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    XVII COBREAP - CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA DE

    AVALIAES E PERCIAS - IBAPE/SC - 2013

    Ttulo do Trabalho: Percia em fachadas de edifcio comercial para anlise defissuras e desplacamento espontneo de revestimento cermico, com apoio de

    termografia.

    Autor:Eng. Civil Lus Henrique Poy, Esp.Especialista em PATOLOGIA NAS OBRAS [email protected]

    RESUMO

    Trata-se de percia em edifcio comercial de 22 pavimentos, ocupado h mais de 20anos e localizado na regio central da cidade de Joinville-SC.O desplacamento espontneo de algumas peas do revestimento cermico eprincipalmente a percepo de fissuras expressivas junto a uma das vigas dosistema de cobertura levaram a administrao do edifcio a contratar parecer tcnicoespecializado.Dada ausncia de projetos, dificuldades de acesso e geometria no- convencional

    fatores que dificultavam sobremaneira a caracterizao do sistema estruturalpresente -, fez-se necessria a busca por ferramenta de apoio, no que a inspeotermogrfica se mostrou bastante prtica e til. Houve tambm a realizao demapeamento por percusso (realizado por equipe de alpinismo industrial) eprocedimento de monitoramento (com medies de prumo e implantao deselos de controle em vidro). Embora em carter preliminar, restou evidenciado queas fissuras presentes se mostraram estabilizadas, sem indicativo decomprometimento do sistema estrutural. Estas ocorrncias encontrar-se-oabordadas na PARTE Ido presente trabalho.

    Durante o transcurso do processo de monitoramento do sistema de coberturahouve, na fachada frontal, a ocorrncia de desplacamento espontneo extenso(cerca de 9m2), com projeo sobre a via pblica. Embora sem vtimas ou maioresdanos materiais, fizeram-se necessrias diversas medidas emergenciais, de modo ainibir os riscos e garantir a segurana dos transeuntes, em atendimento ao solicitadopela Defesa Civil e Fiscalizao Municipal, o que est detalhado na PARTE II dopresente trabalho.

    PALAVRAS-CHAVES: Fachadas, Fissuras, Desplacamentos, Termografia.

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    1 - Exposio

    O edifcio comercial em anlise encontra-se ocupado h mais de 20 anose possui rea construda de aproximadamente 16.000m2, distribuda ao longode 22 pavimentos. Com estrutura em concreto armado e alvenarias de vedaoem blocos slico-calcrios, originalmente todas as suas fachadasapresentavam-se revestidas por reboco e placas cermicas 10x10cm. H cercade 3 ou 4 anos ocorreu extensa interveno visando a substituio dorevestimento presente por reboco texturizado, exceo fachada frontal esistema de cobertura - que permaneceram originais -, j que at ento noapresentavam problemas.

    A ocorrncia do desplacamento espontneo de algumas peas quecompe o revestimento cermico do sistema de cobertura tornou evidente apresena de extenso quadro de fissurao, com especial destaque ao ocorridoem uma das vigas. Tal fato justificou providncias e a administrao doCondomnio decidiu-se pela contratao de parecer tcnico especializado.Foi ento implementado plano de trabalho, o qual se baseou na caracterizaodo sistema construtivo presente (revestimentos, alvenarias e componentesestruturais) e no monitoramento de seu comportamento ao longo do perodo deanlise, sendo detalhadamente abordado na PARTE I, a seguir apresentada.

    No decorrer dos trabalhos relacionados ao sistema de cobertura doedifcio, houve desplacamento espontneo extenso na fachada frontal (cercade 9m2), com projeo sobre a via pblica. Embora ocorrido em pleno horriocomercial (10:00h de uma quarta-feira) e em regio de grande fluxo deveculos e pedestres, no houve vtimas e os prejuzos materiais foram depequena monta.

    Fez-se ento emergencial a anlise desta ocorrncia, de modo acaracterizar a situao e indicar medidas de urgncia a serem implementadas,

    visando garantir a segurana dos transeuntes, em atendimento s exignciasda Defesa Civil e da Fiscalizao Municipal, o que ser abordado na PARTE II,apresentada na seqncia.

