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A CONTRIBUIÇÃO DO TMS
(TRANSPORTATION MANAGEMENT
SYSTEM) NO DESEMPENHO DO FLUXO
LOGÍSTICO NA ROTA SÃO PAULO -
MANAUS
Eduardo Festa (Unisantos)
eduardo.festa@globo.com
Maria Rita Pontes Assumpção (Unisantos)
rita.assumpcao@unisantos.br
Este trabalho analisa os esforços que as transportadoras têm feito para
controle do desempenho no fluxo logístico da rota São Paulo -
Manaus, focando o uso do TMS (Transportation Management System).
O artigo apresenta as possibilidades que o avanço da tecnologia de
informação oferece para apoio ao gerenciamento de transporte,
detalhando as facilidades oferecidas pelo TMS. O trabalho descreve
como é realizado o serviço porta-a-porta pelas transportadoras
contratadas pelos fabricantes de eletroeletrônicos da Zona Franca de
Manaus - ZFM. Este serviço, que faz uso da multimodalidade (rodo-
fluvial), constitui no suprimento de insumos produtivos na direção
Sudeste-Norte e, em direção contrária, distribuição dos produtos
acabados, entregues nas centrais de distribuição das redes de varejo.
Os resultados apresentados foram coletados por dois estudos de caso
(transportadoras) em pesquisa exploratória. O artigo destaca os
benefícios dos transportadores com a utilização de TMS, entre eles,
maior controle da produtividade no uso dos ativos físicos da
transportadora e racionalidade de sua equipe de gestão, pela
diminuição no tempo de planejamento na montagem da carga e na
programação das entregas, assim como na negociação dos contratos
com os fabricantes da ZFM.
Palavras-chaves: sistemas de gestão de transporte, rota São Paulo-
Manaus, multimodalidade, desempenho, logística integrada
XXX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO Maturidade e desafios da Engenharia de Produção: competitividade das empresas, condições de trabalho, meio ambiente.
São Carlos, SP, Brasil, 12 a15 de outubro de 2010.
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1. Introdução
O faturamento total da atividade industrial do Pólo Industrial de Manaus cresceu 37% em
valor, no período entre 2005 a 2009. Este crescimento refletiu um aumento de 39% no número
de empregos gerados, o que torna ainda mais importante esta atividade nessa região
(SUFRAMA, 2009). Os ramos industriais de maior destaque são: eletroeletrônico e duas
rodas que, juntos representaram, em 2009, 53% do total do faturamento industrial (Figura 1).
duas rodas
20%
eletroeletrônico
33%
outros
11%
químico
12%
metalúrgico
7%
termoplásticos
6%
bens de
informática
11%
Figura 1: Subsetores de atividades no Pólo Industrial de Manaus e % Faturamento - 2009 (R$)
Fonte: SUFRAMA (2009). Indicadores de Desempenho do Pólo Industrial de Manaus: 2004-2009. Relatório de
09/1/2010. Elaboração: COISE/CGPRO/SAP. MIDC. Disponível em:
http://www.suframa.gov.br/download/indicadores/RelatorioIndicadoresDesempenho_fevereiro_2010_29032010.
A ZFM (Zona Franca de Manaus), por estas razões, tem se mostrado importante região para
abastecimento do mercado brasileiro dos bens de consumo durável: eletrodomésticos e
motocicletas e bicicletas. Além da importância da atividade industrial na região Norte
brasileira, esse crescimento implica em outras externalidades, tal como em uma maior
dinâmica na distribuição física dos produtos a partir dessa região para os demais estados
brasileiras e de abastecimento de componentes (insumos produtivos) da Região Sudeste do
Brasil para o Norte, com aumento significativo na atividade de transporte no Brasil. Nesta
perspectiva a cabotagem brasileira vem se desenvolvendo, com linhas regulares, semanais,
que saem do Porto de Santos para a cidade de Manaus (Carvalho, 2009).
Embora o crescimentro da cabotagem brasiliera, a maioria do volume movimentado entre
estas regiões é ainda por transportadoras que utilizam a intermodalidade rodo-fluvial. O
trecho de São Paulo até Belém (e vice versa) é por rodovia, sendo utilizado o modal fluvial de
Belém até Manaus. A responsabilidade do serviço de entrega na distribuição de produtos
acabados na rota Norte – Sudeste e no suprimento de insumos produtivos (sentido inverso) é
de um único prestador de serviço logístico – a transportadora, responsável pela frota de
caminhões que faz o trecho até Belém. A transportadora, desta maneira realiza serviços porta
a porta para seus clientes, os fabricantes da ZFM.
A cabotagem é responsável por apenas 1,8% do transporte de cargas no Brasil, embora tenha
tido um crescimento de 181,7% entre os anos de 2003 a 2008 para a carga geral e de 93,5% da
carga conteinerizada (CARVALHO, 2009). Devido a este crescimento, este modal de
transporte é o que representa maior capacidade de competir com as transportadoras. Carvalho
(2009) mostra que as companhias de navegação, que operam cabotagem neste trecho,
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ampliaram seus serviços para entrega porta-a-porta. De outro lado, a desregulamentação das
atividades de transporte, liberou a atuação de empresas de capital estrangeiro, incentivando a
concorrência na oferta do serviço de transporte. Assim, diante destes desafios - e da exigência
dos seus clientes fabricantes da ZFM por serviço porta-a-porta, as transportadores buscam
capacitação para desempenhos melhores. Esta é uma das razões para ofertarem serviço porta-
a-porta e inovarem em seus procedimentos de controle deste serviço.
