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Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação XIX Congresso de Ciências da Comunicação na Região Nordeste – Fortaleza - CE – 29/06 a 01/07/2017
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A caracterização do linguajar cearense nas publicações
do personagem “Suricate Seboso” no Facebook 1
Henrique Pereira ROCHA2 Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, CE
Francisco Thiago Barbosa da SILVA 3 Universidade de Fortaleza, Fortaleza, CE
RESUMO
Este artigo aborda a utilização do linguajar característico do povo cearense observado nas postagens da página do personagem “Suricato Sebosa” no Facebook. A partir deste objeto de estudo procuramos desenvolver uma abordagem sobre a construção do conceito de cearensidade e como essa forma de identidade cultural é expressa na linguagem local através do humor. Observamos na dicotomia linguagem popular e meios digitais de comunicação um processo de intercâmbio de mensagens através de agentes e meios ligados ao folclore e à cultura popular, denominado folkcomunicação. Procuramos exemplificar com a análise de duas postagens que reúnem a expressão da linguagem popular para apresentar problemas observados pelo personagem sobre questões relacionadas a fatos da vida cotidiana ou da atualidade.
PALAVRAS-CHAVE: cultura regional; folkcomunicação; mídias sociais. 1. Introdução
As experiências de interação entre a cultura popular e tecnologia tem provocado uma
reciprocidade no sentido do acesso aos conteúdos que cada uma delas domina. Partindo
do princípio de cultura como o conjunto de costumes de um povo em todos os níveis,
resultando no desenvolvimento tecnológico e desdobrando-se nas redes sociais
difundidas pelas internet, surgem os pontos principais que foram observados neste
trabalho: a cultura cearense através de seu linguajar e as redes sociais, tendo como o
Facebook exemplo de espaço de difusão de conteúdos.
Tomando como exemplo o personagem “Suricate Seboso” e as tirinhas publicadas em
sua página no Facebook, a pesquisa adentrou no espaço das redes sociais para verificar
1 Trabalho apresentado no DT 8 – Estudos Interdisciplinares do XIX Congresso de Ciências da Comunicação na Região Nordeste, realizado de 29 de junho a 1 de julho de 2017. 2 Bacharel em Comunicação Social – Habilitação em Jornalismo (UFC). Especialista em Gestão de Produtos e Serviços Culturais (Uece) e Cultura Folclórica Aplicada (IFCE). Mestre em Psicologia pela Universidade de Fortaleza (Unifor). Doutorando em Ócio, Cultura e Comunicação para o Desenvolvimento Humano pela Universidade de Deusto (Bilbao/Espanha). Produtor Cultural do Instituto de Cultura e Arte (ICA) da Universidade Federal do Ceará (UFC). E-mail: hrocha@ufc.br. 3 Bacharel em Comunicação Social – Habilitação em Jornalismo pela Faculdade Cearense (FaC). Pós-graduando em Marketing Digital e Mídias Sociais pela Universidade de Fortaleza (Unifor). E-mail: thiagojornalismo@outlook.com.
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como a linguagem e o humor tipicamente cearenses utilizam dessa ferramenta para se
difundir, em um processo de assimilação das novas tecnologias em favor da
folkcomunicação.
A caracterização da linguagem adotada pelo personagem, com expressões tipicamente
nordestinas como “arri égua”, “armaria, nãm”, “arengar”, inclui até expressões que
estavam caindo em desuso, mas foram trazidas à tona, graças às tirinhas de humor
publicadas na página do Suricate Seboso. Esta pesquisa procurou identificar as origens
do estudo desta linguagem, observando sua relação com o universo da cultura popular
cearense e como esta relação ajudou na construção do perfil do personagem e na
identificação por parte do público, receptor das mensagens. Para tanto, foi definida uma
metodologia partindo da pesquisa bibliográfica, em seguida da coleta de dados de
publicações realizadas durante o mês de Outubro de 2014, e posteriormente a análise
dos dados coletados de acordo com os marcos teóricos previamente estabelecidos.