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    Figura 01 Vista area do Centro Empresarial. Fonte: Google.

    Figura 02 FACE LATERAL LESTE - Vista geral doCentro Empresarial.

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    2 - PARTE I: MANIFESTAES PATOLGICAS NO SISTEMA DE COBERTURA

    2.1 OBJETIVOS DO TRABALHO REALIZADO:

    .a) Elaborar diagnstico tcnico, de modo a reconhecer a tipologia e a forma

    de ocorrncia das manifestaes patolgicas;

    .b) Analisar a extenso e a gravidade das ocorrncias;

    .c) Estabelecer as provveis origens/causas das manifestaes patolgicas;

    .d) Indicar, sendo possvel, as medidas de correo e/ou ento os

    procedimentos recomendveis, fornecendo ao cliente as informaes

    necessrias sua realizao/ contratao.

    2.2 FATORES LIMITANTES:

    .a) Ausncia de projetos e especificaes, a cerca da concepo doselementos que compe o sistema construtivo presente;

    .b) Dificuldades de acesso ao local de ocorrncias das manifestaes

    patolgicas, possvel somente por meio de equipe de alpinismo industrial;

    .c) Geometria no-convencional, o que dificultou o entendimento quanto funo de cada componente do sistema estrutural em anlise.

    2.3 ETAPAS QUE COMPUSERAM ESTE TRABALHO:

    .a) Coleta de depoimento informal dos funcionrios da manuteno, a respeitodos problemas manifestados e dos procedimentos at ento implementados;

    .b) Mapeamento por percusso para identificao dos problemas presentes, pormeio de tcnicas de ALPINISMO INDUSTRIAL;

    .c) Implantao de selos de monitoramento em vidro, para caracterizao docomportamento das fissuras presentes;

    .d) Implantao de prumos internos para aferio de verticalidade;

    .e) Inspeo tcnica visual por meio de BINCULOS DIGITAIS (com cmerafotogrfica integrada);

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    .f) Anlise Termogrfica para melhor caracterizao e entendimento do sistemaconstrutivo empregado.

    .g) Registro fotogrfico permanente, com uso de CMERA DIGITAL COM

    ZOOM de 200 vezes.

    2.4 INSPEO E CARACTERIZAO

    A INSPEO se deu no perodo compreendido entre os dias 10 de

    janeiro e 10 de junho de 2013. Dada indisponibilidade do projeto estrutural daedificao, procedeu-se inicialmente a caracterizao do sistema estruturalpresente - mediante acesso ao interior do sistema de cobertura -, de modo aperceberem-se os elementos construtivos presentes e sua funo.

    Pelas faces externas (faces laterais leste e oeste), na regiocorrespondente ao sistema de cobertura, foi realizado mapeamento porpercusso, atravs de equipe de alpinismo industrial. Nesta ocasio pode-seobservar nas alvenarias a ocorrncia de fissuras diversas e com inclinaesvariadas as quais rompiam inclusive, o prprio revestimento cermicopresente -, com maior incidncia na face leste (mercado pblico). Emborapresentes fissuras expressivas, no foram detectados problemas deaderncia do revestimento cermico ao substrato, exceto no tocante apequeno trecho, este provavelmente em decorrncia da fixao de dispositivometlico destinado ancoragem de balancins. Foram tambm detectadasfissuras expressivas, em duas das vigas presentes.

    Para verificar a verticalidade dos elementos foi procedida a instalaode dois prumos, no interior do compartimento situado sob o sistema decobertura, nas proximidades das duas vigas em anlise.

    De modo a compreender e caracterizar o comportamento destas

    fissuras, foram instalados tambm diversos selos de monitoramento emvidro (SMV), distribudos ao longo de seu percurso e fixados por meio deadesivos epoxdicos. O uso destes SMV permite detectar eventuaismovimentaes em fissuras, o que fica evidenciado dado sua fragilidade efacilidade de ruptura.