Este trabalho analisa os esforços que as transportadoras têm feito nesta direção. O artigo, no
item seguinte a esta introdução, apresenta as possibilidades que o avanço da tecnologia de
informação oferece para apoio ao gerenciamento de transporte, incluindo aquela que será
analisada em maiores detalhes no trabalho, o TMS (Transportation Management System). Na
seqüência, o trabalho descreve como é realizado o serviço porta-a-porta pelas transportadoras
que servem aos fabricantes de eletroeletrônicos da ZFM, subsetor focado neste trabalho. Os
resultados apresentados foram coletados por estudo de caso, em pesquisa exploratória. O
artigo tece as considerações finais no último item, destacando os benefícios dos
transportadores com a utilização de TMS.
2. TIC (Tecnologia de Informação e de Comunicação) na Logística
O transporte para movimentação de matérias-primas e/ou produtos acabados representa a
maior parcela dos custos logísticos na maioria das empresas. A atividade de transporte
representa, em média, 60% das despesas logísticas da empresa, significando de 4% e 25% do
seu faturamento bruto, dependendo do seu ramo de atuação (FERREIRA, 2005). O avanço da
tecnologia de equipamentos de transporte e iniciativas como a intermodalidade e a
multimodalidade (integração de vários modais de transporte) e a terceirização desta atividade
a operadores logísticos (prestadores de serviços logísticos) têm sido importantes para redução
dos custos de transporte. No Brasil, uma das principais barreiras para o desenvolvimento da
logística e da multimodalidade está relacionada às deficiências na infra-estrutura de
transportes. Com a expressiva participação de 65 % a 75% na matriz dos transportes do
Brasil, seguido por cerca de 20% da ferrovia, o transporte rodoviário é o maior responsável
pela movimentação brasileira de carga (FERREIRA, 2005).
O uso da TIC – Tecnologia da Informação e Comunicação na gestão de atividades logísticas
provoca mudanças nos processos, com melhorias na utilização dos ativos, gerando maior
produtividade e qualidade / consistência nas operações, pela redução de desperdícios e de
tempos de entrega. Além da inovação em processos, o uso da TIC muda a forma de gerenciar
os negócios, facilitando a coordenação para planejamento e programação no abastecimento de
componentes / insumos produtivos e na distribuição dos produtos, para atender às
necessidades de produção e de vendas (BOWERSOX et al, 2006). Esta coordenação está
associada ao conceito de cadeia de suprimentos.
A gestão da cadeia de suprimento torna necessária a troca de informações entre as empresas
para viabilizar o planejamento e programação das operações para atendimento à demanda de
modo preciso e rápido. As novas formas de gestão, segundo os conceitos de Just-In-Time
(JIT) e just-in-sequence exigem eficácia do sistema de transporte, cujas decisões são
integradas às decisões associadas à programação da produção e ao atendimento a pedidos.
Diante deste contexto, a tecnologia de informação é um qualificador essencial para os
operadores logísticos que atuam nas interfaces que ligam as operações das empresas parceiras
nas cadeias de suprimento. Deste modo, as empresas de transporte, para manutenção de suas
vantagens competitivas, têm ampliado seus serviços além da atividade de movimentação de
produtos. Não apenas agregam valor pelo deslocamento de mercadorias entre lugares /
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espaços diferentes como também oferecem a capacidade de rastreamento de carga para que
seus clientes possam prevenir-se na ocorrência de acontecimentos não previstos. Também
oferecem apoio para gerenciamento de risco nas viagens e coleta e entrega nos pontos de
origem e de destino.
A capacitação das transportadoras, para oferta de serviço com maior valor agregado, é
apoiada pela adoção de tecnologia de informação e comunicação (TIC), com uso de sistemas
de informação, tais como: roteirizadores, sistemas de controle de frete, Sistemas de
Informação Geográfica (GIS - Geographic Information System), Sistemas de Posicionamento
Global (GPS -Global Positioning Systems), WMS (Warehouse Management System) e
sistema de gerenciamento de transporte - TMS (Transportation Management System), que é
focado neste trabalho. Estes sistemas de informação têm sido adotados pelas empresas devido
ao baixo custo relativo frente aos benefícios gerados, além de serem requisitados pelos
clientes e apoiarem a documentação exigida por regulamentações, definidas pelo governo.
2.1. Sistema de Informação Logístico e Desempenho do Serviço de Transporte
O sistema de informação logístico é uma parte do sistema de informação da empresa e tem
como objetivo tornar a operação logística mais ágil e com maior visibilidade. Segundo
Bowersox et al (2006), a integração das atividades logísticas se dá em quatro níveis
funcionais: sistema transacional, controle gerencial, apoio à decisão e planejamento
estratégico. O apoio ao planejamento estratégico visa decisões que envolvem alto risco, tendo
grande número de alternativas para escolha. O apoio às decisões foca na análise e avaliação
de atividades que melhorem a eficácia da organização. O controle gerencial preocupa-se com
a avaliação Do uso da capacidade dos ativos da organização, desenvolvendo sistemas de
medição de desempenho e controlando as operações, conforme a programação realizada. Já o
sistema transacional controla a eficiência das operações, considerando regras, normas e
procedimentos do dia-a-dia, comunicações interfuncionais e interorganizacionais, com os seus
resultados servindo de feedback para controle gerencial. Assim, os fluxos de informações
logísticas dão suporte ao planejamento e à execução das atividades de maneira integrada,
apoiando as decisões para coordenação de processos e monitoramento de operações, como
mostrado na Figura 2.
