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« IDADE DO FERRO CULTURA CASTREJA
Cultura castrejaReconhecida pelos seus povoados amuralhados no topo de montes, com casas circulares, e pela sua cerâmica, esta cultura termina com a aculturação romana e com a movimentação das populações para a planície litoral, onde a forte presença dos Romanos, a partir de século II a.C., é visível nos vestígios das villas romanas.
Citânia de Sanfins. Foto de Isidro Vila Verde
Um castro é um tipo de povoado existente na Península Ibérica, característico da Idade do Ferro, de tipo
defensivo, com estruturas predominantemente circulares, revelando desde cedo a implementação de uma
«civilização da pedra», quer nas zonas de granito ,quer nas de xisto.
Uma cividade (substantivo feminino antigo de cidade) ou citânia é um castro de maiores dimensões e
importância, habitado continuamente. Além de terem relevância militar, eram também centros comerciais e
artesanais.
Castros e citãnias, em Portugal e Espanha
A cultura castreja do Noroeste peninsular apresenta uma forte personalidade no quadro da Proto-História
europeia. A sua originalidade foi já reconhecida pelos autores clássicos, em especial pelo historiador e geógrafo
grego Estrabão (64-63 a.C. – 24-25 d.C.), do tempo dos imperadores Augusto e Tibério.
Durante o desenvolvimento da Cultura Castreja, que percorre o I. Milénio a.C., desde pequenos povoados do
final da Idade do Bronze até ao aparecimento de grandes aglomerados urbanos, no final da Idade do Ferro, com a
Citânia de Briteiros, esta cultura conheceu, do mesmo modo que as civilizações europeias congéneres, importantes
inovações, que determinam os aspectos económicos, sociais e espirituais mais marcantes desta "primeira Europa":
• complexificação e hierarquização da sociedade e a problemática das origens do Estado;• movimentos migratórios e as relações entre os povos, com o alargamento dos intercâmbios
de longa distância, atlânticos, mediterrânicos e continentais, relacionados com aAntiguidade clássica e o mundo céltico;
• formação de famílias linguísticas e a identificação de entidades étnicas proto-históricas,ainda não conhecedoras da escrita mas contemporâneas de outras civilizações que autilizavam;
• processos de proto-urbanização e urbanização;• especialização do artesanato, nomeadamente na metalurgia e na cerâmica;
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• aparecimento de um novo reportório de expressões simbólicas da predominância masculina, como se evidencia na arte castreja do Norte de Portugal.
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FONTE: http://arqueo.org/ferro/cultura-castreja.html
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« IDADE DO FERRO CASTROS E CITÃNIAS
Castros e citãniasUm castro é um tipo de povoado existente na Península Ibérica, característico da Idade do Ferro, de tipo
defensivo, com estruturas predominantemente circulares, revelando desde cedo a implementação de uma
«civilização da pedra», quer nas zonas de granito, quer nas de xisto.
Citânia de Sanfins. Foto de Isidro Vila Verde
Uma cividade (substantivo feminino antigo de cidade) ou citânia é um castro de maiores dimensões e
importância, habitado continuamente. Além de terem relevância militar, eram também centros comerciais e
artesanais.
Segundo Jorge de Alarcão «aos castros, deram os Romanos o nome de castella, que aparece nas inscrições
do século I d.C. sob a forma abreviada de um C invertido [...]»
A característica mais típica dos castros é a sua fortificação. Os habitantes terão escolhido passar a viver no
monte como meio de protecção contra os saques e pilhagens levados a cabo por tribos rivais.
Castro de São Lourenço (Vila Chã, perto de Esposende)
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Castro de Coaña, Asturias.
Citânia de Briteiros, Portugal
Citânia de Sanfins, Paços de Ferreira, Portugal
Castro de Santa Tegra, Portugal
Cividade de Bagunte
Castro Sabroso
Citânia de S. Julião
Cividade de Terroso
Alto das Eiras
Castro de Vieira, Serra da Cabreira
Castro de S. Lourenço, Esposende
Castro de Chão de Carvalho
Castro de Lanhoso, Portugal.
Castro de Coaña, Asturias
Castro de Baroña, Galicia
Castro de Troña, Galicia
Castro de Noega-Gijón, Asturias
Los Cogotas, Ávila
La Mesa De Miranda
Castro de Baroña - Galiza
Castro de Cacabelos - Leão
Castro de Fazouro - Lugo
Castro Mao - Celanova, Província de Ourense
Um milhar de povoados!
A zona nuclear castreja corresponde a toda a Galiza e à região de Entre-Douro-e-Minho que confina a leste com
a área ocupada pelos povos da etnia Zoela e para além do rio Sabor.
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Existe uma grande densidade de castros no Alto Minho, em especial nos territórios dos concelhos de Caminha,
Vila Nova de Cerveira, Valença, Paredes de Coura, Viana do Castelo, Ponte de Lima e Esposende.
Na bacia do Ave-Vizela existe um maior conjunto de castros de grandes dimensões: a Citânia de Sanfins, a
Citânia de Briteiros, a Cividade de Bagunte, o Castro de Alvarelhos e ainda nas proximidades, a Cividade de
Terroso.
Em prospecção sistemática, Martins Sarmento deu conta da densidade da ocupação castreja, identificando
os principais povoados de Entre- Douro-e Minho, com mais minúcia no litoral do Minho e em torno de
Guimarães.
Cem anos depois, pode contabilizar-se cerca de um milhar de povoados fortificados para a generalidade do
território do Norte de Portugal.
A sua distribuição permite visualizar o perfil da ocupação das comunidades indígenas pré-romanas. Afastado
dos centros-motores do Mediterrâneo Central e da Europa “temperada”, onde ocupava posição nuclear o
complexo nortealpino ou Céltico, segundo a designação de Heródoto, à primeira vista, fica a impressão de que este
território ocidental, estando incorporado nas zonas periféricas da Europa, se terá desenvolvido em ritmo muito
lento.
Um vasto registo de elementos de carácter exógeno manifestam um quadro de relações de longo curso,
suavizando a imagem de isolamento que, a partir de alusões clássicas, se foi divulgando como índice de uma área
marginal.
Sintetizando trabalhos anteriores, na sequência cultural poderão definir-se três fases, que cobrem o primeiro
milénio a.C. e grande parte do século I d.C.
• A fase de formação terá ocorrido em contexto de óptimo climático e económico, relacionado com o desenvolvimento excepcional da actividade metalúrgica. Etapa final doBronze Atlântico e da I. Idade do Ferro na Europa, com relações continentais e mediterrânicas, corresponde à 1ª metade do I milénio a. C.
A sua primeira parte (IA) situa-se entre 1000 e 700 a. C. e o seu desenvolvimento (IB) durante os séculos VII e
VI a. C., revelando crescentes contactos interiores e meridionais.
Por vezes reocupando instalações anteriores, verificou-se, em geral, uma implantação ex novo dos povoados em
pontos estratégicos situados segundo uma diversidade topográfica, com realce para posições em remates de
esporões, de altitude média, visando primordialmente o controlo das bacias fluviais, em relação com as zonas de
aptidão agrícola e exploração de recursos naturais, nomeadamente mineiros, como o estanho e o ouro, e o acesso a
vias de penetração e comercialização, revelando integração num sistema económico de largo espectro.
Quer usar este texto em qualquer trabalho jornalístico, universitário ou científico? Escreva um email a
Paulo Heitlinger .
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FONTE: http://arqueo.org/ferro/castros.html
Citânia de Briteiros, cultura castreja
http://arqueo.org/ferro/citania-briteiros.html[28-10-2014 13:20:48]
Citânia de BriteirosO sítio arqueológico em território português que tem sido objecto de prospecção sistemática há mais tempo.
A Citânia de Briteiros, descoberta há 130 anos pelo arqueólogo Martins Sarmento, foi, no século XIX, um achado que atraiu a atenção dos
arqueólogos germânicos e nórdicos.
A citânia de Briteiros é um sítio arqueológico da Idade do Ferro, situado no alto do monte de São Romão, na freguesia de São Salvador de Briteiros,
concelho de Guimarães (a cerca de 15 km de distância, a Noroeste desta cidade).
É uma citânia com as características gerais da cultura dos castros do Noroeste da Península Ibérica. As ruínas consistem nos restos de uma
povoação murada, com traços culturais celtas.
Existem três linhas de muralhas, com dois metros de largura, em média, e cinco metros de altura.
A citânia situa-se num alto, por razões defensivas, tal como acontece com os castros.
A influência da romanização naquele povoado, no século I a.C., é evidenciada em numerosos vestígios, tais como inscrições latinas, moedas da
República, do Império, fragmentos de cerâmica importada (terra de sigillata), vidros, etc.
Revela-se nesta cultura traços da influência indígena no dispositivo topográfico da povoação, no traçado das muralhas, na planta circular das casas, no
processo da sua construção e na decoração com motivos geométricos.
O segundo balneário de Briteiros
Em trabalhos recentes, procedeu-se à limpeza de uma estrutura considerada um balneário, semelhante ao monumento bem conhecido, localizado
algumas centenas de metros abaixo. Mário Cardozo chegou a localizar, naquela outra estrutura de banhos (por ele tida como monumento funerário), a
implantação original da Pedra Formosa, que actualmente se guarda no Museu da Cultura Castreja, em Briteiros.
Tendo em conta a particularidade das estruturas de banhos para o estudo das características culturais da Idade do Ferro, e tendo em conta a
possibilidade de estarmos perante a localização original da paradigmática Pedra Formosa, o registo deste monumento reveste-se de grande
importância, na investigação arqueológica da Citânia, mau grado a sua parcial destruição, em 1932, com a construção da Estrada Nacional 306.
