Post on 14-Sep-2015
Lngua portuguesa: ultrapassar fronteiras, juntar culturas (Eds.) M Joo Maralo & M Clia Lima-Hernandes, Elisa Esteves, M do Cu Fonseca, Olga Gonalves, Ana LusaVilela, Ana Alexandra Silva Copyright 2010 by Universidade de vora ISBN: 978-972-99292-4-3 SLG 32 As interfaces da gramtica.
135
DENTRE AS INTERFACES DA GRAMTICA: O PROCESSO DE CONSTRUO TEXTUAL EM TRADUES BBLICAS
Mari Moreira Madureira LOPES1
As relaes gramaticais observadas em um texto destinado a um pblico especfico podem avocar modos de construo prprios de um determinado contexto. Nesse sentido, todo texto constri-se de acordo com as relaes existentes entre elementos lingusticos, conceituais e pragmticos. Em se tratando de traduo bblica, pode-se verificar que, na atualidade, verses com diferentes enfoques tm sido apresentadas ao pblico leitor. Ora se prioriza a mensagem, ora se prioriza o receptor (NIDA; TABER, 1982). inegvel que o sagrado influencia muitas pessoas e est inserido no cotidiano da humanidade, apresentando-se verbalmente aos homens por meio de livros vistos como de origem divina. A Bblia enquadra-se nessa modalidade de texto, cujo valor no apenas instrucional mas tambm emocional, tendo em vista o apego e o respeito que as pessoas manifestam em relao a esse tipo de literatura. Por isso, tendo em vista a interface entre gramtica e traduo (especificamente, traduo de textos considerados sagrados), o presente trabalho se prope discutir como se d o processo de construo textual em diferentes tradues bblicas de lngua portuguesa, pondo sob considerao os mecanismos gramaticais que promovem relaes entre os elementos do texto. Como fundamento para este trabalho, recorreu-se s caractersticas do contexto de situao (campo, relao e modo) e das metafunes (ideacional, interpessoal e textual), propostas por Halliday (1979, 2004), tendo em vista sua relevncia para a compreenso do processo de construo textual. A descrio lingustica desses elementos envolvidos na construo do texto possibilita a compreenso de como as verses conseguem atingir seu pblico e sua inteno. PALAVRAS-CHAVE: construo textual; metafunes da linguagem; traduo; Bblia.
Modos de construo textual prprios de um determinado contexto podem ser
identificados nas escolhas semnticas e sintticas feitas em tradues bblicas
portuguesas no Brasil. A situao em que o texto produzido influencia as escolhas do
tradutor tanto em termos lingusticos como em termos conceituais e pragmticos. Em
relao traduo bblica, verses com diferentes enfoques (mensagem equivalncia
formal vs receptor equivalncia dinmica, NIDA; TABER, 1982) tm sido oferecidas
ao pblico leitor na atualidade. Nas novas verses, tradutores bblicos tentam, de
1 Universidade Presbiteriana Mackenzie, Faculdade de Comunicao e Letras, Programa de Ps-graduao em Letras. Endereo: Alameda Tiet, 191, ap. 44, So Paulo, SP, CEP 01417-020, e-mail: mariumadureira@hotmail.com. Fundao de Amparo Pesquisa do Estado de So Paulo, 08-58545-4.
Lngua portuguesa: ultrapassar fronteiras, juntar culturas (Eds.) M Joo Maralo & M Clia Lima-Hernandes, Elisa Esteves, M do Cu Fonseca, Olga Gonalves, Ana LusaVilela, Ana Alexandra Silva Copyright 2010 by Universidade de vora ISBN: 978-972-99292-4-3 SLG 32 As interfaces da gramtica.
136
alguma forma, tornar o texto mais claro para os leitores, contudo estes esperam que o
tradutor reproduza a mensagem divina sem mudanas. Os leitores, habituados com
tradues consideradas cannicas, apreendem vocabulrio e estruturas prprios de uma
linguagem religiosa, e assim evidenciam expectativas resultantes do apego e respeito
dedicados a esse tipo de literatura.
Por isso, tendo em vista a interface entre gramtica e traduo (especificamente,
traduo de textos considerados sagrados), o presente trabalho se prope discutir como
se d o processo de construo textual em diferentes tradues bblicas de lngua
portuguesa, pondo sob considerao os mecanismos gramaticais que promovem
relaes entre os elementos do texto. Como fundamento para este trabalho, recorreu-se
s caractersticas do contexto de situao (campo, relao e modo) e das
metafunes (ideacional, interpessoal e textual), propostas por Halliday (1979,
2004), tendo em vista sua relevncia para a compreenso do processo de construo
textual. A descrio lingustica desses elementos envolvidos na construo do texto
possibilita a compreenso de como as verses conseguem atingir seu pblico e sua
inteno.
Na perspectiva de Halliday (1979, 2004), linguagem e contexto so elementos
indissociveis na anlise lingustica. Isso implica pensar a linguagem em situaes reais
de uso, o que evoca a potencialidade de significao existente na lngua. De acordo com
Halliday e Hasan (1989), determinados usos da linguagem podem ser distinguidos como
registros, que so configuraes semnticas tipicamente associadas a um contexto
social particular (definido em termos de campo, relao e modo). Essas trs
caractersticas so, sobretudo, aspectos especficos do contexto de situao, e esto
associadas circunstncia em que o discurso se instaura. O campo, compreende o
acontecimento em si, ou seja, a situao em que ocorre o discurso, como a linguagem se
configura para reproduzir a realidade. A relao remete aos participantes do discurso,
Lngua portuguesa: ultrapassar fronteiras, juntar culturas (Eds.) M Joo Maralo & M Clia Lima-Hernandes, Elisa Esteves, M do Cu Fonseca, Olga Gonalves, Ana LusaVilela, Ana Alexandra Silva Copyright 2010 by Universidade de vora ISBN: 978-972-99292-4-3 SLG 32 As interfaces da gramtica.
137
aos papis que eles ocupam nas relaes sociais. E o ltimo componente, o modo,
instaura-se na relao com a linguagem, compreendendo a organizao do texto
enquanto estrutura que visa a alcanar o objetivo da mensagem. Para Halliday
(HALLIDAY, 1979, p. 187), do mesmo modo que o contexto de situao tem suas
caractersticas campo, relao e modo , a linguagem tem suas funes
ideacional (linguagem como reflexo), interpessoal (linguagem como ao), textual
(linguagem como tessitura, em relao ao ambiente). Em poucas palavras, a primeira
metafuno se refere linguagem como instrumento de reproduo de contedos, a
segunda diz respeito aos papis que os participantes ocupam na interao e terceira
compreende a organizao interna do texto.
Essas questes, quando envolvidas na traduo de textos sagrados, permitem a
identificao de um registro especfico, um registro religioso. Aplicando os critrios
de Halliday (1979; 2004) traduo de textos sagrados, pode-se reconhecer: 1. um
campo, cujo contedo essencialmente se distingue como sagrado; 2. uma relao
dupla, em que se observam Deus e o leitor, e, em contrapartida, o tradutor e o receptor;
3. um modo em que se d a configurao de uma linguagem religiosa que pode ser
claramente identificada no processo de construo textual de tradues bblicas.
