está representado de forma esquemática a reação de complexação
interpolieletrolítica entre um policátion e um poliânion. Para a maioria dos poliíons com grupos
iônicos fortes, massa molar semelhante e misturados em razão estequiometria 1:1. A estrutura
supramolecular final dos agregados complexos pode ser descrita pelos modelos em “Escada” e
“Ovos mexidos”. Polieletrólitos com cadeias rígidas tendem a se organizar em uma estrutura de
“escada” na qual as cadeias são ordenadas paralelamente em relação aos seus meros
opostamente carregados. Por outro lado, polieletrólitos flexíveis formam, geralmente, estruturas
globulares de “ovos mexidos” com uma posição distorcida de unidades monoméricas (Lazutin,
Semenov e Vasilevskaya, 2012). Como relatado anteriormente, o processo de formações dos
27
complexos, independente do modelo, é seguido pela liberação dos contra-íons das grupos
carregados de cada polieletrólito para o seio da solução, contribuindo entropicamente para
formação dos mesmos. Além disso, a agregação das cadeias de polieletrólito pode acarretar na
formação de partículas de ordem nanométrica ou agregados de tamanho superiores, o qual
depende principalmente da estrutura química dos polieletrólitos e de fatores específicos do
sistema, como o pH, a força iônica ou a concentração do polímero(Koetz e Kosmella, 2007;
Lima, Pereira e Fonseca, 2017).
2.4.1 Quitosana
O termo quitosana (CS) refere-se a uma série de polímeros que são derivados
desacetilados do polissacarídeo quitina, com diferentes graus de desacetilação e pesos
moleculares. A quitina é um polissacarídeo linear amplamente distribuído na natureza,
considerado o segundo polímero natural de maior importância no mundo depois da celulose
(Rinaudo, 2006). Tanto a quitina quanto a quitosana são insolúveis em solução aquosa,
entretanto, a quitosana apresenta solubilidade em solução levemente ácida, devido à protonação
do grupo amino – NH2, isso viabiliza sua utilização, enquanto que a quitina possui aplicação
limitada (Dash et al., 2011; Rinaudo, 2006)
Na Figura 1 está representado esquematicamente a estrutura química da CS, onde a qual
pode ser definida como uma série de copolímeros catiônicos lineares compostos por meros da
unidade de 2-amino-2-desoxi-D-glicopiranose (unidade desacetiladas) e 2-acetamido-2-desoxi-
D-glicopiranose (unidade acetilada), interligados por ligações glicosídicas β (1→4) (Dash et al.,
2011).
O grau de desacetilação (XD), a massa molar (MM) e a distribuição dos grupos acetil
através da cadeia principal afetam diretamente as propriedades físico-químicas e biológicas da
quitosana (Rinaudo, 2006). A quitosana é um policátion fraco com pKA variando entre 6,2 e 7,3,
dependendo do grau de desacetilação. O ácido acético diluído é comumente utilizado para
solubilizar a quitosana, pois apresenta maior capacidade de solubilização em relação a ácidos
mais fortes (Rinaudo, Pavlov e Desbrières, 1999).
28
Fonte: (Lima, de, Pereira e Fonseca, 2017)
A quitina é chamada de quitosana quando o XD é superior a 50%. Acima de 75% a
quitosana apresenta alta densidade de carga e comporta-se como um polieletrólito forte. Entre
50 e 75%, há equilíbrio entre as interações hidrofílicas e hidrofóbicas. Abaixo de 50% as
interações hidrofóbicas são predominantes, o que favorece a formação de agregados (Delair,
2011; Sarmento e Neves, Das, 2012; Schatz et al., 2003).
A CS é um biopolímero versátil, possuindo aplicações em diversas áreas, incluindo
aplicações biomédicas devido sua biodegradabilidade, baixo custo e toxicidade. A
biodegradabilidade está relacionada a degradação pela lisozima, uma protease não específica, e
por quitinas produzidas por micro-organismos intestinais (Nagpal, Singh e Mishra, 2010;
Sarmento e Neves, Das, 2012).
2.4.2 Poli (4 - Estireno Sulfonato de sódio)
Poli (4 - Estireno Sulfonato de sódio) (NaPSS) é um polímero sintético obtido através
reações de sulfonação ou polimerização de monômeros substituídos, a qual sua estrutura
química está representada na Figura 8. Em termos estruturais, o NaPSS é um polímero linear
composto por grupos laterais p-fenila, ao qual o substituinte é o grupo sulfonato (-SO3-). O
Figura 7 - Representação da estrutura química da quitosana, onde: nA representa o número de
unidades acetiladas e nD o número de unidades desacetiladas
Fonte: Caroni et al., 2009
29
NaPSS é considerado um polieletrólito forte, pois o grau de dissociação dos grupos sulfônicos
não depende das condições do meio. Além disso, a carga negativa do grupo sulfonato, quando
dissociados, confere características aniônicas aos grupos laterias, torna o NaPSS um poliânion.
Figura 8 - Representação esquemática da estrutura química do Poli (4 - Estireno Sulfonato de
sódio)
Fonte: (Lima, de, Pereira e Fonseca, 2017)
O NaPSS apresenta diferentes aplicações que vão desde a reciclagem do poliestireno por
reações de sulfonação, até aplicações tecnológicas como aditivo para argamassas e concretos, e
agente floculante em processos de tratamento de efluentes. O NaPSS também desempenha um
relevante papel na área biomédica, devido a sua atividade antimicrobiana contra patógenos
sexualmente transmitidos como HIV, HSV, HPV e outros (Garg et al., 2005; Herold et al., 2000).
