Ysolda Cabral
2
Copyright 2009 © by Ysolda Cabral
Impresso no Brasil Printed in Brazil
Editor
Tarcísio Pereira
Diagramação Laís Rodrigues
Capa
Renato Feitosa
Revisão gramatical e ortográfica Angela Borges Cavalcanti e
Yara Cabral de Siqueira
LIVRO RÁPIDO – Elógica
Rua Dr. João Tavares de Moura, 57/99 Peixinhos Olinda – PE CEP: 53230-290
Fone: (81) 2121.5300 Fax: (81) 2121.5333 www.livrorapido.com
C117a Cabral, Ysolda, 1954 – Apenas poesia / Ysolda Cabral. – Olinda – PE: Livro Rápido, 2009.
v.1.
ISBN 978-85-7716-594-0
1. POESIA BRASILEIRA – PERNAMBUCO. 2. CABRAL, YSOLDA, 1954 – DEPOIMENTOS. I. Título.
CDU 869.0(81)-1 CDD B869.1
PeR – BPE 09-0272
Apenas Poesia
3
Sumário
Dedicatória ....................................................................................... 7
Comentários dos amigos ................................................................... 9
Agradecimentos especiais ................................................................ 13
Sem nada para falar ....................................................................... 15
Apenas avoante .............................................................................. 17
Yauanna ......................................................................................... 19
Tambor do encantado ..................................................................... 20
Realidade do sonho ......................................................................... 22
Tempo sem jeito ............................................................................. 24
Tempo de páscoa ............................................................................ 26
Máscara dos enganos ...................................................................... 28
Se hoje fosse meu aniversário .......................................................... 29
Sem espaço na alma ....................................................................... 31
Um equivocado desfecho ................................................................. 33
Fugindo do contexto ....................................................................... 35
Pesadelo ......................................................................................... 37
Meu amor por você é assim ............................................................. 39
Parar no ar .................................................................................... 41
Luar da imaginação ........................................................................ 43
Sem retorno ................................................................................... 44
Luz de lampião ............................................................................... 46
Força estranha ............................................................................... 48
Um ponto de exclamação ................................................................ 50
Sem contestação ............................................................................. 51
Um pouco de atenção ...................................................................... 53
Significado do perdão ..................................................................... 55
Inteira no caminho ......................................................................... 56
Meu sorriso é assim ........................................................................ 58
Hanah cigana ................................................................................. 60
Ysolda Cabral
4
Lá e o cá ........................................................................................ 61
Sobra de mim ................................................................................. 63
Assim assim ................................................................................... 65
Sonho desfeito ................................................................................ 68
Rosto que queima ........................................................................... 70
A vida e eu ..................................................................................... 71
Sempre viva ................................................................................... 73
Menina rodada ............................................................................... 75
Internação é a solução .................................................................... 77
Apenas equilibrista ......................................................................... 79
Cheiro bom ..................................................................................... 81
Amor não é paixão .......................................................................... 83
Onde estou ...................................................................................... 85
Melhor não querer .......................................................................... 87
Segredos do vento ........................................................................... 89
Um lugar de além mar .................................................................... 91
Só uma fresta ................................................................................. 93
De novo Natal ................................................................................. 95
Do jeito certo .................................................................................. 98
Eu e você ...................................................................................... 100
A vida em suas mãos ..................................................................... 101
Tela de mim .................................................................................. 102
Nocauteada .................................................................................. 104
Caras pálidas ................................................................................ 106
Sou cansaço ................................................................................. 108
Noite mal dormida ........................................................................ 109
Sou assim ..................................................................................... 111
Preciso de fantasia ....................................................................... 113
Não sou paciente .......................................................................... 115
Viver na mata ............................................................................... 116
Vejo o amor .................................................................................. 118
Apenas Poesia
5
Querer não é poder ....................................................................... 120
Carnaval por dentro ...................................................................... 122
Sem segredos ............................................................................... 124
Uma avenida só minha .................................................................. 126
Valente mulher ............................................................................. 128
Cheiro de minha terra ................................................................... 130
Três ou quatro .............................................................................. 132
Resto de mim ............................................................................... 134
Duas meninas ............................................................................... 136
Só ardor ....................................................................................... 138
Sou do contra ............................................................................... 140
Quero um chapéu .......................................................................... 141
Domingo de Páscoa ....................................................................... 143
Sou guerreira ............................................................................... 144
Só tristeza .................................................................................... 146
Visitei minha terra ........................................................................ 147
Estou feliz .................................................................................... 148
Apenas Poesia
9
Comentários dos Amigos
Ysolda fala a nossos corações, alegra-nos com suas poesias e nos
comove também. Por vários momentos, fui embalada e levada a uma reflexão sobre a vida, lendo suas poesias! Ela é simples e verdadeira.
Uma grande amiga que aprendi a amar, sem sequer conhecê-la
pessoalmente, pois sua alma é linda!
Cristina Sapag (Psicóloga - Santos/SP)
Sabe quando você pára diante de algo ou alguma coisa de rara
beleza, que te deixa perplexa e, até, paralisa seus movimentos?!!
Pois é! Assim é Ysolda. Ela é poesia, beleza humana, espiritualidade, leveza e perfume no Universo... Quando nos
deparamos com suas obras, dispensamos comentários, pois elas são
a sua Alma em forma de prosa e verso.
Suzana Barreto (Terapeuta Floral e Reiki - Aracaju/SE)
Ela é uma eterna menina dourada.
Deusa de Escorpião (Identidade desconhecida)
Ysolda é uma pessoa maravilhosa e muito talentosa. Seus poemas
são muito criativos, lindos, inebriantes e também, engraçados.
Nadir Jenkins (EUA)
Ysolda é a sensibilidade do amor se concretizando em nossos
corações, através dos versos que inspiram o seu ser irradiante e
transformando simples letras em grandes sabedorias.
Mércia Vila Nova (Advogada - Caruaru/PE)
Ysolda, pra mim, tu és dia!
Juliana Cavalcanti (Advogada - Recife/PE)
Ysolda Cabral
10
Há tanta doçura em suas poesias! Caruaru deve ter muito orgulho de
ter uma poetisa que nem você, não é? Eu tenho e muito!
Fátima Leite (EUA)
“Zoldinha”, essa menina é uma artista nata! Não fez sucesso na
grande mídia porque optou pela vida “comum”. Abusada... Escreve
quando quer, o que quer e para quem quer e “cabou-se”! Para quem
a conhece um tiquinho, pelo menos, sabe que ela “detona”, “abala”
e mexe com nossos sentimentos e, assim, vem se “achegando” em
nossos corações!
Musa Morgana (Gerente de Hotelaria - Recife/PE)
Ysoldinha, não pára de escrever, poetisa linda.
Tuas poesias são sempre bem-vindas.
Neste coração aqui que não critica.
Apenas te admira.
Marcelo Antonio - Anjo (Poeta e Escritor - São Paulo/SP)
Escrever um livro é como gerar um filho. Nele, depositamos todas as
nossas verdades, nossa vida e esperamos que seja bom e leve amor
pelo mundo afora.
Sóstenes Fonseca (amigo de infância)
Ysolda, naquilo que escreve, quase que transcende a condição
humana e mostra, para loucura dos incrédulos, como eu, a imortalidade do espírito através da visão maior da melhor esposa, da
presença amiga e da mãe celestial.
Rodolfo Vasconcellos (Poeta, Escritor e Empresário - Recife/PE)
Você consegue expressar o cotidiano de forma limpa e clara em suas
poesias. Parabéns!
Sérgio Fichman (Amigo virtual)
Apenas Poesia
11
Sabes o brilho que tem,
As letras dos teus jornais,
São sopas de emoção, Receitas do coração,
Nas combinações frasais.
Nizardo Wanderley (Poeta - Natal/RN)
Ysolda, ao escrever, desnuda sua doce alma,
Se desnuda por inteiro e num golpe certeiro,
Embriaga-nos com a calma... Sendo na calmaria dos seus versos,
Sendo no agitado mundo da passageira dor...
Ela se escreve por inteiro, com o mesmo vigor.
Esta é Ysolda,
Um poema alegre,
Um poema triste, Uma canção de alívio ou de dor.
Ela escreve tudo de sua vida,
Sem a hipocrisia do pudor.
Ela é a poetisa que embriaga,
De sentimento a alma de quem ama o poema,
Descreve sobre todos os temas... Com o mesmo e dedicado amor.
Ysolda é exclusivamente ALMA.
Reno Wanderley (Poeta e Artista Plástico Mineiro)
Ysolda, és talentosa.
José Pimentel (Eterno Jesus Pernambucano)
Apenas Poesia
13
Agradecimentos Especiais
Aos Irmãos,
Yara, pela competência e paciência na revisão deste “livrinho”
em conjunto com a Profª Angela Borges Cavalcanti, escrito ao
longo de quase dois anos, sem nenhuma pretensão literária.
Inára, meu “Favo de Mel”, minha maior incentivadora e sempre
presente no meu blogger e em todos os momentos de minha vida.
Íris, por não conseguir ler nada que escrevo. Ela chora!
Ilo, que não está nem aí para nada.
Ao meu pai,
Alírio, por sempre me desafiar a escrever melhor que ele.
A minha mãe (preferida) Dilça, porque achava o máximo tudo o que fazia.
A minha filha Yauanna e ao meu esposo Benjamin, pela torcida incondicional e apoio.
E, também, aos amigos poeta Leonilton Carneiro do Espírito
Santo e ao escritor e filósofo Airton Lócio pelas preciosas orientações.
Apenas Poesia
15
Sem nada pra falar
Nunca falei das flores
Nunca falei das cores
Nunca falei das dores
Nunca falei do amor
Nunca falei do rancor Nunca falei do sabor
Nunca falei da saudade
Nunca falei da cidade Nunca falei da verdade
Nunca falei da tristeza
Nunca falei da beleza Nunca falei da leveza
Mas... Ganhei
E mais flores dei Das mais variadas espécies
Rosas, Margaridas,
Girassóis, Orquídeas
E Bem-Me-Queres Algumas para festejar
Outras para enxugar lágrimas
Sentidas e doídas
Ysolda Cabral
16
Senti os louvores
Aprimorei as escolhas E grandes emoções não vivi
Senti saudades
Passando por ruas, Vilas e cidades
Olhando apenas a beleza
Sentindo as dores com clareza
De um infinito, único E insubstituível amor
Amor pela VIDA.
Apenas Poesia
17
Apenas Avoante
As imagens ficam dúbias
O raciocínio não existe
O coração dispara... Tum... Tum... Tum… Tum...