Depois de efectuada a limpeza e o registo arqueológico integral do monumento, pretende-se, como medida provisória de conservação, cobrir toda a
estrutura, até que futuras soluções de musealização se afigurem adequadas ao espaço. Entretanto, a Sociedade Martins Sarmento convida os
investigadores da área, os estudantes e todos os interessados, a visitar o monumento, dispondo de acompanhamento adequado.
Na apresentação que foi preparada para o XV Congresso da UISPP, descreve sumariamente a história da descoberta da Citânia de Briteiros, desde que
Francisco Martins Sarmento iniciou a sua escavação, em 1875, até à última campanha, realizada e no Verão de 2006, para além de mostrar os projectos
em curso e em lançamento naquela estação arqueológica.
Citânia de Briteiros, cultura castreja
http://arqueo.org/ferro/citania-briteiros.html[28-10-2014 13:20:48]
Rota da Citânia (percurso pedestre)
Foi aberta aos caminhantes a "Rota da Citânia", um percurso pedestre circular de quase 10 quilómetros traçado à volta da Citânia de Briteiros, num
espaço de grande beleza paisagística e riqueza patrimonial. Define-se como um percurso pedestre de pequena rota, por caminhos rurais, com dois
sentidos.
A Zona de Turismo de Guimarães é a entidade promotora deste projecto, que contou com a colaboração da Sociedade Martins Sarmento.
Temas relacionados
Situado a curta distância: Castro de Sabroso.
Citânia de Sanfins, cultura castreja
http://arqueo.org/ferro/sanfins.html[28-10-2014 13:21:22]
Citânia de Sanfins
Citânia de Sanfins, Paços de Ferreira. Foto de: Isidro Vila Verde
Surgiu por volta do séc. I a. C. e estende-se por cerca de 15 hectares. As mais de centena e meia de construções de planta circular e quadrangular, agrupadas em cerca de 40 conjuntos de unidades domésticas, estão protegidas por várias ordens de muralhas.
Vista aérea da Citânia de Sanfins, Paços de Ferreira.
Todas estas construções estão organizadas de forma notável, numa estrutura regular com arruamentos ortogonais. A Citânia de
Sanfins é uma das estações arqueológicas mais significativas da cultura castreja do Noroeste peninsular.
Ocupando uma colina com extensa plataforma central, aparece integrado no perímetro de montanhas de meia altitude em
afloramentos graníticos vindos desde os montes da Agrela em direcção a Norte.
Citânia de Sanfins, cultura castreja
http://arqueo.org/ferro/sanfins.html[28-10-2014 13:21:22]
A vasta panorâmica sobre toda a região de Entre-Douro-e-Minho, que dela se abrange, terá sido factor estratégico determinante do
desenvolvimento deste importante povoado.
A observação das suas áreas de influência permite questionar a formação deste “lugar central” no quadro da rede de povoamento
castrejo regional.
Tudo indica ter sido escolhido, na sequência da campanha militar de Décimo Júnio Bruto (138-136 a.C.) até à ocupação romana do
Noroeste (29-19 a.C.), como capital dos povos Calaicos, dos Brácaros, situados na margem direita do Douro.
O grande aglomerado da Citânia terá resultado da congregação de diversas comunidades limítrofes por motivos estratégicos
sequentes à campanha de Décimo Júnio Bruto, desempenhando, então, o lugar de capital regional (fase II).
Tendo-se transformado num castro reduzido, simples aldeia, kóma, segundo Estrabão, com a conquista do Noroeste pelos exércitos
de Augusto, ocupava apenas a plataforma limitada pela muralha central, onde se procedeu a uma profunda reestruturação urbana em
função do fomento da actividade metalúrgica (fase III).
Com as reformas flavianas praticadas na região, terá entrado num período de declínio, com uma população cada vez mais diminuta
a cultivar os campos das imediações, até ao seu abandono em meados do séc. IV (fase IV).
O cemitério cristão implantado na sua acrópole e a capela de S.Romão que se lhe sobrepunha documentam uma fase datada da
Baixa Idade Média (fase V), já sem qualquer relação de carácter cultural com a Citânia a não ser como reconhecimento de uma
ancestralidade, de que estes traços de natureza religiosa são a melhor evocação.
No centro do povoado a imagem tutelar de um guerreiro vigia e protege a povoação. Nesta zona encontram-se também construções
de cariz religioso, onde foram encontrados objectos de natureza cúltica.
O balneário
«...Dizem que alguns povos que habitam junto do Douro vivem à maneira dos espartanos: untam-se com óleo duas vezes
(por dia) em lugares especiais e praticam o banho de vapor, que fazem com pedras aquecidas pelo fogo e (depois) tomam
banho de água fria... »
Estrabão, Geografia, III, 3, 6
Banhos da Citânia de Sanfins, Paços de Ferreira.
No sopé do povoado destaca-se uma construção de banhos, abastecida por uma nascente de água. Podiam-se tomar banhos de água
fria, mas também banhos de vapor, graças a um forno que aquecia a água vinda da nascente.
A norte, já fora da área da citânia, um penedo com uma inscrição em latim remete para a comunidade castreja de Sanfins.
O guerreiro
Citânia de Sanfins, cultura castreja
http://arqueo.org/ferro/sanfins.html[28-10-2014 13:21:22]
A fase proto-urbana de grandes povoados castrejos como a Citânia de Sanfins supõe a existência de um poder central patente na
unidade do seu ordenamento urbano, nas suas estruturas defensivas e de serviços públicos, podendo sugerir-se como chefes desta
unidade organizativa figuras militares como a(s) que temos representada(s) na(s) estátua(s) de guerreiro da Citânia que ocupavam
uma posição de evidente significado tutelar.
Apresentando no seu conjunto um canôn iconográfico que ilustra a generalidade a passagem de Estrabão, Geografia, III, 3, 6 sobre
o tipo de guerreiro indígena, a sua figura aparece-nos erecta, em posição de parada, ostentando a cabeça protegida por um capacete,
que retrata com fidelidadee alguns dos capacetes de bronze conhecidos na região, torques (colar) típico em torno do pescoço e viriae
(braceletes) assim como um pequeno escudo redondo (caetra) na posição central comum a este tipo de estatuária. A destruição desta
estátua, ou de outra congénere já anteriormente aparecida, em fragmentos, no interior de um edifício sagrado, relacionada com duas
aras votivas, romanas, é uma interessante denúncia das vicissitudes por que passou a Citânia com os sucessos da romanização.
Escavações
As escavações iniciaram-se em 1944, e desde então foram retomadas por diversos arqueólogos. Hoje a Citânia de Sanfins é uma
importante estação arqueológica.
A Citânia de Sanfins é, após meio século de escavações sistemáticas, uma das estações arqueológicas mais significativas da cultura
castreja no Noroeste peninsular. Está classificada como Monumento Nacional (Dec. n.º. 35817, DG, 187, 1ª série 20 - 08 - 1946).
Museu
Quem passa por esta estação arqueológica tem – obrigatoriamente – que passar pelo Museu Arqueológico da Citânia, onde se
podem encontrar, além de outras peças, o espólio das escavações.
Castro de Santa Tegra, Gurada — Cultura Castreja
http://arqueo.org/ferro/castro-tegra.html[28-10-2014 13:21:51]
Castro de Santa TegraO povoado aparece definido por uma muralha de pedra pouco sólida, que não ultrapassa os 160 cm de espessura e que, mais que proteger, delimita o espaço habitacional.
Na saída da vila da Guarda pela estrada de Camposancos, uma estrada asfaltada leva até o cume do morro. Na sua parte mais elevada encontram–se
os restos de um povoado castrejo de grandes dimensões que foram objecto de sucessivas escavações desde 1914 e que exemplificam bastante bem as
características essenciais dos assentamentos galaicos durante os primeiros tempos da ocupação romana da Gallaecia.
A muralha abre–se em dois pontos. O mais visível, a «Porta Norte», à que se acede por uma rampa em escada, é uma construção simples,
relativamente estreita, formada em origem por um grande dintel sobre jambas monolíticas.
No assentamento, as choupanas e os seus acessórios são o elemento principal do povoado. A maior parte, de planta circular ou oval; algumas, de
planta quase rectangular, por influência do mundo romano.
Todas aparecem isoladas, sem paredes medianeiras. A alvenaria dos muros iria muitas vezes pintada em tons brancos, loiros e azuis. Em ocasiões, as
jambas e lintéis monolíticos das entradas apresentam decoração geométrica gravada em forma entrelaçados que recordam os trabalhos de cestaria.
Os muros iriam inseridos nesses curiosos blocos cilíndricos que numa das caras levam decoração a bisel figurando espirais, trisqueis, rosáceas,
molinetes, nós de salomão... Mas não todas as choupanas seriam moradias no sentido estrito.
Também se detectam armazéns. Assim, a associação de moradias e armazéns em unidades fechadas com um pátio central converte–se no elemento
definitório da organização urbanística; junto a eles, o terreno abrupto e irregular forçou a levantar pequenos muros de terraço para localizar zonas de
passagem e delimitar espaços.
O colectivo humano que habitava o povoado tinha uma base económica de modelo camponês. Numerosíssimos moinhos de pedra põem de relevo a
importância da agricultura do cereal. Por sua vez, os restos orgânicos recolhidos falam também da importância da recolhida de marisco e da pesca de
baixura.
Outras evidências arqueológicas apontam ao comércio marítimo romano: a maior parte das cerâmicas recuperadas são fragmentos de ânforas
altoimperiais de modelos empregados para a distribuição de vinhos correntes, com certeza da Bética; outros modelos indicam que também se importava
azeite, talvez para a iluminação
De cerâmica indígena são recipientes para a armazenagem e cozinha de massas obscuras e modelado manual ou com torno lento: potes, jarras, fontes
de asas interiores... Alguns, decorados com linhas geométricas incisas ou padrões, ou com cordões aplicados.