O NaPSS tem sido utilizado desde os trabalhos pioneiros envolvendo a formação de
IPEC’s (Michaels, 1961). Após os primeiros estudos envolvendo diferentes complexos
polieletrolíticos, conforme citado anteriomente, estudos recentes, também abordam o NaPSS,
como poliânion, para formação de IPEC’s com os mais diversos policátions tais como o poli
(cloreto de dialildimetilamônio) e poli (cloreto de 2-metacriloxietil trimetilamônio) e quitosana
30
(Dautzenberg et al., 1996; Dautzenberg e Karibyants, 1999; Shovsky et al., 2009; Thünemann
et al., 2004).
A CS tem sido objeto de estudo para muitos pesquisadores que investivagam a formação
de IPEC entre o NaPSS e policátions biocompatíveis. Fuenzalida e colaboradores imobilizaram
moléculas hidrofílicas catiônicas em nanopartículas de complexos interpolieletrolíticos, sendo
estes IPEC’s compostos de dois polieletrólitos de cargas opostas, a CS e o NaPSS. Essas
partículas de CS/NaPSS foram analisadas pela técnica de espalhamento dinâmico da luz (DLS)
e turbidimetria. Os resultados evidenciaram uma boa correlação entre as análises de turbidez da
dispersão e os respectivos tamanhos de partículas, com valores de tamanhos inferiores a 200 nm
para razões molares CS/NaPSS entre 0,8 e 1,0. O potencial zeta das nanopartículas de IPEC
variou de valores negativos para positivos na faixa das razões estudadas, sendo tal
comportamento associado a carga do polímero que se encontrava em excesso em cada
composição (Fuenzalida et al., 2014).
Trabalhos anteriores realizados pelo nosso grupo de pesquisa investigaram a
característica liofílica e liofóbica de dispersões de IPEC compostos por NaPSS e quitosana, em
função da razão entre os grupos carregados. Esses resultados evidenciaram que quando a razão
molar entre os grupos sulfonato (NaPSS) é inferior aos grupos amino (quitosana), as partículas
resultantes são descritas como um sistema coloidal liofílico, ou seja, as partículas se dispersam
espontaneamente no dispersante. Por outro lado, quando a razão molar dos grupos amino é
inferior, o coloide passa a ser liofóbico, ou seja, as partículas não se mantem estáveis na
dispersão de modo espontâneo Lima, de et al., 2017). Outro estudo realizado em nosso
laboratório investigou a capacidade adsorção dos IPEC preparados com quitosana e NaPSS para
os fármacos tetraciclina e cromoglicato de sódio. Neste estudo foram estudadas as razões
molares de 0,70 e 1,43 entre os grupos sulfonato e amino, sendo seus potenciais zeta verificados
como positivo e negativo, respectivamente. Para os ensaios com a tetraciclina, foi constatado a
adsorção do fármaco na superfície dos IPEC independentemente de sua carga, contudo uma
maior adsorção foi verificada para o IPEC carregado negativamente. Em relação ao
cromoglicatio de sódio e o IPEC negativo, praticamente nenhuma adsorção foi verificada. E
para possível justificativa a este comportamento, os autores sugeriram que a repulsão
31
eletrostática entre cargas negativas das moléculas de cromoglicato de sódio e a superfície do
IPEC pode ser a causa (C.R.M.de Lima et al., 2018).
2.5 FÁRMACOS ESTUDADOS
2.5.1 Cloridrato de tetraciclina (Tetraciclina)
As tetraciclinas compõem uma classe de compostos farmacêuticos que exibem atividade
antibiótica contra infecções causadas por microorganismos, bem como por micoplasmas,
clamídia, rickettsias e parasitas protozoários (Ding e Mou, 2000; Önal, 2011; Samanidou,
Nikolaidou e Papadoyannis, 2007). As tetraciclinas são um dos principais grupos de antibióticos
utilizados para fins veterinários, para terapia humana e no setor agrícolo como aditivo alimentar
(Ding e Mou, 2000; Li et al., 2011). Devido ao seu baixo custo e maior atividade antimicrobiana,
os antibióticos tetraciclina são amplamente utilizados como medicamentos veterinários para a
prevenção e tratamento de animais de fazenda para curar várias doenças infecciosas (Chen, Zhao
e Dong, 2011; Önal, 2011). Além disso, as tetraciclinas também são usados como aditivos
alimentares para promover o crescimento de animais (Koesukwiwat, Jayanta e Leepipatpiboon,
2007; Sczesny, Nau e Hamscher, 2003). Conforme relatado por Halling-Sørensen, Sengeløv e
Tjørnelund, (2002), mais de 2.500 toneladas de ADTs são usadas anualmente na Europa em
terapia veterinária.
O cloridrato de tetraciclina é um dos tipos de antibióticos que compõe esta classe das
tetraciclinas, na qual é comumente referida como tetraciclina e sua estrutura química está
representada na Figura .