A mente atraiçoa
Soa, ousa...
A vontade não persiste
A lucidez escoa
O peso é pouco O corpo é outro...
Tum... Tum... Tum... Tum...
A voz some O som não ecoa
A percepção entoa
E a imaginação se doa...
Tum... Tum... Tum... Tum...
Não há o que fazer
Não há o que se dar
Não há de nada haver
Nem se avoante fosse Com querer, sem querer
Sem dizer, sem sentir
Pra que ser?
Tum... Tum... Tum... Tum...
Ysolda Cabral
18
Que bom seria sereia ser
Pra no mar poder crescer Viver, morrer e nada ter...
Cantar só os sentidos
Tomar os seus ouvidos Sem nada a lhe dizer...
Chorar sem emoção
Sem sentir o coração A lágrima sem unir
Nas águas da canção
Para que a emoção
Não se faça de ilusão
Nas coisas da razão...
Apenas assim soar
Na solidão
Um coração sem ação Sem noção
Sem canção e sem visão...
Tum... Tum... Tum... Tum... Tum...
Apenas Poesia
19
Yauanna
É sonho encantado
É realidade palpável
Feita de flor, aroma e frescor
Ela é tudo de melhor de mim
Pureza, leveza Uma brisa com certeza
Que sopra da alma para fora
E de fora vem para dentro
E fica e vinga só amor
É planta forte e bela
Regada na medida exata
Para ser ela
Eterna criança em mim
O que dizer mais
Da minha filha linda Amiga, querida
Sapeca, eterna menina?
Que é uma estrela do céu No firmamento de mim?!
Ysolda Cabral
20
Tambor do Encantado
O sonho é irreal
O pesadelo é real
O sentimento é de solidão E solidão é sedimentação
O pensamento não se expande
E no espaço se lança
E nada, absolutamente nada, alcança
Quisera ser sempre
Primavera em cor
Com raios de calor Aroma só de amor
Fugir do vendaval
Sem ter um ideal
De ser ou de não ser
Apenas de estar Primavera em cor
Ficar sem confusão Sabendo a oração
Para o ir e se voltar
Saber o retornar
Com consciência da dor
Sem ser um sofredor Na busca do porvir
Que de tanto procurar
Deixa de servir
Apenas Poesia
21
Servir sem restrição
Todas as ilusões sentir Saber que a existência
Quando sem carência
Não há necessidade
Do sorrir
Sorrir escancarado
De coração atrapalhado
De ritmo compassado Tocando alegremente
No tambor do encantado
Retumbando só amor
Ysolda Cabral
22
Realidade do Sonho
É apenas lembrança
Às vezes pequena
Que às vezes engana E nem sempre se lança
No universo da alma
Se sentirmos viver
No sonho dormindo
Quando acordados
Parecemos morrer
É desencontro na vida
É desencontro de ser
E sendo sem querer
Não tem sentido pra ser
Sonhar acordado
Não vale acordar Pois acordo não há
Na vida do sonho
Do sonho sonhado
Querido, amado
Sofrido, moído Tomado, tornado possível
Possível improvável
Apenas Poesia
23
Sentimento se tem
Para voltar, estar e seguir Seguir no distinto
Sentindo no tino
Do tino que é certo
Do incerto tempo
Que há de vir
Ysolda Cabral
24
Tempo sem Jeito
É contrário do medo
Que causa mudança de tempo
De espaço e no espaço se lança Se lança com jeito, do jeito de aço
Do aço sem jeito.
Mudança de termo
Sem conserto, arremesso ao ermo
Sem vermos...
Sentir o contrário, o contrário do medo
No fundo do avesso
Encontrar o perfeito
Perdendo o contexto, do texto
Do verbo, sem nexo Sem elo, com zelo.
Como o verso do reverso
Reverso que é avesso
Do avesso criado, Criado ao acaso
Acaso do nada e do nada
Entonteço!
Apenas Poesia
25
Por algo perdido
No caminho tomado Tornado possível
Possível improvável
Provável segredo,
Enredo, enlevo, soberbo
Morre a esperança
Fica a lembrança
Do que foi, do que seria E se podia, do querer
Que é incerto
Eu apenas diria Sentia, sabia
Podia, vivia
Ou morria
Morria de medo
Do medo do avesso Avesso do tempo
Do tempo sem jeito
Do jeito de ser, do ser que eu sei
Que ainda não sou
Mas que um dia serei
Ysolda Cabral
26
Tempo de Páscoa
É tempo de reflexão.
Pode até ser inútil e enfadonho,
Pois as coisas do jeito que estão, Não têm mesmo solução!
Ressurreição do *“Túmulo Falcão”, Os meninos terão não!
Um fulano disse:
(Em cadeia nacional)
Se eu conseguir salvar, pelo menos, um,
Me darei por satisfeito.
Um? Apenas um?
Nem este um será inteiro.
Parido, partido, sofrido... Medonho da vida...
Como terá satisfação?
Quietação?
Orientação? Determinação?
Está tudo errado,
E fora de lugar, De padrão,
E de patrão.
Apenas Poesia
27
O porão está repleto,
De gente sem coração, Sem imaginação,
Pegando carona no deserto,
Numa escalada sem perdão.
A correria é grande...
Quem faria, um senão?
Um doido qualquer,
Sem juízo e sem noção.
Se Jesus Cristo voltasse,
Agora para esta terra,
Não havia, nem seria Salvação.
Vamos, então, comemorar,
Comemorar a ressurreição. Com chocolate, pão,
Peixe e vinho...
Mas sem nenhuma ação?
*Vítimas do tráfico de drogas
Ysolda Cabral
28
Máscara dos Enganos
(Ainda em tempo de Páscoa)
Quando o sol se põe, e a noite cai
Cai a máscara dos enganos E sem engano você vai.
Sorrindo com tristeza
Nas mãos sem esperança Traz, no mínimo, uma bereta
Ou algo mais...
E assim
Insistindo nessa agonia,
Violenta, sangrenta
E sem poesia,
Você vai...
Sabe que apenas
Deixar-se-á morrer
Fora de hora, em qualquer dia. Não adianta ficar triste
E nem tentar justificar
Talvez algo o faça despertar.
E assim entenderá
Que a vida, enfim, valia
Valia muito mais do que lhe parecia.
Apenas Poesia
29
Se hoje fosse meu Aniversário
Eu diria:
Hoje não quero aniversário, Não quero festa,
Não quero bolo
E nem brigadeiro.
Hoje não quero folia, Sou toda agonia,
Na noite do meu dia,
Que é de tristeza,
E não, de alegria.
Hoje, não quero conversa, Não quero ousadia,
Não quero euforia,
Só quero ficar quieta.
Será que algum canto me resta?
Não me leve a mal, Não é nada pessoal,
Isto passa...
Sei que passa,
Pois nem tudo é real.
Olho para o espelho,
Ele não me reflete.
No mínimo, me enlouquece,
Mas isto não acontece.
Ysolda Cabral
30
E assim meio torta,
Troncha mesmo, Nunca quieta,
Resolvo o contrário.
E faço em mim
Uma grandiosa festa.
Apenas Poesia
31
Sem Espaço na Alma
Quando a tristeza é profunda,
O sorriso desaparece, emudece...
A vontade de desistir insiste, Persiste e resiste.
Sem pedir licença,
Fecunda, inunda, transborda,
Assola e se lança sem espaço na alma.
Confiança, se não existe,
Desista!
E saber o que mais dói,
É besteira, tolice...
Sempre escrevi, escrevo e
Ainda vou escrever,
Mesmo sem canto e sem poesia,
As coisas que sinto,
Em momentos distintos,
Quando me deixo sem sintonia...
Não coloco rima, pois rimar não sei.
E, mesmo com amor, só sei rimar amor com dor...
E não sei amar assim... Destruiria a lira e a rima,
E minha alma de tão tonta... Ficaria partida, caída, sentida...
Ysolda Cabral
32
Não sei calar quando grito,
Não sei gritar quando calo...
Sou toda o contrário... Às vezes não sei o que sinto,
O que penso ou o que digo...
Quando sinto dor, dói pra danar,
E demora a passar.
E quando passa,
A marca fica e vinga... Ficando como tatuagem na alma,
De forma definitiva...
Alegria, tristeza, certeza,
De que louca sou em acreditar, Que ainda sou... Quando sei que nada sou.
Crianças, flores, amores...
Canção, ação, sei não! Cantar, soar, mais não...
Seria em vão e, se é assim,
Quero não!
Dores... Horrores... Louvores... Queimores...
Solidão... Então?
Mais não!
Chorar, sarar, parar...
Tem coisa
Que não tem jeito, não!
Apenas Poesia
33
Um Equivocado Desfecho
Anjo de Guarda sou,
Sem grande serventia... Anjo de Guarda tenho.
Coitado...
Vive em agonia!
Anjo de Guarda, Eu via, sentia, queria.
E como nada resolvia,
Pois via que nada havia,
Para guardar um dia,
Resolvi querer mais não.
E queria! Apenas não sabia...
Já que nada tinha,
Sofria na incerteza,
Da noite guardando o dia. E ela ria sem piedade,
No escuro do imaginário...
Ah! Quão tola eu seria,
Em confiar-lhe meus dias,
Quando não muito iluminados.
Havia de ter luz
Na noite do meu dia.
Havia de ter, eu queria!
Ysolda Cabral
34
E via que, se nada havia,
Na noite do meu dia,
Também não havia, Nem medo e nem solidão.
Eu sabia, sentia, queria...
Queria um Anjo de Guarda, Para me guardar,
Daquilo que desconheço,
Mas que prevejo,
Um equivocado desfecho.
Apenas Poesia
35
Fugindo do Contexto
Sei que nada sei
Sei que nada sou
Sei que não estou Em mim
Amanhã talvez
Muito grande, às vezes, é a dor
O entendimento não acontece
O sofrimento rasga o peito
Paralisando a gente
Que sente e vive amor
O desencanto acontece
A ilusão desaparece
O sentimento enlouquece E vamos perdendo a razão
E ficar assim
Não sei não
Não adianta chorar
Não adianta penar
Não adianta perdoar
O que está feito Está feito
Ysolda Cabral
36
Se assim for
Não tem feito Aquilo que não tem conserto
No sonho está desfeito
Acordar rápido é o jeito
Para não sofrer mais dor
E mesmo sem conserto
Fugindo muitas vezes
Do contexto, insisto e vou E, assim, com a dor diminuída
Ou controlada no peito
Sigo à procura de um suave desfecho
Para que ele seja só de amor.
