Post on 14-Oct-2020
UNIVERSIDADE METODISTA DE SÃO PAULO
FACULDADE DA SAÚDE
CURSO DE ODONTOLOGIA
ORTODONTIA
LUÍS HENRIQUE RODRIGUES LAGES
A UTILIZAÇÃO DO LASER DE BAIXA INTENSIDADE NA
MOVIMENTAÇÃO DENTÁRIA E NA SENSIBILIDADE DOLOROSA
APÓS APLICAÇÃO DE FORÇA ORTODÔNTICA
SÃO BERNARDO DO CAMPO
2011
LUÍS HENRIQUE RODRIGUES LAGES
A UTILIZAÇÃO DO LASER DE BAIXA INTENSIDADE NA MOVIMENTAÇÃO DENTÁRIA E NA SENSIBILIDADE DOLOROSA APÓS APLICAÇÃO DE FORÇA ORTODÔNTICA
Dissertação apresentada à Faculdade da Saúde
da Universidade Metodista de São Paulo, como
parte dos requisitos para obtenção do título de
Mestre pelo Programa de Pós-Graduação em
Odontologia.
Área de Concentração: Ortodontia.
Orientação: Profa.: Dra. Fernanda Angelieri
SÃO BERNARDO DO CAMPO
2011
FICHA CATALOGRÁFICA
L136u
Lages, Luís Henrique Rodrigues
A utilização do laser de baixa intensidade na movimentação dentária e na sensibilidade dolorosa após aplicação de força ortodôntica / Luís Henrique Rodrigues Lages. 2011.
106 f.
Dissertação (mestrado em Ortodontia) --Faculdade de Saúde da Universidade Metodista de São Paulo, São Bernardo do Campo, 2011.
Orientação: Fernanda Angelieri
1. Terapia a laser de baixa intensidade 2. Movimentação dentária
3. Ortodontia corretiva I.Título.
D. Black D4
Dedico este trabalho ao meu irmão André Gustavo Rodrigues Lages (“in
memorian”) que foi, sem dúvida, quem mais torceu pelo meu sucesso
profissional, abrindo mão dos próprios anseios para que eu pudesse
realizar meus objetivos. Dé, saiba que todas as vitórias são dedicadas a
você. Não tenho dúvida do orgulho que proporciono e tenho certeza que me
acompanha em todos os passos da minha caminhada...
Dedico também à minha querida mãe Mirtes Almeida Rodrigues Lages,
exemplo de luta, garra e superação, a quem me espelho, principalmente,
nas horas mais difíceis e árduas. A pessoa mais incentivadora dos meus
estudos e quem mais vibra com cada etapa vencida. Amo-te pra sempre!
Dedico ainda ao meu pai Antônio Tadeu Esteves Lages pela amizade,
paciência e compreensão. Apesar da distância existente em alguns
momentos, o carinho e a fraternidade continuarão sempre presentes.
Obrigado pelo companheirismo. Amo-te pra sempre!
AGRADECIMENTOS
A Deus pela dádiva de coexistir com pessoas tão especiais, mesmo que por um
breve período de tempo. Agradeço por não me deixar desanimar e perder a fé frente
aos obstáculos enfrentados, buscando apoio sempre em minha família e meus
amigos.
À Professora Fernanda Angelieri pelos ensinamentos e pela enorme contribuição
em meu crescimento profissional. Agradeço à paciência e ao incentivo dado ao
“saber” e, principalmente, por mostrar o quão importante é o conhecimento. Minha
eterna gratidão...
Aos Professores Carla, Cláudia, Fernando, Paranhos, Marco Antônio e Renata
pela disponibilidade em ensinar e pela amizade e carinho sempre oferecidos. Todos
vocês são responsáveis por esta conquista e por todo o aprendizado adquirido
durante este curso. Muito obrigado!
Aos funcionários Ana, Mari, Celinha e Edílson pela amizade e dedicação, que
com sorrisos sempre presentes transformaram até mesmo as horas mais difíceis em
momentos de alegria.
Aos meus amigos desta turma do mestrado. Todos vocês... Minha consideração
será eterna pelo aprendizado em todos os sentidos, e lembranças de todos serão
levadas. Sei que é impossível definir tantas qualidades em vocês com poucas
palavras, mas pelo menos uma ficará marcada pelos ensinamentos que tive com
cada um.
Adriana (inteligência), Antônio (sabedoria), Armando (bondade), Artur (solicitude),
Carol (carinho), Cleimar (família), Heleny (dedicação), Jin (educação),
Kelly (meiguice), Luciano (coragem), Miller (amizade), Tiago (companheirismo),
Roberto (garra), Vitor (irmão). Obrigado a todos vocês do fundo do meu coração.
Aos amigos aqui encontrados Elias, Liliane e Pedrinho que transformaram uma
cidade inicialmente desconhecida em um ambiente acolhedor e familiar, oferecendo
conforto, afeto e carinho. Serei eternamente grato a vocês!
Aos meus verdadeiros amigos que mesmo à distância se fizeram presentes e
ajudaram, torceram, incentivaram e vibraram comigo nas vitórias e corresponderam
nas horas difíceis. Este trabalho tem muito de vocês. Aproveito para fazer um
agradecimento especial ao Mário e à Ju, pela honra e oportunidade de “receber” a
Júlia como minha afilhada, grande motivo de minha felicidade...
Aos meus primeiros professores de Ortodontia do CETRO Adriano, Anísio e Eliane por estimular e impulsionar meu aprendizado e pela amizade que nos
acompanha desde o começo.
Ao Dr. Leandro Velasco e a toda equipe do Hospital da Face pela solicitude e
oportunidade dada, oferecendo totais condições para realizar este trabalho. Não
seria possível sem a ajuda de vocês todos.
Ao Professor Lauris pela disponibilidade e paciência oferecidos.
À Professora Leniana pela amizade e confiança em meu trabalho, pelo incentivo
aos estudos além da disponibilidade em sempre ajudar. Obrigado, de coração, pelo
interesse em meu crescimento profissional. Serei sempre grato a você.
Aos pacientes da amostra pelo carinho, atenção e paciência sempre presentes.
Vocês foram fundamentais para esta vitória. Muito obrigado.