2. A elaboração do conceito de Cearensidade
Não é de agora que o cearense tem se firmado como um povo de características
próprias, tanto culturais, comportamentais e de convívio social. Essas características
fazem parte da formação da imagem do povo cearense, que com o passar do tempo
deram origem ao conceito de cearensidade. Utilizada de diversas maneiras, essa
expressão remete não só à identidade do cearense, mas a todo um conjunto linguístico,
cultural e territorial que estão agregados a esse povo e sua etnia. Do ponto de vista
histórico, os primeiros sinais de construção do que hoje conhecemos como
“cearensidade” se deram através da literatura de José de Alencar no clássico “Iracema”.
Gilmar de Carvalho (2003) se aprofunda nesse conceito por um prisma étnico, em que o
Ceará desponta em sua construção de raça através da relação romântica entre
colonizadores e índios que aqui habitavam. Ao mesmo tempo em que cita a relação
entre raças, o autor comenta como o negro foi excluído como parte integrante dos povos
que participaram ativamente do povoamento do Ceará. Uma certa historiografia e literatura têm tratado essa cearensidade pelo prisma que a mostra como positiva – tendo como paradigma a miscigenação romântica entre o colonizador português católico e a população autóctone – e seu contraponto negativo, o negro. A consequência disso é uma certa africanofobia paradigmática não só inerente à própria produção literária [...] O indianismo romântico veio fortalecer essa construção de miscigenação romântica – o branco e o
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índio – na criação de José de Alencar em seu livro Iracema. (CARVALHO, 2003, p.13)
A relação do conto de José de Alencar com o termo cearensidade é apresentada
inclusive com viés político, onde apresenta-se o uso do termo como legitimador de
elementos políticos, econômicos ou culturais de igualdade popular, e como estratégia
política do ex-governador Lúcio Alcântara durante discurso em 2004 para diferenciar
simbolicamente seu governo do anterior. [...] a palavra Ceará torna-se recorrente e associasse a ideia do mito fundador Iracema na construção de um discurso de uma cearensidade [...] Ora, este discurso que pode ser analisado a partir do objeto analisado encontra eco em outras práticas políticas desde a nomeação do centro do governo, Palácio Iracema, até discursos proferidos em situações ímpares como justificativa de situações políticas econômicas e como elemento de persuasão e legitimidade de soberania popular, construindo um sentido próprio e estratégico de igualdade popular nomeado cearensidade. Esse discurso foi usado como estratégia de diferenciação simbólica do governo com seu antecessor que o apoiara em campanha. A cearensidade apresentava-se então como uma palavra essencializada, porém fluida com o intuito de abranger o maior número possível de indivíduos. Resgatava em seu cerne o mito de iracemismo cearense, mito de obediência e adaptação. Esta ideia é demonstrada pela maneira que é usada, e sua repetição, no discurso de abertura do ano de 2004 da Assembleia Legislativa do Ceará pelo governador Lúcio Alcântara” (NOVAES, 2008, p.07)
Fica claro o objetivo de iconizar a forma do cearense ser e viver, dando assim corpo ao
conceito de cearensidade. Apesar da discussão sobre raças e etnias como elementos
fundadores do conceito de cearensidade, não podemos deixar de citar um novo
significado que surgiu com o tempo e foi agregado ao conceito. A cearensidade foi
tomando um sentido extra ao representar um elemento forte no comportamento típico de
quem é do Ceará: o humor. No artigo “O Ceará moleque sobe aos palcos: cearensidade
e os shows humorísticos de Fortaleza”, Francisco Secundo da Silva Neto (2010) cita o
romance de Araripe Júnior “O Cajueiro do Fagundes” como fundador do mito do
cearense como um povo moleque. Para isso ele faz uso do termo cearensidade como
forma de definir essa veia irreverente como identidade de quem nasce no Ceará. A ideia segundo a qual certa “irreverência inata” se associa ao “povo cearense” desde tempos antigos aparece colada à denominação em foco no romance de Araripe Júnior. N’O Cajueiro do Fagundes é, pode-se dizer, fundada a criação do mito de que “todo cearense é moleque, gaiato por natureza”. Porém, não quero demonstrar com isso quão falsa ou inverossímil soa essa mitificação. Trata-se, na verdade, de uma interpretação sobre o que faz ser cearense. Uma interpretação