Apenas Poesia
37
Pesadelo
Há dias em que nos sentimos meio vencidos.
Há dias que não...
Há dias que não acrescentam nada em nossas vidas. Há dias que, de tão insignificantes,
Fazem-nos confundir a vida com dias tolos e inúteis.
Há dias que parecem noites.
E há noites sem luar e sem poesia.
Há gente de todas as cores, Credos, com e sem sentimento.
Há gente em dias sem cores,
Há dias com cores e gente.
Gente que parece pessoas... E pessoas que nem são gente.
Há tanta discórdia, diferenças, indiferenças...
Há tanta dor sem alento.
Há tanto alento sem dor.
É só horror! Há tanta urgência para nada.
Há um aperto envolvendo o coração.
Há um frio na alma.
Há um vento que sussurra,
Incompreensíveis palavras, Para alguns...
Ysolda Cabral
38
Há um convite no ar...
Aceitar ou não é a questão. O que fazer quando se sente que é assim?
Acordar.
Estou tendo um pesadelo!
Apenas Poesia
39
Meu amor por você é assim
(Para Yauanna – Meu presente de Deus)
Se você fica triste, Eu também fico.
Se sinto que algo a preocupa,
Não durmo de tanta preocupação.
Se algo lhe falta, lhe cala...
Qualquer coisa mesmo,
Perco o rumo... Tiro o pé do caminho...
E grito... E xingo... E, assim, Perco o tino.
Se você sofre alguma injustiça,
Morro por me sentir impotente,
Diante do fato.
E se um dia você for magoada, Usurpada de algum direito legítimo,
Não ficaremos aniquiladas.
Juntas lutaremos,
Removeremos montanhas...
Se preciso for.
Eu sou assim...
Não sei ser eu, sem você em mim. Feliz, leve e solta...
E só em mim, sinto você,
Como você é:
Ysolda Cabral
40
Inteira, completa,
Segura de ser, segura de si, E segura de mim.
Sendo você parte de mim,
Me protejo, lhe protejo, Me envolvo, lhe envolvo,
Lhe abençôo,
E assim...
Abençoada sou!
Você é tudo para mim,
É tudo em mim,
É o melhor que existe em mim. Se você for sempre feliz, também serei.
E se não, a farei entender,
Que a vida é assim,
Para percebermos
Os seus verdadeiros sentimentos E seus reais valores.
Apenas Poesia
41
Parar no Ar
Queria hoje
Parar no ar,
Parar a vida, Igual ao beija-flor,
Quando colhe o néctar da flor.
Queria hoje sentir a vida
De forma mais intensa que o normal...
Normal não parece com vida,
Parece mais com coisa igual.
Queria hoje sentir o cheiro
De terra molhada,
Ouvir a chuva cair no telhado
E não, no asfalto! Sentir o frio de inverno,
Agasalhada por um macio cobertor.
Amanhecer ouvindo o galo cantar...
Queria hoje ficar em casa,
Me sentir aconchegada,
Num velho e fofo sofá.
Um bom livro para ler, Uma história pra contar,
Alguém que quisesse ouvir,
Sem procurar perscrutar...
Ysolda Cabral
42
Queria hoje muita coisa,
Ou quase nada. É que hoje estou
Como uma gota de orvalho
Numa pétala de flor...
Apenas Poesia
43
Luar da Imaginação
Queria um segredo contar
Segredo que não fosse magoar
Mas que fizesse as pessoas terem certeza De que todos podem e devem amar
É que poucas pessoas sabem disso
E deixam o sentimento para lá
E assim os anos passam
Sem nunca o coração acelerar...
Amor não é paixão
Muito menos, atração
E pode ser tudo isso e muito mais
Desde que partindo do peito Com toda aceleração
Pronto para tudo
E, aí, vira canção
Canção que nos faz valsar
Cantar Sorrir
Pular
E ficar com cara de bobos
Em plena luz do luar
Mesmo que este luar Seja o da nossa imaginação
Nos fazendo flutuar
No infinito espaço de
Nossa mente, corpo e coração.
Ysolda Cabral
44
Sem Retorno
Se você quer fechar a porta,
não abra. Se você quer abrir,
não feche.
Se você quer falar, não cale.
E, se você quer calar,
não fale.
Se você quer sorrir,
não chore.
Se você quer chorar,
não sorria.
Se você quer ser verdadeiro,
não engane.
Se você quer enganar, você se subestima.
Que sina... Menina !!!
E assim você vai, sem saber aonde.
E aonde é um lugar
que você chega
e não sabe como.
Apenas Poesia
45
E, quando lá você chegar,
não pense nunca em voltar, pois o caminho percorrido
foi varrido, esquecido,
nem a poeira sobrou.
E, se sobrou,
o vento soprou,
espalhou,
jogou por todos os cantos...
Tantos cantos...
Que por mais que você seja tantos
não retornará. Nem por todos os santos.
Ah! Quantas ilusões deixamos
nos caminhos percorridos...
Ysolda Cabral
46
Luz de Lampião
(12 de junho – Dia dos Namorados)
Hoje é dia de... Flores, jantar à luz de velas...
Aí é que são elas!
Declaração de amor... É romance, que empolga, encanta,
Até a alma dos incrédulos...
Mas engana...
Pois o amor verdadeiro, puro e belo,
Quase nunca acontece... Mas, quando acontece,
Torna-se naturalmente um elo
Que convence e enternece.
Romeu e Julieta,
Que no meu entender deveria ser
Julieta e Romeu...
Assim como Tristão e Isolda deveria ser: Isolda e Tristão,
Por questão de cavalheirismo e educação,
Todos sabem da história,
E não foi de glória, não!
Apenas Poesia
47
Amor não tem que ser...
Trágico, triste, E, sim, mágico e amigo.
Com pé no chão...
Se não há velas, Acenda um lampião...
E faça uma festa.
Cante e dance,
Pois você faz a canção.
O amor não é sofrimento,
Não deve ser ciumento,
Não deve ser ilusão. Deve ser, no seu todo,
Completo e disposto,
A completar um ao outro,
Para não se tornar ficção...
Meu amor é assim:
Um elo fechado e sólido,
E assim faço a festa, sem precisar
De flores, luz de vela ou lampião.
Ysolda Cabral
48
Força Estranha
Quando a força lhe faltar,
Não se preocupe e nem se amedronte,
Pois a reserva interior é tão grande, Que, dependendo da circunstância,
Vem à tona inteira e com tanta ânsia em ajudá-lo,
Que se lança de dentro para fora a envolvê-lo
Num abraço protetor, autêntico e forte...
Mesmo que muitas vezes seja precipitada,
Equivocada... Destemperada... Alucinada...
Nada a impede de acontecer. E, sem se incomodar,
Se com tanto,
Irá machucá-lo
Ao invés de ajudá-lo,
Vem, contudo, pra fora de você, Disposta até a guerrear.
Às vezes até se reprime, Só por um instante...
E, quando sem ação, ficamos,
Surpreende-nos com sua determinação estranha...
E deixamo-nos envolver
Anestesiados e tontos...
Apenas Poesia
49
Nem percebemos o estrago,
Que muitas vezes faz acontecer... Ponderar não é solução,
Vez que ela se jogará,
De volta para dentro de você.
O que fazer?
Entender o quanto poderosa ela pode ser.
Ysolda Cabral
50
Um Ponto de Exclamação
A tarde está meio fria,
E frio está meu coração
Em ver tanta gente em desencontro, Fazendo da alegria
Apenas um ponto de exclamação.
A paciência é virtude das mais sublimes,
A generosidade é uma condição vital,
Para sermos leais àquilo em que acreditamos.
Se você não tiver estas qualidades,
Não tem quase nada de real.
Real é aquilo que por dentro somos,
Ver só com os olhos da alma,
Sentir com a percepção Saber que não é preciso tanto,
Para entender as coisas da emoção.
Hoje estou aqui,
Amanhã não sei...
Só sei que a vida
É muito mais daquilo
Que nunca escolherei.
Apenas Poesia
51
Sem Contestação
(Por ocasião da terceira cirurgia de minha filha Yauanna)
Cá estou a esperar mais uma vez,
Só que agora a espera é diferente... É por aceitação da livre escolha dela,
Dela que é meu bem mais precioso,
A melhor parte de mim.
O coração rápido
E em descompasso,
À mercê do acaso...
Existe o sentimento de admiração,
Respeito e orgulho...
Que paira no ar...
Sentir sua coragem,
Determinação, força e fé,
Num ser ainda em formação.
É um sentimento completo
Que me deixa sem ação.
Sua forma de mulher,
Ainda, uma menina,
Reflete esperança Que sem receio se lança,
Num espaço desconhecido e incerto,
Sem importar se o resultado
Seja diferente de seu imaginário concreto.
Ysolda Cabral
52
Consciente da beleza de seu interior
Luta pelo aprimoramento do seu exterior, Não por vaidade ou razão menor,
Mas, como forma de reparação,
Da “obra” do seu criador.
Eu, aqui...
Confiante estou.
Pois sei o quanto
Vale o seu amor.
E, assim,
Acato sua decisão,
Sem nenhuma dúvida
Ou contestação.
Apenas Poesia
53
Um Pouco de Atenção
Pequenos gestos;
Um olá,
Um elogio sincero, Uma palavra amiga...
Me emocionam de forma intensa.
Já os grandes gestos
Não gosto,
Fico desconfiada,
Assustada,
Pensativa... Me deixam tensa.
Sou meio do contra,
E tento fazer um contraponto. Às vezes até consigo...
Entretanto,
É só no sonho.
Daí acordo, Insisto,
Persisto,
E realizo
No meio da canção que componho.
Ysolda Cabral
54
Compor uma canção é fácil.
Difícil é compor uma situação, Uma condição
Para dar solução,
Naquilo que não tem definição...
Definir é muito complicado,
Complicado que nem sermão.
É amizade, amor ou paixão?
Se tudo fosse claro, definido e soberano, Nem precisaríamos de perdão.
Se resolvo seguir em frente,
Sem querer no amanhã pensar, Lembro sempre que pra tudo há um jeito,
Sem jeito nada pode ficar.
E assim vou compondo a minha vida, Com amor, respeito, lealdade e consideração,
Por todos aqueles que me dão, de alguma maneira,
Um pouco de atenção.
Apenas Poesia
55
Significado do Perdão
De volta ao começo,
É privilégio de poucos,
Não é para todos,
É para os que podem,
E não, para pobres tolos.
Estes não são fortes Nem valentes,
E, muito menos,
Definidos como gente...
