XV ENCONTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS DO NORTE E NORDESTE e PRÉ-ALAS
BRASIL
04 a 07 de setembro de 2012, UFPI, Teresina-PI
GT-22: SOCIOANTROPOLOGIA MARÍTIMA E PESQUEIRA NO NORTE E
NORDESTE
Título do Trabalho: EXTENSÃO RURAL E PESQUEIRA AGROECOLÓGICA
AMAZÔNICA: A EXPERIÊNCIA DO PROJETO PIRARUCU-GENTE
Eliane Silva Leite – Coordenadora Pedagógica do Projeto Pirarucu – Gente
(CNPq/MDA) e Professora do Departamento de Engenharia de Pesca e Aquicultura
da Universidade Federal de Rondônia/UNIR, Campus de Presidente Médici.
Josenildo Souza e Silva – Coordenador Geral do Projeto Pirarucu – Gente
(CNPq/MDA) e Professor do Departamento de Engenharia de Pesca e Aquicultura
da Universidade Federal de Rondônia/UNIR, Campus de Presidente Médici.
Jussara Gonçalves Souza e Silva - Bolsista e pesquisadora de extensão do Projeto
Pirarucu-Gente (CNPq/MDA) desenvolvido pelo Departamento de Engenharia de
Pesca e Aquicultura da Universidade Federal de Rondônia/UNIR, Campus de
Presidente Médici. [email protected]
Thais Magalhães – Graduanda do Curso de Engenharia de Pesca e Aquicultura da
Universidade Federal de Rondônia/UNIR, Campus de Presidente Médici e Bolsista
do Projeto Pirarucu-Gente (CNPq/MDA). [email protected].
EXTENSÃO RURAL E PESQUEIRA AGROECOLÓGICA AMAZÔNICA: A
EXPERIÊNCIA DO PROJETO PIRARUCU-GENTE
LEITE1, Eliane Silva
SILVA2, Josenildo de Souza e
SILVA3, Jussara Gonçalves Souza e
MAGALHÃES4, Thais
Resumo
O Departamento de Engenharia de Pesca da Universidade Federal de
Rondônia/UNIR, colônias de pescadores, associações e sindicatos rurais, Emater-
RO, Fetagro e movimentos sociais, executam pesquisa-ação participativa em
extensão rural/pesqueira, enfatizando a formação de camponeses e técnicos,
utilizando a abordagem da alternância, focada nas metodologias participativas,
agroecologia e economia solidária. O Projeto Pirarucu-Gente atua com estratégias
de Ater/pesqueiras na Amazônia utilizando o pluralismo metodológico, com
entrevistas, questionários, oficinas participativas e observação participante.
Verificamos que os extensionistas participantes, apesar da experiência, trabalham
com práticas difusionistas. O projeto tem promovido o diálogo, a construção coletiva
de novas práticas de Assistência Técnica e Extensão Rural – Ater, apoiado às
organizações envolvidas na inserção agroecológica, sistematização e socialização
de experiências de Ater.
Palavras-chave: Extensão rural, alternância, agroecologia, Ater.
1 Coordenadora Pedagógica do Projeto Pirarucu – Gente (CNPq/MDA) e Professora do Departamento
de Engenharia de Pesca e Aquicultura da Universidade Federal de Rondônia/UNIR. 2 Coordenador Geral do Projeto Pirarucu – Gente (CNPq/MDA) e Professor do Departamento de
Engenharia de Pesca e Aquicultura da Universidade Federal de Rondônia/UNIR. 3 Bolsista e pesquisadora de extensão do Projeto Pirarucu - Gente (CNPq/MDA) desenvolvido pelo
Departamento de Engenharia de Pesca e Aquicultura da Universidade Federal de Rondônia/UNIR. 4 Graduanda do Curso de Engenharia de Pesca e Aquicultura da Universidade Federal de
Rondônia/UNIR e Bolsista do Projeto Pirarucu-gente (CNPq/MDA).
1. INTRODUÇÃO
Este artigo é fruto de uma pesquisa vinculada ao projeto Pirarucu – Gente,
iniciado em 2011 e que vem sendo desenvolvido pelo Departamento de Engenharia
de Pesca e Aquicultura da Universidade Federal de Rondônia/UNIR, financiado pelo
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq e
Ministério do Desenvolvimento Agrário – MDA, tem como parceiros Federação dos
Trabalhadores e Trabalhadoras da Agricultura de Rondônia – FETAGRO e a
Empresa de assistência técnica e extensão rural do estado de Rondônia –
EMATER/RO. Trata-se de um projeto de pesquisa, ensino e extensão rura/pesqueira
com foco agroecológico. Privilegia o pluralismo metodológico, destaca a pesquisa
ação participativa e a abordagem da Alternância. O trabalho vem sendo
desenvolvido com camponeses, agricultores familiares e pescadores artesanais e
tem apoio da Federação dos Pescadores e Aquicultores de Rondônia – FEPEARO,
e Ministério da Pesca e Aquicultura – MPA.