32
Figura 9- representação da estrutura química do Cloridrato de Tetraciclina
(Daghrir e Drogui, 2013)
Em soluções aquosas três grupos diferentes da molécula de tetraciclina podem sofrer
reações de protonação e desprotonação, são eles: tricarbonilamida, dicetona fenólica e
dimetilamina, conferindo assim uma dependência do pH da solução na qual esse fármaco é
dissolvido, dando origem à formação de quatro espécies diferentes. A espécie completamente
protonada de tetraciclina, que existe num pH relativamente baixo, é uma espécie monocatiônica
que é denominada de TCH3+, essa espécie é formada quando o nitrogênio ligado diretamente
ao primeiro anel (esquerda para direita) ganha um próton do meio ácido. Com o aumento do pH,
a primeira desprotonação envolve o próton do oxigênio ligado ao C-3 (pKa1 = 3,3), gerando
uma espécie com um grupo carregado negativamente e um grupo carregado positivamente,
denominado de TCH2±. A segunda desprotonação ocorre com o aumento do pH no sistema
dicetona (pKa2 = 7,68), gerando uma espécie com dois grupos carregados negativamente e um
grupo carregado positivamente, chamado de TCH-. Finalmente, a terceira desprotonação
envolve o próton no grupo dimetilamino ligado a C-4 (pKa3 = 9,69), produzindo uma espécie
com dois grupos carregados negativamente (TC2-) (Daghrir e Drogui, 2013; Parolo et al., 2008).
33
Desta forma, devido a população majoritária de grupos ionizados com carga negativa, o
uso de sistemas partículas com interfaces funcionalizadas positivamente, pode ser capaz de
interagir e com a moléculas de tetraciclina pela atração eletrostáticas entre as cargas opostas,
levando a uma sorção e possível separação da fase continua.
2.5.2 Cromoglicato de sódio
O cromoglicato de sódio é um derivado sintético do biscromona, vastamente aplicado para
uso na profilaxia, em especial para controle adjuvante da asma ou inflamação brônquica. O
cromoglicato de sódio apresenta uma fórmula molecular é C23H14Na2O11 com massa molar de
512 g.mol-1, relativa solubilidade em água e insolubilidade em solventes orgânicos como, álcool,
clorofórmio e éter (Alani e Robinson, 2008; CANTRELL, 2005).
A representação estrutural da molécula do cromoglicato dissódico, também conhecido
como cromoglicato de sódio, pode ser verificada na Figura 10. A estrutura da molécula sugere
que sua hidrofilicidade é devida a presença de diversos grupos substituintes de natureza polar,
sendo os grupos carboxila os que possuam maior contribuição na carga negativa das moléculas,
uma vez que a ligação entre os grupos carboxilato e os cátions sódio podem ser rompida pelos
efeitos de solvatação das moleculas de agua, gerando grupos aniônicos do tipo carboxilato.
Figura 10 - representação da estrutura química do Cromoglicato dissódico
(Ali et al., 2008)
34
O cromoglicato de sódio possui carga negativa quando em solução aquosa e de modo
reciproco ao observado para as moléculas de tetraciclina no item 2.5.2, a sorção dessas
moléculas pode ocorrer com interações mais efetivas em partículas com superfície
positivamente funcionalizadas.
35
3 OBJETIVOS
3.1 OBJETIVO GERAL
O objetivo geral deste trabalho é a preparação e caracterização magnética e
microestrutural de compósitos magnéticos obtidos por complexação interpolieletrolítica entre a
quitosana e o poli (4-estirenossulfonato de sódio) em presença de nanopartículas de magnetita.
3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Como objetivos específicos destacam-se:
Estudar as propriedades dos compósitos obtidos em razões molares 0,70 e 1,43 entre a
concentração dos grupos sulfonato e amino;
Investigar a composição dos sistemas por TGA e FTIR;
Analisar as características microestruturais dos sistemas por DRX e TEM;
Estudar a influência das razões molares na carga superficial dos compósitos através de
medidas de potencial zeta em diferente valores de pH;
Estudar as propriedades magnéticas dos compósitos e sua relação com a temperatura;
Investigar o potencial dos compósitos na adsorção dos fármacos tetraciclina e
cromoglicato de sódio em solução.
36
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os Compósitos magnéticos (CMs) foram obtidos espontaneamente através da complexação
interpolieletrolítica entre a Quitosana (CS) e o Poli (4 - Estireno Sulfonato de sódio) (NaPSS)
em presença de nanopartículas de magnetita. A caracterização composição e estrutura dos CMs
evidenciaram a formação de uma sistema composto por nanopartículas de magnetita dispersas
em uma matriz polimérica, composta pelo complexo interpolieletrolítico entre Cs e o NaPSS.
As medidas de potencial zeta indicaram uma carga negativa ou positiva para os CMs, de acordo
com as razoes 1.43 e 0.7, respectivamente. A caracterização microestrutural comprovou a
formação na magnetita e evidenciou uma distribuição de tamanhos população majoritária entre
9 e 13 nm, a qual se manteve praticamente inalterada para a magnetita dispersa nos compósitos.
A caracterização magnética mostrou que os compósitos magnéticos apresentam comportamento
superparamagnético em condições de temperatura ambiente (25°C).
Os ensaios de remoção indicaram uma tendência a sorção dos CMs para ambos os fármacos
estudados. De modo que para os a tetraciclina a carga superficial dos CMs não apresentou uma
influência significativa no percentual de fármaco removido. No entanto, o compósito magnético
de carga superficial oposta a carga parcial do o cromoglicato de sódio, apresentou um aumento
de 20 % no percentual de remoção.