São fracos,
Medrosos,
Inseguros, Covardes,
Dissimulados...
Pensam que enganam,
E enganados sempre são e estão.
Ah! Coitados...
Tão dignos de dó,
E muita oração...
Nem sei quantos encontrei Pela vida afora...
A todos, minha eterna gratidão!
Sem eles nunca aprenderia
O real significado da palavra... Perdão.
Ysolda Cabral
56
Inteira no Caminho
Quando tudo parece sem solução,
Logo vem uma saída...
Pode até ser uma saída, Na verdadeira contramão...
Acontece sorrateira...
Inesperada...
Mas, inteira...
Você não a percebe logo...
Só percebe bem depois
De efetivada a instalação... Vêm sem grandes aspirações,
E enganando as aparências,
Passa a determinar
A nova situação...
Se impõe sem discussão,
E você sem chances
De uma justificativa Para uma apelação,
Fica em nó na confusão...
E assim sem opção, Você segue o caminho,
Nem um pouco parecido,
Com aquele que por ele caminhou...
Apenas Poesia
57
Mas logo você pára um pouquinho
Em busca de compreensão e carinho, E percebe, bem de mansinho,
Que no seu lugar você chegou.
Quando a mulher é guerreira
Sai inteira de qualquer situação.
Ysolda Cabral
58
Meu Sorriso é Assim
Inteiro,
Completo,
Vem de dentro, Com vontade mesmo de sorrir.
Não sei sorrir forçado, Para ser agradável,
Educada
Ou coisa assim.
Até que tento,
Mas não contento,
E nem convenço,
E convencida sou,
De que sorrir, Sem ter vontade,
É mesmo muito errado
E causa dor...
Sorrio mesmo
É com a alma,
De verdade,
Pois, da verdade, Sempre sou.
Apenas Poesia
59
Às vezes rio chorando, E choro de rir sorrindo.
E, enquanto isso,
Vou levando a vida
Assim com alegria E muito bom humor...
Ysolda Cabral
60
Hanah Cigana
Ela é pura alegria,
É pura energia,
É pura na sabedoria, Que já nasceu com ela,
Vive nela
E sempre viverá...
Se não há sintonia no ar,
É porque ela ainda não está
Para harmonizar.
Não é bruxa E nem feiticeira...
É apenas uma sereia
Nas águas claras do mar.
Um mar que poderia ser,
O de Atalaia... Porque ela mora lá.
Porém, no mar desta sereia,
Amiga e guerreira,
As águas não são salgadas,
São doces, iguais a ela. Seu nome?
Alguns pensam que é Hanah,
Como a cigana de além-mar... No entanto, chama-se
SUZANA
Apenas Poesia
61
Lá e o Cá
Cada um com seus mistérios,
Todos tentam esconder, Sem contudo entender,
Que, para os mais perspicazes,
Mistério algum pode haver.
Seria mais simples saber
Um dos outros e proceder,
Com correção, respeito
E consideração...
Assim seria muito mais fácil Viver.
Viver qualquer vida Em qualquer lugar,
Em qualquer circunstância,
É bem difícil,
Eu sei!
Muitas vezes fazemos de conta,
E neste faz-de-conta
Que a diferença encanta,
Corremos o risco Da lucidez perder.
Ysolda Cabral
62
Compreender tudo isso,
É impossível! Penso, penso e não consigo,
Uma solução encontrar,
Que ponha fim a essa agonia
De não saber como achar
Uma equilibrada harmonia Entre o lá e o cá.
Apenas Poesia
63
Sobra de Mim
Longe está meu pensamento,
Fecho o cerco dos sentidos,
E digo: Venha aqui!
Ele parece não ouvir.
Desespero-me e espero
Na certeza de também ir, E por muito longe
Dele passar...
Eu, de longe, E longe meu pensamento,
Como iremos nos encontrar?
Fecho os olhos e grito:
Ei, me espera,
Vou voltar!
Faço força,
Aprumo o corpo, E, aos poucos,
Tento ir...
E no esforço,
Canso,
E me deixo ficar No chão, sem sair...
Ysolda Cabral
64
Aí grito de novo:
Ei, volta aqui! Ele impiedosamente ri
De mim...
Olho para baixo, Para os lados,
Para cima,
E para mim.
Será que tem alguém por ali?
E, com meu pensamento,
Agora ainda mais longe de mim,
Resolvo não ligar, Afinal, sou muitas de mim...
De todas gosto um pouco,
Mas nem todas gostam de mim. E, assim, vou tentando seguir
Por claros e escuros caminhos,
Quem sabe, assim,
Não encontre o que um dia,
Irá sobrar de mim.
Apenas Poesia
65
Assim… assim
Hoje estou meio,
Assim... Assim... Não sei qual a razão,
E olho para dentro de mim,
Penso no que ficou lá atrás...
E no que está diante de mim... Daquilo que virá depois.
Sei que por dentro,
Pouco ou quase nada mudou. Nem minha concentração
Diminuiu ou aumentou.
Meu imaginário, Um dia espatifado,
Aprimorou-se,
Sem remendos...
E por ter-se espalhado,
Em pedaços coloridos, Desiguais e imperfeitos,
Fez do meu medo
Seu mais forte,
Aliado.
Ysolda Cabral
66
Não se aquietaram
Ainda os sentidos, Muito pelo contrário
Ampliaram-se...
Coisas sofridas Foram perdidas,
Banidas,
Para não serem
Mais sentidas...
Às vezes, até são lembradas, Porém não mais doloridas.
As coisas boas?
Ah! Essas ficaram, Vingaram.
E as coisas faltadas,
Que serão contadas,
Quando chegadas,
Mesmo que venham Quebradas,
Serão acrescidas
E ficarão bem guardadas.
Seja em verso ou não,
Seja num simples toque de mão
Ou num olhar afoito,
De pés firmes no chão, Serão percebidas e banidas,
Se forem só paixão.
Apenas Poesia
67
É que sou assim mesmo,
Não quero mudar mais não. Preciso me preparar
Para as calmarias,
Pois nas tempestades
Sou mesmo craque.
Não sei esperar.
A paciência
Foge de mim feito louca,
Zombando, tripudiando, Se arrebentando de tanto rir.
Mesmo forte e agüentando,
Sempre o tranco, Inteira ainda estou.
Pura, casta e solta,
A caminhar no meu todo,
Para nunca mais me sentir
Assim... Assim...
Ysolda Cabral
68
Sonho Desfeito
É dor imensa no peito
Com nó na garganta da alma Vontade de sair tonta
A esmo... Troncha
Capenga e manca E, no entanto,
Sentindo a esperança
No peito da alma
Ainda a bater com ânsia
Sonho desfeito
É dor profunda
Que vem em onda
Numa turbulência Violenta e santa
Revolta dentro da gente
Doendo tanto Até mais que tanto
Fazendo arder
Como chama
Um espaço vazio
Queimando
E suas cinzas
Ficam acesas
Apenas Poesia
69
Destruindo
Todo o resto de calma
E de uma lucidez insana
Sonho desfeito é agonia Com sorriso nos lábios
Colados
Calados
Selados Não enganados
Não desesperados
Agoniados mesmo
Colagem de desespero
Plantada no peito
Poderosa e santa
Quando benta
Arrebenta
Sem mostrar a cara
E mesmo assim não alcança A perfeita harmonia
Que deveria estar na sua aura
Sonho desfeito
É dor profunda
Danada de doída,
É fria e é calculista Fere pra ficar
Sangrando por dentro
Sem nunca mais parar
Ysolda Cabral
70
Rosto que Queima
Sabe o que é chorar,
Num canto qualquer, Esfregando os olhos,
Para poder enxergar,
E nada ver?...
Sabe o que é o sentimento,
Que de pura exaustão Não se agüenta
E explode em lágrimas
Que escorrem,
Queimam o rosto...
Como se culpado ele fosse?...
Como evitar que,
O que há lá dentro,
Teime em sair?...
Como evitar os estragos Que tornam você
Quase um trapo,
Sem ilusão,
De tanto resistir?...
Como fazer para, Deixar a vida acontecer,
Sem nos intrometer,
E/ou
Entontecer?...
Apenas Poesia
71
A Vida e Eu
A vida é mesmo folgada
Ah! Danada Vive nos obrigando
A participar de suas peças teatrais
No teatro da vida real
Sempre lotado de espectadores
Também obrigados a serem atores
Que trabalham sem condições Noite e dia
E dia e noite
Nas madrugadas também
Por várias semanas
Finais de semanas
Feriados
E dias santos De anos
Sempre exigindo que todos
Aplaudam e digam amém
Não dá remuneração
Nem permite reconhecimento
E para estarmos na ribalta De seu palco impiedoso
Muitas vezes ainda tosco
Obriga-nos a atuar
Pagando
E nem sequer nos dá o troco
Ysolda Cabral
72
Tantos procuram a seduzir
Conquistar Reverenciar o seu poder
Sua perfeição
Sua beleza
Para quê?
De agora em diante
Cismei Ah! Cismei mesmo
Pois ela agora
Vai ter que entender
Que sem mim não é nada.
Apenas Poesia
73
Sempre Viva
Se quero saber se estou bem,
Bem, bem mesmo, não estou. Mas inteira ainda sou...
Gosto de pensar
Que sei colocar, Tudo no devido lugar.
Mas, sempre
Um espaço fica a faltar...
Corro pra lá,
E corro pra cá,
Arrumo e desarrumo tudo de novo,
E no lugar tudo tento colocar, Então, pasma, descubro,
Que agora sobrou lugar.
Paro! Olho!
Escuto!
Como se um tufão fosse passar...
Percorro, vislumbro,
E corro... Corro muito, Por todo o lugar.
Ysolda Cabral
74
Constato:
Que há espaço, sim, Para muita coisa mais:
Amor...
Alegria...
Energia...
Harmonia... Até mesmo agonia!!!!!
Dentro daquilo que sou.
Venha, tufão,
Venha, terremoto,
Venha, maremoto,
Pode vir até morte,
Não me importo, Serei sempre viva,
Como a flor!!!!
É que quando Ele me criou, Sabia o que fazia,
Quem sabe não estava
Namorando ao luar,
Na imensidão de um lindo mar,
Como fala aquela canção, Que é quase uma canção de ninar?!
Apenas Poesia
75
Menina Rodada
Bonita menina,
De saia rodada, De chita rendada,
Para enganar
Quem queria.
Que ia,
Que vinha, Que ria,
Que nada tinha
E nem via
O que sentia...
Que não tendo,
Não acontecia...