“A História tem demonstrado que os mais notáveis
vencedores normalmente encontraram obstáculos
dolorosos antes de triunfarem. Eles venceram porque se
recusaram a se tornarem desencorajados por suas
derrotas”.
Bertie Charles Forbes
SUMÁRIO
RESUMO .................................................................................................................................................. 9
ABSTRACT .............................................................................................................................................. 11
LISTA DE ILUSTRAÇÕES .......................................................................................................................... 12
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ........................................................................................................ 14
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 17
2 REVISÃO DE LITERATURA ................................................................................................................... 20
2.1 O LASER DE BAIXA INTENSIDADE ................................................................................................ 20
2.2 O LASER DE BAIXA INTENSIDADE NA MOVIMENTAÇÃO ORTODÔNTICA .................................... 22
2.3 A DOR NA ORTODONTIA E A APLICAÇÃO DE LASER PARA A SENSIBILIDADE DOLOROSA ........... 32
2.4 EFEITOS SISTÊMICOS DO LASER DE BAIXA INTENSIDADE ............................................................ 39
2.5 OUTROS EFEITOS DO LASER DE BAIXA INTENSIDADE ................................................................. 41
2.6 DIGITALIZAÇÃO DE MODELOS DE GESSO .................................................................................... 44
3 PROPOSIÇÃO ...................................................................................................................................... 49
4 MATERIAL E MÉTODO ........................................................................................................................ 51
4.1 MATERIAL .................................................................................................................................... 51
4.1.1 Lista de materiais ................................................................................................................. 51
4.1.2 Amostra ................................................................................................................................ 52
4.2 MÉTODO ...................................................................................................................................... 53
4.2.1 Tratamento Ortodôntico ...................................................................................................... 53
4.2.2 Aplicação do Laser de Baixa Intensidade (LBI) ..................................................................... 54
4.2.3 Obtenção dos modelos de gesso .......................................................................................... 57
4.2.4 Digitalização dos modelos de gesso e obtenção da imagem 3D .......................................... 58
4.2.5 Demarcação dos pontos e mensuração das distâncias ........................................................ 59
4.2.7 Erro do método .................................................................................................................... 68
4.2.8 Análise Estatística ................................................................................................................. 68
5 RESULTADOS ...................................................................................................................................... 70
5.1 ERRO DO MÉTODO ...................................................................................................................... 70
5.2 TESTE DE NORMALIDADE ............................................................................................................ 70
5.3 COMPATIBILIDADE INICIAL DO APINHAMENTO DENTÁRIO ENTRE OS LADOS IRRADIADO E NÃO IRRADIADO ........................................................................................................................................ 70
5.4 COMPARAÇÃO DA MOVIMENTAÇÃO ORTODÔNTICA ENTRE OS LADOS IRRADIADO E NÃO IRRADIADO ........................................................................................................................................ 70
5.5 COMPARAÇÃO DA SENSIBILIDADE DOLOROSA ENTRE OS LADOS IRRADIADO E NÃO IRRADIADO .......................................................................................................................................................... 70
5.4 COMPARAÇÃO DA MOVIMENTAÇÃO ORTODÔNTICA ENTRE OS LADOS IRRADIADO E NÃO IRRADIADO ........................................................................................................................................ 74
5.5 COMPARAÇÃO DA SENSIBILIDADE DOLOROSA ENTRE OS LADOS IRRADIADO E NÃO IRRADIADO .......................................................................................................................................................... 80
6 DISCUSSÃO ......................................................................................................................................... 83
6.1 CONSIDERAÇÕES SOBRE A AMOSTRA ......................................................................................... 83
6.2 METODOLOGIA ............................................................................................................................ 83
6.2.1 Erro do método .................................................................................................................... 83
6.2.2 Movimentação Ortodôntica x Aplicação de LBI ................................................................... 83
6.2.3 Sensibilidade Dolorosa x Aplicação de LBI ........................................................................... 83
6.3 RESULTADOS ............................................................................................................................... 83
6.3.1 Comparação da movimentação ortodôntica entre os lados irradiado e não irradiado ....... 83
6.3.2 Comparação da sensibilidade dolorosa entre os lados irradiado e não irradiado ............... 83
6.2 METODOLOGIA ............................................................................................................................ 85
7 CONCLUSÃO ....................................................................................................................................... 98
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................................................. 99
ANEXO 1 .............................................................................................................................................. 102
ANEXO 2 .............................................................................................................................................. 105
Resumo
RESUMO
O presente estudo objetivou avaliar a eficácia do Laser de Baixa Intensidade (LBI) na aceleração da movimentação dentária e na diminuição da dor frente à aplicação de força ortodôntica. A amostra foi composta por 19 pacientes, sendo doze do sexo feminino e sete do sexo masculino, com idade inicial média de 14,69 anos, todos com indicação para extrações de primeiros pré-molares. Destes, 66 caninos foram submetidos à retração inicial, sendo que 33 receberam aplicação de laser e 33 foram considerados controle. Utilizou-se o Laser de Baixa Intensidade de arseneto de gálio e alumínio, com comprimento de onda de 780nm, na dosimetria de 40mW;10J/cm2;10s/ponto, aplicado apenas uma vez ao mês em dez pontos, sendo cinco por vestibular e cinco por lingual/palatino. Modelos de gesso foram confeccionados durante todos os meses de retração dos caninos, que teve duração de quatro meses, sendo, posteriormente, digitalizados para se mensurar a quantidade de movimentação de um lado em relação ao outro, utilizando-se como referência as papilas incisivas. Para a avaliação da dor experimentada pelos pacientes, os mesmos foram orientados a preencher uma escala analógica visual (VAS) que variava de “0” a “10”, em que zero significava nenhuma dor e dez significava dor insuportável, nos intervalos de 12, 24, 48 e 72 horas após a aplicação da força ortodôntica. Foi mensurado o apinhamento de todas as hemiarcadas dos pacientes na fase inicial, medindo-se a distância entre os pontos de contato de cada dente. Para a verificação do padrão de normalidade, empregou-se o teste de Kolmogorov-Smirnov, sendo que para comparar o lado irradiado com o lado não irradiado foi utilizado o teste “t” pareado, exceto para a variável “razão caninos/molares”, analisada pelo teste não paramétrico de Wilcoxon (p<0,05). Os resultados mostraram que em relação ao apinhamento dentário, os lados irradiado e não irradiado apresentaram-se compatíveis. Além disso, não houve diferença estatisticamente significante entre a quantidade de retração dos caninos irradiados comparados aos não irradiados, o mesmo acontecendo com a sensibilidade dolorosa experimentada pelos pacientes. Concluiu-se assim que o LBI na dosimetria e forma como foi utilizado não foi eficiente na aceleração da movimentação dentária nem na redução da dor experimentada pelos pacientes frente às forças ortodônticas.
