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A interpretação de dados na reportagem investigativa ambiental
2º Congresso Brasileiro de Jornalismo Investigativo
Abraji — Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo
Maurício Tuffani
São Paulo, 19 de maio de 2007
A interpretação de dados na reportagem investigativa ambiental
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Dificuldades para investigar• Enxugamento das equipes de reportagem
• Contenção de gastos com viagens
• Redução do próprio espaço editorial
• Mudanças das atitudes e dos valores editoriais
associadas
à crescente incorporação das empresas jornalísticas a conglomerados de entretenimento ou de diversas áreas
à migração das receitas publicitárias para outras mídias
às novas tecnologias
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• Realizado pelo Project for Excellence in Journalism, sediado em Washington, DC, mas integra a Columbia University Graduate School of Journalism, de Nova York
• Publica desde 2004 relatórios anuais sobre a situação do jornalismo nos Estados Unidos
• Dirigido por Tom Rosenstiel, vice-presidente do Committee of Concerned Journalists e co-autor, com Bill Kovach, de Os Elementos do Jornalismo
• Parceria com escolas de jornalismo da Michigan State University, Missouri University e Ohio University e com a Knight Foundation
• Patrocinado pelo Pew Charitable Trusts (Joseph N. Pew, Sun Oil Company, US$ 204 milhões em 2006)
The State of the News Media
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The State of the News Media
Áreas temáticas
• Conteúdo• Audiência/circulação• Economia• Propriedade• Investimento em
redações• Atitude pública
Mídias pesquisadas
• Jornais (de âmbito nacional e local*)
• Telejornais (idem)*• Websites (idem)• Blogs (idem)• TVs a cabo
(nacionais)• Rádios (locais)
* Inclusive em espanhol
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The State of the News Media
Jornais nacionais• The New York Times• Los Angeles Times• USA Today
Veículos pesquisados: mídia impressa
Revistas nacionais• New Yorker• Time• Economist• Us News & World
Report• The Week• Newsweek
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The State of the News Media
TV aberta• ABC Today Show• Good Morning America• CBS Early Show NBC• ABC World News
Tonight• CBS Evening News• NBC Nightly News• PBS NewsHour
Veículos pesquisados: telejornais
TV a cabo• NewsNight with Aaron
Brown (CNN)• Larry King Live (CNN)• Special Report with Britt
Hume (FOX)• The O’Reilly Factor (FOX)• Hardball with Chris
Matthews (MSNBC)• Countdown with Keith
Olbermann (MSNBC)
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The State of the News Media
Websites• CNN.com• CBSnews.com• NYTimes.com• Dailynews.Yahoo.co
m• News.google.com
Blogs• Daily Kos• Instapundit• Eschaton• Talking Points• Little Green Footballs• Power Line• Crooks and Liars as the
vlog
Veículos pesquisados: internet
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The State of the News Media
• Conteúdos: aumenta a distribuição e diminui a produção
• Diminui a verificação e checagem e cresce a informação bruta
• Agenda noticiosa: cresce influência de governos, gruposde interesses e corporações em detrimento do poder de barganha dos jornalistas (contexto favorável àmanipulação da opinião pública)
• Tendência crescente do padrão faster, looser, and cheaper
• Aumentam canais informativos, mas diminui variedade de temas
• Grandes temas têm abordagens similares em váriosveículos: homogeneização do noticiário
• Interesse público perde espaço para o mundo dos negócios
Major Trends 2004-2006 (recorte-síntese)
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Visão sobre investigação
• Os Elementos do jornalismo: o que os jornalistas devem saber e o público exigir
• Autores:
- Bill Kovach (Programa Nieman, Harvard University)
- Tom Rosenstiel (diretor do Project for Excellence in Journalism, da Columbia University, que publica desde 2004 os relatórios anuais The State of the News Media)
• Lançado no Brasil em 2003(Geração Editorial, São Paulo, 302 págs.)