Então faria, Seria, servia,
Mesmo que não!
A menina pensava,
Se valia ou não...
E sentindo que sofria, E não queria para ela, não!
Ysolda Cabral
76
A saia era rodada,
A menina, não! Podia até ser,
Amarela,
Vermelha, azul,
Ou não!
Pois o azul Não é só do mar...
Como amar
Não é só do sofrer...
Azul é céu,
Céu de esperar,
Para encontrar a beleza
De uma saia bem feita, Podendo ser
De qualquer cor,
Mas que seja só dela,
Sem precisar remendar!
Apenas Poesia
77
Internação é a Solução
Por que será que ninguém
Confia em ninguém,
Amizade sincera pouco existe, Os interesses são apenas materiais,
E os nobres sentimentos, muitas vezes,
Passam desapercebidos, sendo reais?
Por que será que as pessoas
Estão cada vez mais carentes,
Mesmo que, aparentemente,
Se achem amadurecidas, experientes,
E vão se deixando ficar
Menos gente?
Por que será que a paixão
Sempre atropela o amor,
De forma intensa
E avassaladora, Em gente com coração,
Que não mente?
Por que será que há tanta confusão
No entendimento, na interpretação, Da “comédia humana”,
Que fica sem comunhão,
E que sem satisfação,
Exige reparação,
Eloqüente e contundente?
Ysolda Cabral
78
Por que será que o desencanto
Toma conta da gente,
E o encanto fica num canto Meio que se sentindo inútil e tonto,
Abandonado pela gente?
Por que será, Que não consigo parar de pensar
Numa forma de escapar,
Da loucura de querer consertar,
Tudo aquilo que não tem jeito?
Apenas Poesia
79
Apenas Equilibrista
Exibição,
Exposição Com superficialidade,
É ingenuidade,
Mediocridade
E leva à irritação!
Contrariedade,
Irresponsabilidade,
Imaturidade,
Atenção! Não gosto de bajulação...
Não gosto do não sei não,
Não gosto de deselegância, Falta de educação,
De consideração,
Nome feio
Ou palavrão Fora do contexto,
De um bom motivo,
Para se dizer ou não...
Não gosto de sedução, Quando não há boa intenção...
Não gosto de traição,
Não gosto de refrão,
Sem poesia e solidão...
Ysolda Cabral
80
Não preciso ser poeta,
Não preciso ser artista, Não preciso ser letrista,
Para falar das coisas boas
E verdadeiras
Que fazem bater meu coração...
Preciso ser equilibrista,
Para não cair na desilusão...
Será que é preciso ser Analista,
Para reconhecer
Quem tem bom coração?
Sei não...
Apenas Poesia
81
Cheiro Bom
Queria falar
Só de coisas lindas, Boas e puras...
Crianças de todos os lugares,
Flores de todas as espécies,
Campos verdejantes
Ou brancos de neve...
Mar azul tranqüilo, Ou mesmo, revolto,
Para se conhecer a sorte...
Montanhas do sul,
Do norte, Ou qualquer uma,
Que não haja morte...
Queria falar do cheiro da terra molhada,
Que é cheirinho bom... Tão bom!
Melhor só há na pele de Yauanna,
Ao acordar.
Seu cheiro é muito melhor
Que o da terra molhada, Mesmo quando fértil e bem cuidada,
Pronta para ser plantada,
E os mais belos frutos poder dar...
Mesmo assim,
Não tem o cheiro
Ysolda Cabral
82
Da minha linda filha,
Que sinto ao acordar. Vem nela... É dela...
Está nela...
E dela jamais sairá!
Queria falar da música,
Sem precisar tocar, solfejar,
E, mesmo assim, ouvir, Com suavidade,
Sua musicalidade,
E pedir para...
Que em mim e em ti
Venha possuir e penetrar. E, assim, a todos nós,
Sem dúvida alguma,
Fundir em uma só melodia
De beleza, de leveza,
E de total harmonia.
Queria falar Da saudade que, num canto qualquer,
Foi plantada e lá fica sempre bela...
Mas a flor da saudade,
Plantada no peito,
Com a dor do engano, Regada de pranto,
Não é saudade, é puro tormento.
Como será que acabamos com ela?
Apenas Poesia
83
Amor não é Paixão
Amor para mim não é paixão,
E paixão não é amor, Por favor,
Não se confunda,
E, se você não entender,
Vou tentar esclarecer...
Quando vejo alguém dizer,
Estou ardendo de paixão,
Um amor nunca viveu, Fico mesmo indignada,
E até penalizada
Com tamanha ilusão...
A paixão pode até ser muito boa,
E de verdade em fogo arder,
Mas logo o fogo apaga,
Sem você nem perceber...
Daí o vento sopra, As cinzas joga fora,
E você fica de fora,
Exposta,
Torta, Sem entender
Nem o porquê...
Ysolda Cabral
84
Sente um frio dentro d’alma,
E a tristeza toma conta, A decepção é tanta
Que sua energia se lança
Pra fora de você,
E você, ao se dar conta,
Nada mais pode fazer.
Paixão é mesmo uma droga,
Só serve pra confundir, Atrapalhar,
Dilacerar,
Arrebentar,
E evitar
Um grande amor acontecer.
Apenas Poesia
85
Onde Estou
Onde estou?
Estou num espaço vazio... Vazio sem som.
Às vezes, até bom!
Há luz
E muito amor...
Como pode?
- Alguém pergunta.
Eu respondo: Pergunta ao amor!
Onde estou?
Estou flutuando Num espaço fechado,
Pequeno,
Pesado,
Nem pensado,
Mais ilhado, Molhado de dor...
É assim que estou! - Alguém pergunta:
Quem?
Eu respondo:
Eu! Que sou hoje só de dor...
Ysolda Cabral
86
Onde estou?
Estou sozinha... Sozinha com amor?
Como pode ser assim?
- Alguém pergunta.
Eu respondo:
É assim que hoje sou!
Onde estou?
Estou sofrendo, Chorando,
Perdendo,
Cada restinho de vida
Que nem vi,
Mas já passou...
Apenas Poesia
87
Melhor não Querer
Como posso querer silêncio,
Se adoro a música?
Como posso querer a chuva,
Se adoro o sol?
Como posso compreender o incompreensível,
Se não compreendo nem o compreensível?
Como posso ser eu mesma,
Se não sei quem sou,
O que sou,
Onde estou? Nem sei de onde vim!
Como posso querer saber para onde vou?
Como posso dormir, Se não quero parar de sonhar?
E como poderei dormir, se o sonho não vier?
Para embalar, ninar,
Fazer dormir?
Como posso querer acordar,
Se não vou ver o que está em mim?
Mas, enfim... É assim!
Ysolda Cabral
88
Não tem acordo...
O acordo foi feito, A minha total revelia,
E, mesmo com toda minha ousadia,
Não está em mim a primazia
De querer seu conteúdo saber!
O melhor que eu tenho a fazer
É me render...
Sem rebeldia, E em pleno e iluminado dia...
Me deixar vencer.
Afinal, ainda é muito,
Muito bom mesmo...
Viver!
Apenas Poesia
89
Segredos do Vento
Aqui escuto o vento
De forma bem diferente. E, mesmo sem identificar,
Os segredos que tenta me contar,
Consigo com facilidade imaginar,
Tudo o que ele sente...
Sei dos lugares por onde andou,
Do tempo que acompanhou
Em todos os seus inconstantes,
E tempestivos momentos...
E aqui embalando meus pensamentos,
Aquietando meu tempo de pensar,
Deixa o tempo passar. E sem se incomodar,
Permanece a me acariciar,
Assanhando, com carinho,
Os meus cabelos...
Percebo o tempo indo embora,
Junto com ele o menino
Que olhando a rede balançar,
Não por capricho, Mas por destino,
Diz: até logo, bela rede,
Agora já vou indo,
Um dia vou voltar!
Ysolda Cabral
90
E ali ficamos eu e o vento,
Que o tempo não conseguiu levar. Foi embora anoitecendo,
Sem promessa de voltar...
Me envolvo no balanço,
Do suave murmurar,
Dos segredos desse amigo Que tanto tem pra contar...
Apenas Poesia
91
Um Lugar de Além-Mar
Lindo poema,
Menino do olho azul! Queria agora,
Sem hora,
Ficar a olhar
O mar do seu olhar.
Com certeza, navegaria, Em brandas águas,
De além-mar...
Além é bem pra lá,
Bem pra lá do horizonte,
De algum lugar,
Longe o suficiente,
Pra ninguém alcançar...
Mas, como ninguém sou,
Vou aprofundar o mergulho
Nesse olhar imaginário, E bem próximo vou chegar,
De algum lugar
Muito extraordinário!
Ysolda Cabral
92
Azul...
Lindo poema! Do menino azul de além-mar...
Vou falar só com o olhar
E lhe dizer,
Com toda a certeza,
Que nem todos sabem Navegar... No mar...
Navegar não é só seguir pelo mar,
Guiando-se pelas estrelas,
Livrando-se de tormentas,
Que tanto faz atormentar
Como nadar não é só não morrer,
Quando jogado ao mar...
Nadar nem sempre é preciso, Quando somos jogados em pleno ar...
Ah! Se possível fosse planar!
Sua íris... Seria meu guia. Não haveria como não chegar
No lugar mais que perfeito,
De muito além,
De além do mar.
Apenas Poesia
93
Só uma Fresta
É uma pequena fresta! Por ela vejo a vida lá fora,
Colorida e bela.
Fico a pensar:
Se fosse eu que estivesse lá?
Vejo homens, mulheres, crianças...
Até cachorro de madame!
Vira-lata, esperando o sinal fechar... Para ir em frente,
Como conta o meu amigo
E eu aqui...
Só a sonhar!
Mas é apenas uma pequena fresta!
Mesmo sendo através dela
Que vejo a vida passar, Não vou me importar com ela...
Ela pode ficar certa!
Posso até pedir... Para a vida me esperar,
Que ela não vai mesmo poder!
Eu vou sofrer...
E, sem mais me iludir,
Vou viver!
Ysolda Cabral
94
E assim...
Lá vai ela! Passando pela fresta,
Sem deixar nenhuma réstia,
Sedutora e faceira,
Sem deixar nada pra mim!
Apenas Poesia
95
De novo, Natal
Não quero saber de notícias ruins...
Mas também não quero saber de Feliz Natal. Eu quero é ser feliz sempre,
E não, porque é Natal!
Vê se me entende: Próspero Ano Novo?
De novo?!
Que novo?
Não há nada de novo!
