UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE
FACULDADE DE TURISMO E HOTELARIA
CURSO DE TURISMO
SHENIA RIBEIRO VIANNA
PERSPECTIVAS DE EMPREGABILIDADE: VISÃO DOS ALUNOS DO CURSO
SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM HOTELARIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL
FLUMINENSE COM RELAÇÃO AO MERCADO DE TRABALHO
NITERÓI
2013
SHENIA RIBEIRO VIANNA
PERSPECTIVAS DE EMPREGABILIDADE: VISÃO DOS ALUNOS DO CURSO
SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM HOTELARIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL
FLUMINENSE COM RELAÇÃO AO MERCADO DE TRABALHO
Trabalho de conclusão de curso de graduação apresentado à Faculdade de Turismo e Hotelaria da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Turismo.
Orientador: Profa. Dra. CAROLINA LESCURA DE CARVALHO CASTRO
NITERÓI
2013
PERSPECTIVAS DE EMPREGABILIDADE: VISÃO DOS ALUNOS DO CURSO
SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM HOTELARIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL
FLUMINENSE COM RELAÇÃO AO MERCADO DE TRABALHO
Por
SHENIA RIBEIRO VIANNA
Trabalho de conclusão de curso de graduação apresentado à Faculdade de Turismo e Hotelaria da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Turismo.
BANCA EXAMINADORA
___________________________________________________________________
Profª. Drª. CAROLINA LESCURA DE CARVALHO CASTRO -Orientadora – UFF
___________________________________________________________________ Profª. M.Sc. Lúcia Oliveira da Silveira Santos – UFF
___________________________________________________________________
Prof. Dr. Saulo Barroso Rocha – UFF
Niterói, dezembro de 2013
AGRADECIMENTOS
Agradeço em primeiro lugar a Deus, por ter me concedido o milagre da vida e ter me
amparado em toda essa caminhada, estando presente em todos os momentos e me
dando graça para prosseguir.
Agradeço aos meus pais, Márcia e Ronaldo pelo amor incondicional por mim, por
terem me concedido estrutura para que eu pudesse me formar. Por terem acreditado
em mim e me convencido de que eu era capaz de ir muito mais além. Agradeço por
terem sempre me ensinado a batalhar pelos meus sonhos, a construir uma vida
pautada em princípios e valores que sem eles eu não teria conhecido. Agradeço
pela preocupação, pelas noites mal dormidas, pela benção que recebi em ter sido
gerada por vocês.
Agradeço ao meu irmão, Renan. Obrigada pela sua amizade, por ser sempre
carinhoso e divertido. Seu apoio e carinho foram fundamentais para que eu
concluísse mais essa etapa da minha vida.
Agradeço a minha orientadora Carolina Lescura, por ter sido extremamente
paciente, pela dedicação amorosa a qual cedeu a mim e ao meu trabalho. Por
acreditar no meu potencial, mesmo em momentos que eu desacreditei. Pela
amizade que construímos que me fez crescer pessoal e profissionalmente, me
ajudou a ter maturidade. Muito obrigada Carol, por compartilhar do seu
conhecimento comigo. Você foi fundamental para a realização desse trabalho.
Agradeço ao corpo docente da UFF. Todos os mestres que muito me ensinaram
nessa jornada e pela contribuição primordial na minha vida acadêmica e profissional.
Agradeço aos meus amigos. Aos amigos de infância, aos amigos de perto e aos de
longe também. Cada um de vocês foi individualmente responsável por esse caminho
que construí. Contribuíram de forma direta ou indireta por essa conquista. Agradeço
aos meus amigos de faculdade, colegas de turma, companheiros de momentos bons
e difíceis. Dividimos alegrias e tristezas e hoje podemos dizer que vencemos. Muito
obrigada pelo apoio, pelas conversas, trabalhos em grupos, ajudas necessárias.
Levo cada um de vocês comigo, fazem parte da minha história de vida.
Agradeço por fim, aos alunos que participaram dessa pesquisa, pela boa vontade
em separar um tempo para isso. A todas as pessoas que, de alguma forma,
contribuíram para que esse trabalho fosse realizado, deixo aqui registrado meu
agradecimento.
“Pode ser que a gente consiga. Pode ser
que a gente não consiga. Mas quem
desiste, antes de sequer tentar, antes de
se entregar, antes de acreditar em si
mesmo, esse já perdeu... esse já perdeu.
É continuar na luta. É seguir fazendo a
nossa parte e confiando... O caminho
certo para alcançar o nosso sonho é
sempre tentar, e tentar, de novo e mais
uma vez.”
(Elenita Rodrigues)
RESUMO
É sabido que o Brasil vivencia um grande momento para os setores turístico e
hoteleiro, tendo em vista os macro eventos dos anos de 2014 e 2016 (Copa do
Mundo e Olimpíadas, respectivamente). Da mesma forma é evidente que os meios
de hospedagem desempenham um papel essencial para a prática e manutenção da
atividade turística, visto que sua função principal está relacionada à prestação de
serviços de acomodação, alimentação, entretenimento e segurança aos hóspedes.
Por isso, é esperado que a procura por profissionais qualificados e capacitados
aumente significativamente, dada a necessidade do setor hoteleiro estar preparado
para receber profissionais e turistas que participarão dos referidos eventos. Em
apreciação a tais fatos, o objetivo geral deste estudo é investigar quais são as
expectativas que os alunos do 4º período do curso Superior de Tecnologia em
Hotelaria da Universidade Federal Fluminense têm com relação ao atual mercado de
trabalho, no ramo de hospedagem. Assim, tornou-se importante atender os
seguintes objetivos específicos: a) Construir um referencial teórico pautado na
discussão de turismo, meios de hospedagem, formação em hotelaria e
empregabilidade dentro deste campo de atuação; b) Discutir as características da
geração Y, foco do presente estudo; c) Investigar as principais expectativas de
inserção no mercado de trabalho dos alunos do 4º período de Tecnologia em
Hotelaria da UFF. Como suporte às discussões pretendidas, o referencial teórico
construído tem como tema a inserção dos indivíduos, que compõem a chamada
geração Y, no mercado de trabalho atual, sobretudo, no setor hoteleiro, visto que
estes indivíduos possuem particularidades que conflitam diretamente com as
tradicionais formas de trabalho. A abordagem da pesquisa foi qualitativa e o método
de coleta de dados foi o grupo focal. Após pesquisa de campo emergiram categorias
de análise que expressam as perspectivas de empregabilidade na visão dos alunos
de hotelaria da Universidade Federal Fluminense. Os principais resultados
revelaram que estas perspectivas estão ligadas a aspectos como: relações
geracionais; insatisfação com o mercado de trabalho hoteleiro; sentimento de
despreparo; escolhas profissionais; e anseios da Geração Y.
Palavras-chave: Empregabilidade. Hotelaria. Mercado de trabalho.
RESUMEN
Se sabe que Brasil experimenta un gran momento para los sectores del turismo y de
la hospitalidad, dados los acontecimientos macroeconómicos de los años 2014 y
2016 (Copa del Mundo y los Juegos Olímpicos, respectivamente). Del mismo modo,
es evidente que los médios de hospedaje juegan um papel esencial para la práctica
y el mantenimiento de la función del turismo, ya que su función principal está
relacionada con la provisión de alojamiento, comida, entretenimiento y servicios de
seguridad a los huéspedes. Por lo tanto, se espera que la demanda por
profesionales cualificados y entrenados, aumente significativamente, dada la
necesidad de que el sector hotelero esté preparado para recibir a los turistas y
profesionales que van a participar de estos eventos. En consideración a estos
hechos, el objetivo de este estudio es investigar cuáles son las expectativas que los
estudiantes del cuarto período del curso superior de Tecnología en Hospitalidad de
la Universidade Federal Fluminense tienen con respecto al mercado de trabajo
actual en el negocio de alojamiento. Por lo tanto, se hizo importante cumplir con los
siguientes objetivos específicos: a) construir un marco teórico orientado por el
debate sobre el turismo, medios de hospedaje, la formación en hospitalidad y la
empleabilidad dentro de este campo de actividad; b) Debatir las características de la
Generación Y, el enfoque de este estudio; c) Investigar las principales expectativas
de los estudiantes del cuarto período de Tecnologia en Hospitalidad Tecnología de
la UFF de entrar en el mercado laboral. Cómo apoyo al debate previsto, el marco
teórico incorporado trata de la inclusión de las personas, que conforman la
denominada Generación Y, en el actual mercado de trabajo, especialmente, en el
sector de la hostelería, ya que estos individuos poseen características que entran
directamente en conflicto con los métodos de trabajo tradicionales. El enfoque de la
investigación fue cualitativa y el método de recolección de datos fue el grupo focal.
Después del estudio de campo surgieron categorias de analisis que expresan
perspectivas de empleabilidad, desde el punto de vista de los estudiantes de la
hospitalidad de la UFF. Los principales resultados muestran que estas perspectivas
están vinculadas a aspectos tales como: las relaciones generacionales, la
insatisfacción con el mercado de trabajo en hoteles, la sensación de falta de
preparación, la elección de carrera y los deseos de la Generación Y.
Palabras clave: Empegabilidade. Hospitalidad. Mercado Laboral.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 10
2 TURISMO: CONCEITUAÇÃO E CONTEXTUALIZAÇÃO DOS SEUS SETORES E SERVIÇOS ........................................................................................ 13
3 O SETOR HOTELEIRO ......................................................................................... 18
3.1 BREVE HISTÓRICO DOS MEIOS DE HOSPEDAGEM ...................................... 22
3.2 HOTELARIA NACIONAL ..................................................................................... 26
3.3 A IMPORTÂNCIA DE PROFISSINONALIZAR: FORMAÇÃO DO PROFISSIONAL EM HOTELARIA ........................................................................................................ 26
3.4 CENÁRIO ATUAL DA ATIVIDADE HOTELEIRA NO BRASIL (MACRO-EVENTOS) ............................................................................................................... 28
4 EDUCAÇÃO SUPERIOR EM TURISMO E HOTELARIA ...................................... 32
4.1 TURISMO COMO OBJETO DE ESTUDO ........................................................... 32
4.2 O CURSO DE TURISMO DA UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ......... 34
4.3 O CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM HOTELARIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE .......................................................................................... 37
5 EMPREGABILIDADE ............................................................................................ 39
5.1 EMPREGABILIDADE DO SETOR TURÍSTICO .................................................. 42
5.2 CARREIRAS E CRESCIMENTO PROFISSIONAL ............................................. 44
5.3 AS DIFERENÇAS GERACIONAIS ...................................................................... 48
5.4 A GERAÇÃO Y E O MERCADO DE TRABALHO ATUAL ................................... 54
6 PERSPECTIVAS DE EMPREGABILIDADE: VISÃO DOS ALUNOS DO CURSO DE HOTELARIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE .......................... 59
6.1 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ............................................................ 59
6.2 SUJEITOS DE INVESTIGAÇÃO ......................................................................... 59
6.3 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS .................................................. 63
6.3.1Relações geracionais ..................................................................................... 63
6.3.2 Insatisfação com o mercado de trabalho hoteleiro ..................................... 67
6.3.3 Anseios da Geração Y .................................................................................... 71
6.3.4 Escolhas profissionais .................................................................................. 74
6.3.5 Sentimento de despreparo ............................................................................ 77
CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 81
REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 84
APÊNDICE A ............................................................................................................ 88
10
1. INTRODUÇÃO
A atividade turística é atualmente uma das áreas que mais vem ganhando
repercussão mundial. Para que o turismo aconteça, se faz necessário à existência
de vários elementos de apoio à atividade como, por exemplo, rede de transportes,
meios de hospedagem, restaurantes, entretenimento, etc. (BENI, 2003).
Destacam-se, dentre esses elementos, o setor hoteleiro, que é a atividade
ligada ao setor de serviços considerada o pilar da atividade turística, por apresentar
a função básica de receber e acolher os visitantes dos destinos turísticos. Os meios
de hospedagem desempenham um papel essencial para a prática e manutenção da
atividade turística.
Sabendo que hotelaria é um segmento que hoje, ganha destaque,
principalmente no Brasil, por conta dos megaeventos que irá sediar (Copa do Mundo
e Olimpíadas), o setor hoteleiro deve estar preparado para receber milhares de
turistas do mundo inteiro.
A justificativa desse trabalho se dá pela necessidade de investigar o curso
Superior de Tecnologia em Hotelaria da Universidade Federal Fluminense que, após
ter sido planejado e pensado, foi criado em 2011 oferecido pelo Departamento de
Turismo, tendo seu primeiro vestibular no 1º semestre de 2011. O curso está em
construção num momento único para o turismo no Brasil, com a ampliação da rede
hoteleira nacional e com os grandes eventos esportivos.
Tendo em vista que o curso surgiu da identificação de diversas oportunidades
de mercado na área de hospedagem, o presente trabalho visa indagar os alunos do
4º período do curso Superior de Tecnologia em Hotelaria da Universidade Federal
Fluimense, que irão se formar a partir do próximo semestre, quais são suas
expectativas de inserção no mercado de trabalho atual, se estes sentem-se
preparados e qualificados para o mercado de trabalho hoteleiro, como se deu a
formação desses alunos ao longo do curso e de que forma o curso de Tecnologia
em Hotelaria da UFF tem contribuído para a inserção dos alunos no mercado de
trabalho.
Com o tema proposto, tem-se como objetivo geral: Investigar quais são as
expectativas com relação ao mercado de trabalho atual, no ramo de
11
hospedagem, dos alunos do 4º período do curso Superior de Tecnologia em
Hotelaria da UFF.
Para alcançar o objetivo geral foi necessário desenvolver objetivos
específicos, a saber:
a) Construir um referencial teórico pautado na discussão de turismo, meios de
hospedagem, formação em hotelaria e empregabilidade dentro deste campo de
atuação;
b) Discutir as características da geração Y, foco do presente estudo;
c) Investigar as principais expectativas de inserção no mercado de trabalho dos
alunos do 4º período de Tecnologia em Hotelaria da UFF;
A introdução apresenta o tema, a justificativa para o desenvolvimento desse
trabalho, e os objetivos que orientaram o desenvolvimento do texto. Além dessa
introdução, o presente estudo se desenvolve em mais cinco capítulos. Nos primeiros
dois capítulos foi feita uma revisão da literatura, por meio de pesquisa bibliográfica
em trabalhos de natureza acadêmica. O objetivo destes capítulos é fundamentar o
trabalho tendo como base as teorias de estudiosos da área.
O segundo capítulo apresenta, de forma breve, o histórico do turismo.
Inicialmente trata-se da conceituação e da definição do turismo e, posteriormente,
são apontados os serviços básicos quem compõem o sistema turístico, ressaltando
a oferta turística que une os serviços e equipamentos, composto pelos elementos
básicos da atividade turística como, por exemplo, os meios de hospedagem que
trata-se, em parte, do foco de estudo dessa pesquisa.
O terceiro capítulo trata, de maneira conceitual, o histórico da hotelaria
internacional e nacional, discorre brevemente sobre a importância da
profissionalização e a formação dos indivíduos que atuam no setor turístico, mais
precisamente, em empreendimentos hoteleiros.
No quarto capítulo será apresentado um breve panorama sobre a educação
superior em turismo e em hotelaria, destacando os principais marcos históricos e
aspectos relevantes do ensino superior em hotelaria e em turismo no Brasil,
destacando os cursos de Turismo e o Curso Superior de Tecnologia em Hotelaria da
Universidade Federal Fluminense, sendo este segundo objeto do presente trabalho.
12
O quinto capítulo tem como foco principal a discussão da empregabilidade,
discorre sobre alguns aspectos característicos da empregabilidade no setor turístico,
fala brevemente sobre a construção de carreiras e desenvolvimento profissional.
Neste capítulo, ainda são apresentadas as diferenças geracionais, ressaltando as
características da geração Y com relação à atuação no mercado de trabalho.
O sexto capítulo corresponde à metodologia, mostrando o caminho
metodológico adotado, bem como os resultados encontrados na pesquisa de campo.
Expondo primeiramente a abordagem da pesquisa, o método de coleta e análise dos
dados. E em seguida, discute-se e analisa-se os resultados obtidos no presente
estudo.
Finalmente, são explanadas as considerações finais, sintetizando os
resultados obtidos, apontando as principais contribuições do trabalho, bem como
dificuldades encontradas e as propostas para futuras pesquisas.
13
2 TURISMO: CONCEITUAÇÃO E CONTEXTUALIZAÇÃO DOS SEUS SETORES E SERVIÇOS
O turismo é uma inovação recente, visto que a palavra era desconhecida na
língua inglesa até o final do século XIX. Os termos utilizados para descrever o ato da
atividade turística eram palavras como viagens e viajantes, pois estas eram
respeitadas por pessoas instruídas, ricas, da alta aristocracia da sociedade. A
palavra turismo era empregada em caráter depreciativo para referir-se a viagens
baratas, a estranhos e estrangeiros (LICKORISH; JENKINS, 2000).
O conceito de viagem, com o intuito de promover a recreação, visando ao
divertimento é novo, visto que na era medieval, até o século XVI, a população das
comunidades agrícolas raramente saíam de suas áreas locais. Mesmo com o início
da Revolução Industrial, por volta do século XVII, o desenvolvimento urbano, das
fábricas, o direito a viagens, especialmente aquelas destinadas ao lazer, eram
direcionados apenas a elite (LICKORISH; JENKINS, 2000).
O fato é, que apesar de sempre ter havido viagens por motivos como guerras,
peregrinações, estudos, todo esse volume era intencional. A expansão do turismo se
deu com o crescimento da população e o aumento da riqueza no século XVII, devido
ao estímulo de determinantes como tempo, dinheiro e interesse. Outros fatores
também foram primordiais para o desenvolvimento do turismo, como a mudança e a
melhoria no transporte, tecnologia industrial, surgimento de viagens mais baratas e
seguras, redução do tempo nas jornadas de trabalho, novas terras sendo
colonizadas, as mudanças no estilo e no padrão de vida gerando, assim, uma
demanda latente (LICKORISH; JENKINS, 2000).
De acordo com Molina (2004), a teoria e a prática do turismo têm
experimentado diversas etapas em seu processo evolutivo. As três etapas que
classificam o desenvolvimento turístico e empresarial são: o pré-turismo, o turismo
industrial e o pós-turismo.
O pré-turismo (Grand Tour) originou-se na Europa, durante o século XVII,
estendo-se até o século XVIII. A prática do Grand Tour consistia em viagens por
filhos de famílias da alta sociedade, comerciantes, com o intuito de melhorar sua
educação, estabelecendo contatos diplomáticos ou de negócios em cidades
14
importantes da Europa. Essas viagens duravam até dois anos, sendo os balneários
um dos destinos mais procurados pela sua intensa vida social (MOLINA, 2004).
A segunda fase do desenvolvimento turístico, conforme aponta Molina (2004),
subdivide-se nas seguintes categorias: o Turismo Industrial Primitivo, o Turismo
Industrial Maduro e o Turismo Pós-Industrial. O primeiro teve origem no século XIX e
se estendeu até a Segunda Guerra Mundial, quando as empresas já começam a se
preocupar com estrutura organizacional, e a atividade turística inicia o
desenvolvimento entre criação de escritórios governamentais de turismo e outras
manifestações. Nessa fase, Thomas Cook, organiza a primeira viagem com diversos
serviços incluídos a partir de um preço único. É notório que, apesar da organização
e das práticas que já incluíam vestígios da gestão administrativa, ainda não havia
uma preocupação com a diferenciação dos serviços.
Já no Turismo Industrial Maduro, segundo Molina (2004), o turismo ganha
impulso a partir da década de 1950, tendo como apogeu de sua expansão o turismo
de sol e praia. Essa fase teve como característica a massificação, em que o turismo
se consolidou como indústria, ampliando significativamente as fronteiras do planeta.
O Turismo Pós-Industrial teve início em meados da década de 1980, e se
caracteriza pelas novas tendências de mercado com produtos de alta segmentação.
Novos requistos são apresentados nas empresas, desmassificando os mercados
que, com a diferenciação e personalização de produtos e serviços, se consolidam de
forma altamente competitiva (MOLINA, 2004).
O Pós-Turismo constitui-se de um novo paradigma que altera as
considerações fundamentais do turismo, conforme atesta Molina (2004). Os
fenômenos sociais e culturais da década de 1990, juntamente com as tecnologias de
alta eficiência explicam o desenvolvimento do Pós-Turismo, no qual a informação é
utilizada de maneira intensiva, tornando produtos cada vez mais competitivos com
capacidade de inserção no mercado. Dentre os produtos típicos do Pós-Turismo, os
parques temáticos de alta tecnologia se destacam junto aos espaços lúdicos
desenvolvidos por algumas cidades como estratégia de se inserirem nos circuitos
mais rentáveis das viagens.
Contudo, no decorrer do século XX, o turismo sofreu transformações
derivadas das mudanças sociais e políticas, ocorridas em diversos países e
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continentes. Essas transformações exerceram forte pressão sobre as empresas e os
destinos turísticos, que se viram obrigados a projetar e operar novos
produtos/serviços (MOLINA, 2004).