Palavras chave: Terapia a Laser de Baixa Intensidade; Movimentação Dentária; Ortodontia Corretiva
Abstract
ABSTRACT
The purpose of this study was to evaluate the effectiveness of low level laser therapy (LLLT) on tooth movement acceleration and pain reduction during the application of orthodontic force. The sample consisted of 19 patients, twelve females and seven males, with initial mean age of 14.69 years, all with treatment planning envolving extraction of first premolars. From these, 66 canines underwent to initial retraction, therefore, 33 received laser application during this treatment phase and 33 were selected as control. It was used low-intensity laser gallium-aluminum- arsenide, with wavelength of 780nm (40mW; 10J/cm2; 10s/point applied only once a month on ten points, five at buccal side and five at palatal side). Casts were made during all phases of retraction of the canines, which had a mean duration of four months and then, this casts were scanned to measure the amount of movement of irradiated side in comparison with the control side, using as reference the incisive papilla. To avaliate the pain experienced by patients, they were asked to complete a visual analogue scale (VAS) from "0" to "10", where zero means no pain and ten means insupportable pain, in intervals of 12, 24, 48 and 72 hours after application of orthodontic force. Crowding was measured for all hemiarc of patients at onset of treatment, by the sum of the distance between the contact points of teeth. For verification of the normality, it was used the Kolmogorov-Smirnov test. To compare irradiated with control sides, it was used paired t test, except for the variable "canines / molars rate," that was compared by nonparametric Wilcoxon test (p <0.05). The results showed that crowding in irradiated and control sides were compatible. Furthermore, no statistically significant difference was observed between the amount of retraction of the irradiated canines in comparison to non-irradiated, such as the pain experienced by patients. It was concluded that the LBI in dosimetry and manner that was used in this present study was not efficient in accelerating tooth movement or reducing pain experienced by patients in response to orthodontic forces.
Key words: Laser Therapy, Low-Level; Tooth Movement; Orthodontics, Corrective
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 – Aparelho de Laser de Baixa Intensidade (Twin Flex II, MMOptics) ........ 55
Figura 2 – Demonstração dos pontos nos caninos que receberam aplicação de Laser
de Baixa Intensidade ................................................................................................ 56
Figura 3 – Óculos de proteção oferecidos pelo fabricante e utilizados para aplicação
do LBI ....................................................................................................................... 57
Figura 4 – Etapas do desenvolvimento da digitalização de modelos de gesso ....... 59
Figura 5 – Imagem 3D observada no software Geomagic Studio 10 ....................... 59
Figura 6 – Pontos utilizados para mensurar a quantidade de movimentação de
caninos e molares superiores ................................................................................... 61
Figura 7 – Pontos utilizados para mensurar a quantidade de movimentação de
caninos e molares inferiores ..................................................................................... 62
Figura 8 – Distâncias utilizadas para avaliar a movimentação dentária ................ 64
Figura 9 – Escala analógica visual para avaliação de dor ..................................... 66
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Erro do método sistemático e casual ..................................................... 71
Tabela 2 – Verificação da normalidade da distribuição dos dados .......................... 72
Tabela 3 – Comparação do apinhamento dentário entre os lados irradiado e não
irradiado .................................................................................................................... 73
Tabela 4 – Comparação da movimentação dentária entre os lados irradiado e não
irradiado nas fases analisadas ................................................................................. 75
Tabela 5 – Comparação da movimentação dentária entre os lados irradiado e não
irradiado nos períodos avaliados .............................................................................. 76
Tabela 6 – Comparação da distância canino e molar entre os lados irradiado e não
irradiado nas fases analisadas ................................................................................. 77
Tabela 7 – Comparação da distância canino e molar entre os lados irradiado e não
irradiado nos períodos analisados ............................................................................ 78
Tabela 8 – Comparação entre os lados irradiado e não irradiado na medida da
diferença de movimentação canino molar ................................................................ 79
Tabela 9 – Comparação entre os lados irradiado e não irradiado na medida da razão
canino molar ............................................................................................................. 80
Tabela 10 – Comparação da sensibilidade dolorosa entre os lados irradiado e não
irradiado .................................................................................................................... 81
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
1M – Primeiro molar
1PM – Primeiro pré-molar
2PM – Segundo pré-molar
Api – Apinhamento
AsGa – Arseneto de Gálio
AsGaAl – Arseneto de Gálio e Alumínio
C – Canino
cm2 – Centímetro quadrado
D C-M – Distância canino-molar
DM C-M – Diferença de movimentação canino-molar
Et – Energia Total
G - Gramas
IC – Incisivo central
IL – Incisivo lateral
J – Joule
J/cm2 – Joule por centímetro quadrado
LASER – Light Amplification by Stimulated Emission of Radiation
LED – Luz Emissora de Diodo
LBI – Laser de Baixa Intensidade
LLLT – Low Level Laser Therapy
MD – Movimentação dentária
mg/Kg – Miligrama por kilo
M – Molar
MMP 9 – Matriz Metaloproteinase 9
mm - Milímetros
mW – Miliwatts
mW/cm2 – Miliwatts por centímetro quadrado
nm – Nanômetro
N – Newton
OPG – Osteoprotegerina
PCII – Ponta de cúspide do canino inferior irradiado
PCIN – Ponta de cúspide do canino inferior não irradiado
PCSI – Ponta de cúspide do canino superior irradiado
PCSN – Ponta de cúspide do canino superior não irradiado
PII – Papila interincisiva inferior
PIS – Papila Interincisiva Superior
PMII – Ponta de cúspide mesiovestibular do primeiro molar inferior do lado irradiado
PMIN – Ponta de cúspide mesiovestibular do primeiro molar inferior do lado não
irradiado
PMSI – Ponta de cúspide mesiovestibular do primeiro molar superior do lado
irradiado
PMSN – Ponta de cúspide mesiovestibular do primeiro molar superior do lado não
irradiado
RANK – Ativador de receptor do fator nuclear-kB
RANKL – Ativador de receptor do fator nuclear – kB L
RM C/M – Razão de movimentação canino/molar
s – Segundos
W – Watts
W/cm2 – Watts por centímetro quadrado
Introdução
_____________________________________________________________________ Introdução 17
1 INTRODUÇÃO
A Ortodontia tem evoluído muito nos últimos anos. Novas tecnologias,
materiais e conhecimento vêm sendo implementados para promover um tratamento
cada vez mais rápido e fisiológico aos pacientes, tornando-se mais vantajoso e
eficiente. Um dos recursos utilizados consiste na aplicação do laser, em que
pesquisas7,9,12,22,23,24,27,34,36,37,38,43 têm sido realizadas no intuito de aumentar a
eficácia da movimentação dentária e diminuir o desconforto dos pacientes.