Quero é que este próspero
Aconteça para todos,
E não, para alguns
Que são os mesmos, Todo ano,
O ano todo!
Há cada vez menos tolo, Há cada vez mais violência...
Sem pena,
Da mais pura essência!
Há cada vez mais
Desajustados,
Abusados,
Viciados...
Aliviados nunca estamos, E acuados ficamos!
Ysolda Cabral
96
O sofrimento predomina,
A tristeza cada dia é mais intensa, Se apossa sem pedir licença,
Dia após dia,
O dia todo e todo dia!
Não há acordo!
É mesmo duro de roer
Este osso!
Rir, de fato,
Tornou-se raro! O chorar...
Ah, este já é farto!
O peito estremece,
Enfraquece,
E ninguém se enternece.
Você não acontece,
Simplesmente desaparece!
Não vem o sonho, A realidade é um pesadelo,
A verdade é enredo,
O enredo é prolixo,
Confundido, distorcido, E você, no crucifixo...
Nas paredes dos correios,
A esperança dos meninos... No carro, a família que era viva...
Apenas Poesia
97
Tinha esperança, sonho,
Expectativas de um Feliz Natal... De um próspero novo ano...
Morreu queimada...
Por bandidos loucos!
A água não mata a sede,
Destrói cidades,
Destrói a arte
E mata vidas...
No mundo, não há paz,
Só há guerra e perspectivas de mais!
Feliz Natal?!
Ysolda Cabral
98
Do Jeito Certo
Aproveite que é Natal,
Faça algo de real, Mande flores,
Abrace forte um amigo,
Seja, de verdade,
Muito limpo e natural!
Aproveite que é Natal,
Tenha algo para dar,
Receber, Agradecer,
Contar,
Conter,
Reverter...
Afinal é Natal,
Aproveite!
Quem sabe, você Não seja contemplado,
E ganhe de presente
Outra vida de verdade?
Há tanto o que fazer!
E você não deve
Ficar aí sentado,
Esperando
Acontecer...
Apenas Poesia
99
É Natal,
Aproveite! Vamos cantar, dançar, brindar...
O nascimento de uma nova vida,
Que pode acontecer dentro da gente,
Não de qualquer jeito,
Tem que ser do jeito certo, Para sermos ainda mais perfeitos
Que o mais perfeito
Ser do universo.
Ysolda Cabral
100
Eu e Você
Nosso caso de amor é antigo,
Ninguém entende a sintonia que há Entre você e eu.
Muita gente até duvida,
Que amor assim aconteceu.
Podemos perfeitamente,
Um dia até nos separar.
Entretanto, com certeza,
Não será uma separação inteira, Pois estamos no coração um do outro,
Desde ontem, mesmo agora,
Neste exato momento e para sempre...
Sempre parece longo, até não ter fim,
Realmente não tem,
Quando o amor é puro e verdadeiro,
E meu amor por você é assim.
Que importa, se nunca lhe escrevi uma carta?
Se nunca me declarei na hora exata?
O que importa mesmo: É que nunca de você me afastei,
Nem por um instantinho
Desde o dia que o encontrei!
Apenas Poesia
101
A Vida em suas Mãos
Se o amor não é puro,
Não é verdadeiro. E é muito fácil de saber:
É só olhar para dentro de você!
Lá você é tudo! Por fora você é nada.
Olhe-se sem piedade
E com sinceridade.
Porém não se puna,
Pois isso não vem ao caso.
Veja bem dentro de você
E saiba que nada é por acaso.
Ele tem todas as explicações.
E tudo tem seu tempo certo.
Não queira passar a vida, A tentar descobrir o incerto.
Viva com toda intensidade, Sem, contudo, ferir ninguém.
E se ferir ou ferido for, esqueça!
Afinal, você não tem superado,
Todos os obstáculos
Da vida que Deus lhe deu?!
Ysolda Cabral
102
Tela de Mim
A tela está branca em minha frente,
Branco está meu pensamento.
E branco, que é uma cor calma,
Não consegue acalmar a minha alma...
E assim finjo não me atormentar.
E, então, alguém pergunta:
Está doente?
Não respondo no momento.
Logo me arrependo,
E mando não perturbar...
A tela agora está ficando branca e preta...
Começo a melhorar da inércia,
Que este lugar me empresta...
Entendi que posso usar esta tela
Como o melhor e mais perfeito dos pintores!
Não de paredes!
Nem peças,
Sem louvores!
Como pintor da mais divina arte,
E a colorir de verdade!
Sem me tornar vulgar,
Nem muito menos mártir.
Apenas Poesia
103
Darei colorido, também,
Ao mais branco ou negro
Dos meus pensamentos.
Vou me fazer ficar deles completamente refém...
E, partindo do princípio de
Que a tela é minha...
Então que ninguém me diga:
Pinta aqui!
Pinta ali!
Pois assim
Eu parto...
E não pinto é nada!
Ysolda Cabral
104
Nocauteada
Fui nocauteada na inspiração.
Não sei como isso aconteceu! Pois meu coração
Está assim: como se morreu!
É tanta violência, Destruição,
Por todo o planeta!
Como explicar tudo isso
Com lógica e noção?
É grama que vira lama,
É lama que sufoca e mata.
É gente chorando... É gente falando...
É gente rezando...
E não adianta nada!
É sol que queima,
É chuva que alaga,
É sonho levado
Na correnteza... É correnteza,
Levando a mata!
Apenas Poesia
105
Agora tudo está muito parado...
Ao meu redor! Será que a lua escureceu?
O sol se escondeu?
E a vida já aconteceu?
Sinto ainda aquele...
Tum... Tum... Tum... Tum...
É bom sinal!
Eu sei. Ainda sou eu!
Passo a lembrar as belas e fortes emoções.
Quem sabe, assim, Volto a sentir
As grandes sensações?
Não sei não... Será que é “olho grande”?
“Urucubaca”, talvez?
Eu só sei...
Que não estou aqui
E aquela ali: Também não sou eu...
Ysolda Cabral
106
Caras Pálidas
São caras... Apenas!
Maquiadas, camufladas... Revestidas, invertidas...
Não tem jeito!
E mesmo com super efeito, Não são diferentes!
Nenhuma é igual,
Nem as gêmeas!
São todas sem cores,
Sem amores...
Sem louvores...
Só horrores!
Caras...
Mesmo pálidas!
Pálidas com cor...
Com pesares, sem altares... Mesmo no andor!
Unidas: são tortas!
São tristes... É que falta amor!
Pode ser preta, branca...
Vermelha ou amarela...
Que importa...
A cor que tenha ela?!
Apenas Poesia
107
É preciso:
Não ser pálida, Nem muito menos morta…
Tem que ser da cor mais bonita,
Mais distinta...
Da cor da vida que é linda!
Ysolda Cabral
108
Sou Cansaço
Hoje estou tão cansada
Que me dói tudo, Até a alma!
As pernas estão fracas...
As costelas, como que quebradas, Avisam à coluna que não se mexa...
E fique quieta.
As mãos, como se calejadas, não sentem nada.
A cabeça, a zombar de mim,
Procura me ferir
Com lembranças tristes...
Isto é mesmo o fim!
Então o coração reage e diz:
Sai daí que eu ainda estou aqui!
Bato forte e filtro o vinho da vida Com muita rapidez,
E logo o envio para todos os cantos,
E faço tua cabeça,
Acordar para o sonho... Mais uma vez.
Queres ver?
Apenas Poesia
109
Noite mal Dormida
Hoje não acordei bem!
A noite foi mal dormida
E me deixou contida No meu mais profundo eu...
Culpa do ontem
Que não foi bom,
E nem muito menos valeu!
Deixou-me sofrida, Deixou-me pensando até...
Que nem era eu!
Chorei, rezei, meditei,
E o dia, enfim, nasceu! Abri a janela do meu quarto,
E vi todas as cores juntas,
Formando um belo e enorme quadro!
Era tão verdadeiro
Que sentia seu cheiro! Não, de tinta,
E, sim, de vida,
Que, enfim, acontecia!
Parei!
Respirei! Dei um grito bem alto:
Viva a vida,
E viva eu!!!
Ysolda Cabral
110
Lá de baixo,
Alguém respondeu: Ei... Cala a boca!
Vai dormir!
Que o dia ainda não amanheceu!
Revoltada
Resolvi Revolucionar
O dia que em mim nasceu!
E respondi:
Se quiseres dormir, Continuas!
Porque para mim
O milagre da vida
Novamente aconteceu!
E aqui estou eu, Pronta,
Plena,
E bem forte,
Como planta,
Para viver a vida, Que Deus me deu
Apenas Poesia
111
Sou Assim
Sou touro no signo.
Sou tigre na força. Sou leão na coragem.
Sou uma garça em pouso,
Leve e solta.
Sou beija-flor,
Quando parado no ar,
A beijar a flor.
Sou pombo, A levar mensagens
Veladas de amor...
Sou águia sempre pronta, Para experimentar outros vôos,
Mesmo sem sair do lugar onde estou...
E sou rouxinol,
Quando canto lindas canções de dor.
Sou também um louco e bobo papagaio,
Quando falo e não sei o significado.
Sou coruja a passar longas noites sem dormir, A refletir o quanto é bom sentir,
As coisas da natureza na quietude da noite,
Sentindo o cheiro do orvalho no ar...
Só e a cair...
Ysolda Cabral
112
Sou peixe quando no mar estou,
E de lá não quero mais sair. Sou um cachorrinho,
A correr pra cá e pra lá,
Só para agradar ao seu dono.
Sou gatinha quando me olho no espelho,
Arrumada e toda pronta, Querendo, apenas, um carinho...
Mas... Vou confessar:
Sou mesmo uma barata,
Quando quero botar gosto ruim.
Uma mosca a perturbar todo mundo sem parar.
Uma muriçoca a morder sem cessar E uma formiguinha
Que come doce sem pensar.
No mais, Sou mesmo assim:
Um dia bom.
Um dia ruim.
E vou levando a vida,
Sempre a reclamar, chorar, Brincar, sorrir
É que sou mesmo assim.
Apenas Poesia
113
Preciso de Fantasia
Está chegando o carnaval,
Será que vou precisar de fantasia? Que tal odalisca, cigana,
Bailarina ou colombina?
Hum... Não sei...
A dúvida é mesmo cruel!
Não precisa ser bonita, E, sim, fenomenal!
Que nela não caiba desengano, Tristeza ou decepção.
Que traga de detalhe
Um mínimo de verdade, alegria,
Pureza e emoção.