Ao pensar o processo de construo textual, convm retomar algumas questes
especficas de traduo. Pode-se dizer que o grande embate da traduo se d entre
literal e livre: ... essa oposio tem assumido diferentes formas na literatura, desde a
traduo literal oposta livre, a fiel oposta criativa, at, mais recentemente, a
equivalncia formal equivalncia dinmica (RODRIGUES, 2000, p. 15). Para
este estudo, interessa a ltima denominao, que foi sugerida por Nida e Taber (1982).
Embora haja outras discusses atuais sobre a prtica da traduo, a perspectiva de
anlise desses dois tericos bastante relevante para esta proposta de estudo, visto que
sua teoria influenciou o processo de traduo ou de reviso das verses aqui analisadas.
Lngua portuguesa: ultrapassar fronteiras, juntar culturas (Eds.) M Joo Maralo & M Clia Lima-Hernandes, Elisa Esteves, M do Cu Fonseca, Olga Gonalves, Ana LusaVilela, Ana Alexandra Silva Copyright 2010 by Universidade de vora ISBN: 978-972-99292-4-3 SLG 32 As interfaces da gramtica.
138
Nida e Taber (1982) propem a adequao da linguagem ao contexto do
receptor. Eles entendem que transmitir a mensagem tendo como base pressuposies e
valores da cultura no uma tarefa fcil, ainda mais quando se lida com o contexto
bblico. Para expor sua teoria, os autores pressupem a existncia de dois focos em que
uma traduo pode fundamentar-se: o antigo e o novo. Sua concepo em relao ao
antigo foco baseia-se na ideia de que a mensagem o centro. Dessa forma, o tradutor
deve preocupar-se em reproduzir o texto-fonte tal como se encontra na lngua-fonte,
tendo em mente, sobretudo, a reproduo de jogos de palavras, rimas, paralelismo, etc.
J o segundo foco tem como finalidade alcanar o receptor, fazendo que o entendimento
dele seja o principal objetivo. Para isso, o tradutor precisa ter novas atitudes em relao
lngua-alvo (reconhecendo seu carter prprio e diferenciado em relao lngua-
fonte), e novas atitudes em relao lngua-fonte (reproduzindo o significado de acordo
com o contexto cultural da lngua-alvo).
Dessa forma, para Nida e Taber (1982, p. 12): traduzir consiste em reproduzir
na lngua-alvo o equivalente natural mais prximo da mensagem da lngua-fonte,
inicialmente em termos de significado e, posteriormente, de estilo (traduo nossa).
Nesse enfoque, no se objetiva traduzir palavra por palavra, mas, sim, extrair o
contedo essencial a ser retransmitido na lngua-alvo. Por isso, os autores (1982, p. 200-
201) propem dois enfoques na traduo: 1. a correspondncia formal, ou equivalncia
formal, que se distingue como uma traduo em que as caractersticas formais do texto
de origem se reproduzem mecanicamente na lngua-alvo; 2. equivalncia dinmica, que
apresentada como uma traduo em que se transfere a mensagem de um texto original
para a lngua-alvo tendo em vista o intuito de provocar no receptor atual basicamente a
mesma reao do receptor original. Nesse ltimo caso, a forma do texto original
mudada.
Lngua portuguesa: ultrapassar fronteiras, juntar culturas (Eds.) M Joo Maralo & M Clia Lima-Hernandes, Elisa Esteves, M do Cu Fonseca, Olga Gonalves, Ana LusaVilela, Ana Alexandra Silva Copyright 2010 by Universidade de vora ISBN: 978-972-99292-4-3 SLG 32 As interfaces da gramtica.
139
Trata-se de dois enfoques, contudo, tendo em vista a descrio j dita do
contexto de situao em que se circunscreve o texto sagrado, nem sempre o leitor estar
disposto a aceitar uma traduo que, de alguma forma, parea mudar o que se considera
como contedo sagrado. Em outras palavras, a mente do leitor da traduo bblica, o
foco de estudo desta pesquisa, j partilha de uma conscincia lingustica (CRYSTAL,
1992). Isso significa que a comunidade resguarda um registro, que lhe particular, e
por ser este tido como sagrado deve ser preservado e registrado nas tradues.
A conservao e o uso de uma traduo ao longo do tempo, por exemplo,
implicam a formao de uma linguagem religiosa e tambm a permanncia de uma
linguagem antiga, tendo em vista que a traduo seguiu o vocabulrio, a estrutura e as
normas da poca em que foi produzida. Para Nida (1997, p. 189), uma longa tradio
pode suscitar problemas na traduo: Os problemas de uma longa tradio so
especialmente relevantes no caso de textos religiosos, porque sempre h muitas pessoas
cuja f se baseia mais na linguagem dos antigos documentos do que em seu contedo
(traduo nossa).
Observa-se, por exemplo, como marca de linguagem da religio, um vocabulrio
doutrinrio e teolgico que, tendo sido desenvolvido ao longo da histria da igreja, tem
sido preservado at hoje como base da crena. A omisso, mudana ou adaptao de um
dos termos pode provocar rejeio por parte do receptor do texto sagrado. Por esse
motivo, Simms (1997) considera textos sagrados como textos que so passveis de
suscitar objees em relao sua traduo. O que se questiona no o texto sagrado,
mas o modo como sua traduo produzida, como ela se constri dentro de um
contexto de situao especfico. Observa-se claramente que o leitor de textos sagrados
prefere tradues que conservem uma tradio lingustica e histrico-teolgica a
tradues que faam uso de uma linguagem corrente, deixando de lado marcas prprias
Lngua portuguesa: ultrapassar fronteiras, juntar culturas (Eds.) M Joo Maralo & M Clia Lima-Hernandes, Elisa Esteves, M do Cu Fonseca, Olga Gonalves, Ana LusaVilela, Ana Alexandra Silva Copyright 2010 by Universidade de vora ISBN: 978-972-99292-4-3 SLG 32 As interfaces da gramtica.
140
do discurso religioso. Isso pode ser visto com mais clareza por meio de uma anlise
comparativa de tradues bblicas.
Para este estudo, foram selecionadas duas verses: Verso revista e atualizada
de Joo Ferreira de Almeida - 2 edio (ARA), que a traduo clssica e a
particularmente usada no meio protestante no Brasil; e Nova traduo na linguagem de
hoje (NTLH). As duas tradues so verses portuguesas brasileiras produzidas e
editadas pela Sociedade Bblica do Brasil. Com base na teoria de Nida e Taber (1982),
os representantes da instituio declaram ser a primeira uma traduo cujo enfoque est
na equivalncia formal, e a segunda, na equivalncia dinmica2.
A verso de Joo Ferreira de Almeida foi produzida no sculo XVII, mas passou
por diversas revises que resultaram na Verso revista e atualizada - 2 edio (ARA).
Como se verifica no prefcio da segunda edio da referida verso, essas revises feitas
pela equipe de traduo da Sociedade Bblica do Brasil estavam voltadas
principalmente a pontuao, acertos em falhas de reviso passada, em erros de
concordncia e em incorrees nas referncias bblicas e a harmonizao de
subttulos3. A ARA4 atualmente uma traduo muito usada e muito aceita no meio
protestante, mas conservadora em termos de adequao da linguagem ao uso corrente, o
que dificulta muitas vezes a compreenso do texto, dependendo do pblico receptor.