37
REFERÊNCIAS
AHMARUZZAMAN, M. Adsorption of phenolic compounds on low-cost adsorbents: A
reviewAdvances in Colloid and Interface Science, 2008.
AHN, T. et al. Formation pathways of magnetite nanoparticles by coprecipitation method.
Journal of Physical Chemistry C, v. 116, n. 10, p. 6069–6076, 2012.
ALANI, A. W. G.; ROBINSON, J. R. Mechanistic Understanding of Oral Drug Absorption
Enhancement of Cromolyn Sodium by an Amino Acid Derivative. Pharmaceutical Research,
2008.
ALI, M. S. et al. Stability-indicating assay of sodium cromoglicate in ophthalmic solution
using mixed-mode hydrophilic interaction chromatography. Journal of Separation Science,
2008.
ARYA, V.; PHILIP, L. Adsorption of pharmaceuticals in water using Fe3O4coated polymer
clay composite. Microporous and Mesoporous Materials, 2016.
BEAUSSE, J. Selected drugs in solid matrices: A review of environmental determination,
occurrence and properties of principal substancesTrAC - Trends in Analytical
Chemistry, 2004.
BEECROFT, L. L.; OBER, C. K. Nanocomposite Materials for Optical
ApplicationsChemistry of Materials, 1997.
BEKTUROV, E. A.; BIMENDINA, L. A. Interpolymer complexes. In: Advances in Polymer
Sci. [s.l: s.n.]. p. 99–147.
BENDZ, D. et al. Occurrence and fate of pharmaceutically active compounds in the
environment, a case study: Höje River in Sweden. Journal of Hazardous Materials, 2005.
C.R.M.DE LIMA et al. Anionic and cationic drug sorption on interpolyelectrolyte complexes.
Colloids and Surfaces B: Biointerfaces Volume , 1 October , Pages, v. 170, p. 210–218,
2018.
38
CANTRELL, F. L. Cromolyn.Encyclopedia of Toxicology. 2° ed. New York: Elsevier, 2005.
CARDOSO, O.; PORCHER, J. M.; SANCHEZ, W. Factory-discharged pharmaceuticals could
be a relevant source of aquatic environment contamination: Review of evidence and need for
knowledge. Chemosphere, 2014.
CARONI, A. L. P. F. et al. Tetracycline adsorption on chitosan: A mechanistic description
based on mass uptake and zeta potential measurements. Colloids and Surfaces B:
Biointerfaces, v. 100, p. 222–228, 2012.
CARUNTU, D. et al. Attachment of gold nanograins onto colloidal magnetite nanocrystals.
Chemistry of Materials, v. 17, n. 13, p. 3398–3402, 2005.
CHEN, D.-H.; HE, X.-R. Synthesis of nickel ferrite nanoparticles by sol-gel method.
Materials Research Bulletin, v. 36, n. 7–8, p. 1369–1377, 2001.
CHEN, G.; ZHAO, L.; DONG, Y. HUA. Oxidative degradation kinetics and products of
chlortetracycline by manganese dioxide. Journal of Hazardous Materials, 2011.
CHO, D. W. et al. A novel chitosan/clay/magnetite composite for adsorption of Cu(II) and
As(V). Chemical Engineering Journal, 2012.
COEY, J. M. D. Whither magnetic materials? ELSEVIER Journal of Magnetism and
Magnetic Materials, 1999.
CORCORAN, J.; WINTER, M. J.; TYLER, C. R. Pharmaceuticals in the aquatic
environment: A critical review of the evidence for health effects in fishCritical Reviews in
Toxicology, 2010.
CULIŢǍ, D. C. et al. Synthesis and characterization of maltol modified magnetite
nanoparticles. Revue Roumaine de Chimie, v. 55, n. 2, p. 131–135, 2010.
CVEJIC, Z. et al. Nanosize ferrites obtained by ball milling: Crystal structure, cation
distribution, size-strain analysis and Raman investigations. Solid State Sciences, v. 8, n. 8, p.
908–915, 2006.
39
DAGHRIR, R.; DROGUI, P. Tetracycline antibiotics in the environment: A
reviewEnvironmental Chemistry Letters, 2013.
DASH, M. et al. Chitosan - A versatile semi-synthetic polymer in biomedical applications.
Progress in Polymer Science (Oxford), 2011.
DAUTZENBERG, H. et al. Stoichiometry and structure of polyelectrolyte complex particles
in diluted solutions. Berichte der Bunsengesellschaft für physikalische Chemie, v. 100, n. 6,
p. 1024–1032, jun. 1996.
DAUTZENBERG, H.; KARIBYANTS, N. Polyelectrolyte complex formation in highly
aggregating systems. Effect of salt: response to subsequent addition of NaCl.
Macromolecular Chemistry and Physics, v. 200, n. 1, p. 118–125, 1 jan. 1999.
DECHER, G.; SCHLENOFF, J. B. Multilayer Thin Films: Sequential Assembly of
Nanocomposite Materials: Second Edition. [s.l: s.n.].
DELAIR, T. Colloidal polyelectrolyte complexes of chitosan and dextran sulfate towards
versatile nanocarriers of bioactive moleculesEuropean Journal of Pharmaceutics and
Biopharmaceutics, 2011.
