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UNIVERSIDADE SÃO FRANCISCO
TECNOLOGIA EM GESTÃO AMBIENTAL
TRATAMENTO DE ESGOTO SANITÁRIO
Bragança Paulista
2008
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UNIVERSIDADE SÃO FRANCISCO
TECNOLOGIA EM GESTÃO AMBIENTAL
TRATAMENTO DE ESGOTO SANITÁRIO
Autor: Carina Aparecida de Moraes
Orientador: Prof. André Augusto Gutierrez Fernandes Beati
Trabalho de Estágio apresentado à Banca
Examinadora do Curso de Tecnologia em
Gestão Ambiental da Universidade São
Francisco como parte dos requisitos para a
obtenção do título de Licenciado em
Tecnologia em Gestão Ambiental, sob a
orientação pedagógica do Prof. André
Augusto Gutierrez Fernandes Beati
Bragança Paulista
2008
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UNIVERSIDADE SÃO FRANCISCO
CURSO DE TECNOLOGIA EM GESTÃO AMBIENTAL
TRATAMENTO DE ESGOTO SANITÁRIO
Autor: Carina Aparecida de Moraes – RA 001200700158
Profa. Doutora Sheila Cristina Canobre
Presidente da Banca Examinadora
Profa. Ângela Sanches Rodrigues
Profa. Cândida Maria Costa Batista
Prof. Jean Ferreira Silva
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DEDICATÓRIA
Dedico esse trabalho ao meu filho Matheus, a minha família, a
Empresa Better Box Indústria e Comércio e a todos que de uma forma
ou de outra me apoiaram nesses dois anos.
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AGRADECIMENTO
Em primeiro lugar agradeço a Deus por ter me dado saúde para poder seguir em frente com o curso de Tecnologia em Gestão Ambiental. Agradeço também à minha família e de modo muito especial ao meu filho Matheus, que soube entender e estar ao meu lado nos momentos difíceis, e também nos de alegria.
Agradeço aos meus colegas de sala, aos meus professores e orientadores, e também a empresa que abriu as portas para que eu pudesse fazer esse trabalho.
A todos, minha eterna gratidão!
VI
RESUMO
O presente trabalho apresenta um modelo de tratamento de esgoto sanitário, que se
inicia na própria casa do cidadão, onde o efluente é tratado anaerobiamente no subsolo por
meio de um sistema compacto e otimizado de tratamento anaeróbio de esgoto na versão
residencial, em seguida a rede coletora de esgoto, com suas quedas e declives, é responsável
por parte do pós-tratamento aeróbio e de levar esse esgoto ao seu descarte em algum corpo de
água, valas de infiltração, sumidouros ou a uma estação de polimento desse esgoto tratado.
Essa técnica mostra-se bem menos impactante ambientalmente do que o que
atualmente ocorre, que é o uso de fossas negras, ou fossas séticas pré-fábricadas em cimento,
que normalmente não atendem as normas da ABNT , além do mais, como o esgoto passa a
estar com uma carga orgânica poluidora de pelo menos em média 80% menor, para se efetuar
o pós tratamento dessa carga orgânica remanescente, o tamanho da estação, será
consideravelmente menor do que seria o de uma estação para tratar 100% da carga orgânica
do esgoto, isso se o efluente for coletado por sistema público.
O sistema residencial de biodigestão anaeróbia da Better Box Ambiental é composto
por um Reator Anaeróbio de Fluxo Ascendente (RAFAs ou UASB) e um Filtro Anaeróbio
Biológico de fluxo ascendente, dispostos em série formando separadores de fases sólida-
líquida-gasosa.
Quando o esgoto sanitário é tratado por meio de RAFAs é possível uma remoção
média de cerca de 80% da demanda bioquímica de oxigênio (DBO), restando apenas 20% da
DBO original do afluente.
O tratamento anaeróbio residencial gera biogás, que pode ser aproveitado
energeticamente por meio de sistema gerador elétrico.
O processo apresentado promove o tratamento de esgoto a baixo custo, reduz o
tamanho da área requerida para construção de estações de tratamento de esgoto (ETE), não
tem consumo de energia elétrica, pois o afluente chega ao sistema por gravidade e pode
aproveitar a energia do biogás gerado.
Palavras-Chave: tratamento de esgoto sanitário, biodigestor anaeróbio, baixo custo, biogás.
VII
LISTA DE FIGURAS
Figura. 1.1 - Better Box Ambiental na 43ª Expo agro em Bragança Paulista_____________02
Figura 1.2 – Cinco reservatórios de água produzidos pela Better Box Ambiental em um
condomínio em Bragança Paulista______________________________________________03
Figura 1.3 – Better STE (Sistema de Tratamento de Esgoto), composto por um Reator
Anaeróbico de Fluxo Ascendente e um Filtro Biológico_____________________________04
Figura 1.4 – Desenho esquemático de um Reator Anaeróbio de Fluxo Ascendente________05
Figura 1.5 – Lançamento de esgoto in-natura em corpo d’água_______________________07
Figura 1.6 – Corpo d’água totalmente poluído pelo lançamento de esgoto sem tratamento__07
Figura 1.7 – Equipamentos instalados, em seqüência_______________________________09
Figura 2.5 - Síntese do processo de digestão anaeróbia______________________________11
Figura 3.1 – Reator Anaeróbio de Fluxo Ascendente apresentando todas as fases_________14
Figura 3.2 - Esquemas mais freqüentes de formas de reatores UASB__________________14
Figura 3.3 – Detalhes da instalação do reator anaeróbio_____________________________17
Figura 3.4 – Instalação passo a passo do filtro biológico____________________________18
Figura 3.5 – Instalação completa do Reator e do Filtro Biológico_____________________19
Figura 3.6 – Reator e Filtro instalado e semi enterrados_____________________________20
Figura 3.7 – Conjunto Reator e Filtro coberto por jardinagem________________________20
Figura 4.1 – Equipamentos instalados parcialmente em um residência em Atibaia SP_____21
Figura 4.2 – Equipamento instalado em uma área de estacionamento__________________22
VIII
SUMÁRIO
1 – INTRODUÇÃO_________________________________________________________1
1.1 – Diagnóstico da Empresa_________________________________________________1
1.2 – Aspectos Teóricos______________________________________________________5
1.3 – Histórico______________________________________________________________5
1.4 - Sistema de Tratamento de Esgoto (Better STE)______________________________8
1.5 – Fundamentos da Digestão Biológica______________________________________10
1.6 – Nitrificação__________________________________________________________11
2 – OBJETIVOS_________________________________________________________12
3 – MATERIAIS _________________________________________________________13
4 – RESULTADOS E DISCUSÕES_________________________________________21
5 – CONCLUSÕES_______________________________________________________24
6 – REFERÊNICAS BIOGRÁFICAS________________________________________25
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1 – INTRODUÇÃO
1.1 – DIAGNÓSTICO DA EMPRESA
A Better Box Indústria e Comércio Ltda. é uma empresa nacional que foi fundada em
2001 com a finalidade de produzir reservatórios de água em plástico reforçados com fibra de
vidro.
Por ser uma empresa criada com parcos próprios, sofreu toda sorte de dificuldades
para se firmar no mercado. Dificuldades estas nas áreas governamentais, como falta de
incentivo em questões fiscais e tributárias, questões burocráticas e falta de recursos
financeiros. Entretanto, nada disso impediu que a Better Box Indústria e Comércio se
firmasse no mercado.
Hoje ela é uma empresa associada à FIESP (Federação das Indústrias do Estado de
São Paulo e ao CIESP (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo), sendo que uma das
suas diretoras faz parte do Conselho do CIESP, SESI e SENAI da região bragantina. A
empresa conta área de vendas, atendimento técnico, sistema de entrega e produção.
Atualmente seu quadro é composto por dez funcionários.