    A partir da instalao dos SMV foram realizadas diversas visitastcnicas seqenciais com finalidade de monitorar eventuais ocorrncias,em face, principalmente, da variao das condies atmosfricas (chuvas eoscilaes de temperatura). Durante estas visitas tcnicas foram realizadas

    medies de temperatura, por meio de termos-higrmetro e pirmetros.

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    Dada complexidade geomtrica do local em anlise, das dificuldades deacesso/ inspeo e da indisponibilidade do projeto estrutural do edifcio,tornou-se necessria a utilizao de recurso tecnolgico de apoio que

    permitisse compreender o sistema estrutural presente. Assim foi realizadainspeo termogrfica, recurso que elabora imagens a partir de diferenasentre temperatura medidas e que permite identificar diversos aspectos deinteresse, principalmente posio de elementos estruturais vigas e pilares.

    As fotografias apresentadas a seguir ilustram os principais aspectosdescritos e observados.

    Figura 03 FACE LATERAL LESTE - Vistageral. Notar indicao da viga em anlise (emvermelho), que apresenta fissura expressiva,em sua extremidade.

    Figura 04 FACE LATERAL OESTE - Vistageral. Notar indicao da viga em anlise ( emvermelho), que apresenta fissura expressiva,em sua extremidade.

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    Figura 05 INTERIOR DA COBERTURA.Vista de uma das vigas que se encontra comfissuras em sua extremidade (seta vermelha).

    Figura 07 INTERIOR DA COBERTURA.Medio com pirmetro. Notar temperaturasuperior a 39oC, medida em viga de interesse.

    Figura 06 INTERIOR DA COBERTURA.Medio com termo-higrmetro. Observar aocorrncia de temperaturas superiores a 45oC.

    Figura 08 INTERIOR DA COBERTURA.Observar a instalao inadequada de unidadescondensadoras, pertencentes ao sistema declimatizao do Cartrio de Registro de Imvel

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    Figura 09 INTERIOR DA COBERTURA.Vista parcial do sistema de cobertura.

    Figura 11 SISTEMA DE COBERTURA.Face Lateral Oeste. Realizao demapeamento por percusso.

    Figura 13 SISTEMA DE COBERTURA.Face Lateral Oeste.Marcao das placas dorev. cermico que apresentam embricamento.

    Figura 10 INTERIOR DA COBERTURA.Realizao da medio de prumo do sistemade cobertura.

    Figura 12 SISTEMA DE COBERTURA.Face Lateral Oeste. Realizao domapeamento por percusso e demarcao defissuras encontradas (uso de fita crepe).

    Figura 14 SISTEMA DE COBERTURA.Face Lateral Oeste. Demarcao, emvermelho, de viga em anlise.

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    Figura 15 SISTEMA DE COBERTURA.Face Lateral Oeste. Notar fissuraexpressiva,na extremidade da viga.

    Figura 16 SISTEMA DE COBERTURA.Face Lateral Oeste. Observar fissuraexpressiva da viga e implantao de selos de

    monitoramento em vidro(SMV).

    Figura 17 SISTEMA DE COBERTURA.Face Lateral Oeste. Instalao de selos demonitoramento em vidro (SMV), implantadosna extremidade da viga.

    Figura 18 SISTEMA DE COBERTURA.Face Lateral Oeste. Observar fissuraexpressiva da viga e implantao de selos demonitoramento em vidro.

    Figura 19 SISTEMA DE COBERTURA.Face Lateral Leste. Fachada comrevestimento cermico apresentando fissurasexpressivas.

    Figura 20 SISTEMA DE COBERTURA.Face Lateral Leste. Realizao do

    mapeamento por percusso e demarcao defissuras encontradas.

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    Figura 21 SISTEMA DE COBERTURA.Face Lateral Leste. Demarcao de fissurasencontradas.