Em contrapartida, a Nova traduo na linguagem de hoje (NTLH) tem como
objetivo proporcionar ao leitor uma traduo que seja clara. Foi a primeira verso
brasileira a empregar os princpios de equivalncia dinmica. Seu projeto oriundo de
uma traduo chamada Good News Bible. Esta tinha por objetivo traduzir a Bblia para
uma linguagem comum: [...] uma linguagem que acessvel s pessoas menos
instrudas e que, ao mesmo tempo, aceitvel s pessoas mais eruditas, o que implica
2 Essa informao encontra-se disponvel no site da Sociedade Bblica do Brasil: www.sbb.org.br. 3 Bblia Sagrada - Revista e atualizada no Brasil. 2. ed. Barueri: Sociedade Bblica do Brasil, 1993. 4 L-se Verso revista e atualizada - 2 edio.
Lngua portuguesa: ultrapassar fronteiras, juntar culturas (Eds.) M Joo Maralo & M Clia Lima-Hernandes, Elisa Esteves, M do Cu Fonseca, Olga Gonalves, Ana LusaVilela, Ana Alexandra Silva Copyright 2010 by Universidade de vora ISBN: 978-972-99292-4-3 SLG 32 As interfaces da gramtica.
141
um vocabulrio reduzido, que no vai muito alm de quatro mil palavras (MILLER &
HUBER, 2006, p. 225).
Em termos de receptividade, Seibert (2006, p. 225) observa que houve dois tipos
de reao a essa primeira verso: muitos a saudaram com muita alegria; outros foram
reativos, chegando a extremos como de rejeio completa. Atualmente, a NTLH5 tem
sido vista como uma Bblia apropriada evangelizao, porque, em virtude de sua
linguagem clara, torna-se mais atraente a um pblico que desconhece o evangelho. Na
NTLH, o receptor que se coloca em foco. A preocupao volta-se mais ao entendimento
do leitor do que em uma reproduo da construo textual e do lxico do texto-fonte.
Fato que novas verses, como a NTLH, lidam com a tradio da traduo de
Joo Ferreira de Almeida, o que impe um grande desafio em termos de aceitao de
uma linguagem adequada realidade lingustica vigente. Se, por um lado, entende-se
que a traduo atual mais usada no meio protestante no compartilha mais da realidade
lingustica da comunidade, em contrapartida h uma grande dificuldade de aceitar as
novas verses. Dentre os motivos dessa no aceitao, podem-se indicar: a) a falta de
adaptao do receptor nova verso; b) o estranhamento da linguagem cotidiana em
oposio arcaica, tradicionalmente usada no universo do sagrado; c) e a rejeio a uma
traduo que no siga os padres da literalidade.
O texto selecionado para anlise se encontra em Efsios6 1.3-14. Nele se pode
observar como se d o processo de construo textual na traduo bblica de acordo com
o enfoque tradutrio adotado (equivalncia formal ou dinmica). Segue abaixo a
transcrio do texto-fonte The Greek New Testament, de Aland et al.7 (4 edio), e da
Verso revista e atualizada - 2 edio:
(1) 3 Eulogtos ho theos kai patr tou kyriou hmn Isou Christou, ho eulogsas hmas em pas eulogia pneumatik en tois epouraniois em
5 L-se Nova traduo na linguagem de hoje. 6 Trata-se de uma das epstolas do Novo Testamento. No se pode determinar a autoria dessa epstola, alguns acreditam que Paulo ou um pseudnimo possa t-la escrito. 7 Esse texto grego servir de apoio como texto-fonte para a anlise das referidas verses.
Lngua portuguesa: ultrapassar fronteiras, juntar culturas (Eds.) M Joo Maralo & M Clia Lima-Hernandes, Elisa Esteves, M do Cu Fonseca, Olga Gonalves, Ana LusaVilela, Ana Alexandra Silva Copyright 2010 by Universidade de vora ISBN: 978-972-99292-4-3 SLG 32 As interfaces da gramtica.
142
Christ, 4 kaths ekseleksato hmas en aut pro katabols kosmou einai hmas hagious kai ammous katenpion autou en agap, 5 proorisas hmas eis huiothesian dia Isou Christou eis auton, kata tn eudokian tou thelmatos autou, 6 eis epainon dokss ts charitos autou hs echaritsen hmas en t gapmen. (2) 7 en h echomen tn apolytrsin dia tou haimatos autou, tn aphesin tv paraptmatn, kata to ploutos ts charitos autou 8 hs eperisseusen eis hmas, en pas sophia kai phronsei, 9 gnrisas hmin to mystrion tou thelmatos autou, kata tn eudokian autou hn proetheto en aut 10 eis oikonomian tou plrmatos tn kairn, anakephalaisasthai ta panta em t Christ, ta epi tois ouranois kai ta epi ts gs em aut. (3) 11 en h kai eklrthmen prooristhentes kata prothesin tou ta panta energountos kata tn bouln tou thelmatos autou 12 eis to einai hmas eis epainon dokss autou tous prolpikotas em t Christ. (4) 13 en h kai hymeis akousantes ton logon ts altheias, to euangelion ts strias hymn, en h kai pisteusantes esphragisthte t pneumati ts epangelias t hagi, 14 ho estin arrabn ts klronomias hmn, eis apolytrsin ts peripoises, eis epainon ts dokss autou.8
(1) 3 Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos tem abenoado com toda sorte de bno espiritual nas regies celestiais em Cristo, 4 assim como nos escolheu, nele, antes da fundao do mundo, para sermos santos e irrepreensveis perante ele; e em amor 5 nos predestinou para ele, para a adoo de filhos, por meio de Jesus Cristo, segundo o beneplcito de sua vontade, 6 para louvor da glria de sua graa, que ele nos concedeu gratuitamente no Amado, 7 no qual temos a redeno, pelo seu sangue, a remisso dos pecados, segundo a riqueza da sua graa, 8 que Deus derramou abundantemente sobre ns em toda a sabedoria e prudncia, 9 desvendando-nos o mistrio da sua vontade, segundo o seu beneplcito que propusera em Cristo, 10 de fazer convergir nele, na dispensao da plenitude dos tempos, todas as coisas, tanto as do cu como as da terra; 11 nele, digo, no qual fomos tambm feitos herana, predestinados segundo o propsito daquele que faz todas as coisas conforme o conselho da sua vontade, 12 a fim de sermos para louvor da sua glria, ns, os que de antemo, esperamos em Cristo; 13 em quem tambm vs, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvao, tendo nele tambm crido, fostes selados com o Santo Esprito da promessa; 14 o qual o penhor da nossa herana, at ao resgate da sua propriedade, em louvor da sua glria.
A primeira traduo analisada a Verso revista e atualizada - 2 edio. O
aspecto inicial observado diz respeito pontuao do texto. sabido que o texto
Original no tinha pontuao, a qual foi introduzida ao longo dos anos, pelas iniciativas
da crtica textual, em seu processo de reconstruo do texto. Contudo, importante
atentar para aspectos especficos do texto grego usado para as respectivas verses
estudadas, a fim de perceber as influncias que o texto-fonte exerceu sobre o tradutor.