Emoção que saiba chegar
Devagarzinho, para não assustar.
E assim permanecer e se perpetuar,
Sem risco de ferir ou matar, Uma foliã despreparada,
Por não ter tido tempo,
Nem oportunidade de brincar...
Ysolda Cabral
114
Brincar de verdade,
Sem preocupação, culpa ou saudade. Apenas com muita vontade de pular, ousar,
E se encantar...
Por algo que ainda,
Quem sabe,
Não poderá chegar?
O carnaval é assim...
Sempre traz sonhos e planos, Para se fugir da realidade.
E, assim, se ter um pouco de total felicidade.
Mesmo que nunca mais se possa,
Ser outra vez feliz de verdade.
E isso importa?
Apenas Poesia
115
Não sou Paciente
Paciência é uma virtude
Que estou tentando aprender... Exercito a cada segundo que passa...
Mesmo sabendo que
Essa virtude nunca vou ter,
Por mais força que eu faça.
Sou mesmo muito apressada
E logo quero tudo resolver
Fico até de ponta-cabeça Para entender esta difícil ciência.
Ciência que não é exata,
Mas o resultado é exato,
Nele traçado...
Eu quero mesmo crer
Podemos chamar de destino
O meu não acredito,
Que sou eu que traço. Acho que ele veio comigo
Para garantir o que digo
Em momentos difíceis que passo.
Ysolda Cabral
116
Viver na Mata
Não dá mais para sentir alegria,
Não dá mais para se ter esperança,
Não dá mais para se ter tolerância,
Não dá mais para se viver assim! Só mesmo na ignorância...
Ignorância
No mais completo significado da palavra. E, para se ter dádiva tão grande,
Só mesmo vivendo,
Na mais embrenhada e distante mata.
Onde não se saiba nada.
E se viva numa condição santa.
Santa e abençoada,
Por não se saber de nada.
Que não encanta... Mas que não desencanta...
Nem muito menos mata.
Quem sabe, desta forma,
Não se tenham notícias tão medonhas,
Tão inexplicáveis e insanas!
Acreditar que algo vai mudar,
É ledo engano.
O que poderá acontecer É a vida anoitecer
De forma tão escura
Que ninguém mais poderá ver...
Apenas Poesia
117
Lamentar?
Não ajudará. Voltar,
Para tudo novamente acontecer?
Não!
Por favor me deixa lá.
Não quero nunca mais
Deste cálice provar.
* Poema dedicado ao garoto João Hélio
Ysolda Cabral
118
Vejo o Amor
Vejo o amor todos os dias,
Ao olhar a minha filha. E como ele é lindo!
Lindo que nem ela,
Na sua beleza mais pura... Genuína...
E, ainda, de menina...
Olhando para ela, penso:
O que pensará ela?
Quais serão seus sonhos? Devem ser belos que nem ela!
E seus anseios mais íntimos,
Com certeza, são bem lógicos. E outros, não!
Próprios da idade.
E os enganos... Desenganos... Desencantos...
Que, porventura, a vida lhe trouxer
E trará!
Não serão só seus! Serão também meus.
Apenas Poesia
119
E mesmo que eu não esteja mais aqui...
Estarei torcendo por ela. Que é valente e guerreira...
Sabe ganhar ou perder qualquer guerra...
Com dignidade, inteligência, Responsabilidade, sensibilidade,
Honestidade, integridade
E muita honradez.
Afinal, ela não é o meu presente de Deus?
Ysolda Cabral
120
Quere não é Poder
Ontem estava pesada,
Triste e revoltada,
Calada e com vontade de correr, Correr pelo mundo afora,
Sem destino,
Sem hora,
Sem dia de voltar,
E sem sentir a saudade Que sinto agora...
Saudade daquelas dúvidas,
Da adolescente que fui um dia.
Saudades do primeiro beijo,
Roubado ao luar de uma noite fria... Saudades, até, das ilusões perdidas,
Nunca vividas e nem repartidas.
Hoje estou leve na alma,
Na mesma alma, Que levava ontem,
O peso pesado do medo...
Do medo do incerto,
Daquele incerto
Que, quando chega, Toma-nos por completo,
Se apossando de nós,
Com jeito de não querer
Largar nunca mais.
Apenas Poesia
121
Amanhã não sei como estarei...
Talvez triste, Talvez não sei...
Não sei por não saber o que querer,
E, sim, pelo simples fato de saber
O que querer e não poder.
Queria um mundo mais justo e igual, Queria o planeta azul
E mais natural.
Queria muito pouco,
Apenas A PAZ mundial!
Ysolda Cabral
122
Carnaval por Dentro
Hoje não deixe a tristeza
Tomar conta de você. Só deixe entrar e sair de você
Muita alegria...
Mesmo que seja
Em forma de alegoria...
Não importa a maneira dela ser. Afinal, começa hoje o carnaval
E nada pode ser igual!
Vista qualquer fantasia,
Se movimente sem parar,
E com toda harmonia
No ritmo que lhe chegar...
Não se faça de rogada, Nem muito menos envergonhada,
Que vergonha há no ato de brincar?
Seja você:
Magra ou gorda,
Velha ou moça, Feia ou bonita,
Pobre ou rica,
Solteira ou casada,
Ou tico-tico no fubá... Que mal há
Em você querer brincar?
Apenas Poesia
123
Ouça o rufar dos tambores,
É o grito de largada! A hora é chegada,
Não fique aí parada,
Caia na folia,
Sem pensar em nada!
Brinque mesmo pra valer,
Um carnaval escancarado,
Alegre, colorido e ritmado Mesmo que ele seja,
Apenas, dentro de você!
Ysolda Cabral
124
Sem Segredos
Sem segredos, escrevo.
É como falar, sorrir, cantar, dançar e sonhar... Se estou contente, que é o meu normal,
Escrevo leve e solta.
Se estou chateada, escrevo besteira
E logo me sinto inteira.
Para mim, não tem conversa.
Idade, credo, argumento
Que me faça ser diferente Daquilo que sou.
Sou um dia de cada vez.
Sou sol que aquece no frio.
Sou frio quando o tempo está quente,
E sou uma fera quando alguém mente.
Sou até mar...
Às vezes, bravo, Às vezes, calmo,
Às vezes, lindo,
Às vezes, feio,
E, às vezes, muito cheio...
Sou até como o vento,
Sem contar os seus segredos.
Apenas Poesia
125
E por todos os lugares aonde vou,
Só levo alegria e frescor... Pois sou tão cheia de amor,
Que não sinto ódio, mágoa ou rancor.
E assim... Eu sou.
Ysolda Cabral
126
Uma Avenida só Minha
Se eu hoje tivesse vinte anos,
Iria, imediatamente, Comprar a mais linda fantasia...
E pelas ruas sairia,
À procura de muita alegria,
Muita emoção,
E, com certeza, encontraria!
Qualquer batuque serviria,
Para alegrar meu coração.
Seria samba no pé, Frevo como canção,
Esperança em total ação.
Não me importaria se chovesse,
Fizesse frio ou calor.
Nada estragaria Minha intensa euforia.
Fosse nas ruas do Recife,
Nas ladeiras de Olinda
Ou no mar da alegria,
Das ladeiras da Bahia...
Em escolas de samba,
Eu não sairia...
O tempo é marcado, Limitado...
Não daria para mostrar
Apenas Poesia
127
Toda a beleza da minha alegria.
E de regras, limites... Estou cheia,
E, com certeza,
Iria preferir ser gari
Para, no final da folia,
Na limpeza da alegria, Fazer o meu carnaval
Com muita maestria.
Ah! Eu pegaria
Aquela vassoura,
E como louca
Varreria toda tristeza, Que, porventura,
Houvesse passado por ali...
Então dançaria, Pularia,
Sambaria...
Voaria feito pássaro...
Fada... Feiticeira...
Ou bruxa-madrinha, Da minha própria bateria.
E, por toda avenida,
Naquele momento, só minha, O mais lindo
E encantado carnaval
Eu teria!
Ysolda Cabral
128
Valente Mulher
Ontem, oito de março, Dia Internacional da Mulher,
Mantive-me reclusa... Assim,
Como sempre faço... Às vezes.
Para avaliar e sentir, Com toda intensidade,
O poder que há em mim.
Recebi muitas mensagens, Li todas com muito carinho e atenção.
Cada uma mais bela que a outra.
Por todas, sou eternamente grata,
E ficarão bem guardadas
Pra sempre no meu coração.
Coração de mulher,
Que chora e ri... De alegria, tristeza ou saudade...
Sem nenhuma vergonha
Ou constrangimento.
Sem escolher lugar e nem momento.
Um coração sempre muito apaixonado, E grato por cada batida dele vinda,
Que me faz sempre vibrar ao ritmo da vida.
Apenas Poesia
129
Vida constantemente mudada...
Igual às estações! Feita de tempestades...
De mar... De fogo... De vento...
Fazendo inverno,
Trazendo inferno...
Fazendo verão, Primavera e outono,
O qual chega sempre tonto
E nem sempre traz perdão...
Por fora a força é fraca.
Própria da natureza...
Incompreensível,
E, muitas vezes, ingrata... Mas... Para quem tem fé,
Nada acaba!
Apenas se modifica...
E isso não assusta,
Nem muito menos mata... Nenhuma valente mulher!
Ysolda Cabral
130
Cheiro de Minha Terra
Gosto de sentir o cheiro das coisas!
Através dele, aprendo muito... De minha varanda, sinto o cheiro do mar
E sempre sei como ele está;
Se calmo, revolto, limpo ou com sargaço,
E, se ele estiver estragado,
Fico preocupada com o seu retorno ao mar.
Ao regar a jardineira de minha janela,
Pelo cheiro da hortelã, Sinto sua gratidão...
E, olhando para ela,
Vejo como fica mais verde e bela!
Isso me deixa
Cheia de satisfação.
Entretanto,
Às vezes me preocupa
Se a quantidade de água foi certa...
Gosto do cheiro de minha casa...
Ele é tão peculiar! Que me deixa a perguntar
Se o cheiro é meu ou dela...
Pois sempre me acompanha,
Aonde eu for morar!
Apenas Poesia
131
Os cheiros são diversos,
Alguns muito matreiros... Feitos para orientar...
Desorientar...
Estimular...
Ou simplesmente perfumar.
Alguns, quando misturados, Temos que ter muito cuidado...
Para não endoidar!
Eles ficam,
De alguma forma,
Bem guardados...
E são sempre sentidos,
Quando lembrados!
Uns até fazem chorar,
Outros alegram... Acalentam...