Apesar de ainda ser uma empresa relativamente jovem, ela está apta para atender as
diversas necessidades do mercado, e é por tudo isso, que já conquistou a confiança de todos
os que conhecem e adquiriram seus produtos.
Há três anos a Better Box Indústria e Comércio Ltda. passou a ser denominada por
Better Box Ambiental, pois vem atuando fortemente na área ambiental. No início ela somente
produzia os tradicionais reservatórios de água que vão de 80 litros até 15.000 litros. Como a
Better Box Ambiental está sempre olhando para o futuro, ela também não podia deixar de se
preocupar com o meio ambiente, por isso, passou a atuar na área de saneamento básico, e
além dos tradicionais produtos que produzia, passou a fabricar várias soluções para questões
ambientais, tais como o Better STE (Better Sistema de Tratamento de Esgoto) para tratamento
de esgotos sanitários e as Cisternas para captação e reaproveitamento das águas pluviais e
separadores de óleo e gordura, e o Kit desenvolvido pela EMBRAPA, para tratamento de
esgoto nas áreas rurais.
A Better Box Ambiental está desenvolvendo novas opções para tratamento de
efluentes, inclusive efluentes físico, químicos, que é uma área bastante carente, e que tem
grande impacto no meio ambiente.
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A Figura 1.1 registra a participação da Better Box Ambiental em uma feira de
negócios em Bragança Paulista.
Figura. 1.1 - Better Box Ambiental na 43ª Expo agro em Bragança Paulista
A Better Box Ambiental também atende outras empresas, dentre elas a Empresa
Sansuy S/A Indústria de Plásticos que produz biodigestores para áreas como suinocultura.
A Figura 1.2 mostra quatro reservatórios de 5000 l entregues em um condomínio
residencial na cidade de Bragança Paulista.
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Figura 1.2 – Cinco reservatórios de água produzidos pela Better Box Ambiental em um
condomínio em Bragança Paulista
O conforme mostra a Figura 1.3 o Sistema de Tratamento de Esgoto produzido pela
Better Box Ambiental que recebeu o nome de Better STE, é composto basicamente por um
Reator Anaeróbio de Fluxo Ascendente UASB e de um Filtro Biológico.
Todas as peças são fabricadas em plástico reforçado em fibra de vidro.
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Figura 1.3 – Better STE (Sistema de Tratamento de Esgoto), composto por um Reator
Anaeróbico de Fluxo Ascendente e um Filtro Biológico
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1.2 – ASPECTOS TEÓRICOS
O Sistema de Tratamento de Esgoto produzido pela Better Box Ambiental é conhecido
como Reator Anaeróbio de Fluxo Ascendente (UASB ou RAFA), esse sistema foi
desenvolvido na década de 70 pelo Prof. Lettinga e sua equipe na Universidade de
Wageningen - Holanda.
A Figura 1.4 mostra o esquema de um Reator Anaeróbio de Fluxo ascendente.
Figura 1.4 – Desenho esquemático de um Reator Anaeróbio de Fluxo Ascendente
1.3 – HISTÓRICO
O Sistema de Tratamento de Esgoto denominado como Digestor Anaeróbio de Fluxo
Ascendente (UASB) foi desenvolvido na década de 70 pelo Prof. Lettinga e sua equipe na
Universidade de Wageningen - Holanda.
A Holanda a partir do final dos anos 60 vêm se destacando pelo avanço no campo
tecnológico no tratamento de águas residuárias.
Essa tecnologia foi desenvolvida inicialmente para tratamento de águas residuárias
industriais concentradas. Mais tarde surgiu a idéia de usar o mesmo processo para tratamento
de águas domésticas. Esse processo foi testado e aprovado em países em desenvolvimento,
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onde os testes tiveram inicio em 1976 e sua eficiência foi comprovada com emprego efetivo
em cidades como Cali na Colômbia, Kanpur e Mirzapur as margens do Rio Ganges.
A digestão anaeróbia é dentre outros, o mais antigo e mais largamente usado processo
de tratamento biológico de resíduos, e também é o mais popular método usado para
bioestabilizar lodo primário originado do tratamento de esgoto, convertendo sólidos voláteis
em biogás e produtos finais.