    Figura 22 SISTEMA DE COBERTURA.Face Lateral Leste. Indicao da localizaoda viga que apresenta a patologia.

    Figura 23 SISTEMA DE COBERTURA.Face Lateral Leste. Observar desplacamentodo rev. cermico na viga que compe osistema de cobertura.

    Figura 25 SISTEMA DE COBERTURA.Face Lateral Leste. Notar fissuras sobre orev. cermico e os SMV implantados.

    Figura 24 SISTEMA DE COBERTURA.Face Lateral Leste. Notar os SMVimplantados na viga que apresenta a fissuraexpressiva.

    Figura 26 SISTEMA DE COBERTURA.Face Lateral Leste. Notar fissuras sobre orev. cermico e os SMV implantados.

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    Segue abaixo, as imagens da inspeo termogrfica, permitindo averificao da posio de elementos estruturais vigas e pilares, peladiferena das cores.

    Figura 27 SISTEMA DE COBERTURA.Face Lateral Leste. Vista parcial da fachada.

    Figura 29 SISTEMA DE COBERTURA.Face Lateral Leste. Vista parcial da fachadacom a termografia.

    Figura 28 SISTEMA DE COBERTURA.Face Lateral Leste. Vista parcial da fachadacom a termografia.

    Figura 30 SISTEMA DE COBERTURA.Face Lateral Leste. Vista parcial da fachadacom a termografia.

    Figura 31 SISTEMA DE COBERTURA.

    Face Lateral Oeste. Vista parcial da fachada.

    Figura 32 SISTEMA DE COBERTURA.

    Face Lateral Oeste. Vista parcial da fachadacom a termografia.

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    A seguir e para melhor entendimento do sistema estrutural presente,apresenta-se croquis da regio de interesse.

    Figura 33 Croquis com a estrutura que compe o sistema de cobertura do edifcio, na regio deinteresse. Em vermelho, a viga em anlise.

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    2.5 CONSIDERAES FINAIS

    2.5.1 Concluses

    Aps a realizao de todos os procedimentos anteriormente descritos pode-se afirmar que:

    .a) Durante o transcurso de todo o processo de monitoramento implementado de10jan13 a 10jun13 no foi observada a ruptura de nenhum dos selos demonitoramento em vidro implantados, sobretudo e, principalmente, naqueles

    instalados junto s duas vigas em anlise, embora tendo ocorrido variaessignificativas de temperatura e umidade (chuva) no perodo. Em sendo assim, pode-se concluir que as fissuras presentes ao longo das faces laterais leste e oestedevam existir j h longa data, sendo aparentemente decorrentes de acomodaesestruturais ocorridas, posto que seu traado indica coincidncia com a interfaceestrutura x alvenaria.Contudo a ocorrncia de variaes de temperatura/ umidade relativa do arpronunciadas, decorrentes da instalao inadequada (sob o telhado) de diversasunidades condensadoras pertencentes ao sistema de climatizao do Cartrio de

    Registro de Imveis, pode contribuir para seu agravamento. Dado que ocompartimento sob o telhado no possui sistema eficiente de ventilao/ renovaodo ar, tal situao representa fonte de calor excessivo que promove elevaosignificativa da temperatura com ocorrncias detectadas superiores a 45o C , oque impe severas deformaes aos componentes construtivos presentes (vigas ealvenarias). Grandes variaes trmicas favorecem o desenvolvimento de fissuras ede outros problemas relacionados (ruptura de rufos, calafetaes e outros danos aotelhado).Tambm h que se registrar o baixo rendimento do prprio sistema de climatizao,com consumo excessivo de energia, desgaste precoce dos equipamentos e,

    principalmente, grande desconforto aos usurios;

    .b) Embora com presena pronunciada de fissuras, o processo de mapeamento porpercusso realizado no detectou problemas de aderncia no revestimentocermico presente, exceto no tocante a pequeno trecho (vide figura 13, retro) -este provavelmente em decorrncia da fixao de dispositivo metlicodestinado ancoragem de balancins.Ao que se pode perceber e segundo informaes obtidas junto administrao doCondomnio, tal fato, ratificaria as concluses relativas a mapeamento anteriormente

    realizado, quando dos trabalhos de reabilitao de fachadas recentementecontratados pelo Condomnio. Naquela ocasio a empresa executora considerou