Figura 2 : Necessidades de Informação logística
Fonte: Bowersox et al (2006).
Os fluxos de coordenação englobam as atividades de planejamento e alocação de recursos
logísticos necessários às empresas, focando em: objetivos estratégicos, restrições de
capacidades, necessidades de ativos logísticos para distribuição, produção e suprimento. Os
FLUXOS DE COORDENAÇÃO
FLUXOS OPERACIONAIS
Planejamento
de Capacidade
Necessidades
logísticas
Necessidades
de fabricação
Necessidades
de suprimento
Planejamento
Estratégico
Processamento
de pedidos Operações de
distribuição
Transporte e
expedição
Suprimento Gerenciamento
de pedidos
Projeção
de vendas
Determinação de estoque
Gerenciamento de estoque
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fluxos operacionais relacionam-se ao gerenciamento e processamento de pedidos, gestão das
instalações e do uso de ativos, programação e controle das operações de transporte.
Neste trabalho, o foco de análise será nos fluxos de informação operacionais para controle
gerencial do serviço de transporte, ou seja, como tem sido realizada a troca de informações
entre empresas da Zona Franca de Manaus e seus parceiros na prestação de serviços de
abastecimento de insumos produtivos e de distribuição de seus produtos ao mercado e como é
controlado o desempenho das operações nestes serviços. É analisado o uso de TMS para
melhoria do serviço prestado.
O prestador de serviço logístico procura criar valor por meio de entregas mais freqüentes,
cumprimento de prazos, disponibilidade de mercadorias e recebimento do produto ou serviço
no nível de qualidade exigido pelo cliente. De acordo com Bowersox et al (2006) três fatores
fundamentais são identificados para medição do serviço logístico: disponibilidade,
desempenho operacional e confiabilidade. A disponibilidade é a capacidade de atender ao
cliente no momento em que é solicitado. Já o desempenho operacional envolve
comprometimento com o prazo de entrega esperado e sua variação dentro de limite aceitável,
abrangendo velocidade, consistência e flexibilidade na oferta do serviço e, na ocorrência de
falhas, facilidade no reparo e recuperação das mesmas. Por fim, a confiabilidade envolve a
capacidade de manter níveis de disponibilidade e desempenho operacional dentro do
planejado e esperado pelo cliente. Bowersox et al (2006) classificam as medidas de
desempenho nas seguintes categorias: custo, serviço ao cliente, produtividade, gestão de ativo
e qualidade. Para cada uma destas categorias são destacados indicadores que podem ser
utilizados para mensuração de desempenho. As medidas mais freqüentemente utilizadas de
percepção do cliente sobre o serviço ofertado, relacionados ao transporte, são, segundo
Ferreira (2005): Custo de Transporte (fretes adicionais), Tempo de entrega e Entrega no
prazo, Freqüência de entrega, número de erros e tempo para reparo.
Este trabalho centra sua análise na utilização do TMS (Transportation Management System),
sistema de gerenciamento de transporte, um aplicativo comercial (software) que auxilia no
planejamento, execução, monitoramento e controle das atividades relativas à consolidação de
carga, expedição, emissão de documentos, entregas e coletas de produtos, rastreabilidade da
frota e de produtos, auditoria de fretes, apoio à negociação, planejamento de rotas e modais,
monitoramento de custos e nível de serviço, e planejamento e execução de manutenção da
frota. O TMS é um sistema transacional, com capacidade de controle gerencial e apoio às
negociações de serviços contratados.
2.2. TMS (Transportation Management System) - sistema de gerenciamento de transporte
As decisões no nível estratégico de um sistema para gerenciamento da cadeia de suprimento
abrangem todos os processos suprimento, produção e distribuição. Os módulos operacionais
auxiliam a tomada de decisões que são baseadas em informações transacionais, com alto grau
de detalhe, dando suporte ao controle gerencial das operações. O TMS pode ser considerado
um módulo de um sistema de gerenciamento da cadeia de suprimento, servindo às decisões no
nível operacional / transacional, como mostrado na figura 3, além de subsidiar as decisões
para negociação de contratos e controle gerencial. Deste modo, o TMS apóia a gestão da
cadeia de suprimento, em seus níveis tático e operacional.
.
Estratégico
Planejamento da Rede (Network Planning)
Tático
Planejamento Mestre da Distribuição Planejamento do
Atendimento à
Demanda Gestão de Estoques e de Planejamento das Operações
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Suprimento de Produção e Distribuição
Operacional Suprimento SRM Produção
ERP
Serviço de
Distribuição
CRM
TMS / WMS
Figura 3: Funcionalidades de um sistema de apoio a Gestão da Cadeia de Suprimento – SCM (Supply
Chain Management)
O ERP (Enterprise Resource Planning) tem interface com sistemas de Gestão do
Relacionamento com Fornecedores (SRM – Supplier Relationship Management), Sistemas de
Gerenciamento de Clientes (CRM – Consumer Relationship Management), TMS e WMS
(Figura 4).
