Newsletter Julho-Agosto 2010

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EMAC 2010: Uma panorâmica pouco objectiva [link] Nesta edição: > Seminário MEDIAÇÃO CULTURAL NOS MUSEUS. Estratégias de Aprendizagem para o Sucesso. 15 e 16 de Julho de 2010. em parcercia com: Para que servem as conferências? Este foi o ponto de partida para o Seminário dos dias 15 e 16 de Julho. Para um primeiro encon- tro organizado pela Mapa das Ideias, quisemos oferecer um mo- mento especial para reflexão e conversa. Sobre as nossas conclusões do EMAC 2010, já falámos na newsletter anterior. Por essa razão, reservámos esta para as co- municações dos nossos participantes. No entanto, três notas impõem-se. Primeiro, o seminário não teria sido possível sem o apoio da Câmara Municipal de Loures que generosamente partilhou dois museus fantásticos: Museu de Cerâmica de Sacavém e o Museu Municipal de Loures. Mapa das Ideias . Julho e Agosto de 2010 . 01 Por Inês Bettencourt da Câmara [link]

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Último número em português

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EMAC 2010: Uma panorâmica pouco objectiva [link]

Nesta edição:> Seminário MEDIAÇÃO CULTURAL NOS MUSEUS. Estratégias de Aprendizagem para o Sucesso. 15 e 16 de Julho de 2010.

em parcercia com:

Para que servem as conferências? Este foi o ponto de partida para o Seminário dos dias 15 e 16 de Julho. Para um primeiro encon-tro organizado pela Mapa das Ideias, quisemos oferecer um mo-mento especial para reflexão e conversa.

Sobre as nossas conclusões do EMAC 2010, já falámos na newsletter anterior. Por essa razão, reservámos esta para as co-municações dos nossos participantes. No entanto, três notas impõem-se. Primeiro, o seminário não teria sido possível sem o apoio da Câmara Municipal de Loures que generosamente partilhou dois museus fantásticos: Museu de Cerâmica de Sacavém e o Museu Municipal de Loures.

Mapa das Ideias . Julho e Agosto de 2010 . 01

Por Inês Bettencourt da Câmara [link]

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Tratam-se de projectos de referência na museologia nacional e foi muito reconfortante ouvir nas palavras do Vice-Presidente, João Paulo Domingues, uma visão de empreendedorismo cultural.

Segundo, desde o dia 15 de Julho que as circunstâncias de trabalho de alguns colegas que participaram no EMAC 2010 alteraram-se dramaticamente, como é o caso de Michael Turnpenny do Renaissance Yorkshire. Os cortes que atingiram as políticas culturais no Reino Unido definirão uma mudança drástica na forma como os seus museus e os agentes culturais se relacionam.

Terceiro, começou na semana passada um debate iniciado por Pedro Manuel Cardoso, através do grupo de discussão http://ml.ci.uc.pt/mailman/listinfo/museum. “Os museus são lugares perigosos para as suas colecções graças aos animados serviços educativos” foi a principal mensagem da sua comunicação provocadora. O debate vai animado com contributos muito, muito interessantes. Aguardamos com expectativa uma conferência que poderá nascer desta discussão.

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Aqui fica o meu contributo:Confesso que sou leitora assídua da listagem, embora seja a primeira vez que a utilize para mais do que divulgação das minhas actividades profissionais.

Este debate lançado pelo Senhor Pedro Manuel Cardoso deixou-me perplexa na primeira abordagem, porque trabalho, justamente, na dita agitação sócio-cultural. Devo confessar que trabalho nesta área da mediação cultural e da relação com os públicos porque assim o escolhi. Porque acredito, tal como diz o Dr. Luís Raposo, que não existem museus sem públicos e que este foi o seu princípio fundador.

Aliás, é o encontro entre o visitante e a colecção (mesmo que seja uma colecção de ideias, tal como pode hoje acontecer graças às TIC), que torna o Museu uma instituição única, sem paralelo na forma como pode oferecer experiências e, acima de tudo, conhecimento.

Ora, este conhecimento - tal como um objecto que por si só (desculpem os ortodoxos) não fala - entre a materialidade e a ideia, num contexto de educação informal e de lazer, pode e deve ter impactos profundos na formação de cidadãos. A ideia de Greenwood de que«Um Museu e uma Biblioteca Pública são tão necessários para o bem-estar mental e moral dos cidadãos, como boas condições sanitárias, água canalizada e iluminação pública são para a sua saúde física e conforto.» mantém-se hoje tão actual e tão absolutamente revolucionária como era em 1888.