O laser (Light Amplification by Stimulated Emission of Radiation) é uma
radiação que se encontra no espectro de luz que varia do infravermelho ao
ultravioleta, passando pelo espectro visível39. Dependendo da potência de emissão
de radiação, o laser pode ser classificado em laser de alta, média e baixa
intensidade, sendo este último o de maior interesse na Ortodontia. O Laser de Baixa
Intensidade ou LBI (também denominado laser mole, laser frio, laser terapêutico ou
“soft laser”) não apresenta potencial destrutivo, tendo como mecanismo de ação a
fotobioestimulação, ou seja, a luz do laser, ao penetrar nos tecidos, estimula o
metabolismo celular35.
A utilização do LBI para aumentar a velocidade da movimentação ortodôntica
advém da capacidade do laser em interferir no metabolismo celular, acelerando o
processo de reabsorção e neoformação óssea. Estudos9,24,36,43 que empregaram o
LBI em humanos para avaliar a movimentação ortodôntica, apesar da eficiência em
promover a aceleração do movimento, apresentam-se incompatíveis com a prática
clínica diária do ortodontista, pois nesses estudos a aplicação do laser ocorreu
durante vários dias consecutivos após a ativação do aparelho ortodôntico,
ocasionando assim a necessidade de várias consultas mensais.
A dor associada ao tratamento ortodôntico também é motivo de
estudos7,12,21,22,23,34,37,38,40 por parte dos pesquisadores, já que este é um dos
principais motivos que leva o paciente a evitar ou abandonar o tratamento. Várias
são as possibilidades utilizadas como tentativa de conter ou, pelo menos, diminuir o
desconforto, como o uso de analgésicos e antiinflamatórios, chicletes, “mordedores”
_____________________________________________________________________ Introdução 18
plásticos, estímulos vibratórios e a utilização do LBI23. As possibilidades não
farmacológicas, apesar de serem menos utilizadas, estão sendo cada vez mais
buscadas pelos profissionais por não apresentarem efeitos colaterais40.
Sendo assim, o presente estudo visou investigar o efeito da utilização do
Laser de Baixa Intensidade na clínica ortodôntica diária no estímulo à movimentação
dentária por meio de uma única aplicação do laser no dia da ativação do aparelho
ortodôntico. Além disso, objetivou-se avaliar se esta mesma dosimetria seria eficaz
na diminuição da sensibilidade dolorosa, comparando os dentes que receberam
aplicação de LBI com aqueles que não receberam esta radiação. Pretende-se,
assim, em uma única aplicação mensal de LBI, avaliar se esse protocolo é eficaz no
aumento da velocidade da movimentação dentária e na redução da sensibilidade
dolorosa pós ativação do aparelho ortodôntico.
Revisão de literatura
______________________________________________________________Revisão de Literatura 20
2 REVISÃO DE LITERATURA
Para melhor leitura e compreensão, a revisão de literatura foi dividida nos
seguintes tópicos:
2.1 O LASER DE BAIXA INTENSIDADE
2.2 O LASER DE BAIXA INTENSIDADE NA MOVIMENTAÇÃO ORTODÔNTICA
2.3 A DOR NA ORTODONTIA E A APLICAÇÃO DO LBI PARA A SENSIBILIDADE DOLOROSA
2.4 EFEITOS SISTÊMICOS DO LASER DE BAIXA INTENSIDADE
2.5 OUTROS EFEITOS DO LASER DE BAIXA INTENSIDADE
2.6 DIGITALIZAÇÃO DE MODELOS DE GESSO
2.1 O LASER DE BAIXA INTENSIDADE
O termo laser constitui-se numa sigla (Light Amplification by Stimulated
Emission of Radiation), ou seja, Amplificação da Luz por Emissão Estimulada de
Radiação. Esta radiação encontra-se no espectro de luz que varia do infravermelho
ao ultravioleta, passando pelo espectro visível. A radiação laser se diferencia da luz
comum sob vários aspectos, dentre eles: a radiação laser é formada por apenas um
comprimento de onda, comportando ondas coerentes entre si tanto no tempo como
no espaço; a radiação laser é polarizada, permitindo seu paralelismo ou
unidirecionalidade; em decorrência da existência de apenas um comprimento de
onda, a radiação laser torna-se monocromática. De acordo com a potência de
emissão de radiação, os lasers podem ser classificados em laser de alta intensidade
(que apresentam potencial destrutivo, podendo ser utilizado em cirurgias) ou Laser
de Baixa Intensidade (que não apresentam potencial destrutivo)39.
______________________________________________________________Revisão de Literatura 21
Em uma revisão de literatura, foi verificada grande possibilidade de utilização
do laser na Ortodontia25. De acordo com os autores, o laser pode ser utilizado de
várias formas na Ortodontia, como: na descolagem de braquetes cerâmicos;
expansão rápida da maxila (diminuindo dor e desconforto, além de acelerar a
reparação óssea); odontalgia, decorrente da movimentação ortodôntica;
polimerização da resina durante a colagem de braquetes; holografia, que é a
reprodução tridimensional de modelos de gesso; escaneamento à laser da face ou
corpo do paciente; diagnóstico de lesão de mancha branca em pacientes
ortodônticos; utilização do laser em problemas periodontais advindos do tratamento
ortodôntico, empregando o laser de alta potência em procedimentos cirúrgicos ou
para melhor cicatrização de úlceras traumáticas. Os autores concluíram que existem
várias possibilidades de utilização do laser na Ortodontia, de forma a trazer
benefícios tanto para os profissionais como os pacientes. Porém, mais estudos
devem ser realizados para verificar com mais detalhes as indicações e possíveis
contra-indicações desse meio auxiliar do tratamento ortodôntico.