Figura 4: TMS e as tecnologias associadas para Gestão da Cadeia de Suprimento
Fonte: Branski, Regina Meyer (2008). Notas de aulas. Laboratório de Aprendizagem em Logística e Transporte.
São várias as soluções comerciais de TMS disponíveis no mercado, que apresentam módulos
específicos. As principais funcionalidades de um TMS podem ser classificadas como:
planejamento e execução; monitoramento e controle e apoio à negociação e auditoria de frete
(SILVA, 2009).
Logística
Estruturação das regiões atendidas, definindo os níveis de subordinação entre elas e o tipo de serviço
executado em cada uma.
Mapeamento setorizado dos clientes, dividindo-os em rotas de atendimento.
Definição das rodovias e praças de pedágio percorridas nas rotas.
Definição dos prazos de atendimento por região, com os tipos de serviços prestados e respectivas tarefas
e atividades.
Comercial
Criação de componentes de frete, de acordo com as modalidades de serviços prestados e com as
características de negócio de cada empresa.
Estabelecimento de tabelas de preços com variação de componentes, conforme tipos de negociação
praticados.
Tabelas de frete com possibilidade de inclusão de ajustes por cliente.
Uso de tarifação.
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Ferramentas para manutenção e reajuste de tabelas.
Contratos
Cadastro dos contratos de clientes, com todas as condições para a prestação de serviços:
Tipos de serviços prestados;
Tabelas de preços praticados;
Número de Notas Fiscais (NFs) por CTRC (Conhecimento de Transporte Rodoviário de Carga);
Peso Máximo por CTRC.
Contrato para o cliente genérico – esporádico.
Contratos com terceiros e agregados para gerenciamento do pagamento de serviços contratados.
Fonte: Marques, Vitor. Utilizando o TMS para uma Gestão eficaz de Transportes. 2002
Tabela1: Funcionalidades do TMS - Planejamento e Execução e Apoio à Negociação
As funcionalidades associadas ao planejamento e execução consistem em apoio à negociação,
determinar as rotas e modais a serem utilizados, seqüenciar as paradas dos veículos e estimar
o tempo de cada uma delas, preparar os documentos necessários para o despacho dos veículos
e verificar a disponibilidade dos mesmos (TABELA 1). Estas funcionalidades apóiam a
gestão para a realização de contratos servindo para análise ex-ante , para estabelecimento das
cláusulas contratuais, com integração às funcionalidades de apoio a negociação.
O monitoramento dos custos e serviços, como mostrado na Tabela 2, é realizado por meio das
informações provenientes da própria operação, utilizando indicadores específicos de
desempenho a cada operação, tais como: desempenho do serviço de transporte por entregas,
dos diferentes modais de transportes, utilização de frete premium, do frete retorno, avarias,
etc. O Traking monitora frotas e produtos, agregando valor aos clientes por disponibilizar
informações sobre o status da carga e localização de seus pedidos. O TMS permite consultas
via internet sobre a situação das cargas.
Operacional
Gerenciamento dos processos de coleta e entrega.
Conhecimento de frete CTRC e NF (Nota Fiscal) de serviço de transporte.
Manifesto de carga.
Controle da movimentação de veículos.
Recepção e carregamento.
Abertura, fechamento e encerramento de coletas, viagens e entregas.
Controle de pendências e gerenciamento de ocorrências.
Contrato de carreteiro.
Controle de representantes operacionais.
Custos
Visão de custos em 4 níveis – veículo, rota, viagem e documento (CTRC).
Tracking
Consultas sobre os detalhes da operação, apontadas até os níveis de serviços, tarefas e atividades
Fonte: Marques, Vitor. Utilizando o TMS uma Gestão eficaz de Transportes. 2002
Tabela 2: Funcionalidades do TMS - Monitoramento e Controle
Finalmente, com relação à auditoria de fretes, estes sistemas mantêm uma base de dados das
tarifas de frete praticadas para remunerar o serviço prestado e para o processo de auditoria
(TABELA 3).
Seguros
Criação dos componentes de seguro utilizados.
Definição das tabelas de seguro de acordo com produtos, regiões de origem e destino, vigências.
Averbação e processo de fechamento de seguro.
Gerenciamento de indenizações e solicitações de reembolso
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Faturamento
Geração manual ou automática das faturas.
Faturamento com base no perfil previamente cadastrado para o cliente:
Condição de pagamento;
Periodicidade de faturamento;
Número de CTRCs por fatura;
Valor máximo da fatura;
Separação por tipos de transporte;
Separação segundo o termo de comércio CIF e FOB
Intercâmbio Eletrônico de Dados (EDI – Electronic Data Interchange)
Ferramenta para geração e recebimento de arquivos
Fonte: Marques, Vitor. Utilizando o TMS para uma Gestão eficaz de Transportes. 2002
Tabela3 Funcionalidades do TMS - Auditoria de Frete e outras Os sistemas são capazes de comparar o valor cobrado pelo prestador do serviço de transporte
contra o que foi calculado e apontar as eventuais diferenças. O sistema mantém uma base de
dados das tarifas de frete praticadas para remunerar o serviço prestado, fazendo a comparação
do valor cobrado pelo prestador do serviço de transporte contra o que foi calculado. A base de
dados é constituída pelo cadastramento de todas as condições comerciais, por temos de
comércio (CIF - cost, insurance, freight ou FOB - Free and Board ), por volumes,
fracionamento de carga, diferentes custos por modais, frete por viagem, entre outras
particularidades, além de todas as informações dos transportes realizados (volumes expedidos
por modais, tipos de veículos, rotas, tamanho das cargas e destinos). Outras tecnologias
podem estar associadas ao TMS, tais como rastreamento de veículos, utilizando recursos de
comunicação via satélite e de posicionamento por GPS (Global Positioning System) (SILVA,
2009).
