DEMONSTRAÇÃO DO VALOR ADICIONADO - unisalesiano.edu.br · 1 HORÁCIO RAMOS MALHEIROS VILMA...

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UNISALESIANO Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium Curso de Pós-Graduação “Lato Sensu” em Gerência Contábil, Auditoria e Finanças. Horácio Ramos Malheiros Vilma Aparecida Alves Matheos DEMONSTRAÇÃO DO VALOR ADICIONADO LINS - SP 2009

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UNISALESIANO

Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium

Curso de Pós-Graduação “Lato Sensu” em Gerência Contábil,

Auditoria e Finanças.

 

Horácio Ramos Malheiros

Vilma Aparecida Alves Matheos

DEMONSTRAÇÃO DO VALOR ADICIONADO

LINS - SP

2009

1

HORÁCIO RAMOS MALHEIROS

VILMA APARECIDA ALVES MATHEOS

DEMONSTRAÇÃO DO VALOR ADICIONADO

Monografia apresentada à Banca Examinadora do Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium, como requisito parcial para obtenção do título de especialista em Gerência Contábil, Auditória e Finanças, sob a orientação dos Professores M.Sc. Irso Tófoli e M.Sc. Heloisa Helena Rovery da Silva.

LINS - SP

2009

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Malheiros, Horácio Ramos; Matheos, Vilma Aparecida Alves

Demonstração do valor adicionado / Horácio Ramos Malheiros; Vilma Aparecida Alves Matheos. – – Lins, 2009.

55p. il. 31cm.

Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium – UNISALESIANO, Lins, SP para Pós-Graduação “Lato Sensu” em Gerência Contábil, Auditoria e Finanças, 2009

Orientadores: Irso Tófoli; Heloisa Helena Rovery da Silva

1. Balanço Social. 2. Demonstração do Valor Adicionado. 3. Empresa. I Título.

CDU 657

3

HORÁCIO RAMOS MALHEIROS

VILMA APARECIDA ALVES MATHEOS

DEMONSTRAÇÃO DO VALOR ADICIONADO

Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium,

para obtenção do título de especialista em Gerência Contábil, Auditoria e

Finanças.

Aprovada em _____/_____/_____

Banca Examinadora

Prof. M.Sc. Irso Tófoli

Mestre em Administração pela CNEC/FACECA – MG

______________________________________________________________

Profª M.Sc. Heloisa Helena Rovery da Silva

Mestre em Administração pela CNEC/FACECA - MG

______________________________________________________________

LINS - SP

2009

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Dedico este trabalho aos meus

filhos, Lorena e Gabriel Lorenzo,

razões da minha vida, da minha

garra, da minha vitória pessoal,

acadêmica e profissional. A Deus,

eu dedico toda gratidão e amor

como filha abençoada que sou

porque somente Ele é o Deus

único e digno de receber a honra e

a glória, a força e o poder.

E mais ainda à memória de minha

amada e inesquecível mãe adotiva

e avó paterna que deu a mim uma

vida nova, carinho, educação e

dignidade.

Aos demais amigos que

indiretamente colaboraram para

que este trabalho tivesse o

diferencial necessário para a

apresentação deste trabalho,

meus sinceros agradecimentos.

Vilma Aparecida Alves Matheos

5

Dedico este trabalho à minha

esposa e à minha família, que

tiveram paciência e calma me

esperando nos finais de semana

para ali celebrar com eles poucos

momentos agradáveis, mas que

valeram a pena. E a Deus,

agradeço imensamente por tudo

que sou nesta vida.

Horácio Ramos Malheiros

6

AGRADECIMENTOS

Ao professor Irso Tófoli, pela orientação deste trabalho e pela atenção

dispensada no convívio acadêmico.

A todos os professores do curso em especial a Heloisa Helena Rovery

da Silva, que souberam transmitir seus conhecimentos e, sobretudo sabedoria.

À nossa família, pela compreensão em nossos momentos de ausência e

o total apoio em nossa vida acadêmica e profissional.

E soberanamente a DEUS, pela sua infinita plenitude.

Horácio e Vilma

7

“A capacidade definitiva de

um homem não está nos

momentos de conforto e

conveniência, mas nos períodos

de desafios e controvérsias”.

(Martin Luther King)

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RESUMO

O presente trabalho teve por objetivo principal estudar os principais aspectos e conceitos da Demonstração de Valor Adicionado, pois, gradativamente, mais e mais empresas vêm procurando atender aos anseios da sociedade, implantando programas de qualidade para seus produtos e serviços, adquirindo equipamentos que protegem o meio ambiente e investindo em programas sociais para atender aos funcionários e à comunidade onde a empresa está instalada. A Demonstração do Valor Adicionado tem a função de divulgar e identificar o valor da riqueza gerada pela entidade, e como essa riqueza foi distribuída entre os diversos setores que contribuíram, direta ou indiretamente, para a sua geração. A riqueza gerada pela empresa, medida no conceito de valor adicionado é calculada a partir da diferença entre o valor de sua produção e o dos bens e serviços produzidos por terceiros utilizados no processo de produção da empresa. A DVA está implicitamente contida no Balanço Social, que provavelmente será em futuro próximo obrigatório, pois é peça fundamental para informações sociais, ambientais e econômicas à sociedade.

Palavras-chave: Balanço Social; Demonstração de Valor Adicionado; Empresa.

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ABSTRACT

The present work had for main objective to study the principal aspects and concepts of the Demonstration of Added Value, therefore, gradativaty, more and more companies are trying to assist to the longings of the society, implanting quality programs for your products and services, acquiring equipments that protect the environment and investing in social programs to assist the employees and the community where the company is installed. The Demonstration of the Added Value has the function of to publish and to identify the value of the wealth generated by the entity, and as that wealth it was distributed among the several sections that contributed, direct or indirectly, for your generation. The wealth generated by the company, measure in the concept of added value is calculated starting from the difference between the value of your production and the one of the goods and services produced by third used in the process of production of the company. DVA is implitaty contained in the Social Swinging, that will probably be in obligatory close future, because it is fundamental piece for information social, environmental and economical to the society.

Key-word: I Balance Social; demonstration of added Value; company.

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

BNB Banco do Nordeste do Brasil

CVM Comissão de Valores Mobiliários

DVA Demonstração do Valor Adicionado

DRE Demonstrativo de Resultado do Exercício

FEBRABAN Federação Brasileira de Bancos

PIB Produto Interno Bruto

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ............................................................................................ 12 CAPÍTULO I – A CONTABILIDADE ........................................................... 15 1 RESPONSABILIDADE SOCIAL DA EMPRESA .......................... 15 1.1 Contabilidade: Instrumento Gerencial .......................................... 17 1.2 Contabilidade Comercial e a Contabilidade Social (Nacional)

Evidenciando a Ciência da Informação ........................................ 23

1.3 Contabilidade e a Tomada de Decisões ....................................... 25 CAPÍTULO II – O BALANÇO SOCIAL ........................................................ 26 2 DESENVOLVENDO O BALANÇO SOCIAL ................................. 26 2.1 Motivos que Justificam Fazer o Balanço Social ........................... 28 2.2 Os Benefícios do Balanço Social ................................................. 29 2.3 O Balanço Social e a DVA ............................................................ 30 CAPÍTULO III – DEMONSTRAÇÃO DO VALOR ADICIONADO ................ 32 3 DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS ............................................... 32 3.1 Valor Adicionado: Noções Conceituais ........................................ 32 3.1.1 Aspectos Conceituais no Cálculo do Valor Adicionado ................ 34 3.2 Demonstração: Definição Preliminar ............................................ 36 3.3 DVA: Considerações Gerais ......................................................... 36 3.3.1 A Importância da DVA .................................................................. 37 3.3.2 Objetivos da DVA ......................................................................... 41 3.3.3 Componentes da DVA .................................................................. 42 3.3.3.1 Cálculo do Valor Adicionado (Agregado) ..................................... 42 3.3.3.2 Distribuição do Valor Adicionado (Agregado) ............................... 43 3.4 Aplicação da DVA para Fins de Análises Macroeconômicas ....... 43 3.4.1 Aplicação para Cálculo do PIB ..................................................... 43 3.5 Aplicação para Análises de Investimento ..................................... 44 3.6 Aplicação para Avaliação de Projetos de Instalação de

Empresas Transnacionais ............................................................ 45

3.7 A DVA e o Processo de Tomada de Decisão ............................... 46 3.8 Representação Gráfica da DVA ................................................... 46 3.9 Comentário da Representação Gráfica ........................................ 47 CONCLUSÃO .............................................................................................. 50 REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................... 51

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INTRODUÇÃO

Tendo em vista o crescente desenvolvimento empresarial verificado ao

longo dos anos como decorrentes do próprio desenvolvimento social, as

necessidades do homem cresceram consideravelmente, ao ponto que a

Contabilidade enquanto ciência responsável pelo patrimônio, precisou se

estruturar para responder de maneira eficiente a estas exigências e ainda,

ampliar seu campo de atuação por ocasião do surgimento de novos usuários.

Nesse cenário, além das tradicionais formas de demonstrações

contábeis, a contabilidade utiliza-se de outros instrumentos úteis e necessários

para melhor atender a essas necessidades dos novos usuários, principalmente

quanto às informações sobre o desempenho sócio-econômico da empresa e

seu relacionamento com a sociedade. Com a ênfase atualmente dada às

questões relacionadas ao Balanço Social, abre-se grande e nova perspectiva

de utilização do instrumental proporcionado pela Contabilidade para o

entendimento das relações empresa-sociedade.

O balanço social é um demonstrativo publicado anualmente pela

empresa, reunindo um conjunto de informações cuja função principal é tornar

pública a responsabilidade social empresarial, construindo maiores vínculos

entre a empresa, a sociedade e o meio ambiente.

A combinação de Responsabilidade Social da Empresa e Balanço Social

evidencia a atuação das empresas quanto à aplicação de benefícios fiscais,

contribuindo para a ampliação da consciência coletiva sobre o seu papel na

melhoria da qualidade de vida e na preservação do meio ambiente.