No Brasil os resíduos dos esgotos têm se tornado um problema gravíssimo de
saneamento básico e até mesmo de saúde publica. Há varias regiões e mesmo cidades que não
possuem nenhum tipo de tratamento de esgotos (IBGE 2001).
No Brasil, segundo o IBGE (2001), por dia são produzidos em média cerca de 125 mil
toneladas de resíduos sólidos domiciliares. Os números são assustadores no que diz respeito
ao tratamento desses afluentes. Na sua grande maioria, esses esgotos são descartados em rios,
lagos ou no próprio terreno, com pouco ou nenhum tratamento. Por isso, hoje este tipo de
reator é um equipamento essencial para essa demanda e é bastante difundido e tem sido
aplicado para tratamento de muitos tipos de águas residuárias, sendo o aspecto essencial do
processo a natureza da biomassa ativa (Quarmby e Forster, 1995).
Os resíduos dos esgotos têm se tornado um problema gravíssimo de saneamento
básico e até mesmo de saúde publica. Há varias regiões e mesmo cidades que não possuem
nenhum tipo de tratamento de esgotos.
Conforme a Figura 1.5 e Figura 1.6 pode se observar o lançamento de esgoto não
tratado nos rios e corpos de água.
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Figura 1.5 – Lançamento de esgoto in-natura em corpo d’água
Figura 1.6 – Corpo d’água totalmente poluído pelo lançamento de esgoto sem
tratamento
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Segundo o IBGE (2001) no Brasil, por dia são produzidos em média cerca de 125 mil
toneladas de resíduos sólidos domiciliares. Os números são assustadores no que diz respeito
ao tratamento desses afluentes. Na sua grande maioria, esses esgotos são descartados em rios,
lagos ou no próprio terreno, com pouco ou nenhum tratamento. Por isso, hoje este tipo de
reator é um equipamento essencial para essa demanda e é bastante difundido e tem sido
aplicado para tratamento de muitos tipos de águas residuárias, sendo o aspecto essencial do
processo a natureza da biomassa ativa (Quarmby e Forster, 1995).
1.4 - O Sistema de Tratamento de Esgoto (Better STE)
Tratar o esgoto sanitário na fonte geradora, ou seja, promover a remoção em média de
80% da carga orgânica do esgoto, no subsolo da casa do cidadão, como forma de reduzir
impactos ambientais do descarte de esgoto in natura nos corpos receptores e de aumentar a
autonomia de estações de tratamento de esgoto quando o efluente for coletivo e captado por
rede pública já existentes, pois só restarão 20% da carga orgânica remanescente do esgoto.
No Brasil de todo o esgoto gerado, apenas cerca de 50% é devidamente coletado, e
menos de 25% recebe tratamento adequado antes de chegar aos corpos d água, causando
assim a propagação de doenças hidrotransmissíveis e o grande número de mortalidade
infantil.
Uma solução seria o Better STE, que é um sistema de tratamento anaeróbio para
esgoto sanitário e desenvolvido para atender residências, hotéis, pousadas, postos de saúde,
escolas e indústrias.
A Figura 1.7 mostra o Better STE instalado na escola Pedro Alcântara no Bairro
Chácara Brasil na cidade de Atibaia SP.
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Figura 1.7 – Equipamentos instalados, na seqüência: 01- Sistema de gradeamento, 02
– Separador de areia, 03 – Reator Anaeróbio, 04 – Filtro Biológico e 05 – Clorador.
Devido ao tratamento ser anaeróbio há também a produção de biogás, o qual pode ser
aproveitado de várias maneiras quando produzido em grande quantidade, isso ocorre no caso
de condomínios.
Este sistema produzido pela empresa proporciona a redução de cerca de 80% da DQO
(Demanda Química de Oxigênio) do esgoto sanitário que é gerado na própria residência.