Marques (2002) destaca os benefícios da utilização do TMS: redução dos custos de transporte
e melhoria do nível de serviço ao cliente; maior produtividade no uso dos ativos; diminuição
no tempo de planejamento da montagem da carga e da programação das entregas;
disponibilidade de dados precisos de frete, por cliente, frota, viagem; suporte ao controle de
desempenho.
3. Estudos de Caso
Os estudos de caso foram realizados em duas transportadoras com mais de 30 anos de atuação
na rota São Paulo / Manaus. As transportadoras dos estudos de caso, denominadas A e B,
atendem principalmente a demanda dos ramos industriais de eletroeletrônico e de duas rodas.
A coleta de dados serviu-se de entrevistas com gerentes das transportadoras e supervisores das
operações, responsáveis pelos contratos e relacionamento com os clientes. Estes funcionários
tem o apoio do TMS para sua negociação. O TMS utilizado é o Systemakers, dotado pela
Transportadora A em 1999 e pela transportadora B em 2000.
A transportadora A possui cinco unidades de operação. Sua matriz é localizadas em São Paulo
/ SP (sua matriz) e suas filiais são localizadas nos Estados: Amazonas (em Manaus), no Rio
de Janeiro (Rio de Janeiro), no Pará (em Belém) e em Goiás (Goiânia). Estas unidades
totalizam uma capacidade de operação de 90.000 m2, utilizada para armazenagem e
movimentação de carga. Emprega cerca de 650 funcionários, distribuídos nas unidades da
seguinte forma: 400 em São Paulo, 200 em Manaus, 30 em Belém, 15 em Rio de Janeiro e 5
Goiânia. Opera com frota própria de 1200 veículos. A transportadora A em março de 2010
atendeu a 73 clientes.
A Transportadora B tem sete unidades operando com 572 funcionários e frota com 1030
veículos. Em sua matriz localizada em Guarulhos (São Paulo), tem 300 funcionários. Suas
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filiais estão localizadas nas cidades de Manaus (Amazonas), com 180 funcionários, Feira de
Santana (Bahia), com 10 funcionários, Belém (Pará), onde trabalham 20 empregados, Recife
(Pernambuco) com 50 funcionários e em Gravataí (Rio Grande do Sul) e Curitiba (Paraná)
ambas operando com 6 funcionários. Estas unidades totalizam uma área de 110.000 m2 para
armazenagem e movimentação de carga. A transportadora B atendeu 76 clientes em março de
2010. A análise apresentada representa a operação das duas empresas.
3.1 Operação de transporte de cargas entre região metropolitana de São Paulo e Manaus
O transporte de cargas na rota São Paulo / Manaus, atende as seguintes necessidades das
indústrias sediadas na Zona Franca de Manaus (ZFM): a primeira delas é o recebimento de
matéria prima para produção e a segunda é o escoamento dos produtos acabados para
distribuição. No caso específico dos eletroeletrônicos, grande parte da produção é destinada à
região sudeste, devido ao potencial de consumo desta região. Também é desta região, a maior
parte do suprimento de insumos produtivos.
As transportadoras que atuam nesta rota, normalmente, são estruturadas da seguinte maneira:
possuem uma unidade em São Paulo (capital e cidades da grande São Paulo, sendo que o local
de maior concentração é a cidade de Guarulhos); uma unidade em Belém e uma unidade em
Manaus. A frota é composta, quase que na totalidade, por veículos reboques (carretas), com
pouquíssimos veículos de tração. Quando necessário este tipo de veículo, o serviço é
contratado e os motoristas terceirizados (conhecidos como agregados). Atualmente, há a
exigência que os agregados sejam pessoas jurídicas. Desta forma, muitas empresas
prestadoras de serviços de transportes de cargas têm o dono do veículo como proprietário da
empresa e motorista. As empresas dos estudos de caso, são duas transportadoras, uma com
filial na cidade de São Paulo, outra com filial em Guarulhos e unidades de operação em
Belém e Manaus, para servir a rota São Paulo-Manaus.
A rota São Paulo / Manaus, com exceção do modal aéreo, necessita a utilização de mais de
um modal de transporte. Atualmente, a combinação rodoviário com o modal fluvial (rodo-
fluvial) é a mais utilizada. Os veículos para transporte rodoviário são compostos por cavalo
mecânico, onde é engatada uma carreta baú ou sider, sendo que essas carrocerias são, no
trecho fluvial, carregadas em balsa, puxadas por empurradores. A grande maioria do serviço
contratado pelos clientes das transportadoras (fabricantes de Manaus que demandam insumos
produtivos e distribuem seus produtos) constitui o que é chamado de carga fechada,
compondo o volume completo da carroceria, mas também praticam a carga fracionada,
quando o veículo serve a vários clientes. As operações são conhecidas como operação subida
(São Paulo / Manaus) e operação descida (Manaus / São Paulo).
