Post on 09-Jan-2017
A mãe terrena e o nascimento de Abdruschin
Recebido por inspiração especial
De todos os países da Terra a Alemanha foi escolhida como o país
mais maduro daquela época, para receber a Vontade de Deus.
Uma estrela brilhava bem acima dela, nas mais elevadas alturas.
Esta estrela era de espécie espiritual e prometia um acontecimento
grandioso, como os seres humanos ainda não haviam vivenciado.
Mas os seres humanos não a viam. Apenas os espíritos que
rodeavam e perpassavam a Terra sabiam da estrela e a aguardavam.
Poderosamente o espírito do Filho do Homem aproximava-se cada
vez mais do globo terrestre. Luz difundia-se sobre os locais da Terra, ao quais ele descia de encontro.
A figura luminosa de Parsival perpassava camada após camada da
densidade fino-material. Fortes guerreiros estavam a seu lado, e invólucro em torno de invólucro envolvia o núcleo luminoso, o qual,
com isso, descia cada vez mais para perto da Terra.
Um receptáculo terreno fora escolhido pela Luz: puro e límpido, simples e singelo, cheio de uma fidelidade e caráter alegre e correto,
cheio de frescor e energia, de aplicação e boa vontade. A simplicidade
fora dada a esta mulher terrena, a pureza e o juízo claro e imperturbável.
Assim como outrora Maria de Nazaré viveu em círculos singelos e
límpidos da boa burguesia, assim também viveu e cresceu Emma Bernhardt. Saudável e pura de corpo e alma.
Distante estava a mulher, que era boa esposa e mãe fiel, de tudo o
que era sobrenatural. Mas, bem no íntimo do seu espírito ela vivenciava
muita coisa, que não vinha até a superfície.
Muitos fios luminosos nutriam forças, que repousavam na mãe sem
serem utilizadas e que, atraindo, criavam as condições para o
desenvolvimento terreno da criança.
Num trabalho continuo de manhã até a tarde, a futura mãe era a
última em casa que ia descansar e a primeira que despertava. Pureza e
ordem difundiam-se como uma força abençoante, onde ela reinava. Sua proximidade respirava prudência, paz e segurança.
Como seu ser, clara e determinada eram sua fala e sua voz. Ela
criou para o marido um belo lar, para o filho uma inesquecível casa paterna.
Silenciosa e vivazmente ela servia a Deus, sem saber qual elevada
graça lhe sucederia. Assim ela construía em si e em torno de si, com
toda naturalidade, um templo para a Vontade de Deus. Ao seu redor
pairavam forças puras e elevadas, as quais só podiam se inclinar para
mães convocadas pela Luz, pois estas ofereciam a partir de si a ponte,
sobre a qual as puras irradiações chegavam até a Terra.
De forma irradiante ampliava-se dia após dia a estrada luminosa
que, saindo do céu, conduzia à Terra. Nela subiam e desciam
entealidades que já há muito tempo não tinham mais ligação com a matéria.
Ao redor da futura mãe formou-se um invólucro luminoso, que com
um cordão fino e resplandecente alcançava até a altura mais luminosa. Ela se sentia muito feliz. Tornara-se mais silenciosa e mais branda, e
muitas vezes ficava refletindo junto à janela.
No momento certo veio, um dia, um raio oriundo da deslumbrante
Luz que a assustou e a tornou feliz. Ao seu redor soava claro, como o canto de muitas vozes juvenis. Uma maravilhosa Luz estava como que
pegando fogo em seu íntimo, de modo a paralisar sua respiração.
Silenciosamente ela juntou as mãos em oração.
Então sussurrou como asas de anjo, e uma poderosa força
aproximou-se de cima. Como uma espada afiada e bem reluzente, uma
Luz penetrou o corpo da mulher em oração.
“Senhor, dai-me força, para que sempre possa cumprir minha
tarefa!” aflorou-se, suplicando, de sua alma.
Tão logo a corrente de Luz encheu o receptáculo terreno com sua força, iniciou-se uma forte vida espiritual ao redor da mãe.
Muitas vezes aproximavam-se dela elevados e luminosos
mensageiros que cuidavam com esmero da criança em desenvolvimento. Ismaniela não saía mais de seu lado. Ela influenciava fortemente a vida
da futura mãe, obrigava à calma, ao movimento, à ingestão da
alimentação correta. Uma felicidade bem-aventurada apossou-se dela
mesma, felicidade que retransmitia à mãe.
Um dia veio uma idosa vendedora ambulante até a casa. Ela
perguntou à jovem mãe se queria comprar alguma coisa. Depois da
resposta negativa, ampliaram-se, de repente, os olhos da estranha mulher e num tom quase como que cantando, ela exclamou:
“Tu és agraciada entre todas as mulheres, pois tu presentearás ao
mundo uma grande Luz!”
Admirada, Emma ouviu estas singulares palavras. A estranha,
porém, foi embora apressadamente. Era Elisabeth, a mãe de outrora de
João Batista, que havia falado através da desconhecida mulher.
Tempestuosamente ingressou a primavera no país, e na fúria fora do
comum dos elementos, o pequeno menino avistou o mundo. Ele recebeu
o nome de Oskar Ernst.
Pequenos anjos pairavam em torno Dele, e a Mãe Universal
Elisabeth encontrava-se em uma nuvem luminosa, sobre Seu leito. Às
suas cabeças, porém, reluzia a estrela luminosa, que para Ele era a
saudação do Pai, oriunda da Pátria.
Ismaniela vivenciou o nascimento de seu Senhor na materialidade, e
para ela e todos os espíritos reconhecedores, contudo, especialmente
para Seus servos escolhidos, foi uma felicidade indescritível.