Mas a um lado desta cerâmica aparecem numerosíssimos restos de variedades típicas do mundo romano chegadas via troco: copas e páteras da
cerâmica campaniense –de massas finas e característico verniz verde, datáveis nos tempos imediatos à mudança de Era–, abundantes fragmentos de
xícaras, copas, pratos, páteras e fontes da cerâmica chamada terra sigillata –procedentes dos alfares itálicos, de massas decantadas, verniz loiro, às vezes
decoradas e em muitas ocasiões seladas com o selo do alfareiro impresso sobre a massa fresca–, sem esquecer os pratos, fontes, jarras e vasinhos de
paredes finas –decorados com barbotina– da cerâmica comum romana que por vezes apresenta decoração pintada de temática geométrica.
Os copos romanos de vidro estavam também presentes no enxoval doméstico indígena. Há de variadas formas, tanto lisas como riscada, de tons
incolores, âmbar, verdes e azuis.
Duas xícaras policromas da variedade escassíssima chamada vidro mosaico ou millefiori, típica dos ateliês orientais na primeira metade do século I,
podem ser consideradas, pela sua qualidade, as melhores entre as documentadas até agora na Península Ibérica.
No campo dos elementos de enfeite e prestígio social estariam os braceletes, broches e fíbulas de bronze, e, por suposto, as jóias. Destas destaca o final
de um torques de ouro com decoração geométrica em filigrana e granulado, uma peça verdadeiramente excepcional.
Outros elementos de status seriam os escassíssimos restos de armamento: alguma faca de ferro e bronze e um punhal e uma espada de empunhadura
de antenas. Por fim, as moedas romanas recuperadas, cunhadas na sua imensa maioria durante os reinados de Augusto e Tiberio, falam da introdução
em meio indígena do sistema romano de troco.
Ocupação
Os dados coincidem em apontar a sua ocupação durante o último terço do século I a C e o abandono da sua maior parte nos finais da I d. C.; isto é, que
parece levantar–se pouco a pouco da integração destas terras no império romano e abandonar–se em paralelo às mudanças socio-económicas
Castro de Santa Tegra, Gurada — Cultura Castreja
http://arqueo.org/ferro/castro-tegra.html[28-10-2014 13:21:51]
derivadas da concessão do Ius Latii aos habitantes da Gallaecia.
Em todo caso, é um claro referente das transformações das comunidades galaicas na fase castrejo–romana, entre as que destaca a reorganização do
habitat em função das novas condições socioeconómicas e a aparição de grandes assentamentos como Santa Tegra.
Bibliografia
MARTÍNEZ TAMUXE, X.: Citania y museo arqueológico de Santa Tecla. A Guarda, Xunta de Galicia, 1984 (2ª edic. 1987). PEÑA SANTOS, A. de la:
Santa Trega. Un poblado castrexo–romano. Ourense, Abano Ed., 2001.
Cividade de Bagunte, cultura castreja
http://arqueo.org/ferro/bagunte.html[28-10-2014 13:22:13]
Cividade de BagunteLocaliza-se numa elevação proeminente no município de Vila do Conde. Um povoado com cerca de oitocentas casas, onde viveram de duas a quatro mil pessoas.
Este povoado fortificado da Idade do Ferro, e posteriormente romanizado, ocuparia uma considerável área, com cerca de 325 metros de comprimento
por 150 metros de largura. Possuía, pelo menos, cinco linhas de muralhas defensivas, no interior das quais foram detectadas estruturas habitacionais de
planta predominantemente circular e rectangular, agrupadas em aparentes "quarteirões".
A Cividade de Bagunte também é um dos grandes povoados da Cultura Castreja do Noroeste da Península Ibérica e terá sido um centro
populacional de apreciável dimensão, ombreando com o magnífico conjunto de povoados que incluem entre outras a Citânia de Sanfins (Paços de
Ferreira), a Citânia de Briteiros (Guimarães), o Castro das Eiras (Vila Nova de Famalicão) e o Castro de Alvarelhos (Trofa).
A Cividade apresentava-se como a guardiã da entrada do vales dos rios Ave e Este, coadjuvada por um grupo de pequenos povoados do mesmo
período, coexistentes na região imediatamente circundante.
Encontra-se classificada como Monumento Nacional desde 1910. Como núcleo arqueológico é um dos mais importantes vestígios históricos do
concelho de Vila do Conde.
A Cividade foi descoberta em finais do século XIX, suscitando desde logo um interesse por parte do grupo de investigadores que, por essa altura e no
início do século XX, seguia as pisadas de Martins Sarmento e José Leite de Vasconcelos. Martins Sarmento visitou a Cividade em 1883 por
indicação de José de Freitas Costa e movido pela sua insaciável curiosidade.
Nesses tempos pioneiros Martins Sarmento observa já que os materiais aí encontrados eram similares aos materiais de Briteiros, deduzindo uma
relação cultural entre os dois povoados e situando consequentemente Bagunte na área da Cultura dos Castros que então se começava a reconhecer no
Noroeste Peninsular.
Bagunte entra na primeira listagem de classificação de monumentos nacionais, de cujo número faz parte desde 1910. A Cividade continuou todavia a
alimentar o imaginário local e a fornecer boa pedra de construção durante mais quase oitenta anos.
Este povoado não teria no entanto um tão grande impacto na região se não fosse a grande campanha de escavações levada a cabo de 1944 a 1947 por
Fernando Russel Cortez, o qual, com um subsídio de um proprietário local e da Junta Nacional da Educação, empreendeu um conjunto de campanhas
que puseram a descoberto uma parte importante do conjunto de ruínas que constitui a acrópole do povoado.
Para além das áreas escavadas, Russel Cortez conseguiu criar na região uma forte impressão quanto à monumentalidade escondida no monte, da qual
se desconhecia a origem e a dimensão, embora se conhecesse a existência, recuperando ao mesmo tempo um valioso espólio arqueológico onde
pontificam um magnífico conjunto de jóias castrejas, em prata, do qual Lopez Cuevillas apresentou um esboço, que denotam a extraordinária
capacidade deste povo no trabalho da ourivesaria.
Destas escavações resultou o conhecimento de que a Cividade de Bagunte terá tido uma ocupação permanente que medeia entre o século IV a.C. e o
século IV d.C., absorvendo por consequência por inteiro o choque do processo de romanização destes povos que habitavam a Callaecia. Por isso mesmo
se perfila como um povoado de extremo interesse para o estudo da arqueologia já que mesmo sabendo que Cortez não escavou sistematicamente a sua
ocupação mais antiga, conseguimos perceber que a crono-estratigrafia analisada irá permitir aprofundar os nossos conhecimentos de um período de
grandes mutações nesta região. Destas escavações resultou também a delimitação de uma área de protecção ao Monumento Nacional publicada em
1950.
Desde as escavações de Russel Cortez que a estação arqueológica da Cividade de Bagunte se encontra num estado de total abandono, tendo o
eucaliptal avançado e tendo as gentes, da terra e alheias, destruído boa parte das estruturas em busca de pedra aparelhada para construção, sendo
conhecida apenas de alguns investigadores, de turistas estrangeiros (que buscam, ao engano, o reconhecer de estruturas que outrora, mercê dos
contactos de Cortez, chegaram a ser conhecidas na Europa) e dos inevitáveis caçadores de tesouros que, amiúde, aí vão abrir sondagens, sem qualquer
registo, destruindo para sempre o testemunho estratigráfico que dataria não apenas as riquezas que procuram mas também os elementos que as
rodeiam e que falam da vida quotidiana destes povos. O espólio resultante das escavações de Bagunte encontra-se espalhado em diversas instituições,
encontrando-se uma parte na reserva do Gabinete de Arqueologia da Câmara Municipal de Vila do Conde, uma parte no Museu de Etnografia da
Cooperativa Agrícola de Vila do Conde e uma parte no Museu do Instituto de Antropologia Prof. Mendes Correia, na Faculdade de Ciências da
Universidade do Porto.
Desde a campanha de Russel Cortez que mais ninguém escavou na Cividade de Bagunte. Vários autores, no entanto se debruçaram sobre a Cividade e
o espólio a ela atribuído.
Cividade de Bagunte, cultura castreja
http://arqueo.org/ferro/bagunte.html[28-10-2014 13:22:13]
As últimas notícias que temos de publicações científicas que refiram a Cividade de Bagunte datam de 1995 (ALMEIDA 1995) e de 1998 ( PINTO 1998:
206-207) Nos anos de 1980 foram realizadas três campanhas de limpeza de vegetação. Uma pelos militares da Escola Prática de Administração Militar,
outra pelos escoteiros de Vila do Conde e uma terceira por jovens apoiados pelo Instituto Português da Juventude.
A Intervenção do Gabinete de Arqueologia Municipal
De 1994 até à presente data foram efectuadas pelo Gabinete de Arqueologia da Câmara Municipal de Vila do Conde várias campanhas conducentes a
uma melhor preservação das ruínas ali existentes e a um levantamento das estruturas já escavadas. Estas intervenções inseriram-se numa estratégia
cuidada que tem por finalidade fazer da Cividade de Bagunte, como do restante património arqueológico de Vila do Conde, um factor de valorização
cultural e económica das populações da área do município e do país.
Dirigidas pelo arqueólogo Paulo Costa Pinto e, desde 2001 pelo seu colega Pedro Brochado de Almeida, as acções tiveram uma linha condutora que
primeiro procurou libertar a área da acrópole da muito densa cobertura vegetal que a cobria. Para isso o Gabinete promoveu com a APPA-VC,
Associação de Protecção ao Património Arqueológico de Vila do Conde, um conjunto de campos de trabalho voluntário que fez com que, ao mesmo
tempo, os jovens pudessem conviver, aprender, ganhar sentido de utilidade social e apoiar a limpeza de um grande monumento nacional como o é a
Cividade de Bagunte.