Operação subida: Esta operação inicia com a coleta de mercadorias, compradas pelos
fabricantes da ZFM, nos fornecedores em São Paulo e termina com a carga sendo entregue na
ZFM (figura 4). As mercadorias coletadas são encaminhadas à unidade da transportadora em
São Paulo para consolidação da carga, para os casos de coletas fracionadas, para melhor
aproveitamento da frota.
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Figura 4: Operação Subida
A coleta e a consolidação da carga são acompanhadas do recebimento de arquivo eletrônico
(EDI) com as informações das notas fiscais e emissão da documentação (conhecimentos
rodoviários de cargas, manifestos, contratos de fretes com agregados e vale pedágio)
necessária para o transporte das mercadorias. Esta documentação é enviada por meio de
arquivos eletrônicos para a Sefaz (Secretaria da Fazenda) e Suframa - Superintendência da
Zona Franca de Manaus para desembaraço da carga e para controle das mercadorias que
entram e saem da ZFM. Também são enviados arquivos eletrônicos para seguradoras e
gerenciadoras de risco.
O recebimento dos veículos quando chegam à filial de Belém é submetido à conferência dos
lacres, das condições dos veículos e da documentação da carga. Neste momento é feito o
desengate das composições dos veículos. Os cavalos mecânicos são engatados a outra carreta,
proveniente da unidade de Manaus – já contendo produto acabado – preparando-se para a
viagem de volta para São Paulo. As carretas oriundas de São Paulo com insumos produtivos,
após conferência física da carga e da documentação, são retiradas da unidade de Belém para a
cabotagem até Manaus. Essa retirada / translado, da filial da transportadora em Belém até o
porto fluvial, é realizada por prestadores de serviços que fazem, exclusivamente, pequenos
trechos rodoviários (do pátio da unidade Belém até o porto de Belém e vice e versa). Deste
modo as carretas são levadas até o porto de Belém, onde aguardam o embarque na balsa para
serem levadas até Manaus. Essas pequenas viagens são conhecidas como “puxadas” e a
prática de pagamento para estes serviços é o de diária.
As carretas seguem de balsa - até o porto de Manaus. A viagem fluvial é realizada por
empresas específicas do segmento de navegação pelo Rio Amazonas, que são contratadas
pelas transportadoras. Nesta modalidade são emitidos os documentos necessários para
realização do transporte, Conhecimento de Transporte Aquaviário de Cargas e Nota Fiscal de
Serviços. Estes documentos também serão utilizados para cálculo dos valores dos fretes que
serão cobrados das transportadoras.
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Quando a carreta é liberada da balsa no porto de Manaus, ela é conduzida, por veículo de
propriedade da transportadora ou contratado por ela, diretamente para a unidade do cliente ou
pode ser levada, por meio de uma “puxada”, para o pátio da unidade da transportadora em
Manaus, onde aguardará a entrega, conforme solicitado pelo cliente. É prática das
transportadoras que atuam nesta rota, deixar as carretas à disposição dos clientes para
descarregamento e/ou agendamento de entrega. Desta forma, a contratante utiliza as carretas
das transportadoras como extensão de sua capacidade de armazenagem para seu estoque. A
carreta, então, serve para armazenagem temporária dos componentes produtivos, sendo da
responsabilidade da transportadora ocupar-se da remessa dos produtos, conforme a
necessidade da linha de produção do fabricante.
Os prazos praticados para a rota São Paulo / Manaus são: 10 e 15 dias. Para a viagem com
prazo de 10 dias, são utilizados dois motoristas no trecho rodoviário São Paulo / Belém. Esta
alternativa é denominada Rodo-Rápido e possui preço diferenciado. Nestes prazos, além do
tempo de viagem, também estão previstas as horas necessárias para coletas e horas de espera
para carregamento na balsa, pois a operação de viagem fluvial depende da subida da maré
para elevar o nível do rio, o que geralmente acontece à noite.
Operação descida: A operação descida pode ser considerada como sendo o sentido contrário
da operação subida, fazendo-se os seguintes ajustes: a coleta será de produtos acabados e nas
unidades do cliente e a mercadoria será entregue, geralmente, em centros de distribuições dos
clientes dos fabricantes de Manaus, para posterior distribuição às suas lojas de varejo. A
operação descida tem maior quantidade de carga fracionada, atendendo a vários clientes.
Destaca-se que é de responsabilidade da transportadora, não apenas a coleta e entrega das
mercadorias nas quantidades, locais e tempos pré-acordados com seus clientes, mas também
manter os clientes, fornecedores e destinatários abastecidos com informações que permitam
maior eficiência logística.
Além do monitoramento dos veículos em viagem para controle do desempenho e
rastreamento da carga, a troca de informações também se refere ao conhecimento eletrônico
(CT-e), implantado recentemente pelo governo. Por meio deste documento, a Sefaz pode
controlar o processo de transporte na sua origem, ou seja, na emissão do conhecimento de
carga. Este processo assemelha-se ao processo de nota fiscal eletrônica. Propõe a integração
digital / automática das informações entre as transportadoras, clientes, destinatários e a
Secretaria da Fazenda.