O Laser de Baixa Intensidade é o de maior interesse na Ortodontia. O
mecanismo de ação do LBI consiste na fotobioestimulação, que é um estímulo
ocasionado por meio da absorção da luz pelos tecidos do corpo. Esta luz promove a
aceleração dos processos metabólicos e de multiplicação e regeneração celular, o
que ocasiona um maior efeito na reabsorção e neoformação óssea durante
movimentação ortodôntica, além de importantes efeitos analgésicos e
antiinflamatórios36.
Em revisão de literatura, em 2008, KRAVITZ e KUSNOTO19 avaliaram as
várias formas de utilização do Laser de Baixa Intensidade, verificando a eficácia
desta forma de tratamento. Além disso, demonstraram as corretas formas da
utilização do mesmo com segurança para os profissionais e pacientes, evidenciando
os cuidados durante a aplicação principalmente no que diz respeito ao uso de óculos
de proteção para evitar contato do mesmo com a retina, que é a principal contra
indicação da utilização desta forma de radiação.
Posteriormente, também em revisão de literatura, SOUSA et al.35, em 2009,
avaliaram os fundamentos físicos e biológicos do Laser de Baixa Intensidade e sua
utilização na Ortodontia, demonstrando a importância do profissional em estar ciente
______________________________________________________________Revisão de Literatura 22
das propriedades desta tecnologia para se fazer o uso do mesmo. Os autores
evidenciaram a capacidade do LBI na inibição da dor, estimulação da movimentação
ortodôntica, assim como na neoformação óssea após expansão rápida da maxila,
porém ressaltaram a necessidade de mais pesquisas clínicas confirmando os efeitos
positivos da laserterapia e dosimetrias a serem utilizadas.
De acordo com VEÇOSO39, alguns aspectos teóricos devem ser
compreendidos para um melhor entendimento da utilização do laser:
- Potência: medida em W (“watts”) e indica a quantidade de energia aportada
por unidade de tempo.
Potência (W) = Energia (J) / Tempo (s)
- Densidade de energia: quantidade de energia aplicada em determinada
área.
Densidade de energia (J/cm2) = [P (W) x T (s)] / A (cm2)
- Energia: expressa em Joules (J) e significa a quantidade de laser será
entregue ao tecido.
Energia (J) = Potência (W) x Tempo (s)
Para se calcular a Energia (J) a partir da densidade de energia (J/cm2), deve-
se dividir a densidade de energia (J/cm2) pela área da ponta ativa “spot size” da
caneta que aplica o laser. Para a Energia total (Et), multiplica-se a Energia (J) pelo
número de pontos irradiados35.
- Densidade de potência: expressa em (W/cm2) e demonstra a potência
dissipada em certa área do tecido.
DP = P(W) / A (cm2)
2.2 O LASER DE BAIXA INTENSIDADE NA MOVIMENTAÇÃO ORTODÔNTICA
______________________________________________________________Revisão de Literatura 23
A influência do Laser de Baixa Intensidade na remodelação óssea durante a
movimentação dentária foi avaliada, em 2000, por KAWASAKI e SHIMIZU16 em um
estudo em ratos. Foram estudados 48 ratos Wister, machos, divididos em dois
grupos, sendo 24 para análise histomorfométrica e 24 para exame histoquímico. Foi
realizada movimentação mesial dos primeiros molares superiores esquerdos, com
mola fechada liberando força de 10g apoiada nos incisivos, durante 13 dias. Para
quantificar a movimentação dentária, modelos de gesso foram confeccionados antes
do início da movimentação e nos dias 1, 2, 4 e 12, sendo esta determinada pela
diferença da distância entre as cúspides mesiovestibulares dos primeiros e
segundos molares superiores esquerdos. Foi feita aplicação de laser nas porções
mesial, vestibular e lingual dos molares a serem movimentados durante 13 dias (do
dia 0 ao dia 12). Utilizou-se o Laser de Baixa Intensidade de Arseneto de Gálio e
Alumínio (AsGaAl), com comprimento de onda de 830nm e potência de 100mW,
durante 3 minutos por ponto, totalizando 9 minutos e uma densidade de potência de
35,3W/cm2, resultando em uma energia total de 54J. Para avaliação
histomorfométrica, os ratos foram subdivididos em dois grupos com 12 ratos cada,
sendo que um grupo recebeu aplicação de LBI e o outro não. Todos os ratos
receberam injeção subcutânea de calceína na dosagem de 8mg/Kg, nos dias 0, 4, 8
e 12 para evidenciação da neoformação óssea e foram sacrificados no dia 13. Para
avaliação histoquímica, os 24 ratos foram divididos em 6 grupos de 4 ratos cada,
sendo que 3 grupos foram irradiados (dias 0 e 1; dias 0 a 2; dias 0 a 4) e 3 grupos
não foram irradiados (dias 0 e 1; dias 0 a 2; dias 0 a 4). Foi avaliada a quantidade de
osteoclastos na superfície do osso alveolar na área de pressão e a proliferação
celular no lado de tensão. Os autores concluíram que a aplicação do laser de
AsGaAl estimula claramente a movimentação dentária, aumentando sua aceleração.
Eles associaram a isto o aumento do número de osteoclastos no lado de pressão no
grupo irradiado, visto que a reabsorção é o primeiro passo para a remodelação
óssea. Além disto, no lado de tensão do grupo irradiado, verificou-se uma
aceleração na mineralização óssea quando comparado ao grupo não irradiado.