Na prática a investigação atua com a com formação em módulos:
Metodologias Participativas; Agroecologia; Extensão rural; Natureza,
desenvolvimento e sociedade; Segurança e Soberania Alimentar; Aquicultura de
base ecológica; Economia Popular e Solidária.
Com extensão rural entre os tempos da alternância envolvendo diferentes
atores que interagem e dialogam de uma mesma realidade em diferentes
perspectivas buscando a educação e emancipação dos contextos populares
construindo a partir da problematização, reflexão e ação para a mudança.
A Pesquisa privilegia a abordagem quantiqualitativa, utilizando os
instrumentos de observação participante, entrevistas semiestruturadas,
questionários, oficinas participativas, seminário integrador, monitoramento e análise
dos relatórios dos envolvidos no Projeto. A pesquisa em curso vem identificando a
relevância do sistema de alternância para uma extensão rural e pesqueira
amazônica dialógica, para a formação de pesquisadores; tomada de consciência
crítica (de si e da coletividade) para a ação; as estratégias de Ater agroecológica
amazônica e construção de saberes compartilhados para as transformações
socioambientais.
Dentre os resultados destacamos a construção de uma proposta de política
de Ater para o Território Central de Rondônia que apoiou a Conferência Estadual de
Ater com contribuições para a Nacional, o desenvolvimento de um ambiente coletivo
de extensão rural/Pesqueira, a utilização da abordagem alternância que tem
provocado o enriquecimento do processo de aprendizagem e produção de
conhecimento e o envolvimento de diferentes atores sociais na indissociabilidade da
pesquisa, ensino e extensão no contexto rural amazônico.
2. A IMPORTÂNCIA DA TEMÁTICA
Construída a partir da necessidade do camponês em aproximar a escola à
realidade do campo no que diz respeito aos seus conteúdos e formas, a Pedagogia
da Alternância valoriza a articulação de momentos educativos em tempos e espaços
distintos considerando o saber do homem do campo, suas experiências concretas
para sua formação socioprofissional, associando a vida comunitária e ao meio
ambiente (GIMONET, 1999; ESTEVAM, 2003; SILVA, 2005; BEGNAMI, 2006).
O estado da arte das pesquisas sobre pedagogia da alternância nos anos de
1969 e 2006 realizado por Teixeira, Bernatt e Trindade (2007) conta, entre teses e
dissertações, 63 trabalhos dos quais foram analisados 46. Desses trabalhos apenas
três são da região Norte do Brasil, mesmo sendo a região que tem mais Centro de
Formação Familiar por Alternância – CEFAs, tais dissertações foram defendidas na
Universidade Federal do Pará.
O trabalho de Teixeira, Bernatt e Trindade (2007) evidencia que o interesse
pela temática vem crescendo, mas continua deficiente, sobretudo na realidade do
Norte do país. Mais recentemente encontramos a dissertação de mestrado de
Valadão (2009) da Universidade Federal de Rondônia que analisa a Escola Família
Agrícola Itapirema de Ji-Paraná/RO na sua contribuição quanto à sustentabilidade
na região.
Esses e outros estudos mostram uma diversidade de contribuição desse
sistema de alternância em vários aspectos da educação do campo, entretanto, não
encontramos nenhum estudo que analise as experiências do extensionista
profissional junto às comunidades rurais com a metodologia da pedagogia da
alternância. Entendemos que o processo de alternância se vivido em grupos
comunitários, com técnicos extensionistas, agricultores e pescadores, deve
colaborar para uma ressignificação e reinvenção do trabalho do extensionista assim
como vem fazendo com os alunos das Escolas Família Agrícolas – EFAs e CEFAs.
Entretanto, compreendemos que a extensão rural vem adotando
procedimentos metodológicos participativos a partir de uma mudança de paradigma
(do difusionista ao dialógico) como podemos ver na Política Nacional de Assistência
Técnica e Extensão Rural – PNATER (2003), como resposta às necessidades do
agricultor familiar, o que vem fortalecendo os processos participativos (TAVARES;
RAMOS, 2006). A PNATER estabelece que a Missão da Ater deve ser,
Participar na promoção e animação de processos capazes de contribuir para a construção e execução de estratégia de desenvolvimento rural sustentável, centrado na expansão e fortalecimento da agricultura familiar e das suas organizações, por meio de metodologias educativas e participativas, integradas às dinâmicas locais, buscando viabilizar as condições para o exercício da cidadania e a melhoria da qualidade de vida da sociedade (MDA, 2004 apud TAVARES E RAMOS, 2004 – p.10).
Segundo Costabeber (2009) é necessário um “novo profissionalismo” para o
extensionista que seja capaz de, em sua prática, desconstruir o fragmentado, pois
para ele há limitações nos cursos de ciências rurais e agrárias do Brasil, que
dificultam o egresso ter uma visão global dos aspectos do campo. Tais limitações
estão associadas ao currículo disciplinar e a difusão de técnicas e pacotes
tecnológicos, ao demasiado estudo das máquinas e insumos, e o desinteresse pelo
cotidiano do agricultor.