Com essa redução da DQO (dado obtido experimentalmente pelos autores e
teoricamente em bibliografias) do esgoto sanitário na residência, restam apenas cerca de 20%
da DQO para ser tratado em uma estação de tratamento aeróbio comunitária, que dessa forma
terá suas dimensões significativamente reduzidas, assim como o consumo de energia elétrica
para sua operação.
Por ser uma proposta ecologicamente correta, ela trás significantes benefícios ao meio
ambiente, e é muito interessante para os cidadãos preocupados com a conservação da natureza
e para toda a sociedade, pois o sistema proposto beneficia diretamente os corpos d’águas da
localidade onde for utilizado, e conseqüentemente, a natureza e os consumidores dessas águas
a jusante.
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Isso porque o sistema trata anaerobiamente o esgoto in situ, reduzindo
significativamente os custos do tratamento coletivo de esgoto, sendo ainda possível o
aproveitamento do biogás produzido no caso de um condomínio.
Outros benefícios da proposta são: facilidade de execução; melhora no saneamento
ambiental em relação a outros sistemas como a fossa séptica, e por ser em material plástico
reforçado com fibra de vidro é estanque e não sofre corrosão, ao passo que a fossa séptica
reduz em média apenas 40% e, quando construída utilizando pré-fabricados de concreto ou
em alvenaria, devido a trincas e a porosidade do material, acaba contaminando o lençol
freático; não requer a utilização de cimento nem mesmo de mão de obra especializada,
somente de serviços de hidráulica; possibilidade de aproveitamento do biogás quando
instalado em condomínios; e a possibilidade de aproveitamento do lodo residual gerado como
adubo orgânico, depois de desinfetado.
1.5 - Fundamentos da Digestão Anaeróbia
A digestão anaeróbia de compostos orgânicos complexos é normalmente considerada
um processo de dois estágios.
No primeiro estágio, um grupo de bactérias facultativas e anaeróbias, denominadas
formadoras de ácidos ou fermentativas, convertem os orgânicos complexos em outros
compostos. Compostos orgânicos complexos como carboidratos, proteínas e lipídios são
hidrolisados, fermentados e biologicamente convertidos em materiais orgânicos mais simples,
principalmente ácidos voláteis.
No segundo estagio ocorre à conversão dos ácidos orgânicos, gás carbônico e
hidrogênio em produtos finais gasosos, o metano e o gás carbônico. Esta conversão é efetuada
por um grupo especial de bactérias, denominadas formadoras de metano, as quais são
estritamente anaeróbias.
No caso especifico dos reatores anaeróbios a digestão anaeróbia se desenvolve mais
intensamente no lodo, onde ocorre a maior atividade de transformação da matéria orgânica. O
processo biológico devido à ação séptica, que se registra na fase liquida do conteúdo do reator
é de pouca importância.
Resumidamente a digestão anaeróbia pode ser considerada como um ecossistema onde
diversos grupos de microrganismo trabalham interativamente na conversão da matéria
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orgânica complexa em: metano, gás carbônico, água, gás sulfídrico e amônia, além de novas
células bacterianas, como mostra a Figura 2.5:
Figura 2.5 - Síntese do processo de digestão anaeróbia
Como demonstrado acima, torna-se evidente que os efluentes das fossas sépticas
(reatores anaeróbios), carecem ainda de um pós-tratamento, antes de ser lançado em um corpo
receptor qualquer ou mesmo ao solo, haja vista que apesar da remoção eficiente da matéria
orgânica, existe a produção da amônia (NH3), esta substância exerce uma demanda de
oxigênio, já que em ambiente aquático pode ser oxidada para Nitrato (NO3), num processo
chamado nitrificação.
1.6 - Nitrificação
O processo de Nitrificação ocorre na presença de bactérias que oxidam o nitrogênio
amoniacal a nitrito e este, a nitrato. Os dois principais gêneros de bactérias responsáveis pela
nitrificação são as nitrosomonas e nitrobacter, sendo que outros tipos de bactérias tanto
autotróficas como heterotróficas também são capazes de promover a oxidação do nitrogênio
amoniacal.