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que foi e é retomada por muitos daqueles que pretendem (ou tentam) descrever uma cearensidade ou uma identidade cultural do Ceará. (SILVA NETO, 2010, p.5)
Atualmente o termo cearensidade tem sido usado popularmente como forma de
substantivação do humor e gaiatice típicos do cearense, deixando de lado em certos
momentos a ideia de identidade cultural propriamente dita. Não excluindo o humor
como elemento de identificação, mas elevando isso como algo latente e acima dos
outros conceitos e ideias que estão relacionadas à palavra, a representação da tal
“cearensidade” acabou mudando a significação com o passar dos anos. Essa nova ideia
de significado para o termo deve-se principalmente a maneira como a mídia tem feito
uso da palavra. Devido ao sucesso de cearenses em concursos televisivos de humor esse
“estigma” se torna cada vez mais forte, ainda que seja levantada a questão da falsa ideia
de que no Ceará todo mundo é “moleque” ou mesmo “humorista”, o que não
corresponde à realidade geral. [...] as narrativas literárias, os relatos memorialísticos, os discursos intelectuais, os programas televisivos e as ações e falas governamentais com relação aos humoristas descrevem e prescrevem uma “cearensidade” fundada na ideia de um Ceará moleque. Tais narrativas, ações e discursos sobre o humor do Ceará tecem uma teia de significados que constituem a cultura cearense e fazem ver e crer que no Ceará é assim mesmo: todo mundo é moleque. (SILVA, 2013, p. 216)
Para analise de nosso objeto de estudo, será feito o uso do termo cearensidade, porém
tomando por conceito tanto seus elementos de linguagem que preconizam uma
identidade regional quanto pelo humor gerado pela utilização desta linguagem.
3. O Cearencês: uma linguagem baseada no cotidiano e no humor
Em seu processo de colonização, desenvolvimento estrutural, social e econômico, o
Ceará sofreu influências fortes de europeus, entre eles franceses, espanhóis e
portugueses. Porém, são partes integrantes e de grande influência cultural neste
processo os índios e os negros, responsáveis pela criação da identidade cultural do
estado e do seu povo, no que concerne inclusive à língua falada no Ceará. Ao lado da pluralidade sociolinguística e cultural, as dimensões territoriais do Brasil e as próprias relações socioeconômicas contribuíram para o desenvolvimento de falares diferentes. Este fenômeno chamado de “variação linguística” é objeto de uma
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infinidade de estudos linguísticos sob diversos enfoques científicos em todo o país. (CARVALHO, 2003, p. 286)
Identificado como “cearês”, “cearencês” ou simplesmente dialeto próprio, o português
falado no Ceará tem características peculiares, expressões e palavras até então usadas e
criadas nessa região. Sobre esses “termos”, há desde a segunda metade do século XIX
registros de estudos de seleção e significação dessas palavras que fazem parte do
vocabulário do cearense, como mostra o estudo “Vocabulário Indígena em uso na
Província do Ceara” de Paulino Nogueira (1887). O autor lista palavras usadas na antiga
província do Império de Portugal, que teriam origem no vocabulário dos índios que
habitavam o atual estado do Ceará. Além de Paulino Nogueira, Florival Seraine é outro
nome de importância no estudo do “cearencês”. Seraine reforça a ideia da importância
da linguagem dos índios nativos na formação do português falado atualmente no estado. Devemos, porém, frisar que se a contribuição tupi foi a mais considerável naquilo que houve permanecido em nossa linguagem de raiz aborígene, outros idiomas indígenas devem ter exercido alguma actuação sobre o português que falamos pois o Ceará foi abrigo de avultado número de membros das famílias tapuia e cariri. (SERAINE, 1950, p. 5)
Outra referência sobre a linguagem regional quando trata das populações que viviam no
