04_06_2011 1a. PENSAR_ET_Especial Tabloide_6-7

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PROJEÇÃO. Decimaparabaixo,perspectivadoprojetodo CaisdasArtes,naEnseadadoSuá,emVitória;vista internadoespaço,queterámuseu,teatro,auditórioe praçadeconvivência;opremiadoarquitetoPauloMendes daRocha,autordoprojeto,emvisitaàsobrasnoano passado;noalto,àdireita,desenhodaáreainternado teatro,queterá1,3millugares Esseéovalortotalda obradoCaisdasArtes,de acordocomaSecretariade GestãoeRecursos Humanos(Seger)doES. CASINHAGRANDE,BONITA... AGAZETAVitória(ES),04dejunhode2011 GILDOLOYOLA

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6 7Pensar Fale com o editor:José Roberto Santos Neves - jrneves@redegazeta.com.br PensarFale com o editor:

José Roberto Santos Neves - jrneves@redegazeta.com.br A GAZETA Vitória (ES), 04 de junho de 20116 7Pensar A GAZETA Vitória (ES), sábado, 04 de junho de 2011 PensarFale com o editor:José Roberto Santos Neves - jneves@redegazeta.com.br

DEBATE. Luiz Tadeu Teixeira e Verônica Gomes expõem diferentes visões sobre a construção do espaço que promete ampliar a cena cultural local----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Cais das Artes:no compassoda espera

is que,nãomaisquederepente, despontam no

horizonte da Ilha de Vitória oi-to novos teatros, para deleite eglória de artistas e público quenelavivemetrabalhamouape-nas querem diversão e arte. Ofato merece júbilo porque ain-daseviveporaquisoboimpac-to da perda de espaços que du-rante décadas serviram paraviabilizar produções locais queneles poderiam permanecerem cartaz por um tempo quejustificasse suas temporadas.

Perdemos o Teatro daScav/Edith Bulhões e o TeatroGalpão acaba de se converterem igreja evangélica. É con-fortável saber saber que embreve teremos, em curto oumédio prazo, um teatro e umauditório da Secult no Caisdas Artes (Enseada do Suá),dois do Sesc no Glória (PraçaCostaPereira),doisdoSescnoantigo Clube Vitória (ParqueMoscoso), além da volta doTeatro Carmélia (Caratoí-ra/Vila Rubim) e uma prová-vel arena no Colégio São Vi-cente de Paula (Cidade Alta),os dois últimos prometidospela Prefeitura de Vitória. Sãoespaços de característicasbem diferentes, que deverãoabrigar espetáculos igual-mente diversificados.

DIVULGAÇÃO

PROJEÇÃO. De cima para baixo, perspectiva do projeto doCais das Artes, na Enseada do Suá, em Vitória; vistainterna do espaço, que terá museu, teatro, auditório epraça de convivência; o premiado arquiteto Paulo Mendesda Rocha, autor do projeto, em visita às obras no anopassado; no alto, à direita, desenho da área interna doteatro, que terá 1,3 mil lugares

Luiz Tadeu Teixeiraé jornalista, diretor deteatro e cinema.Atualmente apresentao programaCurtaVídeo na TVE.lutalte@terra.com.br

“A gente promete quenão vai falar alto...”

enina! Vitóriacresceu! Ficou

metida e não fala com a gentemaisnão!...”Éassimquemesin-to quando penso no Cais dasArtes.Nãoseisesoufavorávelasua construção, ou se sou con-trária... afinal, não posso dizerdaquilo que não conheço.

Outrodiamesmo,fiqueicomosolhosmarejadosquandoumaamiga me disse que havia co-nhecidootalCais.Porum“triz”o meu rio não tomou conta dosmeus olhos. Ouvindo ela falardaquele lugar, fiquei pensandonas casinhas de teatro que ou-trora existiam em nossa cidade.Me lembrei que a primeira queconhecifoiadaSCAV.Ficavanofinal da minha rua e tinha umquintal cheio de mangueiras...Adivinha quem era o mestre deobras que trabalhava em suaconstrução? Meu pai, o seu Ro-mu. Lembra dele, Tadeu? Poisé... Foi a primeira casinha queconheci e onde depois pudeapresentar o teatro àqueles me-ninos lá do Forte São João. Seráque eles conseguiram se tornarhomens e mulheres feitos? Seráque estão visitando outras casi-nhas? E minha amiga continua-

vaafalarcomtantoorgulho,quea cada palavra pronunciada,mais meus pensamentos iamlonge... foi aíque lembreideou-tra amiga: a Ana Lúcia Junquei-ra, que assessorou o secretáriode Cultura da Ufes, o queridoFrancisco Aurélio.