Essa experiência entre técnicos, estudantes, sindicalistas, professores,
proporciona uma tomada de consciência, assim como descreve Silva (2010, p. 33):
Esse despertar de novos ângulos em perspectiva multidimensional abre as portas da consciência, do momento que está vivendo, da realidade que em sua totalidade é ele quem faz. O educando-educador sujeito de sua transformação busca constantemente a consciência que ele é capaz. (...) Faz-se imperativo que esse profissional atue a partir dos clamores mais emergentes da população do campo, apoiando a construção dos agricultores, pescadores e outros contextos populares dos seus projetos pedagógicos.
Nisto consiste a relevância da pesquisa, uma vez que o Projeto possibilita a
intervenção na educação formal e não formal e na formação inicial e continuada do
extensionista, através do sistema de alternância.
3. ASSISTÊNCIA TÉCNICA E EXTENSÃO RURAL E PESQUEIRA
Para Rabaca e Barbosa (1978, p. 123), a expressão assistência técnica e
extensão significa “processo educativo de assistência aos produtores rurais e suas
famílias, relacionando a transferência de tecnologia agropecuária à qualidade de
vida e ao desenvolvimento comunitário”. Isso evidencia a forte influência do
difusionismo modernizador no processo de Comunicação Rural no Brasil,
capitaneado pelo fenômeno da comunicação massiva e que teve, na visão de Lopes
(1994), a implantação de suas bases industriais no mercado cultural no final dos
anos 40, consolidando-se nas duas décadas seguintes.
Os estudos de Lerner e Schramm (1973) sobre as mudanças sociais via
comunicação de massa e as contribuições de Katz e Lazarsfeld (2005) sobre a
importância da comunicação interpessoal para os processos de comunicação para o
desenvolvimento nortearam o modelo de difusão de inovações defendido por Rogers
(1995), os quais influenciariam a pesquisa e a prática da extensão rural em
desenvolvimento nos países do terceiro mundo.
Em 1974, foi criada a Empresa Brasileira de Assistência Técnica e Extensão
Rural (Embrater), com o objetivo de difundir tecnologias agropecuárias sem perder
de vista os agricultores pobres. No afirmar de Callou (2006) a Extensão Rural, com
ênfase na difusão de inovações tecnológicas, foi implementada a partir de
imposições político-econômicas, influenciadas pelos financiadores do capital
nacional e internacional, que tinham o discurso de ajudar os pobres, mas
continuavam trabalhando pela manutenção dos interesses do mercado capitalista e
das diferenças sociais.
Nos anos 80, o discurso freireano influencia nas Empresas de Assistência
Técnica e Extensão Rural – Emater, entretanto a chamada comunicação horizontal
ou participativa esbarra na formação dos extensionistas, no corporativismo estatal e
nos interesses capitalistas.
Nos anos 90, as pesquisas e os trabalhos em Comunicação Rural levam em
consideração também os avanços das tecnologias de comunicação e informação.
Tais mudanças influenciam a dinâmica do campo. Segundo Graziano da Silva
(1998), o meio rural brasileiro se modificou do ponto de vista espacial e da
organização da atividade econômica, o que gerou também uma nova dinâmica
populacional.
Como vimos, a Comunicação Rural se encontra em processo de evolução,
enquanto que a Extensão Pesqueira, inserida nesta área de estudo, de uma forma
geral, continua do ponto de vista teórico, pautada ainda na difusão tecnológica, com
raras inserções, especificamente os projetos de perspectiva agroecológica.
A primeira experiência de extensão pesqueira podemos dizer que foi a ação
realizada pela Missão da Marinha de Guerra do Brasil de (1919 a 1924) que
percorreu a costa brasileira do Oiapoque ao Chui organizando os pescadores em
colônias buscando promover a nacionalização da pesca. Depois de 1942 a 1945,
constata-se o surgimento e o fim da Comissão Executiva da Pesca, através do
Decreto Lei 5.530, de 4 de dezembro. Trata-se da primeira iniciativa do Estado em
institucionalizar o setor pesqueiro. Em 1961, surge o Conselho de Desenvolvimento
da Pesca (Codepe), que teve sua importância por ser substituído pela
Superintendência do Desenvolvimento da Pesca (Sudepe), em 1962, criada através
da Lei Delegada nº 10.
Os trabalhos de extensão pesqueira em campo começam a surgir em Santa
Catarina (1968), com a criação da Associação de Crédito e Assistência Pesqueira de
Santa Catarina (Acarpesc), depois no Rio Grande do Sul, com a Associação de
Crédito e Assistência Pesqueira do Rio Grande do Sul (Acarpergs) no ano seguinte.