sertão cearense, está na obra “Terra de Sol”, publicada por Gustavo Barroso em 1912,
onde são observadas as formas de falar do povo “rude”, ainda que no linguajar haja uma
permanência de vocábulos do que é considerada a língua culta: Mas, de quando a quando, rebrilha no meio das suas frases toscas uma expressão antiquíssima, espanhola, ou uma palavra clássica, como que perdida a algaravia má à maneira de verde copa de juazeiro no meio da selva garranchenta e preta: “entonces”; “para todas las bandas”; está doente, “acamado”; canta um “acalanto”. (BARROSO, 2003, p.196)
Entretanto, quando se trata do “cearencês” a origem de alguns de seus termos vai além
da influência de dialetos indígenas, de origem africana ou europeia. Algumas palavras
utilizadas tem origem em episódios engraçados que fazem parte da história do estado e
às vezes desconhecida da maioria das pessoas, inclusive dos próprios cearenses. Como
exemplo, temos termo “ispilicute”, usada inclusive pelo personagem “Suricate Seboso”
em algumas de suas tirinhas. Gadelha (1999) indica que a palavra tem origem na
expressão da língua inglesa “She's pretty cute!”, ou seja, engraçadinha, pimentinha,
normalmente utilizada para crianças do sexo feminino.
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Além das palavras, suas origens e significados, outra marca do cearencês e das tirinhas
do personagem “Suricate Seboso” é a forma como o cearense pronuncia algumas
palavras, ou seja, o sotaque. Nas tirinhas o personagem transcreve as palavras
exatamente como são pronunciadas povo comum da periferia de Fortaleza, capital do
estado do Ceará. Florival Seraine (1950) cita as alterações “prosódicas dos fonemas
portugueses” graças à influência do tupi, língua indígena falada inclusive por algumas
tribos de índios que habitavam o estado, e posteriormente por alguns colonizadores.
Sobre esse fenômeno, Seraine (1950) cita a “pronúncia brevíssima ou elisão de
consoantes finais” onde algumas palavras recebem a seguinte pronúncia: fazemos
(fazemo), demos (demo), viajem (viaje) e etc. Outro exemplo é a queda do “d” na
pronúncia de algumas palavras como falando (falano), vendo (veno), saindo (saino) e
etc; que se aplica tanto à fala do cearense do interior como das periferias da capital.
Reforçando a presença das línguas de origem indígena na formação do “cearencês”,
Seraine (1950) apresenta a “vocalização do grupo lh em i, por não existir o mesmo no
tupi-guarani” observando-se: mulher (muié), filho (fio), espelho (espêio) e etc. Essa
forma inculta de pronúncia é a mesma que Diego Jovino, criador do “Suricate Seboso”,
usa para transcrever as falas dos personagens em suas tirinhas.
Mais do que palavras de uso e origem regionais ou um sotaque forte e característico dos
cearenses, o cearencês bebe de outras fontes, como o humor típico de quem nasce no
estado do Ceará, sua veia natural para a graça e outras tantas relações entre o cearense e
o riso, seriam de forte influência para a perpetuação e disseminação do cearencês. [...] estimulados pelo sucesso de humoristas do Ceará e pelo que consideram ser uma característica, dos cearenses: a “mangação”, o “boceno”, a “molecagem”, enfim a “irreverência”, a “veia humorística”. Esse “jeito cearense”, conforme revelam os dicionários, teria relação direta com um “jeito de falar cearense”. (CARVALHO, 2003, p. 289)
O personagem “Suricate Seboso” tem feito uso da rede social Facebook para,
diretamente ou não, expor essa linguagem regional e outros aspectos culturais do Ceará.
Seja fazendo piada com o Sol que castiga o cearense, ou com a dificuldade em subir em
ônibus lotado, ou abusando da “gaiatice” ao debochar daqueles que são preconceituosos
com seus conterrâneos, o objeto aqui analisado evoca uma forma de fazer humor típico
dos cearenses, ao fazer graça dos próprios infortúnios, sendo cruel às vezes, como
explica Montenegro (2001). As piadas retratando situações cotidianas são um costume
antigo entre grandes nomes do Ceará, Lima (2013) cita Paula Ney, Quintino Cunha e
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Leonardo Mota como personagens do Ceará, que assim como o “Suricate Seboso”
utilizavam de fatos do cotidiano para fazer graça.