O turismo é ainda uma área em crescimento e pode ser notado em todo o
processo histórico em que se deu o desenvolvimento humano. Por esse motivo o
pensamento turístico, deve ter a visão do turismo como um fenômeno social, que faz
parte do cotidiano dos indivíduos, enriquecendo suas experiências de vida e
auxiliando no seu redescobrimento (PANOSSO, 2005).
O conceito de turismo pode ser estudado por meio de diversas perspectivas e
disciplinas, visto que as relações e os elementos que o formam possuem certa
complexidade.
Em 1942, os professores da Universidade de Berna, W. Hunziker e K. Krapf
definiam o turismo como: “A soma de fenômenos e de relações que surgem das
viagens e das estâncias dos não residentes, desde que não estejam ligados a uma
residência permanente nem a uma atividade remunerada” (OMT, 2001, p.37).
Uma das complexidades que se pode citar ao estudar o turismo é a ausência
de definições aceitas universalmente, que faz com que não se consiga entender e
visualizar com clareza as características do fenômeno, causando grande impacto em
sua abordagem e compreensão.
A respeito desse conflito em relação à conceituação do fenômeno turístico,
Panosso (2005, p.31) faz a seguinte afirmação:
É importante destacar que o turismo não nasceu de um documento escrito, de uma teoria, mas sim de uma prática humana, de homens e mulheres que agiram em seus locais físicos, de sujeitos que experienciaram algo diferente do que estavam acostumados a experienciar que estavam longe de seus locais habituais de residência. Então, justificamos que toda elucubração teórica visa apenas compreender esse fenômeno, mas não construí-lo; visa explicar e interpretar, mas não criar.
A natureza turística é um conjunto complexo de inter-relações de diferentes
fatores que devem ser considerados conjuntamente sob uma ótica sistemática, ou
seja, um conjunto de elementos inter-relacionados que evoluem de forma dinâmica
(OMT, 2011). Em 1994 a OMT estabeleceu que: “o turismo compreende as
atividades realizadas pelas pessoas durante suas viagens e estadas em lugares
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diferentes do seu entorno habitual, por um período consecutivo inferior a um ano,
por lazer, negócios ou outros” (p.38).
Apesar da definição de turismo, pela OMT (2001), ser simples e objetiva, cabe
ressaltar que a atividade turística é complexa, uma vez que envolve a movimentação
de um grande número de setores.
A análise do Sistema Turístico comporta diferentes perspectivas. O presente
trabalho fará adoção do modelo da OMT (2001), o qual compreende quatro
elementos básicos:
• Demanda: A demanda refere-se ao conjunto de pessoas que praticam ou
possivelmente praticarão o turismo. Estes são consumidores de bens e serviços
turísticos de determinada localidade;
• Oferta: Refere-se ao conjunto de serviços, produtos, equipamentos e infraestruura
de apoio e organizações turísticas, colocadas a disposição dos viajantes;
• Espaço Geográfico: O espaço geográfico é o local físico onde há o encontro de
oferta e demanda. Neste estão os atrativos naturais, culturais e a população
residente;
• Operadoras de Mercado: São as empresas e organismos cuja principal função é
facilitar a inter-relação entre a oferta e a demanda. Aqui se encontram as agências
de viagens, as companhias de transporte regular e os órgãos públicos e privados
que, mediante seu trabalho profissional, são artífices da organização e/ou promoção
do turismo OMT (2001, p. 39).
Ainda sobre os elementos que compõem o sistema turístico, é possível
afirmar que demanda oferta e espaço geográfico são elementos indispensáveis, pois
quando um indivíduo pensa em fazer uma viagem, ele precisa ter inicialmente em
mente, um destino, um lugar para ir. Deste mesmo modo é necessário que haja um
produto turístico, tendo como principal característica o consumo do produto no seu
local de oferta, o consumo simultâneo, logo o espaço geográfico torna-se primordial
neste sistema.
No contexto do conjunto dos elementos básicos da atividade turística no
presente trabalho, a Oferta Turística ganha destaque, pois segundo o Instituto
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Brasileiro de Turismo (EMBRATUR), nele encontram-se os serviços e equipamentos
que de acordo com Beni (2006, p. 358):
Representam o conjunto de edificações, de instalações e serviços indispensáveis ao desenvolvimento da atividade turística. Compreendem os meios de hospedagem, serviços de alimentação, de entretenimento, de agenciamento de informações e outros serviços turísticos.
Abrangendo a complexidade da oferta turística de determinados destinos,
pode-se afirmar que muitos locais possuem variadas atratividades que influenciam
no tempo de permanência e duração da viagem dos indivíduos e é neste contexto
que os meios de hospedagem se tornam indispensáveis, visto que a necessidade
primordial do ser humano, independente do destino que esteja, é dispor de um lugar
para se abrigar e buscar alimentação.
Dessa forma pode-se compreender que no conjunto que envolve a
experiência turística, o alojamento e a alimentação são primordiais, logo, pode-se
afirmar que a hotelaria, define-se também como o sistema comercial de bens e
materiais tangíveis dispostos a satisfazer as necessidades básicas de descanso e
alimentação dos usuários fora do seu domicílio. (OMT, 2011).
Na próxima seção serão apresentados de maneira conceitual o histórico da
hotelaria nacional e internacional, a importância da profissionalização e a formação
profissional em hotelaria, trazendo para os dias atuais o cenário da capacitação e
qualificação do capital humano para os macro-eventos que irão acontecer no Brasil
nos próximos anos.
18
3 O SETOR HOTELEIRO
Nesta seção será apresentado o histórico dos meios de hospedagem.
Inicialmente será feita uma breve contextualização do setor hoteleiro apresentando
seus principais marcos num panorama internacional, posteriormente, serão expostos
alguns pontos cruciais para o desenvolvimento da hotelaria nacional e será discutida
a importância da qualificação e da profissionalização dos indivíduos que atuam no
setor turístico, mais precisamente, em empreendimentos hoteleiros.
3.1 BREVE HISTÓRICO DOS MEIOS DE HOSPEDAGEM
Retratando o aspecto histórico da hotelaria no Brasil e no mundo, o que se
tem certeza é que para chegar aos dias atuais, com o aparecimento das importantes
redes hoteleiras e toda a sua modernidade, foi preciso galgar um longo caminho de
práticas e experiências, advindas desde os primórdios da atividade de hospedagem.
Segundo Goeldner (et al. 2002, p. 43) o fornecimento de hospedagem para
viajantes começou a ser pago desde a invenção do dinheiro pelos sumérios
(babilônios) por volta de 4000 a.C. Deste modo, a hospedagem pode ser
considerada como um dos negócios mais antigos do mundo. A partir da invenção do
dinheiro o ato de acolher foi visto como uma oportunidade e, com o passar do
tempo, tornou-se um negócio rentável.
Compreende-se, dessa forma, que o comércio em si é o grande responsável
pelas formas mais antigas de oferta hoteleira. É provável que as primeiras
hospedagens tenham ocorrido nos tempos de Olympia e Epidauro quando se viajava
pelo comércio que só podia ser praticado com o deslocamento das pessoas com o
intuito de vender e comprar produtos. As rotas comerciais da antiguidade geraram
núcleos urbanos e alguns centros de hospedagem para atender os viajantes.
Inicialmente, feitas em mosteiros e abadias, ainda nessa época, atender a esses
viajantes era além de uma obrigação moral, uma obrigação espiritual (CNC, 2005).
A história da hotelaria pode ser descrita em grandes marcos ao longo do
tempo. O grande marco inicial da hospedagem foram os Jogos Olímpicos, estes
foram de suma importância ao desenvolvimento do Turismo Mundial. Para esses
eventos, foram construídos o estádio e o pódio, usados para homenagear os
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vencedores, onde também ficava a chama olímpica. Acrescentados mais tarde,
balneários e uma hospedaria, para abrigar os visitantes, tal hospedaria teria sido o
primeiro hotel que se tem registro (CNC, 2005).
Na Grécia Antiga, os eventos desportivos realizados a cada quatro anos em
Olímpia estimularam a criação de estruturas de alojamento em vários pontos do
trajeto até a cidade-estado. Ainda na Antiguidade, os romanos construíram
hospedarias e estâncias hidrominerais que iam da Inglaterra até a Mesopotâmia.
(CEZAR, 2005 apud CNC, 2005).
Outro marco fundamental na história e desenvolvimento dos meios de
hospedagem é o deslocamento do povo romano. Para que haja hospedagem é
necessário que haja deslocamento. Os romanos iniciaram a construção de estradas
entre as cidades conquistadas no início do seu império, usadas inicialmente como
meios de comunicação e foram expandindo, conforme o Império crescia. O que
demandou maior oferta de alojamentos, pois surgiu a necessidade de outros meios
hospedagem, que era a principio oferecido em lugares particulares ou abandonados.
(LA TORRE, 1982, p.9 apud SERAFIN, 2005).
Apesar das Olimpíadas terem marcado o início da hotelaria, foi de fato a
expansão do Império Romano que criou nas pessoas, o hábito de se hospedar fora
do seu local de entorno. Este fato propulsou o aumento de construções de pousadas
que, a principio, sofreu resistência dos moradores locais. Isso levava as autoridades
a colocarem os donos das pousadas em suas folhas de pagamento, eles deviam
relatar tudo que ouvissem de seus hóspedes, visando à segurança. Era obrigatório
que fosse anotado os nomes, bem como a procedência e a nacionalidade de todos
os hóspedes. Na queda do Império Romano, as estradas foram menos usadas, por
falta de segurança, diminuindo o número de hóspedes, o que prejudicou as
pousadas (GONÇALVES; CAMPO, 1999).
Outro marco de relevância para a hotelaria foi o surgimento do Cristianismo
que, com o preceito de amor ao próximo, tornou os peregrinos hóspedes especiais e
levou os moradores de muitos lugares a oferecerem o melhor tratamento ao dar-lhes
pousada (LA TORRE, 1982 apud SERAFIN, 2005). Esse episódio gera na história
da hotelaria uma proximidade entre os hóspedes e os donos de hospedarias,
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iniciando os princípios de qualidade no atendimento que, naquela época, era um
diferencial que já tinha foco nos preceitos da religião.
Ainda na Idade Média, o ato de acolher os viajantes em mosteiros e abadias
era uma questão muito mais moral e espiritual. Nessa época as pousadas
começaram a se firmar como atividade profissional devido ao grande movimento de
peregrinos, soldados e mercadores. (BADARÓ, 2005)
Mais um marco a ser citado no contexto histórico dos meios de hospedagem
foi às cruzadas (guerras que ocorreram entre territórios dominados pela Igreja
Católica e territórios dominados pela religião Islâmica). Posteriormente aos séculos
de guerras, as religiões começaram então a recuperar os lugares santos protegendo
os peregrinos, estes locais eram chamados de hospitais, que se multiplicaram
posteriormente entre os povos ocidentais da Europa (LA TORRE, 1982 apud
SERAFIN, 2005). Esses hospitais (na maioria mosteiros) abrigavam inicialmente
idosos, enfermeiros e peregrinos, sem fins lucrativos, porém, com o passar dos anos
começaram a cobrar pela estada das pessoas, permitindo o surgimento dos
primeiros estabelecimentos de hospedagem com fins lucrativos.
Os meios de hospedagem descritos, ainda não possuíam como principal
função, a hospedagem, pois muitos deles eram casas particulares, onde as
acomodações oferecidas aos viajantes eram em pequenos quartos, estábulos,
utilizados esporadicamente, em guerras, eventos ou datas comemorativas. Sendo
assim, a funcionalidade principal destes estabelecimentos era a moradia, e não a
hospedagem. (LA TORRE, 1982, apud SERAFIN, 2005) afirma que os primeiros
estabelecimentos exclusivamente comerciais surgiram no final da Idade Média na
Europa. Eram as tabernas e as pousadas que ofereciam alimentos, bebidas e
albergues a viajantes.
Nesse contexto, nos primeiros estabelecimentos os hóspedes cuidavam da
sua alimentação, da iluminação que era feita através de lampiões e velas e de suas
roupas de cama.
Ainda nessa conjuntura, foram criadas as primeiras leis e normas que tinham
o objetivo de regulamentar a atividade hoteleira em muitos países, como a França e
a Inglaterra. Em meados de 1254, a França já tinha leis reguladoras que regiam os
serviços hoteleiros, bem mais tarde no século XV, mais precisamente no ano de
21
1446, a Inglaterra também as regula. Já em 1514, o setor hoteleiro de Londres
começa a ser reconhecido legalmente passando a serem classificados como
innholders (hoteleiros) e não mais hostelers (hospedeiros), como eram denominados
(CNC, 2005).
As peregrinações ainda perduraram na Idade Moderna, porém ocorreram
grandes surtos de pestes em cidades como Roma, por exemplo. Ainda nesta época,
surgiam os primeiros meios de hospedagem com nome de Hotel (palavra que
designava Palácio Urbano, em francês). Neste século ainda, iniciam-se as grandes
expedições marítimas espanholas, portuguesas e britânicas. No final do século XVI,
época do florescimento do Renascentismo, conhecido como o período de intensa
produção artística, cultural e cientifica por toda a Europa, viajar passou a ser, além
de tudo, uma oportunidade para acumular conhecimento (BADARÓ, 2005). Esse
período ficou conhecido como Grand Tour.
A primeira Revolução Industrial, no final do século XVIII, estimulou também o
surgimento de hotéis na Inglaterra, Europa e Estados Unidos (ANDRADE; BRITO;
JORGE, 2002). Trazendo melhorias na infraestrutura das estradas e dos transportes
e, consequentemente, aumentando o fluxo de pessoas que transitavam entre os
vilarejos e as cidades, o que estimulou a frequência de viagens entre países.
Outro grande marco na história dos meios de hospedagem ocorreu em 1841,
quando o inglês Thomas Cook organizou num congresso antialcoólico na Inglaterra,
a primeira viagem em grupo da história do turismo internacional, apesar das falhas
comerciais nesta fase inicial, refletiu em um desenvolvimento significativo no ramo,
iniciando o chamado turismo de massa. Os negócios de Cook haviam prosperado
alguns anos depois, e passava envolver outros serviços como transporte,
alimentação, hospedagem e guia (ANDRADE; BRITO; JORGE, 2002).
Nesse cenário, os viajantes mostravam-se bem mais exigentes, o que
propagou o surgimento dos grandes hotéis de luxo. O marco nessa nova
configuração da hotelaria foi o Hotel Cesar Ritz que data o ano de 1870, sendo o
maior símbolo da hotelaria desta época. Este introduziu diversas práticas que são
adotadas até os dias atuais como, por exemplo, as suítes com banheiros privativos,
elevação das categorias nas unidades habitacionais, cadastros de informações dos
22
hóspedes, profissionalização, dando base e alimentando as novas práticas de
gerenciamento do relacionamento dos clientes com os hotéis (CNC, 2005).
A partir de então, o turismo passa a ser realizado em escala global e uma
nova potência surgia, os Estados Unidos, que fez a Europa perder seu pódio, o que
gerou grande impacto na indústria do turismo e da hotelaria. Posteriormente a esse
importante momento na conjuntura do turismo, houve grandes acontecimentos que
impactaram a indústria hoteleira e turística de acordo com o autor (SECUNDINO,
1985 apud ANDRADE; BRITO; JORGE, 2002) são eles:
A 1ª Guerra Mundial que durou os anos de 1914 a 1918. Nesse período o alto
escalão da sociedade já não dispunha de grandes fortunas para esbanjar em
suas viagens. Nessa época houve o crescimento do turismo de massa, pois
os trens criados por Thomas Cook e as reformas trabalhistas, contribuíram
para viagens em massa, desse modo os hotéis precisaram se reformular e
modificar suas instalações adaptando-as ao novo público.
A 2ª Guerra Mundial que perdurou no período do ano de 1939 a 1945, época
em que a Europa totalmente destruída, viu-se impossibilitada e sem recursos
de manter seu fluxo de turistas, e assistia uma nova potência, ganhando
grande importância no cenário mundial, os Estados Unidos da América que
passava a ser um país próspero economicamente, mudando o cenário do
turismo mundial, com grandes evoluções nos transportes, construção de
hotéis e surgimento de grandes redes hoteleiras.
O já citado hotel Cesar Ritz foi considerado um marco no início da hotelaria
planejada. Posteriormente, outros hotéis surgiram como, por exemplo, o Savoy, o
Claridge, o Carlton e outros.
Com as distâncias cada vez menores e com o grande desenvolvimento dos
meios de transporte, que possibilitou o crescimento do número de viajantes entre
países, os donos de meios de hospedagem foram obrigados a adotar práticas
melhores no acolhimento de seus clientes, pois o cenário, desta vez, estava
configurado por uma grande demanda e pelo surgimento de concorrentes.
Dessa forma, os hotéis começaram a melhorar suas instalações, tornando-as
mais amplas, mais bem equipadas e confortáveis, restaurantes com cardápios mais
23
requintados, investindo em mão de obra para melhor atender os clientes, prestando
um serviço de maior qualidade.
No século XX ocorreram mudanças e marcos importantes para a história da
hotelaria, muitos investimentos para a construção de novos hotéis e várias
inovações foram apresentadas aos hóspedes. Nesse século, ainda surgiram os
grandes e até hoje famosos hotéis: Hotel Pennsylvania, atualmente conhecido como
Statler, em New York, o New Yorker, de Ralf Ritz e o Stevens Hotem que fica em
Chicago, hoje pertencente à bandeira Conrad Hilton (ANDRADE; BRITO; JORGE,
2002).
Na década de 1920, a conjuntura econômica era satisfatória e,
posteriormente, após a década de 1950, o grande desenvolvimento do setor aéreo
foram fatores de relevância para o crescimento da atividade hoteleira mundial
(ANDRADE; BRITO; JORGE, 2002).
A crise de 1929 mudou drasticamente a indústria turística, principalmente nos
Estados Unidos, em que o número de viajantes entrou em declínio, em média 85%
das empresas hoteleiras fecharam ou foram interditadas. E mesmo quando a
economia voltava a se estabilizar, ainda durante anos, a demanda por unidades
habitacionais (UHs) foi bem menor que a oferta nos EUA, voltando a estabilizar-se
somente após a 2ª Grande Guerra, quando os Estados Unidos firmou sua
supremacia mundial (DUARTE, 1996).
As grandes redes hoteleiras começaram a se desenvolver e tomar grandes
proporções não só nos Estados Unidos, como em todo mundo, pregando o
compromisso com a qualidade nos serviços oferecidos, tornando esse aspecto um
padrão mundial.
3.2 HOTELARIA NACIONAL
Para resgate histórico do setor hoteleiro no Brasil é necessário que se tome
conhecimento de alguns marcos que serão expostos. Takashina e Flores (1996)
identificam no século XVI a Casa Anchieta, em São Paulo, usada como abrigo aos
religiosos que representavam a Companhia de Jesus, como o primeiro meio de
hospedagem do Brasil. Posteriormente, já no século XVI, São Paulo juntamente com
24
a cidade do Rio de Janeiro, davam seus primeiros passos no desenvolvimento do
setor hoteleiro, sendo as principais localidades no país a oferecer serviços de
hospedagem.
No século XVIII surgiram no Rio de Janeiro estalagens ou casas de pasto que
ofereciam alojamento aos interessados, iniciando os futuros hotéis (ANDRADE,
2002). Nesse mesmo século, foi definida a primeira classificação das hospedarias
paulistanas.
Outros marcos no início da hotelaria no Brasil foram a chegada da corte
portuguesa e a abertura dos portos em 1808, o que fez aumentar o fluxo de
estrangeiros nas principais cidades da costa brasileira, pois serviram de incentivo ao
surgimento de estabelecimentos de hospedagem mais qualificados e com maior
estrutura para abrigar o grande número de pessoas que chegavam (BONFATO,
2006).
O século XIX foi um período de estagnação no setor hoteleiro do país,
passando por uma fase escassa de oferta de meios de hospedagem, principalmente
na cidade do Rio de Janeiro. Essa configuração muda no século XX, com o Decreto
nº 1160, de 23 de dezembro de 1907 que incentivou a construção de hotéis no Rio
de Janeiro, pois não havia hotéis suficientes para atender a demanda (BRASIL,
1946).
Este século foi marcado pela evolução do setor hoteleiro no Brasil,
ultrapassando todas as expectativas, presenciando a construção e incentivos para
hotéis de grande porte, já que o país sofria com a escassez de unidades
habitacionais. Na cidade do Rio de Janeiro, os marcos dessa época foram a
inauguração do Hotel Glória em 1922, na época o maior hotel do Brasil, com 700
quartos e a inauguração do Hotel Copacabana Palace, em 1923, que atualmente
ainda é um dos hotéis mais famosos do mundo e cartão postal da cidade (DUARTE,
1996). Além desses, hotéis de redes como Othon, Vila Rica e Luxor também
começaram a fazer parte das opções na cidade do Rio de Janeiro.
Em São Paulo, o marco que alavancou o desenvolvimento do setor hoteleiro
foi a inauguração da São Paulo Railway, porém a construção dos hotéis Términus e
do Esplanada foram os maiores acontecimentos da época. (ANDRADE, 2002).