• Publicado em 2001 nos Estados Unidos
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Os Elementos do Jornalismo• Iniciativa do CCJ (Committee of Concerned
Journalists) fundado por 25 editores e ombudsmans, reunidos na Universidade Harvard em junho de 1997 em torno do tema da crise de credibilidade da mídia
• 21 fóruns de debates com cerca de 3 mil convidados, dos quais aproximadamente 300 jornalistas
• Objetivo: ajudar jornalistas a articular os valores da profissão e a ajudar cidadãos a exigir um jornalismo ligado aos princípios que criaram a imprensa livre
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• Estavam reunidos ali porque “detectavam sérios problemas na profissão jornalística. Mal reconheciam o que consideram jornalismo em boa parte do trabalho de seus colegas. Seu medo maior era que, no lugar de prestar um serviço público relevante, o jornalismo na verdade estava prejudicando esse nobre propósito”.
Committee of Concerned Journalists
• “Na redação não falamos mais sobre jornalismo”, disse Max King, então editor do Philadelphia Inquirer. “Somos absorvidos pelas pressões comerciais e os lucros e perdas no balanço anual”, concordou outro editor.
• “As notícias viraram entretenimento e informação sobre entretenimento. Mais e mais os bônus anuais ganhos pelos jornalistas dependiam da margem de lucro da empresa, não pela qualidade do seu trabalho.”
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1. A primeira obrigação do jornalismo é com a verdade.
2. Sua primeira lealdade é com os cidadãos.
3. Sua essência é a disciplina da verificação.
4. Seus praticantes devem manter independência daqueles aquem cobrem.
5. O jornalismo deve ser um monitor independente do poder.
6. O jornalismo deve abrir espaço para a crítica e o compromisso público.
7. O jornalismo deve empenhar-se para apresentar o que é significativo de forma interessante e relevante.
8. O jornalismo deve apresentar as notícias de formacompreensível e proporcional.
9. Os jornalistas devem ser livres para trabalhar de acordocom sua consciência.
Os Elementos do Jornalismo
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‘Monitoramento do poder’
• Original — o próprio repórter descobre, apura e documenta atividades desconhecidas pelo público
• Interpretativa — contextualização, análise e reflexão sobre dados divulgados ou pesquisados que revela uma nova visão de fatos já conhecidos pelo público ou que até mesmo não tinham maior importância
• Acusatória — denúncia de atividades desconhecidas pelo público e descobertas pelo repórter, mas sem apuração
• Acompanhamento de investigações ou averiguações feitas pela polícia, pelo Ministério Público, CPIs e outros órgãos oficiais
Tipos de reportagem investigativa
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Caso clássico: The Pentagon Papers
• The New York Times, junho de 1971
• Daniel Elsberg, pesquisador da Rand Corporation, entregou documentos ao repórter Neil Sheehan
• Explicação de Elsberg não era clara
• Análise e síntese de Sheehan contaram com a ajuda de vários colegas repórteres e editores do NYT
• Reportagem revelou que o caso Golfo de Tonkin (ataque norte-vietnamita ao destróier USS Maddox em 1964) foi “fabricado” pelo Pentágono para induzir o Congresso a aprovar aumento do envio de tropas à Guerra do Vietnã
• Governo Nixon proibiu, mas Suprema Corte autorizou
Caráter interpretativo
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Desmatamento da Amazônia (1988)
• Folha de S. Paulo, abril de 1989 a fevereiro de 1990
• Avaliação com imagens de satélites do desmatamento da Floresta Amazônica brasileira até 1988 pelo INPE
• “Maquiagem” dos dados pelo INPE e uso político deles pelo governo José Sarney (1985-1990)
• Teve início a partir da comparação entre dados oficiais
• Entrevistas praticamente não trouxeram novos dados
• Pesquisadores de universidades e de outras instituições se recusaram a dar informações
• Coordenadores do INPE passaram a recusar entrevistas
• Resultado: correção da avaliação (42,6% maior)
Caráter interpretativo
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• 1987 — Tripulantes da estação orbital soviética Mir vêem a olho nu grandes incêndios florestais. Satélites espaciais registram grandes focos de queimadas. Nesse ano, instala-se a no Brasil a Assembléia Nacional Constituinte (1987-1988)
• 1988 — Bird critica políticas de ocupação da região