Ao mesmo tempo o Gabinete de Arqueologia tem apostado num paulatino trabalho de controlo de infestantes, sem recurso a herbicidas, uma vez que
o monte da Cividade é uma área de infiltração de águas, que vai abastecer várias fontes na envolvente. Assim é já possível identificar um núcleo
habitacional, Domus 2, muito provavelmente já do período romano.
Esta casa é constituída por seis compartimentos estruturados em torno de um pátio e rodeados por um muro. Este muro fecharia o interior
constituindo uma típica casa–pátio, modelo que foi dominante no mediterrâneo, mas também em boa parte da Europa central, sendo conhecido já no
Vale do Indo na Civilização da Harapa e Mohenjo-Daro. Também é possível verificar a existência de duas ruas, paralelas entre si, com orientação Este-
Oeste e rectilíneas, o que pressupõe a existência de uma administração que decida do urbanismo da cidade.
A par disso foi possível identificar três linhas de defesa, com várias muralhas em pedra e fossos, que circundam a acrópole e outras áreas de
plataforma para onde o povoado se foi expandindo. Mais saberemos se vier a ser implementado, como esperamos, o projecto de investigação de
Bagunte.
Como chegar
Partindo de Vila do Conde, deve tomar–se a Estrada Nacional 206, em direcção a Vila Nova de Famalicão.
Cinco km depois (7 minutos) deve–se cortar à direita, na direcção de Junqueira, pela estrada municipal 525–4.
Em Junqueira atinge–se o cruzamento com a Estrada Nacional 306 (1’9 km depois, cerca de 5 minutos), onde se deve seguir em frente, na direcção de
Bagunte.
Passados 1,6 km (cerca de 2 minutos), deve cortar–se à esquerda para Bagunte, atravessando a localidade na direcção do monte da Cividade, pela
estrada municipal 527.
2,3km depois (5 minutos) encontra–se sinalizada a Cividade, do lado esquerdo da estrada. Há um aparcamento.
Visita
Embora o terreno ainda seja propriedade privada, é possível visitar os pontos mais interessantes do povoado, designadamente a plataforma superior,
seguindo a sinalética implantada. Alguma informação gráfica encontra–se espalhada pelos vários pontos de interesse da Cividade, materializada em
pequenos «guerreiros galaicos» em madeira.
A visita é livre e gratuita, a partir do Centro de Recepção.
Castro de Sabroso
http://arqueo.org/ferro/sabroso.html[28-10-2014 13:22:31]
Castro de Sabroso
Povoado proto-histórico fortificado
Localização: Monte do Coto de Sabroso, na freguesia de São
Lourenço de Sande, concelho de Guimarães, distrito de Braga.
Monumento Nacional (Decreto de 16 de Junho de 1910,
publicado no Diário do Governo n.º 136, de 23 do mesmo mês).
Povoado proto-histórico fortificado, com uma linha de muralha
em talude que delimita uma área de 180 metros de largura por 100
metros de comprimento.
A muralha, de aparelho poligonal, com uma altura entre os três e
cinco metros, e uma espessura de quatro metros e meio. O
conjunto habitacional delimitado pela cintura amuralhada espaço é
composto por aproximadamente 35 casas de planta redonda,
observando-se também a presença de restos de três casas de planta
rectangular e cantos curvos.
Nos penedos do alto do monte aparecem círculos concêntricos e
covinhas (fossettes). Ao contrário do que sucede na Citânia de
Briteiros, situada a curta distância, em Sabroso não se
encontraram traços de romanização.
O arqueólogo Christopher Hawkes, na sequência da campanha de escavações de 1958, levantou a hipótese de o núcleo primitivo
do castro teria sido destruído durante a campanha militar de Decimus Iunius Brutus (138 a.C.).
A reconstrução posterior teria seguido o modelo da Citânia de Briteiros, procedendo-se ao alargamento do espaço amuralhado
em direcção a sul e a este e ao reforço da muralha primitiva.
Citânia São Julião, Cultura castreja
http://arqueo.org/ferro/citania-sao-juliao.html[28-10-2014 13:22:54]
Citânia de São JuliãoO povoado localiza-se num relevo em esporão, granítico, de cujo topo se domina o curso final do vale do Rio Homem, bem como a sua confluência com o Rio Cávado.
A Serra Amarela constitui um dos relevos de maior altitude do Minho (1.361 metros), separando as bacias hidrográficas dos rios Lima e Cávado.
Num dos últimos contrafortes sudoeste da serra, ergue-se a Citânia de São Julião, entre as freguesias de Coucieiro e S. Vicente da Ponte.
Este tipo de posicionamento, articulando áreas de montanha (recursos silvo-pastoris) e o acesso ao vale (agricultura), com um amplo domínio visual e
controlo geo-estratégico, é um dos mais aspectos mais expressivos dos grandes povoados castrejos.
No topo aplanado do monte, assim como nos tabuleiros da encosta voltada a Este, dispõem-se variados vestígios arquitectónicos do antigo povoado.
Distinguem-se três linhas de muralha e vestígios de uma quarta no quadrante leste/nordeste, assim como restos de estruturas habitacionais dispostas
na encosta leste e na plataforma superior do monte.
Cronologia da ocupação
O povoado apresenta uma cronologia de ocupação bastante ampla, desde o Bronze Final até ao período romano. Dos inícios do povoado (séculos
XI/IX a. C.) detectou–se uma estrutura defensiva circundante —talude de terra com pedras na base e fosso adjacente— assim como pisos de cabanas do
Bronze, localizadas no cume da elevação.
Os aglomerados do Bronze Final seriam relativamente pequenos, embora com uma dinâmica de crescimento da primeira para a segunda fase desse
período. Contudo, os vestígios mais expressivos, observáveis, correspondem à Idade do Ferro, sendo visíveis as linhas de muralha de pedra e as ruínas
de um torreão, bem como casas castrejas circulares, ligadas por pátios lajeados.
Algumas estruturas apresentam alçados com aparelho poligonal. O local foi inicialmente investigado pelo Padre João Martins de Freitas, na década de
1930.
Citânia São Julião, Cultura castreja
http://arqueo.org/ferro/citania-sao-juliao.html[28-10-2014 13:22:54]
Foi contudo nos anos 80 que o local ganhou maior expressividade, com as sucessivas intervenções arqueológicas da Unidade de Arqueologia da
Universidade do Minho, primeiro dirigidas por Manuela Martins e depois por Ana Bettencourt.
No derrube de uma das muralhas, na década de 80, foi descoberta
uma estátua de guerreiro galaico, de grande qualidade artística, com o
saio profundamente decorado, bem como o cinturão, embora sem a
cabeça. No escudo redondo (caetra) foi gravada a seguinte inscrição:
MALCEINO DOVILONIS F(ilius).
O significado destas estátuas é muito discutido, podendo representar
antepassados míticos ou príncipes, responsáveis pelo governo das
capitais de povos e dos respectivos territórios.
A ocupação tardia da Citânia de S. Julião foi documentada pela
recolha de cerâmica romana, prolongando–se de forma residual até ao
século III.
Bibliografia
Bettencourt, Ana M. S. (2000): O Povoado de S. Julião, Vila Verde,
Norte de Portugal, nos Finais da Idade do Bronze e na transição para
a Idade do Ferro. Cadernos de Arqueologia, Monografias nº 10. Braga.
repositorium.sdum.uminho.pt/handle/1822/10301
Martins, Manuela (1989/90): O povoamento proto–histórico e a
romanização do médio curso do Cávado, Cadernos de Arqueologia,
Monografias nº 5. Braga.
Acesso
Para aceder à Citânia, saindo de Vila Verde, deverá tomar–se a
Estrada Nacional 308 em direcção a Caldelas e Amares.
Cerca de 4 km adiante deverá cortar–se à esquerda —ou seja, em
frente, visto que a estrada curva para a direita no cruzamento— na
direcção de Pico de Regalados, voltando–se a cortar à direita cerca de 500 metros depois, já na direcção de S. Vicente da Ponte. Ao chegar a esta
freguesia já se divisa o monte de S. Julião.
De Vila Verde até Ponte, o trajecto são 10 minutos. Junto à igreja paroquial de S. Vicente corta–se à esquerda —cruzamento sinalizado como «Lugar
do Crasto», entre outros topónimos— e segue–se por caminho asfaltado em cerca 1 km (2 minutos), ao fim do qual se corta à esquerda (na direcção da
encosta). Deverá seguir–se mais 1 km em caminho de terra batida, razoavelmente transitável, (cerca de 3 minutos) até atingir a plataforma cimeira do
monte, onde se encontra a capela de S. Julião. O trajecto é acessível por automóvel ligeiro.
A Citânia de São Julião tem ficado abandonado e sem qualquer acção/intenção de preservação e aproveitamento turístico.
Cividade de Terroso
http://arqueo.org/ferro/cividade-terroso.html[28-10-2014 13:23:19]
Cividade de TerrosoImportante povoamento da cultura castreja do noroeste da Península Ibérica, localizado na Póvoa de Varzim, Portugal.
A Cividade de Terroso, conhecida na Idade Média como Montis Teroso, foi erigida no topo do monte da Cividade, na freguesia de Terroso, na Póvoa de
Varzim, a menos de 5 km da costa, no limite nascente da cidade contemporânea.
Escavações de 1906, feitas pelo arquitecto Arthur Cruz da Câmara Municipal da Póvoa de Varzim.
Situada no coração da região castreja, a Cividade prosperou devido a estar fortemente amuralhada e pela sua localização próxima ao mar que
possibilitava o comércio com as civilizações do mar Mediterrâneo.