Dentre os instrumentos hábeis encontra-se o Balanço Social cuja

finalidade é mostrar o desempenho da política social existente na empresa e,

como parte deste conjunto de informações, encontra-se a Demonstração do

Valor Adicionado (DVA), objeto deste trabalho, que apresenta aos gestores da

organização empresarial, importantes dados econômicos referentes à criação

de riqueza e a distribuição aos fatores que contribuíram para a sua criação.

Nesse enfoque, uma das vertentes possíveis está calcada na DVA, pois

é essa a demonstração que será capaz de atender às necessidades relativas a

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informações sobre a riqueza gerada e a forma de sua distribuição em cada

empresa.

Além da DVA, como fonte de informação da geração e distribuição de

renda da empresa, a análise se volta à apreciação do principal elemento para

medir a produção nacional, que é o Valor Adicionado, enfocando seu conceito

doutrinário e seu papel no processo de produção do país. Noutros termos,

evidenciar o Valor Adicionado, ou seja, o valor econômico agregado de bens ou

serviços produzidos pela empresa num determinado período.

Relatar a importância da DVA, que gera informações sociais e

econômicas à sociedade, com a finalidade de enfatizar o valor da riqueza

gerada pela empresa, bem como, se essas informações interferem no processo

de tomada de decisões são pontos que merecem abordagem neste contexto.

Desta forma, o presente trabalho teve como objetivos:

Relatar a importância da DVA, capaz de gerar informações sócio-

econômicas à sociedade,

A divulgação da DVA, enfatizando sua importância para a ciência

contábil.

Ilustrar e comparar as diferenças entre a DVA e as demonstrações

financeiras.

Utilizou-se como método de pesquisa a revisão bibliográfica e por meio

da pesquisa exploratória surgiu o seguinte questionamento que norteia o

trabalho:

A utilização da DVA como indicador econômico e social interfere na

atuação da empresa?

Desta feita, no capítulo I é apresentada a questão da responsabilidade

social das empresas, assunto cada vez mais presente no mundo dos negócios,

haja vista que a empresa, assim como figura de agente econômico produtor de

riquezas, é também agente social e, como tal, deve prestar contas aos

membros da sociedade oferecendo respostas quanto aos problemas

decorrentes do desempenho da empresa e os impactos de sua atividade no

meio ambiente.

O capítulo II foi objeto de apreciação a ciência da Contabilidade,

inicialmente situando o leitor no seu conceito enquanto instrumento gerencial e

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sistema de informações, cuja função é demonstrar a vida econômica e as

constantes mutações pela qual a organização passa.

O capítulo III evidencia os objetivos do Balanço Social, os processos de

preparação e limitações, a estrutura de apresentação sugerida por diversos

órgãos e sua leitura, análise e interpretação, como ferramenta criada para que

as empresas prestem contas dos impactos de sua atuação na área social, que

tem a capacidade de explicitar e medir a preocupação da empresa com as

pessoas e a vida no planeta.

Este capítulo vem efetivamente tratar o objeto deste trabalho, a questão

da DVA, desde o conceito de valor adicionado, a aplicação da demonstração

para fins de análises econômicas e como elemento norteador do processo de

tomada de decisões.

Dividido em várias partes, dedica-se uma delas ao exame da estrutura

das demonstrações contábeis e do significado de seu conteúdo, possibilitando

o conhecimento da empresa a ser analisada. Outra parte trata de métodos e

procedimentos para a análise completa da situação da empresa, seu

desempenho passado e suas perspectivas futuras. E outra apresenta as

diversas aplicações das técnicas estudadas.

Busca-se assim, desmistificar, sem por fim ao debate, a DVA, um tema

que vem merecendo especial atenção por muitas empresas e, especialmente

pelos autores contábeis.

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CAPÍTULO I

A CONTABILIDADE

1 RESPONSABILIDADE SOCIAL DA EMPRESA

As organizações empresariais ao longo dos anos evoluíram

consideravelmente ampliando sua visão de forma a compreender o seu real

significado no mundo dos negócios, passou a enfatizar melhor as relações com

o meio ambiente e, principalmente, com a sociedade em que está inserida.

Em contrapartida, deveras a sociedade tem exigido das empresas um

comprometimento com as ações sociais e uma responsabilidade ética que

propicie proteção ao meio ambiente, evitando poluir o ar ou a água, melhores

condições de trabalho aos seus empregados e colocação de produtos

confiáveis no mercado.

Gradualmente, outras empresas vêm procurando atender a estes

anseios sociais, de maneira que, cada vez mais, implantam programas de

qualidade para seus produtos e serviços, adquirem equipamentos e investem

em projetos sociais que protegem o meio ambiente, tudo com o pensamento

voltado para atender as necessidades da comunidade onde a empresa está

instalada.

Sendo assim, como o pensamento voltado também para os fins sociais,

as organizações empresariais que aderiram a este novo perfil necessitam

mostrar o montante dos benefícios gerados, além dos lucros que incorporam

seu patrimônio ao público.

A organização empresarial enquanto unidade produtora que visa criar

riquezas se estabelece como um conjunto organizado de recursos econômicos,

sociais e humanos, com o objetivo de oferecer produtos ou serviços para a

satisfação das necessidades dos consumidores.

Empresa, segundo Mosimann e Fisch é:

Um agrupamento humano hierarquizado que põe em ação meios intelectuais, físicos e financeiros, para extrair, transformar, transportar e distribuir riquezas ou produzir serviços, conforme objetivos definidos por uma direção, individual ou de colegiado, fazendo intervir em

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diversos graus, motivação de benefício e de utilidade social. (MOSIMANN; FISCH, 1999, p. 17).

A Empresa, strictu sensu, de acordo com Figueiredo e Caggiano (2006,

p. 23), é uma instituição econômica criada somente para prover a sociedade

dos produtos e serviços necessários ou desejados pela coletividade. Segundo

seus ensinamentos, aos olhos dos consumidores não há nenhuma outra razão

para a existência de um negócio, exceto pelo serviço que é prestado ou pelo

produto que é oferecido.

Mais que isso, a empresa, no atual contexto econômico, tendo por

propósito a obtenção de lucros, tem desafios ainda maiores a enfrentar. A

qualidade dos produtos ou serviços oferecidos no mercado, produção de

diferenciais que garantam vantagem competitiva, preocupações com gestão

ambiental, antecipação do futuro da organização, entre outros pontos

relevantes como consciência, cidadania e respeito fazem parte da

responsabilidade social de uma empresa.

Atualmente, a responsabilidade social é o diferencial de sobrevivência

de uma organização empresarial, de modo que, quem não estiver atento a este

diferencial, será excluído do mercado global.

Empresas preocupadas que investem e seguem as tendências

mercadológicas, tanto no aspecto produtivo, quanto no aspecto legal, estão

modificando este conceito vislumbrado acima, criando seus próprios conceitos.

As empresas brasileiras têm revelado importantes mudanças no que

concerne a estratégia de relacionamento com a sociedade, seus consumidores

e com outras instituições. Tais mudanças na concepção dos paradigmas

sociais só demonstram o esforço praticado pelos gestores nas empresas para

concretizar os objetivos e missão da organização, e principalmente, para a sua

continuidade.

A missão de uma empresa necessita de um propósito para que seu

produto ou serviço atinja o grau de satisfação do cliente, o bem estar da

sociedade. A missão significa finalidade, objetivo ou propósito básico e permanente da existência de uma empresa; está ligada ao oferecimento de produtos e serviços para satisfação das necessidades do consumidor. (FIGUEIREDO; CAGGIANO, 2006, p. 24).

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É bem sabido, que a empresa além de agente econômico é também um

agente social e por ser um dos componentes da sociedade, deve prestar

contas a ela. O seu compromisso social é, sem dúvida, atualmente, muito

maior do que há alguns anos atrás. A transformação da mentalidade

empresarial exige apreciável modificação administrativa, em particular com o

social.

Luca (1998), afirma categoricamente que as inter-relações existentes

entre a empresa e os vários elementos do seu ambiente mostram a grande

dimensão da sua responsabilidade social, o que para muitas empresas, trata-

se apenas de dar transparência aos investimentos sociais que faz em silêncio,

enquanto que, para outras, representa a descoberta do sucesso do negócio.

A importância da iniciativa está em reconhecer esse novo ordenamento do processo social, em que o Estado se encolhe e abre espaço para que os cidadãos tomem parte da construção social. As empresas que tomaram a decisão de investir na melhoria comunitária estão rapidamente descobrindo o sucesso do negócio. Destarte, a empresa não necessita gastar estimáveis somas com marketing para abocanhar o seu market share, posto que, Know-how todas as empresas de sucesso têm. Tudo aquilo que elas usam para a gestão de seus próprios negócios, nas organizações da sociedade civil é necessário para tornar eficientes suas ações de atendimento à carência (IOSCHPE, 1997, p. 1-3).

Desta feita, para alcançar com eficácia as metas planejadas pelos

gestores, para o cumprimento da missão e o comprometimento com os

aspectos sociais, a organização empresarial deve apoderar-se de ferramentas

úteis como, por exemplo, a ciência da contabilidade, enquanto ferramenta

administrativa de resultados, assunto que será mais bem estudado nas

próximas linhas deste trabalho.

1.1 Contabilidade: Instrumento Gerencial

Não há como elucidar a Contabilidade de uma forma geral, em especial

a Contabilidade Gerencial, sem antes, tecer comentários sobre a sua origem

bem como a importância do papel do contador não só nos dias de hoje.

Segundo Iudícibus e Marion (2006), na antiguidade, o homem não

conhecia os números e nem a escrita porque exercia a atividade de pastoreio.

Ele se baseava nas estações do ano, experiência obtida pela seca das árvores

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e da chegada do frio para preparar a provisão do seu sustento, mesmo nunca

tendo aprendido sobre os meses do ano. Naquela época, o homem já era

ambicioso, tinha desafios com objetivo de aumentar sua riqueza.

A contabilidade existe desde o início da civilização, cerca de 4.000 anos

antes de Cristo, contudo, Iudícibus afirma que:

A contabilidade é tão remota quanto o homem que pensa, ou, melhor dizendo, que o homem conta. A necessidade de se acompanhar a evolução dos patrimônios foi o grande motivo para seu desenvolvimento. O surgimento do capitalismo deu impulso definitivo a esta importante disciplina, potencializando seu uso e aumentando sua eficácia. (IUDÍCIBUS, 2000, p.44).

Inclusive na Bíblia, no capítulo 42, versículo 12 do Livro de Jó mostra a

existência da Contabilidade, conforme comentários de Iudícibus e Marion

(2006, p. 33), que diz: “E assim abençoou o Senhor o último estado de Jó, mais

do que o primeiro; porque teve quatorze mil ovelhas, e seis camelos, e mil

juntas de bois e mil jumentas.”

Não há como esquecer do grande mestre do mundo contábil, o

conhecido Frei Luca Pacioli que contribui grandemente com o chamado registro

por partidas dobradas, que embora não inventada por ele, em1494 publicou

sua obra intitulada Summa de arithemtria, geometria et proportionalita.

(SANTOS, 2003, p.13).

“Pacioli decifrou um enigma que permitiu, pela primeira vez, que

pessoas tomassem decisão e previssem o futuro com a ajuda dos números”

(IUDÍCIBUS; MARION, 2006, p. 38).

Interessante comentário citado por Anthony (1970),

A contabilidade também se parece com uma linguagem e que algumas de suas regras são definidas, ao passo que outras não, e há diferenças de opinião entre os contadores de como um dado fato deva ser registrado, assim como há diferenças de opinião entre os gramáticos quanto a muitas questões de estrutura da sentença, pontuação e escolha das palavras. Não obstante, há muitas práticas que são claramente “inglês pobre”, e há muitas práticas que são definitivamente “contabilidade pobre”. (ANTHONY, 1970, p. 30).

Estudiosos como Sá (2007, p.15), relata que “a contabilidade nasceu

com a civilização e jamais deixará de existir em decorrência dela; talvez, por

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isso, seus progressos quase sempre tenham incindido com aqueles que

caracterizavam os da própria evolução do ser humano”.

Marion (2004) descreve que até 2004 o profissional contábil era

chamado por técnico em contabilidade, aquele que cursou o nível técnico em

Contabilidade. O chamado contador e também bacharel em Ciências Contábeis

é reconhecido após término do curso superior de contabilidade. Ambos podem

ser chamados contabilistas, analistas de balanços, pesquisadores contábeis

etc.

Hoje, as funções do contabilista não se restringem ao âmbito meramente

fiscal, tornando-se vital para as empresas que necessita de profissionais

altamente capacitados e com as informações mais precisas possíveis para a

tomada de decisões e para atrair os investidores. Ainda de acordo com Marion

(2004), o contador está habilitado a exercer mais funções que o técnico em

contabilidade como: auditoria, perícia contábil, professor de contabilidade pós

graduado. Sendo que é necessário estar habilitado pelo Conselho Regional de

Contabilidade (CRC).

Definir um instituto é o ponto crucial para a compreensão de um estudo

organizado acerca de determinado tema, por esta razão, inicialmente compete

abordar um breve conceito de contabilidade, já que esta ciência é peça chave

de uma empresa, face aos inúmeros avanços tecnológicos a aos ditames da

responsabilidade social.

A Contabilidade é, objetivamente, um sistema de informação e avaliação destinado a prover seus usuários com demonstrações e análises de natureza econômica, financeira, física e de produtividade com relação à entidade objeto de contabilização. [...] Os objetivos da Contabilidade, pois, devem ser aderentes, de alguma forma explícita ou implícita, àquilo que o usuário considera como elementos importantes para seu processo decisório. Não tem sentido ou razão de ser a Contabilidade como uma disciplina “neutra” que se contenta em perseguir esterilmente uma “sua” verdade ou beleza. A verdade da Contabilidade reside em ser um instrumento útil para a tomada de decisões pelo usuário, tendo em vista a entidade. (IUDÍCIBUS; MARTINS; GELBCKE, 2003, p.48 e 49).

Nesta mesma linha de raciocínio, Marion (1997, p. 135) menciona que

“Contabilidade pode ser considerada como sistema de informação destinado a

prover seus usuários de dados para ajuda-los a tomar decisão”.

20

Pode se dizer que é um Sistema de Informação é baseado no registro,

na classificação, na medição e no resumo de valores expressos basicamente

em termos monetários, que mostra o estado das operações e transações

realizadas por uma entidade econômica contabilística.

Ainda sobre o sistema de informação, Padoveze (2004a, p.52) diz que

“Três pontos são fundamentais para que um sistema de informação contábil

tenha validade perene dentro de uma entidade. São os seguintes:

operacionalidade, integração e custo da informação”.

A Contabilidade, como bem frisado anteriormente é a ciência que estuda

e controla o patrimônio da empresa, objetivando representá-lo graficamente,

bem como evidenciar suas variações e estabelecer normas para sua

interpretação, além é claro de servir como aparato básico para o processo

decisório da empresa.

A moderna definição de contabilidade a tem caracterizado como uma

das ferramentas mais úteis que tem nas mãos os gestores administrativos para

a otimização do processo de tomada de decisões, como sistema de

informações e mensuração de eventos que afetam a tomada de decisões,

possibilita que, partindo do conhecimento de fatos passados, procedimentos

futuros sejam delineados de forma perfeita, seja, senão alcançados totalmente

e com eficácia, buscado com segurança.

O objeto-fim de uma ciência é delimitar o seu campo de abrangência, e

no tocante ao campo de atuação da contabilidade temos o patrimônio da

empresa, constituído, basicamente desde os primórdios da humanidade em

acompanhar o desenvolvimento das atividades realizadas, no sentido de

controlar o comportamento evolutivo de seus patrimônios.

A Contabilidade considerada como campo de pesquisa e estudo tem-se

ocupado com regularidade a tratar de oferecer respostas a necessidade de

informações. A finalidade geral da Contabilidade é assegurar o controle do

Patrimônio, fornecer informações sobre a composição e as variações

patrimoniais bem como, apurar o resultado das atividades econômicas

desenvolvidas para alcançar seus fins, que podem ser lucrativos ou sociais.

Para Padoveze (2004b), a contabilidade gerencial é criada pela empresa

a fim de executar as informações obtidas.

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Em nosso entender, não existe Contabilidade Gerencial em uma entidade, como existe a Contabilidade Financeira, Contabilidade de Custos e Administração Financeira. Em todas as entidades as aplicações dessas disciplinas são visíveis, e, dependendo do porte da companhia, existem departamentos distintos que são responsáveis por sua execução. (PADOVEZE, 2004b, p.41).

A informação dentro do sistema de uma empresa pode ser definida

como uma rede cujos fluxos alimentam o processo de tomada de decisões, não

apenas da empresa como um todo, mas também de cada área de

responsabilidade. Algumas empresas demonstrando interesse num sistema de

informação de melhor qualidade vêm desenvolvendo trabalhos para isso, como

o aperfeiçoamento de seus relatórios e informações.

Além de gerar informações, permite explicar os fenômenos patrimoniais,

construir modelos de prosperidade, efetuar análises, controlar e também prever

e projetar exercícios seguintes, entre tantas outras funções.

As empresas estão em constantes mudanças, cada vez mais

necessitam de controles precisos e de informações oportunas sobre seu

negócio para adequar as suas operações às novas realidades, a contabilidade

surgiu então para prestar informação aos diretores da empresa, informações

predizem as circunstâncias e os eventos futuros, para que o gestor possa

comparar se os resultados obtidos condizem com o pretendido.

Com o advento do mercado de capitais, das auditorias, que se

distanciavam da figura do administrador, houve a necessidade de que a

contabilidade reportasse informações para esses novos usuários. As empresas

estão em constantes mudanças, cada vez mais necessitam de controles

precisos e de informações oportunas sobre seu negócio para adequar as suas

operações às novas situações.

A geração de lucro continua sendo uma das características

fundamentais para se garantir a continuidade da empresa, no entanto, sabe-se

que as relações inter-sociais viventes com a globalização de mercados exigem

dos gestores da empresa um conhecimento adicional de como agregar valor,

tornando o acesso a informação um diferencial competitivo.

É aí que se encontra presente o instituto da Demonstração do Valor

Adicionado, conhecido no meio contábil como DVA, cuja função, que será mais

bem estudada em momento oportuno, é divulgar e identificar o valor da riqueza

22

gerada pela entidade, e como esta riqueza foi distribuída entre os diversos

setores que contribuíram, de maneira direta ou indiretamente, para a sua

geração (LUCA, 1998).

Conforme explica Luca (1998, p.35) “o valor adicionado de uma empresa

representa o quanto de valor ela agrega aos insumos que adquire num

determinado período, o valor da riqueza gerada pela empresa”.

A contabilidade cuja estrutura é essencialmente utilitária, em resposta a

nova ordem estrutural do mercado empresarial, criou mecanismo próprio de

informação setorial e econômica, chamado de Demonstrativo de Valor

adicionado, peça do Balanço Social de uma empresa. Com isso, finaliza

desenvolver conceitos tão-somente econômicos, evidenciando quanto de valor

a empresa agrega durante seu processo produtivo, ampliando assim os

horizontes de seus usuários.

A função da DVA é demasiadamente importante numa empresa, haja

vista que, fornece aos seus usuários a informação precisa acerca da riqueza

criada pela empresa ao longo dos anos de constituição e a forma como esta

riqueza foi ou será aplicada pelos gestores.

E tomando-se como ponto crucial a responsabilidade da contabilidade

com a comunicação de informações úteis para o processo de tomada de

decisão, neste trabalho procura-se analisar a forma de apresentação das

informações na DVA, de forma que possa ser utilizada diretamente no cálculo

do Produto Interno Bruto (PIB).

O PIB mede, portanto, a produção gerada no país, entendendo-se por essa produção a resultante da dedução dos consumos intermediários, mantida, entretanto, a depreciação do capital fixo. O consumo de capital fixo (depreciação) representa, em termos gerais, a parcela do valor da produção necessária para repor o capital fixo consumido no processo de produção durante um determinado período. (LUCA, 1998, p.54).

Segundo informações fornecidas pela Universidade Federal da Paraíba

(2000), o Valor Adicionado constitui-se da receita de venda deduzida dos

custos dos recursos adquiridos de terceiros. É, portanto, o quanto a entidade

contribuiu para a formação do PIB do país.

23

Espontaneamente algumas empresas têm demonstrado interesse ou

desenvolvido trabalhos no sentido de levar aos usuários uma informação de

melhor qualidade, através do aperfeiçoamento dos seus relatórios ou de

informações mais completas, tais como, o Banco do Nordeste do Brasil (BNB),

Federação Brasileira de Bancos (FEBRABAN) e outros, mas havia distorções

em relação a classificação de algumas contas nas suas estruturas, pois não

existia uma padronização definida da estrutura da DVA.

A DVA está implicitamente contida no Balanço Social, que

provavelmente será em futuro próximo obrigatório, pois é peça fundamental

para informações sociais, ambientais e econômicas à sociedade.

A Comissão de Valores Mobiliário (CVM) vem incentivando e apoiando a

divulgação voluntária de informações de natureza social, tendo emitido o

Parecer de Orientação CVM nº 24/92 sobre a divulgação da Demonstração do

Valor Adicionado. Além disso, fez incluir no anteprojeto de reformulação da Lei

nº 6.404/76 a obrigatoriedade da divulgação da DVA e de informações de

natureza social e de produtividade.

1.2 Contabilidade Comercial e Contabilidade Social (Nacional) Evidenciando a

Ciência da Informação

A contabilidade em qualquer uma das ciências a que esta se aplica,

avalia as transações econômicas de uma entidade e, por meio dos relatórios

emitidos, cada usuário pode tomar suas decisões com base precípua nestas

informações consideradas proeminentes. Dessa forma, pode-se dizer que o

objetivo fundamental da contabilidade é fornecer informações aos seus mais

diversos usuários para a tomada de decisões e avaliações de resultados.

De acordo com o Iudícibus; Martins; Gelbcke (2000, p. 42) pode-se

definir usuários: “[...] toda pessoa física ou jurídica que tenha interesse na

avaliação da situação e do progresso de determinada entidade, seja tal

entidade empresa, ente de finalidades não lucrativas, ou mesmo patrimônio

familiar”.

E para atender as finalidades da contabilidade, assumindo o papel de

sistema de informações, com a pretérita função de reportar à sociedade os

esforços desprendidos pela empresa, avalia a aplicação dos planos sociais e

24

evidencia o desempenho da atividade social da empresa através dos

instrumentos contábeis disponíveis e eficazes.

A Contabilidade Comercial é o ramo da ciência contábil que interage

direitamente com as empresas comerciais, voltando sua estrutura para

resultados de exercícios que mensurem se obteve lucro ou prejuízo nas suas

atividades.

Conforme Jacintho: “Contabilidade Comercial é o ramo da Contabilidade

aplicado ao registro, resumo e interpretação dos fenômenos que afetam as

situações patrimoniais, financeiras e econômicas das empresas comerciais.”

(JACINTHO, 1987, p. 12). Já Contabilidade Nacional, por sua vez, é uma técnica que tem como

objetivo medir a atividade econômica de um país nos seus diversos segmentos,

funcionado como um instrumento de análise da situação econômica do país.

Segundo Luca:

Atualmente, uma empresa não pode buscar somente lucros. No seu relacionamento com a sociedade existem obrigações, tais como a preservação do meio ambiente, a criação e manutenção de empregos, a contribuição para a formação profissional, a qualidade dos bens/serviços e outras que não estão legalmente assumidas, mas que são importantíssimas até mesmo para a continuidade da empresa. (LUCA, 1998, p.17).

E para Ariovaldo dos Santos:

A Contabilidade Social ou Nacional tem como principal objetivo o fornecimento de informações que possam auxiliar na constituição de base para a tomada de decisão por parte dos gestores governamentais. Toda a contabilidade nacional está voltada para o registro sistemático das operações realizadas no país e é um dos principais instrumentos utilizados no entendimento e medição das relações básicas ocorridas na atividade econômica. (SANTOS, 2003, p.17).

As informações contábeis muitas vezes empregam uma terminologia

complexa que se torna pouco acessível à maioria dos usuários.

A contabilidade, como veículo de informação, tem como um de seus

grandes desafios colocar à disposição de seus usuários informações que

retratem as relações das empresas com a sociedade. O Balanço Social, no

todo, e a DVA, como uma de suas vertentes, se apresentam como os

25

instrumentos capazes de evidenciar tanto os aspectos econômicos, quanto os

sociais, inovando o enfoque utilizado até então, e se constituindo nas mais

ricas demonstrações para aferição dessas relações.

Divulgar a DVA por uma empresa ao público, qualquer que seja seu

ramo de atividade, como passo fundamental para a ciência da contabilidade,

aproxima a contabilidade em sua esfera comercial com a contabilidade na

ceara nacional e viabiliza o entendimento de que esta é a ciência da

comunicação.

1.3 A Contabilidade e a Tomada de Decisões

Encontra-se vertente na doutrina contábil que a Contabilidade é o

grande instrumento de auxílio aos gestores da administração no processo de

tomada de decisões. Na realidade, o que ela faz é coletar dados econômicos,

em seguida mensurando-os monetariamente, registrando-os e sumarizando-os

em forma de relatórios ou de comunicados, que contribuem sobremaneira para

a tomada de decisões.

O processo decisório, evidentemente, decorrente das informações

apuradas pela ciência contábil não se abrevia apenas aos limites da empresa,

aos administradores e gerentes, mas também a outros segmentos como, por

exemplo, os investidores, os fornecedores de bens e serviços, bancos,

entidades governamentais, entidades sindicais e outros interessados.

26

CAPÍTULO II

O BALANÇO SOCIAL

2 DESENVOLVENDO O BALANÇO SOCIAL O surgimento do balanço Social é bem mais recente do que se possa

pensar. Ele surgiu com o intuito de prestar informações aos empregados e à

sociedade.

Santos (2003) retrata bem o ocorrido em meados dos anos 60 no

panorama internacional:

Como se sabe, a Contabilidade tradicional, ao longo de sua história, esteve voltada inicialmente para o proprietário, posteriormente para credores, governo e investidores, os movimentos sociais ocorridos na década de 60 em países da Europa, principalmente Alemanha, França e Inglaterra, nos Estados Unidos e no Brasil, além de outros, passaram a exigir e a cobrar mais responsabilidade das empresas que interagiam com a sociedade. As empresas passaram a ser vistas não apenas como aquelas que podiam gerar empregos ou contribuir para a formação da riqueza dos países. (SANTOS, 2003, p.20).

Conforme relata Luca (1998), a idéia começou a ser ventilada no Brasil

somente dez anos depois, na década de 70, entretanto, somente nos anos 80 e

90 é que foram publicados os primeiros relatórios rumo ao verdadeiro balanço

social de empresas que se tem na atualidade. Ainda de acordo com Luca

(1998), somente a partir destas décadas que as corporações de diversos

setores passaram a publicá-lo anualmente, e prestar informações acerca de

assuntos como o nível de emprego, políticas de formação profissional etc.

Contudo a proposta no Brasil, só ganhou visibilidade quando o sociólogo

Herbert de Souza, conhecido como Betinho, lançou, em junho de 1997, uma

campanha em rede nacional e levantou a bandeira pela divulgação voluntária

do balanço social nas empresas, promovendo grande debate entre as

associações de empresas e empresários.

Cabe às empresas oferecer dados sobre as atividades no campo social a entidades autônomas e independentes da sociedade civil. [...] O balanço Social não pode ser uma peça de marketing, mas uma demonstração responsável de investimentos sociais pelas empresas. (SANTOS, 2003, p.22).

27

Não só o Betinho se preocupou com a divulgação do Balanço Social,

assim como, a deputada Federal Marta Suplicy conforme elucida Santos

(2003).

Outro pronunciamento que deve ser destacado é da ex-deputada Federal Marta Suplicy, uma das autoras do Projeto de Lei n. 3.116/97, que propunha a criação do Balanço Social para as empresas no Brasil, que diz: A informação é um dos pressupostos da cidadania. O balanço Social é um instrumento de informação. Servirá tanto para os trabalhadores e a sociedade como para os dirigentes das empresas na mensuração das suas próprias atividades. Ainda estimulará o controle da sociedade sobre o uso dos incentivos fiscais e ajudará na identificação de políticas de recursos humanos. (SANTOS, 2003, p.23).

Hoje em dia é possível contabilizar o sucesso desta iniciativa e afirmar

que o processo de construção de uma nova mentalidade e de novas práticas

no meio empresarial está em pleno curso. O Balanço Social surgiu para

atender as necessidades de informações dos usuários da contabilidade no

campo social.

Fez que já fora traçado um breve escorço histórico do Balanço Social o

próximo passo é defini-lo, o que o autor Tinoco (2001), faz com maestria:

Um instrumento de gestão e de informações que visa reportar, da forma mais transparente possível, vale dizer, com evidenciação plena - full disclosure --, informações econômicas, financeiras e sociais do desempenho das entidades, aos mais diferentes usuários da informação, dentre estes usuários os trabalhadores. (TINOCO, 2001, p. 108).

A clareza desta assertiva leva a crer que o balanço social é um

demonstrativo que as empresas publicam anualmente reunindo um conjunto de

informações sobre os seus projetos, os benefícios e as suas ações sociais

dirigidas aos empregados, investidores, analistas de mercado, acionistas e,

especialmente, a comunidade.

Através do balanço social as organizações empresariais mostram ao

público em geral o que efetivamente fizeram e fazem por seus profissionais e

pela comunidade, propiciando transparência às atividades que buscam

melhorar a qualidade de vida de todos. Ou seja, sua função primordial é tornar

pública a responsabilidade social, de modo a entrelaçar os vínculos com a

sociedade e o meio ambiente.