Para fazer sua verso, Almeida utilizou o textus receptus, que no apresenta
recorrncia de ponto final nesse trecho estudado, diferentemente do The Greek New 8 Escolheu-se o modelo de transliterao proposto por COENEN, L.; BROWN, C. (2000).
Lngua portuguesa: ultrapassar fronteiras, juntar culturas (Eds.) M Joo Maralo & M Clia Lima-Hernandes, Elisa Esteves, M do Cu Fonseca, Olga Gonalves, Ana LusaVilela, Ana Alexandra Silva Copyright 2010 by Universidade de vora ISBN: 978-972-99292-4-3 SLG 32 As interfaces da gramtica.
143
Testament (4 edio), utilizado como base para esta anlise. Isso significa que, do
versculo 3 ao 14, h um nico perodo, o que pode ter influenciado a disposio da
pontuao na ARA. Convm ressaltar que, na 2 edio da ARA, se utilizou o texto
grego que acaba de ser transcrito, o qual apresenta ponto final nos versos 6, 10, 12 e 14.
Todavia, talvez por influncia da edio j existente de Almeida, optou-se na 2 edio
por conservar o texto em apenas um perodo composto de vrias oraes, tambm em
um nico pargrafo. Esse seria um primeiro ponto interessante a ser discutido. Pode-se
perguntar por que a ARA conserva um perodo longo. Em grego, o ponto final ocorre
antes da expresso en h. Trata-se de um pronome relativo masculino singular do caso
dativo, que possui a mesma funo de um pronome relativo em lngua portuguesa.
Assim: no versculo 7, escolheu-se como correspondente o qual; no 11, escolheu-se nele
que remete ao Amado (Cristo); e no 13, escolheu-se em quem, referente a Cristo.
Apenas no versculo 11 foi usada a contrao nele, que corresponde preposio en
contrada com o pronome pessoal, representando o pronome relativo grego (en h). Em
portugus, dificilmente o pronome relativo inicia uma frase. Nesse caso, o tradutor
pode, ento, optar por continuar o perodo usando o pronome relativo ou iniciar um
novo perodo usando outras possibilidades de construo textual na lngua-alvo. Nota-se
que, na ARA, o tradutor optou por conservar a construo do texto-fonte, recorrendo ao
prprio pronome relativo o qual (v. 7) ou quem (v. 13) ou a forma contrada nele (v. 11).
Fica evidente a priorizao do texto-fonte na conservao do pronome relativo, pois
prioriz-lo significa manter um perodo longo, e sabido que perodos longos dificultam a
compreenso do receptor. Assim, a ARA na medida em que prioriza a estrutura do texto-
fonte demonstra que sua preocupao se volta mais reproduo da mensagem, como foi
registrada, do que adequao do que foi dito lngua-alvo. A prpria estrutura, tal como
foi disposta, revela o apego mensagem, ou melhor, ao texto-fonte.
Lngua portuguesa: ultrapassar fronteiras, juntar culturas (Eds.) M Joo Maralo & M Clia Lima-Hernandes, Elisa Esteves, M do Cu Fonseca, Olga Gonalves, Ana LusaVilela, Ana Alexandra Silva Copyright 2010 by Universidade de vora ISBN: 978-972-99292-4-3 SLG 32 As interfaces da gramtica.
144
Nesse longo perodo, tambm se observa a recorrncia de quatro objetos de
discurso (NEVES, 2006) que funcionam como elemento de referncia ao longo de todo
o texto. Dois elementos so referentes anteriormente expressos no prprio texto: Deus
Pai, que se apresenta como o agente das aes exploradas no texto; e Cristo, que o
meio pelo qual Deus realiza sua obra. Os outros dois so elementos da situao
comunicativa: eu, Paulo; ns, que provavelmente se refere a Paulo e aos judeus
convertidos; e vs, que provavelmente faz referncia aos gentios que aceitaram o
evangelho como verdade. Cabe investigar como esses elementos so retomados, na
ARA, ao longo do texto. Para analis-los, vamos observar quatro dos mecanismos de
coeso propostos por Halliday e Hasan (1976, p. 526-527): referncia, elipse, conjuno
e coeso lexical, de acordo com sua ocorrncia no texto. Aps ter sido feito um
levantamento das principais formas remissivas em portugus, so analisadas, nas
tradues, as formas remissivas gramaticais, que se dividem em formas remissivas
presas ou formas remissivas livres9, conforme proposto por Koch (2007, p. 34).
O primeiro objeto de discurso o Deus e Pai j retomado, no versculo 3, pelo
artigo definido o. Esse artigo tambm aparece, em grego, ho theos, como um elemento
anafrico, que faz remisso ao elemento que o precede no texto. Tambm no verso 3
ocorre o uso de uma forma referencial, o pronome relativo que. O uso do pronome
relativo em referncia a Deus tambm se verifica no versculo 13. Para a coeso do
texto, ainda se recorre ao pronome pessoal de 3 pessoa, acompanhado de preposio ou
no: perante ele (v. 4); para ele (v. 5); ele nos concedeu (v. 6). O pronome
demonstrativo retoma Deus somente em um caso daquele (v. 11) , em que fica
pressuposta a referncia a Deus, pois h identificao dele como aquele que faz todas as 9 Segundo Koch (2007, p. 34-35), as formas remissivas gramaticais no fornecem ao leitor/ouvinte quaisquer instrues de conexo e podem ser presas ou livres. As formas remissivas gramaticais presas so as que acompanham um nome, antecedendo-o e tambm ao(s) modificador(es) anteposto(s) ao nome dentro do grupo nominal. As formas remissivas gramaticais livres so aquelas que no acompanham um nome dentro de um grupo nominal, mas que podem ser utilizadas para fazer remisso, anafrica ou cataforicamente, a um ou mais dos constituintes do universo textual. As formas remissivas lexicais so aquelas que, alm de trazerem instrues de conexo, possuem um significado extensional, ou seja, designam referentes extralingusticos.
Lngua portuguesa: ultrapassar fronteiras, juntar culturas (Eds.) M Joo Maralo & M Clia Lima-Hernandes, Elisa Esteves, M do Cu Fonseca, Olga Gonalves, Ana LusaVilela, Ana Alexandra Silva Copyright 2010 by Universidade de vora ISBN: 978-972-99292-4-3 SLG 32 As interfaces da gramtica.
145
coisas. Os pronomes possessivos, como elementos anafricos, tambm so usados no
texto: o beneplcito de sua vontade (v. 5); louvor da glria de sua graa (v. 6); a
riqueza da sua graa (v. 7); o mistrio da sua vontade (v. 9); o seu beneplcito (v. 9); o
conselho da sua vontade (v. 11); louvor da sua glria (v. 12); louvor da sua glria.
Tambm se pode notar que na ARA sempre se recorre traduo do termo pelo seu
correspondente direto. Em outras palavras, se o pronome um possessivo, ser usado
um possessivo na traduo. No se verifica uma preocupao de fazer retomadas
lexicais, por exemplo, a fim de esclarecer ao leitor o sujeito da ao. Elas s so feitas
quando, de fato, h necessidade. A fim de ilustrar esse fato, observe-se o primeiro
versculo do texto:
ARA: Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos tem abenoado com toda sorte de bno espiritual nas regies celestiais em Cristo...