Ela via como o céu se abria, como as mãos branco-reluzentes do Pai
enviavam a bênção para baixo, ao Filho. Ela via como a corrente
luminosa saía e entrava no pequeno corpo terreno da criança, como o sangue se movia, como batia o pequeno coração e como os pulmões
realizaram as primeiras profundas respirações. Ela colocou sua mão
sobre a cabecinha da criança, que, com olhos sábios, olhava para o infinito.
O primeiro grito foi como um som de outros mundos. Não era um
choro infantil, mas o eco de uma lembrança dos coros jubilosos no
Reino do Pai.
Felicitante era o som dessa voz. Também os pais escutavam
atentamente. Foi um breve momento, um chamado que Ele, ainda de
Sua Pátria, fez à Terra, sobre a qual Ele começava agora Sua obra.
Já brilhavam as asas da Pomba Sagrada sobre Sua pequena cabeça,
já irradiava a Cruz de Seu delicado corpo e fluxos luminosos
desprendiam-se de Seu peito. Mas os seres humanos não viam isso. Apenas uma alegria interior apossou-se deles e uma espécie de devoção,
quando encontravam-se junto ao leito desta criança.
Rósea difundia-se a Luz da Mãe Universal Elisabeth em torno da criança. Ao longo de quarenta dias ainda permaneceu aberta a ligação
com o Reino Espiritual. Os guardiões desciam até Ele. Muitas vezes
cintilavam flores de maravilhosa beleza sobre a criança, e o aroma de
rosas e lírios perpassava toda a casa, que, na uniformidade da costumeira ordem, logo oferecia novamente o velho quadro da família e
da aplicação.
Os pais não sabiam que graça Deus lhes presenteara; pois a criança deveria tornar-se consciente através do sofrimento em conjunto entre os
seres humanos e, por isso, não podia ser reconhecido durante seu longo
e penoso tempo de instrução terrena.
Ele fora batizado. O velho e fiel Simeão encontrava-se ao seu lado,
quando a mão de um sacerdote terreno dava a bênção ao Filho de Deus,
como outrora ele havia abençoado Jesus. O sacerdote que batizava era um dos poucos que, sobre a Terra, já haviam percebido o chamado da
Luz e que, em rotas espirituais, encontrou-se com o menino. Assim já
começava aqui o caminho das realizações para o Filho do Homem.
João Batista encontrava-se por ocasião desse ato igualmente à frente do menino, e o olhar deste pareceu reconhecê-lo.
Os seres humanos, porém, intuíram apenas uma comoção especial.
Anos passaram-se na uniformidade do dia a dia. O pequeno menino
desenvolvia um grande frescor e estava cheio de vida faiscante, contudo
tinha poucas crianças ao redor de si.
Seus amigos permaneciam invisíveis para todas as criaturas
humanas, eles brincavam freqüentemente com Ele. Quando Ismaniela
vinha, Ele se alegrava muito.
Mas Ele conhecia ainda uma mulher que era muito, muito mais
luminosa que Ismaniela. Ela portava uma coroa de estrelas e estava
envolta com Luz rósea: A Rainha primordial Elisabeth, sua Mãe! Muitas vezes Ele também via a grande Estrela, que sempre estava sobre Ele na
direção leste.
Uma noite o aposento irradiou na mais clara Luz. A Mãe Universal
Elisabeth encontrava-se junto à cama do menino e com luminosas mãos, abençoando, passava a mão sobre Ele. Irradiações fluíam das
alturas celestiais e suaves vozes cantavam doces melodias.
A Mãe Universal Elisabeth tinha nas mãos uma venda branca. Ela colocou-a sobre os olhos de Seu Filho e lágrimas corriam para baixo,
até Ele.
“Agora precisas trilhar Tua estrada sombria, meu Filho. O amor do Pai está junto de Ti. Aguarde até que nos reencontremos!”
Um profundo sono terreno envolveu a criança, num sono em que
deveria esquecer a Pátria.
E começou a peregrinação do Filho do Homem através do pesadume
terreno, para tornar-se consciente através do sofrimento, para Sua obra
de salvação.
Um suave traço de dor residia, às vezes, sobre o rosto do menino,
quando, observando silenciosamente, Ele captava em si as impressões
da vida terrena.
Era um procurar por algo extremamente maravilhoso, inesquecível, que ficara para trás: a saudade pela Pátria! —
Alegria e amor pelas plantas e animais preenchiam-No.
“São todas criaturas do Pai”, assim pensava Ele. Não dizia outra coisa senão: “Ó Pai!”
Nisso Ele sentia uma ligação e força, às quais Ele se apegava com
todo coração. Era Seu apoio diante do estranho, em que havia mergulhado. Tudo, na verdade, era estranho para Ele, pois não havia
um ser, uma espécie que na Terra ou em outras regiões fossem da
mesma espécie Dele. Ele não sabia o motivo, mas sentia que era solitário.
Assim Ele tornou-se um estranho entre os seres humanos, por eles
não poderem compreendê-Lo, já que Ele, sem mesmo saber, observava
tudo a partir das leis de Seu Pai. Com isso, porém, surgiram contrariedades com as leis humanas torcidas, cujos efeitos tinham que
se mostrar prejudiciais na vida em conjunto dos seres humanos.
Nisso fundamenta-se para Parsival a transformação através do
sofrimento sobre a Terra.
Apesar disso Ele não se curvava aos erros humanos, pelo contrário, trilhava sempre o próprio caminho, mesmo quando este Lhe trazia
sofrimento. Com isso, irradiava Dele, sobre os seres humanos, uma
sempre crescente força de atração fora do comum, que, em Sua espécie inabitual aos seres humanos, incitava as torcidas criaturas humanas,
fazendo-as tornarem-se inimigas. —