Estes dois grupos de bactérias são classificados como autotróficos por obterem a
energia para seu crescimento da oxidação da forma inorgânica do nitrogênio. Outra
característica destes microorganismos é que eles utilizam o carbono inorgânico, dióxido de
carbono, e não o carbono orgânico como a maioria das bactérias.
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2 - OBJETIVOS
Esse trabalho tem por objetivo apresentar as soluções encontradas pela empresa Better
Box Ambiental para tratar o esgoto sanitário na fonte geradora, com baixo custo e facilidade
de transporte, instalação e eficiência.
O Sistema atende principalmente áreas rurais e condomínios que não possuem estação
de tratamento de esgoto e é uma alternativa eficiente e de baixo custo para o saneamento
básico.
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3 - MATERIAIS
O sistema de tratamento de esgoto produzido pela Better Box Ambiental é composto
basicamente por dois tanques, o primeiro é um Reator Anaeróbio de Fluxo Ascendente, e o
segundo um Filtro Biológico Anaeróbio.
O Better STE é compacto e tem o formato circular, por isso, são mais econômicos do
ponto de vista estrutural, sendo mais utilizados para atendimento a residências ou pequenas
populações.
Os materiais utilizados na fabricação são: Gel Coat Ortoftalico Azul e Verde Caixa
P.A., Resina em Solução Inflamável – N ONU 1866, Gel Coat Orotoftalico Verde Parafinado,
Resinas Ortoftálicas, e Roving 2400.
O Tratamento do efluente na Better STE segue o processo anaeróbio (esse processo
consiste na multiplicação de bactérias que não necessitam de oxigênio para sobreviverem e se
alimentam dos dejetos).
Após o processo de digestão anaeróbia, haverá uma baixa produção de lodo o que
reduz os custos operacionais e de descarte de lodo (item 6.2.1.2 da norma 7229/93).
Se bem utilizadas, a Better STE removerá em torno de 70% a 80% da DBO520 contida
nos esgotos. O tempo de detenção hidráulica influencia sobre à auto-inoculação na partida de
um reator UASB tratando Esgoto Sanitário Bezerra, S. M. C. (1998).
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A Figura 3.1 mostra o funcionamento de um reator anaeróbio de fluxo ascendente.
Figura 3.1 – Reator Anaeróbio de Fluxo Ascendente apresentando todas as fases
A Figura 3.2 mostra esquematicamente as mais freqüentes formas de reatores UASB
(Haandel e Lettinga, 1994).
.
Figura 3.2 - Esquemas mais freqüentes de formas de reatores UASB
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Os reatores anaeróbios de manta de lodo foram inicialmente concebidos para
tratamento de efluentes industriais como estruturas cilíndricas ou prismático-retangulares, nos
quais as áreas dos compartimentos de digestão e de decantação eram iguais, configurando-se,
portanto, reatores de paredes verticais. A adaptação destes reatores para tratamento de águas
residuárias de baixa concentração (como os esgotos domésticos) tem levado a diferentes
configurações em função dos aspectos principais descritos a seguir.
A obrigatoriedade de dotar o reator anaeróbio de condições físicas que sejam
favoráveis à imobilização em flocos ou grânulos da biomassa ativa ao mesmo tempo em que
garanta sua retenção dentro dele constitui-se no principal fator de estabelecimento da
configuração adequada, visto que a desagregação ou perda de lodo já imobilizado em maior
ou menor quantidade terá muito a ver com a paralela eficiência do reator.
A mistura e contato da matéria orgânica a ser biodegradada com a biomassa, a
imobilização em colônias de massa viva e a sua retenção podem ser muito favorecidas com a
agitação promovida pela geração e movimentação ascensional do biogás, porém esgotos
muitos diluídos dependerão muito mais das condições hidráulicas em virtude da pequena
produção gasosa.
Em relação à forma dos reatores em planta, estes podem ser circulares ou retangulares.