4. Utilização do TMS pelas transportadoras e desempenho do serviço
A competência essencial dos fabricantes da ZFM é montagem de seus produtos para
distribuição ao mercado. Deste modo, a atividade de transporte é contratada para viabilizar o
recebimento de insumos produtivos para alimentar suas linhas de produção e a distribuição de
produtos acabados, conforme a necessidade de seus clientes, proprietários das redes de varejo,
que disponibilizam seus produtos para o consumidor final. Devido à necessidade de sincronia
entre os requisitos produtivos e o atendimento à demanda final, os fabricantes buscam no
mercado empresas que atuam no segmento de prestação de serviços de transportes. Para as
empresas sediadas no Pólo Industrial de Manaus, por estarem distantes de seus fornecedores e
mercado principal de seus produtos acabados, localizados na região sudeste, é ainda maior a
dependência de serviços de transportes, especialmente aqueles que oferecem atributos de
disponibilidade, desempenho operacional e confiabilidade. Atentas ao potencial deste
segmento de mercado, algumas transportadoras se especializaram na prestação de serviços de
transportes entre as regiões Norte e Sudeste.
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A contratação desse serviço ocorre após negociação, quando são acordadas as características
físicas das cargas, a natureza da carga, as localidades de coleta e entrega, o volume que será
transportado, a freqüência de viagens, os prazos para realização das viagens, os tempos de
espera para carregamento e descarregamento, as características dos equipamentos a serem
utilizados, o seguro de carga, o valor do frete, as condições para faturamento e pagamentos, as
condições para aplicação de penalidades, (no caso de não cumprimento das regras
estabelecidas). Nesta fase são utilizados os módulos de Logística e Comercial do TMS para
balancear o que é proposto como condição e a capacidade da transportadora em realizá-las,
apoiando a tomada de decisão dos negociadores das transportadoras. Deste modo estes
negociadores têm segurança para oferecer às empresas, serviços em conformidade com o
requisitado, porém a preços competitivos e também rentáveis para as transportadoras.
Firmado o contrato, este é imediatamente cadastrado no módulo de Contratos, definindo-se
campos para itens das cláusulas acordadas, viabilizando o monitoramento para verificação de
sua obediência.
As condições para realização das operações são repassadas para o planejamento e controle do
setor logístico da empresa contratante que se relaciona com setor operacional da
transportadora. A contratante faz seus pedidos de coletas de mercadorias pelo envio de
arquivos eletrônicos, atendendo a rotinas / formulários disponibilizadas na Internet, ou podem
ser enviados por fax ou feitos por telefone. De posse dos pedidos de coleta de mercadorias,
que podem ser para o dia ou para um período, a transportadora faz a programação de carga,
alocando os veículos e motoristas necessários para a execução dos pedidos. Algumas cargas
podem ser coletadas e seguir viagem, direto do ponto de coleta. Outras vezes as mercadorias
coletadas aguardam armazenadas na unidade da transportadora por um tempo para
consolidação de carga. Enquanto a coleta das mercadorias é realizada, a transportadora recebe
dos clientes, ou dos seus representantes, arquivos eletrônicos com os dados das notas fiscais
das mercadorias coletadas. Estas informações são necessárias para a emissão dos
conhecimentos de transportes rodoviários de cargas (CTRC). O recebimento do arquivo
eletrônico, pelo módulo de EDI (Eletromic Data Interchange) do TMS, torna o processo mais
rápido, seguro e com menor custo, evitando erros de entendimento e duplicação de esforços
de digitação para emissão dos documentos. Algumas transportadoras utilizam etiquetas de
código de barras nos volumes, facilitando o rastreamento de carga, a definição de roteirização
para entrega e o processo de carregamento, assim como a emissão da documentação associada
ao carregamento: conhecimentos de frete, manifestos e contratos de carreteiros (para os casos
de motoristas contratados). A carga carregada e a emissão da documentação associada a
carga, chamadas formação da viagem, são pré-requisitos para o início da viagem. As
operações realizadas, desde a coleta até a formação da viagem, são gerenciadas e executadas
pelas transportadoras com o auxílio do módulo Operacional do TMS.
Iniciada a viagem, é feita a averbação para seguro da carga, módulo de Seguros. Esta
averbação é realizada com o envio de arquivo eletrônico para a seguradora. No caso do
transporte na rota São Paulo / Manaus, também é necessário o envio de arquivo eletrônico
para a Suframa, para controle da movimentação de cargas na ZFM. Atendidas as exigências
das seguradoras e da Suframa, a necessidade passa a ser a de monitoramento do desempenho
da viagem e de disponibilização de informações sobre as cargas para os intervenientes neste
percurso. O monitoramento do desempenho é apoiado pela integração do TMS, módulo de
Tracking, com os Sistemas de Posicionamento Global e sistemas de controle de suprimentos
das empresas contratantes ou ainda com as informações provenientes dos pontos de apoio,
predeterminados para cada rota. As informações são disponibilizadas aos clientes e
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destinatários, por meio de arquivos eletrônicos de ocorrências, consultas disponibilizadas na
internet ou ligações para a central de atendimento da transportadora.