• 1989 — Estudo do Bird estima em 12% o total de vegetação nativa devastada*. Em fevereiro, o presidente francês Mitterrand reforça as críticas ao Brasil. Reforça-se a idéia de necessidade de algum tipo de ação internacional para preservar as florestas. Surge o tema da “internacionalização da Amazônia”* MAHAR, D.J. — “Goverment Policies and Deforestation in Brazil’s Amazon Region”, Washington DC. 1989. The World Bank
Foco mundial na Amazônia
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• Janeiro — O presidente Sarney determina ao INPE que avalie o desmatamento da Amazônia até 1988
• 1º de fevereiro — Sarney em entrevista à revista Time: “Apenas 5% da floresta [Amazônica] foram tocados”
• 6 de abril — Em cerimônia no Congresso Nacional, para a qual haviam sido convidados a imprensa nacional e correspondentes estrangeiros, Sarney anuncia:
1989
1. Criação do Ibama
2. Programa Nossa Natureza
3. Avaliação do INPE: “apenas 5% de desmatamento desde o Descobrimento, e a esse percentual corresponde uma taxa mínima durante meu governo” (iniciado em 1985)
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5/4/1989Cobertura declaratória
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O Globo, 7/4/1989
Uso político dos dados
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Jornal da Tarde, 7/4/1989
Programa de governo
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Segundo o INPE (abril/1989)
Desmatamento da AmazôniaCerrado e Floresta
Só Floresta
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Segundo o INPE (abril/1989)
Desmatamento da Floresta Amazônica brasileira
• Área total de florestas desmatadas na Amazônia Legal
251,4 mil km2
(aproximadamente igual à area do Estado de São Paulo ou da Inglaterra)
• Esse índice corresponde a 5,12% da superfície da Amazônia legal, o que desautoriza a projeção matemática de 12% a partir dos dados de 1978, apresentada pelo Banco Mundial*
* MAHAR, D.J. — “Goverment Policies and Deforestation in Brazil’s Amazon Region”, Washington DC. 1989. The World Bank
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Hipóteses da reportagem
• Incompatibilidade entre os dados do INPE e os de um trabalho realizado pelo IBDF com a mesma metodologia, que apontava desmatamentos maiores até 1987 no Pará e Maranhão (florestas teriam crescido em um ano?)
• O diretor de sensoriamento remoto do INPE e um de seus gerentes deram informações contraditórias sobre os métodos empregados no trabalho
• O presidente Sarney fez uso político dos dados do INPE
• Outros técnicos que participaram do trabalho do INPE estavam proibidos de dar entrevistas
• Pesquisadores de universidades e de outras instituições se recusaram a dar informações
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Primeiras conclusões seguras
• Na semana seguinte à divulgação oficial (abril/1989), o caderno Ciência da Folha mostrou que, na dúvida, os coordenadores optaram por dados otimistas (“Cientistas minimizam desmatamento para beneficiar Sarney”)
• No mês seguinte, reportagem mostrou que os autores do estudo tinham conhecimento de dados de áreas que não foram considerados por serem de “desmatamentos antigos” (anteriores à política de incentivos fiscais para a Amazônia, que era o objeto da crítica do Bird)
- Dado divulgado: 251 mil km2 (5%)
- Dado “corrigido”: 343,9 mil km2 (7%)
(mas Bird apontava 12% para florestas e cerrados)
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7/5/1989Primeiro resultado
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Desdobramentos
• Disputas internas de poder no INPE não puderam ser aproveitadas: não havia como relacionar críticas à manipulação dos dados
• Em debate realizado na Folha em maio, a diretoria do INPE admitiu erro por excluir dados antigos, mas negou ter feito ‘maquiagem’ dos resultados. Na platéia, técnicos do INPE se mostraram desconfortáveis com justificações do diretor do órgão no debate
• Justificações de nota oficial do INPE foram refutadas ponto por ponto pela Editoria de Ciência
• Diretoria do INPE negou-se a dar novas entrevistas e manteve proibição aos técnicos
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Investigações seguintes
• Na biblioteca do INPE, repórter descobriu estudos anteriores do órgão que lançavam mais dúvidas sobre os dados divulgados
• Documentos distribuídos para a imprensa no evento de 6 de abril foram mandados pela Sucursal de Brasília para a Editoria de Ciência, em São Paulo, somente depois da publicação da reportagem de capa de 8 de maio
• Em reunião do IPCC na USP, no final de julho, diretor de sensoriamento remoto do INPE apresentou trabalho divulgado em abril. Repórter da Folha perguntou fez as perguntas que não haviam sido respondidas. O diretor foi irônico e evasivo. A platéia registrou a falta de resposta