A partir da traduo dos correspondentes imediatos indicados pelas setas e da
opo de construo textual feita pela ARA, pode-se notar, com clareza, alguns aspectos
dessa verso: semelhana em relao s estruturas do texto-fonte; escolha de um
equivalente, sem modificaes relevantes no contedo e na estrutura; conservao do
mesmo elemento referenciador (seja qual for o pronome usado no texto-fonte) e do jogo
de palavras: eulogtos, eulogsas e eulogia.
Eulogtos ho thes kai patr tou kypiou
Bendito o Deus e Pai do Senhor
hmn Isu Christou, ho eulogsas hmas en
nosso Jesus Cristo, o que abenoou a ns com
pasi eulogia pneumatik en tois epouraniois en Christi
toda bno espiritual em os (lugares) celestiais em Cristo
Lngua portuguesa: ultrapassar fronteiras, juntar culturas (Eds.) M Joo Maralo & M Clia Lima-Hernandes, Elisa Esteves, M do Cu Fonseca, Olga Gonalves, Ana LusaVilela, Ana Alexandra Silva Copyright 2010 by Universidade de vora ISBN: 978-972-99292-4-3 SLG 32 As interfaces da gramtica.
146
Outro mecanismo de referenciao usado em relao a Deus a elipse: assim
como nos escolheu (v. 4); em amor nos predestinou (v. 4 e 5); que propusera em
Cristo (v. 9). Por elipse se retoma o referente Deus, que posicionado como agente.
Em termos de coeso lexical, h apenas uma reiterao feita pelo mesmo item
lexical, que o vocbulo Deus no verso 8, correspondendo ao uso grego do pronome
relativo feminino singular no caso genitivo ([...] hs eperisseusen eis hmas [...]). Nesse
caso, ocorreu a retomada lexical com a finalidade de no perder de vista o referente
Deus, pois h um segundo objeto discursivo paralelo que tambm se apresenta em 3
pessoa, que Cristo.
A pessoa de Cristo introduzida, na ARA, como Senhor Jesus Cristo. Uma das
expresses que mais retomam esse referente em Cristo (em grego, en Christ). Muitos
estudiosos entendem a expresso como uma forma de referncia unio mstica de
Cristo com seu povo. Alm disso, a expresso tambm pode referir-se a Cristo como
mediador, pois, por meio dele, o propsito de Deus pde ser realizado. Os pronomes
pessoais so usados como anafricos de Cristo e dessa unio mstica, como se observa
em: nos escolheu, nele (v. 4); de fazer convergir nele (v. 10); nele, digo (v. 11). Usa-
se tambm como elemento anafrico o pronome demonstrativo: [...] no Amado, no qual
temos a redeno (v. 6 e 7), o pronome faz referncia a Amado que, por sua vez, remete
a Cristo, por coeso lexical.
O elemento de referncia Cristo tambm retomado, no texto, quatro vezes por
reiterao: nas regies celestiais em Cristo (v. 3); por meio de Jesus Cristo (v. 5); que
propusera em Cristo (v. 9); esperamos em Cristo (v. 12). H tambm uma referncia a
Cristo por meio do particpio Amado (v. 6). importante notar que em todos os casos o
prprio texto grego apresenta as reiteraes do elemento Cristo, com exceo do
versculo 9. Em grego, foi usada a expresso en aut. Todavia, conservar o pronome
nesse caso poderia provocar confuso devido ao fato de o versculo apresentar trs
Lngua portuguesa: ultrapassar fronteiras, juntar culturas (Eds.) M Joo Maralo & M Clia Lima-Hernandes, Elisa Esteves, M do Cu Fonseca, Olga Gonalves, Ana LusaVilela, Ana Alexandra Silva Copyright 2010 by Universidade de vora ISBN: 978-972-99292-4-3 SLG 32 As interfaces da gramtica.
147
pronomes de 3 pessoa (gnrisas hmin to mystrion tou thelmatos autou, kata tn eudokian
autou hn proetheto en aut), sendo que os dois primeiros fazem referncia a Deus. Para
evitar ambiguidade, optou-se pela reiterao lexical do elemento Cristo.
Os referentes Deus e Cristo so retomados por recursos lingusticos e coesivos
semelhantes como, por exemplo, o pronome pessoal e o pronome possessivo no
masculino singular em terceira pessoa. Todavia, a retomada desses referentes em
perodo longo, formado por vrias oraes, pode provocar dificuldades ao receptor no
que diz respeito identificao do referente: Deus ou Cristo? Servem de exemplo os
versculos 5 e 6 de Efsios: nos predestinou para ele, para a adoo de filhos, por meio
de Jesus Cristo, segundo o beneplcito de sua vontade, para louvor da glria de sua
graa, que ele nos concedeu gratuitamente no Amado. Nesses versculos, um receptor
que tenha pouco conhecimento da lngua poder pensar que os pronomes possessivos
fazem referncia a Cristo, tendo em vista que o sujeito Deus est distanciado e o
elemento de referncia Cristo est mais prximo. Se o leitor do texto no tomar cuidado
na observao dos elementos textuais, ele poder fazer uma interpretao errada,
colocando o fato segundo a vontade de Cristo e no segundo a vontade de Deus. O fato
de a ARA conservar a retomada pelo mesmo item gramatical do texto grego adotado,
no introduzindo um possvel item lexical, faz que o leitor tenha de retornar
constantemente ao referente textual para entender o texto.
As outras duas formas referenciadoras so exofricas, pois fazem referncia a
elementos que esto fora do texto, ou seja, na situao do discurso (NEVES, 2000, p. 390).
Em relao s referncias exofricas, verifica-se o uso do ns que, segundo alguns autores
apontam, faz referncia somente a Paulo e aos judeus convertidos. J quando ocorre o uso
do vs, faz-se referncia aos gentios que aceitaram o evangelho como verdade.
Por meio do pronome pessoal, Paulo e os judeus so apresentados no discurso
como objeto das bnos divinas: ou seja, se por um lado Deus o agente, ns o
Lngua portuguesa: ultrapassar fronteiras, juntar culturas (Eds.) M Joo Maralo & M Clia Lima-Hernandes, Elisa Esteves, M do Cu Fonseca, Olga Gonalves, Ana LusaVilela, Ana Alexandra Silva Copyright 2010 by Universidade de vora ISBN: 978-972-99292-4-3 SLG 32 As interfaces da gramtica.
148
objeto das aes divinas. Por isso, usa-se nos como objeto de verbos de ao: assim
como nos escolheu (v. 4); nos predestinou para ele (v. 5); ele nos concedeu
gratuitamente (v. 6); desvendando-nos (v. 9). O pronome ns em a fim de sermos para
louvor da sua glria, ns, os que de antemo, esperamos em Cristo (v. 12) ocorre para
marcar a presena do sujeito da orao. Desse modo, fica construda uma frase em que o
pronome pessoal fica contguo ao pronome demonstrativo os da orao adjetiva que de
antemo, esperamos em Cristo. Essa referncia expresso de antemo que
possibilita o entendimento de que o autor se refere aos judeus que esperavam pelo
Messias antes dos gentios.
Somente ao final insere-se um outro elemento da situao comunicativa, o vs.
Como se viu, Paulo parece referir-se, neste momento do texto, aos gentios que, somente a
partir de Cristo, puderam ter acesso a Deus por meio do evangelho da salvao (v. 13).