Numa época de crise tão profunda que vivemos, o Museu tem como obrigação oferecer um serviço educativo sustentado que, efectivamente, não se pode esgotar na “animação” e no “piquenique”, mas que é essencial para garantir o cumprimento da sua missão. Colecções sem públicos não vivem.

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No passado dia 15 de Julho, teve lugar no Museu de Cerâmica de Sacavém a primeira sessão do Seminário “Mediação Cultural nos Museus - Estratégias de Aprendizagem para o Sucesso”, organizado pela Mapa das Ideias em parceria com a Câmara Municipal de Loures.

Sob o tema “Museus: uma estratégia para o Futuro” Maria Vlachou partilhou uma reflexão crítica sobre a actual prática museológica em Portugal à luz do polémico “Planeamento Estratégico do IMC” que em seis “eixos estratégicos e prioridades” enunciados em breves tópicos, é seguramente insuficiente para cumprir uma efectiva estratégia para o futuro. Para Maria Vlachou, os museus devem ser museus para as pessoas, relevantes e acessíveis, e é precisamente sobre o público que deve assentar uma visão para o século XXI, porque um museu sem visitantes, não existe.

Inês Câmara apresentou uma revisão sobre os vários temas discutidos na “European Museum Advisors Conference 2010” (EMAC), realizada em Helsínquia no início de Junho e na qual participou juntamente com Joaquim Jorge. De uma forma geral, os museus deixaram de ser instituições fechadas e estão cada vez mais envolvidos e seriamente comprometidos com a sociedade. Para além das suas funções pedagógicas, científicas e culturais, o museu é, cada vez mais, um instrumento válido para a formação social e até emocional das comunidades onde se integra, devolvendo sentidos e valores fundamentais para o desenvolvimento local. De acordo com a apresentação da Inês e do Joaquim Jorge: Museums are about love; dreams; people; time and life.

Rui Gato, representante da “Agência Nacional para a Gestão do Programa Aprendizagem ao Longo Vida” (PROALV), e Joaquim Jorge procuraram clarificar todos os procedimentos relativos ao Programa Grundvtig que promove várias actividades e financiamento através de um sistema de cooperação a nível europeu, que pode ser uma solução viável para muitos agentes, empresas ou particulares, que

trabalham na área da cultura.

O aplaudido projecto “Rota Histórica das Linhas de Torres”, desenvolvido por um conjunto de seis municípios que constituem a “Plataforma Intermunicipal para as Linhas de Torres” (PILT), foi apresentado por Florbela Estêvão e Joaquim Jorge. Para além de darem a conhecer o conteúdo do referido projecto, discutiram algumas questões sobre o Mecanismo Financeiro do Espaço Económico Europeu (EEE).

Não obstante a pertinência de todas as questões práticas relacionadas com o financiamento de projectos, no final do primeiro dia deste Seminário confirma-se, sobretudo, a necessidade de reflectir sobre a redefinição do papel dos museus nas sociedades contemporâneas, as suas funções, os seus objectivos. A mercantilização da cultura e a emergência das identidades locais perante os processos da globalização económica, política e cultural contribuíram para a crescente valorização dos museus, da arte e do património nas políticas culturais. Contudo, cabe aos agentes culturais e aos profissionais da área, em estreita colaboração com as populações, encontrar soluções eficazes que permitam assegurar a qualidade e relevância dos museus enquanto lugar privilegiado de reflexão sobre o passado, o presente e o futuro.

Uma panorâmica do Seminário [link]Por Felisbela Fonseca [link]Mestranda em Comunicação, Cultura e Tecnologias de Informação (ISCTE_IUL)

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Museus: uma estratégia para o futuro [link]

Como também falhamos na elaboração do diagnóstico que nos levará à definição do fim. Normalmente, anunciam-se medidas e acções, sem considerar o ponto onde estamos e o ponto onde queremos chegar. Voltando a olhar para o documento Planeamento estratégico do IMC: Museus para o séc.XXI, considero-o um exemplo típico desta forma de elaborar planos chamados ‘estratégicos’.

Para preparar a minha análise do referido documento, aproveitei para olhar novamente para dois outros planos estratégicos.