Uma operação completa na rota São Paulo / Manaus é composta por uma viagem principal - a
viagem da carreta, algumas puxadas e uma viagem fluvial - com a utilização de empurradores
e balsa. Finalizada a viagem é feito o pagamento do saldo ao motorista (para os casos de
motoristas contratados), por meio da integração do TMS com o ERP, módulo de Contas a
Pagar.
A análise de desempenho do serviço prestado tem o apoio do módulo de Custos do TMS, com
controle, especialmente do serviço de entrega. A rentabilidade da viagem, por meio da
comparação entre receita e despesas, é analisada, indicando-se as ocorrências / causas que
tenham que sofrer intervenções para corrigir possíveis distorções antes de iniciar a próxima
viagem.
A cobrança dos serviços prestados é feita periodicamente e não por viagem. O processo de
cobrança é feita por meio da emissão de faturas, documento que agrupa os CTRCs emitidos
no período, analisando-se o desempenho das viagens comparativamente às condições
estabelecidas no contrato. O TMS possui um módulo de Faturamento que emite as faturas e
transmite ao ERP da contratante, mais especificamente ao módulo de Contas a Receber.
No caso da ampliação do serviço ofertado pelas transportadoras, para armazenagem
temporária dos insumos produtivos em sua unidade de Manaus, o TMS, módulo de Tracking,
possibilita o monitoramento das carretas utilizadas.
5. Considerações Finais
Os benefícios da utilização do TMS destacados nestes estudos de caso confirmam os
indicados por Marques (2002) e Silva (2009), pelas facilidades de controle que são
disponibilizadas pela ferramenta. É possível diminuir custos de transporte e alavancar a
melhoria do nível de serviço ao cliente, associados ao desempenho operacional e
confiabilidade, pelo apontamento de causas das ocorrências observadas nas viagens e entregas
realizadas.
O TMS oferece condições para controle da produtividade no uso dos ativos físicos da
transportadora e racionalidade de sua equipe de gestão pela diminuição no tempo de
planejamento na montagem da carga e na programação das entregas, assim como na
negociação dos contratos. A melhoria do nível de serviço pode ser conseguida pelo controle
de suas operações pelo uso de dados precisos de frete, por cliente, frota, viagem,
comparativamente às condições contratadas. O suporte ao controle de desempenho é
complementado pelo rastreamento da carga, que também garante segurança ao serviço
prestado. A confiabilidade na transmissão de informações é garantida pela utilização de troca
eletrônica de informações e de documentos, agilizando a liberação das mercadorias no seu
trânsito. O controle do desempenho do serviço e de pagamento é realizado com a troca de
informações na interface TMS e ERP da empresa.
No caso específico da rota São Paulo-Manaus, os aspectos de segurança na rota e controle de
desempenho e pagamento são importantes devido ao uso de multimodalidade /
intermodalidade e contratação de outros operadores logísticos para complementação do
serviço contratado pela transportadora. Assim, o TMS é uma ferramenta de apoio ao melhor
desempenho dos serviços prestados pelas transportadoras aos fabricantes da ZFM.
O fato desse software para gestão de transportes auxiliar a gestão dos ativos e controlar custos
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operacionais, também suporta a capacitação destas empresas para fazer frente à concorrência
da cabotagem, quando este modal estiver consolidado com regularidade, nesta rota. Essa
capacitação das transportadoras é importante porque as empresas que operam os terminais
portuários em Santos, além de atuarem no transporte internacional, se transformam em
operadoras logísticas de cabotagem para carga geral, integrando operações do transporte e
distribuição. Estas empresas adquiriram transportadora de frete rodoviário e consolidaram
parceria com concessionárias do modal ferroviário, além de possuírem terminais de
contêineres nos portos fluviais do Norte do Brasil.
Referências
BOWERSOX, D. J.; CLOSS, D. J; COOPER, M.B. Gestão Logística na Cadeia de Suprimento. Porto Alegre.
Bookman, 2006
BRANSKI, Regina Meyer. Notas de aulas. Laboratório de Aprendizagem em Logística e Transporte.
UNICAMP. 2008.
CARVALHO, Renata Oliveira de. O serviço porta a porta na cabotagem brasileira. Dissertação. Programa de
Pós Graduação em Gestão de Negócios. Universidade Católica de Santos (UNISANTOS). 2009. 155 p.
FERREIRA, Karine Araújo. Impactos da tecnologia de informação no desempenho de operações na cadeia de
suprimentos da indústria alimentícia. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) - Universidade
Federal de São Carlos. 2005. 192 f.
MARQUES, Vitor. Utilizando o TMS (Transportation Management System) para uma Gestão eficaz de
Transportes. 2002. disponível em : http://www.ilos.com.br/site/index.php?option=com_content&task=view&id=1100&Itemid=225 (acesso em
20/04/2009)
SILVA, Renata Amorin da. TMS como ferramenta de gestão de transporte: um estudo de caso no segmento do
comércio eletrônico. Trabalho de conclusão de curso. Faculdade de Tecnologia Zona Leste. 2009. 67 p.
SUFRAMA. Indicadores de Desempenho do Pólo Industrial de Manaus: 2004-2009. Relatório de 09/1/2010.
Elaboração: COISE/CGPRO/SAP. MIDC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior).
2009. Disponível em:
http://www.suframa.gov.br/download/indicadores/RelatorioIndicadoresDesempenho_fevereiro_2010_29032010.
pdf (acesso em 19/04/2010)