DING, X.; MOU, S. Ion chromatographic analysis of tetracyclines using polymeric column
and acidic eluent. Journal of Chromatography A, 2000.
FICK, J. et al. Contamination of surface, ground, and drinking water from pharmaceutical
production. Environmental Toxicology and Chemistry, 2009.
FOWLER, P. A.; HUGHES, J. M.; ELIAS, R. M. Biocomposites: Technology,
environmental credentials and market forcesJournal of the Science of Food and
Agriculture, 2006.
FREY, N. A. et al. Magnetic nanoparticles: synthesis, functionalization, and applications in
bioimaging and magnetic energy storage. Chemical Society Reviews, v. 38, n. 9, p. 2532,
2009.
FUENZALIDA, J. P. et al. Immobilization of hydrophilic low molecular-weight molecules in
40
nanoparticles of chitosan/poly(sodium 4-styrenesulfonate) assisted by aromatic-aromatic
interactions. Journal of Physical Chemistry B, 2014.
FUOSS, R. M.; SADEK, H. Mutual Interaction of Polyelectrolytes. Science, v. 110, n. 2865,
p. 552–554, 25 nov. 1949.
GARG, S. et al. Development and characterization of bioadhesive vaginal films of sodium
polystyrene sulfonate (PSS), a novel contraceptive antimicrobial agent. Pharmaceutical
Research, 2005.
GHOSH, S. et al. Adsorptive removal of emerging contaminants from water using
superparamagnetic Fe3O4 nanoparticles bearing aminated β-cyclodextrin. Journal of
Environmental Chemical Engineering, v. 1, n. 3, p. 122–130, 2013.
GOHY, J. F. et al. Water-soluble complexes formed by sodium poly(4-styrenesulfonate) and a
poly(2-vinylpyridinium)-block-poly(ethyleneoxide) copolymer. Macromolecules, 2000.
GOYA, G. F. et al. Static and dynamic magnetic properties of spherical magnetite
nanoparticles. Journal of Applied Physics, v. 94, n. 5, p. 3520–3528, 2003.
HALLING-SØRENSEN, B.; SENGELØV, G.; TJØRNELUND, J. Toxicity of tetracyclines
and tetracycline degradation products to environmentally relevant bacteria, including selected
tetracycline-resistant bacteria. Archives of Environmental Contamination and Toxicology,
2002.
HAMMAN, J. H. Chitosan based polyelectrolyte complexes as potential carrier materials
in drug delivery systemsMarine Drugs, 2010.
HEBERER, T. Occurrence, fate, and removal of pharmaceutical residues in the aquatic
environment: a review of recent research data. Toxicology letters, 2002.
HEROLD, B. C. et al. Poly(Sodium 4‐Styrene Sulfonate): An Effective Candidate Topical
Antimicrobial for the Prevention of Sexually Transmitted Diseases. The Journal of Infectious
Diseases, 2000.
HORÁK, D. et al. Magnetic microparticulate carriers with immobilized selective ligands
41
in DNA diagnosticsPolymer. Anais...2005
HU, F. X.; NEOH, K. G.; KANG, E. T. Synthesis and in vitro anti-cancer evaluation of
tamoxifen-loaded magnetite/PLLA composite nanoparticles. Biomaterials, 2006.
INDIRA, T. Magnetic Nanoparticles: A Review. International Journal of Pharmaceutical,
2010.
JORDAN, A. et al. Magnetic fluid hyperthermia (MFH)- Cancer treatment with AC magnetic
field induced excitation of biocompatible superparamagnetic nanoparticles. Journal of
Magnetism and Magnetic Materials, v. 201, n. 1–3, p. 413–419, 1999.
___. Presentation of a new magnetic field therapy system for the treatment of human solid
tumors with magnetic fluid hyperthermia. Journal of Magnetism and Magnetic Materials,
v. 225, n. 1–2, p. 118–126, 2001.
JOSÉ, N. M.; SANCHEZ DE ALMEIDA PRADO, L. A. Materiais híbridos orgânico-
inorgânicos: Preparação e algumas aplicaçõesQuimica Nova, 2005.
KANGO, S. et al. Surface modification of inorganic nanoparticles for development of
organic-inorganic nanocomposites - A reviewProgress in Polymer Science, 2013.
KHOMUTOV, G. B. et al. Nanocomposite biomimetic vesicles based on interfacial complexes
of polyelectrolytes and colloid magnetic nanoparticles. Colloids and Surfaces A:
Physicochemical and Engineering Aspects, v. 532, p. 26–35, 2017.
KIZILAY, E.; KAYITMAZER, A. B.; DUBIN, P. L. Complexation and coacervation of
polyelectrolytes with oppositely charged colloids. Advances in Colloid and Interface
Science, v. 167, n. 1–2, p. 24–37, set. 2011.
KNELLER, E. F.; LUBORSKY, F. E. Particle size dependence of coercivity and remanence of
single-domain particles. Journal of Applied Physics, v. 34, n. 3, p. 656–658, 1963.
KODAMA, R. . Magnetic nanoparticles. Journal of Magnetism and Magnetic Materials, v.
200, n. 1, p. 359–372, 1999.
42
KOESUKWIWAT, U.; JAYANTA, S.; LEEPIPATPIBOON, N. Solid-phase extraction for
multiresidue determination of sulfonamides, tetracyclines, and pyrimethamine in Bovine’s
milk. Journal of Chromatography A, 2007.