CRUZ et al.9, em 2004, avaliaram a capacidade do Laser de Baixa
Intensidade em aumentar a velocidade de movimentação de caninos superiores
submetidos à retração. A amostra constava de 11 indivíduos (8 do gênero masculino
______________________________________________________________Revisão de Literatura 24
e 3 do gênero feminino) com idade entre 12 e 18 anos que apresentavam
necessidade clínica de extração de primeiros pré-molares superiores por motivo de
apinhamento ou protrusão, comprovada pela documentação ortodôntica, tendo sido
orientados a não fazerem uso de qualquer tipo de medicamento durante os dois
meses da pesquisa. Foi feito o alinhamento e nivelamento dos dentes após extração
dos primeiros pré-molares superiores até o arco 0.017” x 0.025” (aço inoxidável) e,
para ancoragem, foi confeccionado um botão de Nance modificado nos segundos
pré-molares superiores, além de barra transpalatina nos primeiros molares. A
retração dos caninos foi feita com mola de Níquel Titânio apoiada nos primeiros
molares superiores, liberando uma força constante de 150g. Foram feitas duas
ativações, com intervalo de 30 dias entre elas. Para avaliar a quantidade de
movimentação, foi medida a distância entre a aleta distal dos braquetes dos caninos
e a superfície mesial dos tubos dos molares. A aplicação de LBI ocorreu em apenas
uma das hemiarcadas, sendo a outra considerada controle. Utilizou-se o laser de
Arseneto de Gálio e Alumínio, com comprimento de onda de 780nm, potência de
20mW, densidade de energia de 5J/cm2 por 10 segundos em cada ponto. Foram
aplicados 5 pontos por vestibular e 5 pontos por palatino nas raízes dos caninos,
sendo: mesial e distal do terço cervical, centro do terço médio e mesial e distal do
terço apical. Esta aplicação foi realizada nos dias 0, 3, 7 e 14, totalizando quatro
aplicações mensais. Os autores verificaram que o lado que recebeu aplicação de
laser teve um aumento estatisticamente significante na aceleração de movimentação
dos caninos, podendo ser eficaz na diminuição do tempo de tratamento ortodôntico.
AIHARA et al.2 avaliaram a capacidade do Laser de Baixa Intensidade em
estimular a formação de células precursoras de osteoclastos de ratos, num estudo
realizado em 2006. Foi utilizado laser de AsGaAl com comprimento de onda de
810nm, potência de 50mW, irradiado pelo tempo de 1, 3, 6 ou 10 minutos por dia
durante oito dias, correspondendo à densidade de energia respectivamente de 9.33,
27.99, 55.98 ou 93.30J/cm2, irradiado diretamente sobre as culturas celulares. Foi
verificado aumento estatisticamente significante na expressão de fosfatase ácida
tartarato resistente (precursor de osteoclastos) nos grupos irradiados durante 1, 3 e
6 minutos ao dia, em comparação com o grupo controle. Foram avaliados também
os efeitos do laser na expressão do ativador de receptor RANK por meio de análise
imunohistoquimica, demonstrando eficácia nos dias 2, 3, 4, 6 e 8. Os autores
______________________________________________________________Revisão de Literatura 25
concluíram que a aplicação do LBI por 1, 3 e 6 minutos ao dia estimulou a formação
de osteoclastos in vitro, além de antecipar a formação de precursores de
osteoclastos, sugerindo a eficácia do Laser de Baixa Intensidade.
A influência do LBI na movimentação dentária num estudo experimental em
cães foi avaliada por GOULART et al.14, em 2006. Foram adaptadas molas fechadas
de 7mm nos segundos pré-molares e primeiros molares de dezoito animais, que
foram divididos em dois grupos, segundo a dosimetria do Laser de Baixa Intensidade
aplicado. No grupo I, utilizou-se laser de diodo de AsGaAl, comprimento de onda
780nm, potência de 70mW e densidade de energia de 5,25J/cm2 por três segundos
no terço médio da raiz distal do segundo pré-molar. No grupo II, as mesmas
características do laser foram utilizadas, modificando a dosagem para 35J/cm2. A
aplicação do LBI ocorreu a cada sete dias, sendo repetida em 9 sessões. Os cães
foram reavaliados com 21, 42 e 63 dias, quando as molas eram reativadas. Como
resultado, verificou-se que o grupo I apresentou um aumento da velocidade da
movimentação dentária até o dia 21, já o grupo II apresentou uma diminuição
significante da velocidade da movimentação ortodôntica até o dia 42. Os autores
concluíram que a dosimetria de 5,25J/cm2 aumentou a aceleração da movimentação
ortodôntica em relação ao grupo controle, enquanto a dosimetria de 35J/cm2
retardou a movimentação.
LIMPANICHKUL et al.24, em 2006 avaliaram a capacidade do Laser de Baixa
Intensidade em aumentar a velocidade de movimentação de caninos em retração.
Foram avaliados 12 adultos jovens que apresentavam necessidade de remoção dos
primeiros pré-molares superiores. Após alinhamento e nivelamento dos arcos, os
caninos foram submetidos à retração com mola liberando 150 gramas de força e
ativadas durante três meses subseqüentes. A retração dos caninos só se iniciou
decorridos três meses da extração dos primeiros pré-molares. Aleatoriamente, foi
escolhido um lado que receberia aplicação de LBI, e o outro que seria feita uma
aplicação placebo. Foi utilizado o laser de AsGaAl, com comprimento de onda de
860nm, potência de 100mW, área do espectro 0,09cm2 (1,11W/cm2), dose de
energia de 2,3J/ponto e densidade de energia 25J/cm2/local. Foram aplicados três
pontos por vestibular e três pontos por palatino, sendo um na margem gengival,
outro no terço médio da raiz e o terceiro no ápice radicular, além de dois pontos por
distal dos caninos (na região oclusal), sendo um por vestibular e outro por lingual. A
______________________________________________________________Revisão de Literatura 26
aplicação do LBI ocorreu imediatamente após a adaptação das molas para retração
e os pacientes foram orientados a voltar durante dois dias seguintes à ativação, para
promover uma reaplicação. Para quantificar a movimentação dos caninos, foram
feitos modelos de estudo mensalmente. Os autores concluíram que a aplicação do
LBI não contribuiu para aumentar nem diminuir a taxa de movimentação dos
caninos, e associaram a isto a densidade de energia utilizada (25J/cm2).
