A Lenda da Maçã

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8/3/2019 A Lenda da Maçã

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A Lenda da Maçã

Na semana passada, todos de alguma maneira foram tomados de surpresapela morte de um ícone de nossa época, o mago da tecnologia Steve Jobs.Mesmo aqueles que não são aficcionados por seus produtos e invençõessentiram, de alguma maneira, o impacto de sua morte, pois se não foramimpactados diretamente por seus produtos, certamente o foram poralgumas de suas ideias e conceitos. Com sua saída de cena, a vontade e atendência de mitificá-lo passam a ser enormes, e com isso algumas de suasfrases podem tornar-se verdades absolutas."Os PCs são bicicletas para a mente"; "até agora ninguém encontrou areceita para a música digital, acho que nós a encontramos"; ou "é raro verum artista de 30 ou 40 anos realmente contribuir com algo impressionante"são frases que já fazem parte da lenda criada em torno da personalidadegenial de Jobs. Mas a frase que resumia o pensamento de Jobs a respeito depesquisas de mercado é a seguinte: "para uma coisa tão complicada, érealmente difícil conceber produtos com base em pesquisas do tipo focus

group. Muitas vezes as pessoas não sabem o que querem até quemostremos a elas". Dita à revista Businessweek em maio de 1988.Com toda certeza, muitos concordaram com ela na época em que foi dita emuitos outros irão concordar nos dias de hoje, pois ela contribui para osargumentos dos mais céticos e põe em dúvida aqueles que têm pouco ounenhum contato com as bases da pesquisa de mercado.Mas vale uma reflexão um pouco mais profunda.Certamente há uma lógica no raciocínio do mago de Silicon Valley, pois emgrande parte dos casos os consumidores realmente não sabem o quequerem dos produtos e serviços, especialmente quando eles ainda nemexistem na prática. Mas daí a generalizar esse conceito para os maisdiversos setores e empresas é certamente dar um tiro no pé, especialmente

em nosso mundo cada vez mais globalizado e competitivo.Hoje, cada vez mais, as empresas contam com ferramentas de inteligênciaespecíficas para responder grande parte das questões necessárias para odesenvolvimento de ideias, produtos e serviços, mas muitas vezes elas nãosão colocadas em prática, ou, pior ainda, são pessimamente utilizadas,contribuindo para a veracidade da frase de Jobs.Quando bem aplicadas, permitem a correção de problemas, diminuição decustos e o sucesso do empreendimento, na maioria dos casos.O próprio Jobs talvez tivesse repensado sua frase se tivesse realizadopesquisas com seus consumidores em alguns de seus fracassos (sim, eleteve fracassos), como o Apple Lisa de 83 (a começar pelo nome), que com

uma simples pesquisa de elasticidade de preços teria detectado que oconsumidor não estava disposto a pagar US$ 10.000 por um computador;ou o Macintosh portátil de 89, que de portátil nāo tinha nada, pois pesava7,5 kg e que, com uma investigação mais profunda, poderia ter detectadoas expectativas do consumidor e mostrado que ele talvez não estivessepreparado para o conceito de "portátil" que a Apple tentou implantar.Esses são alguns dos exemplos que, caso tivessem sido investigados dealguma maneira, poderiam ter contribuído ainda mais para a criação dalenda chamada Steve Jobs. Que ele era um fora de série, altamenteintuitivo, perspicaz, determinado, genial e soube na maioria dos casoscolocar isso em prática de uma forma excepcional, ninguém duvida, masque também ninguém duvide que encontrar um Steve Jobs em cada esquina

ou empresa será praticamente impossível.