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    adequadas as condies verificadas, sendo dispensvel a remoo do revestimento

    cermico/ reboco naquela regio;

    .c) No foram observadas anormalidades quanto ao comportamento dos elementosestruturais que compe o sistema de cobertura, os quais permanecem ntegros, comsua verticalidade mantida (prumo) e livres de deformaes pronunciadas. Talafirmativa baseia-se em inspeo visual detalhada (com auxlio de binculosdigitais), realizada pelo interior do sistema de cobertura (sobre o reservatriosuperior), j que os elementos estruturais se mostram aparentes;

    .d) Embora no estando disponvel o projeto estrutural do edifcio, a priori,e pelo

    que se pode perceber, as vigas em anlise tm papel estrutural secundrio,aparentando contriburem principalmente para o contraventamento da estruturaprincipal do sistema de cobertura que seria uma espcie de trelia de concreto,conforme evidenciado nas imagens termogrficas obtidas e apresentadas, eesquematicamente representado no croquis apresentado (vide figura 33, retro).

    2.5.2 Procedimentos Recomendados

    Tendo em vista todo o anteriormente relatado e visando resguardar ascondies de conforto e, sobretudo, a segurana dos condminos e da vizinhana,cumpre estabelecer ao Condomnio a implementao das seguintes providncias:

    .a) Remoo cuidadosa do revestimento cermico em processo dedesplacamento (embricamento), na pequena regio demarcada durante omapeamento por percusso realizado (vide figura 13, retro);

    .b) Readequao do sistema de climatizao do Cartrio de Registro deImveis, de modo a eliminar a descarga das unidades condensadoras para ointerior do sistema de cobertura, reduzindo as grandes variaes de temperaturaimpostas aos elementos construtivos presentes;

    .c) Solicitao de Parecer Tcnico Estrutural conclusivo, a ser elaboradopreferencialmente pelo Calculista do Edifcio, o qual poder servir-se para tanto detodas as informaes contidas neste Estudo Tcnico. Ainda que a viga em anlise,bem, como todo o sistema estrutural presente, aparentem estabilidade, tal medidase justifica para obteno de posio definitiva a respeito do caso, visto que por noter havido acesso ao projeto estrutural pertinente permanece alguma dvida quanto funo do elemento estrutural em anlise;

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    .d) Avaliao quanto necessidade de interveno, visando a substituio

    do revestimento cermico/ reboco, presentes no local.Ainda que no tenham sido identificadas ocorrncias mais graves, mas tendo emvista o recente e extenso desplacamento espontneo de parte do revestimento dafachada frontal - dado que na regio em anlise existe o mesmo tipo derevestimento -, torna-se recomendvel e prudente a investigao minuciosa dascondies do reboco existente espessura, trao e, sobretudo, condies deaderncia. Tal procedimento poderia ser oportunamente realizado quando daimplementao das medidas de reabilitao da fachada frontal;

    .e) Monitoramento contnuo do sistema de cobertura (com pelo menos

    freqncia mensal), sobretudo dos selos de monitoramento em vidro (SMV), demodo a acompanhar a evoluo e o comportamento dos problemas verificados, atque sejam empreendidos todos os procedimentos anteriormente descritos.

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    3 - PARTE II: DESPLACAMENTO ESPONTNEO DE PARTE DO

    REVESTIMENTO CERMICO DA FACHADA FRONTAL

    3.1 DESCRITIVO DA OCORRNCIA

    Na data de 03 de abril de 2013, por volta das 9:00 horas, ocorreudesplacamento espontneo de parte do revestimento da fachada frontal -composto por emboo/ revestimento cermico e situado junto ao vrtice inferiordireito -, o qual se projetou em queda livre sobre o passeio e via pblicos.