Este comércio atraiu os olhares dos Romanos; a cividade e a cultura castreja pereceram no final da Guerra Lusitana ganha por Roma através do
assassinato à traição de Viriato, líder lusitano que chefiava os interesses indígenas.
O povoamento da Cividade de Terroso terá sido feito no decurso da Idade do Bronze, entre os anos 900 e 800 a.C. , como consequência da deslocação
das populações residentes na planície fértil de Beiriz e na Várzea da Póvoa de Varzim.
Isto é suportado pela descoberta de fossas ovóides, escavadas em 1981 por Armando Coelho, tendo sido recolhidos fragmentos de quatro vasos do
período anterior ao início do povoamento da cividade. Assim, faz parte dos castros mais antigos, tal como os castros de Santa Luzia ou de Roriz.
O castro manteve relações comerciais com as civilizações do mediterrâneo, principalmente durante o domínio cartaginês do sudeste da Península
Ibérica. Durante as guerras púnicas, os Romanos tomaram conhecimento da riqueza da região castreja em ouro e estanho.
Viriato, que liderava as hostes lusitanas, impedia o crescimento do Império Romano para o Norte do rio Douro. No entanto, o seu assassinato em
138 a.C. abriu caminho para as legiões romanas. Décimo Junio Bruto liderou uma campanha para o domínio da região castreja, acabando por destruir a
Cividade por completo, logo após a morte de Viriato. Os feitos do comandante romano ecoaram em Roma, onde passou a ser conhecido pelo cognome
Callaicus - de Gallaecia, por ter sido o primeiro a vencer os Calaicos (Kallaikoi).
Algum tempo mais tarde, a Cividade foi reerguida e fortemente romanizada, dando assim início à última fase urbana do castro. A região é incorporada
no Império Romano e totalmente pacificada durante o domínio de César Augusto.
Na planície litoral, é criada uma villa romana, propriedade de uma família romana, os Euracini a que se terá juntado o povo castrejo que regressaram
à vida na planície - assim terá surgido Villa Euracini.
A actividade piscatória desenvolveu-se com a cetariæ, um complexo fabril romano de salga e transformação de pescado. Assim, partir do século I da
nossa Era e durante o período imperial dá-se o progressivo abandono da Cividade.
Cividade de Terroso
http://arqueo.org/ferro/cividade-terroso.html[28-10-2014 13:23:19]
Actualmente o arqueólogo é José Flores, que recentemente escreveu o livro Subtus Montis Terroso - Património Arqueológico no Concelho da Póvoa
de Varzim, publicado pela Câmara Municipal da Póvoa de Varzim.
As primeiras construções em pedra começaram a tomar forma no século V a.C. As construções desta época são circulares, com diâmetros entre 4 e 5 metros e com paredes com 30 a 40 cm de espessura. As pedras de granito eram fracturadas ou lascadas, para posteriormente serem posicionadas
em duas fiadas, com a face mais lisa para o exterior e interior da casa.
Sistema defensivo
A cividade foi erigida a 152 metros de altitude, o que permite uma excelente posição de vigilância de toda a região. Um dos lados, a norte, estava
bloqueado pelo monte de São Félix, onde terá surgido um castro, o Castro de Laundos, que terá servido de posto avançado.
As movimentações de Túrdulos e Célticos provenientes do Sul da Península Ibérica em direcção a Norte são referidas por Estrabão e terão motivado a
melhoria dos sistemas defensivos dos castros por volta de 500 a.C. A Cividade de Terroso é um dos castros mais fortemente fortificados, dado que a
acrópole estava circundada por três cinturas de muralhas.
Estas muralhas terão sido construídas em momentos diferentes, devido ao crescimento do próprio povoado. As muralhas eram compostas de grandes
blocos sem argamassa e estavam adaptadas às características dadas pelo relevo do monte.
As faces de acesso mais fácil (Sul, Este e Oeste) possuíam muralhas altas, largas e resistentes; enquanto as que se encontravam em terreno com
declives abruptos eram menos cuidadas, limitando-se a reforçar as particularidades locais.
Isso pode ser facilmente visível com as estruturas descobertas a Este que apresentam um forte sistema defensivo que atinge 5,30 metros de espessura.
Enquanto que a Nordeste, a muralha foi construída aproveitando o granito natural que foi apenas coroado por um muro de pedras.
A entrada, que interrompia a muralha, apresenta um lajeado de cerca de 1,70 metros de largura. O perímetro defensivo parece ter sido
complementado por uma vala de cerca de 1 metro de profundidade e outro de largura no sopé do monte, conforme foi detectado aquando da construção
de uma casa a norte do monte.
Estrutura urbana
No interior dos três anéis de muralhas, na acrópole, existem ainda ruínas de grande diversidade, de destacar os recintos funerários, que são
extremamente raros no mundo castrejo.
Cada um dos quadrantes da Cividade está dividido em núcleos em torno de um pátio familiar quase sempre lajeado e divididos por duas ruas
principais que se intercruzam. Algumas casas possuíam um átrio. No seu apogeu, a cividade teria perto de 12 hectares e habitavam nela várias centenas
de pessoas.
Cividade de Terroso
http://arqueo.org/ferro/cividade-terroso.html[28-10-2014 13:23:19]
O Cardium era uma das vias principais do povoamento. Pormenor de casas da Cividade. A Cividade passou por várias fases de urbanização: durante
os primeiros séculos, as pequenas habitações eram construídas à base de elementos vegetais misturados com barro.
As primeiras construções em pedra só começaram a tomar forma no século V a.C., material que passou a ser utilizado devido ao progresso tecnológico
com o fabrico de picos de ferro, uma tecnologia que só estava disponível na Ásia Menor, mas que acabou por ser trazida para a Península Ibérica com a
colonização fenícia no Litoral Atlântico durante os séculos VIII e VII a.C.
As construções desta época são, caracteristicamente, circulares com diâmetros entre 4 e 5 metros e com paredes com 30 a 40 cm de espessura. As
pedras de granito eram fracturadas ou lascadas, para posteriormente serem posicionadas em duas fiadas, com a face mais lisa para o exterior e interior
da casa.
O espaço entre as duas pedras era preenchido com pequenas pedras e argamassa de saibro dando uma estrutura robusta às paredes. Na última fase da
Cividade, a fase romana (com inícios em 138-136 a.C.), após a destruição por Décimo Junio Bruto, dá-se uma reorganização urbana com recurso a novas
técnicas construtivas e alteração de formas e dimensões. Principalmente com o aparecimento de estruturas quadrangulares, em substituição das
circulares tipicamente castrejas.
As coberturas deixam de ser de origem vegetal e passam a ser feitas com tegula. As pedras usadas nesta fase para a construção das habitações eram
quadrangulares; mantendo-se o esquema de duas fiadas, mas o espaço interior era mais largo e preenchido por saibro ou barro e pedras de pequeno ou
médio tamanho, resultando em paredes mais espessas com 45 a 60 cm.
Núcleos familiares
Os núcleos familiares, compostos de quatro a cinco divisões circulares, envolviam um pátio lajeado para onde convergiam as portas das diferentes
divisões. Estes pátios centrais tinham papel importante na vida familiar e eram onde se desenrolavam as actividades diárias familiares.
O interior das construções da segunda fase, anterior à romana, possuía pisos finos de barro ou saibro. Alguns destes pisos eram decorados com a
impressão de cordas, desenhos ondeados e impressão de círculos, especialmente nas lareiras.
Na fase de influência romana, estes pisos tornaram-se mais cuidados, densos e espessos. Arruamentos Os núcleos familiares eram divididos por
arruamentos estreitos com espaços algo públicos.
Os dois arruamentos principais tinham a orientação típica romana do Decumanus e Cardium. O Decumanus era um arruamento que seguia da
muralha a Nascente para Poente e flectia-se ligeiramente para Sudoeste a partir do encontro com o Cardium (arruamento Norte-Sul), terminando na
entrada da Cividade.
O acesso exterior realizava-se por uma delicada descida até ao caminho que ainda hoje é utilizado para aceder à cividade. Estes arruamentos
principais dividiam o povoado em quatro partes. Cada uma dessas partes era composta por quatro a cinco núcleos familiares. Em alguns pontos da
Cividade foram descobertos vestígios de esgotos ou caneiros que serviriam para encaminhar as águas das chuvas.
Cultura
A população dedicava-se à agricultura de cereais e leguminosas, pesca, recolecção, pastorícia e trabalhavam os metais, os têxteis e a cerâmica. Do
interior da Península Ibérica chegaram influências culturais, para além das provenientes do mediterrâneo através dos comércio.
Alimentação
A população vivia principalmente da agricultura, com o cultivo de cereais como o trigo e a cevada, e de leguminosas (a fava) e a bolota.
O concheiro encontrado na Cividade mostra que comiam lapa, mexilhão e ouriço do mar crus ou cozidos. A pesca não deverá ter sido regular, dada a
falta de evidências arqueológicas, mas a descoberta de anzóis e pesos de rede revela que já pescavam peixes de tamanho considerável como a Garoupa, o
Sardo e o Robalo.
A cevada era cultivada para produzir uma espécie de cerveja, que seria apelidada de zythos. A bolota era triturada para criar uma espécie de farinha.
A recolecção de plantas selvagens, frutos, sementes e raízes era um complemento para a alimentação. Comendo e recolhendo amoras silvestres,
dentes-de-leão, trevos e até algas marinhas. Alguns destes vegetais são ainda usados pela população local.
Os romanos introduziram o hábito do consumo do vinho e do azeite. Os animais usados pelos castros, conforme documentos clássicos e registos
arqueológicos, confirmam a existência de cavalos, porcos, vacas e ovelhas que seriam aproveitados em todas as suas capacidades.