Outro mecanismo de coeso a conjuno. Ao longo do texto, verifica-se a
presena das conjunes: assim como (v. 4); e (v. 4); e depois que (v. 13). A ARA, para
traduzir kaths, recorre conjuno assim como, que traz a ideia de comparao assim
como nos escolheu, nele... (v. 4) estabelecendo uma relao de igualdade entre os atos
divinos de abenoar, escolher e predestinar. A conjuno aditiva portuguesa e, tambm
no versculo 4, promove a conjuno entre os argumentos expressos pelos verbos
escolher e predestinar assim como nos escolheu, nele [...] e em amor nos predestinou
para ele... (v. 4 e 5) , contudo no h elemento conjuntivo no texto original. A outra
conjuno temporal presente na ARA, depois que, aparece no versculo 13 e indica
temporalidade depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa
salvao, tendo nele tambm crido, fostes selados com o Santo Esprito da promessa (v.
13). Entretanto, no h, em grego, a presena de uma conjuno temporal. Essa escolha
parte da forma do verbo akousantes, que est no particpio aoristo ativo. Em trecho que
no trata especificamente do particpio aoristo, Taylor (1990, p. 87-88) afirma que
Lngua portuguesa: ultrapassar fronteiras, juntar culturas (Eds.) M Joo Maralo & M Clia Lima-Hernandes, Elisa Esteves, M do Cu Fonseca, Olga Gonalves, Ana LusaVilela, Ana Alexandra Silva Copyright 2010 by Universidade de vora ISBN: 978-972-99292-4-3 SLG 32 As interfaces da gramtica.
149
somente o contexto pode determinar em qual das indicaes circunstanciais a ao
expressa pelo particpio se enquadra:
Se a ao expressa pelo particpio antecedente ou subsequente do verbo principal, isto s pode ser determinado pelo contexto, o qual tambm determina se a ideia expressa pelo particpio de tempo quando, causa por que, condies se, concesso concernente a, ou outra circunstncia relativa ao do verbo principal. A traduo depende do contexto.
Verifica-se que se optou, na traduo, por uma construo temporal para o verbo
akousantes, expressando anterioridade em relao ao evento da orao principal, j que se
trata de particpio aoristo. Quanto s formas reduzida e desenvolvida da orao temporal,
usou-se a conjuno no caso do particpio akousantes, mas recorreu-se a uma orao
gerundial para o caso do particpio pisteusantes, que vem logo a seguir: depois que ouvistes
a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvao, tendo nele tambm crido (v. 13).
Pela anlise dos elementos do texto, pode-se perceber que, em termos de
construo textual, a ARA prende-se mais estrutura do original do que estrutura da
lngua-alvo. Busca-se conservar os correspondentes em termos de classe gramatical,
como se viu, por exemplo, no uso do pronome relativo e das preposies. Evitam-se
reiteraes lexicais dos referentes, que poderiam esclarecer ao leitor a que elemento se
refere o pronome possessivo. Conforme a teoria de Nida e Taber (1982), a ARA segue o
princpio da equivalncia formal, em que h uma preocupao primordial com a
mensagem, visando a conservar a construo textual do texto grego adotado. Essa
aproximao da traduo ao texto-fonte provoca dificuldades para o leitor moderno,
acostumado com perodos curtos, de fcil compreenso.
A NTLH, como uma traduo que tem como proposta a equivalncia dinmica,
no segue o princpio da literalidade, baseando-se mais na fluncia do texto para o
receptor do que na reproduo das palavras e estruturas correspondentes ao texto-fonte.
Por isso, no se pode pensar nessa verso a partir da ideia de correspondncia com o texto
grego adotado, em termos de emprego das mesmas classes gramaticais. Ela no se prende
Lngua portuguesa: ultrapassar fronteiras, juntar culturas (Eds.) M Joo Maralo & M Clia Lima-Hernandes, Elisa Esteves, M do Cu Fonseca, Olga Gonalves, Ana LusaVilela, Ana Alexandra Silva Copyright 2010 by Universidade de vora ISBN: 978-972-99292-4-3 SLG 32 As interfaces da gramtica.
150
forma, mas, sim, ao contedo. Trata-se, portanto, de uma traduo diferente da ARA.
Cabe ressaltar que esta verso adota o texto grego The Greek New Testament (3 edio).
(1) 3 Agradeamos ao Deus e Pai do nosso Senhor Jesus Cristo, pois ele nos tem abenoado por estarmos unidos com Cristo, dando-nos todos os dons espirituais do mundo celestial. (2) 4 Antes da criao do mundo, Deus j nos havia escolhido para sermos dele por meio da nossa unio com Cristo, a fim de pertencermos somente a Deus e nos apresentarmos diante dele sem culpa.
(3) Por causa do seu amor por ns, 5 Deus j havia resolvido que nos tornaria seus filhos, por meio de Jesus Cristo, pois este era o seu prazer e a sua vontade. (4) 6 Portanto, louvemos a Deus pela sua gloriosa graa, que ele nos deu gratuitamente por meio do seu querido Filho. (5) 7 Pois, pela morte de Cristo na cruz, ns somos libertados, isto , os nossos pecados so perdoados. (6) Como maravilhosa a graa de Deus, 8 que ele nos deu com tanta fartura!
(7) Deus, em toda a sua sabedoria e entendimento, 9 fez o que havia resolvido e nos revelou o plano secreto que tinha decidido realizar por meio de Cristo. (8) 10 Esse plano unir, no tempo certo, debaixo da autoridade de Cristo, tudo o que existe no cu e na terra.
(9) 11 Todas as coisas so feitas de acordo com o plano e com a deciso de Deus. (10) De acordo com a sua vontade e com aquilo que ele havia resolvido desde o princpio, Deus nos escolheu para sermos o seu povo, por meio da nossa unio com Cristo. (11) 12 Portanto, digo que ns, que fomos os primeiros a pr a nossa esperana em Cristo, louvemos a glria de Deus.
(12) 13 A mesma coisa aconteceu tambm com vocs. (13) Quando ouviram a verdadeira mensagem, a boa notcia que trouxe para vocs a salvao, vocs creram em Cristo. (14) E Deus ps em vocs a sua marca de proprietrio quando lhes deu o Esprito Santo, que ele havia prometido. (15) 14 O Esprito Santo a garantia de que receberemos o que Deus prometeu ao seu povo, e isso nos d a certeza de que Deus dar liberdade completa aos que so seus. (16) Portanto, louvemos a sua glria.
Como se pode observar, a NTLH apresenta 16 perodos divididos em cinco
pargrafos. O uso de perodos curtos denota a preocupao de fazer que o texto seja
claro, um texto em que o leitor no tenha dificuldades de entender as referncias feitas
aos elementos do texto.