Em fins de 1968, inicia-se a atuação da Igreja Católica, através da Pastoral
dos Pescadores, o trabalho pastoral teve na pesca um caráter de Extensão
Pesqueira, contudo incorpora da Extensão Rural a prática participativa, embora
adicione na sua ação o caráter religioso, baseado na Teologia da Libertação. Sem
levar em consideração a ação da Igreja Católica, a Sudepe, em 1973, direciona seu
foco de ação para a pesca artesanal e cria o Plano de Assistência a Pesca Artesanal
(Pescart), cujos objetivos eram melhorar a estrutura produtiva das comunidades de
pesca, porém deveria incorporar a difusão de técnicas recomendadas pela pesquisa
e empresas de tecnologia.
Nas duas décadas seguintes, destacam-se de forma positiva os projetos e
programas da sociedade civil organizada, porém nas agencias oficias continuam a
desenvolver o difusionismo tecnológico. Com a criação da Secretaria de Pesca
ligada a Presidência da República do governo brasileiro e em seguida com a
efetivação do Ministério da Pesca e Aquicultura as políticas para extensão pesqueira
passaram a ser construídas no âmbito das Conferências Nacionais da Pesca e
Aquicultura.
De uma forma geral, a Extensão Pesqueira reflete a mesma abordagem
concebida para a Extensão Rural, cujos resultados para a agricultura não
significaram a diminuição da miséria rural, como já mencionado anteriormente.
Pouco contribuiu para o desenvolvimento da atividade, pois além de usar métodos
inadequados à realidade da pesca, continua com raras exceções a reproduz a
política modernizadora da introdução de inovações tecnológicas, através de
programas de crédito para a aquisição de tecnologias, perspectiva esta que não deu
certo com a agropecuária, do ponto de vista da população rural, e que seria pouco
provável de ser aplicada com sucesso a outra realidade.
4. PROJETO PIRARUCU GENTE
4.1 Caracterização
O Departamento de Engenharia de Pesca da Universidade Federal de
Rondônia vem desenvolvendo projetos de pesquisa e extensão desde 20105,
favorecendo a aproximação com o cotidiano e o trabalho das comunidades rurais de
Rondônia. Os resultados dessas pesquisas têm mostrado sempre novas
necessidades e novos campos de pesquisa e intervenção, conforme mostra
fragmento do Projeto Pirarucu – Gente:
(...) A partir da análise da conjuntura identificada nas oficinas de
construção do Território Central da Cidadania e da oficina de diagnóstico rural participativo com os pescadores artesanais, agricultores de base familiar, (...) comprovam-se grande conhecimento endógeno ambiental amazônico agroecológico e desejo dos envolvidos de gerir coletivamente seus empreendimentos de forma autônoma e compartilhada. Essa conjuntura motivou a Universidade Federal de Rondônia, Departamento de Engenharia de Pesca e Aquicultura a apresentar uma proposta de extensão sustentável participativa associada à pesquisa e inclusão do ensino com envolvimento dos discentes na perspectiva do aprender fazendo para contribuir com as transformações socioculturais, ambientais e econômicas da realidade dos contextos populares em questão (PROJETO PIRARUCU GENTE, p. 02).
O texto continua afirmando que havia uma preocupação com a assistência
técnica deficiente e problemas ligados a agricultura, sobretudo com o avanço da
pecuária no Estado e problemas sociais nas comunidades ribeirinhas causados
pelas usinas de Santo Antônio e Jirau6 que estão sendo construídas ao longo do Rio
Madeira em Rondônia.
5 a) Projeto Peixe-Vivo: (conservação e manejo sustentável dos recursos pesqueiros do arranjo
produtivo da Pesca e Aquicultura no âmbito do Território Central da Cidadania de Rondônia). b) Projeto Rurbano: (levantamento das potencialidades produtivas do Município de Presidente Médici). c)Capacitação da Cadeia Produtiva da Pesca Artesanal e Aqüicultura de Base Familiar e Ecológica – PROEXT (nos municípios de Ji-Paraná e Presidente Médici); Gestão participativa e solidária dos empreendimentos das organizações de pescadores e aquicultores do Território Central da Cidadania de Rondônia (subsidiar a autogestão e a sustentabilidade da Colônia dos Pescadores de Presidente Médici e Cooperativa de Aquicultores e Pescadores de Ji Paraná). 6 As Usinas Hidrelétricas de Jirau e Santo Antônio estão em construção no Rio Madeira, a 150 km de
Porto Velho, em Rondônia. Os empreendimentos colocam em situação de risco as populações
O projeto tem como objetivos desenvolver pesquisa-ação participativa em
assistência técnica e extensão rural de princípios agroecológicos no âmbito da
Pnater em Rondônia; Formar técnicos, sindicalistas, lideranças dos movimentos
sociais, estudantes de ciências agrárias em Ater educativa e emancipadora;
construir com apoio da abordagem da alternância, saberes coletivos sobre Ater;
formar os agricultores em processos produtivos agroecológicos, organizacionais, de
gestão, comercialização solidária e de soberania alimentar; capacitar juventudes
rurais e mulheres em processos de lideranças associativas para apoiar a assistência
técnica e extensão rural comunitária, com inserção social de gênero, geração, raça e
etnia; subsidiar a transição agroecológica com a introdução e/ou fortalecimento dos
sistemas agroflorestais; dentre outros (PROJETO PIRARUCU GENTE, p. 03).