As aves de galinheiro estão pouco documentadas durante o período castrejo, mas tornaram-se frequentes durante o período romano. Apesar de estar
Cividade de Terroso
http://arqueo.org/ferro/cividade-terroso.html[28-10-2014 13:23:19]
também pouco documentada na Cividade, a caça deve ter sido algo usual dado que se sabe a partir de fontes clássicas, tais como Estrabão e Plínio que a
região era bastante rica em fauna, desde cavalos selvagens, ursos, veados, corços, javalis, raposas, castores, coelhos, lebres e variadas aves, e que seriam
uma fonte de alimentação acessível e rentável. Artesanato
A cerâmica castreja possuía motivos diversos, conforme ilustrações de Arthur Cruz.A cerâmica castreja (taças e vasos) também foi evoluindo ao longo
dos tempos, com a passagem de um sistema primitivo para o uso das rodas de oleiros.
No entanto, as ânforas e o uso do vidro só passaram a ser comuns com a romanização. Estas ânforas serviam essencialmente para o transporte e
armazenagem de cereais, frutos, vinho e azeite. As cerâmicas encontradas na Cividade de Terroso tinham, muitas delas, identidade própria.
A olaria era vista como um trabalho masculino e foram encontradas em grande número e em grande variedade, mostrando que era um produto
barato, importante e acessível. Contudo, as formas das cerâmicas da Cividade, são praticamente idênticas às encontradas em outros castros do mesmo
período.
A decoração dos vasos era do tipo incisivo, embora existissem também vasos espalutados e estampilhados. Aparece também a aplicação de cordões de
barro, em forma de corda, revestidos ou não de incisões. Nos vasos estampilhados são frequentes os desenhos em "S", designados de palmípedes, que
poderiam ser acompanhados por outros motivos estampados ou incisos.
Outras formas decorativas, que podem aparecer misturadas e com técnicas diversas, incluem círculos, triângulos, semicírculos, linhas, em zigue-
zague, num total de cerca de duas centenas de motivos diferentes. A tecelagem era bastante generalizada e era vista como uma obrigação feminina e
também foi progredindo, em especial no período romano, tendo sido encontrados alguns pesos de tear e dezenas de cossoiros. A descoberta de tesouras
veio reforçar a ideia da criação sistemática ovelhas por forma a aproveitar a lã.
Metalurgia
Foram detectados numerosos vestígios de actividades metalúrgicas, e descobertas grandes quantidades de escórias de fundição, fíbulas, fragmentos de
objectos em ferro e resíduos de outros metais, sobretudo chumbo, cobre/bronze, estanho e talvez ouro.
Foram encontrados "gatos" para reparação de cerâmicas, alfinetes, fíbulas, stili e agulhas em cobre ou bronze, revelando que o trabalho em bronze e
suas ligas era uma das actividades mais comuns da Cividade.
O ferro era usado para muitos objectos do dia-a-dia, sendo encontrados vários pregos, mas também anzóis ou ganchos e uma ponta de uma foice ou
punhal. Junto à porta da muralha (no sudoeste do povoado) foi identificada uma oficina, dado que no local foram encontrados vários vestígios desta
actividade tais como pingos e escórias de fundição de vários metais, minérios e outros sinais, designadamente a utilização do fogo com altas
temperaturas.
A ourivesaria contribuiu para a imagem da Póvoa de Varzim como um dos locais de referência da arqueologia Proto-Histórica do Noroeste peninsular.
Nomeadamente com o achado das arrecadas de Laundos e do colar articulado e arrecadas da Estela.
Na Cividade foram recolhidos alguns testemunhos do trabalho em ouro e prata por Rocha Peixoto. Em toda a serra de Rates são visíveis as explorações
mineiras ancestrais: castrejas e romanas, dado que esta serra possuía ouro e prata essenciais para o fabrico de jóias.
Em 1904, um pedreiro enquanto construía um moinho no topo do Monte de São Félix, perto do pequeno Castro de Laundos, encontra um púcaro com
jóias lá dentro, estas jóias foram compradas por Rocha Peixoto que as levou para o Museu do Porto. As jóias revelaram o uso de uma técnica evoluída,
muito semelhante ao que era feito no Mediterrâneo, nomeadamente com o uso de placas e soldas, filigrana e granulados.
Religião e rituais funerários
O ritual funerário da Cividade, comum a outros povos pré-romanos do território português, consistia no rito da incineração, depositando-se as cinzas
dos seus mortos em pequenas fossas circulares com paramentos de alvenaria no interior das casas.
Posteriormente, as cinzas passaram a ser depositadas no exterior das casas, mas dentro do núcleo familiar. Em 1980, a descoberta de uma cista
funerária, e de um vaso inteiro acampanado e fragmentos de outro sem cobertura evidenciam violação. Este vaso era muito semelhante a um outro
encontrado em Laundos, este último com um jóias no seu interior, o que supõe que estas jóias tinham o mesmo contexto funerário.
Comércio
As visitas de Fenícios, Cartagineses, Gregos e Romanos tinham como o objectivo a troca de tecidos e vinho por ouro e estanho, apesar da escassez de
vias terrestres, esse não era um problema para a Cividade de Terroso que se localizava estrategicamente perto do mar e do Rio Ave, existindo assim um
extenso comércio por via atlântica e fluvial.
Cividade de Terroso
http://arqueo.org/ferro/cividade-terroso.html[28-10-2014 13:23:19]
Contudo, por via terrestre, era conhecida a Via da Prata (nome da época romana) que era um caminho interior que seguia do sul da península até ao
nordeste.
O comércio externo, dominado pelo estanho, era complementado com comércio interno nos mercados tribais entre as diferentes cidades e aldeias da
cultura castreja que trocavam téxteis, metais (ouro, cobre, estanho e chumbo) e outros objectos incluindo produtos exóticos, tais como vidro ou
cerâmica exótica, provenientes dos contactos com povos do Mediterrâneo ou de outras áreas da Península.
Com a anexação da região castreja ao Império Romano, o comércio passa a ser um dos principais meios para o desenvolvimento económico
regional, com os mercadores romanos organizados em associações denominadas collegia.
Estas associações funcionavam como verdadeiras empresas comerciais que procuravam o monopólio nas relações comerciais. Não se sabe o momento
em que se começou a utilizar o sistema monetário, dado que as áreas mais antigas ainda estão pouco estudadas. Não se sabe ao certo se nas escavações
de 1906 foram achadas moedas, apesar disso ter sido provável, não foram identificadas moedas provenientes dessa escavação. Existem apenas um
conjunto de moedas romanas do século III - IV a.C. que, tradicionalmente, é considerado como proveniente da cividade de Terroso.
Bibliografia
Armando Coelho Ferreira da Silva A Cultura Castreja no Noroeste de Portugal Museu Arqueológico da Citânia de Sanfins, 1986
José Manuel Flores Gomes & Deolinda Carneiro Subtus Montis Terroso - Património Arqueológico no Concelho da Póvoa de Varzim Câmara
Municipal da Póvoa de Varzim, 2005
Póvoa de Varzim, Um Pé na Terra, Outro no Mar... Roteiro Arqueológico do Eixo Atlântico Autarcia e Comércio em Bracara Augusta no período Alto-
Imperial
Alto das Eiras
http://arqueo.org/ferro/alto-das-eiras.html[28-10-2014 13:23:40]
Alto das EirasA investigação arqueológica levada a cabo no concelho de Vila Nova de Famalicão permite remontar os primeiros vestígios das comunidades aí
implantadas a contextos da Pré-história recente, que lhe determinaram um fácies rural, consagrado pela herança medieva da Terra de Vermoim,
pervivente até à fase da industrialização, marcante da sua modernidade.
Descobrindo sítios, revelando monumentos, escavando povoados, salda-se já como resultado um minucioso inventário de numerosas situações
arqueológicas, que permite delinear uma criteriosa sequência cronológica e cultural das origens do seu povoamento, de que se expõe uma selecção
representativa.
Particular realce merece a época proto-histórica, que representa um dos momentos mais importantes da formação do seu fundo demográfico e do
processo de ocupação e organização do território durante o I milénio a.C., com destaque para a escavação de alguns dos seus castros e sobretudo a
excepcional (re) descoberta dos banhos do Alto das Eiras.
A singularidade destes monumentos tornou-se um desafio de Arqueologia experimental, reconstituindo a sua estrutura para ensaio de seu
funcionamento e debate científico, nos contextos da antropologia das comunidades indígenas do Noroeste peninsular.
Destinados a banhos públicos, sobressaem pelo seu aparato e técnica construtiva como construções singulares do conjunto arquitectónico castrejo, de
que se conhecem diversos exemplares por todo o Noroeste da Península Ibérica, desde o Norte da Galiza e Astúrias à margem esquerda do rio Douro, de
acordo com Estrabão (c. 60 a.C. - 25 d.C.).
Estas criações arquitectónicas pré-romanas, com possível origem em "cabanas de sudação" de materiais perecíveis, foram monumentalizadas na fase
proto-urbana da cultura castreja (séc. I a.C. - I d.C.).
A sua função foi objecto de controvérsia, tendo sido vulgarizados como «fornos crematórios», postos em relação com o rito funerário dos povos
castrejos.
Esta e outras hipóteses, como a de fornos de cozer pão ou cerâmica ou de fundição ou ainda a de matadouros de animais, que lhes foram atribuídas
sem o devido fundamento, devem ser abandonadas perante a consolidação da sua interpretação como banhos, associados a uma envolvência religiosa.
Uma fogueira acesa na fornalha, com ventilação pela entrada da câmara e chaminé a activar a combustão, proporcionava o aquecimento do ambiente e
dos seixos, sobre os quais se lançava água fria para produzir vapor.