Os reatores de seção circular são mais econômicos do ponto de vista estrutural, sendo mais
utilizados para atendimento a pequenas populações, usualmente com uma unidade única. Para
atendimento a populações maiores, quando a modulação se torna necessária, os reatores
retangulares passam a ser mais indicados, uma vez que uma parede pode servir a dois
módulos contíguos.
Este separador de fases é um dispositivo característico do reator (Van Haandel e
Lettinga, 1994), e tem a finalidade de dividir a zona de digestão (parte inferior), onde se
encontra a manta de lodo responsável pela digestão anaeróbia, e a zona de sedimentação
(parte superior).
A água residuária, que segue uma trajetória ascendente dentro do reator, desde a sua
parte mais baixa, atravessa a zona de digestão escoando a seguir pelas passagens do separador
de fases e alcançando a zona de sedimentação.
A água residuária após entrar e ser distribuída pelo fundo do reator flui pela zona de
digestão, onde se encontra o leito de lodo, ocorrendo à mistura do material orgânico nela
presente com o lodo. Os sólidos orgânicos suspensos são quebrados, biodegradados e
digeridos através de uma transformação anaeróbia, resultando na produção de biogás e no
crescimento da biomassa bacteriana.
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O biogás segue em trajetória ascendente com o líquido, após este ultrapassar a camada
de lodo, em direção ao separador de fases.
Na parte interna do separador de fases fica a câmara de acumulação do biogás que se
forma na zona de digestão. O projeto da Better STE garante os dois pré-requisitos para
digestão anaeróbia eficiente:
a) através do escoamento ascensional do afluente passando pela camada de lodo,
assegura-se um contato intenso entre o material orgânico e o lodo.
b) o decantador interno garante a retenção de uma grande massa de lodo no reator.
Com o fluxo ascendente a estabilização da matéria orgânica ocorre na zona da manta de lodo,
não havendo necessidade de dispositivos de mistura, pois esta é promovida pelo fluxo
ascensional e pelas bolhas de gás.
Os métodos de instalação são muito simples e baratos, pois não necessitam de mão de
obra especializada. O efluente final é descartado em valas de infiltração, sumidouros ou
mesmo em rede pública. Conforme mostra a Figura 3.3 pode se pode ver exemplo de como
deve ser instalado o reator anaeróbio de fluxo ascendente.
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Figura 3.3 – Detalhes da instalação do reator anaeróbio
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A Figura 3.4 mostra o exemplo de como deve ser a instalação do filtro biológico.
Figura 3.4 – Instalação passo a passo do filtro biológico
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E a Figura 3.5, 3.6 e 3.7 apresenta passo a passo a instalação do conjunto completo,
reator, filtro e destinação do efluente tratado.
Figura 3.5 – Instalação completa do Reator e do Filtro Biológico
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Figura 3.6 – Reator e Filtro instalado e semi enterrados
Figura 3.7 – Conjunto Reator e Filtro coberto por jardinagem
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4 - RESULTADOS E DISCUSSÕES
As vantagens do Better STE estão intimamente relacionadas com a sua eficiência de
remoção de DBO e de sólidos, e o seu curto tempo de detenção hidráulica para a remoção de
DBO e dos sólidos em suspensão.
Segundo van Haandel e Catunda (1995), apoiados em estudos desenvolvidos com um
reator em escala real, tratando os esgotos domésticos gerados pela população do Bairro do
Pedregal, Campina Grande, Paraíba, além das vantagens inerentes dos processos anaeróbios,
os reatores de fluxo ascendente podem se tornar uma opção viável, pois pode ser aplicados em
vários pontos da rede de esgoto, "pulverizando-se" assim o sistema de tratamento, o que reduz
significativamente os custos de construção da rede coletora e de condutores de esgoto.
Ainda segundo os mesmos autores, os reatores anaeróbios e filtros biológicos
requerem menor área de construção (aproximadamente 0,01 m 2 por habitante (lagoas de
estabilização necessitam de 3 ou 4 m 2 por habitante)". A Figura 4.1 mostra os equipamentos
em processo de instalação em uma residência.