KOETZ, J.; KOSMELLA, S. Polyelectrolytes and Nanoparticles. 1. ed. Berlin, Heidelberg:
Springer Berlin Heidelberg, 2007.
KOLHATKAR, A. et al. Tuning the Magnetic Properties of Nanoparticles. International
Journal of Molecular Sciences, v. 14, n. 8, p. 15977–16009, 2013.
KOMARNENI, S. et al. Magnetite syntheses from room temperature to 150°C with and
without microwaves. Ceramics International, v. 38, n. 3, p. 2563–2568, 2012.
KOPRINAROV, N.; KONSTANTINOVA, M. Exotic in shape particles obtained by low
temperature pyrolysis of ferrocene. Physica E: Low-Dimensional Systems and
Nanostructures, v. 44, n. 6, p. 1054–1057, 2012.
KOSSEL, A. Ueber die basischen Stoffe des Zellkerns. Hoppe-Seyler´s Zeitschrift für
physiologische Chemie, v. 22, n. 2, p. 176–187, jan. 1897.
KROTOVA, M. K. et al. Salt effects on complexes of oppositely charged macromolecules
having different affinity to water. Macromolecules, 2009.
KUCHERYAVY, P. et al. Superparamagnetic iron oxide nanoparticles with variable size and
an iron oxidation state as prospective imaging agents. Langmuir, v. 29, n. 2, p. 710–716,
2013.
KÜMMERER, K. Drugs in the environment: Emission of drugs, diagnostic aids and
disinfectants into wastewater by hospitals in relation to other sources - A
reviewChemosphere, 2001.
___. Antibiotics in the aquatic environment - A review - Part IChemosphere, 2009a.
___. Antibiotics in the aquatic environment - A review - Part IIChemosphere, 2009b.
LAZUTIN, A. A.; SEMENOV, A. N.; VASILEVSKAYA, V. V. Polyelectrolyte complexes
43
consisting of macromolecules with varied stiffness: Computer simulation. Macromolecular
Theory and Simulations, 2012.
LEE, J. S. et al. Magnetic multi-granule nanoclusters: A model system that exhibits universal
size effect of magnetic coercivity. Scientific Reports, v. 5, 2015.
LI, Q. et al. Correlation between particle size/domain structure and magnetic properties of
highly crystalline Fe3O4 nanoparticles. Scientific Reports, v. 7, n. 1, 2017.
LI, R. et al. Hydrophilic interaction chromatography separation mechanisms of tetracyclines
on amino-bonded silica column. Journal of Separation Science, 2011.
LI, Y.; LIAO, H.; QIAN, Y. Hydrothermal Synthesis of Ultrafine α-Fe2O3 and Fe3O4
Powders. Materials Research Bulletin, v. 33, n. 6, p. 841–844, 1998.
LIMA, C. R. M. DE et al. Preparation and characterization of dispersions based on chitosan
and poly(styrene sulfonate). Colloid and Polymer Science, v. 295, n. 6, p. 1071–1078, 2017.
LIMA, C. R. M. DE; PEREIRA, M. R.; FONSECA, J. L. C. Nanosized dispersions based on
chitosan and NaPSS. Journal of Polymer Research, v. 24, n. 3, 2017.
LOK, M. Coprecipitation. In: Synthesis of Solid Catalysts. [s.l: s.n.]. p. 135–151.
LU, A. H. et al. Nanoengineering of a magnetically separable hydrogenation catalyst.
Angewandte Chemie - International Edition, 2004.
LU, A. H.; SALABAS, E. L.; SCHÜTH, F. Magnetic nanoparticles: Synthesis, protection,
functionalization, and applicationAngewandte Chemie - International Edition, 2007.
MAITY, D. et al. Synthesis of magnetite nanoparticles via a solvent-free thermal
decomposition route. Journal of Magnetism and Magnetic Materials, v. 321, n. 9, p. 1256–
1259, 2009.
MAJEWSKI, P.; THIERRY, B. Functionalized Magnetite Nanoparticles - Synthesis,
Properties, and Bio-Applications. Critical Reviews in Solid State and Materials Sciences,
2007.
44
MARGHUSSIAN, V. Magnetic Properties of Nano-Glass Ceramics. In: Nano-Glass
Ceramics. [s.l: s.n.]. .
MATUTES-AQUINO, J. et al. Study of iron oxides obtained by decomposition of an organic
precursor. Materials Letters, v. 38, n. 3, p. 173–177, 1999.
MICHAELS, A. S. POLYELECTROLYTE COMPLEXES. Industrial & Engineering
Chemistry, 1965.
MICHAELS, A. S.; MIEKKA, R. G. POLYCATION-POLYANION COMPLEXES:
PREPARATION AND PROPERTIES OF POLY-
(VINYLBENZYLTRIMETHYLAMMONIUM) POLY-(STYRENESULFONATE). The
Journal of Physical Chemistry, v. 65, n. 10, p. 1765–1773, out. 1961.
MOHANRAJ, V.; CHEN, Y.; CHEN, M. &. Nanoparticles – A Review. Tropical Journal of
Pharmaceutical Research Trop J Pharm Res, 2006.
MUTHUKUMAR, M. Theory of counter-ion condensation on flexible polyelectrolytes:
Adsorption mechanism. Journal of Chemical Physics, 2004.