Alto das Eiras
http://arqueo.org/ferro/alto-das-eiras.html[28-10-2014 13:23:40]
A preparação do banho tinha lugar no átrio, onde, despidos, se untavam com óleos. Passando por uma área tépida, entrava-se pela Pedra Formosa na
câmara, onde se permanecia, em sudação, enquanto durasse o vapor. Depois, tomava-se um banho de imersão, frio e regenerador, no tanque do átrio e
oleava-se pela segunda vez.
Por fim, tempo de recuperação e relaxamento na ante-câmara, com repetição do ritual. Testemunhos arqueológicos e literários do mundo indo-
europeu e paralelos etno-arqueológicos das mais diversas partes sugerem a sua relação com rituais iniciáticos, associados aos ciclos vitais, sob o
patrocínio de Nabia, divindade indígena com funções similares às exercidas pela Fortuna romana, propiciadora de saúde, vigor, fertilidade e
abundância.
Exposição "Pedra Formosa - Arqueologia Experimental em Vila Nova de Famalicão" O Mundo dos Castros Conquista Lisboa; 200 toneladas de granito
para reconstruir nos Jerónimos; Um balneário castrejo em tamanho natural. Próxima exposição do Museu Nacional de Arqueologia, realizada em
parceria com a Câmara Municipal de Famalicão e tendo como comissário científico Armando Coelho Ferreira da Silva a inaugurar dia 28 de Março de
2007
A Citânia de Briteiros
O Castro de Vieira
http://arqueo.org/ferro/castro-vieira.html[28-10-2014 13:24:00]
O Castro de Vieira
Situa–se no centro do grande alvéolo para onde convergem as inúmeras linhas de água que originam o rio Ave, no sopé da vertente Sul da Serra da Cabreira, dominando todo o troço inicial da correspondente bacia hidrográfica.
Implantado no topo de um dos promontórios que recortam a vertente da serra, com a cota máxima de 563 metros de altitude, de onde se abarca uma
paisagem única, bem conservada nas suas envolventes imediata e alargada, o castro posiciona–se sobranceiro à ribeira de Cantelães, ligando–se à
vertente da serra por uma chã aplanada, de fácil acesso.
A vertente Norte, menos extensa mas mais declivosa, apresenta mais afloramentos graníticos, contrastando com a vertente Sul, mais ampla e armada
em largas plataformas artificias, com boa exposição solar.
O Castro de Vieira localiza–se a menos de 2 km do centro da vila de Vieira do Minho, com acesso pela estrada nacional 526 que liga a Pinheiro. Ao Km
1’1 vira–se à esquerda, para Norte, por um estradão em terra batida, que conduz até à chã do sopé da vertente nascente do sítio arqueológico, a partir do
qual se visitar o sítio. O povoado fortificado ocupa uma área de cerca de 15 hectares, pelo que se pode incluir na série dos seis grandes povoados castrejos
do vale do Ave.
Apresenta um sistema defensivo composto por três linhas de muralhas concêntricas que, na vertente Sul, defendem amplas plataformas artificiais, por
onde se distribuem vestígios de construções de planta circular e rectangular, recolhendo–se aí fragmentos de cerâmica doméstica indígena e material
romano.
Em trabalhos arqueológicos recentes, recolheram–se instrumentos líticos diversos, fragmentos de peças cerâmicas de cronologia compreendida entre
a Idade do Ferro e a Idade Média, e o fragmento de uma ara romana anepígrafe. Por outro lado definiu–se com rigor a planta da fortificação medieval.
Cunha, Arlindo Ribeiro da (1975): Trepando os Montes. O Distrito de Braga, 2ª série, 1 (1–4), pp. 507–508. Braga. Silva, Armando Coelho Ferreira da
(1986): A Cultura Castreja do Noroeste de Portugal. Paços de Ferreira.
Castro de S. Lourenço, Esposende, cultura castreja
http://arqueo.org/ferro/castro-sao-lourenco.html[28-10-2014 13:24:15]
Castro de São LourençoNo concelho de Esposende, ao longo da costa estende–se uma estreita planície litoral, dominada por uma sucessão de cumeadas de escassa altitude, as quais, no entanto, se destacam na paisagem, devido à pendente das encostas voltadas a oeste.
Quase no extremo Sul desta linha de relevo, num local com amplo domínio visual, quer sobre a faixa costeira, quer sobre o estuário do Cávado, foi
erguido o extenso povoado fortificado conhecido como Castro de S. Lourenço. Para além do seu interesse patrimonial o cume deste povoado (201
metros) é um excelente miradouro quer sobre a planície litoral, quer sobre o estuário do Cávado, quer ainda sobre o curso final daquele rio.
Formava, em conjunto, com Bagunte, Terroso, São Roques, Santa Luzia, Cividade de Âncora, Coto da Pena e Santa Tecla, uma estrutura litoral
linear, que controlava, por certo, a navegação de cabotagem na Proto–História.
O povoado conserva as suas três linhas de muralha, apresentando panos defensivos parcialmente reconstruídos e conservados. Em vários núcleos
diferenciados surgem estruturas de habitação, geralmente organizadas em unidades domésticas de três ou mais estruturas circulares ou alongadas,
convergentes para o pátio central, por regra lajeado, cercadas por um muro divisório.
Parte das estruturas foi integralmente consolidada. Diferenciam–se unidades habitacionais com estruturas subcirculares ou rectangulares. Ao longo
da encosta voltada a Norte espalham–se as estruturas domésticas, até ao topo do cabeço, onde se erigiu a capela de S. Lourenço. No sentido Oeste o
povoado estende–se até ao sopé ocupando uma área muito maior do que inicialmente se supunha.
Este povoado seria destruído por um grande incêndio, algures no século I a. C., que conduziria a uma reorganização do espaço urbano e subsequente
adaptação a vicus, ao longo do século I d. C. Esta adaptação remodelou as estruturas defensivas e reordenamento das unidades domésticas.
Foi, à época, uma localidade importante, com mercado e instituições de administração local, mantendo uma vasta área de influência juntamente com
o vizinho Castelo de Neiva.
O local foi abandonado no século V, e só seria reocupado no século X, no conturbado contexto da Reconquista, quando se construiu uma muralha
voltada a Oeste, no topo do cabeço.
Junto da primeira muralha terá aparecido, em 1954, uma ara votiva dedicada por Anicius a Dea Sancta. O local foi intervencionado desde 1985 por
Brochado de Almeida, da Faculdade de Letras da Universidade do Porto.
Situado na freguesia de Vila Chã, Concelho de Esposende, encontra–se classificado como Imóvel de Interesse Público desde 1986. Almeida, Carlos A.
Brochado e Rui M. Cavalheiro da Cunha (1997): O Castro de S. Lourenço. VilaChã–Esposende.
Visita
A Câmara Municipal de Esposende promoveu, a partir de 1991, o arranjo urbanístico do cabeço, com o calcetamento do caminho de acesso à capela e
restauro e reconstrução de parte das estruturas habitacionais castrejas. Contudo, parte das ruínas tinha sido já irremediavelmente afectada pela
construção da nova capela, nos anos 50, assim como pelo caminho de acesso ao templo. Novos trabalhos de musealização do sítio realizaram–se em
1995.
O Castro de S. Lourenço local encontra-se bem cuidado e preservado, dispondo o visitante de sinalização vertical com importantes informações
relativas aos diferentes sectores conservados.
Existe um estacionamento perto da entrada. No parque há um pequeno café. Além das estruturas que se conservam, o visitante poderá disfrutar de
uma excelente panorâmica para a planície litorânea, desde a capela de S. Lourenço.
Acesso
Saindo de Barcelos, tome a Estrada Nacional 103, em direcção a Viana do Castelo.
Ao fim de 11 km (10 minutos), volte à esquerda no cruzamento sinalizado como «Castro de S. Lourenço», entrando na Estrada Nacional 305.
Passados 2,3 km (2 minutos) deverá cortar–se à direita para Vila Chã, num cruzamento não sinalizado. Prosseguindo através da localidade, passando
pela igreja paroquial, atinge–se o castro, ao fim de 3,1 km (cerca de 4 minutos), no local onde se erigiram dois coretos para a romaria.
Castro de Chão de Carvalho, cultura castreja
http://arqueo.org/ferro/castro-chao-carvalho.html[28-10-2014 13:24:43]
Castro de Chão de Carvalho
Inicialmente denominado "Castro de Arões", o Castro de Chão de Carvalho, encontra-se no maciço da Gralheira, a Sul da Serra da Freita, num esporão que se desenvolve a partir do relevo alongado Antas/Lomba da Bosta no sentido este/oeste, delimitando este sítio pelo lado norte.
A ribeira de Paraduça e a ribeira da Póvoa/Rio Arões, apesar de não lhe servirem de limite físico, constituem-se na sua principal hidrografia e limite
visual que se estende por uma região vasta e ampla nos seus lados este, sul e oeste.
Administrativamente localiza-se no lugar de Chão de Carvalho, freguesia de Arões, concelho de Vale de Cambra, distrito de Aveiro.
As práticas agrícolas desenvolvem-se principalmente nas chãs do sopé do monte Crasto, topónimo atribuído à elevação onde se implanta o sítio
arqueológico, assistindo-se aí a um parcelamento intensivo dos terrenos.
Nas encostas do monte Crasto e no seu topo, ter-se-à praticado unicamente o pastoreio de gados, que actualmente é raro ou já se não pratica, a recolha
de lenha, mato para os currais dos animais e, eventualmente, alguma pedra.
Pelas suas encostas encontram-se grandes manchas de pinhal espontâneo, com maior incidência nas encostas este e sudeste. Quanto à vegetação, é
composta principalmente por ervas altas, silvados e urze. Em redor do monte situam-se as aldeias de Póvoa a oeste, Chão de Carvalho a Sul, Salgueira a
Sudeste e Mouta Velha a este, sendo a última a de maior dimensão, fazendo com que o povoamento da região seja disperso face à pequena dimensão das
áreas de habitação e às distâncias que medeiam as aldeias.