25
A Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH) foi criada em 1936
durante o I Congresso Nacional de Hotelaria, sendo a representante oficial do setor
no Brasil. A partir de então, os hotéis de todos os portes passaram a ser vistos e
ganhar apoio do órgão técnico e consultivo nos estudos e soluções dos atuais
problemas do setor, prevendo as intenções de mercado e projetando cenários
futuros com o devido embasamento (ABIH, 2013).
Entre as décadas de 60 e 70, foi criada o Instituto Brasileiro de Turismo, mais
precisamente no ano de 1966, o que motivou a entrada de grandes redes hoteleiras
internacionais no país. A hotelaria passa, a partir de então, a ocupar espaço
crescente dentro dos mercados, gerando atração de novos personagens
interessados no desenvolvimento do setor hoteleiro (BONFATO, 2006).
Ainda segundo Bonfato (2006, p. 17) ‘‘ na década de 1980, a compreensão da
hotelaria como atividade dinâmica já era clara no universo empresarial.” Porém, os
agentes governamentais, responsáveis pela alavancagem do setor, não perceberam
o fato e os elevados juros cobrados por essas instituições tornaram a alocação de
recursos para construção de novos hotéis impeditivas.
Ressalta-se ainda o aparecimento de grandes incentivos fiscais, que
favoreciam a construção de diversos hotéis independentes, porém, em sua maioria,
integrantes da categoria luxo (5 estrelas) e o número de unidades habitacionais
oferecidas não supria a demanda que precisava de acesso aos estabelecimentos
(BONFATO,2006).
O setor turístico sofreu muitas mudanças, ressalta-se o crescimento do
turismo de negócios, e para acomodar esse novo público foi necessário a
construção de novas unidades hoteleiras. Foi nesta conjuntura econômica que
surgiram os flats, como novas opções de negócio (BONFATO, 2006).
Em meados da década de 1990, a configuração da economia era satisfatória,
por estar um pouco menos instável e mais propícia a investimentos. Com a
implantação do Plano Real, o aquecimento do mercado voltado para o turismo de
negócios ampliava o surgimento de uma nova demanda de pernoites. Além da
estabilização econômica, novos eixos empresariais eram desenvolvidos gerando,
consequentemente, maior demanda aos hotéis de negócios. O aumento do poder
aquisitivo fez com que mais uma camada da sociedade pudesse também usufruir de
26
pacotes turísticos que ofereciam vários pernoites em determinadas localidades,
fortalecendo a atividade nos hotéis de lazer em novas regiões com potencial turístico
(BONFATO, 2006).
A construção de hotéis mais econômicos pelas redes hoteleiras se deu
somente a partir da década de 90, coincidindo com a maior participação do Brasil
nas negociações globais e com a consequente maior entrada de estrangeiros no
país (BONFATO, 2006).
Desde a década de 1990, o país passou por fases de expansão e retração no
setor hoteleiro, originadas por movimentos políticos e econômicos. Para Bonfato
(2006), entre o final da década de 1990 e os primeiros anos do atual milênio, o
mercado nacional assistiu à elevação dos investimentos e o aumento das
participações das redes nacionais e internacionais na operação de hotéis no Brasil.
Nota-se que, a partir de então, o turista passa a ter um leque de opções que
irão influenciar na escolha de um meio de hospedagem. A competitividade aumenta
na indústria hoteleira e as empresas tem que mostrar seu diferencial. E na hotelaria,
a prestação de serviços com excelência na qualidade torna-se primordial.
Desse modo as organizações passam a investir no seu capital humano,
visando formar colaboradores aptos a tomar decisões acertadas e com rapidez.
Neste contexto, será discutida na próxima seção a importância da formação do
profissional em hotelaria.
3.3 A IMPORTÂNCIA DE PROFISSIONALIZAR: FORMAÇÃO DO PROFISSIONAL EM HOTELARIA
O setor hoteleiro está envolvido em um sistema complexo, deste modo,
interage com as demais partes envolvidas. Sendo assim, precisa se enquadrar nas
práticas atuais, tendo em vista que a competitividade aumenta cada vez mais,
surgindo no cenário contemporâneo dessas organizações a prestação de serviço
com excelência na qualidade do atendimento, seu maior diferencial.
Sabe-se que um hotel, além de um estabelecimento que oferece
hospedagem, pertence a um subsetor turístico que fornece o maior número de
empregos em termos globais e, provavelmente, é o responsável pelo mais alto nível
27
de receita proveniente das atividades turísticas (COOPER et al., 2001). Assim,
ressalta-se a importância da profissionalização e da formação do profissional que
será inserido neste mercado, bem como, de que forma as instituições suprem as
necessidades na preparação destes indivíduos antes de inseri-los no meio hoteleiro.
No documento sobre a Copa do Mundo na parte de “dados e fatos” disponível
no site do Ministério do Turismo (p. 17) encontram-se informações que indicam que
“a qualificação profissional é responsável pelo aprimoramento da parte intangível do
turismo. Esta diretriz tem grande importância na impressão que o turista leva do
País”. Portanto, a imagem do povo brasileiro que trata seus visitantes com carisma,
simpatia e hospitalidade não pode ser motivo para a negligência na qualificação dos
serviços, portanto, a busca pela excelência deve ser permanente (MINISTÉRIO DO
TURISMO, 2013).
O crescimento da atividade turística no Brasil trouxe à tona a importância de
se tratar de maneira mais profissional questões referentes à gestão de hotéis.
Atualmente, o setor hoteleiro aponta vários desafios a gestores e profissionais da
área, entre eles: maior profissionalização, principalmente em termos de pesquisas
sobre habitalidade e gerenciamento. E maior consciência no que diz respeito a uma
característica primordial no setor de serviços, a hospitalidade, a capacidade de fazer
o cliente sentir-se acolhido, preservando o profissionalismo do serviço (MINISTÉRIO
DO TURISMO, 2013).
A profissionalização do conjunto dos serviços do setor hoteleiro é um grande
desafio. O que se espera é que o profissionalismo da imensa cadeia internacional,
aos poucos, quebre o conservadorismo das organizações familiares, assim como
casos de sucesso de empresas familiares gere inovações nos hotéis pertencentes a
cadeias. No entanto, deve-se lembrar que profissionalizar, em hotelaria, inclui
também lidar com pessoas e, por si só, não constitui algo novo (WADA; CAMARGO,
2006).
Para Wanderley (2004) o ato de hospedar, pode ser considerado como
acolher e acomodar as pessoas que se encontram fora do seu ambiente costumeiro,
oferecendo-as um atendimento que satisfaça suas necessidades. Por esse motivo,
pode-se dizer que o setor hoteleiro é composto por serviços e no setor onde há
prestação de serviços, a qualidade depende do fator humano.
28
Desse modo, entende-se que se a responsabilidade depende das pessoas
que prestam serviços e, portanto, deve-se pensar nos sistemas de formação de
pessoal para os meios de hospedagem. Um dos subprodutos decorrentes do
crescimento da oferta hoteleira no país foram os diversos tipos de cursos de
formação– técnicos, graduações, cursos sequenciais, MBAs e cursos de extensão –
já que, tradicionalmente, ao ser um setor de “gente que lida com gente”, é
considerado um setor de potencial oferta para postos de trabalho (WADA;
CAMARGO, 2006).
De acordo com as afirmações citadas, é necessário destacar que os
profissionais que atuam ou irão atuar numa organização hoteleira devem, antes de
qualquer coisa, acolher seus clientes com cordialidade, de modo hospitaleiro. Nesse
processo, o foco do profissional deve ser a excelência, pois uma organização
hoteleira e seus colaboradores devem estar atentos às exigências do mercado
altamente competitivo, mostrando aos seus clientes o diferencial na qualidade da
prestação de serviços.
Para um destino turístico obter êxito, todas as partes que compõem o sistema
da atividade turística do local devem interagir de forma a suprir as necessidades dos
viajantes. O país vivencia, atualmente, um grande momento para o setor turístico e
hoteleiro com os macro eventos, nos anos de 2014 e 2016, desse modo à procura
por profissionais qualificados e capacitados aumentará significativamente. A seguir
será contextualizado o cenário atual da atividade hoteleira no Brasil e como se dá
sua relação com os macro eventos.
3.4 CENÁRIO ATUAL DA ATIVIDADE HOTELEIRA NO BRASIL (MACRO-EVENTOS)
A indústria turística brasileira está vivendo um momento único, por conta do
constante crescimento do setor e, atualmente, pela conquista de grandes eventos,
como a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016. O setor turístico é
composto por diversos sub-setores e os meios de hospedagem constituem uma
parte essencial da oferta de um destino. O setor hoteleiro de um destino constitui a
parte mais importante do lugar, pois sem ele e o turista não pernoita no destino.
29
Devido as dimensões desses macro eventos e, consequentemente, ao grande
número de turistas que o país receberá, nota-se que estes últimos anos incidiram-se
sobre, principalmente as capitais que irão sediar os jogos da Copa do Mundo FIFA
de 2014, processos de preparação e investimentos monstruosos do setor público e
privado brasileiro.
Os macro eventos devem ser encarados como geração de oportunidades,
seja de traçar metas para o desenvolvimento de infraestrutura e serviços nos muitos
setores que compõem o sistema turístico e se relacionam com os megaeventos, isso
inclui também geração de novos empregos, investimentos e crescimento do país
como um todo.
Para isso, os colaboradores do setor turístico como parte integrante, devem
se ater a responsabilidade de receber e cuidar dos turistas e espectadores, que irão
visitar o país nos próximos anos por conta dos eventos já citados. Além disso, o
investimento em infraestrutura das cidades devem atender as necessidades dos
visitantes, como sinalização, excelência no atendimento e a promoção de uma
imagem positiva do país.
Ressalta-se então, como parte principal do presente trabalho, o setor
hoteleiro, como parte primordial para realização e êxito dos macro eventos. Justifica-
se pelo fato de que a qualidade, diversidade e quantidade dos meios de
hospedagem de um determinado destino interferem diretamente na sua atratividade
e na capacidade de sediar eventos e receber determinado número de turistas. Com
isso, o que vai determinar a competitividade entre os destinos será a capacidade
destes em apresentar diferenciais nos serviços ofertados aos clientes.
As cidades escolhidas para sediar os mega eventos possuem diferentes
categorias de meios de hospedagem e capacidade de unidades habitacionais que
variam. De acordo com o Ministério do Turismo (2013, p. 17):
Em muitos casos, a região metropolitana precisa ser considerada para atender às demandas da FIFA para números mínimos de UHs. No geral, há predominância na categoria Business entre as grandes cadeias, e na
categoria Econômica considera‑se também pousadas. Nas 12 capitais, os
hotéis maiores têm ocupação média acima de 60% durante o ano, mas há maior efeito de sazonalidade entre os alojamentos de categoria econômica.
30
Ainda no aspecto referente à oferta do número de instalações nas cidades
sede, o Ministério do Turismo ressalta que este é estável principalmente pela falta
de novos entrantes no mercado hoteleiro, no que diz respeito às grandes cadeias.
Contudo, sinaliza que “há novos empreendimentos em construção e há expectativa
de aumento de até 30% da oferta até 2014” (MINISTÉRIO DO TURISMO, 2013, p.
17).
Sobre a infraestrutura da oferta de meios de hospedagem, ainda neste
documento, o Ministério do Turismo (2013, p. 17) afirma que “a oferta hoteleira,
especialmente na categoria econômica, necessita de monitoramento para a
modernização estrutural e de atendimento que vise ao conforto dos hóspedes”. E dá
destaque para áreas de emergência e as áreas molhadas (banheiros) dos
apartamentos, como itens que merecem uma atenção especial. Bem como a
sinalização e a regularização das placas multilíngues.
Segundo documento que rege as diretrizes e normatiza as questões de
acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos, A Norma
Nacional (ABNT, NBR 9050, 2004), qualquer que seja a sua categoria:
Pelo menos 5%, com no mínimo um do total de dormitórios com sanitário, devem ser acessíveis. Estes dormitórios não devem estar isolados dos demais, mas distribuídos em toda a edificação, por todos os níveis de serviços e localizados
em rota acessível. Recomenda‑se, além disso, que outros
10% do total de dormitórios sejam adaptáveis para acessibilidade (ABNT, 2004).
No estudo do Ministério do Turismo encontram-se dados que indicam que
todas as cidades sedes dispõem de unidades habitacionais adaptadas, porém
destaca que os empresários do setor devem atentar-se a necessidade do
compromisso com a acessibilidade em todas as áreas de circulação. Além dessa
questão, sinaliza para facilidades aos clientes como, por exemplo, a utilização de
meios eletrônicos para pagamentos, como o cartão de créditos, internet de
qualidade nas instalações do hotel, entre outros.
A maior preocupação da operação turística, que move o país atualmente, é a
busca pela excelência nos serviços, este é um desafio que move o Brasil no sentido
31
de desenvolver programas de qualificação profissional e ações de aperfeiçoamento
de profissionais formados e que já atuam na área de hospedagem. Essas ações
resultam em uma positiva exposição do país com relação às mídias internacionais,
além de propiciar aos cidadãos legados como infraestrutura, tecnologia, crescimento
e desenvolvimento profissional (MINISTÉRIO DO TURISMO, 2013).
A seguir será feito um breve panorama sobre a educação superior em turismo
e em hotelaria, destacando os principais marcos históricos e aspectos relevantes do
ensino superior em hotelaria e em turismo no Brasil, com ênfase nos cursos de
Turismo e o Curso Superior de Tecnologia em Hotelaria da Universidade Federal
Fluminense.
32
4. EDUCAÇÃO SUPERIOR EM TURISMO E HOTELARIA
Nesta seção, inicialmente, será apresentado um breve histórico dos cursos de
Turismo no Brasil, destacando os curso de Turismo e o Curso Superior de
Tecnologia em Hotelaria da Universidade Federal Fluminense. Serão apontados os
marcos importantes, ao longo dos dez anos de existência do curso de Turismo, o
que mudou até os dias atuais, e como se deu a criação do Curso Superior de
Tecnologia em Hotelaria da UFF, objeto do presente trabalho.
4.1 TURISMO COMO OBJETO DE ESTUDO
O fenômeno turístico é objeto de estudo desde o período entre guerras e, ao
longo dos anos, diversas e diferentes definições foram feitas. Contudo, por mais que
cada autor o defina de maneira distinta, algumas questões são sempre semelhantes:
a complexidade da atividade e a sua multidisciplinaridade (PANOSSO, 2005).
O turismo como objeto de estudo é bastante impreciso e por possuir vínculos
com diversas outras áreas de conhecimento tem certa complexidade na
compreensão da atividade, por esse motivo, seu conceito pode ser estudado por
meio diversas perspectivas e disciplinas (PANOSSO, 2005).
O turismo como matéria de estudos universitários começou a interessar no
período compreendido entre as duas grandes guerras mundiais (1919-1938).
Durante esse período, economistas europeus começaram a publicar os primeiros
trabalhos, destacando a chamada Escola de Berlim, com autores como Glucksmann,
Schwinck ou Bormann (OMT, 2001).
A atividade turística como área de conhecimento no Brasil inicia seus
primeiros passos no meio acadêmico na década de 1970. Nessa época, houve
expectativa sobre o turismo como uma das “chaves” que abririam as portas do
desenvolvimento econômico. (REJOWSKI, 2002)
O primeiro curso de turismo de nível superior foi criado em 1971 pela
Faculdade de Turismo do Morumbi - hoje Universidade Anhembi-Morumbi. Em 1972
tem-se a criação de outro curso na Faculdade Ibero-Americana de Letras e Ciências
Humanas, em São Paulo. O primeiro curso de turismo no Rio de Janeiro só é criado
33
em 1973, pela Faculdade da Cidade, hoje Centro Universitário da Cidade do Rio de
Janeiro (UniverCidade), que teve seu curso reconhecido pelo MEC em 1978
(HALLAL et al., 2010).
A criação dos cursos de Turismo no Brasil ocorreu quando no setor público, a
oficialização do turismo teve um grande impulso. Entre dezembro de 1960 a
fevereiro de 1967, desenvolveram-se os trabalhos iniciais para implantação da
EMBRATUR. O Decreto-Lei 55 de 18 de novembro de 1966 definiu a política
nacional de turismo, criou o Conselho Nacional de Turismo (CNTur) e a Instituto
Brasileiro de Turismo (HALLAL et al., 2010).
A primeira universidade pública do país a oferecer um curso de turismo foi a
Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo – ECA/USP, em
1973, a pedido do Conselho de Turismo, cuja matriz curricular, formulada pelo
professor Mário Carlos Beni, serviu de modelo para que os cursos de turismo
baseassem seus currículos (TEIXEIRA, 2007).
A partir do fato citado, o estudo acadêmico do Turismo no Brasil começou a
se desenvolver verdadeiramente, pois ao contrário de algumas instituições
particulares que tinham o objetivo apenas de profissionalizar para o mercado, o
intuito era estudar o turismo na sua amplitude, no seu amplo fenômeno.
Segundo Aldrigui (2003), a compreensão de que serviços ligados à
hospitalidade geravam lucros deu início ao que conceituamos de hotelaria moderna.
Paralelamente a esse marco, não só no Brasil, como também em vários outros
países, a evolução de cursos Ligados a Turismo e Hospitalidade é notória, o que
gera novas abordagens e cria oportunidades para educadores e pesquisadores.
Sobre o resgate histórico da hotelaria, Eurico (2011, p. 40) destaca que:
O ensino do turismo a uma escala internacional conduz-nos a 1893, data em que se institui a primeira escola de hotelaria (École Hôtelière de Lausanne) fundada na cidade de Lausanne na Suíça. A hotelaria emerge deste modo numa situação proeminente no processo evolutivo da educação em turismo, na medida em que os primeiros cursos subordinados à hotelaria e gestão hoteleira datam dos finais do séc. XIX e revelam, ao invés dos estudos em turismo, um objeto de estudo preciso e uma estrutura acadêmica consolidada, decorrentes da importância que o setor hoteleiro desempenha na indústria turística e de um referencial histórico mais longo. Conotada inicialmente com um ensino predominantemente pensado para a atribuição de qualificações técnicas.
34
Hoje, numa análise do processo evolutivo dos estudos na área do turismo,
têm-se informações capazes de reconhecer que a maioria dos países da Europa,
Estados Unidos e Canadá apresenta cursos superiores em turismo credibilizados e
legitimamente aceitos pela comunidade científica. A este efeito multiplicador do
número de cursos técnicos, graduados e pós-graduados em Turismo corresponde o
aparecimento de um grande número de conferências, manuais, revistas acadêmicas
e organizações dessa nova área de estudos, expandindo no mundo acadêmico do
turismo um número alargado de professores dedicados a essa área do
conhecimento (EURICO, 2011).
Um movimento maior, ainda pequeno, em nível mundial tem apontado para
indivíduos melhor capacitados a atuar nas esferas do Turismo, e que os cursos
superiores tem sido os principais responsáveis, uma vez que não se percebe o real
interesse de empresários e empresas em investir efetivamente na capacitação da
mão de obra (COOPER; SHEPHERD; WESTLAKE 2001 apud ALDRIGUI, 2003).
Estudos mais recentes tentam observar e pesquisar a atividade turística para
além de uma visão econômica, no sentido de uma riqueza não mensurável, tratando
também das questões que abrangem as riquezas da construção do homem como
individuo único, que se desenvolve através de experiências e trocas com outras
culturas, outros lugares, contando com a capacidade da filosofia de desenvolver
conceitos, constituir novos modelos para o turismo e para a sociedade (PANOSSO,
2005).
Na próxima seção serão apresentados os cursos de Turismo e o Superior de
Tecnologia em Hotelaria da Universidade Federal Fluminense num panorama que
destacará a história dos cursos, desde sua criação e as principais atividades que
foram e que estão sendo desenvolvidas ao longo dos últimos anos.
4.2 O CURSO DE TURISMO DA UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE
O Departamento de Turismo da Universidade Federal Fluminense foi criado
em dezembro de 2003, a fim de atender à dinâmica de crescimento e modernização
do curso Bacharelado de Turismo da UFF (PROAC TURISMO UFF, 2013).
35
O primeiro vestibular e a primeira turma aprovada datam do ano de 2003,
iniciando as atividades em março de 2003, no prédio da Faculdade de
Administração, Ciências Contábeis e Turismo, no campus do Valonguinho em
Niterói. No ano de 2004, iniciou-se uma turma em Quissamã, em convênio com a
prefeitura, fazendo parte do projeto de interiorização da Universidade (PORTAL DO
TURISMO, 2013).
Inicialmente a estrutura curricular foi organizada em oito períodos, com
carga horária total de 3.300 horas, porém, após o curso de Turismo da Universidade
Federal Fluminense ser reconhecido pelo MEC, no ano de 2007, o currículo foi
reestruturado a fim de atender as novas necessidades da formação do profissional
de turismo. Desse modo, o novo currículo aprovado no ano de 2007, ainda mantinha
a estrutura de oito períodos e aumentava a sua carga horária para 3.450 horas, no
qual 300 horas são destinadas ao estágio profissional supervisionado e 300 horas
para atividades complementares, tais como pesquisa, extensão, monitoria,
participação em eventos científicos, visitas e viagens técnicas, organização de
eventos, etc (PROAC TURISMO UFF, 2013).
