05-Bernard Manin e os princípios do governo representtivo

Post on 24-Jun-2015

2.196 views 11 download

Transcript of 05-Bernard Manin e os princípios do governo representtivo

1

Hoje: A teoria do governo representativo em Bernard Manin.

Presenter
Presentation Notes

2

Sumário:

Introdução;

Elementos do governo representativo e critérios para diferenciar seus diferentes “tipos ideais”;

Características de cada um dos tipos de governo representativo (governo de notáveis; de partidos; democracia de público);

Conclusão: uma agenda de reflexão sobre as instituições representativas contemporâneas. (SEs; Partidos; Sistemas de governo; modelos de democracia);

3

Resumo do texto [atenção para a prova!!!. Exemplo de resumo malfeito]

O artigo afirma que a situação atual da democracia política se caracteriza pelaemergência de um novo tipo de governo representativo. Tendências recentes, taiscomo as de enfraquecimento da identificação partidária, o declínio das plataformaspolíticas e o papel cada vez mais importante de uma elite de "comunicadores" vêmabalando o princípio do governo do povo. O artigo demonstra, porém, que o governorepresentativo não foi concebido como uma forma indireta de governo do povo, mascomo um sistema político original, baseado em princípios distintos daqueles quefundamentam a democracia. Além disso, muitos dos arranjos institucionais originaisdo governo representativo praticamente nunca foram postos em questão. Arepresentação política mudou muito menos do que geralmente se supõe. É verdadeque os princípios permanentes do governo representativo tiveram conseqüênciasdiferentes conforme as circunstâncias em que foram postos em prática. Essasdiferenças deram origem a diversas formas de representação política. O artigoconstrói três tipos-ideais de governo representativo, mostrando que se pode entendermelhor a situação atual pela ótica da emergência de um novo tipo de representação.

4

Introdução:

Hoje: veremos um importante e influente texto doBernard Manin sobre As metamorfoses do governorepresentativo

Onde ele apresenta uma interessante teoria e ummodelo de análise para o estudo das “metamorfoses”do governo representativo.

5

Introdução:

Sua tese central é a de que o que ele chama de“governo representativo” tem uma estrutura formadapor quatro elementos básicos;

E que essa estrutura não se manteve estática, massofreu modificações e mutações ao longo do tempo.

Não há “crise da representação”, mas uma“metamorfose da democracia representativa”.

6

Introdução:

• => A propalada “crise de representatividade” é na verdade a crise deum dos modelos possíveis de governo representativo (a democraciapartidária), e não a crise do governo representativo (tout court)[bastante diferente da democracia direta].

• => Outro ponto de partida dele, além da tentativa de testar estediagnóstico difuso sobre a “crise da representação” são algumasevidências presentes no funcionamento da democraciacontemporânea, tais como:

• a) a volatilidade do eleitorado e a ausência de identificação partidária;

• b) personalização do pleito eleitoral [“a estratégia eleitoral dos candidatos epartidos repousa na construção de imagens vagas que projetam a personalidadedos líderes”].

7

Introdução: → Ele caracteriza inicialmente algumas modificações gerais do

GR/Governo Representativo em sua história que têm sido enfatizadas pelos analistas convencionais: Ampliação do sufrágio universal em fins do século XIX e inícios do século

XX: 6

Emergência de partidos de massa a partir do início do século XX;

Importância dos programas políticos para a organização do debate eleitoral;

Estreitamento da relação de representação em decorrência de tudo isso: “Os candidatos passaram a ser escolhidos pela organização partidária, na qual militantes de base tinham a oportunidade de se manifestar” (p. 6)

Surgimento do “governo de partidos” fundados em coalizões partidárias entre os novos partidos de massa emergentes e os partidos conservadores modificados, predominantes anteriormente.

8

Cap. 1) Os princípios do governo representativo:

(i) Os representantes são eleitos pelos governados;

(ii) Os representantes conservam uma independência parcial diante das preferências dos eleitores;

(iii) A opinião pública sobre assuntos políticos pode se manifestar independentemente de controle do governo;

(iv)) As decisões políticas são tomadas após debate;

9

Cap. 1) Os princípios do governo representativo: Eleições dos representantes.

Baseia-se na premissa consensual de que, de uma maneira geral, nãoexiste representação quando os governantes não sãoperiodicamente eleitos pelos governados;

A eleição, nesse sentido, é basicamente um método de escolha dosque devem governar [ou das elites governantes] e de legitimação deseu poder: 8

Outro requisito desse sistema eleito é que não é necessário que aselites dirigentes sejam semelhantes, do ponto de vista sociológico,aos cidadãos que os elegem. Ou, por outra: não há incompatibilidadealguma entre representação e governo de elites.