4. “Suricate Seboso” e a valorização da linguagem regional
Através dos processos de comunicação que se compartilham ideais, sentimentos e
impressões sobre a vida cotidiana. Ao pesquisar os elementos que constituem hoje uma
comunicação popular revela-se uma percepção na qual os processos se realizam de
forma ampla, podendo ir além do meio comunicativo em si, pois é a dinâmica social que
vai lhe dar significados. Compreendemos o sistema de comunicação popular como o
conjunto de agentes, meios, métodos e técnicas de que se valem os grupos
marginalizados da sociedade (BELTRÃO, 2004). Neste contexto, quatro são as formas
de apresentação de comunicação popular destacadas por Joseph Luyten (1988): oral,
escrita, gestual e plástica. Temos no nosso estudo a relação da forma oral com a escrita,
onde se observa a utilização de anedotas, provérbios e contos para tematizar as tirinhas
produzidas.
Nestas formas pelas quais o povo se expressa a respeito de determinados assuntos, ou
seja, se comunicam, são formulados processos de interação que se fazem através da
troca de ideias e experiências, informações, utilizando linguagens verbais e não verbais,
canais naturais e artificiais para obtenção de conhecimentos, que por consequência se
desdobra em elaboração e difusão de mensagens, e participação e integração social pela
comunicação. É com essa perspectiva de difusão de conteúdos populares através de
meios midiáticos que levou Luiz Beltrão a desenvolver o conceito de folkcomunicação,
procurando esclarecer as estratégias e mecanismos adotados pelos agentes
folkcomunicacionais no sentido de tornar compreensíveis fatos (informações), ideias
(opiniões) e diversões (MELO, 2008).
Se o personagem “Suricato Seboso” ao utilizar-se de linguajar popular, e pelo próprio
contexto de vida de seu criador, encontra-se no campo da comunicação popular,
percebe-se a relevância da observação de Beltrão na qual considera a categoria do povo
também como classe marginalizada e desapropriada de recursos comunicativos formais. Como se informavam as populações rudes e tardias do interior de nosso país continental? Por que meios, por quais veículos manifestavam o seu pensamentos, a sua opinião? Que espécie de jornalismo, que forma - ou formas - atenderia à sua necessidade vital de comunicação? Teria essa espécie de intercâmbio de informações e
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idéias algo em comum com o jornalismo, que passei a classificar de “ortodoxo”? (BELTRÃO, 2001, p.74)
Partindo destes elementos inerentes aos conceitos da folkcomunicação, passamos a
descrever o personagem “Suricate Seboso” e sua forma de expressão através das
postagens no Facebook, para que compreendamos as relações estabelecidas com a
necessidade de se criar uma “voz” de expressão popular em um contexto das novas
tecnologias de informação. Criado em 12 de dezembro de 2012, pelo fortalezense Diego
Jovino, a página “Suricate Seboso”4 é destaque no Facebook através de suas tirinhas em
que representa de forma bem humorada, o humor e a cultura do povo cearense,
atualmente a página acumula 5.808.916 curtidas. De acordo com a própria publicação
do autor, ele explica que: O Suricate Seboso foi criado pelo fortalezense "Diego Jovino", a página mostra de uma forma bem humorada os costumes, cotidiano, tradições, lendas, paisagens, comidas típicas, frutas da região e muitas outras coisas do Nordeste brasileiro. A página preza muito por um linguajar bem puxado mesmo do Nordestino, com tirinhas que muitas vezes são incompreensivas pra quem não é nordestino, por conter palavras que são somente de nosso entendimento. Hoje em dia já se tornou mais que entretenimento, virou também uma empresa com produtos e serviços! (SURICATE SEBOSO, 2014)
Em suas publicações a página retrata de forma divertida episódios do cotidiano
cearense, piadas, causos, personagens da cultura do Ceará e outros aspectos típicos do
cotidiano de quem nasceu no estado. Através de tirinhas, usando sempre o rosto do
roedor comum nas savanas africanas, o suricato, são projetadas essas situações
cotidianas do cearenses. Segundo Diego Jovino, criador do personagem, a escolha do
suricate se deu pelo fato de ser um animal com grande diversidade de imagens
disponíveis na web, como ele próprio explicou em entrevista para o site Tribuna do
Ceará. Após acessar páginas regionais no Facebook, resolveu criar o Suricate Seboso. ‘Suricate’ porque é um animal que possui grande diversidade de imagens disponíveis na internet. “Tem foto de todo tipo. Umas parecem que ele está sorrindo, outras chorando. Pequenininho, grande, feio e bonito. É muito caricato”, conta. Escolheu ‘Seboso’ porque o cearense gosta de chamar o outro já “frescando”, como ele próprio explica. (TRIBUNA DO CEARÁ, 2013)
4 https://www.facebook.com/suricateseboso.