O curso de Turismo da Universidade Federal Fluminense tem como
missão a formação de profissionais aptos e qualificados a assumir o planejamento,
gerenciando e a administração de organizações e sistemas turísticos de qualquer
natureza, em diferentes níveis. Visando a excelência acadêmica no desenvolvimento
de ações de ensino, pesquisa e extensão, formando pessoas comprometidas com a
profunda transformação do turismo (PROAC TURISMO UFF, 2013)
Atualmente o Curso de Turismo da UFF conta com uma equipe de 35
professores, e completou recentemente dez anos. Durante este período passou por
diversas mudanças, iniciando-se em 2004, ano em que foi estruturado após a
formação da primeira turma do Curso de Bacharelado em Turismo da Universidade
Federal Fluminense, sendo um dos pioneiros entre as universidades públicas do
Estado do Rio de Janeiro (TURISMO UFF, 2013).
Segundo consta no Portal do Turismo da UFF a respeito da história dos dez
anos o Curso de Turismo da UFF, sua equipe profissional sofreu as seguintes
mudanças ao longo deste período:
36
O primeiro chefe do Departamento de Turismo foi o Professor Alberto dos Santos Lima Filho. Com a sua aposentadoria, em maio de 2005, a chefia do Departamento foi assumida pelo Professor Eduardo Antônio Pacheco Vilela, que esteve à frente do cargo até o final de 2009, por indicação do Departamento e nomeação do Reitor. Sucederam a gestão do Prof. Vilela os professores Marcello de Barros Tomé Machado (que em 2007 havia sido nomeado sub-chefe) e Carlos Alberto Lidízia Soares, eleitos no final de 2009 respectivamente para os cargos de chefe e sub-chefe de Departamento. Atualmente a chefia está a cargo do professor Carlos Alberto Lidízia Soares, tendo como sub-chefe o professor João Evangelista Dias Monteiro, eleitos no segundo semestre de 2011. A coordenação do Curso de Turismo em caráter pró-tempore , nomeada pelo Reitor, ficou a cargo dos Professores Aguinaldo César Fratucci e Guilherme Guimarães (vice-coordenador). Em 2010, foram eleitas para a coordenação as professoras Fábia Trentin e Valéria Guimarães (vice-coordenadora), que permaneceram no cargo naquele ano e afastaram-se para a produção de suas teses de doutoramento. Em novo pleito para a coordenação, foram eleitos os professores Rodrigo Tadini e Renato Medeiros, atuais coordenador e vice do Curso de Turismo (PROAC TURISMO UFF, 2013).
Sobre as atividades e projetos importantes que se iniciaram no Departamento
do Curso de Turismo, destacam-se, os primeiros concursos públicos para
professores efetivos e com dedicação exclusiva que ocorreram no ano de 2006.
Posteriormente, estruturou-se o colegiado e a coordenação do Curso de Turismo, a
qual vinha sendo acumulada pela chefia de departamento. Posteriormente, surgiram
também no departamento o Curso Superior de Empreendedorismo e Inovação. Em
2010 entrou em funcionamento o primeiro curso de pós-graduação do Departamento
de Turismo: o MBA em Gestão de Empreendimentos Turísticos, incluindo a
realização de um módulo internacional na Europa. O curso tem como coordenadores
os professores Carlos Alberto Lidízia Soares e Eduardo Antônio Pacheco Vilela
(PORTAL DO TURISMO UFF, 2013).
Segundo o Portal do Turismo da Universidade Federal Fluminense, o
Departamento de Turismo colheu muitos frutos ao longo desses anos como, por
exemplo: o reconhecimento oficial do Curso de Turismo pelo Ministério da Educação
em fevereiro de 2007; a reformulação da grade curricular; os excelentes resultados
obtidos pelos alunos no Exame Nacional de Desempenho (ENADE); a sólida
atuação do Departamento de Turismo em projetos de pesquisa e de extensão, no
país e no exterior; a criação de diversas parcerias com instituições públicas e
privadas de reconhecida importância; a conquista pelos nossos docentes e
discentes de muitos prêmios e homenagens por iniciativa de respeitáveis instituições
da sociedade; um corpo docente composto por 35 professores e um universo de
mais de 600 alunos regularmente matriculados.
37
Todo esse crescimento e amadurecimento do Departamento de Turismo abriu
passagem para a Faculdade de Turismo e Hotelaria da Universidade Federal
Fluminense, que foi criada em abril de 2013, somando com novos projetos e
parcerias.
4.3 O CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM HOTELARIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE
O Curso Superior de Tecnologia em Hotelaria da UFF foi pensado e planejado
em 2010 pelo Departamento de Turismo, procurando atender a uma demanda
latente no Rio de Janeiro, num momento em que as universidades púbicas estavam
com projeto de expansão (PORTAL DO TURISMO UFF, 2013).
Inicialmente coordenado e dirigido pela Professora Ana Paula Spolon, foi
aprovada em 27 de março de 2013, por unanimidade a criação da Faculdade de
Turismo e Hotelaria da UFF. A nova unidade vem atender às demandas de
crescimento e autonomia do Departamento de Turismo, que atualmente oferece o
Curso de Bacharelado em Turismo (em Niterói e em Quissamã), o Curso Superior de
Tecnologia em Hotelaria, e o MBA em Gestão de Empreendimentos Turísticos,
(PORTAL DO DEPARTAMENTO DE TURISMO, 2013)
O Curso Superior de Tecnologia em Hotelaria surgiu a partir de uma
identificação de oportunidade de mercado para implantação de um curso de
natureza pública, vinculado à área de hotelaria, pois existem pouquíssimas
oportunidades similares no Brasil.
Hoje, é necessário que a universidade mostre-se aberta às novas
necessidades da sociedade e esteja preparada para atendê-las. Um novo curso de
graduação na área de hospedagem parte do fato do mercado hoteleiro do estado do
Rio de Janeiro ser amplo e extremamente carente de referências de formação
especializada com foco na gestão de meios de hospedagem e de estabelecimentos
não hoteleiros que têm as rotinas hoteleiras como ferramentas estratégicas de
gestão. Por esse motivo, os hospitais, a área de alimentos e bebidas, eventos e
entretenimento, são também objetos de estudo da área de hospitalidade e da
hospedagem (PORTAL DO TURISMO UFF, 2013).
38
De acordo com o site do Departamento de Turismo, o currículo oferecido
pelo Curso Superior de Tecnologia em Hotelaria da UFF está estruturado em torno
do eixo central “planejamento, operação, supervisão e gestão de produtos e serviços
de hospedagem”, considerada a hospitalidade principalmente em sua versão
comercial, mas estendida para os domínios público, doméstico e virtual.
Deste modo, para o Departamento de Turismo da UFF a criação da
Faculdade de Turismo e Hotelaria representa todo reconhecimento da universidade
pelos esforços ao longo desses anos, demarca também o início de desafios que
confirmem a excelência e referencia nacional na formação de turismo e hotelaria
(PROAC UFF TURISMO, 2013).
Compreendendo que a boa formação é primordial na construção e
desenvolvimento nas carreiras de sucesso dos turismólogos e dos indivíduos que
atuam nos setores de serviços turísticos, como já exposto diversas vezes ao longo
do presente trabalho, a seção seguinte terá como foco principal a discussão da
empregabilidade.
39
5 EMPREGABILIDADE
O termo empregabilidade ocupa atualmente destaque seja na academia, nas
organizações e nas discussões sobre políticas públicas, em vários países e no
Brasil. Porém sua origem é recente. Esta atrelada as crises que atualmente o
mercado de trabalho passa e que se agrava por todo mundo, pela diminuição dos
empregos formais, pelo aumento do desemprego e, consequentemente, pelo
crescimento do trabalho informal (HELAL; ROCHA, 2011).
De acordo com Hanashiro et al. (2008), a empregabilidade é um termo
relativamente recente, derivado do inglês employability, que significa ter capacidade
de obter trabalho e renda. Dessa forma pode-se afirmar que o termo refere-se a
forma dos profissionais em se preparar e construir o conhecimento visando serem
úteis para alcançarem os objetivos almejados para si e perante a sociedade.
A palavra surgiu na última década visto que os trabalhadores tinham
necessidade em adquirir novos conhecimentos que os ajudassem a acompanhar o
desenvolvimento e as mudanças do mercado de trabalho como, por exemplo, uma
série de oportunidades que eram oferecidas por indústrias, passaram a ser
oferecidas pelos setores de serviços, exigindo deste modo um novo perfil de
colaborador, com habilidades para desenvolver novas e diferentes atividades
(HELAL; ROCHA, 2011).
Para Machado (1998 apud HELAL; ROCHA, 2011), por se tratar de um
fenômeno recente, a conceituação e o entendimento sobre empregabilidade são
dispersos e diversificados. O conceito de empregabilidade tem sido utilizado para
referir-se às condições da integração dos sujeitos à realidade atual dos mercados de
trabalho e ao poder que possuem de negociar sua própria capacidade de trabalho,
considerando o que os empregadores definem por competência.
Nas definições de empregabilidade citadas acima, o termo pode ser
considerado como uma condição de ser empregável, neste caso dar ou conseguir
emprego pelas habilidades, conhecimentos, adaptação e atitudes desenvolvidas
através do ensino e capacitação e treinamentos que supram as necessidades e
novas exigências do mercado de trabalho.
40
Segundo os autores já citados (HELAL; ROCHA, 2011, p.141) “a atual
conjuntura do mercado de trabalho é produto do processo de reestruturação
econômica iniciado na década de 1970, com o esgotamento do modelo fordista de
produção.” Deste modo, pode-se afirmar que a preocupação com a empregabilidade
surge a partir das novas cobranças aos colaboradores, por parte das empresas, com
base no novo modelo capitalista, o pós-fordismo, que prega um modelo de
acumulação flexível.
Ainda para os supracitados (HELAL; ROCHA, 20112, p.142).
As organizações passaram por um processo de reestruturação, no qual várias ocupações foram destruídas e outras surgiram. O emprego industrial foi reduzido em função da alta inserção de tecnologia, enquanto o setor de serviços se expandiu.
O que resultou na flexibilização e na precariedade das relações do mercado
de trabalho. Gerando, deste modo, o aumento do emprego informal e o trabalho
autônomo.
Para Helal e Rocha (2011; p.142), no que diz respeito aos significados da
empregabilidade:
[...] é possível identificar dois significados para o termo empregabilidade: o empresarial (que considera a empregabilidade como a capacidade de adaptação da mão-de-obra [do indivíduo] às novas exigências do mundo do trabalho e das organizações) e o crítico (que trata a empregabilidade como um discurso, transferindo a responsabilidade pelo emprego da sociedade e do Estado para o próprio trabalhador).
Deste modo, a empregabilidade pode ser divida em duas perspectivas: a
empresarial e a individual. Na perspectiva empresarial, a empregabilidade gira em
torno da corrente estrutural da organização, a necessidade e o desafio de gerar
postos de trabalho, o poder de atração da empresa de atrair talentos e capital
humano e gerar postos de trabalho desafiadores. Dessa forma passa a ser de
responsabilidade social da empresa (KOPS, 2011).
Já em relação à responsabilidade social individual, a questão da
empregabilidade gera no individuo a necessidade de evoluir, seja em razão de uma
41
melhor formação, de qualificação ou capacitação profissional e de cidadania (KOPS,
2011).
A responsabilidade pelo emprego da sociedade e do Estado é transferida
apenas para o trabalhador, como afirmam Carrieri e Sarsur (2002), que entendem a
empregabilidade como estratégia adotada pela alta administração com o intuito de
transferir para o trabalhador a responsabilidade pela não contratação ou demissão.
A verdade é que a empregabilidade e a carreira que o indivíduo constrói estão
ligadas aos seus próprios objetivos profissionais e às aspirações pessoais. Deste
modo, entende-se que todas as ações executadas pelas organizações em prol do
profissional vão depender dos anseios destes. Os profissionais devem ter um plano
de carreira que deve ser atualizado ao longo dos anos, independentemente das
ações de terceiros, para que a empresa invista em sua empregabilidade, sendo uma
via de mão dupla.
A empregabilidade exige do profissional a busca constante pelo
aprimoramento de seus conhecimentos, sendo esta uma exigência fundamental hoje
para se inserir e, ou se manter no mercado de trabalho. É neste cenário que se
insere ao planejamento de carreira um processo contínuo de interação entre o
empregado e a organização visando atender aos objetivos e interesses de ambas as
partes (TACHIZAWA et al., 2001 apud SILVA; NORO, 2008).
Em relação à nova ordenação mundial, principalmente quando analisa-se as
questões de empregabilidade, percebe-se uma rápida e constante mudança nos
novos mercados, mais competitivos, em que o conhecimento e a rede de
informações são fatores que o alimentam. Deste modo, as habilidades exigidas aos
profissionais tornam-se maiores, à exemplo inclui-se pró-atividade, criatividade,
visão de novas oportunidades, confiança, e também conceitos subjetivos voltados
para o comportamento do indivíduo, que valorizam seu desenvolvimento como
pessoa (BOCCHI; GASPARETO,2006).
O fato é que a empregabilidade requer do profissional o constante
aprimoramento de seus conhecimentos, tornando-se uma exigência para se inserir
no mercado de trabalho. O desenvolvimento das habilidades e competências
tornam-se peças-chave para o ingresso no mercado de trabalho cada vez mais
42
competitivo e veloz. O maior desafio dos profissionais é acompanhar as mudanças
dos meios organizacionais e desenvolverem-se junto às empresas.
Ainda nesse contexto, de acordo com Carvalho (2009 apud SILVA e NORO
2008), empregabilidade é definida como um conceito dinâmico referente ao mundo
do trabalho e que expressa tudo quanto o indivíduo deve ter para a sua profunda e
imprescindível capacidade de se ajustar e se enquadrar no mercado globalizado.
Portanto, a forma que o profissional deve se inserir no mercado de trabalho é
apostar na sua formação e qualificação, o que permitirá o crescimento nos níveis de
empregabilidade e melhorar as condições de trabalho. A qualificação é a chave para
uma maior empregabilidade.
A seguir serão apresentadas algumas características da empregabilidade no
setor turístico.
5.1 EMPREGABILIDADE NO SETOR TURÍSTICO
O turismo é um setor econômico muito dinâmico e apresenta perspectivas
promissoras de futuro, porém, ainda hoje, apresenta problemas com a falta de
qualificação e capacitação do capital humano. Desse modo, o desenvolvimento do
setor turístico e a inserção de melhores níveis de qualidade nos serviços que são
prestados, exigem do profissional em turismo melhoria na sua formação e
especialização na área em que atua.
Portanto, as empresas turísticas passam a dar mais importância à
competitividade gerada pelos clientes, que exigem cada vez mais qualidade nos
serviços prestados e profissionais mais capacitados.
O setor turístico tem passado por constantes fases de profissionalização em virtude da nova conjuntura internacional e do crescente grau de exigências de seus clientes na maior parte do mundo desenvolvido” (TRIGO, 1999, p.17).
As organizações estão buscando se enquadrar nas exigências da nova
economia mundial, que estão se modificando rapidamente. Atualmente, existe por
parte das empresas um estimulo para que os indivíduos tenham uma formação mais
43
generalista com conhecimentos e qualidades que os permitam atuar em diferentes
setores e ocupações da atividade (PAIXÃO; GÂNDARA; LUQUE, 2002).
Ainda para Paixão, Gândara e Luque, (2002), as grandes organizações estão
oferecendo cada vez menos postos de trabalho, portanto, o mercado da
empregabilidade, está atualmente em pequenas e médias empresas que se formam
para prestar serviços que, cada vez mais, se tornam atualizados e especializados.
Os autores afirmam também que, nas últimas décadas, diversos estudiosos vêm
destacando a migração da mão de obra da atividade industrial para o setor de
serviços, e que estas mudanças geram no mundo do trabalho o desenvolvimento de
novas atitudes, habilidades e competências dos profissionais.
Como diversas outras áreas que dialogam com o setor de serviços, destaca-
se no presente estudo, a atividade turística que depende, em sua grande área, do
fator humano, desse modo pode-se afirmar que contribui significativamente para
geração de novos empregos. Sobre esse contexto (ROSENTRAUB; JOO, 2009
apud EURICO, 2011), o investimento no turismo, enquanto vetor de
desenvolvimento da economia de uma cidade, região ou país, resultará no
crescimento do número de postos de trabalho no setor e também na capacidade
atrativa e geradora de pessoas qualificadas nesta área.
Com base na obra dos autores Mathieson e Wall, que data do ano de 1982,
Eurico (2011) aponta e distingue três tipos de empregos gerados pela atividade
turística, são eles:
O emprego direto: que resulta dos gastos dos visitantes em instalações
turísticas;
O emprego indireto: que, atinente ao turismo, não resulta diretamente
dos gastos turísticos;
O emprego induzido: que provém dos gastos dos moradores devido às
entradas procedentes do turismo.
Segundo Eurico (2011), outros autores dão outras classificações para os
empregos gerados pela atividade turística como, por exemplo, Lickorish e Jenkins
(1997 apud EURICO, 2011) que classificam como emprego direto o conjunto de
postos de trabalho que devem a sua origem à necessidade de satisfazer e servir os
44
requisitos dos turistas, e de emprego indireto os que se repartem por outros setores
econômicos quando a necessidade do turismo abranda, em parte, devido ao fator da
sazonalidade.
De acordo com Eurico (2011), a abrangência e diversidade da natureza do
fenômeno turístico dificultam a delimitação do setor de empregos na atividade
turística, havendo necessidade de se tomarem decisões que viabilizem os estudos e
que, em simultâneo, forneçam uma ótica mais similar possível com a realidade do
setor.
Para a OMT (2001) “Tradicionalmente, as estatísticas elaboradas sobre o
emprego criado pela atividade turística fazem referência ao emprego direto”. A
organização citada na busca de uma padronização de definições e mensurações do
turismo levou no ano de 1991, em colaboração com o governo do Canadá, a
promoção da International Conference on Travel and Tourism Statistics, conhecida
como Conferência de Ottawa, da qual resultaram padrões estatísticos adotados pela
Comissão de Estatísticas da ONU em 1993 (EURICO, 2011).
A contribuição da atividade turística na geração de empregos pode ser um
dos elementos de maior importância quando se atenta a uma caracterização de um
determinado setor econômico, por esse motivo é crucial que os profissionais que
atuam nos setores relacionados ao turismo estejam aptos, capacitados e
qualificados para atuar nas diversas áreas que compõem o setor.
Salientando que é de responsabilidade do próprio indivíduo atualizar-se e
desenvolver-se, de modo a suprir as exigências do mercado que requer, cada vez
mais, um profissional de alto nível de qualidade, conforme será destacado na seção
a seguir que aborda o tema carreiras e crescimento profissional.
5.2 CARREIRAS E CRESCIMENTO PROFISSIONAL
Inicialmente é necessário ressaltar alguns aspectos que podem ser
observados no mercado de trabalho atual como, por exemplo, a falta de mão de
obra qualificada que causa, em alguns setores, dificuldades na economia em
respectivas áreas onde, de um lado, as empresas não encontram profissionais com
o perfil exigido e, do outro, o grande número de indivíduos com dificuldade em
conseguir melhores colocações por não preencherem tais exigências.
45
Desse modo, pode-se dizer que o mercado de trabalho está mudando ao
longo dos anos, e deve-se ter um novo olhar sob a carreira profissional, portanto, o
perfil do profissional tem que acompanhar essas variações para atender as
necessidades das organizações atuais.
Uma organização pode ser considerada como uma gigante unidade social,
econômica e política, onde os indivíduos dedicam maior parte do seu tempo. Com a
correria e com as obrigações profissionais e pessoais, os funcionários de qualquer
empresa, esquecem-se da empregabilidade e de construir seu próprio plano de
carreira. Atualmente, um contrato de trabalho significa uma parceria, onde a
empresa e o colaborador devem ser úteis entre si (VELOSO; SILVA; DUTRA, 2007).
De acordo com Hanashiro et al. (2008 , apud VELOSO;SILVA; DUTRA 2007),
o profissional deve encarar o trabalho como um projeto, no qual ele trará
contribuições para garantir o crescimento sustentável da empresa e, em troca, será
recompensado por meio de um pacote de remuneração equivalente a certo período
ou meta atingida.
Porém, atualmente, ter um contrato de trabalho não deve impedir e influenciar
o indivíduo a deixar de tornar-se útil aos olhos do mercado, deixar de atualizar-se.
Pelo contrário, a competitividade dentro e fora das empresas, exige dos profissionais
estarem à frente do seu tempo, planejamento e se aperfeiçoando constantemente
para benefício próprio e para organização em que esta atuando.
Dutra (2001) afirma que o desenvolvimento de uma carreira não deve ser
entendido como um caminho rígido, mas como uma sequência de posições e de
trabalhos realizados pelo profissional. Tal sequência, articulada de forma a conciliar
desenvolvimento pessoal com desenvolvimento organizacional, é o que se pode
chamar de carreira.
A construção de uma carreira requer decisões e atitudes que, normalmente,
se refletem em outras esferas da vida das pessoas. O desenvolvimento profissional
exige adaptações sociais que envolvem não só o trabalhador, mas também sua
família (VELOSO; SILVA; DUTRA, 2007).
Portanto, quando o indivíduo pensa na construção da sua carreira
profissional, não diz respeito a somente escolher qual graduação irá cursar, pois a
aquisição do título apenas, não garante o êxito profissional. É necessário se atentar
46
sempre a vocação e a dinâmica do mercado. A respeito dessa informação, Minarelli
(1995, p. 50) afirma que:
Para ter motivação e prazer no trabalho, é preciso estar na profissão certa. Exercer uma atividade que corresponda à sua vocação. Buscar a convergência entre o trabalho e a vocação, procurar aproximar-se cada vez mais de sua vocação. A proximidade entre o trabalho desempenhado e a vocação é fundamental para que a pessoa tome iniciativa, para que todos os dias tenha ânimo, energia, disposição.
De acordo com Minarelli (1995) os seis pilares que sustentam a
empregabilidade são: a adequação vocacional, competência profissional,
idoneidade, saúde física e mental, reserva financeira e fontes alternativas e
relacionamentos, como segue abaixo:
Adequação vocacional: a adequação vocacional fortalece a empregabilidade
na medida em que a ocupação corresponde a aptidões, facilidades, gostos e
interesses do profissional;
Competência profissional: sinônimo de capacitação profissional e, através
dela se compete no mercado. Compreende os conhecimentos adquiridos, as
habilidades físicas e mentais, o jeito de atuar e a experiência.
Idoneidade: sustenta o profissional, proporciona segurança e garante
empregabilidade. O profissional idôneo, correto, honesto, que conduz a sua
vida e seu trabalho dentro de princípios legais e éticos, tem a seu favor a
consideração, o apreço, a admiração e a confiança das pessoas.
Cuidar da saúde física e mental: buscar continuamente o equilíbrio entre o
trabalho e o lazer, entre a obrigação e a diversão, entre o papel profissional e
os demais papeis que desempenhamos na vida.
Reserva financeira e fontes alternativas: a perda do emprego significa o fim
da entrada de receita, um hiato em seu orçamento. Para realizar atividades
como cuidar da saúde, atualizar-se profissionalmente, encontrar tempo para
fazer exercícios e lazer é necessário ter dinheiro.
47
Sobre a construção do plano de plano de carreira (HANASHIRO et al., 2008 apud
NORO; SILVA, 2008) está relacionado com os objetivos profissionais do indivíduo e
suas aspirações pessoais de carreira. De qualquer modo, as ações das empresas
em prol do profissional sempre dependerão do que realmente o profissional quer de
sua vida. Pois, se ele não tem um planejamento de carreira, que deve ser atualizado
ao longo do tempo e desenvolvido independente das ações dos outros, a empresa
não terá segurança em investir na empregabilidade dos seus colaboradores.
Para Chiavenato (2010), a carreira significa a sequência de posições e
atividades desenvolvidas por uma pessoa ao longo do tempo em uma organização.
Hoje, a tendência, de acordo com o autor, é que a “carreira baseada em cargos” seja
substituída pela “carreira baseada em competências”.
Porém, deve-se salientar que dentro de uma organização, é função do gestor
de pessoas atuar energicamente, demonstrando que o plano de carreiras deve ser
entendido pela organização como uma proposta também de crescimento
profissional, com a qual todos ganharão não somente aumentos salariais
(RESENDE, 1991 apud ARAÚJO, 2006).
Desse modo, a gestão de carreiras se faz necessária tanto para os
colaboradores, quanto para as empresas. Para os indivíduos, destaca-se a
responsabilidade por buscar seu próprio desenvolvimento e crescimento profissional.
Para as organizações, destaca-se a responsabilidade de conceder aos funcionários
suporte e condições para uma relação de alavancagem mútua de expectativas entre
empresa e funcionários (DUTRA, 1996 apud SILVA, 2008).
Como os indivíduos investem na gestão de carreiras e a forma que
estabelecem seu plano de carreira está ligada com o modo que pensam, como
atuam no mercado e no desenvolvimento da sua vida profissional, portanto, pode-se
levar em consideração as diferenças geracionais e como as características destas
influenciam na construção da história profissional de cada indivíduo. A seção
seguinte apresenta as diferentes gerações, ressaltando a Geração Y com relação à
atuação no mercado de trabalho.
48
5.3 AS DIFERENÇAS GERACIONAIS
Nos últimos anos, o conceito de gerações está recuperando o seu espaço nas
análises sociológicas, o que vem indicando não só as diferenças de classe, mas
também as desigualdades de gênero, étnicas, raciais, culturais e geracionais. Vive-
se atualmente um momento em que a reconstrução das trajetórias sociais das
gerações passadas torna-se imprescindível para analisar e compreender as novas
gerações (MOTTA; WELLER, 2010).
A primeira metade do século XX trouxe uma das principais contribuições para
a compreensão do conceito de geração. Para o autor, as gerações são dimensões
analíticas importantes para a compreensão da dinâmica das mudanças sociais e de
formas de pensar e de agir de uma época. As gerações formam produtos
específicos que, pela ação dos tempos históricos e biográficos, podem produzir
mudanças sociais, mas pode ser também, o resultado de uma mudança gestada
pela geração anterior (KARL MANNHEIM 1993 apud OLIVEIRA; PICCININI;
BITENCOURT, 2012).
Deste modo, pode-se afirmar que a construção das gerações não se relaciona
apenas com o tempo cronológico do nascimento dos indivíduos, portanto, não há um
padrão para formação de cada geração, visto que pode perdurar por anos ou
séculos. Assim, o tempo é apenas uma demarcação potencial, pois na verdade o
fator que aproxima os jovens de uma geração é o processo histórico (OLIVEIRA;
PICCININI; BITENCOURT, 2012).
A delimitação temporal e a descrição de cada geração foi originalmente criada
considerando a realidade norte americana a partir do encerramento da Segunda
Guerra Mundial. Entretanto, nem nas economias ocidentais, como Estados Unidos e
Reino Unido há consenso sobre a delimitação dos períodos que abrangem cada
geração, bem como de suas características acerca das diferenças entre as três
gerações (PARRY; URWIN, 2011 apud VELOSO; SILVA; DUTRA, 2007).
O termo gerações, de acordo com Corsten (2010) apud Motta e Weller (2010)
tornou-se popular na denominação de manifestações culturais ou políticas como, por
exemplo, na geração “caras pintadas” ou de desenvolvimentos tecnológicos, como
na geração Y, atribuídos, sobretudo, pelos meios de comunicação atuais. Portanto,
estudos são desenvolvidos partindo da perspectiva que contempla uma geração de
49
forma isolada, como uma unidade desmembrada das outras gerações e de seu
tempo histórico. Percebe-se a inflação do conceito seguida de uma destituição de
seu sentido teórico, na medida em que o termo geração passou a ser utilizado,
muitas vezes, como sinônimo para denominar uma faixa etária ou um grupo com
características específicas.
De acordo com Tomizaki (2010 apud OLIVEIRA; PICCININI; BITENCOURT,
2012) dois componentes influenciam de maneira incisiva na integração e
características singulares de cada geração, são elas eventos históricos que quebram
a continuidade formando uma ideia de antes e depois na vida social, e a forma como
esses eventos são vivenciados pelos diferentes grupos etários, que estão em
diferentes momentos do seu processo de socialização. Tais eventos podem ser
grandes e desastrosos problemas sociais ou naturais, ou lentos processos
econômicos, políticos e culturais que, aos poucos, tornam o modo de vida anterior e
as experiências relacionadas aos jovens sem sentido.
Portanto, segundo Oliveira, Piccinini e Bitencourt (2012, p. 552) “o simples
marco cronológico é apenas um ponto referencial, mas não serve como base para
delimitar as formas de agir de um grupo etário”.
O conceito e a compreensão da ideia de geração devem ser construídos,
levando em consideração os fatos históricos marcantes de cada época e região.
Deve haver vínculo entre a geração e os fatos devem produzir algum sentido, para
que a ideia não seja simplificada, de senso comum. Alguns cientistas sociais
destacam duas direções nos estudos e pesquisas sobre as gerações de acordo com
Motta e Weller (2010 p.176):
A primeira, pela tradição antropológica referindo-se principalmente as várias formas de grupos e categorias de idade, em um sentido genealógico ou de filiação. E recentemente, a outra dimensão, mais diretamente sociológica e política, destacando-se as relações entre as gerações, em um reconhecimento de que se trata de relações de poder – tanto no âmbito da família como no cenário macrossocial das solidariedades e conflitos entre gerações, sobretudo direcionadas para as questões das políticas sociais, com ênfase na proteção social e no discutível debate sobre equidade entre as gerações.
De acordo com Mannheim (1964) apud Motta; Weller (2010, p. 176) geração
pode ser dividida em vários momentos e etapas, a exemplo,
50
Através do pertencimento a uma geração, a um mesmo ‘ano de nascimento’, se está vinculado de forma parecida à corrente histórica do acontecer social”, sendo uma predisposição para “uma modalidade específica do viver e do pensar, uma modalidade específica de intervenção no processo histórico.
Portanto, grandes eventos como guerras, crises econômicas, transformações
políticas, situação de classe entre outros, também representam uma geração, pois
os indivíduos que vivenciam um campo determinado tendem a desenvolver uma
forma específica de pensar e de agir, bem como de interferir no processo histórico.
(OLIVEIRA; PICCININI, BITENCOURT, 2012).
A compreensão do período histórico permite aprofundar as possibilidades e limitações que se apresentam para o grupo a partir da conjuntura econômica, social e cultural que ele vivencia, além de permitir o aprofundamento da discussão sobre o tempo cronológico que define uma geração, experiências comuns e relações com outras gerações. Nessa direção, ressalta-se a importância de considerar as relações que o indivíduo estabelece com o sistema de formação e com o mercado de trabalho. Embora não estejam desconectadas de gerações históricas, as gerações familiares trazem aspectos específicos da vivência geracional no sistema de ensino ou em determinados campos de atuação profissional (OLIVEIRA; PICCININI, BITENCOURT, 2012, p. 553).
Os aspectos econômicos, culturais e sociais são aspectos que servem como
moldura para a formação dos grupos geracionais atuais. A alta qualificação e o
conhecimento tecnológico exclui a existência de classes diferentes, como se a
sociedade fosse formada apenas por um grupo coeso e único. Logo, uma geração
não se constitui independentemente do contexto sócio-histórico, é necessário então
que se considere a influencia entre as gerações, no processo de socialização. Desse
modo, para que se compreenda uma geração, deve-se analisar de forma relacional
e com foco na construção dos grupos geracionais e não somente os conflitos e as
diferenças que as marcam (OLIVEIRA; PICCININI; BITENCOURT, 2012).
De acordo com Zemke, Raines e Filipczak (2008) as gerações demonstram
um padrão de comportamento similar dos indivíduos que as agrupam, são elas: a
geração dos Veteranos, geração Baby Boomers, geração X, geração Y (Next).
Destaca-se, como ponto principal, o fato das organizações hoje estarem atuando
com as diferentes gerações, que trabalham lado a lado, desencadeando em um
choque de valores, ambições e pontos de vista, como será explanado a seguir.
51
A geração dos veteranos é composta por indivíduos que nasceram entre 1922
e 1943, aproximadamente. Nasceram antes da Segunda Guerra Mundial, marco
para essa geração. São seguidores de valores como, por exemplo, a família,
lealdade, direitos civis, autoridade e moralidade. No trabalho prezam princípios
éticos e memória coletiva da empresa. São considerados um repositório
insubstituível de sabedoria, de astúcia em relação aos meandros do trabalho, e têm
uma rede de contatos preciosa para a organização (ZEMKE; RAINES; FILIPCZAK,
2008).
Ainda sobre as características da geração dos veteranos Zemke; Raines;
Filipczack (2008, p.1) destacam que esses têm no trabalho um “estilo típico de
liderança que é o autoritário, orientado para os princípios clássicos do comando e de
controle”. Mesmo que acreditem no trabalho em equipe, o encaram da forma de um
modelo militar, portanto, terá de haver alguém que dê a última palavra, a voz de
comando.
Em relação à liderança de organizações, os veteranos têm como
característica, tomar todas as decisões, assumindo as responsabilidades e
consequências. Esperam de seus funcionários, lealdade e dedicação. São atraídos
por segurança e estabilidade (ZEMKE; RAINES; FILIPCZAK, 2008).
A geração Baby Boomers é composta por indivíduos que nasceram entre
1943 e 1967, cresceram na época do progresso, das oportunidades e do otimismo.
Veem indivíduos de outras gerações como um problema nas organizações em que
atuam e costumam dividir as gerações como os “antes de nós”, “nós” e “depois de
nós”. (ZEMKE; RAINES; FILIPCZAK, 2008).
Segue os valores tradicionais relacionados ao cumprimento de suas
obrigações em relação à carreira, lealdade à organização, educação e criação dos
filhos, casamento, entre outros. Além disso, tendem a ser mais cooperativos e
participativos no trabalho (SMOLA; UTTON, 2002 e ZEMKE et al., 2000 apud
VELOSO; SILVA; DUTRA, 2007).
Os boomers são indivíduos egocêntricos, segundo Zemke; Raines; Filipczack
(2008, p.1) “acreditam que tudo o que não tiver sido inventado nos anos 70 ou 80
dificilmente poderá gerar um retorno significativo do investimento”. Estimam a ética
em sua vida pessoal, defendem as teorias da gestão participativa, porém não as
52
praticam habitualmente. São preocupados com a participação e manutenção de um
bom ambiente e da justiça dentro do trabalho.
Essa geração cresceu com a necessidade de provar para si próprios as suas
capacidades, definem-se pelos resultados que alcançam no trabalho, colocam a
carreira à frente de tudo, inclusive da família. São indivíduos aptos a trabalhar em
todos os tipos de organização, é a geração que lidera o mundo até 2005 (ZEMKE;
RAINES; FILIPCZAK, 2008).
Os indivíduos que agrupam a geração X são os nascidos entre 1960 e 1980,
esta geração cresceu nas sombras dos Baby Boomers e, deste modo, herdou
algumas características dessa geração. Entre os marcos políticos e econômicos da
geração X, destacam-se apenas os choques econômicos dos anos 70 e 80. É uma
geração fragmentada. Adotam uma postura mais cética e defendem um local de
trabalho mais informal, com hierarquia menos rígida. São confortáveis a mudanças,
flexíveis e qualificados. Trabalham pra viver e não o contrário. Investem em sua
empregabilidade, pois aprendem que um emprego não é garantia de sobrevivência.
Têm espírito empreendedor (ZEMKE; RAINES; FILIPCZAK, 2008).
A geração Y (Next) inclui os nascidos entre 1980 e 2000. Também chamados
“Next”, pois mergulharam diretamente no mundo tecnológico. Segundo Veloso;
Silva; Dutra (2007, p. 201):
[...] muitas vezes são caracterizados pela relutância em obedecer à hierarquia da organização. No entanto, desejam uma direção clara e apoio da gestão em suas atividades; procuram flexibilidade e autonomia na realização de tarefas e possuem a vantagem de lidarem habilmente com as novas tecnologias.
Os indivíduos da geração Y demonstram inquietação, contestação e
insubordinação em diversos contextos dentro da organização. São também
habituados a estarem a todo o momento compartilhando informações e em contato
com pessoas no ambiente virtual, dentro e fora de seu local de trabalho. Tem
expectativas profissionais de carreiras brilhantes, rápida ascensão e altos salários
(VELOSO; SILVA; DUTRA, 2007).
O fato é que cada geração é marcada por anseios, histórias, vivencias,
contextos e expectativas diferentes, deste modo, no mercado de trabalho os
conflitos entre as gerações são inevitáveis. Os Baby Boomers são workholics,
53
valorizam o status e a carreira numa mesma organização, sendo leais a essa. Já os
indivíduos da geração X mantêm uma postura mais cética, procuram manter um
ambiente de trabalho mais informal, com menos hierarquia e investem na
empregabilidade por conta também da rotatividade nas empresas. Os integrantes da
geração Y, já são mais individualistas, dentro da organização onde atuam, defendem
suas opiniões e priorizam sua vida pessoal em relação às questões profissionais
(ZEMKE; RAINES; FILIPCZAK, 2008). Em relação ao mercado de trabalho, a figura1
apresenta de forma pontual as características de cada geração.
GERAÇÕES CARACTERÍSTICAS
Veteranos
Gostam de consistência e uniformidade;
Apreciam as coisas em grande escala;
Têm um forte sentido do dever;
Acreditam na lógica e não na magia;
São disciplinados e leais;
São orientados para o passado e gostam de aprender com as lições da história;
Acreditam sempre na lei e na ordem;
Investem de forma conservadora.
Baby Boomers
Creem no progresso econômico e social.
Têm de ser as estrelas do espetáculo.
São, em regra, otimistas.
Aprenderam o que é o trabalho de equipe na escola e nos empregos.
Perseguiram a gratificação pessoal a um custo elevado para eles e para outros.
Procuram a sua essência e o sentido da vida de forma repetida e obsessiva.
Veem-se como pessoas sempre (na onda)
X
São autoconfiantes, mas cépticos;
Estão à procura de um sentido de família;
Querem ter vida pessoal e profissional;
Cumprem objetivos e não prazos;
Gostam da informalidade no trabalho;
São avessos ou indiferentes à autoridade;
Parecem ser atraídos pelo abismo;
São criativos e dominam as tecnologias.
Y
As mães trabalham. Em crianças estiveram no infantário desde os três meses.
Apreciam a maneira de ser dos pais.
Aceitam de forma natural a diversidade de raças, religiões e ambientes.
São otimistas quanto ao futuro.
No emprego mostram-se desejosos de trabalhar e de aprender.
Sabem mais do que os seus pais
Figura 1- Características das gerações Fonte: Elaboração própria baseado em Zemke; Raines; Filipczak (2008)
54
A subseção seguinte tem como base a já citada geração Y, porém serão
destacadas as principais características desta geração na forma como se inserem e
atuam nas organizações atualmente.
5.4 A GERAÇÃO Y E O MERCADO DE TRABALHO ATUAL
A relação de juventude e trabalho é fundamental para compreender as
relações sociais de diferentes períodos. Na sociedade ocidental com um todo, o
ingresso dos jovens no mercado de trabalho está entre os principais marcos da
passagem para a vida adulta (GALLAND, 2007 apud OLIVEIRA; PICCININI;
BITENCOURT , 2012).
Contudo, as transformações ocorridas no mundo laboral trouxeram mudanças
significativas para a juventude, levando aos jovens, sobretudo de países
desenvolvidos, à ampliação do tempo de dedicação aos estudos e,
consequentemente, ao adiamento da inserção no mercado de trabalho. Já nos
países periféricos, essa tendência ocorre entre as famílias de maior poder aquisitivo,
diferentemente dos jovens mais pobres, que na sua maioria convivem com o
problema do desemprego (OLIVEIRA; PICCININI; BITENCOURT, 2012).
Ainda na questão da relação entre trabalho e juventude, pode-se citar as
condições de vida, as oportunidades e o tempo disponível, como peculiaridades que
separam os jovens que trabalham por necessidade, daqueles que apenas estudam e
buscam o trabalho como meio de desenvolvimento profissional (OLIVEIRA;
PICCININI; BITENCOURT, 2012).
Estes jovens agrupam a chamada geração Y, definidos por uma delimitação
etária e por comportamentos relacionados ao ritmo de mudanças, como
interatividade, rapidez no acesso à informações e entendimento do mundo. A
discussão sobre a geração Y teve grande repercussão nos estudos realizados no
Brasil, diferente a grupos geracionais anteriores. As discussões sobre a geração Y
têm crescido, tendo maior destaque nas redes sociais. Segundo os estudos, os
jovens dessa geração, viveram muitas mudanças em diversos setores da sociedade,
tendo como característica a certeza da imprevisibilidade dos acontecimentos
(CLARO et al , 2010 apud OLIVEIRA; PICCININI; BITENCOURT, 2012).
55
Essa geração enxerga o mercado de trabalho de outra forma, baseado em um
contrato psicológico diferente dos outros grupos geracionais. O trabalho é mais que
apenas uma fonte econômica, é também um recurso satisfação e aprendizado. Esta
mudança altera o entendimento de carreira, promoção, estabilidade e vínculo
profissional, aspectos relativos à vida organizacional valorizado pelas gerações
anteriores (VASCONCELOS, et al. ,2010).
As inúmeras transformações ocorridas no mercado de trabalho fizeram com
que os jovens tomassem maior interesse para a necessidade de atualizar-se, e
manterem-se sempre competitivos. Muitas organizações hoje já tem a presença de
jovens em seu comando, o que gera à adoção de novas formas de se trabalhar, com
diferentes valores e normas. Os jovens da geração Y trazem uma nova forma de ser
e agir em sociedade, principalmente em relação ao trabalho, trazendo novos
desafios de mantê-los nas organizações e amenizar os conflitos geracionais
(OLIVEIRA; PICCININI; BITENCOURT, 2012).