10

B) Independência parcial dos representantes:

Se traduz na rejeição de duas práticas que privariam os representantes de autonomia de ação: os mandatos imperativos e a revogabilidade permanente e discricionária dos eleitos (o “recall”).

Ele afirma que nenhum dos “governos representativos” instituídos desde o final do século XVIII admitiu este instituto, embora continue a qualificar tais governos como “representativos”: 9

Tais instruções ou mandatos imperativos vigoravam em democracias estamentais tais como os Estados-gerais franceses, mas foram abolidas pelos revolucionários em julho de 1789 [ele esquece de dizer: como uma forma de subtrair as elites dirigentes ao controle dos senhores feudais sem transferi-la de imediato ao controle do povo];

Ele chegar a afirmar que alguns autores, tais como Rousseau e os Federalistas, chegaram a formular uma distinção conceitual entre governo representativo e democracia (o efetivo governo do povo) para sistematizar tal diferença: 10

11

C) Liberdade da opinião pública.

Outro princípio-chave é o de que a opinião pública sobreassuntos políticos pode se manifestar independentemente docontrole do governo, o que implica na obediência a doissubprincípios correlatos:

A) a publicidade e o acesso público às informações;

B) A liberdade de expressão de opiniões políticas.

Essa liberdade de opinião impede a “representação absoluta”das elites dirigentes pelos cidadãos, para usar a expressão deHobbes, segundo os quais os cidadãos devem obediênciaabsoluta aos representantes eleitos e não podem divergirdeles.

12

D) Debate parlamentar ou público

Esse princípios indique que as decisões políticas da comunidade são, num GR, tomadas após debate, embora tal debate possa ser de várias naturezas. [= formação de uma esfera pública]

→ Em seguida, ele passa a caracterizar com mais detalhes três subtipos de GR: Democracia ou Modelo Parlamentar de GR ou “Parlamentarismo” [sentido

análogo ao que Weber dá ao termo = democracia de notáveis];

Democracia de Partidos, ou modelo partidário = democracias de partidos de massas no século XX até o aparecimento das mídias;

Democracia de/do Público = democracia que passa a emergir com a TV e o uso do marketing político;

13

Cap. 2) A democracia de notáveis: A) Eleições dos representantes, baseia-se nos seguintes princípios:

Escolha de pessoas confiáveis; Importância das relações locais; Influência dos “notáveis”;

B) Independência parcial dos representantes:

O deputado ou representante vota segundo sua consciência, a partir dos debates e discussões que se travam no parlamento;

C) Liberdade da opinião pública:

Não-coincidência das expressões eleitorais e não-eleitorais da opinião; Povo chega às “portas do parlamento”

D) Debate parlamentar:

Centralidade das discussões e dos debates travados no parlamento para as decisões adotadas pela comunidade;

14

Cap. 3) Características básicas da “democracia de partido”:

A) Eleições dos representantes, se define a partir das seguintes características: Há fidelidade do representante a um partido, embora relativa autonomia em relação

ao eleitor;

Pertencimento a uma classe;

Presença do “ativista” ou “militante”

B) Independência parcial dos representantes = Os líderes definem as prioridades dos programas

C) Liberdade da opinião pública = Há coincidência entre as expressões eleitorais e não-eleitorais da opinião;

Presença da oposição;

D) Debate parlamentar = Discussão dentro do partido;

Negociações entre partidos

Neocorporativismo

15

Cap. 4) Características básicas da “democracia de público” [Imp! Nos estudos sobre mídia e política]: (cf. p. 25 sobre as causas)

A) Eleições dos representantes => personalização da escolha eleitoral.

Escolha de pessoas confiáveis;

Presença do “comunicador”

B) Independência parcial dos representantes:

Imagens determinam escolhas dos líderes;

C) Liberdade da opinião pública:

Não-coincidência entre expressões eleitorais e não-eleitorais da opinião;

Pesquisas de opinião;

D) Debate parlamentar:

Negociações entre governos e grupos de interesse;

Presença da mídia e do eleitor flutuante ou “volátil”.

16

Conclusão: um quadro-síntese:

17

Conclusão: uma agenda de reflexão sobre as instituições representativas

A partir destas reflexões do Bernard Manin, podemos definir uma agenda de reflexão sobre as IR que é praticamente infinita;

Nos concentraremos a seguir no funcionamento dos seguintes aspectos do funcionamento das modernas democracias parlamentares: sistemas eleitorais => partidos e sistemas partidários => sistemas de governo e relações entre Executivo e o Legislativo => poliarquias e modelos de democracia => o caso brasileiro de uma perspectiva comparada.

18

Próximas aulas:

Introduziremos alguns conceitos básicos para o estudo das democracias “representativas”:

Sistemas eleitorais => partidos e sistemas partidários => teorias que buscam relacionar as duas dimensões => relações entre Executivo e Legislativo e sistemas de governo.

19

Referências bibliográficas: