A expansão marítima europeia - curcepenem.files.wordpress.com · •Centralização política...

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A expansão marítima europeia

• Período: séculos XV e XVI.

• Controle das rotas mediterrânicas para o Oriente pelas cidades italianas.

• Busca de rotas alternativas – Oceano Atlântico.

• Reinos pioneiros: Portugal e Espanha.

• Fatores: avanços tecnológicos entre os ibéricos por influência dos árabes; empreendimento marítimo com financiamento do Estado.

• Fazer frente a crise do sistema feudal ao procurar novas fontes de metais preciosos e controlar novas regiões produtoras de alimentos, principalmente trigo.

• Interesse: encontrar um caminho que levasse ao Oriente, ou melhor, aos valiosos produtos orientais (perfumes, sedas, jóias, porcelanas, especiarias).

Desenho do monstro marinho que se matou na capitania de São Vicente no ano de 1564.

Fonte: GÂNDAVO, Pero de Magalhães. Idem, p. 132

Ipupiara

Do monstro marinho que se matou na capitania de São Vicente no ano de 1564.

“Foi coisa tão nova e tão desusada aos olhos humanos a semelhança daquele fero e espantoso monstro marinho que nesta província se matou no ano de 1564, que ainda que por muitas partes do mundo se tenha já notícia dele, não deixarei todavia de a dar aqui outra vez de novo, relatando por extenso tudo o que acerca disto passou. [...]

E pondo os olhos naquela parte que ela [uma índia, escrava do capitão] lhe assinalou [ao capitão], viu confusamente o vulto do monstro do ao longo da praia, sem poder divisar o que era [...].

E chegando-se um pouco mais a ele para que melhor se pudesse ajudar a vista, foi ouvido

pelo monstro, o qual, levantando-se a cabeça, logo que o viu começou a caminhar para o mar de onde viera. Nisto conheceu o mancebo que

era aquilo coisa do mar, e antes que ele se metesse, acudiu com muita presteza a tomar-lhe dianteira. E vendo o monstro que ele lhe

embargava o caminho, levantou-se direito para cima do homem, fincado sobre as barbatanas

do rabo.

[...] Tinha [o monstro] quinze palmos de comprido e semeado de cabelos pelo corpo, e no focinho tinha umas sedas mui grandes como bigodes. Os índios da terra lhe chamam em sua língua ipupiara, que quer dizer demônio d’água.” Fonte: GÂNDAVO, Pero de Magalhães. Do monstro marinho que se matou na capitania de São Vicente no ano de 1564. In: A primeira história do Brasil: História da província Santa Cruz a que vulgarmente chamamos Brasil. Modernização do texto original de 1576 e notas: Sheila Moura Hue; Ronaldo Menegaz. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2004, pp. 126 – 131.

Mapa ptolomaico, 1486.

Jeronimo Marini, mapa italiano do século XVI

Portugal: domínio de todo litoral da África, do oceano Atlântico até o Índico.

Mar Português - Fernando Pessoa, in Mensagem

Ó mar salgado, quanto do teu sal

São lágrimas de Portugal!

Por te cruzarmos, quantas mães choraram,

Quantos filhos em vão rezaram!

Quantas noivas ficaram por casar

Para que fosses nosso, ó mar!

Valeu a pena? Tudo vale a pena

Se a alma não é pequena.

Quem quer passar além do Bojador

Tem que passar além da dor.

Deus ao mar o perigo e o abismo deu,

Mas nele é que espelhou o céu.

Pioneirismo português

• A Igreja Católica legitimou a conquista;

• O desejo de se apoderar do ouro da Guiné;

• A busca de especiarias orientais;

• Superioridade dos navios portugueses;

• Habilidade política em explorar rivalidades internas nas regiões ocupadas.

• Cidades portuguesas do litoral eram pontos de parada das embarcações que interligavam o Mediterrâneo aos mares do Norte e Báltico.

• Desenvolvimento de um grupo de mercadores.

• Centralização política portuguesa com origens no século XII e consolidada no século XIV com a Revolução de Avis.

• “ necessidade de buscar no mar o que a terra não podia dar”.

“E aproximava-se o tempo da chegada das notícias de Portugal sobre a vinda das duas caravelas, e

esperava-se essa notícia com muito medo e apreensão; e por causa disso não havia

transações, nem de um ducado (...). Na feira alemã de Veneza não há muitos negócios. E isto porque os alemães não querem comprar pelos

altos preços correntes, e os mercadores venezianos não querem baixar os preços (...) e na

verdade são as trocas tão poucas como se não poderia prever” (Diário de um mercador

veneziano, 1508)

Viagem de Cabral

saída Chegada

13 embarcações 6 embarcações

1500 homens 500 homens

9 de março 1500 23 de julho de 1501

Espanha: primeiros europeus a chegar à América.

Representação italiana dos quatro continentes: (A) Europa, (B) Ásia,

(C) África e (D) América. Xilogravuras de Tozzi, publicadas

em 1618.

Mas uma coisa ouso afirmar, porque há muitos testemunhos, e é que vi nesta terra de

Veragua [Panamá] maiores indícios de ouro nos dois primeiros dias do que na Hispaniola em quatro anos, e que as terras da região

não podem ser mais bonitas nem mais bem lavradas. Ali, se quiserem podem mandar

extrair à vontade.

Carta de Colombo aos reis da Espanha, julho de 1503. Apud AMADO, J.; FIGUEIREDO, L. C.

Colombo e a América: quinhentos anos depois. São Paulo: Atual, 1991 (adaptado).

Expansão Marítima/Colonização

O documento permite identificar um interesse econômico espanhol na colonização da América a partir do século XV. A implicação desse interesse na ocupação do espaço americano está indicada na

a) expulsão dos indígenas para fortalecer o clero católico.

b) promoção das guerras justas para conquistar o território.

c) imposição da catequese para explorar o trabalho africano.

d) opção pela policultura para garantir o povoamento ibérico.

e) fundação de cidades para controlar a circulação de riquezas.

[E]

O processo de conquista e colonização da América pelos espanhóis esteve ligado à busca de

riquezas, fossem elas especiarias ou metais preciosos. O texto, de 1503, retrata a

perspectiva de encontrar ouro na região, num momento em que ainda não haviam sido

descobertas as grandes minas do México e Peru, e no qual a Espanha ainda buscava uma forma de atingir as índias, demonstrando inclusive as

divergências quanto à continuidade do processo expansionista.