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É importante citar que o “Suricate Seboso” não é a única página no facebook dedicada a
fazer humor usando características regionais de estados do nordeste brasileiro.
Semelhante a ela existem também as páginas do “Bode Gaiato”5, criada em 2013 por
um jovem da cidade do Recife, e também as páginas paraibanas Esquilo Lombroso6 e
Calango Mancoso7, que inclusive foram a inspiração para a criação do “Suricate
Seboso”. A ideia começou a surgir depois que o jovem cearense conheceu as páginas Esquilo Lombroso e Calango Mancoso, ambas da Paraíba. A proposta era a mesma: Pegar um animal, colocar um adjetivo engraçado e usar diálogos típicos dos nordestinos. “A diferença é que as expressões deles eram mais direcionadas àquele Estado. Eu queria algo do Ceará”, conta Diego. (PORTAL O DIA, 2013)
Atualmente além da página no Facebook, o personagem também possui uma conta na
rede social Instagram8, onde também compartilha suas tirinhas, um canal no Youtube9,
onde são postadas sátiras de músicas brasileiras com letras que falam do cotidiano e
problemas do povo cearense, além de animações inspiradas no personagem, um perfil
no Twitter10 e o site oficial do “Suricate Seboso”11.
Figura 1 - Página Suricate Seboso no Facebook (Acessado em 3 de maio de 2017).
5 https://www.facebook.com/ObodeGaiato. 6 https://www.facebook.com/EsquiloLombroso. 7 https://www.facebook.com/CalangoMancoso. 8 http://instagram.com/suricatesebosooficial. 9 https://www.youtube.com/user/SuricateOficial. 10 https://twitter.com/suricateseboso. 11 http://suricateseboso.com.br.
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Esta apropriação das tecnologias da informação para a elaboração e difusão de
conteúdos tem se consolidado nos últimos anos com o advento da internet e
posteriormente a criação de chats e fóruns de discussão. Assim surge uma nova forma
de fazer comunicação, através de novas ferramentas ou comunidades virtuais que agem
como ponto de partida para uma nova forma de fazer o que chamamos de sociedade,
como afirma Costa (2008). Isso é observado através das formas de interação social,
possível graças a esses mecanismos. Logo em seguida surgem as redes sociais,
integrantes da Web 2.0, que dão início às redes colaborativas, onde esse processo de
comunicar é feito através da adição e troca de informações e arquivos, como textos,
fotos e vídeos. Santaella usa a abreviação RSIs para definir o que ela chama de Redes
Sociais da Internet.