NAGPAL, K.; SINGH, S. K.; MISHRA, D. N. Chitosan Nanoparticles: A Promising System in
Novel Drug Delivery. CHEMICAL & PHARMACEUTICAL BULLETIN, 2010.
NGABONI OKASSA, L. et al. Development and characterization of sub-micron poly(D,L-
lactide-co- glycolide) particles loaded with magnetite/maghemite nanoparticles. International
Journal of Pharmaceutics, v. 302, n. 1–2, p. 187–196, 2005.
NUNES, J. S. et al. Synthesis and characterization of poly(ethyl methacrylate-co-methacrylic
acid) magnetic particles via miniemulsion polymerization. Polymer, v. 47, n. 22, p. 7646–
7652, 2006.
OLDFIELD, F.; THOMPSON, R.; DICKSON, D. P. E. Artificial magnetic enhancement of
stream bedload: a hydrological application of superparamagnetism. Physics of the Earth and
Planetary Interiors, 1981.
ÖNAL, A. Overview on liquid chromatographic analysis of tetracycline residues in food
45
matricesFood Chemistry, 2011.
OU, Z.; MUTHUKUMAR, M. Entropy and enthalpy of polyelectrolyte complexation:
Langevin dynamics simulations. Journal of Chemical Physics, 2006.
PAROLO, M. E. et al. Tetracycline adsorption on montmorillonite: pH and ionic strength
effects. Applied Clay Science, 2008.
PHILLIPS, P. J. et al. Pharmaceutical formulation facilities as sources of opioids and other
pharmaceuticals to wastewater treatment plant effluents. Environmental Science and
Technology, 2010.
PILLAI, C. K. S.; PAUL, W.; SHARMA, C. P. Chitin and chitosan polymers: Chemistry,
solubility and fiber formationProgress in Polymer Science (Oxford), 2009.
PODDAR, P.; FRIED, T.; MARKOVICH, G. First-order metal-insulator transition and spin-
polarized tunneling in Fe3O4 nanocrystals. Physical Review B, 2002.
REDDING, A. M. et al. A QSAR-like analysis of the adsorption of endocrine disrupting
compounds, pharmaceuticals, and personal care products on modified activated carbons.
Water Research, 2009.
RINAUDO, M. Chitin and chitosan: Properties and applications. Progress in Polymer
Science, 2006.
RINAUDO, M.; PAVLOV, G.; DESBRIÈRES, J. Influence of acetic acid concentration on the
solubilization of chitosan. Polymer, 1999.
SALAVATI-NIASARI, M.; MAHMOUDI, T.; AMIRI, O. Easy Synthesis of Magnetite
Nanocrystals via Coprecipitation Method. Journal of Cluster Science, v. 23, n. 2, p. 597–602,
2012.
SAMANIDOU, V. F.; NIKOLAIDOU, K. I.; PAPADOYANNIS, I. N. Development and
validation of an HPLC confirmatory method for the determination of seven tetracycline
antibiotics residues in milk according to the European Union Decision 2002/657/EC. Journal
of Separation Science, 2007.
46
SARALIDZE, K.; KOOLE, L. H.; KNETSCH, M. L. W. Polymeric microspheres for medical
applications. Materials, 2010.
SARMENTO, B.; NEVES, J. DAS. Chitosan-Based Systems for Biopharmaceuticals:
Delivery, Targeting and Polymer Therapeutics. [s.l: s.n.].
SCHATZ, C. et al. Typical physicochemical behaviors of chitosan in aqueous solution.
Biomacromolecules, 2003.
SCZESNY, S.; NAU, H.; HAMSCHER, G. Residue analysis of tetracyclines and their
metabolites in eggs and in the environment by HPLC coupled with a microbiological assay
and tandem mass spectrometry. Journal of Agricultural and Food Chemistry, 2003.
SHOVSKY, A. et al. Formation and stability of water-soluble, molecular polyelectrolyte
complexes: Effects of charge density, mixing ratio, and polyelectrolyte concentration.
Langmuir, 2009.
SIMONICH, S. L.; HITES, R. A. Organic polluant Accumulation in vegetation.
Environmental Science & Technology, 1995.
SINGAMANENI, S. et al. Magnetic nanoparticles: recent advances in synthesis, self-
assembly and applications. Journal of Materials Chemistry, v. 21, n. 42, p. 16819, 2011.
SONTUM, P. C. et al. Adsorption of poly(sodium(4)styrenesulfonate) on colloidal iron oxide
particles. International Journal of Pharmaceutics, v. 128, n. 1–2, p. 269–275, 1996.
STUART, M. A. C. et al. Emerging applications of stimuli-responsive polymer materials.
Nature Materials, v. 9, n. 2, p. 101–113, 2010.
SUN, S. et al. Monodisperse FePt nanoparticles and ferromagnetic FePt nanocrystal
superlattices. Science, 2000.
___. Monodisperse MFe2O4 (M = Fe, Co, Mn) nanoparticles. Journal of the American
Chemical Society, 2004.
SUN, S.; ZENG, H. Size-controlled synthesis of magnetite nanoparticles. Journal of the
47
American Chemical Society, v. 124, n. 28, p. 8204–8205, 2002.