28

As informações das atividades da empresa relacionadas com o meio ambiente devem ser divulgadas pela Contabilidade. Algumas informações podem ser divulgas nas tradicionais demonstrações contábeis. (LUCA, 1998, p.27).

Em síntese pode-se afirmar que o balanço social é, pois, uma

ferramenta que, quando construída por diversos profissionais, tem a

capacidade de apontar e medir a preocupação da empresa com vida das

pessoas no planeta, como mecanismo estratégico para multiplicar o exercício

da responsabilidade social corporativa.

Entretanto, é muito importante que os aspectos qualitativos dessas informações sejam divulgados juntamente com as informações sobre o desempenho social da empresa. Assim, devem ser divulgadas no Balanço Social informações, tais como: os projetos que estão sendo desenvolvidos para a proteção e preservação do meio ambiente, as melhorias já realizadas para controle da poluição de ar, água, etc., medidas físicas, quantitativas e qualitativas e seus impactos etc. (LUCA, 1998, p.27).

No Brasil, sua elaboração ainda não é obrigatória e não existem

modelos e indicadores oficiais de divulgação. Entretanto, um número cada vez

maior de entidades de diversos setores está adotando esta prática,

comprometidas com a responsabilidade social, de modo a se pensar que é

errônea a noção de que o empresário brasileiro ainda não despertou para a

cidadania.

Por fim, insta salientar que o Balanço Social é uma demonstração que

foi criada com a finalidade de tornar pública a responsabilidade social das

organizações.

2.1 Motivos que justificam fazer o Balanço Social

Diversos motivos justificam fazer um Balanço Social, sendo que alguns

devem ser destacados pelo fato de que agrega valores e traz um diferencial

para a imagem da empresa e também que vem sendo cada vez mais

valorizado por investidores e consumidores no Brasil e no mundo.

Ainda diminui os riscos num mundo globalizado, onde informações sobre

empresas circulam o mundo em pouco espaço de tempo e que uma conduta

29

ética e transparente tem que fazer parte da estratégia de qualquer organização

nos dias atuais.

Por ser um moderno instrumento de gestão, o balanço social é uma

valiosa ferramenta para a empresa gerir, medir e divulgar o exercício da

responsabilidade social em seus empreendimentos e também por ser um

instrumento de avaliação utilizado pelos analistas de mercado, investidores e

órgãos de financiamento, como exemplo o BNDES, que já o incluem na lista

dos documentos necessários para se conhecer e avaliar os riscos e as

projeções de uma empresa.

O balanço social realizado e publicado anualmente é inovador e

transformador trazendo mudanças a antiga visão, indiferente à satisfação e o

bem-estar dos funcionários e clientes, para uma visão moderna em que os

objetivos da empresa incorporam as práticas de responsabilidade social e

ambiental.

E além de todos os motivos retratados, o balanço social é explicitamente

ético.

2.2 Os Benefícios do Balanço Social

Ao pensar nos benefícios trazidos pela realização do Balanço Social

pela empresa anualmente, são contemplados com isso tanto os fornecedores

ou investidores quanto os consumidores, haja vista que este instrumento

contábil favorece a todos os grupos que interagem com a empresa.

Em todos os segmentos envolvidos no processo produtivo os agentes

são beneficiados pelo Balanço Social, conforme: aos gestores da empresa

porque fornece informações úteis ao processo de tomada de decisões

correlatas aos programas sociais que a empresa esta desenvolvendo. O

processo de realização estimula a participação dos funcionários, a medida que

se interagem com dirigentes na escolha das ações e projetos sociais; aos

fornecedores e investidores, porque é um meio de informar como a empresa

encara suas responsabilidades em relação aos recursos humanos e ao meio

ambiente.

E sem dúvidas para os consumidores, porque confere a idéia de qual é a

postura dos dirigentes e a qualidade do produto ou serviço oferecido,

30

demonstrando o caminho que a empresa escolheu para construir sua marca e,

se a empresa esta cumprindo com seu papel em face da responsabilidade

social e ao Estado, porque ajuda na identificação e na formulação de políticas

públicas.

2.3 O Balanço Social e a DVA

Até bem pouco tempo, as empresas têm se preocupado em evidenciar,

como principal agente econômico produtor de riquezas em nossa sociedade,

que seu objetivo não é simplesmente gerar lucros para seus sócios e

acionistas.

É cada vez maior o número de empresas e mais comum que estas se

preocupem com a responsabilidade para com a sociedade e o meio ambiente

na localidade em que estão inseridas, e para concretizar essa atuação social,

além das demonstrações contábeis tradicionais, algumas empresas tem

elaborado o Balanço Social.

Pode-se citar, conforme Neves e Viceconti (2005) como áreas de

atuação social da empresa:

a) responsabilidade na geração e manutenção de empregos;

b) responsabilidade no pagamento de salários condignos a seus

trabalhadores;

c) responsabilidade de assegurar condições de higiene e segurança no

ambiente de trabalho;

d) respeito aos consumidores, providenciando serviço de atendimento e

assistência adequada;

e) responsabilidade pelo recolhimento de tributos;

f) responsabilidade supletiva à do Estado na preservação do meio

ambiente;

g) fornecimento de alimentação aos trabalhadores;

h) assegurar participação dos trabalhadores em seus lucros;

i) papel supletivo do Estado de fornecimento de educação e

capacidade tecnológica e gerencial de seus trabalhadores;

31

j) papel supletivo do Estado de fornecimento de planos de previdência

e assistência, que assegurem tratamento de saúde e aposentadoria

adequada aos trabalhadores.

Ainda conforme Neves e Viceconti (2005), como sedimentado

inicialmente nas definições de Balanço Social, as entidades estarão fornecendo

com este demonstrativo informações que permitem ao usuário externo aquilatar

a profundidade e a qualidade de sua atuação social, que entre elas incluem:

a) dispêndio realizado com trabalhadores relativos a programa de:

alimentação, assistência médica e previdenciária, treinamentos,

segurança no trabalho, participação nos lucros e resultados, ações

destinadas à proteção dos consumidores, preservação do meio

ambiente, contribuições para entidades beneficentes e patrocínios a

atividades culturais e preservação de áreas municipais.

b) valor médio de salários pagos;

c) número de empregados no início e final do período;

d) folha de pagamento bruta da empresa.

Como foi indicado anteriormente a DVA é um instrumento poderoso e

auxiliar do Balanço Social, pois, a empresa estará disponibilizando

publicamente para a sociedade o quanto contribui para a geração de riquezas

no país e, principalmente, como as parcelas por ela agregadas são distribuídas

pelos diversos agentes econômicos que a ajudaram a efetivar a produção, que

são: trabalhadores, governo e capitais de terceiros.

32

CAPÍTULO III

DEMONSTRAÇÃO DO VALOR ADICIONADO

3 DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS

Antes de analisar efetivamente a DVA com fonte de informação da

geração e distribuição de renda da empresa, além de sua importância no

ambiente macroeconômico, merece apreciação, de antemão, alguns pontos

conceituais inerentes aos demonstrativos contábeis complementares. A

começar esta explanação pelo principal elemento para se medir a produção

nacional que é o Valor Adicionado.

De acordo com o Boletim IOB: “Deve ser entendido que, no fundo a DVA

nada mais é do que uma readaptação dos próprios itens da DRE.” (MARTINS,

1997, p. 3).

Ainda em conformidade com o Boletim IOB: “A DVA não deve ser

confundida com a DRE e tampouco com a demonstração do EVA®, pois essas

duas têm informações voltadas para os sócios”. (Boletim IOB Temática

Contábil 48/97, p. 3).

3.1 Valor Adicionado: Noções Conceituais

Ao se pensar na economia embasada por estudos estatísticos colhe-se

que esta divulga anualmente através do Produto Interno Bruto informações

acerca do nível de atividade em todos os setores da economia calculado

através da somatória da produção do país no ano indicando desta forma o que

foi produzido e o desempenho da economia.

Com fulcro nesta diretriz, este tópico do trabalho aborda as noções

conceituais de Valor adicionado que se constitui, via de regra, da receita de

venda deduzida dos custos dos recursos adquiridos de terceiros. É, portanto, o

quanto a entidade contribuiu para a formação do PIB de seu país.

Este demonstra, noutros termos, a efetiva contribuição da empresa,

dentro de uma visão global de desempenho, para a geração de riqueza da

33

economia na qual está inserida, sendo resultado do esforço conjugado de

todos os seus fatores de produção.

Luca (1998), por sua vez, define Valor Adicionado como sendo: [...] a remuneração dos esforços desenvolvidos para a criação da riqueza da empresa. Tais “esforços” são, em geral, os empregados que fornecem a mão-de-obra, os investidores que fornecem o capital, os financiadores que emprestam os recursos e o governo que fornece a lei e a ordem, infra-estrutura sócio-econômica e os serviços de apoio. (LUCA, 1998. p. 13)

Já para o autor Mario Henrique Simonsen, valor adicionado denomina-se

como sendo:

À diferença entre o valor bruto da produção e os consumos intermediários nessa etapa. Assim, o produto nacional pode ser concebido como a soma dos valores adicionados, em determinado período de tempo, em todas as etapas dos processos de produção do país. (SIMONSEN, 1975, p. 83)

Na mesma linha deste raciocínio, Neves e Viceconti (2005) acrescentam

que Valor Adicionado representa a riqueza criada por uma entidade num

determinado período de tempo que normalmente dura um ano. Podendo

afirmar que a soma das importâncias agregadas representa, na verdade, a

soma das riquezas criadas.

O que vale a pena registrar é que o conceito de Valor Adicionado, ou

valor agregado como também pode ser encontrado na literatura contábil, é

utilizado na macroeconomia para a avaliação do chamado Produto Nacional ou

ainda Produto Interno Bruto que é usualmente conhecido como PIB.

Nesse horizonte compreende-se que a riqueza total de um país pode ser

obtida pela soma dos valores agregados pelos seus agentes econômicos, ou

seja, pelas pessoas físicas, pelas pessoas jurídicas com fins lucrativos, pelos

órgãos governamentais, as associações, fundações, e demais entidades sem

fins lucrativos, sendo que a somatória dos valores agregados por todos esses

agentes é o próprio PIB nacional.