Fazendo a saudade acalmar, E assim voltam a inebriar!
Hoje estou inebriada,
Pelo cheiro de minha terra, Em noites de inverno,
Quando tudo cheira,
A bem-querer,
De se saber estar...
Ysolda Cabral
132
Três ou Quatro
O retrato na parede do meu quarto.
É meu e não parece comigo. Não sei bem como me via,
Mas diria que aquela não sou eu.
Eu que agora estou aqui...
E a que vejo no espelho, É diferente de mim.
Assim já somos três.
Isto não parece tão ruim!
Não falo do aspecto
Transformado pelo tempo.
Parece até não ter passado!
E, se passou, não ficou lá.
Sempre trago comigo, Aonde quer que eu vá!
No futuro serei bem mais... Até agora, sou três.
E, se contar com a sombra,
Refletida pela luz
Acesa do meu quarto,
Sou quatro! Mas, se desligo,
Logo desaparece.
Não me abalo!
Apenas Poesia
133
E, no embalo da penumbra,
Refletida pela luz da lua, Iluminada por cada estrela do céu,
Esperando adormecer
Todas desaparecem!
Logo vejo a única,
Que existe de verdade, E que é guardada dentro de mim...
Daí agradeço a Deus
Por ser assim.
Ysolda Cabral
134
Resto de Mim
Resta esperança na sobra de mim...
Caminho andado Não é caminho perdido!
Mesmo que, em círculo fechado,
Só torna o encontro adiado...
Jamais será excluído!
Pode ser muito sofrido,
Mas não será esquecido,
Mesmo que Nunca experimentado...
Resta saudade na saudade de mim...
De mim que não sei onde ficou, Entretanto, em nenhuma parada,
Parada fiquei...
Se relutei, só ganhei!
Se me enganei, Chorei, sofri e não morri...
Apenas vivi!
Agora não resta nada, No resto de mim?!
Mas me vejo erguida.
Altiva e pronta para ir!
Sem sentir medo algum, Do encontro de mim...
Apenas Poesia
135
E, se preciso for,
Até voarei ainda mais alto Por lugares nunca vistos,
E nem imaginados.
Para que, de fato,
Eu tenha certeza de
Que de nada preciso!
Pois a felicidade,
Com certeza, existe! Está bem aqui!
Este aqui
Bem dentro de mim.
Ysolda Cabral
136
Duas Meninas
Vou contar uma estória de duas amigas:
Diziam que eram bonitas, inteligentes, Elegantes e muito charmosas.
Nascidas numa cidade
Pequena demais para enxergar
A real beleza que havia Na alma das meninas.
Sem darem importância à aparência.
Até se rebelavam. Vestindo o que queriam,
Fazendo aquilo que gostavam.
Riam, cantavam, dançavam,
Apaixonavam-se, enganavam-se...
E toda gente olhava E sem pensar falava.
Não eram tão chegadas. Apenas conhecidas.
Entretanto, muito íntimas,
Por serem motivo das mesmas falas.
De uma cidade linda,
E cheia de idas e vindas.
Hoje são amigas de verdade,
Sem morar na mesma cidade.
Estão mais juntas que antes.
Apenas Poesia
137
Divertindo-se com as lembranças,
De uma época vivida com muita Autenticidade, dignidade,
Sensibilidade, alegria,
E nobreza de caráter.
E isso tudo é realidade!
Ysolda Cabral
138
Só Ardor
Prometi para uma amiga
Compor uma poesia. Não uma poesia qualquer.
Uma poesia bem picante
Daquelas de arrepiar,
De deixar água na boca, Ou precisando dela...
Que deixasse lágrimas nos olhos,
E muita vontade de correr mundo afora,
Pensando até que iria morrer.
Foi quando lembrei uma ocasião,
Que tudo isso me aconteceu.
Deixando-me alucinada,
Sem rumo, sem prumo, Sem saber para onde ir,
E nem muito menos o que fazer...
Tudo aconteceu na Bahia.
E a Bahia tem encantos,
Cheios de magia,
Que contagia,
E, se você não tiver, Muito cuidado,
Pode até sofrer,
Fulminante cardiopatia...
Apenas Poesia
139
Pois não é que,
Na Lagoa do Abaeté, Caí na asneira de pedir
A uma linda baiana
Um acarajé bem caprichado!
Ela olhou-me faceira, toda coquete...
E, muito matreira, perguntou:
Quente ou frio?
E eu na minha virginal inocência, Das coisas da Bahia de Todos os Santos...
E neles confiando,
Respondi-lhe prontamente:
Eu quero é bem quente!
Ela rindo me respondeu: É pra já e vê se agüenta,
Pernambucana retada!
Ah! Baiana danada!
Ysolda Cabral
140
Sou do Contra
Se for para chorar,
Sorrio.
E se for para sorrir,
Eu choro.
Se for para calar,
Eu falo. Se for para falar,
Eu calo.
Se for para correr,
Não corro.
Se for para ir devagar,
Vou correndo brigando, Contra o tempo.
E, se ele me atrapalhar,
Não entendo!
Não quero saber aonde ir,
Mas quero ir a algum lugar.
Não sei parar para pensar,
Só sei parar para sonhar.
Só sei sonhar bem devagar...
E, sonhando devagar,
Corro mundo,
Corro tanto!
Que chego a cansar.
E cansada fico, Mas nunca desisto de sonhar.
Apenas Poesia
141
Quero um Chapéu
Queria hoje um chapéu
Que esquentasse bem minha cabeça. E quando eu o tirasse,
Imediatamente sentisse
Todo o prazer
De uma cabeça fresca...
Ah, queria mesmo um chapéu!
De abas largas, fortes e leves,
Para não sentir nenhum peso a mais, Na minha pobre e vazia cabeça.
Se não fosse pelos cabelos,
Ela nada teria! Mas nem cabelos de cores naturais,
Ela tem mais...
São tingidos de quase preto
Pois é toda branca a minha cabeça
Fico a pensar por que será,
Que pinto os meus cabelos...
Se o branco pesaria menos. E isso, com certeza, aliviaria
O peso da minha cabeça.
Ysolda Cabral
142
Cabeça quente, pesada,
E sem nada Não serve para nada.
Ferve é o juízo
E o tino desaparece.
Mas nada que um bom banho frio
Não venha a resolver. E, assim, fico pronta
Para ter uma nova e fresca cabeça.
Apenas Poesia
143
Domingo de Páscoa
Não devia nem pensar
Em escrever neste momento.
Mas, de alguma forma,
Tenho que desabafar Todo meu desalento.
Havia até decidido,
Nunca mais me entristecer, Com absolutamente nada.
Mas a tristeza sempre me pega
E me deixa desnorteada.
Ah! Como tenho raiva quando ela me ataca.
Queria dar-lhe um soco bem no meio da cara...
E ela ri de mim e me encara como quem diz:
Vai em frente que a cara é sua mesmo!
Vê se assim não me enche!
Quanto mais envelheço.
Menos compreendo,
O que se passa em minha mente. Quando percebo,
Tudo já passou,
E o estrago ficou.
E eu aqui,
Em pleno Domingo de Páscoa A pensar:
Será que todo sofrimento Dele
Adiantou?
Ysolda Cabral
144
Sou Guerreira
Tudo novamente recomeçar,
Sem nada modificar,
É um grande desafio,
Mesmo para quem vive a pelejar.
Pelejando daqui, Pelejando dali...
Vivo mesmo a balançar.
É, como na canção,
Que diz:
“Como uma onda no mar”...
Mar nunca calmo,
Sempre muito bravo,
Que tento dominar.
E, mesmo conseguindo, Sem rumo e sem direção,
Não é fácil de chegar...
Me perco no caminho,
Busco até um retornar...
Porém, sem bússola,
E sem destino...
Nado... Corro... Ando...
E termino me encontrando Pois não me deixo derrotar.
Sou Guerreira.
Apenas Poesia
145
Tudo novamente recomeçar,
Sem nada modificar, É um grande desafio,
Mesmo para quem vive a pelejar.
Pelejando daqui,
Pelejando dali...
Vivo mesmo a balançar.
É, como na canção,
Que diz:
“Como uma onda no mar”...
Mar nunca calmo, Sempre muito bravo,
Que tento dominar.
E, mesmo conseguindo,
Sem rumo e sem direção,
Não é fácil de chegar...
Me perco no caminho,
Busco até um retornar...
Porém, sem bússola,
E sem destino...
Nado... Corro... Ando... E termino me encontrando
Pois não me deixo derrotar.
Ysolda Cabral
146
Só Tristeza
Quando a tristeza invade,
Ficamos paralisados, E até envergonhados
Em permitir que ela entre,
Sem pedir licença,
E tome conta da gente.
Deixamos que ela fique
Alimentando sua fome até matar
Todas as nossas ilusões, Que, por anos,
Construímos com ou sem enganos,
E vemos ela acabar em segundos,
Causando-nos enormes danos.
Quando a tristeza invade,
Toma posse mesmo da gente
E não podemos fazer nada,
E o jeito mesmo É deixar ela se fartar
Se fartar mesmo da gente.
Quem sabe assim
Termine se cansando,
E resolva ir embora,
Deixando-nos para sempre?
Apenas Poesia
147
Visitei minha Terra
Ontem
Estive em Caruaru, Para matar um pouco a saudade
Que teima em viver
Dentro de mim,
Sem nem eu saber porquê.
Você não me reconheceu,
Eu reconheci você.
Fiquei bem caladinha, Quietinha a observá-la
Notei que você não envelheceu,
Apenas cresceu!
Você estava bonita,
Bem colorida,
Toda pronta
Para seu aniversário,
No dia seguinte, Comemorar.
Sem nem perceber, Foi você que me deu presente:
Um lindo entardecer...
Abraçando-me suave,
Disse baixinho no meu ouvido:
Também estava com saudade.
Ysolda Cabral
148
Estou Feliz
Não!
Sou feliz, mesmo quando não estou. Sou do sol e sou de lua também.
Não sou diferente de ninguém.
Sim!
Tenho tristezas e alegrias, Decepções e alergia,
A quem não sabe que para a vida
É apenas aprendiz.
Claro que sinto saudades!
Não esta saudade triste e solitária Que a maioria sente e fala,
Dizendo ser depressão.
Agora é a hora!
Ser feliz é um estado de espírito,
E quero sempre tê-lo, Mesmo que o dia seja árduo e torto,
Não desisto dele não.
Solidão?
Sinto não! Tenho tanto o que lembrar,
Tenho tanto pra fazer,
Que não dá para sentir
Isso não!
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