Em 2005, o Department for Culture, Media and Sports (DCMS – o equivalente britânico do Ministério da Cultura) iniciou um processo de consulta junto das entidades ligadas aos museus, intitulado Understanding the Future: Museums and 21st century life (de assinalar a ausência da palavra ‘estratégia’ e a presença da palavra ‘vida’). O DCMS identificou cinco temas principais para este processo de consulta:

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Foi-me solicitado fazer uma análise crítica do documento Planeamento estratégico do IMC: Museus para o séc.XXI, que foi apresentado em Janeiro 2010.

Um primeiro reparo que gostaria de fazer é que nos nossos dias parece que o adjectivo ‘estratégico’ define qualquer tipo de ideia, projecto, iniciativa. O termo é usado e abusado e pergunto-me cada vez mais se os que o utilizam entendem mesmo o seu significado. Olhemos para a etimologia da palavra:

Estratégia s.f. (gr. strategia). Parte da arte militar que trata das operações e movimentos de um exército, até chegar à presença do inimigo. Fig. Arte de dirigir operações e combinações para conseguir um fim.

Portanto, nem toda e qualquer acção é ‘estratégica’. Para o ser, tem que fazer parte de um plano através do qual se pretende conseguir um fim. Na maioria dos casos, falhamos na definição desse mesmo ‘fim’.

Por Maria Vlachou [link]

1. Uso das colecções

2. Aprendizagem e investigação

3. Carreiras, formação e liderança

4. Coerência e representatividade (advocacy)

5. Parcerias e avaliação do valor

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Com base nestes temas, foram elaboradas 13 perguntas. O DCMS apresentou um resumo das respostas recebidas, antes de avançar para a sua análise e elaboração do documento final.

No seguimento do diagnóstico feito:

1. Foi criado um grupo de trabalho, que envolvia vários stakeholders, que por sua vez entraram em contacto com grupos e associações específicas, de forma a alargar a consulta;

2. Promoveu-se um seminário para discutir propostas concretas;

3. Foi publicado em 2006 um documento estratégico, que estabelecia os objectivos do DCMS a longo prazo, intitulado Understanding the Future: Priorities for England´s Museums.

Um outro processo que ia levar à elaboração de um plano estratégico foi iniciado em 2008 por iniciativa da Câmara Municipal de Lisboa. Os agentes culturais foram chamados para opinar sobre os seguintes temas:

Conhecer

Criar

Distribuir

Lembrar

Participar

Planear

Representar

Temas mais codificados, mais ‘poéticos’, quando comparados com a forma directa como os ingleses comunicam, que se traduziram em perguntas concretas que foram discutidas em debates abertos. Nessa fase, e para além da análise das questões discutidas nos debates, foi ainda estudada a bibliografia existente, foram feitas entrevistas, analisaram-se estudos de caso, opiniões e sugestões de todos os envolvidos. Com base neste diagnóstico, foi identificada a visão e de seguida os eixos estratégicos e os objectivos, que levaram à formulação de medidas e projectos concretos. O resultado deste processo encontra-se num documento que foi publicado em 2009 e intitula-se Estratégias para a Cultura em Lisboa.

A apresentação do documento Planeamento estratégico do IMC: Museus para o séc.XXI apanhou-me de surpresa. A Ministra da Cultura e a nova Direcção do IMC tinham tomado posse dois-três meses antes e não me tinha apercebido de ter sido feita uma consulta aos agentes ligados aos museus a fim de ser elaborado um diagnóstico.

Para além da questão do timing e da ausência de uma consulta prévia, a extensão do documento também me surpreendeu. Não acredito que seja na quantidade que se encontra a qualidade, mas um plano estratégico para os museus do século XXI não pode ser um documento de quatro páginas.

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No entanto, ao ler o documento pela primeira vez, percebi a razão pela ex-tensão limitada: não apresenta um diagnóstico, não apresenta a visão do MC/IMC; apenas seis eixos, anali-sados em pontos que demonstram alguma falta de compreensão rela-tivamente ao que constitui um eixo estratégico, uma medida ou uma acção. Uma outra questão que marcou a primeira leitura que fiz do documento foi a total ausência da palavra pessoas ou públicos. Para quem é que os museus existem afinal?

Partilhei estas minhas preocupações e críticas no meu blog Musing on Culture no dia 15 de Março. Alexandre Pomar comentou e indicou-me que no discurso da Ministra da Cultura, aquando da apresentação do plano, encontrava-se a visão e o contexto para as medidas propostas. Li, então, o discurso e encontrei então algumas indicações esclarecedoras.