34

3.1.1 Aspectos Conceituais no Cálculo do Valor Adicionado

Denota-se pelas considerações até aqui formuladas que o valor

Adicionado de uma empresa representa o quanto de valor ela agrega aos

insumos que adquire num determinado período, isto vem a ser, o valor de

riqueza gerado pela empresa durante um lapso de tempo.

É de um modo geral um cálculo matemático em que se encontram as

diferenças entre as vendas brutas e o total de insumos adquiridos de terceiros,

como, matéria prima, serviços de outras empresas e o custo das mercadorias

vendidas, por exemplo.

Em outras palavras, segundo Gray e Mauders (1980), o Valor

Adicionado deve representar, em termos monetários e para certo período, a

riqueza líquida da empresa, ou seja, a diferença entre o valor de seus

rendimentos incluindo a receita de vendas e o valor dos materiais e serviços

obtidos de outras empresas.

Já para o autor Osmar Reis Azevedo relata que:

O valor adicionado ou agregado corresponde à riqueza gerada por uma entidade durante determinado período, a qual poderá ser representada pelo valor das “vendas menos os consumos de materiais e serviços”, num determinado período. (AZEVEDO, 2008, p. 121).

E segundo comentários de Morley (1979), a relação entre o valor

adicionado e o lucro da empresa pode ser expressa algebricamente. O lucro

retido na empresa representa a diferença entre as vendas e os custos,

impostos e dividendos como pode ser visualizado pelo exemplo ilustrativo

conforme segue:

35

Cálculo do Valor Adicionada (S – B):

Vendas (S) 5.000.000

Menos (B): Matérias-primas 500.000

Serviços de terceiros 600.000

Outros materiais 400.000 (1.500.000)

Valor Adicionado 3.500.000

Fonte: Morley (1979, p. 36)

(A letra S significa sales revenue, que vem a ser receitas de vendas,

enquanto que B deriva da expressão bought-in materiais and service, que na

língua portuguesa se traslada como compra de materiais e serviços).

Conforme Luca (1998), apesar da simplicidade do cálculo do Valor

Adicionado, vale ressaltar alguns pontos são polêmicos quando relacionados

ao tratamento de alguns itens, tais como:

a) produção x vendas;

b) remuneração;

c) encargos com pessoal;

d) arrecadação de impostos, taxas e contribuições aos entes

governamentais, Federal, Estadual, Municipal.

e) depreciação;

f) remuneração do capital;

Diz o autor Azevedo (2008), que:

O valor adicionado constitui-se da receita de venda deduzido dos custos dos recursos adquiridos de terceiros como: matéria-prima, mercadorias para revenda, serviços de terceiros, energia elétrica, enfim todos os insumos adquiridos de terceiros e consumidos durante o processo operacional. O resultado representa o que a empresa adicionou aos insumos/serviços adquiridos de terceiros para chegar ao seu produto/serviço final; corresponde, portanto, à riqueza gerada. (AZEVEDO, 2008, p. 8).

36

3.2 Demonstração: Definição Preliminar

Demonstrar significa, apresentar, exibir. Em se tratando de

demonstração contábil, representa a exibição das informações relativas ao

ativo e passivo da empresa, suas variações, seus resultados, enfim, todas as

informações relativas ao seu patrimônio. Provar mediante raciocínio

concludente; comprovar. (FERREIRA, 2000, p. 208)

Um demonstrativo num sistema de informações contábeis detalha todos

os dados necessários para que o administrador da empresa possa planejar

ações e concretizar suas metas e objetivos, sem que ocorram desvios com o

advento do resultado.

As Demonstrações Contábeis são o conjunto de informações que devem

ser divulgadas anualmente pela administração de uma sociedade por ações e

representa a sua prestação de contas para os sócios e acionistas.

3.3 DVA: Considerações Gerais

O cenário mundial contemporâneo vem sendo caracterizado por

significativas mudanças nas áreas: social, política e econômica, com reflexos

diretos no ambiente empresarial, através da imposição de novos padrões de

competitividade e uma necessidade de alterações nos processos de trabalho e

nas práticas de gestão. Neste contexto, a informação contábil tradicional não

responde totalmente às demandas novas dos usuários com interesses

diferentes daqueles contemplados nos relatórios contábeis clássicos.

A DVA é parte integrante deste novo grupo de relatórios desenvolvidos

pela contabilidade para assistir melhor essas necessidades emergentes,

visando, principalmente, a evidenciar o papel social das empresas,

apresentando claramente a riqueza gerada, para que toda a sociedade

conheça sua função positiva na criação de valor para a comunidade.

Como integrante do Balanço Social, constitui desse modo, uma

importante fonte de informações à medida que apresenta esse conjunto de

elementos que permitem a análise do desempenho econômico da empresa,

evidenciando a geração de riqueza, assim como dos efeitos sociais produzidos

pela distribuição dessa riqueza.

37

Esta é elaborada a partir da coleta dos dados contidos na Demonstração

do Resultado do Exercício, sendo que nesta é destacado o valor adicionado

pela empresa e a sua distribuição, recomendando a contribuição da empresa

para a formação do lucro e para outros itens tais como: arrecadação de

impostos, taxas e contribuições, pessoal e encargos, juros e alugueis.

Conforme Azevedo (2008), dentre as suas funções dentro da empresa, a

DVA visa demonstrar:

a) o quanto a entidade agrega de valor à economia da sociedade na

qual está inserida, relativamente à sua produção; e

b) como a riqueza será distribuída entre os principais componentes

dessa sociedade (empregados, acionistas, financiadores e governo).

De uma maneira geral a DVA evidencia o valor das riquezas criadas pela

sociedade, bem como sua efetiva distribuição. Esta evidenciação, que se

mencionou, representa ferramenta importante tanto para o usuário interno

quanto para o externo (acionistas, fornecedores, clientes, governo, etc.) e, não

podem ser obtidos com clareza pelos meios tradicionais de demonstrações

financeiras.

Estreitamente relacionada com o conceito de responsabilidade social, a

DVA surgiu, como já salientado, para atender as necessidades de informações

dos usuários sobre o valor da riqueza criada pela empresa e sua utilização. É,

pois, a DVA um conjunto de informações de natureza econômica. É um

relatório contábil que visa demonstrar o valor da riqueza gerada pela empresa

e a distribuição para os elementos que contribuíram para a sua geração.

A DVA serve ainda para orientar os investidores que tenham como objetivo conhecer informações de natureza social e de produtividade. A exigência da apresentação do DVA está relacionada como o chamado balanço social, que apresentado em conjunto com as demonstrações contábeis, amplia o conhecimento sobre as atividades econômicas e o seu valor para a sociedade. (AZEVEDO, 2008, p. 120).

3.3.1 A Importância da DVA

Algumas nações exigem que as empresas internacionais que tenham o

propósito de instalar-se no país demonstram qual o valor adicionado que

38

pretendem gerar. Para estes países não é interessante à empresa produzir

muito, importando muito, o fundamental é medir a nova riqueza gerada pela

empresa, bem como a forma de distribuição dessa riqueza.

A par disso a DVA indica de forma clara e precisa a parte da riqueza que

pertence aos sócios ou acionistas, a que pertence os demais capitalistas que

financiam a entidade (capital de terceiros), a que pertence aos empregados e

finalmente a parte que ficará com o governo.

Deveras tem enfoque diferenciado da Demonstração do resultado do

Exercício, mas ambos os demonstrativos objetivam fornecer informações,

todavia, estas informações são vislumbradas sob óticas diferentes, o que as

torna complementares e imprescindíveis, haja vista que a elaboração e

divulgação de ambos atende de maneira eficaz a necessidade que os usuários

possuem de informações adicionais às atuais demonstrações contábeis de

caráter obrigatórias.

De acordo com Santos (2003), a população mundial e a crescente

preocupação com o meio ambiente e os impactos sobre ele, indicam que

muitas empresas estão demonstrando a interação neste meio através das

seguintes demonstrações:

a) Balanço Ambiental, que reflete a postura da empresa em relação aos

recursos naturais, compreendendo gastos com a preservação,

proteção e recuperação: investimentos com equipamentos,

tecnologias e campanhas voltadas para a área ambiental. Pode

também ser demonstradas as quantidades comparativas de

poluentes produzidos em um período e outro.

b) Balanço de Recursos Humanos, visa mostrar o perfil da força de um

trabalho, remuneração, benefícios recebidos e gastos com

treinamento de funcionários, além da discriminação dos gastos em

benefícios da sociedade na qual está inserida, como centros de

recreação e entidades assistenciais.

Conforme Yoshioka (1998) há uma diferença entre uma demonstração

de resultado e uma demonstração do valor adicionado, mas que ambos

apresentam enfoques diferentes e são complementares. Ainda comenta sobre

os objetivos de cada demonstração: de resultados e do valor adicionado:

39

O principal objetivo da primeira é mostrar o lucro líquido que, em última instância, é a parte do valor adicionado que pertence aos sócios como investidores de capital de risco. Por outro lado, a demonstração do valor adicionado mostra a parte que pertence aos sócios, a que pertence aos demais capitalistas que financiaram a empresa com capital a juros, a parte que pertence aos empregados e que fica com o governo. (YOSHIOKA, 1998, p. 1-5).

Fica bastante claro que embora a DVA seja extraída da DRE, a

construção perfeita da DVA somente será possível se o trabalho for realizado

internamente nas empresas. Isso porque a DRE não esclarece, por exemplo,

qual o valor da mão-de-obra embutida no custo.

Existe a possibilidade de construir uma DVA “olhando” os valores de uma DRE; mas, para isso é necessário que a DRE esteja detalhada e sem feitos alguns ajustes, a exemplo do CMV – Custo da Mercadoria Vendida, enquanto que para a DRE este valor será lançado sem impostos, para a DVA deverá ser computado com os impostos. No “CVM”, deve-se excluir os valores dos salários e respectivos encargos para a DVA, enquanto que para a DRE tais valores são computados. (AZEVEDO, 2008, p. 121).