O campo do projeto é o Território Central da Cidadania de Rondônia uma
área de 31.243,30 Km², composto por 13 municípios: Jaru, Ji-Paraná, Ouro Preto do
Oeste, Presidente Médici, Alvorada D`Oeste, Governador Jorge Teixeira, Mirante da
Serra, Nova União, Teixeirópolis, Theobroma, Urupá, Vale do Anari e Vale do
Paraíso (ver figura 1). O território possui “311.867 habitantes, dos quais 111.484
vivem na área rural, o que corresponde a 35,75% do total. Possui 19.395
agricultores familiares, 7.162 famílias assentadas e duas terras indígenas”
Figura 1 – Mapa do Território Central da Cidadania de Rondônia. Fonte: Google mapas.
O projeto concentra representantes de prefeituras (das secretarias de
agricultura ou membro dos Conselhos Municipais de Desenvolvimento Rural –
tradicionais, povos indígenas isolados e os ecossistemas amazônicos. o Brasil foi fortemente criticado pelo Tribunal da Água - uma corte de ética dentro do Fórum Mundial da Água realizado em Istambul - por construir as duas usinas no rio Madeira, as quais ameaçam a vida da população indígena, além de alterar os ciclos fluviais e a biodiversidade. (http://pt.wikipedia.org)
CMDR), extensionistas da EMATER, sindicalista rurais e agricultores ligados a
FETAGRO, pescadores, piscicultores e estudantes dos 13 municípios do Território
Central da Cidadania, totalizando cerca de 90 envolvidos.
Para coleta de dados estão sendo utilizados: Entrevista semiestruturada para
piscicultura; Questionário para agricultores familiares; Entrevista da organização
institucional; e Oficinas participativas (diagnósticos, planos, desenvolvimento
organizacional, dentre outros). Os dados são organizados em Soft criado com os
estudantes do curso de Engenharia de Pesca com capacidade de 365 cruzamentos
de dados.
4.2 O foco nos princípios agroecológicos
A conjuntura em Rondônia demanda novos caminhos para o
desenvolvimento, com destaque para promoção de políticas públicas voltadas para a
sustentabilidade, com o fortalecimento dos programas/projetos estratégicos
enfocados nos princípios agroecológicos.
Buscamos na proposta a formação em Ater enfocando os princípios
agroecológicos, de economia solidária e demais preceitos da Pnater, associar
diversos conhecimentos utilizados na perspectiva da interdisciplinaridade e
multidisciplinaridade para promover a integração do acadêmico, educador e
educando. Em vez de oferecermos respostas soluções ou diagnoses prontas a partir
da pesquisa, edificaremos uma relação dialógica de saberes, como base para
construir com os envolvidos as propostas de intervenções, pesquisa-ação,
assessoria e formação que atenda os clamores do público de Ater participantes do
projeto.
Nessa perspectiva a ação de formação em Ater com princípios
agroecológicos apoiada a idas e vindas, formação teórica conceitual, construção
coletiva de conceitos associados ao convívio com a realidade da agricultura familiar
quando das práticas e posterior replanejamentos das ações, nessa alternância se
constroem os caminhos, oportunizando aos educandos/educadores o privilégio de
chegar à edificação coletiva de conhecimentos fruto das colaborações dos diversos
envolvidos.
Nas práticas agroecológicas os envolvidos irão planejar e executar sistemas
agroflorestais, pesqueiros e comunidades ribeirinhas, acompanhar seu
desenvolvimento e orientar a comunidade sobre o manejo. Também desenvolver a
piscicultura de base familiar e ecológica, com incremento de alimentação natural,
implantar quintais agroecológicos, recuperar nascentes e mata ciliar.
4.3 Extensão rural e pesqueira no Projeto Pirarucu Gente
Com base na proposta freireana de extensão, através da educação dialógica,
utilizando os princípios agroecológicos e o resgate dos saberes camponeses, o
projeto vem buscando edificar ações de Ater em conjunto com a pesquisa de
abordagem participativa e ensino em alternância com o uso de instrumentos e
técnicas das metodologias participativas.
O Projeto tem duração de 30 meses, dos quais 24 são de atividades de
alternância entre o grupo participante. Os 7 módulos desenvolvidos em 120h, sendo
40 horas/cada de teórico-conceitual em uma semana na Universidade com estudos
de casos, exemplos demonstrativos e visitas in loco, e 80 horas práticas ao longo de
três meses para execução das atividades nas comunidades.
As atividades no Tempo Comunidade são de extensão rural e pesqueira
monitoradas pela equipe de coordenação e bolsistas e avaliadas por todos os
envolvidos na ocasião do Seminário Integrador e no monitoramento pela equipe de
coordenação e pelas instituições e organizações envolvidas.