    Embora estando situado o edifcio em regio central com grande fluxo de

    automveis e pedestres, no houve vtimas e os prejuzos materiais foram depequena monta, verificados apenas em um veculo de entregas estacionado nasproximidades, dada projeo de estilhaos na regio da porta do motorista.

    3.2 ANLISE PRELIMINAR DAS CAUSAS, ORIGENS E MECANISMO DEOCORRNCIA

    O desplacamento ocorreu na interface emboo x blocos de alvenaria, comruptura superficial (cisalhamento) da alvenaria constituda por blocos slico-calcrios(Sical). O emboo apresentou espessura mdia superior a 10,0 cm e saturao porgua. A alvenaria tambm possua teor de umidade elevado. Da anlise dosfragmentos pode-se perceber, ainda, que o revestimento cermico permaneceufirmemente aderido ao emboo. O revestimento em tela data da construo daedificao h cerca de 20 anos.

    Observando-se o plano de ruptura do revestimento, verificou-se que este seiniciou em junta horizontal de movimentao prxima e se estendeu at a viga quedelimita o vrtice inferior direito da fachada frontal do edifcio.

    Sendo assim, pode-se concluir, a priori, que o evento teve por causa

    principala penetrao indevida e cumulativa das guas de chuva para o interior dorevestimento, em face dos elevados volumes pluviomtricos particularmenteverificados no perodo.Tal situao acarretou o aumento expressivo de massa dorevestimento (peso prprio), a reduo da resistncia mecnica dos materiaisenvolvidos (emboo e blocos de alvenaria) e a respectiva ruptura na interfaceemboo x alvenaria de blocos.

    Contudo, a origem do problemareside em falha de natureza construtiva, pelaelevada espessura do emboo presente, sem a respectiva adoo de medidasadicionais de fixao/sustentao indicadas para o caso, tais como: telas metlicas

    auxiliares e/ou elementos de ancoragem na estrutura.

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    Isto posto, e em anlise preliminar, pode ser assim descrito o mecanismo de

    ocorrncia do desplacamento espontneo observado: a presena de emboocom elevada espessura (maior que 10cm) sem a utilizao de meios adicionais defixao (telas metlicas e elementos de ancoragem) requer do substrato (alvenaria,vigas e pilares em concreto) condies de resistncia/ aderncia extremamenteelevadas. Eventos diversos ocorridos ao longo do tempo acomodaesestruturais, movimentaes de natureza higrotrmica, etc. -, tendem a reduzirgradativamente estas condies de aderncia ao substrato. A penetraoindesejada das guas de chuva para o interior do revestimento (a partir das juntashorizontais de movimentao ou mesmo atravs do prprio rejunte) tem efeitocumulativo e gera incremento considervel no peso prprio deste revestimento,

    reduzindo a resistncia mecnica dos materiais (emboo e alvenaria) e contribuindopara a ocorrncia de extensas regies de desplacamento, como verificado no casoem anlise.

    3.3 EXTENSO DOS DANOS VERIFICADOS

    A regio desplacada apresentou rea estimada de cerca de 9m2, projetando-se em queda livre sobre o passeio pblico de uma altura de cerca de 16,5m.

    Em inspeo visual preliminar, com o auxlio de binculo digital, foram

    percebidas evidncias de danos (fissuras) no entorno da rea desplacada, o quedenota extenso dos danos s regies vizinhas.

    No foram constatadas evidncias de abalo estrutural da edificao ou deproblemas correlatos, restringindo-se os danos ao revestimento de fachada emanlise.

    Tem-se, ento, que a regio desplacada que se projetou possua massaequivalente a uma camionete de mdio porte (aprox. 2000kg).Da fsica de Newton e atravs do uso das equaes de movimento em queda livrevem que a velocidade no momento de contato com o solo atingiu cerca de 65km/h,sendo o tempo de queda de aprox. 1,8 segundos, para uma altura de queda de16,5m.Caso o desplacamento tivesse se dado na regio mais alta do edifcio (h=60m), ter-se-ia uma velocidade no momento do contato com o solo de aprox. 123km/h, paraum tempo de queda de cerca de 3,5 segundos.