Passo a citar:

“… respeito pelo cidadão a quem [os museus] se desti-nam…”

“… surgimento de meios mais eficazes de comunicação e percepção generalizada da eficácia do marketing…”

“… objectivo nuclear de estabelecer uma relação mais est-reita entre o património e as respectivas comunidades…”

No entanto, o entendimento da Ministra relativamente à missão dos museus não poderia ter ficado mais claro do que nesta afirmação final:

“ Todos estes objectivos em nada alteram o cerne funda-mental da missão museológica: a preservação, estudo e enriquecimento das colecções e acervos, numa perspec-tiva científica e histórica condigna com a nobreza do seu conceito primordial! Que isto fiquem bem claro!”.

Mais uma vez, na batalha fictícia ‘colecções vs. Público’ gan-ham as colecções. No entanto, de acordo com a definição do ICOM, as funções do museu são cinco – coleccionar, preservar, documentar, expor e comunicar – e não se define de forma alguma que as três primeiras são mais importantes que as duas últimas. Olhando novamente para o documento do plano estraté-gico, gostava de comentar mais pormenorizadamente sobre o que entendo ser uma falta de compreensão relativamente ao que constitui um eixo, uma medida e uma acção.

• Os Eixos 1 (Reenquadramento do sistema de gestão dos museus tutelados pelo MC/IMC) e 2 (Inovação de mode-los de gestão nos museus e palácios do MC/IMC), e talvez também o 4 (Consolidação e crescimento sustentado da RPM), dizem todos respeito a questões de gestão. Penso, por isso, que os pontos neles referidos (entre medidas e acções) deveriam ser repensados.

• A propósito do Eixo 2, coloco as seguintes questões:

- o que há de inovador no planeamento e calendarização de obras e como é que isto constitui uma medida no âm-bito de um plano estratégico?

- não deveriam ser referidas acções concretas relativamente à monitorização e avaliação do planeamento estratégico?

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• Todas as medidas e acções anunciadas no Eixo 3 (Gov-ernança de proximidade com os representantes e asso-ciações de profissionais dos sectores da Cultura, das Uni-versidades, da Museologia e da Conservação e Restauro, e com os municípios, as regiões autónomas, entidades públicas, as dioceses, as misericórdias, as fundações e out-ros agentes) dizem respeito ao património e às colecções e não referem de todo a relação com os públicos.

• O Eixo 5 (Política coerente e integrada de preservação, estudo, documentação e comunicação das colecções de bens materiais móveis e do património imaterial) faz referência quase a todas as funções do museu (deixa de fora as exposições) e, em vez das medidas que iriam con-cretizá-lo, encontramos apenas algumas acções, entre elas:

- Continuação da política de inventário e digitalização das colecções;

- Reenquadramento da política de documentação fotográfica do IMC;

- Estabelecimento de prioridades nas relações internacionais do IMC: Encontro ICOM-CC 2011, participação nas orga-nizações europeias do sector museológico; realização do II En-contro Ibérico, cooperação africana;

- Publicação da revista Museologia.pt, actas de encontros.

Acções como estas não podem, obviamente, substituir a definição de medidas que poderão concretizar uma políti-ca coerente e integrada.

Resumindo, o plano estratégico do IMC não nos escla-receu, como devia, sobre o ponto em que os museus se encontram hoje e o ponto onde querem chegar. Não apre-sentou uma visão, que se pudesse traduzir em objectivos, medidas e acções concretos, que orientassem toda a ac-tividade dos museus, nas suas múltiplas funções. Voltou a enfatizar a importância das colecções em detrimento dos públicos. Na verdade, este não é um planeamento estra-tégico e não nos mostra o caminho para a frente. Aliás, já em Abril, menos de três meses depois de ter sido apre-sentado, numa entrevista à revista L+Arte, João Carlos Brigola, Director do IMC, definia-o como um documento que fazia parte de um work in progress, e que, analisadas as várias opiniões expressas sobre o mesmo, iria ser elab-orada uma versão definitiva. Penso que os dois exemplos de planeamento estratégico acima referidos (do DCMS e da Câmara Municipal de Lisboa) são suficientes para per-cebermos que o caminho deveria ter sido o contrário.

Qual é a minha visão, seria justo de perguntar. Sonho com museus para as pessoas, relevantes e acessíveis. Museus que não se limitam a preservar o passado, mas que nos le-vam a reflectir sobre o presente e o futuro. Museus atentos à ac-tualidade. Museus que envolvem, que inspiram e que entretêm.

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Leitura sugeridaPor Conceição Serôdio [link]

Empreendedorismo CulturalArjo KlamerComunicação apresentada na Erasmus University and Academia VitaeJune 2006Consultar www.klamer.nl

“As características do bom empreendedor culturalPor conseguinte, os bons empreendedores culturais têm as seguintes características:

1. Estão atentos às oportunidades (Kirzner).

2. São criativos em termos artísticos [culturais, patrimoni-ais] e também na forma como se organizam e se financiam.

3. Os conteúdos artísticos [culturais, patrimoniais] são a sua paixão e o seu compromisso; tudo o resto, incluindo os as-pectos económicos, são periféricos.

4. São persuasivos no sentido em que conseguem envolver bons artistas [profissionais] no seu trabalho, estimular in-teresse acerca da arte, envolver pessoas (e voluntários), e são capazes de gerar os fundos necessários, incluindo donativos.

5. Têm visão, coragem, esperança e fé.”

A classificação como empreendedores culturais depende das circunstâncias. As condições culturais têm grande importância. Nos Estados Unidos é muito mais fácil para conseguir apoios privados do que na Europa continental. O empreendedorismo cultural Europeu tem um carácter dife-rente e implicará histórias muito diferentes.

Links Importantes

Do seminário, ficaram referências importantes:Sobre o programa PROALV, consultar www.proalv.pt

Sobre o Arnjo Klamer, ver http://www.klamer.nl/

Sobre o projecto das Linhas de Torres, descubra tudo aqui http://www.rhlt.com.pt

O blogue da Maria Vlachou:http://musingonculture-pt.blogspot.comUm excelente grupo de discussão pode ser encontrado no http://ml.ci.uc.pt/mailman/listinfo/museum

Relembramos o Museologia Porto; www.museologiaporto.ning.comE o site do GPEARI que imensos documentos úteis: http://www.gpeari.pt/

Museu de Cerâmica de Sacavém / Câmara Municipal de LouresConceição Serôdio generosamente partilhou um conjunto de artigos com os participantes. Escolhemos e traduzimos este excerto por se adequar ao espírito do grupo do Seminário.

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Linhas de Defesa de Lisboa/ Linhas de Defesa de Torres VedrasPor Florbela Estevão [link]

O conjunto de estruturas militares designadas como “Linhas de Defesa de Torres Vedras”, corresponde a cerca de centena e meia de obras militares, edificadas numa conjuntura de relevância nacional e europeia. Fortemente alicerçadas na topografia do território, pontuam os cumes de maior altitude ou de melhor visibilidade da paisagem e domínio das princi-pais estradas, que permitiam o acesso à capital. O conjunto das estruturas militares, constituem linhas defensivas entre o Tejo e o Atlântico, sendo consideradas como um dos marcos da arquitectura e estratégia militares da história europeia.

No início do século XIX, os ideais igualitários que tinham presidido à Revolução Francesa, são esquecidos por novos sentimentos imperialistas e os exércitos napoleónicos in-vadem a Europa. Um dos grandes objectivos era conseguir o domínio da grande potência opositora, a Inglaterra. Na-poleão decreta em Novembro de 1806 o Bloqueio Conti-nental, impondo o encerramento dos portos europeus aos navios ingleses.

A França dominava na época toda a Europa continental, com excepção da Península Ibérica. Portugal procurou manter uma posição de neutralidade, mas face às ameaças de Inglaterra em usurpar as colónias, assume a aliança ingle-sa, o que explica as três invasões francesas.

No final da 2ª Invasão Francesa e prevendo-se novo ataque dos exércitos napoleónicos, Lord Wellitington, decide orga-nizar a defesa de Lisboa, através da edificação de uma cin-tura de fortificações em torno da capital, que reforçavam o papel dos obstáculos naturais do terreno. No seu todo foram edificadas quatro linhas: a 1ª e 2ª Linhas a norte da capital, ligando o Tejo ao Atlântico; uma 3ª Linha junto a Oeiras, que garantia a segurança da retirada do exército aliado; e uma 4ª em Almada, que garantia a defesa do porto de Lisboa. A França dominava na época toda a Europa continental, com excepção da Península Ibérica. Portugal procurou

manter uma posição de neutralidade, mas face às ameaças de Inglaterra em usurpar as colónias, assume a aliança ingle-sa, o que explica as três invasões francesas.

No final da 2ª Invasão Francesa e prevendo-se novo ataque dos exércitos napoleónicos, Lord Wellitington, decide orga-nizar a defesa de Lisboa, através da edificação de uma cin-tura de fortificações em torno da capital, que reforçavam o papel dos obstáculos naturais do terreno. No seu todo foram edificadas quatro linhas: a 1ª e 2ª Linhas a norte da capital, ligando o Tejo ao Atlântico; uma 3ª Linha junto a Oeiras, que garantia a segurança da retirada do exército aliado; e uma 4ª em Almada, que garantia a defesa do porto de Lisboa.

Em 24 de Julho de 1810 inicia-se a terceira invasão francesa, movimentando um contigente de tropas bastante maior do que as anteriores. Para esta invasão Napoleão nomeia as suas tropas de elite, sob o comando geral do General Massena.

A precariedade do exército napoleónico, o Inverno e a dificuldade em transpor as Linhas Defensivas, levou Mas-sena a retirar as tropas a 15 de Novembro, a coberto do ne-voeiro, o que atrasa a reacção do exército anglo-luso. A 4 de Março, estando esgotados todos os recursos, os franceses começam a retirada para o vale do Mondego. A derrota de Massena nas Linhas de Torres Vedras marcou o início da viragem da carreira vitoriosa de Napoleão Bonaparte.

No território do Município de Loures, foram edificadas 18 obras militares, vários escarpamentos, dois postos de sinais, um em Montachique e outro em Serves e várias estradas militares. Do conjunto existente destacamos algumas ob-ras militares que podem ser facilmente visitadas por todos aqueles que se interessam não só pelo património arque-ológico, militar e histórico, mas também pelas valias am-bientais, pois de todos eles se tem acesso a uma magnifica paisagem.

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Município de Loures /Rota Histórica das Linhas de Torres

As acções específicas a desenvolver pelo Município de Lou-res à semelhança com os restantes parceiros da Plataforma Intermunicipal, visam um conjunto de intervenções em ob-ras militares, apoiadas no Centro de Interpretação de Buce-las e articuladas em rede, com uma série de percursos desti-nados a públicos diferenciados. Do total das obras militares inventariadas na Carta Arque-ológica, que incluem Fortes, Redutos, Escapamentos, Bate-rias e Estradas Militares, foram seleccionados conjuntos or-ganizados por unidades de território, importância estratégia militar, estado de conservação. As obras seleccionadas estão na sua maioria em vias de classificação.

Embora o enfoque seja o património histórico militar, es-tes percursos estão interligados com outras valias como o património natural, geológico, gastronómico, museológico, histórico-cultural.

Aliar forças entre o sector público e privado

Antes de mais, Parabéns pela iniciativa. Penso que correu melhor do que qualquer um dos mais optimistas poderia esperar! De facto, no decorrer do 1º seminário da Mapa das Ideias surgiram interacções muito interessantes entre os participantes. O conteúdo das apresentações empolgou a plateia, tendo suscitado análises muito pertinentes no âm-bito da cultura, traduzidas numa intensa reflexão e troca de ideias.

Abriram-se portas para a criação de parcerias e de sinergias tão usualmente citadas na actualidade. Afloraram valores de forte índole humano e assumiram-se intenções e ambições de chegar mais longe, de produzir com motivação, de trans-parecer resultados que possam ser desfrutados por todos aqueles que tenham vontade de o fazer.

E por isso foi muito bom. Existiram também desabafos, emoções, sugestões. Enfim, pode concluir-se que foi um networking intenso com muita partilha de informação e que

Por Florbela Estevão [link]

certamente trará os seus frutos, pelo menos foram disponibi-lizadas as ferramentas para esse fim. Como resultado destes dois dias de trabalho que acima caracterizei, ainda que de forma sucinta e empírica, constato o que já era uma verdade em mim. Podem até chamar-me lamechas, mas quando se age com amor é possível fazer acontecer. Muito obrigada a todos os que estiveram presentes por partilharem um pouco de vós e da vossa vontade e capacidade de acção.

Por último, deixo a sugestão de se propor à direcção do IMC uma mesa redonda, com o intuito de se fazer uma análise crítica ao seu planeamento estratégico, já que este documen-to foi alvo de apreciação, tendo levantado a vontade de se debaterem as medidas, eixos e estratégias apresentadas.

Com esta sugestão expresso a minha determinação de aliar forças entre o sector público e privado em virtude de uma maior competitividade e da conquista de melhores resulta-dos na área da Cultura.

Por Mariana Basto [link]ARGO Conservação e Restauro

Mapa das Ideias . Julho e Agosto de 2010 . 10

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