O projeto utiliza os seguintes instrumentos pedagógicos:
• Plano de estudo – Roteiro de pesquisa as atividades de Ater, relações com a
sociedade, associações, sindicatos, conselhos de desenvolvimento, igrejas, dentre
outros;
• Prática de atividades – Etapa que o grupo experimenta o desenvolvimento de
atividades pactuadas nos módulos teóricos conceituais como tarefas práticas a
realizar ao longo do tempo comunidade;
• Monitoramento das atividades práticas – A equipe de gestão do projeto
realizará inserções de assessoramento local nos intervalos entre os módulos de
formação durante o tempo comunidade para junto aos participantes discutir os
problemas, dificuldades, prioridades e estratégias de soluções para as atividades de
Ater e de pesquisa em campo;
• Seminário integrador – Encontro inicial de apresentação das atividades ao longo
dos intervalos dos encontros. Promove o acompanhamento e sistematização das
atividades de alternância em campo, permite aprender com erros e acertos; troca de
experiências com os demais participantes; encontra soluções partilhadas para as
dificuldades de execução de Ater. A atividade é orientada por um roteiro de
apresentação e sistematização para nortear a apresentação e discussão em
Plenária e a entrega do relatório da etapa, o qual subsidia as publicações em geral.
Cabe destacar que a ação permite mapear as variadas estratégias de Ater, interação
e integração de ações conjuntas dos participantes do projeto nos municípios;
• Reflexão e sistematização de experiências – A cada etapa o grupo relata os
avanços, dificuldades, o que foi realizado, o que não foi e porque, e quais os
encaminhamentos;
• Seminário desenvolvimento, sociedade e natureza – As terças-feiras a noite
são dedicadas à apresentação de trabalhos dos alunos da Universidade Federal de
Rondônia sobre a temática do módulo, dividida em duas etapas uma
contextualização oral em forma de painel e exposição de banners;
• Auê Cultural – As noites de quartas-feiras ao longo dos módulos de alternância
são dedicadas à promoção no espaço da Feira pública a apresentações de
manifestações culturais Brasileiras, Amazônicas e Rondonienses. A ação busca
integrar as diversas manifestações culturais e estimular o surgimento de novos
talentos, apoiar a sustentabilidade dos empreendimentos da agricultura familiar,
gerar renda e oportunidades culturais;
• Cine agroecológico – As noites de quintas-feiras do projeto são dedicadas à
mobilização para o Cinema, com objetivo de resgatar os valores culturais da
agricultura familiar, o pertencimento a terra e ao território camponês. Também
diminuir as desigualdades sociais de gênero, raça, etnia e geração. As projeções
dos filmes são públicas e gratuitas, servem de mote para aquecer o debate, a leitura
da vida dos envolvidos, dos seus contos, das histórias locais, das vivencias práticas
de agricultura de base familiar e ecológica;
Feira de troca de saberes, produtos e serviços
Realizaremos um mercado de troca de informações, de conhecimento, de produtos e
serviços instituídos como uma forma de intercâmbio entre os participantes.
Trabalhará a criação de uma moeda social nas comunidades, a cultura do consumo
consciente e da soberania alimentar;
Troca de experiências entre os Produtores
Serão realizadas 2 (duas) oficinas para troca de experiências de saberes e fazeres
entre os envolvidos(as), com estabelecimento de mecanismos de aprendizagem pela
observação e permuta de conhecimentos.
A formação em Assistência Técnica e Extensão Rural – Ater, que vem sendo
desenvolvida nos módulos contemplam tanto as necessidades dos técnicos, da
realidade local e das exigências da Política Nacional de Assistência Técnica e
Extensão Rural – PNATER. A tabela 1 descreve os módulos da formação do Projeto
Pirarucu-Gente e seus conteúdos programáticos:
Tabela 1 – Módulos de Formação em Ater do Projeto Pirarucu-Gente.
MÓDULOS CONTEÚDOS
Módulo I: Metodologias
Participativas de apoio
à gestão compartilhada
dos recursos naturais,
pesqueiros e da
biodiversidade.
Metodologias participativas de apoio a Ater na perspectiva
agroecológica. Diagnósticos, planos e monitoramentos
participativos; construção de projeto participativo e
sistematização de experiências.
Módulo II: Extensão
rural. História da
extensão rural e
pesqueira.
Evolução e experiências das políticas de Ater: construção do
Pnater, envolvimento da Asbraer, política estadual, com
destaque para as ações da Emater Rondônia, Incra,
Embrapa, movimentos sociais, organizações não
governamentais e ambientalistas.
Módulo III:
Agroecologia, história,
princípios e
fundamentos.
Agricultura familiar, pesca artesanal e campesinato.
Pensamento social agrário e sua influência no contexto
evolutivo da América Latina
Módulo IV: Natureza,
desenvolvimento e
sociedade.