SEIFI et al.32, em 2007 avaliaram os efeitos de diferentes comprimentos de
onda do Laser de Baixa Intensidade na movimentação dentária de coelhos. Dezoito
animais foram divididos em três grupos, sendo: grupo controle; grupo I - aplicação
de laser com comprimento de onda de 850nm (infravermelho); e grupo II - aplicação
de laser com comprimento de onda de 630nm (vermelho). Para a movimentação
dentária foram adaptadas molas fechadas de Níquel Titânio entre os primeiros e
segundos molares, liberando força de 100 a 120 g. O grupo controle não recebeu
irradiação, enquanto os grupos experimentais receberam aplicação de laser por 9
dias na mucosa lingual dos primeiros molares. O grupo I (850nm) apresentou
potência de 5mW e aplicação do laser de forma pulsátil por 3 minutos, resultando
uma energia total de 8,1J. Já o grupo II (630nm) apresentou potência de 10mW e
aplicação contínua do laser por 5 minutos, resultando em uma energia total de 27J.
Após 16 dias foi mensurada a distância entre a face distal do primeiro molar e a
mesial do segundo molar. A quantidade de movimentação foi calculada, e mostrou
que o grupo controle movimentou 1,7mm, o grupo com aplicação de LBI
infravermelho 0,69mm e o grupo com aplicação de LBI vermelho 0,86mm. Os
autores concluíram que a aplicação de laser diminuiu a quantidade de
movimentação dentária de forma significante em comparação com o grupo controle.
De acordo com os autores, este fato pode ser devido à dosimetria aplicada, visto
que a dosagem recomendada para humanos pode ser alta para a aplicação em
coelhos.
Foi avaliada em 2008, por FUJITA et al.11, a influência do LBI na expressão
do ativador de receptor do fator nuclear-kB (RANK)/ RANK ligado (RANKL)/
osteoprotegerina (OPG), sistema essencial e suficiente para a osteoclastogênese.
Para isto, 75 ratos Wistar, tiveram o primeiro molar mesializado por meio de mola
que liberava força de 10 gramas, apoiada nos incisivos. Os ratos foram divididos em
três grupos com 25 animais cada, sendo que um grupo teve aplicação de LBI
______________________________________________________________Revisão de Literatura 27
(AsGaAl, com comprimento de onda de 810nm na potência de 100 mW, aplicado em
contato com as porções gengivais mesial, vestibular e lingual dos primeiros molares,
3 minutos por ponto do dia 0 ao dia 7, totalizando 54J/cm2); outro teve aplicação de
luz emissora de diodo – LED (comprimento de onda de 850nm e 75mW de potência,
sendo 4 minutos por ponto para promover os mesmos 54J/cm2 do grupo irradiado
com laser); o terceiro grupo não foi irradiado. Foram feitas moldagens com silicone
para avaliar a quantidade de movimentação dos molares nos dias 0, 1, 2, 3, 4 e 7.
Cada grupo teve ainda os animais divididos em 5 subgrupos com 5 ratos em cada
de acordo com o dia em que foram sacrificados (dias 1, 2, 3, 4 e 7). Os autores
perceberam que a quantidade de movimentação foi significantemente maior no dia 3
do grupo irradiado com laser em relação aos outros grupos. A quantidade de
osteoclastos na superfície óssea do lado de pressão também foi superior neste
grupo, assim como a expressão de RANK nestas células nos dias 2, 3, 4 e 7,
mostrando uma quantidade de células com RANK superior no grupo que recebeu
irradiação a laser em comparação com grupo controle e o grupo que recebeu LED.
Os autores concluíram que a atividade do sistema RANK/RANKL facilitou a
diferenciação dos osteoclastos e acelerou a reabsorção óssea quando aplicado
Laser de Baixa Intensidade. Além disso, os autores afirmaram que mais estudos
devem ser realizados para confirmar este aparente fenômeno.
SOUSA et al.36, em 2008 avaliaram a capacidade do LBI em aumentar a
aceleração da movimentação ortodôntica em 26 caninos submetidos à retração
inicial com molas fechadas liberando 150 gramas de força. Foi aplicado laser em 13
caninos, sendo que os outros 13 foram considerados placebos, recebendo uma
simulação de aplicação. Utilizou-se o laser de diodo de AsGaAl, com comprimento
de onda de 780nm, potência de 20mW, densidade de energia de 5J/cm2, durante 10
segundos, que resultou numa energia de 0,2J por ponto. A aplicação ocorreu em 10
pontos, sendo cinco por vestibular e cinco por lingual, distribuídos da seguinte forma:
dois pontos nas porções mesial e distal do terço cervical; um ponto no terço médio e
dois pontos nas porções mesial e distal do terço apical das raízes. Esta irradiação
ocorreu no dia da ativação das molas (dia 0), três e sete dias após a primeira
aplicação e foi repetida por três meses, obtendo um total de nove aplicações. Os
caninos irradiados apresentaram uma aceleração estatisticamente maior que os
caninos não irradiados, demonstrando que a terapia com Laser de Baixa Intensidade
______________________________________________________________Revisão de Literatura 28
pode contribuir com a velocidade da movimentação dentária e, consequentemente,
para a redução do tempo de tratamento.
A capacidade do LBI em aumentar a velocidade de movimentação dentária
associada à diminuição da dor proveniente da terapia ortodôntica foi avaliada por
YOUSSEF et al.43, em 2008. Quinze pacientes com idade entre 14 e 23 anos que
necessitavam remover os primeiros pré-molares por motivo de apinhamento ou
biprotrusão foram selecionados. Os pacientes foram submetidos à retração inicial
dos caninos, 14 dias após as extrações dentárias serem realizadas. Foram utilizadas
molas que liberavam força de 150 gramas, sendo reativadas a cada 21 dias. A
aplicação do laser ocorreu apenas do lado direito dos pacientes, tanto na arcada
superior como na inferior, sendo feita uma aplicação simulada do lado esquerdo. Foi
utilizado o laser semicondutor de AsGaAl, com comprimento de onda de 809nm e
potência de 100mW. A aplicação ocorreu nos terços cervical (10 segundos), médio
(20 segundos) e apical (10 segundos) das raízes dos caninos tanto por vestibular
como por lingual, liberando uma energia total de 8J. Este protocolo se repetiu no dia
da ativação da mola, 3, 7 e 14 dias após. Para avaliação da dor experimentada
pelos pacientes, estes foram orientados a preencher uma escala que variava de 0
(sem dor) a 4 (dor intolerável). A quantidade de movimentação foi analisada
mensurando-se a distância entre a cúspide dos caninos e a cúspide mesial dos
molares, em modelos de gesso. Os caninos irradiados tiveram uma velocidade de
movimentação estatisticamente maior que os caninos não irradiados, não havendo
diferença entre os superiores e inferiores do mesmo lado. Quanto à dor
experimentada pelos pacientes, houve uma redução estatisticamente significante do
lado irradiado. Os autores concluíram que o LBI de AsGaAl foi efetivo tanto na
aceleração da movimentação ortodôntica como na redução da dor proveniente desta
movimentação.