    Resta assim demonstrado o elevado potencial de dano do evento ocorrido,seja em face da grande massa da regio desplacada como tambm do diminutotempo de queda, o que reduziria a possibilidade de reao dos transeuntes.

    A figura a seguir ilustra, de modo esquemtico, o ocorrido.

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    Figura 34 Representao esquemtica do evento ocorrido.

    3.4 PROVIDNCIAS URGENTES RECOMENDADAS

    De pronto e atendendo orientaes recebidas, foram determinadas peloCONDOMNIO as seguintes medidas:

    a) Remoo do entulho gerado;

    b) Isolamento e sinalizao do passeio e via pblica;

    c) Instalao de tapume de proteo, composto por chapas de madeiracompensada (madeirite);

    d) Aquisio e montagem de tela de proteo (tela fachadeira), para total

    envelopamento da fachada frontal.

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    3.5 MEDIDAS ADICIONAIS A SEREM IMPLEMENTADAS

    Para restabelecimento dos nveis de segurana desejados tornar-se-onecessrios os seguintes procedimentos:

    a) Montagem de bandeja tipo apara-lixo, junto rea desplacada e extensiva a

    toda fachada frontal, por meio de andaimes metlicos;

    b) Avaliao tcnica seguida de demolio cuidadosa do entorno da regio

    desplacada, eliminando riscos ainda presentes;

    c) Estudo tcnico geral da fachada frontal, de modo a identificar/ cadastrar as

    anomalias presentes e definir programa de reabilitao indicado;

    d) Contratao de empresa habilitada para implantao do programa de

    reabilitao estabelecido.

    (*) OBSERVAES:1) Todos os trabalhos devero ser realizados mediante obteno das permisses elicenas necessrias junto aos rgos pblicos envolvidos;2) Os trabalhos devero transcorrer em estrita observncia legislao desegurana e medicina do trabalho aplicvel, sob acompanhamento eresponsabilidade tcnica de profissional habilitado (eng. civil ou arquiteto);3) H recomendao, como medida preventiva, para realizao de procedimentode inspeo das demais fachadas (laterais e posterior), de modo a detectareventuais anomalias e estabelecer as intervenes que se mostrem necessrias.

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    3.6 REGISTRO FOTOGRFICO

    Figura 35 FACHADA FRONTAL. Notar regio onde ocorreu o desplacamento

    espontneo do revestimento (emboo + revestimento cermico).

    Figura 36 PASSEIO PBLICO. Vista dos fragmentos do revestimento desplacado.

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    Eng. Civil Lus Henrique Poy, Esp.CREA-SC 27.814-5Especialista em Patologia nas Obras Civis

    Figura 37 REGIO DESPLACADA. Observar plano de ruptura com incio junto junta horizontal de movimentao, presente no revestimento cermico.

    Figura 38 REGIO DESPLACADA. Notar ruptura da superfcie dos blocos dealvenaria (por cisalhamento) e a saturao por gua, dada colorao escurecidado emboo e da alvenaria.

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    XVII COBREAP - CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA DE

    AVALIAES E PERCIAS - IBAPE/SC - 2013

    Figura 39 ENTORNO DA REGIO DESPLACADA. Notar ocorrncia de fissurasque evidenciam comprometimento das condies de aderncia do revestimento.

    Figura 40 VIA PBLICA. Observar isolamento e sinalizao de segurana jimplantados.

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    XVII COBREAP - CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA DE

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    Figura 41 PASSEIO PBLICO. Observar isolamento e tapume de proteo jimplantados, garantindo o nvel de segurana necessrio aos pedestres.

    Figura 42 PASSEIO PBLICO. Implantao de tela fachadeira, bandeija e andaimes

    de apoio, para proteo do passeio e da via pblica.