Figura 4.1 – Equipamentos instalados parcialmente em um residência em Atibaia SP
O Better STE não causa transtornos para a população beneficiada: O sistema é
"invisível" (enterrado), não espalha odores e não causa proliferação de insetos, a produção de
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lodo biológico é pequena e o lodo de excesso já sai estabilizado e com concentração elevada,
podendo ser secado diretamente em leitos de secagem. A Figura 4.2 mostra o equipamento
instalado em uma pousada em Monte Verde MG.
Figura 4.2 – Equipamento instalado em uma área de estacionamento
A operação e manutenção são extremamente simples podendo ser feito por pessoal não
especializado. A instalação do Better STE também é simples podendo ser usados materiais e
mão de obra locais.
O custo de construção e de operação tende a ser bem menores que os de outros
sistemas de tratamento de esgoto.
O Better STE como principal unidade de tratamento pode remover em torno de 80 % da
matéria orgânica sem dispêndio de energia externa ou adição de substâncias químicas.
Assim unidades posteriores podem ser usadas sem cuidados prévios para remoção de
parcelas remanescentes.
O tamanho da unidade de pré-tratamento é reduzido drasticamente: Para a mesma
eficiência de remoção de material orgânico o Better STE é 20 a 30 vezes menor que as Lagoas
Anaeróbias e muito menor que as antigas fossas em concreto, isso trás grandes vantagens
econômicas.
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O Better STE pode ser enterrado ou ficar externo, se ficar externo ele pode ser
construído como uma unidade quase invisível e imperceptível, inserido harmonicamente na
paisagem.
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5 - CONCLUSÕES
A implantação do sistema Better STE é bastante interessante do ponto de vista
ecológico e também energético, pois é uma alternativa que não consome energia elétrica e
colabora na mitigação da eutrofização e propagação de doenças hidrotransmissíveis causada
pelo descarte in natura de esgoto sanitário nos corpos de água.
Há grandes vantagens econômicas, pois o sistema é de fácil instalação e não requer
mão de obra especializada, por ser leve, o custo de transporte também é baixo, o que torna o
Better STE uma opção econômica para tratamento de esgoto.
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6 - REFERÊNCIAS BIOGRAFICAS
1. Bezerra, S. M. C. (1998). Influência do tempo de detenção hidráulica sobre a auto-
inoculação na partida de um reator UASB tratando Esgoto Sanitário , Dissertação de
Mestrado, Universidade Federal da Paraíba - UFPB, Campina Grande - Brasil.
2. Lettinga, g., Hulshoff Pol, L. M. (1991). Uasb-process design for various types of
wastewaters , Water Science Tech., 24, 87-107.
3. Quarmby, J., Forster, C. F. (1995) . An examination of the structure of uasb granules ,
Water Science Tech., 29, 2449-2454.
4. Van Haandel, A. C. (1994) . Influence of the digested cod concentration on the
alkalinity requirement in anaerobic digesters , Water Science Tech., 30, 23-24.
5. Van Haandel, A. C., Cavalcanti, P. F. F. (1995) . Melhoramento do desempenho e
aumento da aplicabilidade de lagoas de estabilização através de pré-tratamento
anaeróbio em um DAFA ,
6. Van Haandel, A. C., Cavalcanti, P. F. F., Araújo, M. L. B. (1998) . Comparação do
Desempenho de Reatores UASB Unitário com o de Reatores em Série, 20 o Cong.
Bras. Eng. Sanitária e Ambiental, Rio de Janeiro, disponível em CD.
7. Van Haandel, A. C., Lettinga, G. (1994) . Tratamento Anaeróbio de Esgotos: Um
Manual para Regiões de Clima Quente , Epgraf, Campina Grande, 240 p.
8. Van Haandel, A. C., Verton, P. (1994) . Evaluation of institutional and Technological
aspects related to the collection and treatment of sewage by SANEPAR in the state of
Paraná-Brasil. World Bank, Curitiba.
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