Ana nos disse que precisavade nossa ajuda para revitalizar oTeatro do Cemuni da Ufes. E láfomos nós. Eu, Robson de Paula,Alcione Dias, Inácia Freitas, aprópria Ana. Todos, juntos, en-volvidos nessa nova empreitada.

Outro momento que me re-cordomuitobem,foiatransfor-maçãodoGalpãodaRetadaPe-nha em Teatro Galpão... O ZéAugusto, com aquele seu jeitobonitão, pediu a mim, ao Rob-son de Paula e ao Renato Sau-dinopararealizarumsonhoco-letivo: transformar aquele es-paço num Teatro Alternativo.

Maisumavez,arregaçamosas mangas e pra lá fomos nós.Olha, gente, não existe genteno mundo que saiba fazer umurdimento de teatro tão per-feito como esse pessoal. Esseera e é o nosso ofício.

Depois, minha família, comdódagente,quisdarumpresen-teaonossogrupodeatores.FoiaíqueaminhatiaSulinhaempres-tou sua oficina pra gente cons-truir o Teatro Fábrica da Ilha. AFábrica de Sonhos! Até seu Ar-mojo foi visitar a gente. Estavasendo construído o primeiroTeatro de Bolso em Vitória.

Outro dia, recebi um convi-te para a solenidade do Edital

2011, da Secult. Nunca haviaido, mas, desta vez, fui. Entreinaquele salão nobre, bonitoque só! Me senti um peixinhofora dágua! Não via minhascaras-metades. O Seu Casa-grande tava lá. As falas forammuitas, mas diálogo que ébom, nadica de nada.

CASINHA GRANDE, BONITA...Caminhei para a porta, para irembora,masfoiaíqueviTadeue Valdir, olhando uma casinha.Fiquei curiosa. Fui dar uma es-piadinha. Gente! Não é que eramesmo uma casinha e que essaera a casinha do Cais das Artesquetantofalavam?Tadeufalavadali tão entusiasmado e comtanta propriedade, que era dedar inveja a qualquer um. Eutambém queria ficar empolga-da.Comeceiaolharparaaquelacasinha. Achei grande, bonita...Foi aí que me deparei com umagrande placa de vidro. Pergun-tei rápido ao Tadeu:

– Que é isso, Tadeu?– É a Baía de Vitória, Verôni-

ca! Não tá conhecendo não?E eu, então, disse:-NossaSenhora!Elespensa-

ram a fachada da casinha defrenteparaomaredefrentepraNossa Senhora da Penha...

É... agoraficomais tranquila,pois sei que essa casinha vai tera benção da nossa mãezinha.Mas moça, moça bonita! Nósainda temos um sonho: deixa,moça bonita, deixa a gente en-trar! A gente promete a vocêque não vai falar alto não!

E

jeto de luxuoso, elitista, umdesperdício. Agora tambémacusam o projeto do Cais dasArtes de elitista e até de cons-purcar a paisagem, apesar deerguido próximo à TerceiraPonte, que também mereceuesta classificação em outrostemposehojevirouumvaliosocartão-postal, uma referênciana paisagem de Vitória.

A obra do Cais das Artes se-gue em ritmo acelerado e asatenções estão agora voltadasparaosmecanismosdesuages-tão e principalmente os crité-rios que definirão sua progra-mação. Para nós, que trabalha-moscomasartescênicas,aoca-sião é propícia para tratar depropostas de ocupação da suaprincipal sala (será um teatrocom capacidade para 1300 pes-soas e um auditório para 225),dotada de moderna tecnologiautilizada nos principais teatrosdo Brasil e até do exterior.