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Documento distribuído no evento
Detalhe:
Observação: Foram usadas no trabalho do INPE imagens de satélite de toda a Amazônia Legal,que além de todaa Região Norte abrange também Tocantins (na épocam norte de Goiás, norte de Mato Grosso e oeste do Maranhão)
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Detalhe: imagens anteriores a 1988
Observação: Foram usadas no trabalho do INPE imagens de satélite de toda a Amazônia Legal,que além de todaa Região Norte abrange também Tocantins (na épocam norte de Goiás, norte de Mato Grosso e oeste do Maranhão)
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Conclusões seguintes
• das 101 imagens Landsat usadas pelo INPE, 73 eram posteriores a 1987 (início da Constituinte), e não 88 como dizia o órgão. A diferença de 15 imagens correspondia a uma área de cerca de 500 mil km2 justamente na região conhecida como “Arco do Desmatamento”, que vai do norte de MT ao sul do PA
• trabalho do INPE conflitava com estudo do próprio órgão, baseado em dados de satélites Noaa (meteorológicos), que indicavam que em 1987 a extensão das queimadas na Amazônia teria atingido no mínimo 200 mil km2, dos quais cerca de 40% (80 mil km2) em áreas de floresta
‘Maquiagem’ de dados deve ter sido ainda maior:
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Final da história: revisão dos dados
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Final da história: revisão dos dados
Desmatamento da Floresta Amazônica até 1988
- dado divulgado em abril de 1989:
251 mil km2 (5,12%)
- dado corrigido em dezembro de 1989:
358,7 mil km2 (7,43%)
- Diferença de 42,6%
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Interpretação: caso do Rio Madeira
• O Globo, edição de 26/04, editorial "Risco ambiental" (pág. 6): excesso de burocracia somado com a ação de "grupos ambientalistas radicais" paralisa inúmeros projetos do PAC, e ressaltou: "o Ibama já avisou que não há sequer prazo para decidir sobre a licença"
• Na mesma edição, Míriam Leitão ("Conflito das usinas”): "Pelos próprios cálculos de vida útil das usinas do Rio Madeira, ao final de dez anos, os sedimentos seriam 10% do lago, ou seja, metade estaria assoreada. E quem disse isso não foi o Ibama, mas o estudo de impacto ambiental feito pelas empresas que querem construir as hidrelétricas. Por todas as dúvidas, o Ministério do meio Ambiente ainda não tem prazo para conceder a licença prévia das usinas"
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Interpretação: caso do Rio Madeira
• No dia seguinte (27/04), Tereza Cruvinel ("Usinas: cruz e caldeirinha", pág. 3), sem fazer as contas com os números apresentados por sua colega: sem as usinas do Madeira será preciso apelar para Angra 3 e mais térmelétricas a carvão, impedindo o Brasil de honrar os compromissos de redução de emissão de gases-estufa.
• Na mesma edição, Míriam Leitão ("MMA x MME”) lembrou caso do estudo de impacto ambiental da Usina Hidrelétrica de Barra Grande, no vale do Rio Pelotas, entre Santa Catarina e Rio Grande do Sul, que começou a operar em julho de 2005: "Num país normal, os autores de um estudo tão mentiroso seriam responsabilizados criminalmente. No Brasil, valeu a lei do fato consumado. Quando se descobriu a mentira, a barragem estava pronta e a mata levou a pior: foi alagada."
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Investigação interpretativa
• Não se esgota com a interpretação: exige verificação e checagem das conclusões
• Requer também muito rigor e “ceticismo” do repórter
• Muitas vezes é realizada com documentos sigilosos ou não divulgados, mas há casos em que basta a interpretação de dados públicos
• Às vezes a própria “reportagem investigativa original” exige esse nível de interpretação
• Pode trazer para o repórter os mesmos riscos que a “reportagem investigativa original”
• Exige um elevado nível de familiaridade do repórter como tema e, às vezes, até mesmo especialização
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Como se especializar
• Cursos podem ajudar os repórteres a se especializar, mas esforço próprio de atualização e de estudo é muito mais importante
• Documentos oficiais, estudos de impacto ambiental de empreendimentos polêmicos e websites de órgãos ambientais devem ser consultados periodicamente
• É imprescindível ler regularmente colunas e blogs de especialistas e de jornalistas especializados
• É imprescindível a familiaridade com a legislação ambiental e o interesse por temas científicos afins
• Técnicas de Reportagem Assistida por Computador (CAR) são muito importantes para a interpretação