Assim como foram verificadas as escolhas feitas em relao ao pronome relativo
nos versculos 7, 11 e 13 da ARA tambm so observadas, nesta anlise, as opes da
NTLH. No versculo 7, a frase comea com a conjuno pois que desencadeia uma
explicao referente ao enunciado anterior. A NTLH usa o adendo como recurso, a
que se refere Neves (2006, p. 235) com a seguinte indicao: muito frequentemente os
satlites adverbiais pospostos funcionam como adendos, isto como segmentos trazidos
pelo falante aps pausa que indicaria encerramento de um ato de fala. H, portanto,
nesse adendo (ingls: afterthought), uma pausa cuja representao indica coerncia
Lngua portuguesa: ultrapassar fronteiras, juntar culturas (Eds.) M Joo Maralo & M Clia Lima-Hernandes, Elisa Esteves, M do Cu Fonseca, Olga Gonalves, Ana LusaVilela, Ana Alexandra Silva Copyright 2010 by Universidade de vora ISBN: 978-972-99292-4-3 SLG 32 As interfaces da gramtica.
151
pragmtica no discurso, na medida em que leva o leitor a uma nova afirmao. Dessa
forma, no h uma relao direta de dependncia com a orao principal, mas uma
relao interacional discursiva que posiciona o interlocutor diante de uma informao
nova. Talvez isso ocorra pelo fato de a NTLH optar pela reproduo de uma linguagem
mais prxima que usada pelo falante. No versculo 11, a expresso en h, cujo
pronome relativo se refere a Cristo, esclarecida pela sentena por meio da nossa unio
com Cristo. Assim, na traduo, explora-se o conceito cristo de unio mstica de Cristo
com seu povo, esclarecendo os leitores quanto ao sentido de estar em Cristo. Esse fato
tambm ocorre nos versculos 3 e 4. No verso 13, h uma substituio por a mesma
coisa aconteceu tambm com vocs, que retoma, de forma geral, o que foi dito. Em
nenhum dos casos o pronome relativo grego h retomado pelo mesmo correspondente
gramatical em lngua portuguesa. Isso demonstra que a traduo no est presa forma,
mas, sim, transmisso e compreenso do contedo.
A todo momento, o referente Deus retomado, ora por reiterao, ora por uma
forma gramatical referencial. Verifica-se a reiterao do mesmo item lexical doze vezes
na NTLH: Deus j nos havia escolhido (v. 4); a fim de pertencermos somente a Deus
(v. 4; ver tambm versculos 5, 6, 7, 8, 11, 12 e 14). Essa repetio, alm de deixar o
leitor a todo momento informado sobre o sujeito das aes apresentadas, revela uma
aproximao com os mecanismos prprios da linguagem falada. H, portanto, uma
tentativa de fazer que o receptor tenha o mesmo impacto que o texto original
proporcionou em sua poca.
H sete anforas feitas por pronomes pessoais: pois ele nos tem abenoado (v. 3);
para sermos dele (v. 4); e nos apresentarmos diante dele sem culpa (v. 4; ver tambm
versculos 6, 8, 11 e 13). E tambm se verificam doze retomadas feitas por pronomes
possessivos: Por causa do seu amor por ns (v. 4); Deus j havia resolvido que nos
Lngua portuguesa: ultrapassar fronteiras, juntar culturas (Eds.) M Joo Maralo & M Clia Lima-Hernandes, Elisa Esteves, M do Cu Fonseca, Olga Gonalves, Ana LusaVilela, Ana Alexandra Silva Copyright 2010 by Universidade de vora ISBN: 978-972-99292-4-3 SLG 32 As interfaces da gramtica.
152
tornaria seus filhos (v. 5); pois este era o seu prazer e a sua vontade (v. 5; ver tambm
versculos 6, 8, 11, 13 e 14).
Essa insistncia no uso de elementos coesivos refora novamente a tentativa de a
todo momento relembrar ao receptor o referente Deus, que o agente do texto. Dessa
forma, a traduo conforma-se realidade de qualquer leitor, seja ele instrudo ou no.
No se discute, neste caso, se esse enfoque correto ou no, mas, sim, a sua clareza em
termos de comunicao.
Do mesmo modo, so feitas referncias ao nome Cristo ao longo do texto: por meio
de Jesus Cristo (v. 5; ver tambm versculos 7, 9, 10 e 12). Alm dessas referncias
lexicais ao nome de Cristo, h, na NTLH, uma interpretao da expresso em Cristo.
Como foi visto, a expresso substituda pela ideia de unio com Cristo. Outro fato
interessante encontra-se no sintagma nominal en t gapmen, traduzido nas demais
verses analisadas, por no Amado. Na NTLH, o sintagma traduzido por por meio do seu
querido Filho. A palavra filho uma forma geral de aludir posio de Cristo na
trindade, e um termo mais comum que Amado. Como uma ideia comum a conscincia
de que Cristo filho de Deus, optou-se por seu uso acompanhado do adjetivo querido.
Em relao s referncias exofricas, a NTLH tambm escolhe usar a variante
vocs para a 2 pessoa do plural, retomando-a trs vezes: Quando ouviram a verdadeira
mensagem, a boa notcia que trouxe para vocs a salvao, vocs creram em Cristo. E
Deus ps em vocs a sua marca de proprietrio (v. 13). A repetio ressalta o
interlocutor, fazendo-o identificar-se com a ao de Deus em seu favor. O outro
referente de primeira pessoa do plural assim como na ARA tambm se apresenta no
texto por meio de: a) pronomes pessoais - pois ele nos tem abenoado (v. 3; ver tambm
versculo 4); b) possessivos - Agradeamos ao Deus e Pai do nosso Senhor Jesus Cristo
(v. 3); por meio da nossa unio com Cristo (v. 4; ver tambm versculo 12); c) elipses -
para sermos dele (v. 4); a fim de pertencermos somente a Deus (v. 4; ver tambm
Lngua portuguesa: ultrapassar fronteiras, juntar culturas (Eds.) M Joo Maralo & M Clia Lima-Hernandes, Elisa Esteves, M do Cu Fonseca, Olga Gonalves, Ana LusaVilela, Ana Alexandra Silva Copyright 2010 by Universidade de vora ISBN: 978-972-99292-4-3 SLG 32 As interfaces da gramtica.
153
versculo 11). O uso da elipse evitado, sendo esse um recurso mais usado em oraes
reduzidas de infinitivo, em que comum, em portugus, a omisso do sujeito.
Alm de a NTLH apresentar diversos elementos remissivos em relao aos
referentes do texto em estudo, ela traz ao receptor outros referentes relevantes, como se
v, por exemplo, nos versculos 8, 9 e 10, em que se apresenta o objeto de discurso o
plano secreto de Deus, que retomado em um outro perodo como sujeito: Deus, em
toda a sua sabedoria e entendimento, fez o que havia resolvido e nos revelou o plano
secreto que tinha decidido realizar por meio de Cristo. Esse plano ... (v. 8, 9 e 10). A
referncia realizada pelo pronome demonstrativo e por reiterao lexical, sendo includa
em um novo perodo, sugere a busca por explicitar ao leitor o tema referido, o que no
acontece na ARA.
O mesmo ocorre, na NTLH, com o referente Esprito Santo, citado nos versculos
13 e 14. Na ARA, retoma-se esse referente pelo pronome relativo: com o Santo Esprito
da promessa, o qual o penhor da nossa herana (ARA). J na NTLH, usa-se como
forma remissiva a reiterao do mesmo item lexical Esprito Santo em um novo
perodo: E Deus ps em vocs a sua marca de proprietrio quando lhes deu o Esprito
Santo, que ele havia prometido. O Esprito Santo a garantia (v. 13 e 14). Nessa
anlise dos referentes, pode-se notar que a NTLH tende a fazer constantemente
reiteraes lexicais, recorrendo, preponderantemente, a expresses lexicais ao invs de
expresses gramaticais. Essa retomada por sintagma nominal traz novamente para o
primeiro plano a descrio do referente.