A geração Y tem como características ser bem informada e possuir um nível
de educação mais alto que suas antecessoras. Encaram o trabalho como um desafio
e diversão, prezam o ambiente informal, com liberdade, buscam aprendizado
constante e não tem medo da rotatividade de empregos (VASCONCELOS, et al.
,2010).
O discurso formado pelas organizações, segundo Oliveira, Piccinini e
Bitencourt (2012, p.554)
Destaca que esses jovens seriam mais inquietos e difíceis de se manterem no trabalho. No entanto, é esquecido que tal inquietação pode ser decorrente da desinstitucionalização do emprego, pois, até o final do século XX, para sentir-se integrante da sociedade era necessário ter uma carreira, uma identidade social adulta relacionada com a função econômica ou laboral específica. O trabalho produtivo não era apenas um meio para atingir um fim econômico, mas também uma marca de identidade, uma espécie de validação social de sua importância e de pertença a um grupo conhecido.
Atualmente, a juventude é mais bem instruída e preparada, desejam melhores
oportunidades, o que nem sempre é possível. De acordo com Kliksberg (2006) as
trajetórias vivenciais assumem diferentes caminhos, de acordo com os estratos
sociais a que os jovens pertencem. As classes abastadas buscam níveis elevados
56
de educação, saúde, trabalho e habitação, um modo de vida próximo ao encontrado
em países desenvolvidos. Deste modo, os jovens carentes por ter limitações em
relação a possibilidades de educação e trabalho, na maioria sua inserção no
trabalho se dá de forma mais precária.
Sobre a discussão sobre as disparidades dos jovens, principalmente
brasileiros que compõem a geração Y, segundo Oliveira; Piccinini e Bitencourt
(2012, p. 557):
Para a área de gestão de pessoas, portanto, é importante reconhecer que a atual geração que ingressa no mercado de trabalho não é formada por apenas um mesmo grupo juvenil. Existem os representantes da geração Y que cultuam valores e têm um modo de vida semelhante ao vivenciado por jovens de países desenvolvidos, mas estes são minoria. No entanto, é preciso que os estudos sobre juventudes e gerações da área de gestão de pessoas considerem, também, as experiências dos jovens operários, trabalhadores de call center, motoboys, freelancers, menores aprendizes etc., que tem modos de vida e de ingresso no mundo profissional bastante distante daqueles que ingressam no mercado com o curso superior completo ou ainda em andamento.
Apesar das atitudes e características comuns aos pertencentes da geração Y,
é necessário ressaltar que, atualmente, este grupo é considerado talentoso e possui
uma maneira distinta de analisar e tomar decisões (NASCIMENTO, 2013).
De acordo com a pesquisa “O que o jovens buscam no mercado de trabalho”
realizada pela Ibemec/ RJ (2010 apud Nascimento 2013), quando se trata de
emprego, a Geração Y se divide em quatro tipos, conforme apresenta a figura 2.
57
TIPOS CARACTERÍSTICAS
ENGAJADOS
Muito ambiciosos;
Desejam status e autorealização;
Aceitam as condições do mercado de trabalho;
Confiam que com o grau de qualificação conseguirão conquistar uma posição privilegiada no mercado.
PREOCUPADOS
Preocupados em relação à posição ao mercado de trabalho;
Buscam posições no mercado condizentes com suas expectativas;
Tem a percepção que lhes falta o capital cultural e social exigidos pelo mercado, carência esta potencialmente decorrente de sua origem socioeconômica.
CÉTICOS
Não se preocupam muito com a carreira;
Predileção por trabalhar em cargos públicos;
Desejo que trabalhar em instituições não governamentais.
DESAPEGADOS São os que menos se preocupam com a carreira;
Vontade de trabalhar em cargos públicos.
Figura 2-Tipos e características da geração Y Fonte: Elaboração própria baseado em Ibemec/ RJ (2010) apud Nascimento (2013)
Desta forma, pode-se afirmar que para que os Ys permaneçam felizes nas
organizações em que atuam, além de oportunidades de desenvolvimento, é
necessário transparência em relação ao que será oferecido e o que se espera
desses profissionais. Os problemas se dão quando essas expectativas não são
atendidas. Eles precisam acreditar que naquele lugar, podem construir uma carreira
(SANCHEZ, 2013).
Os comportamentos dos Ys estão baseados no contexto que vivem: cercados
de tecnologia e com mais intimidade com seus pais. Estão acostumados a estudar
com computador e TV ligados e a todo tempo com fones de ouvido, eles têm mais
competência com multitarefas. Os jovens da geração Y compreendem a hierarquia
de uma maneira diferente, fruto da relação mais aberta e horizontalizada que
possuem com os seus próprios pais. Por essa razão, muitas vezes, esse tipo de
comportamento é interpretado como arrogante pelas demais gerações (SANCHEZ,
2013).
Em suma, de acordo com Lombardia et al.,(2008 apud VASCONCELOS, et al
,2010 p. 230) este cenário desafiador exigirá das organizações o repensar das
práticas de gestão de pessoas, que até então estavam pautadas nos valores e
anseios de outras gerações. É preciso compreender as dúvidas e os anseios da
58
juventude, analisando os dilemas atuais que rondam as organizações, a fim de
amenizar possíveis conflitos.
59
6 PERSPECTIVAS DE EMPREGABILIDADE: VISÃO DOS ALUNOS DO CURSO DE HOTELARIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE
Neste capítulo, será apresentado o caminho metodológico adotado para que
este trabalho pudesse ser realizado, bem como os resultados encontrados na
pesquisa de campo. Inicialmente, serão expostos a abordagem da pesquisa, o
método de coleta e análise dos dados. A seguir, serão discutidos e analisados os
resultados obtidos no presente estudo.
6.1 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
A elaboração do plano metodológico desta pesquisa teve como base o seu
referencial teórico, buscando justificar o motivo pela escolha de determinados
procedimentos metodológicos que serão explanados a seguir.
O presente trabalho está construído, inicialmente, pelo referencial teórico.
Este foi estabelecido a partir de uma intensa pesquisa bibliográfica numa fase
preliminar de levantamento e revisão da literatura existente, com o objetivo de
contextualizar o trabalho acadêmico. De acordo com Dencker (1998) a pesquisa
bibliográfica permite um grau de maior intensidade, economia de tempo e o
levantamento de dados históricos.
A fundamentação teórica torna-se essencial na pesquisa, pois como afirma
Deslandes (2012), é preciso estabelecer um diálogo reflexivo entre as teorias de
outros estudiosos e relacioná-las ao objeto de estudo, com o objetivo de delimitar a
proposta de estudo.
Para realização do presente estudo, adotou-se a abordagem qualitativa, de
acordo com Minayo (2012, p. 21):
[...] trabalha com o universo dos significados, dos motivos, das aspirações, das crenças, dos valores e das atitudes. Esse conjunto de fenômenos humanos é entendido [...] como parte da realidade social, pois o ser humano, se distingue não só por agir, mas por pensar sobre o que faz e por interpretar suas ações dentro e a partir da realidade vivida e partilhada com seus semelhantes .
60
Posteriormente a pesquisa bibliográfica, foram analisados os temas mais
relevantes para a elaboração do roteiro do grupo focal, que foi usado como método
de coleta de dados.
O grupo focal, para Oliveira e Freitas (2006), é um tipo de entrevista em
profundidade realizada em grupo, cujas reuniões têm características definidas
quanto à proposta, ao tamanho, à composição e aos procedimentos de condução.
Afirmam ainda que o foco ou o objeto de análise é a interação dentro do grupo.
As características gerais da técnica do grupo focal são o envolvimento das
pessoas, reuniões em série, homogeneidade dos participantes quanto aos aspectos
de interesse da pesquisa, geração de dados, natureza qualitativa e discussão
focada em um tópico, que é determinado pelo propósito da pesquisa (KRUEGER,
1994 apud OLIVEIRA; FREITAS, 2006).
Seguindo o método científico, esta pesquisa foi dividida nas seguintes etapas:
planejamento, realização do grupo focal, transcrição das falas e análise dos dados.
Primeiramente, foi desenvolvido um plano cronológico que incluiu a elaboração do
roteiro de perguntas, a identificação dos sujeitos de investigação, recrutamento dos
participantes (feito por ferramentas de internet, como facebook, email, e por meio do
boca a boca). O grupo focal foi gravado por meio de aparelhos de tecnologia, como
Ipod, câmera fotográfica, celular e gravador de áudio para, posteriormente, essas
falas serem transcritas e submetidas à análise.
O grupo focal desta pesquisa foi composto por 13 alunos do quarto período
do Curso Superior de Tecnologia em Hotelaria da UFF, a composição do grupo foi
estrategicamente definida para que todos os participantes tivessem oportunidade de
expor sua opinião. Foi realizado no dia 11 de novembro de 2013, a partir das 13h.
Teve início com um pequeno lanche oferecido aos participantes, e contou com a
participação de dois moderadores. A orientadora (moderador 01) e a própria
pesquisadora (moderador 02).
O roteiro do grupo focal foi constituído de 03 blocos, desse modo, inicialmente
foram dadas as primeiras orientações pelo moderador 01. Num discurso breve foi
apresentado o objetivo da pesquisa, o motivo da escolha dos participantes, o que é
um grupo focal e as regras básicas que integram o método como, por exemplo, que
a sessão seria gravada, garantia-se o sigilo absoluto da conversa dos participantes,
61
uma pessoa falaria por vez, não deveriam existir conversas paralelas e todos que se
sentissem à vontade para expressar sua opinião.
Posteriormente, o moderador 02 deu início ao primeiro bloco que se refere à
apresentação dos participantes numa espécie de quebra-gelo, que são as questões
abertas, perguntas que podem ser feitas a todos, e permitem em uma resposta
rápida identificar as características em comum dos participantes (OLIVEIRA;
FREITAS, 2006). Neste bloco 01, os participantes se identificaram dizendo a idade,
cidade onde residem, se estudaram em colégios públicos ou privados, motivo da
escolha do curso e em qual período/semestre tem a intenção de se formar.
Em seguida, o moderador 02 iniciou o segundo bloco com questões
introdutórias, as que introduzem o tópico geral da discussão, oferecendo aos
integrantes do grupo oportunidades para refletir sobre as experiências vivenciadas
(OLIVEIRA; FREITAS, 2006). No bloco 02 as principais questões abordavam temas
como visão dos participantes sobre o mercado de trabalho no setor hoteleiro,
experiências laborais em meios de hospedagem, dificuldades de inserção no
mercado de trabalho, vantagens e desvantagens de trabalhar com hotelaria e
competitividade.
Logo após o término das perguntas que nortearam os participantes, foi à vez
das questões de transição, a fim de conduzir a conversação para as questões chave
da pesquisa. Dentre os tópicos discutidos, destacam-se a discussão sobre as
diferenças geracionais, enfatizando como se dá a convivência de diferentes
gerações nas organizações atuais. As questões chave direcionaram o grupo para as
questões principais do estudo. Assim, foram apresentadas perguntas com foco no
Curso Superior de Tecnologia em Hotelaria da UFF, abordando assuntos como a
contribuição do curso nas questões profissionais e pessoais individuais, aptidão para
o mercado de trabalho e sugestões de melhorias para o curso. Neste bloco também
são apresentadas questões que submetem os participantes a refletirem sobre o
futuro, após se formarem na UFF, e o que pensam sobre o que é ter uma carreira
bem sucedida.
Concluindo, foram apresentadas as questões finais integrantes do bloco 03 a
fim de ouvir dos participantes pontos importantes que não foram abordados ao longo
da conversação e quais foram os pontos de destaque. A pesquisa foi
62
demasiadamente proveitosa, havendo total participação dos indivíduos que
integraram o grupo focal.
Após a execução do grupo focal foi feita a transcrição das falas que,
posteriormente, foram submetidas a análise e discussão dos resultados.
A subseção seguinte apresentará uma breve contextualização dos sujeitos de
investigação que integraram esta pesquisa.
6.2 SUJEITOS DE INVESTIGAÇÃO
O presente trabalho tomou como objeto de estudo 13 alunos da turma do 4º
período do Curso Superior de Tecnologia em Hotelaria da UFF. Estes prestaram
vestibular no ano de 2011 e ingressaram no primeiro semestre de 2012. No início do
curso a turma era composta por 50 alunos matriculados e, atualmente, está reduzida
a 36 alunos. Três alunos da turma citada participam hoje dos projetos de monitoria
do curso.
Na figura 03 são apresentados os 13 participantes do grupo focal e as
seguintes informações: sexo, idade, cidade de origem, qual geração pertence e qual
período está cursando no momento.
PARTICIPANTES
SEXO IDADE CIDADE GERAÇÃO PERÍODO
PARTICIPANTE 01 Feminino 19 anos São Gonçalo Y 4º
PARTICIPANTE 02 Feminino 22 anos São Gonçalo Y 4º
PARTICIPANTE 03 Feminino 22 anos Niterói Y 4º
PARTICIPANTE 04 Feminino 21 anos São Gonçalo Y 4º
PARTICIPANTE 05 Feminino 18 anos São Gonçalo Y 4º
PARTICIPANTE 06 Feminino 20 anos São Gonçalo Y 4º
PARTICIPANTE 07 Masculino 28 anos Niterói Y 4º
PARTICIPANTE 08 Feminino 20 anos Niterói Y 4º
PARTICIPANTE 09 Feminino 22 anos Petrópolis Y 4º
PARTICIPANTE 10 Feminino 37 anos Cachoeira de Macacu X 4º
PARTICIPANTE 11 Feminino 25 anos Petrópolis Y 4º
PARTICIPANTE 12 Feminino 19 anos São Gonçalo Y 4º
PARTICIPANTE 13 Masculino 19 anos São João de Meriti Y 4º
Figura 3 – Características dos participantes Fonte: Elaboração própria, 2013
63
6.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Conforme já mencionado, os dados coletados durante o grupo focal com os
alunos do Curso Superior de Tecnologia em Hotelaria da UFF do 4º período foram
submetidos à análise qualitativa. Após a leitura da transcrição dos dados obtidos
durante a pesquisa de campo, emergiram categorias de análise, que se relacionam
com as expectativas com o mercado de trabalho no setor hoteleiro dos alunos
participantes.
Nesta seção serão apresentadas e discutidas as categorias de análise, para
isso alguns trechos das entrevistas serão transcritos para melhor compreensão.
Desta forma, as categorias de análise serão identificadas da seguinte maneira:
Relações geracionais; Insatisfação com o mercado de trabalho hoteleiro; Anseios da
Geração Y; Escolhas profissionais; Sentimento de despreparo.
6.3.1 Relações geracionais
A análise do grupo focal permitiu a emergência de um conjunto de categorias
que expressam a relação dos participantes, no que tange a inserção no mercado de
trabalho. Uma das categorias foi a das “Relações Geracionais”. Buscou-se nesta
categoria, identificar as características pessoais dos pertencentes a geração X e a
geração Y, que participaram do grupo focal, e perceber como se dão as relações
das diferentes gerações dentro e fora das organizações.
Segundo Zemke, Raines e Filipczak (2008) as gerações demonstram um
padrão de comportamento similar dos indivíduos que as agrupam. Destaca-se, como
ponto principal, o fato das organizações hoje estarem atuando com as diferentes
gerações, que trabalham lado a lado, desencadeando em um choque de valores,
ambições e pontos de vista.
Os relatos do grupo focal apontaram que a maioria dos participantes
acreditam, de fato, que as gerações têm características e comportamentos distintos.
No decorrer da discussão, eles discorreram sobre como pensam, percebem e
sentem essas relações dentro e fora do ambiente organizacional. O primeiro trecho
refere-se à opinião da única participante da geração X no grupo focal.
64
“Eu vou falar porque eu sou da geração X, então eu tenho que dar minha contribuição também. Analisando, eu acho que poderia ser muito proveitoso essa junção, essa mistura de gerações, porque eu acho que cada um tem uma vantagem que poderia ser bom pra organização, é isso que eu considero. Eu entendo que a geração de vocês é muito imediatista mesmo e, em certos momentos, a gente ser imediatista, querer tudo ao mesmo tempo e isso não acontecer, gera uma frustração e uma apatia, de repente, de não tentar, de não ser persistente, o que é uma coisa diferente da minha geração. A minha geração tem um ritmo mais devagar, mas que, ao mesmo tempo, te dá uma certa solidez. Porque você tem que passar por aquilo pra se conquistar alguma coisa. Tem que ter sofrimento. Eu acho que, pelo menos, a gente aprende a valorizar mais as coisas que, de repente, a geração de hoje em dia não valoriza. A nossa geração conquista de pouquinho em pouquinho e, quando chega lá, valoriza tanto aquilo, tanto aquela conquista que eu acho que é isso que faz total diferença nessa questão de se doar no trabalho e ter dedicação, sei lá vou defender minha geração (risos).” (Participante 10)
O relato da participante 10 revela a questão da diferença geracional dentro
das organizações, pois apesar da participante acreditar que é vantajoso para as
empresas manterem colaboradores de diferentes gerações, pelo fato de acreditar
que cada geração pode contribuir de forma singular para o bom desenvolvimento da
empresa, no mesmo relato ela aponta diversas características que podem tornar-se
empecilhos para um bom relacionamento no ambiente de trabalho.
No trecho a participante faz contraposições com características que julga ser
comum a sua geração a X, com a geração dos demais integrantes do grupo focal
como, por exemplo, o imediatismo. Ela define essa característica da geração Y
como a principal causa das frustrações desses jovens que, ao se abaterem, não
persistem em seus objetivos, diferente dos pertencentes da sua geração, a X, que
buscam no mercado de trabalho algo mais sólido, conquistado passo a passo e a
longo prazo dando, assim, mais sentido ao trabalho e permitindo maior engajamento
e dedicação desses indivíduos a organização.
A participante acredita que a forma de enxergar o mercado de trabalho da
geração Y, em quesitos como a construção de carreira, promoção, estabilidade e
vínculo profissional, aspectos relativos à vida organizacional, não são tão
valorizados como, pelas gerações anteriores (VASCONCELOS, et al. ,2010). No
relato da participante 10, nota-se que ela faz menção a algumas outras
65
características dos Ys, como ansiedade, necessidade de rápida ascensão na
organização, não temem a rotatividade.
O relato da participante 02 evidencia que cada geração é marcada por
anseios, histórias, vivencias, contextos e expectativas diferentes, deste modo, no
mercado de trabalho os conflitos entre as gerações são inevitáveis (ZEMKE;
RAINES; FILIPCZAK, 2008).
“Eu acho que a relação com as gerações futuras e passadas é meio que assim, nós somos multifuncionais e eles não sabem aproveitar essa multifuncionalidade que nós temos, eles querem que você seja focado numa coisa só, assim como eles. Então você não pode fazer, marketing hoteleiro, ou você faz marketing ou você faz hotelaria, você não pode fazer os dois. E pra gente é complicado, porque a gente quer tudo muito imediato e eles querem uma coisa mais a longo prazo, essa relação acho que é bem complicada. Eu digo porque, como eu me dou com meu pai e como é difícil pra eu explicar pra ele como eu quero as coisas e ele fala que não é assim, que não pode ser assim, e a gente sempre acaba entrando em conflito. E eu acho que isso acontece dentro das empresas também” (Participante 02).
No relato apresentado, pode-se notar que os conflitos geracionais, além do
ambiente de trabalho, também são corriqueiros nos lares de alguns participantes,
pois foi uma opinião comum entre eles.
Outro aspecto abordado na fala da participante 02 é a multifuncionalidade,
característica da geração Y, que ela acredita não ser tão valorizado pelas outras
gerações. É colocado também neste relato, características como o imediatismo da
geração Y, em contraponto com a construção de carreira, a longo prazo, das outras
gerações. Segundo a participante as outras gerações julgam que não se pode ter
foco em mais de uma coisa, opinião que ela discorda. Finalmente, o discurso é
encerrado, destacando que os conflitos são inevitáveis e recorrentes nos lares e nos
ambientes empresariais, em razão das diferenças de valores e visão de mundo.
Observou-se também, no grupo focal, algumas características da geração Y,
como expectativas profissionais de carreiras brilhantes, rápida ascensão e altos
salários (VELOSO; SILVA; DUTRA, 2007). Além dos aspectos já citados, o relato da
participante 04 traz novos elementos à discussão, como pode-se perceber a seguir.
66
“Eu acho que a nossa geração tem um problema na hotelaria que é uma profissão bem antiga, temos que nos adequar a forma que as outras gerações começaram. E como nós somos imediatistas. Nós temos esse sonho utópico de ter uma grande ideia e ficar milionário. Se adequar a essas gerações que pensam mais no futuro, por que a gente pensa muito no agora, as outras gerações pensam mais no futuro, em construir e a gente quer uma coisa rápida, uma coisa dinâmica, então isso dificulta. Acho que na hotelaria que é uma profissão muito antiga, que tem aquele protocolo, que trabalha com o sonho das pessoas. Então pra gente isso talvez dificulta um pouco e talvez dificulta mais quando você entra num cargo de chefia, você sendo muito jovem e tendo que ganhar o respeito dessas outras gerações, porque as outras gerações nos veem, sei lá, como crianças que querem montar um brinquedo e ganhar milhões com aquela ideia e ficar rico, que a gente é bobo ,que a gente só fica no computador, então a gente tem que lhe dar com essas coisas. Então, talvez nós perdemos um pouco por isso, a gente acaba tendo que se flexibilizar com todo mundo, acaba tendo que deixar de ser um pouco o que a gente é, acaba tendo que se adequar a essas pessoas, porque é mais fácil nós jovens mudarmos o jeito que a gente faz as coisas do que uma pessoa mais velha mudar, não que não seja possível. As pessoas também acham isso “ah você é jovem”. Minha mãe que fala muito isso “Você é jovem, é você que tem que fazer diferente”.” (Participante 04)
O relato da participante 04, além das informações em comum com os
mencionados anteriormente nesta categoria, destaca também o distanciamento
entre o setor hoteleiro (que preserva o lado mais tradicional) e a geração Y (que
apresenta uma postura mais inovadora). Pontua também a falta de reconhecimento
da geração Y, no que se refere a ocupar cargos mais altos. Eles sentem que não
são interpretados com seriedade pelas demais gerações, justamente por serem mais
jovens e apresentarem características distintas, como ligação com os aparelhos
tecnológicos.
Para a participante 04 o setor hoteleiro, por ser antigo, demanda respeito e
consideração a outras gerações que podem ter mais conhecimento por uma questão
de experiência. Não apenas por esses motivos, mas também pela questão do setor
hoteleiro ser mais conservador, em vários aspectos, como relações hierárquicas,
forma de comunicação, vestimenta.
A fala termina comentando que, na opinião da participante, é mais fácil a
geração Y mudar do que as demais, uma vez que eles são mais jovens, flexíveis e
menos engessados em seus comportamentos.
O fato é que cada geração é marcada por anseios, histórias, vivencias,
contextos e expectativas diferentes, deste modo, no mercado de trabalho os
conflitos entre as gerações são inevitáveis.
67
As informações relatadas elucidam que, conforme já citado no capítulo cinco,
o cenário atual do mercado de trabalho é desafiador e exigirá das organizações o
repensar das práticas de gestão de pessoas, que até então estavam pautadas nos
valores e anseios de outras gerações (LOMBARDIA et al., 2008 apud
VASCONCELOS, et al ,2010 p. 230).
Portanto, é preciso compreender as dúvidas e os anseios da juventude,
analisando os dilemas atuais que rondam as organizações, a fim de amenizar
possíveis conflitos.
6.3.2 Insatisfação com o mercado de trabalho hoteleiro
Nesta categoria de análise são apresentadas, por meio das falas de alguns
participantes, as principais causas de insatisfação com o mercado de trabalho
hoteleiro. Notou-se na pesquisa de campo que esta característica é comum a muitos
alunos que participaram do grupo focal.
A insatisfação com o mercado de trabalho hoteleiro atual abrange vários
aspectos como, por exemplo, ofertas de emprego, melhores condições de trabalho,
remuneração, reconhecimento, motivação, concorrência e a busca por
oportunidades de emprego que correspondam as expectativas, como pode-se
identificar neste primeiro relato.
(...) Para estágio tem poucas vagas e eles pagam muito mal e você concorre com pessoas de outros cursos, até mesmo de turismo e que já fizeram intercâmbios, e você não. E quando você tenta concorrer uma vaga normal, de recepção, por exemplo, eles dão preferência pra quem já tem experiência, pra quem tem idiomas, independente de você estar fazendo faculdade, ou não (...) eu vejo uma vaga pra recepcionista bilíngue, normalmente da Zona Sul, ganha por volta de R$ 1.500,00 (...) ai eu penso, porque eu vou trabalhar em hotel, sabe? Por que eu to fazendo faculdade de hotelaria? Se eu tenho inglês e posso trabalhar em outro lugar e ganhar mais? Não faz muita diferença!” (Participante 05)
O relato da participante 05 evidencia alguns aspectos considerados comuns
entre outros participantes do grupo focal, a pouca oferta de estágio no setor
hoteleiro, e a alta demanda de candidatos interessados a ocupá-las, mesmo que
estes não sejam efetivamente do ramo da hospedagem. É colocada também a
68
questão da experiência como um fator que influencia o selecionador na hora de
preencher as vagas ofertadas, anulando os indivíduos qualificados, mas sem
vivência nas funções ofertadas. A falta de experiência é muito comum,
especialmente, entre os formandos, visto que dificilmente eles conseguem conciliar
o curso de hotelaria com a atuação no mercado de trabalho, dado o escasso tempo
que possuem. Outro elemento mencionado neste relato é a remuneração oferecida
por algumas organizações do setor hoteleiro que não condiz com a qualificação
exigida dos seus colaboradores. Este fator é considerado um desestímulo para
quem almejava ingressar nesse ramo profissional.
Em consonância com a participante 05, a participante 01, coloca em debate o
fato do curso tecnológico em hotelaria não ser, de fato, um diferencial para o
mercado profissional, já que algumas outras profissões que exigem apenas o ensino
médio e um idioma fluente oferecem melhores condições de trabalho e melhor
remuneração aos colaboradores. Na aplicação da pesquisa de campo foi possível
perceber que essa questão foi recorrente e consensual entre os demais integrantes
do grupo focal.
“É bem complicado você saber que pode trabalhar num lugar melhor e você tá ali num hotel pra ganhar R$ 600,00, isso desvaloriza demais e desmotiva as pessoas. Eu acho que é por isso também que, em relação ao nosso curso, tem um monte de gente que ta insatisfeito, porque você entra no curso achando que vai ser um sonho, e é professor te cobrando intercâmbio, dizendo que você tem que fazer intercâmbio, mas pra isso tem que ter dinheiro, pra isso tem que ter tempo. E pra ter experiência, você tem que ter tempo também (...).” (Participante 01)
Nota-se também na fala da participante 01 outro aspecto muito debatido
durante o grupo focal, a importância de se fazer um intercâmbio que, na maioria dos
casos, agrega mais valor do que ter o tecnólogo em hotelaria. A vivência, de um
modo geral fora do país de origem, na visão dos participantes, influencia na decisão
dos selecionadores na hora de ocupar as vagas oferecidas.
É interessante a colocação de alguns participantes em relação a fatores
socioeconômicos, no que tange as possíveis dificuldades encontradas em se
qualificarem para competir no mercado de trabalho, seja para cursar uma escola de
idiomas ou ter vivência no exterior. Isto reforça o que já foi explicitado sobre a
69
questão da relação entre trabalho e juventude das classes menos favorecidas,
englobando aspectos como condições de vida, oportunidades e o tempo disponível,
como peculiaridades que separam os jovens que trabalham por necessidade,
daqueles que apenas estudam e buscam o trabalho como meio de desenvolvimento
profissional (OLIVEIRA; PICCININI; BITENCOURT, 2012).
Outro questão bastante citada nas discussões é a dificuldade de ingresso em
outros campos da hotelaria, mas que não compreendem a atuação operacional,
como nota-se a seguir na fala da participante 02.
“Eu acho também que quem faz uma faculdade não quer trabalhar numa recepção de hotel, a gente almeja alguma coisa a mais. Eu, por exemplo, queria me inserir na área de marketing hoteleiro, mas eles não dão essa opção pra você, eu vou ter que fazer uma pós, um curso e, mesmo assim, vou ter que tentar a sorte e não sei se eu vou conseguir, entendeu?! Como, por exemplo, a participante 09 que quer trabalhar com a área administrativa e eles não dão essa opção e ninguém quer te inserir no mercado mais profissional mesmo, é tipo “ah vai trabalhar na recepção, vai ser camareira!”.” (Participante 02)
O trecho da participante 02 retrata a dificuldade do aluno que está saindo da
universidade, e ainda não possui experiência com o mercado de trabalho. Verifica-se
que o fato de possuir apenas um diploma em ensino superior, atualmente, não é
mais garantia de sucesso e obtenção de um bom emprego. Outro elemento
mencionado no relato acima foi a dificuldade de se inserir em outros campos,
diferente do trabalho operacional de hotel. Para a participante, embora o curso tenha
um caráter multidisciplinar, ingressar em outros campos, como “marketing hoteleiro”,
requer uma melhor formação, sendo necessário, por exemplo, fazer um curso
específico de Administração, ou mesmo uma pós-graduação na área. Ainda nesta
fala, a participante 02 menciona o caso da outra colega, participante 09, que possui
o desejo de trabalhar na área administrativa, contudo, tem encontrado entraves para
se inserir neste campo de atuação. De maneira irônica, ela encerra o seu discurso
apontando que as ofertas atuais para o hoteleiro são a recepção, o trabalho de
camareira, entre outras atividades de ordem operacional. Isso remete talvez, a uma
imaturidade do próprio mercado de trabalho que pouco reconhece a importância do
hoteleiro para o desenvolvimento deste setor de negócios.
70
Outro ponto que aparece em diversos trechos e, comum a quase todos os
participantes, é buscar outras áreas no mercado de trabalho pela insatisfação com o
mercado hoteleiro, conforme relatado pela participante 04.
“(...) eu tinha uma visão totalmente diferente, eu queria trabalhar na área de turismo, eu vi que a hotelaria parecia com a área de turismo, eu fiquei interessada, eu entrei e eu vi que é totalmente diferente do que eu achava que seria, e eu percebi que essa área não vai me fazer feliz, não sei, talvez eu mude opinião quando entrar no mercado de trabalho. E ai a gente pensa se a gente quer dinheiro ou se a gente quer felicidade, né? E é meio difícil, e eu acho que nessa área você realmente tem que escolher se você quer dinheiro ou se você quer felicidade. (...) eu pretendo, quando sair daqui, já fazer outra faculdade totalmente diferente, numa área totalmente diferente. Mas assim, eu tenho uma pontinha de esperança que eu mude de ideia quando eu entrar no mercado de trabalho, talvez, quem sabe.” (Participante 04)
O relato da participante 04 caracteriza a frustração recorrente aos outros
integrantes do grupo focal pelo setor hoteleiro, por almejar algo antes de iniciar o
curso e deparar-se com uma realidade totalmente diferente. Considerando que é
uma área que não irá superar suas expectativas e não trará as realizações
profissionais objetivadas.
Na fala da participante 04 pode-se notar uma visão do mercado de trabalho
que envolve, além dos anseios de status e crescimento profissional,
questionamentos sobre quanto vale construir uma carreira de sucesso, abrindo mão
da vida particular; até que ponto a organização pode interferir na vida pessoal de
seus colaboradores e se vale a pena a troca de suas satisfações pessoais, pelas
satisfações profissionais. Sabe-se que, para obter sucesso no mercado hoteleiro, é
necessário muita doação do profissional. Isso quer dizer que é um campo com duras
jornadas de trabalho e que exige do indivíduo disposição para desempenhar funções
nos fins de semana, feriados e datas comemorativas. Isso tudo coloca em cheque a
questão felicidade x dinheiro, como explanado pela participante 04. Para Zemk,
Raines e Filipczak (2008) os Ys priorizam sua vida pessoal em relação às questões
profissionais.
Os discursos citados anteriormente destacaram como a frustração das suas
expectativas influenciam na iniciativa de buscar outros cursos, na tentativa de tentar
71
inserir-se em outras áreas de atuação no mercado de trabalho. De acordo com
Kliksberg (2006) atualmente, a juventude é mais bem instruída e preparada,
desejam melhores oportunidades, o que nem sempre é possível.
Segundo Minarelli (1995, p. 50) “Para ter motivação e prazer no trabalho, é
preciso estar na profissão certa (...) A proximidade entre o trabalho desempenhado e
a vocação é fundamental para que a pessoa tome iniciativa, para que tenha ânimo,
energia, disposição.” Portanto, quando o indivíduo pensa na construção da sua
carreira profissional, não diz respeito a somente escolher qual graduação irá cursar,
pois a aquisição do título apenas, não garante o êxito profissional.
6.3.3 Anseios da Geração Y
Esta categoria vai de encontro a primeira apresentada – “Relações
Geracionais”, contudo, se difere desta por ter como objetivo expor e exemplificar os
anseios somente da geração Y. O primeiro relato mostra que, conforme
mencionado, a geração Y, tem como principal característica o imediatismo, anseiam
chegar ao topo de uma organização rapidamente.
“Eu acho que o mais complicado é que cada um tem uma perspectiva. A nossa geração quer tudo muito rápido, a gente não quer ficar 6 anos numa recepção de hotel pra subir de cargo. A gente quer ficar um ano e conseguir aquilo que a gente deseja (...) eu imagino que a nossa geração tá fadada ao fracasso, por que assim, a gente acha que vai sair da faculdade e vai ficar rico e milionário e não é bem assim que as coisas acontecem, nós somos muito iludidos pela mídia social, onde tudo é perfeito e nem tudo é perfeito.” (Participante 02)
Na fala desta participante, pode-se notar ainda a influência da tecnologia e
que o rápido e fácil acesso a um número de informações simultâneas acaba gerando
expectativas muitas vezes frustradas aos sujeitos pertencentes à geração Y.
Conforme apresentado no capítulo cinco, os Ys estão acostumados a estudar com
computador e TV ligados e a todo tempo com fones de ouvido, eles tem mais
competência com multitarefas (SANCHEZ, 2013).
No relato da participante 03, exposto a seguir, nota-se que os indivíduos da
geração Y demonstram inquietação, contestação e insubordinação em diversos
contextos dentro da organização. São também habituados a estarem a todo o
72
momento compartilhando informações e em contato com pessoas no ambiente
virtual, dentro e fora de seu local de trabalho. Tem expectativas profissionais de
carreiras brilhantes, rápida ascensão e altos salários (VELOSO; SILVA; DUTRA,
2007).
“Eu acho que pode ser um problema e ao mesmo tempo não da nossa geração é que nós somos um pouco de tudo, nós somos muito imediatistas e eu posso falar muito por mim, eu começando a fazer uma coisa e se eu to vendo que não ta dando certo eu já fico desestimulada, já fico desesperada. Nós também somos muito instáveis, a gente quer uma coisa agora e daqui a pouco já quer outra coisa. E são tantas informações que estão sendo jogadas pra gente ao mesmo tempo e a todo momento que a gente não consegue assimilar. E você vê que as pessoas não fazem uma coisa, são flexíveis demais e quem fica um pouquinho abaixo disso, já fica desesperado, pois começa a perceber que a competitividade é muito grande e não basta só você saber fazer, você tem que ser inovador. E você vê as pessoas inovando e criando mais coisas e ai você fica realmente sem saber o que fazer, ainda mais no mercado de hoje em dia que a gente vê como é que estão funcionando as coisas. Acho que informação é bom, mas informação demais te enlouquece. E é esse o problema, a gente tem muita informação e pouco tempo pra assimilar porque as coisas acontecem tão rápido e ai fica todo mundo um pouco perdido, sem saber o que fazer.” (Participante 03)
A fala da participante 03 complementa o relato anteriormente citado. Além de
também considerar que a geração Y, é imediatista, a participante exemplifica com
fatos, que envolvem o seu cotidiano, a instabilidade e o abalo psicológico, no caso
de frustrações. Outro ponto em comum entre as duas falas é a questão do acesso a
muitas informações ao mesmo tempo, que acaba desnorteando o foco desses
indivíduos. Nota-se a preocupação com a competitividade do mercado de trabalho
atual, destacando a multifuncionalidade que a participante julga ser comum a todos
os indivíduos da geração Y, que atuam hoje nas organizações.
A geração Y, apesar das características similares, está dividida em quatro
tipos, de acordo com uma pesquisa feita pela Ibemec/ RJ (2010) apud Nascimento
(2013): engajados, preocupados, céticos e desapegados. Pode-se notar que, de
acordo com as características que compõem cada tipo dos Ys, as falas do relato da
participante 03, mostram que a participante está preocupada em relação à posição
ao mercado de trabalho, busca posições no mercado condizentes com suas
expectativas, tem a percepção que lhe falta o capital cultural e social exigidos pelo
73
mercado, carência esta potencialmente decorrente de sua origem socioeconômica,
fazendo parte do tipo do grupo dos preocupados.
A próxima fala vai tratar das características do grupo dos engajados. A
participante 01 retoma algumas características comuns aos Ys e aborda outros
elementos característicos a este grupo específico.
“Todo mundo reclama que a gente não se contenta com pouco. Poxa a gente ta estudando, a gente quer um cargo legal (...) a gente quer fazer novas amizades, a gente quer conhecer o mundo. Se eu comecei essa faculdade eu quero me manter com o meu trabalho de hotelaria. Agora é meio difícil de pensar em trabalhar realmente dentro de um hotel, eu penso em trabalhar em outras áreas, talvez na área de eventos, trabalhar mais na parte de RH administração, essa parte mais fechada porque pensar em trabalhar em hotel é como se você não tivesse assim um futuro brilhante. Porque às vezes demora tanto pra você subir de cargo, e as coisas não são rápidas e a gente é rápido demais. Às vezes você vai conversar com seu amigo ai eles perguntam: “Ah o que você ta fazendo?” “ – Hotelaria” “ ah você ta estudando pra aprender a arrumar cama a dobrar roupa”e já tem outros que fala assim: “nossa que legal, vai viajar o mundo!” E às vezes chega ser até chato, porque tem alguns amigos seus que a vida deles não mudou nada e tem outros que fizeram faculdade e que agora estão super bem e você às vezes se pergunta assim “será que eu vou conseguir realizar meus sonhos com essa faculdade que eu to fazendo?”(Participante 01)
O relato da participante 01 retrata as expectativas de uma carreira brilhante e um
futuro profissional promissor que, segundo ela, já é a realidade de alguns dos seus
amigos graduados. A incerteza sobre o futuro gera uma inquietação e a todo
momento a participante questiona se conseguirá alcançar os objetivos almejados a
curto prazo.
Analisando os relatos citados e de acordo com o referencial teórico que
compõe o capítulo cinco, pode-se afirmar que para que os Ys permaneçam felizes
nas organizações em que atuam, além de oportunidades de desenvolvimento, é
necessário transparência em relação ao que será oferecido e o que se espera
desses profissionais. Os problemas se dão quando essas expectativas não são
atendidas. Eles precisam acreditar que naquele lugar, podem construir uma carreira
de sucesso (SANCHEZ, 2013).
74
6.3.4 Escolhas profissionais
Esta categoria de análise refere-se às escolhas profissionais dos integrantes
do grupo focal. Dutra (2001) afirma que o desenvolvimento de uma carreira não
deve ser entendido como um caminho rígido, mas como uma sequência de posições
e de trabalhos realizados pelo profissional. Tal sequência, articulada de forma a
conciliar desenvolvimento pessoal com desenvolvimento organizacional, é o que se
pode chamar de carreira.
A fala da participante 02 vai tratar das opções encontradas no mercado de
trabalho no setor hoteleiro, por alguns participantes que desejam seguir a área da
hotelaria. Observa-se que esta opinião foi consensual a muitos integrantes do grupo
focal.
“Eu entrei na faculdade por ser rápida e eu não quero desperdiçar essa faculdade, fazendo outra faculdade e anulando essa, como se a hotelaria não tivesse servido pra nada na minha vida. Eu penso em usar a hotelaria ao meu favor, abrindo meu próprio negócio, tanto que é meu projeto de TCC. E se não der certo, eu quero tentar migrar pro marketing e se não ser certo, eu quero ser professora. Pretendo fazer pós e mestrado, e se nada der certo tem o concurso público. Eu acredito que professor ter uma certa estabilidade hoje no mercado do Rio, porque tem cursos como o Senac e tal e também tem a UFF que a gente escuta muitos professores falando “ah a gente vai contratar muito porque vão acabar sendo dois períodos e não tem profissional no mercado e tal”, então a gente pensa: quero fazer pós na UFF, quero fazer mestrado na UFF e porque não depois, não ser professora da UFF? É porque eu não sei o que vai acontecer, então eu tenho algumas opções e pretendo seguir uma das três.” (Participante 02)
A participante 02 aponta que escolheu o curso por ser mais rápido em relação
a outras graduações, por esse motivo não deseja anular o aprendizado obtido
durante esses anos. Ela evidencia na fala que deseja aproveitar o que foi aprendido
para realização de projetos pessoais como, por exemplo, a abertura de um negócio
próprio, elemento que vem sendo trabalhado em sua monografia de conclusão de
curso. Ainda neste relato, a participante 02 aponta que antes mesmo de terminar o
curso, já está planejando seu futuro profissional com um leque de opções para o
caso de não conseguir alcançar os objetivos almejados.
Outro elemento que aparece muitas vezes durante a discussão, inclusive no
relato da participante 01, é a carreira acadêmica, colocada por alguns como plano
75
de escape e por outros como objetivo a curto prazo, aparecendo em diversos relatos
como opção profissional. No caso da participante 01, a escolha é por acreditar que a
carreira acadêmica oferece estabilidade, diferente das demais carreiras na área
hoteleira.