Nacionalmente, nosso Caisdas Artes poderá integrar umcircuito do qual fazem parte osteatros Guaíra, de Curitiba; Pa-lácio das Artes, de Belo Hori-zonte; Castro Alves, de Salva-dor; Amazonas, de Manaus;TeatrodaPaz,deBelém,JosédeAlencar,deFortaleza,entreou-tros, só pra citar exemplos forado eixo Rio-São Paulo. E todossão maiores que o nosso.

Claro que para eventos deópera,músicasinfônicaegran-des balés já existe um certo pa-râmetro. Mas para o teatro épreciso alargar um pouco a vi-são. Por certo muitas ideias jásurgiram e poderão ainda serdiscutidas. E todas devem serconsideradas,poispodemcon-ter importantes lições.

Verônica Gomes émãe, atriz, jornalista epresidente do Sindicatodos Artistas e Técnicos emEspetáculos de Diversõesno ES. mariaveronicagomes@gmail.com

“M“Desperdício é nãosaber usar os teatros”nn Ésemprebombuscarexem-plos, locais ou não, que nos se-jam úteis. Uma experiência énossa;aoutra,vemdoParaná.Acapixaba,ocorreuduranteadé-cada de 80, quando o DEC (De-partamento Estadual de Cultu-ra, antecessordaSecult)criouaCompanhia Dramática Capixa-ba e contratou atores e técnicoscapixabas para grandes monta-gens, inclusive de textos vence-doresdoConcursoCapixabadeDramaturgia.

Logo na terceira montagem,a CDC encerrou suas ativida-des,bombardeadaporcríticaseincompreensões da própriaclasseteatral.Suapropostapro-curava reunir profissionais ca-pacitados, selecionados deacordocomosespetáculos,querecebiam salários mediantecontrato (por tempo determi-nado) para se dedicarem inte-gralmenteaumaououtramon-tagem. Infelizmente, o rançoamadorístico da classe teatralcapixaba naquela ocasião faloumais alto e o projeto caiu no

abandono antes que pudesseconquistar uma sólida cumpli-cidade com o público.

O outro exemplo vem daFundação Teatro Guaíra, queadministra o Teatro Guaíra, emCuritiba. Em 1986, a entidadecontratou o ator Paulo Autran eo diretor Celso Nunes, ambospaulistas, para uma caprichadamontagem de “Galileu Galilei”,de Bertolt Brecht.

Todos os demais integrantesda equipe viviam no Paraná. Aover Paulo Autran no papel deGalileu, o público viu tambémum time de grandes atores doParaná,equandoPaulodeixouoelencoosucessojátinhaempla-cado e se tornou fácil mantê-lopara temporadas populares.

Se essas experiências pude-rem contribuir com as discus-sões que buscam encontrar umcaminho capaz de tornar o em-preendimento teatral viável emnossoEstado,semdúvida,serãomuito úteis. Desperdício não éconstruirbonsteatros.Énãosa-ber usá-los. Agora e sempre.

R$ 124milhões

Esse é o valor total daobra do Cais das Artes, deacordo com a Secretaria deGestão e RecursosHumanos (Seger) do ES.

Claro que para viabilizar aprodução local, a carênciamaior é de espaços que per-mitam temporadas mais lon-gas, capazes de disseminar oboca a boca, o mais eficazinstrumento de divulgaçãoque se conhece e termôme-tro para que o público exerçaseu sagrado direito de deci-dir quanto tempo um espetá-culo ficará em cartaz, se é su-cesso ou não.

OBJEÇÕESNeste elenco de novas atra-ções,oCaisdasArteséamaiorestrela, mas tem enfrentadoobjeções injustificadas, aexemplo do que ocorreu quan-doreconstruíramoTeatroCar-los Gomes, reaberto em de-zembro de 1970, após perma-necer fechado por vários anose superar diversos entraves es-truturais.Areconstruçãocriouos camarotes, reduzindo a ca-pacidade do teatro de 1.100 lu-gares para 450. Camarotes (so-luçãoparaisolaras janelasefa-vorecer o ar-condicionado,também fora do projeto origi-nal), veludos, cristais, apliquese lustres levaram muita gente atorcer o nariz, acusando o pro-

GILDO LOYOLA

Documento:Terceiro_04_06_2011 1a. PENSAR_ET_Especial Tabloide_6-7.PS;Página:1;Formato:(554.92 x 315.74 mm);Chapa:Composto;Data:03 de Jun de 2011 13:50:34