As RSIs são plataformas-rebentos da Web 2.0, que inaugurou a era das redes colaborativas, tais como wikipédias, blogs, podcasts, o Youtube, o Second Life, o uso de tags (etiquetas) para compartilhamento e intercâmbio de arquivos como no Del.icio.us e de fotos como no Flickr e as RSIs, entre elas o Orkut, My Space, Goowy, Facebook e Twitter [...]. (SANTAELLA, 2010, p.7)
Seja através das páginas ou através dos perfis, o Facebook surge como uma ferramenta
de divulgação e disseminação de informações, pontos de vista e, claro, aspectos
culturais. Costa (2008) comenta sobre a necessidade de comunicação do indivíduo
inserido dentro dessas redes e como esse processo se dá. Todo mundo faz comunicação. Há os que querem dizer muitas coisas, e há os que desejam se encontrar com esse pessoal falante. Muitos querem ouvir música, outros desejam copiar imagens. Um número imenso de seres humanos tem injustiças a denunciar e sofrimentos a expressar. Em toda esquina, gente quer contar uma história, oferecer um conselho. Sempre há perguntas e pedidos de todo tipo, e algumas vezes temos experiências para tocar. Em meio a esse alvoroço, está em curso uma mutação profunda nas formas de comunicação, no modo como as mensagens são construídas e medidas. Essa mutação é parte da revolução digital que vivemos há mais de uma década. (COSTA, 2008, p. 81)
O que no começo era apenas uma diversão acabou se tornando uma fonte de renda para
o criador da página. Diego Jovino, que trabalhava como atendente em uma loja de
informática, deixou o emprego, em que ganhava menos de um salário mínimo, para se
dedicar exclusivamente à página do “Suricate Seboso”. Atualmente é com o dinheiro
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que ganha através do personagem que Diego custeia seu Curso de Publicidade e
Propaganda em uma instituição de ensino superior. É interessante perceber a internet e
as redes sociais como fonte de renda para os jovens, como é o caso citado acima.
Todo o destaque que a página recebeu alcançando notoriedade no mercado publicitário
se deve ao sucesso que ela teve na internet. Em entrevista para o portal G1, Diego
afirma que algumas das tirinhas publicadas na página chegaram a ter mais de 50 mil
compartilhamentos. Segundo o próprio criador, o fato das pessoas se identificarem com
as situações retratadas nas publicações e com a linguagem utilizada pelo personagem foi
o que fez o “Suricate Seboso” ser uma página de sucesso e de peso regional e nacional. “Faz tanto sucesso porque antes não havia algo que o pessoal (cearenses) se identificasse. O que se via eram expressões de fora. O Suricate traz o jeito do cearense falar, as coisas que vivemos, a realidades das escolas. O pessoal tem orgulho do nosso jeito. Eu não via isso muito na internet”, explica. Diego também afirma que vê o jeito Suricate Seboso na "boca" dos cearenses. Entre as expressões popularizadas com o perfil, estão “armaria nam”, que vem do “ave, Maria” para demonstrar negação, e “uri cumpadi”, uma exclamação que indica espanto. A forma de escrever das postagens é como é dita nas ruas. “A gente escreve do jeito que fala propositalmente. A ideia é escrever o jeito que a gente fala”, diz. Além das memórias, Diego Jovino conta com a contribuição dos internautas que enviam diariamente sugestões de postagens. Por dia, ele recebe mais de 100 mensagens com situações e expressões vistas no Ceará. (G1, 2013)
Através de uma análise rápida das tirinhas do “Suricate Seboso”, é notório que o
aspecto regional mais visível nas publicações é justamente a linguagem, o sotaque e a
forma como isso é representado por ele. A escrita das palavras exatamente como boa
parte dos cearenses as pronunciam é mais um elemento que reforça o personagem como
um representante da cultura cearense dentro das redes sociais.
Neste artigo exemplificamos o tipo de postagem através de duas características
observadas de acordo com o contexto nas quais foram publicadas. No primeiro
exemplo, a imagem foi postada seis dias depois do primeiro turno da eleição para
presidente em 2014. Na época, então presidenta do Brasil Dilma Rousseff (PT) foi para
o segundo turno com o candidato pelo PSDB, Aécio Neves. O país passava por um
momento político importante e estava “dividido” entre aqueles que queriam uma nova
presidência para o país e os que preferiam manter a atual presidenta no poder,
conjuntura essa vista nas ruas e nas conversas entre amigos.