SUN, Y. K. et al. Synthesis of nanometer-size maghemite particles from magnetite. Colloids
and Surfaces A: Physicochemical and Engineering Aspects, v. 245, n. 1–3, p. 15–19, 2004.
TAEGHWAN HYEON, SU SEONG LEE, JONGNAM PARK, Y. C. AND H. B. N. Synthesis
of Highly Crystalline and Monodisperse Maghemite Nanoystallites without a Size- Selection
Process. Journal of Ameriacan Chemical Society, 2001.
TAO, K.; DOU, H.; SUN, K. Interfacial coprecipitation to prepare magnetite nanoparticles:
Concentration and temperature dependence. Colloids and Surfaces A: Physicochemical and
Engineering Aspects, v. 320, n. 1–3, p. 115–122, 2008.
TAVARES, I. S. et al. Surface charging and dimensions of chitosan coacervated nanoparticles.
Colloids and Surfaces B: Biointerfaces, 2012.
TEJA, A. S.; KOH, P.-Y. Synthesis, properties, and applications of magnetic iron oxide
nanoparticles. Progress in Crystal Growth and Characterization of Materials, v. 55, n. 1–
2, p. 22–45, 2009.
TERNES, T. A.; JOSS, A.; SIEGRIST, H. Scrutinizing pharmaceuticals and personal care
products in wastewater treatment. Environmental science & technology, 2004.
THÉVENOT, J. et al. Magnetic responsive polymer composite materials. Chemical Society
Reviews, 2013.
THÜNEMANN, A. F. et al. Polyelectrolyte Complexes. Adv Polym Sci, 2004.
TOMBACZ, E. et al. Magnetite in aqueous medium: coating its surface and surface coated
with it. Romanian Reports in physics, v. 58, p. 281, 2006.
TSAI, Z.-T. et al. Preparation and characterization of ferrofluid stabilized with biocompatible
chitosan and dextran sulfate hybrid biopolymer as a potential magnetic resonance imaging
(MRI) T2 contrast agent. Marine drugs, v. 10, p. 2403–2414, 2012.
TSUCHIDA, E.; OSADA, Y.; OHNO, H. Formation of interpolymer complexes. Journal of
48
Macromolecular Science, Part B, v. 17, n. 4, p. 683–714, 19 maio 1980.
VALLEJO-FERNANDEZ, G. et al. Mechanisms of hyperthermia in magnetic nanoparticles.
Journal of Physics D: Applied Physics, v. 46, n. 31, 2013.
VASILEVSKAYA, V. V. et al. Study of interpolymer complexes of oppositely charged
macromolecules with different affinity to solvent. Macromolecules, 2007.
VERLICCHI, P.; AUKIDY, M. AL; ZAMBELLO, E. Occurrence of pharmaceutical
compounds in urban wastewater: Removal, mass load and environmental risk after a
secondary treatment-A reviewScience of the Total Environment, 2012.
WALSH, A. et al. Structural, magnetic, and electronic properties of the Co-Fe-Al oxide spinel
system: Density-functional theory calculations. Phys. Rev. B, v. 76, n. 16, p. 165119, 2007.
WAN NGAH, W. S.; TEONG, L. C.; HANAFIAH, M. A. K. M. Adsorption of dyes and
heavy metal ions by chitosan composites: A reviewCarbohydrate Polymers, 2011.
WANG, W.-W.; ZHU, Y.-J. Microwave-Assisted Synthesis of Magnetite Nanosheets in Mixed
Solvents of Ethylene Glycol and Water. Current Nanoscience, v. 3, n. 2, p. 171–176, 2007.
WEI, Y. et al. Synthesis of Fe3O4 Nanoparticles and their Magnetic Properties. Procedia
Engineering, 2012.
WEISSLEDER, R.; MAHMOOD, U. Molecular Imaging. Radiology, 2001.
WU, W.; HE, Q.; JIANG, C. Magnetic iron oxide nanoparticles: Synthesis and surface
functionalization strategies. Nanoscale Research Letters, 2008.
YANG, J. et al. Preparation of poly ε-caprolactone nanoparticles containing magnetite for
magnetic drug carrier. International Journal of Pharmaceutics, 2006.
YOO, K. et al. Quantitative Measurements of Size-Dependent Magnetoelectric Coupling in
Fe3O4 Nanoparticles. Nano Letters, 2016.
ZHANG, Y.; KOHLER, N.; ZHANG, M. Surface modification of superparamagnetic
magnetite nanoparticles and their intracellular uptake. Biomaterials, 2002.
49
ZHOU, C. G. et al. Remarkable performance of magnetized chitosan-decorated lignocellulose
fiber towards biosorptive removal of acidic azo colorant from aqueous environment. Reactive
and Functional Polymers, 2016.
ZHOU, L. et al. Synthesis, characterization, and controllable drug release of pH-sensitive
hybrid magnetic nanoparticles. Journal of Magnetism and Magnetic Materials, 2009.
ZHU, J. et al. Magnetic nanocomposites for environmental remediationAdvanced Powder
Technology. Anais...2013
50
4 - Artigo submetido à revista Colloids and Surfaces A - Physicochemical
and Engineering Aspects: Superparamagnetic magnetite/interpolyelectrolyte
complex composites
51
52
53
54
55
56
57
58
59
60
61
62
63
64
65
66
67
68
69
70
71
72
73
74
75
76
77
78
79
80
81
Top Related