Percebe-se no relato da participante 01 que, apesar de ter objetivos bem
estruturados, ainda sente-se confusa em que caminho deve seguir para alcançar
êxito profissional, característica comum entre os integrantes do grupo, observadas
durante a discussão.
A fala seguinte, da participante 10, constitui um objetivo mais definido em
relação a sua escolha profissional.
“Eu pretendo pedir reingresso e entrar na faculdade de Turismo pra dar continuidade a hotelaria e pra ter uma formação de bacharelado que é exigido pra muitos empregos, vou fazer isso. Pretendo, daqui há 05 anos, já estar trabalhando, independente do que for, eu tenho que trabalhar, tenho que ganhar dinheiro. Mas eu já pensei em seguir a carreira acadêmica, então provavelmente eu quero fazer o bacharelado primeiro.” (Participante 10)
O relato da participante 10 remete o desejo de atuar na área de hotelaria. Ao
terminar o tecnólogo, ela pretende ingressar na graduação em turismo por acreditar
que irá gerar mais oportunidades. O que reafirma, como já explicitado, que a
empregabilidade e a carreira que o indivíduo constrói estão ligadas aos seus
próprios objetivos profissionais e às aspirações pessoais.
Destaca-se também nesta fala o desejo da participante em ingressar, logo
após a sua formação, no mercado de trabalho, visto ser esta uma necessidade
financeira. Contudo, nota-se uma clareza de escolha, no que tange um futuro
próximo, de se preparar para a carreira acadêmica.
O trecho a seguir remete a vontade da participante 01 de continuar
trabalhando na área da hotelaria, elemento incomum dentre os integrantes do grupo.
“Assim que eu terminar a faculdade, eu pretendo trabalhar na área mesmo, ver em que lugar eu me encaixo. Não digo trabalhar dentro de um hotel, eu
76
tenho outras possibilidades. E daqui há 05 anos eu pretendo estar fora do Brasil, trabalhando nos Estados Unidos ou na Europa, não quero ficar presa aqui. Eu tenho muita vontade de ir trabalhar na Alemanha também. Esse é meu projeto de vida, eu posso começar nos Estados Unidos e depois e acabar na Alemanha. Mas é isso, eu sonho alto. Eu acho que eu posso tudo, é só correr atrás.” (Participante 01)
O relato da participante 01 traz novos elementos a discussão no que se refere
as escolhas profissionais. Ela tem como objetivo inicial atuar na hotelaria e,
posteriormente, buscar êxito profissional fora do seu país de origem, por considerar
que as condições de trabalho são melhores do que no Brasil. Apesar de acreditar
que seus objetivos profissionais são além das possibilidades quem tem hoje, crê que
com dedicação e com a busca pela qualificação os alcançará. Nota-se neste relato,
conforme já mencionado, que os indivíduos da geração Y são ambiciosos e desejam
construir carreiras de sucesso a curto prazo. Como afirma Veloso; Silva e Dutra
(2007) os Ys tem expectativas profissionais de carreiras brilhantes, rápida ascensão
e altos salários .
O trecho a seguir aborda alguns pontos que foram comuns na discussão, pois
a maioria dos integrantes do grupo focal afirmaram não ter pretensão de inserir-se
no mercado de trabalho hoteleiro.
“Eu não quero trabalhar em hotel, mas seu conseguir alguma coisa na parte tecnológica do hotel que é bem difícil, eu gostaria de trabalhar nessa parte. Porém, se não for isso, vai ser muito difícil pra mim, porque pelo que já aprendi aqui eu não me vejo em outro lugar dentro do hotel. Daqui há 05 anos, eu pretendo estar fazendo outra faculdade e procurando algo melhor, porque pelo o que estou aprendendo em hotelaria até agora eu acho que não vou ter muito futuro não.” (Participante 07)
O participante 07 explana o seu desejo de não construir carreira dentro de um
meio de hospedagem, porém, faz uma ressalva, alegando que, caso encontre
oportunidade de inserir-se na parte tecnológica do hotel, aceitaria trabalhar na
hotelaria, mas julga ser uma área difícil de conseguir vaga.Destaca também que,
caso não consiga trabalhar na área de tecnologia do hotel, não pretende atuar em
nenhum outro setor da hotelaria.
Na fala do participante 07, destaca-se outro elemento representativo durante
a discussão do grupo focal, a busca por outras áreas no mercado de trabalho e o
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desejo de ingressar em outro curso universitário, por acreditar que a hotelaria não
garantirá o futuro profissional almejado.
A participante 04 também menciona que não é seu objetivo trabalhar dentro
de empreendimentos hoteleiros, porém destaca que, caso encontre oportunidade de
trabalhar numa área especifica do hotel, a de eventos, analisaria a possibilidade de
seguir no ramo hoteleiro.
“Ainda não sei o que vou fazer. E na área de hotelaria, eu me vejo trabalhando na área de eventos, não necessariamente em hotel, mas eu me vejo trabalhando nessa área. Mas assim, trabalhar dentro do hotel, se não for na área de eventos, não sei se eu trabalharia. Daqui há 05 anos eu pretendo estar bem e, se nada der certo, eu vou virar professora (risos).” (Participante 04)
No relato da participante 04 nota-se, além da opção de trabalhar com
eventos, há uma segunda opção para o caso dos planos estipulados, a curto prazo,
não saírem como aspirado, justificando com ironia que ingressará no meio
acadêmico, caso todas as possibilidades pensadas para a carreira não tomem o
caminho desejado.
Na discussão desta análise de categoria, compreendemos que a
empregabilidade exige do profissional a busca constante pelo aprimoramento de
seus conhecimentos, sendo esta uma exigência fundamental hoje para se inserir e,
ou se manter no mercado de trabalho. (TACHIZAWA et al., 2001 apud SILVA;
NORO, 2008).
6.3.5 Sentimento de despreparo
Nesta categoria de análise são apresentadas, por meio das falas de alguns
participantes, o sentimento de despreparo para o mercado de trabalho e os
questionamentos acerca do curso oferecido aos mesmos. Nos relatos que seguem
pode-se observar a insatisfação dos alunos para com o curso e o sentimento gerado
nos mesmos. Pode-se destacar dois pontos principais que norteiam os relatos
abaixo: a falta da relação teoria-prática e a falta de continuidade das matérias.
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“Eu acho que existe uma discrepância muito grande entre o curso e o mercado de trabalho, porque no curso a gente aprende o funcionamento de um hotel perfeito. Que tudo é perfeito, que a gente tem a quantidade de funcionários ideal, que tudo é lindo. E quando a gente chega ao hotel não é assim. Eu nunca trabalhei em hotel, mas conheço gente que já trabalhou e que já estagiou, e eles dizem que é tudo muito diferente, que nada é igual. Eu acho que a gente deveria aprender como é o certo e não como se isso que a gente aprende fosse a realidade, porque não é (...) Eu vejo que a gente aprende um pouquinho de eventos, um pouquinho de administração, então é assim é um curso que a gente aprende tudo e não aprende nada. Eu fiz a matéria de contabilidade, por exemplo, e não me sinto preparada. Eu sei que é um curso rápido, eu acho que também não é um problema do curso... eu não sei o que acontece.” (Participante 06)
O relato da participante 06 aponta a sua percepção sobre o que é aprendido
no curso e o que é encontrado no mercado de trabalho, julgando ser bastante
diferente. Destaca que na teoria o funcionamento das organizações hoteleiras
apresentam-se sem problemas, o que evidencia a falta de prática do mesmo, já que
suas conclusões são obtidas a partir da experiência de terceiros. Além da falta de
experiência, pode-se destacar a falta de apresentação de situações reais do
cotidiano do setor hoteleiro.
A participante destaca ainda que não se sente preparada para assumir
determinadas funções nas organizações. Talvez sua preocupação parta do
pressuposto de que as organizações estão buscando se enquadrar nas exigências
da nova economia mundial, que estão se modificando rapidamente. Atualmente,
existe por parte das empresas, um estimulo para que os indivíduos tenham uma
formação mais generalista com conhecimentos e qualidades que os permitam atuar
em diferentes setores e ocupações da atividade (PAIXÃO; GÂNDARA; LUQUE,
2002).
“Eu acho que o nosso curso tem um monte de matéria inútil e repetitiva, que poderiam dar lugar a matérias mais práticas. Até que nesse semestre nem tanto, mas nos anteriores que eram essa quantidade, tinham 3 matérias que eram basicamente a mesma coisa, que se fala a mesma coisa, é muito repetitivo, como a participante 06 falou é uma coisa muito ampla você acaba que não tem foco nenhum. Você estuda contabilidade, matemática financeira, marketing, eventos, mas se você for pegar pra fazer mesmo num hotel, você não vai saber fazer, porque é muita teoria, muito básico, uma coisa muito introdutória e acaba que você não consegue absorver nada, você absorve o suficiente pra passar numa prova , passar num curso, é só pra terminar a faculdade e mais nada.” (Participante 04)
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No relato da participante 04, pode-se evidenciar a falta de entusiasmo em
relação ao curso, no qual a mesma não encontra a teoria ligada à prática. De acordo
com o relato, há um grande número de disciplinas tratando do mesmo assunto, o
que leva com que a teoria só se faça necessária no momento das avaliações. Além
disso, há a presença da superficialidade dos conteúdos, onde diversas áreas são
abordadas – contabilidade, marketing etc- e a aluna são se vê preparada para atuar
em nenhuma, visto que não há um aprofundamento.
“Eu acho que o curso agora realmente não está ajudando muito a gente. Só vai conseguir ajudar realmente quando implantarem aquele projeto do Hotel Escola, que ai vão ter mais coisas práticas do que teóricas. Porque prática a gente só tem A&B e Hospedagem e só. Então a gente só aprende colocando em prática, o teórico aquilo fica na cabeça pra fazer a prova e depois você esquece realmente.” (Participante 07)
O relato do participante 07 vai de encontro ao relato anterior, na medida em
que questiona a falta da relação entre teoria e prática. Ele relata a falta de disciplinas
voltadas para a prática o que acaba por tornar a teoria um objeto com utilidade
apenas para o período das avaliações. O participante 07 coloca uma questão
levantada e consensual a quase todos os integrantes do grupo focal, a falta do Hotel
Escola que serviria não só como laboratório para aulas práticas, mas também como
estágio que alguns sentem dificuldade de encontrar fora da universidade.
Eu ia falar do Hotel Escola também e, além disso, eu sinto muita falta do que eles falaram, que no primeiro semestre a gente ouviu isso de vários professores que hotelaria não é só hotel, que hotelaria são milhares de outras coisas. Ai a gente teve hotelaria hospitalar, hotelaria em shopping center, mas foi tudo muito superficial e hoje a gente está estudando basicamente para trabalhar em hotel e eu, por exemplo, jamais iria trabalhar num hotel, por causa do tempo de trabalho e por milhares de outros motivos. E eu tava interessada em pegar hotelaria e aplicar em outras áreas, já que eles falavam tanto de tantas outras possibilidades e que a gente tinha um leque absurdo. E eu senti muita falta de matérias que falassem de outras possibilidades dentro da hotelaria. (Participante 03).
O relato da participante 03 faz menção, novamente à importância do Hotel
Escola. A questão que merece ser destacada neste relato é a falta de diferentes
oportunidades de emprego na área de hotelaria (hotelaria hospitalar, por exemplo).
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Tal fator acaba desmotivando a aluna, como esta, por exemplo, que não tem
interesse em seguir na área dos hotéis.
“E mesmo as matérias que a gente tem de outras áreas são bem superficiais, acho que o curso todo é bem superficial, assim. É um curso muito básico, é um curso técnico, mas eu não vejo como um curso tecnólogo, porque a ideia que se tem de um curso tecnólogo é que você tenha mais prática, mas não tem. Pra mim é um curso que não fica nem no tecnólogo e nem numa graduação normal, porque é muita teoria e a gente não chega a lugar nenhum.” (Participante 05)
O relato da participante 05 trata da superficialidade das disciplinas abordadas
durante o curso. A questão levantada por ela, é o fato de ser um curso tecnólogo e
não ter um tempo maior voltado para a prática. Fica evidenciado a insatisfação da
aluna em relação ao curso, que julga ter características de um curso de
bacharelado, o que não atende às suas expectativas.
“Eu acho que falta uma padronização no curso. Eu aprendi na aula de hospedagem a arrumar a cama e ter uma certa postura, agora que a gente tá fazendo supervisão tem uma outra professora ensinando de uma outra forma. Ai você vai fazer supervisão como? Quem realmente é certo? To repetindo tantas matérias e às vezes eu venho pra faculdade pensando “gente, o que eu to fazendo aqui” escutando a mesma coisa que antes. Eu acho que realmente eles deveriam investir mais em aulas práticas, porque o curso de tecnólogo é pra isso e tá faltando muito isso pra gente, às vezes faltam insumos. É uma coisa que a gente pensa “poxa não é tecnólogo? Não é pra eu me formar logo e estar pronto pro mercado de trabalho, mas assim, eu não me sinto pronta pra sair e trabalhar, foi o que o pessoal falou, parece que a gente está em desvantagem.” (Participante 01)
O relato da participante 01 faz menção à falta de padronização dos conteúdos
oferecidos pelo curso. Assim como os outros participantes, essa aluna questiona a
relação entre teoria e prática e, além disso, menciona a falta de padrão entre as
aulas. Essa falta de padronização gera insegurança aos alunos que não se sentem
preparados para o mercado de trabalho, alguns sentem-se em desvantagem.
A partir desses relatos compreende-se que a boa formação é primordial na
construção e desenvolvimento nas carreiras de sucesso dos indivíduos que atuam
nos setores de serviços hoteleiros, além de garantir maior segurança aqueles que
estão se inserindo no mercado de trabalho.
81
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente estudo teve como objetivo principal investigar quais são as
expectativas com relação ao mercado de trabalho atual no ramo de hospedagem
dos alunos do 4º período do Curso Superior de Tecnologia em Hotelaria da
Universidade Federal Fluminense. Para o alcance deste objetivo central foi
necessário: Construir um referencial teórico pautado na discussão de turismo, meios
de hospedagem, formação em hotelaria e empregabilidade dentro deste campo de
atuação; Discutir as características da geração Y, foco do presente estudo;
Investigar as principais expectativas de inserção no mercado de trabalho dos alunos
do 4º período do curso de Tecnologia em Hotelaria da UFF;
Para que os objetivos fossem alcançados foram feitas discussões teóricas e
empíricas. Realizou-se uma pesquisa bibliográfica e uma pesquisa de campo que foi
constituída de um grupo focal composto por 13 alunos do 4º período do curso de
Tecnologia em Hotelaria da UFF. Os dados coletados no grupo focal foram
submetidos a análise qualitativa.
Para o cumprimento do primeiro objetivo foi realizada uma pesquisa
bibliográfica para a construção do referencial teórico abordando conteúdos
referentes ao turismo, hotelaria, educação superior, empregabilidade e geração Y.
O segundo objetivo foi alcançado por meio de uma discussão teórica e
empírica. Os sujeitos foram indagados sobre temáticas que envolviam suas
percepções sobre as características e os anseios da geração Y. Foi possível através
dos relatos dos integrantes do grupo focal confirmar o que foi construído durante
toda discussão teórica.
O terceiro objetivo também foi alcançado através da realização do grupo focal
e da análise dos resultados. Destas análises emergiram categorias que
expressavam as principais expectativas com relação a inserção no mercado de
trabalho dos alunos do 4º período do curso de Tecnologia em Hotelaria da UFF.
Os principais resultados revelaram que a maioria dos participantes acreditam,
de fato, que as gerações têm características e comportamentos distintos. No
decorrer da discussão, eles relatam como pensam, percebem e sentem essas
relações dentro e fora do ambiente organizacional, revelando que o mercado de
82
trabalho atual é desafiador e exigirá das organizações o repensar das práticas de
gestão de pessoas, que estavam pautadas nos valores e anseios de outras
gerações.
Os alunos sentem-se insatisfeitos com o mercado de trabalho hoteleiro. A
insatisfação abrange vários aspectos como, por exemplo, ofertas de emprego,
melhores condições de trabalho, remuneração, reconhecimento, motivação,
concorrência e a busca por oportunidades de emprego que correspondam as
expectativas.
Os indivíduos que compõem a geração Y, mostram-se bastante preocupados
com algumas questões presentes no mercado de trabalho, acreditam que
atualmente a competitividade dentro e fora das organizações é acirrada. Dentre as
características desta geração, destacam-se a competitividade, o imediatismo, as
expectativas em torno de carreiras brilhantes, rápida ascensão e altos salários. Em
relação as organizações que atuam ou pretendem atuar, colocam que os problemas
se dão quando essas expectativas não são atendidas.
Os alunos do 4º período do curso de Tecnologia em Hotelaria da UFF,
buscam escolhas profissionais que lhes ofereça a possibilidade de construir
carreiras de sucesso a curto prazo garantindo, assim, um futuro brilhante.
Nota-se na análise das discussões o consensual sentimento de despreparo
para o mercado de trabalho dos alunos do 4º período do curso de Tecnologia em
Hotelaria da UFF. Surgiram alguns questionamentos acerca do curso oferecido aos
mesmos. Destacando-se dois pontos principais que nortearam a discussão: a falta
da relação teoria-prática e a falta de continuidade das matérias.
A discussão desta pesquisa é importante, pois notou-se que o mercado de
trabalho atual é predominantemente ocupado pela geração Y, e a discussão do
encontro de gerações nas organizações é um tema que merece atenção.Esta
pesquisa contribuiu para a identificação de alguns pontos relevantes para este fato.
As dificuldades deste trabalho consistiram em encontrar literaturas
acadêmicas que abordassem a temática das relações entre as gerações, a inserção
da geração Y no mercado de trabalho e a empregabilidade no setor turístico. Em
relação à pesquisa empírica, as dificuldades encontradas foram que, ao aplicar a
metodologia do grupo focal, o pesquisador depende da disponibilidade dos
83
participantes para estar a determinados locais e horários, o que pode acabar
postergando o prazo para o cumprimento do roteiro de pesquisa.
Por fim, vale ressaltar sugestões de pesquisas para futuros estudiosos que
apresentem interesse pela referente temática. Cabe destacar que seria interessante
produzir mais trabalhos voltados para a discussão e reflexão da geração Y no
mercado de trabalho, especialmente em dois campos tão novos e pouco explorados
como o do Turismo e da Hotelaria, que ainda requerem investigações capazes de
garantir mais solidez teórica e metodológica.
84
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APÊNDICE A
ROTEIRO GRUPO FOCAL – CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM
HOTELARIA
- BREVE APRESENTAÇÃO DOS TÓPICOS DE DISCUSSÃO (MODERADOR)
- REGRAS BÁSICAS:
1) A SESSÃO SERÁ GRAVADA
2) O SIGILO DOS PARTICIPANTES SERÁ GARANTIDO
3) UMA PESSOA FALARÁ POR VEZ
4) NÃO DEVEM EXISTIR CONVERSAS PARALELAS
5) TODOS DEVEM PARTICIPAR, DESTACANDO A SUA OPINIÃO.
BLOCO 1 – Apresentação dos participantes (quebra-gelo)
1. Nome
2. Idade
3. Cidade de origem
4. Anteriormente, estudou em colégio público ou privado?
5. Por que escolheu o curso de Hotelaria?
6. Intenção de se formar em qual semestre...?
BLOCO 2 – Questões específicas
1. Na visão de vocês, como está o mercado hoteleiro na atualidade? Quais as maiores
exigências por parte das organizações que vocês tem notado? Quais mudanças
podem apontar nesses últimos anos? O que pensam que no futuro as organizações
irão exigir de seus colaboradores?
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2. Alguém já se inseriu no mercado de trabalho do setor hoteleiro? Em caso positivo,
como tem sido essa experiência?
3. Para quem já teve ou está tendo experiência com a área de hotelaria, quais são as
vantagens e desvantagens de se trabalhar no ramo?
4. Quais são as maiores dificuldades que consideram de se inserirem no mercado de
trabalho?
5. O que é necessário fazer para ser competitivo no mercado de trabalho?
6. Vocês acreditam que a geração de vocês se diferem das demais? Por quê?
7. Como vocês acreditam será se relacionar com as demais gerações que hoje se
encontram no mercado de trabalho? Fácil, difícil e por que?
8. Sentem-se aptos a enfrentar o mercado com a base oferecida pelo curso Superior de
Tecnologia em Hotelaria?
9. De que forma vocês acham que o curso contribuiu para sua formação,
enriquecimento pessoal e profissional;
10. O que falta para melhorar a formação do curso Superior de Tecnologia em Hotelaria
da UFF?
11. Como pensam que estarão ao terminarem a graduação? E daqui há 05 anos?
12. Quais são as expectativas de inserção no mercado de trabalho?
13.O que é ter sucesso na carreira?
BLOCO 3 – Questões de encerramento
1. O que vocês destacam de mais importante nessa discussão?
2. Gostariam de acrescentar algo que não foi discutido?
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