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Figura 2 - Politica e as relações sociais (Acessado em 11 de Outubro de 2014).
Na tirinha houve uma tentativa de representar com humor essa divisão entre os eleitores,
na imagem o episódio se passa na Praça do Ferreira, ponto histórico de Fortaleza, e
mostra o encontro a princípio amigável entre dois eleitores com escolhas políticas
opostas. Na última tirinha algumas expressões regionais chamam a atenção, como é o
caso de “mah” que na verdade é abreviação de “macho” ou “macho véi” que segundo
Pascoal (2006, p. 96) é um uma forma de “tratamento dispensada a amigo ou velho
conhecido”, depois de alguns xingamentos como “praga burra”, é importante observar o
momento em que as relações pessoais na vida real se entrelaçam com o virtual, quando
o suricato da direita afirma que irá “excluir do face” (abreviação de Facebook) o
“colega” de visão política diferente.
No segundo caso, a tirinha destaca a preconceito contra os nordestinos, onde o criador
da imagem resolveu representar a paisagem do semiárido e, para isso, fez uso do
mandacaru, planta símbolo do sertão. Outro aspecto importante é o fato de que nessa
tirinha não há o uso da grafia de acordo com a pronúncia, a escrita das palavras nesse
caso está de acordo com as normas do português. Seria essa uma tentativa de se
transmitir um pouco mais de seriedade com o assunto tratado?
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Figura 3 - Preconceito com os Nordestinos (Acessado em 08 de Outubro de 2014).
Usando da ironia, ele pede ao leitor que foi vítima de preconceito, apesar de não
expressar a que tipo de preconceito se refere, seja ele racial, sexual, ou outro qualquer,
que seja educado e que “mande” o sujeito preconceituoso “se lascar”. Mais uma vez a
expressão é utilizada em uma das publicações, e sempre ligada ao discurso de protesto
contra o preconceito. Não por coincidência, essa imagem foi postada no dia 08 de
outubro, data em que se comemora o dia do nordestino, porém em vez de enaltecer
alguma característica da região ou do seu povo, ou simplesmente parabenizar aos
nordestinos pelo dia, optou-se por posicionar-se contra o preconceito regional.
Essa reflexão do uso das redes sociais como ferramenta de comunicação é importante e
se aplica diretamente ao nosso objeto de estudo. Durante a pesquisa, discutimos sobre a
formação da imagem do Ceará, cultura, linguagem, e no tópico seguinte apresentaremos
algumas da tirinhas do “Suricate Seboso” que exemplificam toda a discussão teórica
apresentada até o momento.
5. Considerações finais
É importante reconhecer a influência exercida pela página na disseminação da cultura
cearense além dos limites da região Nordeste. Foram considerados alguns pontos
importantes para a construção do personagem, como o humor, o sotaque, representado
pela escrita semelhante ao modo de falar e de se expressar do cearense, além das gírias e
expressões regionais. Consideramos que nenhuma mensagem é neutra, intencionalmente
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ou não, ela é carregada de sentidos e, nesse contexto, entra a pesquisa, justamente para
entender como essa cultura local vem sendo difundida no Facebook e respectivamente
no ciberespaço, através da página do “Suricate Seboso”. No caso do objeto, trata-se da
junção de imagens e texto na formação e reforço do sentido, como aborda Guimarães
(2013).
A pesquisa procurou observar como o personagem tem retratado a forma do cearense
falar, seus costumes, e feito humor através disso, recuperando e trazendo à tona alguns
questionamentos que envolvem o objeto de pesquisa, tanto de um ponto de vista social
quanto linguístico. Se olharmos por um prisma amplo, numa sociedade extremamente
globalizada e conectada, as tecnologias digitais e redes sociais tendem a reduzir as
fronteiras culturais, dessa maneira diversas outras culturas estão ao nosso alcance com
um clique do mouse. O personagem pesquisado vai na contramão de tudo isso ao
potencializar o que já é daqui, valorizando o regional, o que é do Ceará.
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