Diagnóstico e inventário ambiental e capacidade de suporte
dos agroecossistemas; economia ecológica; desenvolvimento
e envolvimento participativo; mudanças climáticas, serviços e
tecnologias ambientais; recuperação de nascentes de água,
mata ciliar e áreas degradadas.
Módulo V: Segurança e
Soberania Alimentar.
Noções básicas sobre agroecologia, sistemas de
diversificação agrosilvopastoril, quintais agroecológicos,
permacultura, hortas medicinais e sistemas agroflorestais;
manejo sustentável dos recursos naturais, pesqueiros e da
biodiversidade.
Módulo VI: Aquicultura Noções de cultivo e manejo de piscicultura sustentável e
de base ecológica. sistemas agroflorestais ribeirinhos pesqueiros.
Transformação de subprodutos das propriedades rurais para
a complementação alimentar na piscicultura. Também
manejo sustentável do agroecossistema pesqueiro e pesca
responsável e ecológica.
Módulo VII: Economia
Popular e Solidária –
consumo, energia e
sociedade.
Políticas de economia popular e solidária: Secretaria
Nacional; fóruns nacional e estaduais. Estratégias de
comercialização de produtos e serviços populares em feiras,
eventos, festas. Feiras: de trocas, agroecológicas, de
sementes, saberes e sabores. Redes solidárias sociais, de
comercialização e institucionais.
4.4. A pesquisa ação participativa
A pesquisa participante é ao mesmo tempo uma metodologia de investigação
e um processo de intervenção social, Gramsci (1991, p.407) afirma que “la abordaje
haya surgido práctica y teóricamente, donde se haya atrevido a preguntarle a la
ciencia académica para qué sirve? A quién sirve?” Propõe o reconhecimento da
relação igualitária dos atores sociais e valoriza o saber popular como contribuição na
construção da ciência, tem que se dar conta desse obstáculos epistémico-
metodológicos. De forma coerente, trata-se de transformar “el ‘sentido común’ del
popular en ‘buen sentido’ de investigación o conocimiento crítico. Investigación
participativa no es tomar parte del sentido común simplemente, sino partirlo
críticamente, desde dentro, desde sus propias potencialidades (GRAMSCI, 1991).
Leva a análise da realidade como uma forma de conhecimento e sensibilização da
própria população, que passa a ser com o processo sujeito ativo e protagonista de
um projeto de desenvolvimento para a transformação da sua realidade social mais
imediata.
A maioria dos autores que tratam sobre o tema adotam varias fases no
processo de pesquisa participante, as quais classificam de: etapa inicial de partida
ou pré-investigação e desenho da pesquisa; diagnóstico, formação do grupo de
trabalho de campo; devolução dos resultados do diagnóstico, construção da
programação e trabalhos de campo; proposta do projeto e oficinas participativas; e
execução, avaliação, monitoria e re-planejamento do processo de pesquisa.
De uma forma geral, a pesquisa participante, especificamente com a Ater em
Rondônia busca ser uma investigação, uma construção de alianças, um encontro
amoroso e, sobretudo uma aprendizagem mútua, parafraseando (GRAMSCI, 1991,
p. 409),
Encontrar la belleza de la artesanía popular en la construcción participada de las ciencias sociales, no esta apenas en el resultado final, pulido y perfeccionista, sino los enfrentamientos a la textura, pulso, dolor, color y olor del proceso de investigación con sus prácticas.
A figura 2 evidencia as etapas da pesquisa ação em Ater focada na Pnater e
nos princípios agroecológicos do Projeto Sementes dos Saberes do Povo da
Floresta.
Figura 2 – Etapas da pesquisa participante em Ater de princípios agroecológicos.
4.5 Etapas do processo para a realização dos Módulos I e II
Antes da efetivação do módulo I houve a Oficina de consolidação do Projeto e
contrato social de alianças com o objetivo de fazer uma apresentação geral do
projeto, realizar levantamento do perfil de entrada dos participantes, nivelamento
conceitual metodológico e assinatura do contrato social de parcerias ocorrida na
Secretaria de Educação de Presidente Médici, nos dias 12 e 13 de agosto de 2011.
Nessa discussão foi decidido que o primeiro Módulo seria de Metodologias
Participativas de apoio à gestão compartilhada dos recursos naturais, pesqueiros e
da biodiversidade. A escolha se justifica pela deficiência que os participantes tinham
em relação aos instrumentos participativos e a necessidade de construí-los para
serem utilizados no tempo comunidade.
Com a realização do primeiro módulo os participantes tiveram a oportunidade
de conhecer os fundamentos teóricos das Metodologias participativas e construir 10
ferramentas de diagnóstico e planejamento participativo. Onde destacamos duas: o
Calendário histórico, que objetiva relacionar o tempo com as mudanças sobre
determinado assunto, lugar, organização; e a outra ferramenta Identificação dos
problemas concentrado em torno da Assistência Técnica e Extensão Rural do
Estado; o grupo definiu os problemas, causas e efeitos (figura 3).
Figura 3 - Definição dos problemas de Ater em Rondônia.