Não há um modelo padrão obrigatório de DVA a ser seguido. Mesmo

assim, como se pode imaginar, seu formato lembrará muito a DRE, entretanto

são dois focos muito distintos.

Santos (2003) diz que a DVA é considerada a caçula das

demonstrações contábeis e que será de muita valia em futuras discussões

sociais.

[...] pois é essa demonstração que será capaz de atender às necessidades relativas às informações sobre a riqueza gerada e à forma de sua distribuição em cada empresa. [...] comparada às demonstrações contábeis tradicionais, a DVA é ainda pouco conhecida e difundida entre os preparadores e usuários da Contabilidade no Brasil. . (SANTOS, 2003, p. 11).

Cita Azevedo (2008), que a DVA foi criada a partir de 01.01.2008 pela

Lei nº 11.638/2007 e que em vista da publicação dessa lei, a DVA passa a ser

obrigatória para as companhias abertas (S/A) e pelo fato de ainda não ter sido

publicado oficialmente um modelo dessa demonstração, recomenda-se utilizar

modelo aprovado pela Resolução CFC nº. 1.010/2005, com as respectivas

instruções para o seu preenchimento de ofício circular de CVM nº 01/2000.

40

Demonstração do valor adicionado dos exercícios findos

em 31 de dezembro, em milhares de reais

....................................................................... 20X1 % 20X00 %

1 – RECEITAS 1.1. Vendas de mercadoria, produtos e serviços xxx xxx

1.2. (+/-) Provisão para devedores duvidosos xxx xxx

1.3. (+/-) Resultados não-operacionais xxx xxx

2 – INSUMOS ADQUIRIDOS DE TERCEIROS 2.1. Vendas de mercadoria, produtos e serviços (xxx) (xxx)

2.2. Outros custos de produtos e serviços vendidos (xxx) (xxx)

2.3. Energia, serviços de terceiros e outras despesas (xxx) (xxx)

operacionais

2.4. Perda na realização de ativos (xxx) (xxx)

3 – RETENÇÕES 3.1. (-) Depreciação, amortização e exaustão xxx (xxx)

4 – VALOR ADICIONADO LÍQUIDO PRODUZIDO PELA ENTIDADE xxx (xxx)

5 – VALOR ADICIONADO RECEBIDO EM TRNSFERÊNCIA 5.1. (+/-) Resultado de equivalência patrimonial e

dividendos de investimento avaliado ao custo xxx xxx

5.2. Receitas financeiras xxx xxx

5.3. Aluguéis e royalties xxx xxx

6 – VALOR ACIDIONADO TOTAL A DISTRIBUIR xxx 100% xxx 100%

7 – DISTRIBUIÇÃO DO VALOR ADICIONADO

7.1. Empregados

Salários xxx y% xxx y%

Comissões sobre vendas

41

Honorários da diretoria xxx y% xxx y%

Participação dos empregados nos lucros xxx y% xxx y%

Planos de aposentadoria e pensão xxx y% xxx y%

7.2. Tributos

Federais xxx y% xxx y%

Estaduais xxx y% xxx y%

Municipais xxx y% xxx y%

Menos: incentivos fiscais (xxx) y% (xxx) y%

7.3. Financiadores

Despesas Financeiras/Juros xxx y% xxx y%

Aluguéis e Leasing xxx y% xxx y%

7.4. Juros sobre capital próprio e dividendos xxx y% xxx y%

7.5. Lucros retidos/prejuízos do exercício xxx y% xxx y%

(=)Total 100% 100% Fonte: Azevedo, 2008 p.129

É fundamental entender a grande importância da DVA. Com base nesse

relato, o autor Ariovaldo dos Santos salienta:

Quanto à importância da DVA, parece que é inquestionável seu auxílio no cálculo do PIB e de indicadores sociais extremamente importantes. As decisões de investimentos por áreas, regiões, Estados etc. terão nessa demonstração excelente instrumental para auxiliar na solução de conflitos. (SANTOS, 2003, p. 36).

3.3.2 Objetivos da DVA

Insta salientar neste ponto, quando uma sociedade efetua a produção

cria riqueza, a qual é representada pela diferença obtida pela subtração do

valor das vendas como o valor pago a terceiros a título de insumos para a

obtenção dos produtos, mercadorias ou serviços, que na verdade, os

fornecedores de insumos também geraram riquezas quando os produziram.

Dados este elementos tem-se a razão pela qual são diminuídos, na parte

inicial da DVA, o valor pago a terceiros para a aquisição das mercadorias e

serviços vendidos e pela utilização de insumos e materiais (de limpeza, de

42

escritório, de propaganda e publicidade), bem como pelos demais consumos

administrativos.

Nas palavras de Neves e Viceconti (2005) é de se notar que a

transferência da riqueza aparece na parte inferior da demonstração,

evidenciando a sua efetiva distribuição na forma de pagamento de impostos

para a Administração Pública (tributos), ou como remuneração do trabalho ou

do capital (de terceiros pela obtenção do capital sob a forma de emprestimo

proprio, na forma de risco assumido pelos proprietários).

O que vale a pena registrar é que a DVA, via de regra, fornece uma

visão bem agrangente sobre a capacidade real de uma sociedade produzir

riqueza (no sentido de agregar ou adicionar valor em seu patrimonio) e sobre a

forma como distribui essa riqueza entre os diversos fatores da produção

(trabalho, capital proprio ou de terceiros, órgãos do govero).

Um tremendo contra senso, embora seja incipiente a utilização e

divulgação da produção de riquezas por um empresa, no Brasil, ela tão-

somente costuma ser inserida por um grupo seleto de empresas

comprometidas com a responsabilidade social.

3.3.3 Componentes da Demonstração

Conforme Azevedo (2008), a DVA deve evidenciar os seguintes

componentes:

a) a receita bruta e as outras receitas não operacionais;

b) os insumos adquiridos de terceiros;

c) os valores retidos pela entidade;

d) os valores adicionados recebidos (dados) em transferência a outras

entidades;

e) valor total adicionado a distribuidor; e

f) distribuição do valor adicionado.

3.3.3.1 Cálculo do Valor Adicionado (Agregado),

Grosso modo, o valor adicionado bruto pode ser calculado pela

diferença entre o valor das receitas e o valor total dos insumos adquiridos de

terceiros, conforme cita Santos (2003);

43

3.3.3.2 Distribuição do Valor Adicionado (Agregado),

Conforme Santos (2003), neste componente, alguns valores devem ser

considerados, tais como:

a) pessoal e encargos;

b) impostos, taxas e contribuições;

c) juros e aluguéis;

d) juros sobre o capital próprio e dividendos;

e) lucros retidos/prejuízo do exercício.

3.4 Aplicação da DVA para fins de Análises Macroeconômicos

Nas considerações preliminares deste apresentou-se os aspectos

conceituais e os parâmetros da DVA enquanto instrumento poderoso e auxiliar

do Balanço Social, uma vez que as empresas, na atualidade, tem se

preocupado em evidenciar publicamente que seu objetivo vai além da geração

de lucro.

Neste tópico a análise se volta para as aplicações da DVA para fins de

avaliações macroeconômicas, cujos objetivos desta ciência, se concentram em

observar, principalmente questões como: a estabilidade de preços, a inflação, o

índice de empregos, entre outros.

A DVA é uma demonstração bastante útil, inclusive do ponto de vista macroeconômico, uma vez que, conceitualmente, o somatório dos valores adicionados (ou valores agregados) de um país representa, na verdade, o seu Produto Interno Bruto - PIB. (AZEVEDO, 2008, p. 120).

3.4.1. Aplicação para Cálculo do PIB

Nas palavras de Luca (1998), o PIB é um indicador econômico do país

útil para que se saiba o grau de desenvolvimento deste, e representa a soma

em valores numéricos de todos os bens e serviços finais produzidos por todos

os agentes econômicos daquele país em determinada região, durante certo

período como trimestre ou ano, noutros termos, representa, a “riqueza da

nação”,

44

Ainda segundo Luca (1998), o cálculo do PIB pode ser realizado sob três

enfoques: produto, renda e despesa.

É o indicador mais utilizado pela ciência da macroeconomia, pois seu

objetivo é mensurar a atividade econômica de um país.

O produto nacional de um país ou de uma economia deve ser entendido como a expressão em unidades monetárias de todos os bens e serviços produzidos em um determinado período. Normalmente, o período considerado é de um ano e não se pode esquecer de que nessa medição deverão ser eliminadas as duplas contagens relativas aos produtos intermediários [...] farinha de trigo na fabricação de pães, bolachas, macarrão etc. (SANTOS, 2003, p. 31)

Se todos os agentes econômicos, compreendido: as empresas, pessoas

físicas, entidades sem fins lucrativos de cada país realizassem religiosamente

o cálculo de seus valores adicionados, poderia dizer com certeza que o PIB

seria mais facilmente calculado através da soma de valores.

A DVA além de maior facilidade no processo de obtenção dos dados e

de maior precisão dos dados que são utilizados no trabalho de apuração do

produto nacional, a DVA evidencia alguns elementos, como, por exemplo, a

depreciação, que, nos dias de hoje, é calculada com base em estimativas

absolutamente aleatórias.

3.5 Aplicação para Análises de Investimento

Neste ponto a DVA pode ser utilizada dentro de um contexto social bem

mais abrangente que no caso da sua aplicação para cálculo do PIB,

apresentado nos parágrafos anteriores.

Por meio deste instrumento é possível entre outros pontos, verificar os

seguintes: a contribuição da empresa à sociedade em geral através de

pagamentos de impostos ao governo, o nível de participação da mão-de-obra

na geração de sua riqueza, bem como, a sua contribuição para a riqueza

regional de onde estiver instalada.

45

3.6 Aplicação para Avaliação de Projetos de Instalação de Empresas

Transnacionais.

As relações entre os países e as empresas transnacionais se

caracterizam pela harmonia de interesses existente entre eles, baseada em

concessão de benefícios mútuos decorrentes da promoção de novas atividades

econômicas geradas a partir do fluxo de fatores de produção, bens e serviços,

além das fronteiras nacionais.

