Curso Licenciatura em Química
Disciplina Fundamentos da Prática de Ensino
Estudante Geilson Rodrigues da Silva
Gérard Vergnaud
No campo do ensino da Matemática, poucos nomes são tão respeitados quanto o de Gérard Vergnaud. Aos 75 anos de idade e depois de orientar mais de 80 teses de mestrado e doutorado, ele continua trabalhando como diretor emérito de estudos do Centro Nacional de Pesquisas Científicas (CNRS, na sigla em francês), em Paris. Formado em Psicologia, fez a própria tese de doutoramento com Jean Piaget. "O título era A Resposta Instrumental como Resolução de Problemas.
Sua descoberta mais importante é a chamada Teoria dos Campos Conceituais, que ajuda a entender como as crianças constroem os conhecimentos matemáticos.
Vergnaud & Piaget
Segundo Vergnaud Piaget não se deu conta de quanto o desenvolvimento cognitivo depende de situações e de conceitualizações específicas necessárias para lidar com elas. Vergnaud argumenta que embora Piaget tenha feito um trabalho muito importante para a educação, ele não trabalhou dentro da sala de aula ensinando matemática e ciências.
Por outro lado, Vergnaud reconhece a importância da teoria de Piaget, destacando as ideias de adaptação, desequilibração e reequilibração como pedras angulares para a investigação em didática das Ciências e da Matemática.
O que é a teoria dos Campos Conceituais?
A teoria dos campos conceituais é uma teoria cognitivista neopiagetiana que pretende oferecer um referencial mais frutífero do que o piagetiano ao estudo do desenvolvimento cognitivo e da aprendizagem de competências complexas, particularmente aquelas implicadas nas ciências e na técnica, levando em conta os próprios conteúdos do conhecimento e a análise conceitual de seu domínio.
A estruturação dos Conceitos
Os conceitos-chave da teoria dos campos conceituais são, além do próprio conceito de campo conceitual, os conceitos de esquema (a grande herança piagetiana de Vergnaud), situação, invariante operatório (teorema-em-ação ou conceito-em-ação), e a sua concepção de conceito.
Vergnaud considera o campo conceitual como uma unidade de estudo para dar sentido às dificuldades observadas na conceitualização do real a teoria dos campos conceituais supõe que a conceitualização é a essência do desenvolvimento cognitivo.
Esquema
O funcionamento cognitivo do aluno comporta operações que se automatizam progressivamente e decisões conscientes que permitem levar em consideração os valores particulares das variáveis da situação.
A automatização é uma das manifestações mais visíveis do caráter invariante da organização da ação, mas ela não impede que o sujeito conserve o controle das condições sob as quais tal operação é apropriada ou não.
Todas as nossas condutas têm uma parte de automatização e uma parte de decisão consciente.
Quando uma criança utiliza um esquema ineficaz para uma certa situação, a experiência o conduz a mudar de esquema ou a modificar o esquema.
Segundo Piaget são os esquemas que estão no centro do processo de adaptação das estruturas cognitivas: assimilação e acomodação.
Exemplo : O esquema da enumeração
Se uma criança quer contar o número de pessoas em uma sala (objetos em uma mesa) ela realizará :
uma coordenação dos movimentos dos olhos e dos gestos do dedo e da mão com relação à posição dos objetos ;
um enunciado coordenado da sequência numérica ;
uma cardinalização do conjunto contado com repetição ou com entonação mais forte do último número pronunciado.
O esquema é composto de regras em ação e de antecipações pois ele gera uma sequência de ações visando atingir um certo objetivo.
O funcionamento cognitivo do sujeito ou de um grupo de sujeitos em situação repousa sobre o repertório de esquemas disponíveis, anteriormente formados, de cada um dos sujeitos considerados individualmente. Ao mesmo tempo as crianças descobrem novos aspectos, e eventualmente novos esquemas, em situação.
O que um esquema deve conter:
Invariantes operatórios – conceitos em ação e teoremas em ação (são os conhecimentos contidos nos esquemas).O funcionamento cognitivo do sujeito ou de um grupo de sujeitos em situação repousa sobre o repertório de esquemas disponíveis, anteriormente formados, de cada um dos sujeitos considerados individualmente. Ao mesmo tempo as crianças descobrem novos aspectos, e eventualmente novos esquemas, em situação. O esquema, totalidade dinâmica organizadora da ação do sujeito para uma classe de situações específicas, é, portanto, um conceito fundamental da psicologia cognitiva e da didática.
Campo Conceitual
Um Campo Conceitual é, ao mesmo tempo, um conjunto de situações e um conjunto de conceitos.
O conjunto de situações cujo domínio progressivo demanda uma variedade de conceitos, de esquemas e de representações simbólicas em estreita conexão.
O conjunto de conceitos que contribuem com o domínio dessas situações.
EXEMPLO NO CAMPO CONCEITUAL
Para dominar as estruturas aditivas, o aluno precisa ser capaz de resolver diversos tipos de situações-problema.
Por trás de um simples 4 + 7
Pode-se encontrar situações tão sofisticadas que até alunos em torno de 11-12 anos encontram dificuldades em resolvê-las.
Em sua teoria dos campos conceituais vernaud destaca a importância de se trabalhar um "conjunto de problemas" que explorem a adição e a subtração e também a multiplicação e a divisão, com base em um campo mais amplo de significados do que tem sido usualmente realizado.
Situação
Vergnaud considera duas ideias principais:
Variedade – existe uma grande variedade de situações em um campo conceitual dado, e as variáveis de situação constituem um meio para gerar, de modo sistemático, o conjunto de classes de situações
História – os conhecimentos dos alunos são elaborados pelas situações que eles enfrentaram e dominaram progressivamente, sobretudo pelas primeiras situações em que esses conhecimentos foram constituídos.
Para Vergnaud, o desenvolvimento cognitivo depende de situações e conceitualizações específicas para lidar com elas. São as situações que dão sentido aos conceitos; elas é que são responsáveis pelo sentido atribuído ao conceito (Barais & Vergnaud, 1990, p. 78); um conceito torna-se significativo através de uma variedade de situações (1994, p. 46), mas o sentido não está nas situações em si mesmas, assim como não está nas palavras nem nos símbolos (1990, p. 158).
Referencias Bibliográficas
Vergnaud, G. (1996b). A trama dos campos conceituais na construção dos conhecimentos.Revista do GEMPA, Porto Alegre, Nº 4: 9-19.
Vergnaud, G. (1993). Teoria dos campos conceituais. In Nasser, L. (Ed.) Anais do 1ºSeminário Internacional de Educação Matemática do Rio de Janeiro. p. 1-26.
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