Outro ponto importante na NTLH est no uso de conjunes e preposies. Essa
traduo no est presa aos conectivos do texto original, e tende a inserir elementos
circunstanciais formando satlites da predicao. Verificam-se cinco recorrncias de
construes: a) finais - a fim de, que expressa a ideia de finalidade - a fim de
pertencermos somente a Deus (v. 4); b) temporais - quando, usada duas vezes no
Lngua portuguesa: ultrapassar fronteiras, juntar culturas (Eds.) M Joo Maralo & M Clia Lima-Hernandes, Elisa Esteves, M do Cu Fonseca, Olga Gonalves, Ana LusaVilela, Ana Alexandra Silva Copyright 2010 by Universidade de vora ISBN: 978-972-99292-4-3 SLG 32 As interfaces da gramtica.
154
mesmo versculo: Quando ouviram a verdadeira mensagem, a boa notcia que trouxe
para vocs a salvao, vocs creram em Cristo. E Deus ps em vocs a sua marca de
proprietrio quando lhes deu o Esprito Santo, que ele havia prometido. (v. 13). Esse
verso 13 ampliado em dois perodos em relao ao que se pode verificar nas outras
duas verses; c) causais: representada por oraes cuja finalidade esclarecer o que foi
dito na predicao - pois este era o seu prazer e a sua vontade. (v. 5); Pois, pela morte
de Cristo na cruz, ns somos libertados (v. 7).
Alm dessas, h inseres de construes: a) conclusivas - Portanto, louvemos a
Deus pela sua gloriosa graa (v. 6; ver tambm versculos 12 e 14) b) aditivas - e nos
revelou o plano secreto (v. 9; ver tambm versculos 11, 13 e 14). A construo com o
elemento portanto bastante usada na NTLH, por introduzir um enunciado de valor
conclusivo em relao ao que foi dito. A concluso, em geral, aparece, na NTLH, ligada
a verbos no imperativo ou subjuntivo, expressando desejo, ordem, conselho e, de certa
forma, induzindo o leitor a agir diante do que foi proposto.
Como se viu, na NTLH h a interpretao da expresso en t Christ - em Cristo
pelo conceito de unio em Cristo (v. 3, 4, 11). Todavia, em um segundo momento, no
verso 10, atribui-se expresso um outro sentido: debaixo da autoridade de Cristo.
Nesse caso, a NTLH no se prende a apenas uma interpretao para a expresso,
oscilando entre sentidos que sejam compatveis com o texto-fonte.
Diante dessas observaes, verifica-se, portanto, que a NTLH no conserva as
estruturas e a construo sinttica da lngua-fonte, recorrendo a elementos
circunstanciais e a recursos mais prprios do nvel dos atos de fala. Nota-se que o
processo de traduo na NTLH no se vincula forma do texto-fonte. Nessa traduo, a
preocupao reside em estabelecer elementos gramaticais e lexicais que facilitem o
entendimento do texto. A repetio de palavras, o emprego de frases curtas, a
interpretao de expresses servem ao propsito da traduo que, como se verificou,
Lngua portuguesa: ultrapassar fronteiras, juntar culturas (Eds.) M Joo Maralo & M Clia Lima-Hernandes, Elisa Esteves, M do Cu Fonseca, Olga Gonalves, Ana LusaVilela, Ana Alexandra Silva Copyright 2010 by Universidade de vora ISBN: 978-972-99292-4-3 SLG 32 As interfaces da gramtica.
155
tornar o texto equivalente ao original, no no aspecto formal, mas, sim, na fluncia do
portugus falado pelos brasileiros na atualidade. Todavia, esse distanciamento da
linguagem das tradues que, at hoje, foram usadas no meio evanglico faz dela
apenas um instrumento evangelstico, ou seja, a traduo serve quele que no conhece
uma traduo cannica apropriada para a leitura e para o estudo.
Em virtude de sua tradio, a ARA mantm sua posio como uma traduo
tradicionalmente privilegiada. J a NTLH, por sua vez, visa a tornar o texto acessvel a
qualquer pessoa, de forma que no haja empecilhos compreenso. Pelo uso de linguagem
comum, parfrases e outros recursos, que provocam um distanciamento da linguagem da
ARA, a NTLH acaba sendo usada e indicada para um pblico especfico, de novos
convertidos. Sua funo passa a ser de cunho evangelstico, servindo o texto como mediador,
at que o leitor possa usar a verso adotada pela comunidade religiosa (em geral, a ARA).
No se pode, portanto, determinar qual traduo alcanaria mais o leitor do texto
sagrado. Talvez a existncia de vrias tradues revele, na verdade, vrias linguagens
que interagem no apenas com pblicos especficos mas tambm com situaes
especficas. Os diferentes enfoques tradutrios atendem a diferentes necessidades e
cumprem seu papel na medida em que, como forma de expresso, alcanam sua funo
comunicativa.
REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS
COENEN, L.; BROWN, C. Dicionrio internacional de Teologia do novo testamento. Trad. Gordon Chown. So Paulo: Vida Nova, 2000.
CRYSTAL, David. Investigating English style. England: Longman, 1992.
HALLYDAY, M. A. K. An introduction to Functional Grammar. Baltimore: Edward Arnold, 2004.
___________. Language as social semiotic: the social interpretation of language and meaning. London: Edward Arnold, 1979.
HALLIDAY, M. A. K.; HASAN, R. Language, context, and text: aspects of language in a social-semiotic perspective. Oxford: Oxford University Press, 1989.
Lngua portuguesa: ultrapassar fronteiras, juntar culturas (Eds.) M Joo Maralo & M Clia Lima-Hernandes, Elisa Esteves, M do Cu Fonseca, Olga Gonalves, Ana LusaVilela, Ana Alexandra Silva Copyright 2010 by Universidade de vora ISBN: 978-972-99292-4-3 SLG 32 As interfaces da gramtica.
156
MILLER, S. M; HUBER, R. V. A Bblia e sua histria: o surgimento e o impacto da Bblia. Barueri: Sociedade Bblica do Brasil, 2006.
NEVES, M. H. M. Texto e gramtica. So Paulo: Contexto, 2006.
___________. Gramtica.de usos do portugus. So Paulo: UNESP, 2000.
NIDA, E. A. Translating a text with a long and sensitive tradition. In: SIMMS, K. (Org.) Translating sensitive texts: linguistic aspects. Amsterdam Atlanta: GA, 1997.
NIDA, E. A.; TABER, C. R. The theory and practice of translation. Leiden: Brill, 1982.
RODRIGUES, C. C. Traduo e diferena. So Paulo: UNESP, 2000.
SEIBERT, E. W. Joo Ferreira DAlmeida, tradutor da Bblia. Frum de Cincias Bblicas. Barueri: Sociedade Bblica do Brasil, 2006, v. 1.
TAYLOR, W. C. Introduo ao estudo do Novo Testamento grego. Rio de Janeiro: JUERP, 1990.