O Castro de Chão de Carvalho encontra-se a uma altitude de 804 metros. Foram identificados 37 povoados proto-históricos sendo quatro deles no
território do concelho de Vale de Cambra: o Castro de Chão de Carvalho, o Castro de Parada, o Castelo de Sandiães e o Castro de Perrinho (SILVA, 1997,
p. 42).
Em termos de implantação, os povoados desta área seguem a norma regional, em que se observa uma associação entre os povoados e cursos fluviais,
tendo como exemplos bem patentes os Castro de Parada e Sandiães que se encontram "assentes em meandros de rios que lhes terão servido, além de
recurso natural, como elemento estruturante de natureza defensiva" (SILVA, 1997, p. 42).
O único factor de discrepância em relação ao padrão regional, prende-se com a superior altitude em que estes povoados se encontram implantados e
que ronda os 400-600 metros. No caso do Castro de Chão de Carvalho verifica-se uma implantação a uma altitude de 804 metros, tornando-o assim no
mais alto da região.
Face à raridade de espólio de superfície e de estruturas habitacionais, torna-se difícil uma atribuição cronológica para estes povoados. No entanto no
Castelo de Sandiães foram encontradas mós circulares, fragmentos de dolia, pesos de tear paralelipipédicos, entre outros.
Em Chão de Carvalho a "inexistência de espólio de superfície e de vestígios de edificações residenciais", a tipologia da muralha e a mó de vai-vem aí
encontrada, sugere uma ocupação "dos começos do habitat castrejo" (SILVA, 1997, p. 42).
Importante achado foi aquele verificado no perímetro da área do suposto Castro de Perrinho, constituído por objectos metálicos em bronze, datados
entre 900 e 850 a.C. (COFFYN, 1983, p. 189) e cuja maioria dos objectos se encontram à guarda do Museu Municipal de Vale de Cambra.
Encontrado ocasionalmente, este espólio é composto por um vaso em cerâmica (com paradeiro desconhecido, existindo o registo efectuado por
Domingos Pinho Brandão), duas lâminas de punhal, dois machado de talão de um só anel (estando apenas um deles à guarda do Museu Municipal de
Vale de Cambra), um machado de talão de duplo anel, um machado de alvado, dois escopros, fragmentos de uma pulseira canelada e fragmentos de um
provável capacete de crista.
Se dúvidas existem em relação à actividade humana nesta região durante o período do Bronze Atlântico III, há que referir a sua riqueza mineralógica
em chumbo, cobre e estanho, na zona entre os rios Caima e Vouga.
Elemento também evidenciador dessa actividade pode considerar-se a descoberta de quinze braceletes em ouro maciço no sopé do monte do Castro de
Ossela, das quais apenas restam duas e que se encontram à guarda do Museu Nacional de Arqueologia (SILVA, 1997, p. 43).
Esta estação, segundo descrição efectuada por António Manuel S. P Silva, situa-se num "topo aplanado, de contorno grosseiramente oval com cerca
de 400 metros de eixo maior, coroado no extremo Norte por dois picos graníticos, criando assim uma superfície sobrelevada em cujo colo se instalou o
povoado proto-histórico, sendo a muralha utilizada com funções de ligação entre o par de morros pedregosos" (SILVA, 1997, p. 40).
De facto, esta linha de muralha constitui-se no único elemento arquitectónico visível, formando em torno do topo do monte um perímetro defensivo
extremamente bem definido e onde em certos locais chega a medir 6 metros de espessura (incluindo o derrube) por 4 metros de altura (SILVA, 1997, p.
40).
Castro de Chão de Carvalho, cultura castreja
http://arqueo.org/ferro/castro-chao-carvalho.html[28-10-2014 13:24:43]
Francisco M. R. V. Queiroga sugere a "existência de um tipo de fosso onde hoje se encontra um caminho que atravessa o monte e liga a aldeia de
Póvoa, Salgueira e Mouta Velha" (QUEIROGA, 2001), no lado norte. Na parte nordeste do povoado, verificou-se um revolvimento recente para a
instalação de um poste de alta tensão, tendo danificado consideravelmente essa área.
No lado sul, para além da possível linha de muralha, encontra-se um plateau que António Manuel S. P. Silva tende a considerar como um possível
"recinto para gados ou antecastro" (SILVA, 1997, p. 40), não se verificando nessa zona qualquer indício da ocupação humana, exceptuando os actuais
muros e marcos delimitadores das propriedades.
Num pequeno morro pedregoso, situado a sudoeste, e que na Carta Militar Portuguesa corresponde à área do ponto cotado a 805 metros de altitude,
para além do registo de duas cruzes gravadas na rocha, verifica-se a existência de inúmeras covinhas espalhadas pelos penedos que constituem esse
morro, podendo vislumbrar-se entre elas um certo alinhamento e ordem que de momento não é possível enumerar. No entanto, estas covinhas nada
têm a ver com as localmente denominadas "piócas" utilizadas para o armazenamento de pequenas quantidades de água por parte dos pastores.
No interior do recinto amuralhado, para além dos muros e alguns marcos divisórios de propriedades, num afloramento granítico que se encontra ao
nível do solo, no enfiamento do poste de alta tensão atrás mencionado, foram encontradas duas inscrições gravadas que sem dúvida terão origem
recente: a primeira é composta pelo nome "CUSTODIO" e a segunda pelas letras "LU".
No que respeita a espólio proveniente desta estação, Alberto Souto refere a existência de cerâmicas de pasta rude e fragmentos de vidros (SOUTO,
1940, p. 282), dos quais não se conhece o paradeiro. António Manuel S. P. Silva encontrou no local uma mó em granito naviforme e de tipologia antiga
(SILVA, 1997, p. 40), que actualmente se encontra à guarda do Museu Municipal de Vale de Cambra. [editar] Bibliografia * "Critérios para a
Classificação de Bens Imóveis" (1994), in Informar para Proteger (Compilação Interna), Instituto Português do Património Arquitectónico, Direcção
Regional de Lisboa, Lisboa. * MARQUES, Maria Clara de Paiva Vide (1993), Monografia de Vale de Cambra, Câmara Municipal de Vale de Cambra, Vale
de Cambra. * SILVA, António Manuel S. P. (1993), “Ocupação Proto-histórica e Romana no Entre Douro e Vouga Litoral – Breve Balanço de uma
Investigação em Curso”, in Trabalhos de Antropologia e Etnologia, vol. 33 (3-4); Actas do I Congresso de Arqueologia Peninsular, vol. II, Sociedade
Portuguesa de Antropologia e Etnografia, Porto. * SILVA, António Manuel S. P. (1997), “Povoados Proto-históricos de Vale de Cambra – Elementos para
uma Carta Arqueológica Concelhia”, in Boletim Cultural de Vale de Cambra, n.º 1, Câmara Municipal de Vale de Cambra, Vale de Cambra. * SILVA,
Armando Coelho Ferreira da Silva (1986), “A Cultura Castreja no Noroeste de Portugal”, Câmara Municipal de Paços de Ferreira/Museu Arqueológico
da Citânia de Sanfins, Paços de Ferreira. * SOUTO, Alberto (1940), “Fichas e Nótulas – O Castro de Arões”, in Arquivo do Distrito de Aveiro, vol. VI,
Aveiro. * VASCONCELOS, José Leite de (1903), "Notícias Várias – 1. Antiguidades dos arredores de Macieira de Cambra", in O Arqueólogo Português,
vol. VII, Imprensa Nacional, Lisboa. * QUEIROGA, Francisco M. R. V. (2001), Inventário Patrimonial de Vale de Cambra: I Arqueologia, Câmara
Municipal de Vale de Cambra.
Castro de Lanhoso
http://arqueo.org/ferro/castro-lanhoso.html[28-10-2014 13:25:02]
Castro de Lanhoso
Na base das vertentes setentrionais da Serra do Carvalho, destaca–se um relevo (altitude de 383 metros) com uma extraordinária posição geoâ
€“estratégica, pois domina para sul um amplo sector do vale do Ave. Para norte avista–se o vale Cávado e as cumeadas da Serra de Santa Isabel.
Controlava, também, o corredor terrestre de circulação que ligava o núcleo central do espaço do Bracari às montanhas interiores,
designadamente à s serras da Cabreira e do Gerês, bem como ao planalto barrosão. O Castro de Lanhoso ocupava esse relevo granÃtico, no topo
do qual foi, mais tarde, edificado o castelo medieval de Lanhoso, lugar simbólico da História de Portugal. O castelo, por sua vez, terá sido
construÃdo por cima de uma fortificação da Antiguidade Tardia. Todavia, no cume não se observam vestÃgios proto–históricos. O que
resta do conjunto arqueológico castrejo encontra–se, sensivelmente, a meia–encosta, junto da estrada que conduz ao Santuário e ao Castelo.
Para aceder ao local, partindo do centro da Póvoa de Lanhoso, deverá seguir–se a Estrada Nacional 205 na direcção Braga/Vieira do Minho.
Ao chegar à localidade de Horto, 1’4 km depois (3 minutos), deverá cortar–se para o lado direito, no cruzamento sinalizado como «Castelo de
Lanhoso. Castro de Lanhoso». Cerca de 1 km depois (3 minutos) atinge–se o topo do morro onde se encontra o castelo medieval e o santuário de
Nossa Senhora do Pilar.
Idade do Ferro, castros, citânias, Castro de Trona
http://arqueo.org/ferro/castro-trona.html[28-10-2014 13:25:21]
Castro de Trona
Castro de Troña, Pías, Ponteareas, Pontevedra. Foto: Xaime Méndez.
Os Berrões são estátuas de pedra, esculpidas em pleno relevo com figuras zoomórficas.