A figura 4 mostra os cursistas divididos em grupos trabalho realizando as
atividades na semana de teórico-conceitual, tempo escola no módulo I.
Figura 4 – Imagens dos grupos em atividade no módulo I.
É importante ressaltar que nessa discussão os técnicos extensionistas
participaram com agricultores que necessitam dessa assistência e que na sua
maioria a recebem.
O Módulo II, sobre Extensão rural na perspectiva agroecológica, aconteceu de
05 a 09 de Dezembro de 2011 e o Módulo III, Agroecologia, história, princípios e
fundamentos foi realizado de 16 a 20 de abril de 2012 e culminou com a construção
de uma proposta de Política Pública de Ater para o Território Central de Rondônia
que apoiou a Conferência Estadual de Ater e consequentemente a Nacional.
O Módulo III, tratou do Seminário Integrador – Assessoramento de Ater
coletivo; Painel – Pensamento social agrário, do narodinismo a agroecologia e as
repercussões na América Latina com destaque para Brasil; Seminário –
Experiências e práticas agroecológicas em Rondônia; Construção partilhada dos
pré-projetos prioritários dos grupos envolvidos.
4.5.1 O Tempo Comunidade
Ao término do Tempo Escola, ou seja, no final das 40 horas teórico-
conceitual de cada módulo, os cursistas vão para o Tempo Comunidade que são as
80h práticas onde eles irão desenvolver as tarefas de casa concernente aos temas
abordados no módulo, sendo alguns deles:
Diagnóstico participativo com uma comunidade a escolha da equipe do
município;
diagnóstico participativo com as entidades a que pertencem;
aplicar questionários e entrevistas com agricultores e piscicultores;
realizar entrevistas com pessoas de sua instituição;
apresentar projeto de futuro na comunidade ou município a partir dos
diagnósticos; dentre outros.
Para o monitoramento do Tempo Comunidade é montado calendário e um
roteiro para as visitas e avaliação das atividades. A equipe formada pelos bolsistas e
professores monitoraram as atividades no encontro previamente marcado com o
grupo do município, observam e orientam quanto as dificuldades na realização das
atividades propostas. A equipe conhece a comunidade escolhida pelos cursistas do
local para desenvolver as atividades; orientam para apresentação do relatório no
seminário integrador; recebem as sugestões para modificação dos questionários e
entrevistas; orientam quanto à aplicação desses instrumentos; e recebem sugestões
para o auê cultural. A equipe de monitoramento registra suas visitas em diário de
campo.
No monitoramento percebemos que há interesse do grupo para realização
das tarefas propostas no Tempo Escola. O uso das ferramentas e instrumentos
participativos serviu para os cursistas analisarem uma realidade que já conheciam,
mas, segundo eles não conseguiam vê-la. Nesse sentido, puderam experimentar a
ad-miração que trata Freire (1969) que é a abstração da sua realidade, um olhar
para o seu fazer, o seu cotidiano de maneira analítica.
5. CONSIDERAÇÕES
Na construção dos módulos percebemos que a intenção do projeto é
ampliar não só a prática, mas a concepção de extensão rural e pesqueira, pois a
alternância das atividades favorece um crescimento teórico – prático que faz com
que os profissionais reinventem sua prática a partir de uma ressignificação.
O exercício da ação-reflexão-ação não desmerece o saber do profissional
que há 10, 15 anos vem praticando Ater, traz o cursista para o enfrentamento de sua
prática sem desprezar seu saber. Incita no cursista um renovar de habilidades e
técnicas de maneira consciente, trazendo a satisfação de aprender com a sua
vivencia profissional e humana.
Quanto aos estudantes, percebemos que estão tendo a possibilidade de
descobrir as estratégias de pesquisa e extensão dialógica na prática, conhecendo as
comunidades que vivem seus problemas colocados na discussão, as formas de
intervenção dialógica, o que proporciona um pensar certo na perspectiva freireana,
respeitar o outro como sujeito da/na pesquisa, estão aprendendo a ser profissionais,
não apenas de extensão e pesquisa, que considere o teórico e o prático sem
dicotomizá-los, sem fragmentá-los.
No Tempo Escola e no Tempo Comunidade, pesquisadores, estudantes e
cursistas se confundem, agem dialeticamente, pois suas práticas não são
fragmentadas, nem contraditórias, há um exercício multicultural e interdisciplinar que
os aproxima.
O projeto tem beneficiado a região não só em relação à prática de Ater,
mas, sobretudo, na interação dos municípios e instituições envolvidas. Os sujeitos
do projeto, extensionistas, sindicalistas, agricultores, pescadores, estão tendo a
oportunidade de resolver as questões de extensão rural e pesqueira, dialogando
sobre o seu cotidiano profissional em diferentes perspectivas e construir com o
processo a emancipação e libertação dos contextos populares rurais, a partir da
construção de saberes, conhecimentos e tecnologias pedagógicas de Ater aportadas
pela pesquisa ação.
6. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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