Em geral ainda sobre a questão da aplicação da DVA na avaliação de

projetos de investimentos de empresas transnacionais, acrescenta-se que:

O investidor estrangeiro oferece capital, know-how (tecnológico e gerencial), novas oportunidades de comercialização e uma certa estrutura de desenvolvimento econômico (industrial, comercial, etc.) para o país. O país que recebe o investidor estrangeiro oferece acesso ao mercado interno, aos recursos naturais e algumas vantagens determinadas, tais como mão-de-obra específica e isenção ou redução de impostos. Nesse intercâmbio de benefícios, a adequada alocação dos recursos deve proporcionar resultados positivos a ambos participantes, ou seja, investidor estrangeiro e país receptor. (LUCA, 1998, p. 36).

E prossegue ainda que:

A avaliação dos benefícios que o investimento estrangeiro pode trazer para o país receptor pode ser efetuada por meio da análise da DVA. Com base nessa demonstração podem ser avaliados os seguintes benefícios: níveis de remuneração da mão-de-obra empregada; nível de contribuição do investimento estrangeiro para economia do país (região) onde o investimento foi aplicado; níveis de remuneração do capital empregado: próprio e de terceiros etc. (LUCA, 1998, p. 45).

Segundo o autor Eliseu Martins:

Alguns países, como a Índia e vários da África, exigem que qualquer empresa de fora que queira lá se instalar mostre qual o valor adicionado que vai gerar. De nada lhes adianta quem vende muito, mas comprando muito (como alguns montadoras), pouco valor agregado de riqueza nova. (MARTINS apud LUCAS, 1998, p. 27).

46

3.7 A DVA e o Processo de Tomada de Decisão

Dentro do processo decisório da empresa várias fases são

determinantes para ao final aperfeiçoar os resultados e garantir a continuidade

da empresa pretensão dos gestores em todos os segmentos.

A DVA tem como função primordial, como já restou salientado neste

contexto, a divulgação e identificação da riqueza gerada pela empresa, bem

como, sua distribuição, resta então identificar de que forma tais informações

interferem no processo de tomada de decisões de uma empresa.

Saber se a empresa está concretizando seus planos objetivados na

constituição da sociedade, se transmite com instrumentos hábeis, como é o

caso do Balanço Social, bastante utilizado para aferir de forma adequada os

resultados da empresa na área socioeconômica, permitindo aos seus gestores

uma perfeita e harmoniosa avaliação dos fatos sociais vinculados à empresa.

Trata-se da DVA que apresenta a riqueza criada pela empresa e sua

distribuição entre os vários elementos que contribuíram para sua criação, que

embasado nestes dados informativos acerca da riqueza o gestor poderá

considerar os pontos que não superaram as expectativas da empresa para, a

partir daí, projetar novos rumos buscando corrigir esses desvios.

3.8 Representação Gráfica da DVA continua

DEMONSTRAÇÃO DO VALOR ADICIONADO DO EXERCÍCIO DE 20X1

1 RECEITAS 10.000

1.1 Vendas de mercadorias, produtos e serviços 10.000

1.2 Provisão para devedores duvidosos reversão/constituição -

1.3 Não operacionais -

2 INSUMOS ADQUIRIDOS DE TERCEIROS 1.500 (incluem os valores dos impostos: ICMS e IPI)

2.1 Matérias-primas consumidas -

2.2 Custo das mercadorias e serviços vendidos -

2.3 Materiais, energia, serviços de terceiros e outros 1.500

2.4 Perda/Recuperação de valores ativos -

47

3 VALOR ADICIONADO BRUTO (1 - 2) 8.500 4 RETENÇÕES -4.1 Depreciação, amortização e exaustão -

5 VALOR ADICIONADO LÍQUIDO PRODUZIDO PELA ENTIDADE (3 - 4) 8.500 6 VALOR ADICIONADO RECEBIDO EM TRANSFERÊNCIA - 6.1 Resultado de equivalência patrimonial -

6.2 Receitas Financeiras -

7 VALOR ADICIONADO TOTAL A DISTRIBUIR (5 + 6) 8.500 8 DISTRIBUIÇÃO DO VALOR ADICIONADO 8.500 8.1 Pessoal e encargos 3.250

8.2 Impostos, taxas e contribuições 2.372

8.3 Juros e aluguéis 600

8.4 Juros sobre capital próprio e dividendos -

8.5 Lucros retidos/prejuízos do exercício 2.278

Fonte: SANTOS, 2003, p. 58 conclusão Quadro 1: Representação esquemática da Demonstração do Valor Adicionado.

3.9 Comentário da Representação Gráfica

Um breve comentário será abordado sobre os itens que compõem a

DVA para a formação do Valor Adicionado.

Ariovaldo dos Santos (2003), em sua teoria destaca o seguinte:

1.1 Vendas de mercadorias, produtos e serviços: esse item corresponde à

receita bruta (incluindo o valor do ISS sobre as vendas), bem como outras

receitas não alocadas em outros itens. No exemplo, o valor de R$

10.000,00 refere-se à prestação de serviços.

2.3 Materiais, energia, serviços de terceiros e outros: o valor de R$ 1.500,00

desse item refere-se ao gasto com energia elétrica, água e materiais de

escritório.

3 Valor adicionado bruto: diferença aritmética entre os itens 1 e 2, portanto,

R$ 8.500,00.

5 Valor adicionado líquido produzido pela entidade: diferença aritmética entre

os itens 3 e 4 portanto, R$ 8.500,00.

48

7 Valor adicionado total a distribuir: soma dos itens 5 e 6. No exemplo, o

montante de R$ 8.500,00 deve ser igual à distribuição do valor adicionado.

8 Distribuição do valor adicionado. Nesse item sua composição é formada

pelos sub-itens:

8.1 Pessoal e encargos: gasto com mão-de-obra própria tanto como custo ou

despesa administrativa totalizando o montante de R$ 3.250,00.

8.2 Impostos, taxas e contribuições: Toda riqueza destinada ao governo

corresponde a esse item, sendo exemplificados pelos valores de R$

1.122,00 para o IR/CS, R$ 500,00 para o ISS sobre as receitas e R$

750,00 corresponde ao INSS devido e de responsabilidade da empresa.

8.3 Juros e alugueis: gastos com aluguéis e despesas financeiras do período

faz parte desse item. No exemplo o valor de R$ 600,00 corresponde aos

gastos com aluguel de equipamentos.

8.5 Lucros retidos/prejuízo do exercício: trata-se da parcela do lucro que ficou

retida na empresa. O valor do lucro retido corresponde ao próprio lucro do

exercício de R$ 2.278,00 pelo fato de não ter ocorrido pagamentos a título

de juros sobre capital próprio e dividendos como demonstra o exemplo.

49

CONCLUSÃO

Este trabalho procurou relatar a importância da DVA gerando

informações sociais e econômicas à sociedade, enfatizando o valor da riqueza

gerada pela empresa, e divulgar que este demonstrativo é o passo fundamental

da ciência da contabilidade.

Com este trabalho procurou, inicialmente, mostrar que a

responsabilidade social, tema bastante discutido, revela que a missão de uma

empresa vai além da produção de riquezas, ela é também um agente social e,

como componente da sociedade, deve prestar contas aos demais. O

compromisso social de uma empresa tem como instrumento de aferição dos

seus resultados na área socioeconômica é o Balanço Social.

O Balanço Social mostra o desempenho da política social existente na

empresa e, como parte deste conjunto de informações, encontra-se a DVA, que

apresenta dados econômicos referentes à criação de riqueza pela organização

empresarial e à distribuição aos fatores que contribuíram para a sua criação.

A contabilidade, numa visão social, está intimamente à responsabilidade

social da empresa, de modo, que sua finalidade é fornecer informações para

permitir aos seus usuários uma avaliação dos efeitos das atividades da

empresa sobre a sociedade onde esta inserida.

Tornou-se evidente a importância da contabilidade, e a cada dia com as

profundas mudanças ocorridas na visão empresarial e mercadológica a antiga

preocupação fiscal dá espaço permanente para a estrutura de uma cultura

societária e gerencial, verifica-se ainda mais real a importância desta ciência

para as organizações.

A Contabilidade é uma das ciências mais antigas que se tem

conhecimento e não surgiu em função de qualquer tipo de legislação fiscal ou

societária, tampouco embasada em princípios filosóficos, ou em regras

estipuladas por terceiros, mas pela necessidade prática dos gestores e a

preocupação em encontrar um instrumento que lhes permitisse, entre outros

benefícios, conhecer, controlar, medir resultados.

Esta ciência surge desde o momento em que existe um organismo

econômico e tem como principal objetivo demonstrar a vida econômica e as

mutações pelas quais ele passa. Graças ao crescente volume de transações

50

comerciais a contabilidade passou a fornecer as informações que pudessem

servir de suporte ao processo de tomada de decisões.

Dessa forma, o principal objetivo deste estudo foi avaliar o poder de

aferição representado pela DVA no que concerne a informações sobre a

formação de riqueza pelas empresas e sua distribuição aos agentes

econômicos que ajudaram a criá-la, como proprietários, sócios e acionistas,

governo, financiadores externos e empregados.

A DVA, sinteticamente, tem como objetivo-fim informar ao usuário o

valor da riqueza criada pela empresa e a forma de sua distribuição. Não deve

ser confundida com a DRE, pois esta tem suas informações voltadas quase

exclusivamente para os sócios e acionistas, principalmente na apresentação do

lucro líquido, enquanto a DVA está dirigida para a geração de riquezas e sua

perspectiva distribuição pelos fatores de produção (capital e trabalho) e ao

governo. Várias empresas a evidenciam voluntariamente.

Ao final do estudo, tornou-se possível afirmar que os indicadores

retirados da DVA se constituem num excelente avaliador da distribuição da

riqueza, à disposição da sociedade, no entanto, sem nenhuma pretensão de

substituir outros indicadores de riqueza já existentes, ou, até mesmo, rivalizar

com eles, confirmando a pergunta problema e atendendo os objetivos

propostos.

51

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