YOSHIDA et al.42, em 2009, avaliaram a capacidade do LBI em acelerar a
movimentação ortodôntica por meio da remodelação do osso alveolar, analisando a
densidade mineral óssea e exames histopatológicos. A amostra constou de 60 ratos,
com idade aproximada de 6 semanas, divididos em dois grupos com 30 animais
cada, sendo um grupo irradiado e outro sem aplicação de laser. Os primeiros
molares direitos dos animais foram mesializados com molas liberando 10 gramas e
apoiadas nos incisivos superiores. No grupo experimental foi aplicado laser de
______________________________________________________________Revisão de Literatura 29
AsGaAl com comprimento de onda de 810nm e potência de 100mW nas porções
mesial, distal, vestibular e lingual dos molares por 2 minutos e quinze segundos em
cada ponto totalizando 54J/cm2, uma vez ao dia nos dias 0 a 6, 13 e 20 (total de
nove dias), sendo o outro grupo considerado controle. Os molares do grupo irradiado
apresentaram uma movimentação estatisticamente maior que o grupo controle, além
de ter sido observada uma quantidade maior de osteoclastos naquele grupo. Além
disto, a formação do trabeculado ósseo no lado de tensão se mostrou maior no
grupo que recebeu aplicação de laser em comparação com o controle, levando os
autores a concluírem que o LBI na dosimetria utilizada foi eficaz no aumento da
aceleração da movimentação por meio da estimulação da remodelação óssea
alveolar em ratos.
ABI RAMIA et al.1 avaliaram os efeitos da aplicação do Laser de Baixa
Intensidade em polpas de dentes de ratos durante aplicação de força ortodôntica,
em 2010. Foram utilizados 45 ratos Wistar jovens, com peso aproximado de 300g, e
divididos em três grupos: Grupo I (20 animais) - foi aplicada força de
aproximadamente 0,4N para mesialização do primeiro molar superior direito com
mola fechada de Níquel Titânio, apoiada no incisivo superior direito; Grupo II (20
animais) - foi utilizada a mesma ativação do grupo I, associado à aplicação de laser
de AsGaAl, com comprimento de onda de 830nm, potência de 100mW e densidade
de energia de 18J/cm2. Empregou-se o protocolo relatado por Saito, Shimizu, com 4
segundos de aplicação por vestibular, palatino e mesial; Grupo III (5 animais) -
controle. Os grupos I e II foram divididos em 4 subgrupos de acordo com a época de
sacrifício dos ratos (12 horas, 24 horas, 3 dias e 7 dias). Os animais do grupo
controle foram sacrificados no início do experimento para comparação das
estruturas pulpares com os outros grupos. No grupo I, foram verificadas alterações
condizentes com o processo inflamatório, como grande quantidade de células
sanguíneas, eritrócitos e leucócitos no interior dos vasos principalmente nos
primeiros períodos. Células de defesa como neutrófilos, eosinófilos e monócitos
também foram identificadas próximas à camada odontoblástica. No grupo II, houve
significantes alterações dos componentes das estruturas pulpares, induzidas pela
aplicação do laser. Verificou-se, como principal diferença entre o grupo irradiado e o
não irradiado, aumento da concentração de vasos sanguíneos com maior calibre e
contendo uma vasta quantidade de células sanguíneas, porém sem evidência de
______________________________________________________________Revisão de Literatura 30
grandes áreas hemorrágicas. Decorridos três dias, foi constatada uma diminuição
das células no interior dos vasos em comparação com os períodos iniciais. Após
sete dias, os autores verificaram características de normalidade em ambos os
grupos tratados, com as quatro camadas evidentes e a mesma observada no grupo
controle. Concluiu-se que a aplicação de LBI durante a movimentação ortodôntica
aumentou a vascularização pulpar, acelerando seu processo de reparo, sendo a
aplicação de laser benéfica à movimentação ortodôntica.
KIM et al.17 avaliaram a utilização do laser associada à realização de
fibrotomia circunferencial e da aplicação do Laser de Baixa Intensidade na
quantidade de recidiva em um estudo em cães, em 2010. Foram avaliados 18
incisivos inferiores de nove cães, divididos em três grupos, sendo: grupo A – apenas
utilização de força ortodôntica; grupo B – fibrotomia circunferencial seguida de força
ortodôntica (laser de AsGaAl, comprimento de onda de 808nm com diâmetro da fibra
de 0,4mm e potência de 1,2W); grupo C – aplicação de Laser de Baixa Intensidade
seguida de força ortodôntica (comprimento de onda de 763nm e densidade de
energia de 4,63 a 6,47J/cm2). A aplicação de força ortodôntica ocorreu por quatro
meses, sendo a mesma nos três grupos, promovendo um giro nos incisivos laterais
inferiores por meio de elásticos causando um binário de força, liberando
aproximadamente 50 gramas. Após esta aplicação de força, a quantidade de
recidiva foi avaliada, sem que fosse utilizado qualquer forma de contenção. O grupo
A apresentou 41,29% de recidiva, sendo 14,52% o grupo B e 56,80% o grupo C.
Além disto, avaliou-se a profundidade do sulco e a quantidade de retração gengival
entre os grupos, não havendo diferença estatisticamente significante. Os autores
concluíram que a fibrotomia circunferencial com laser foi eficiente para reduzir a
quantidade de recidiva após rotação dentária sem causar danos às estruturas
priodontais de suporte, enquanto a aplicação de LBI promoveu um aumento na taxa
de recidiva dos dentes rotacionados.
KIM et al.18, em 2010 avaliaram os efeitos da irradiação a Laser de Baixa
Intensidade no turnover de fibronectina e colágeno tipo I em tecidos periodontais em
ratos durante movimentação ortodôntica. Para isto, foi realizada análise
imunohistoquimica. Foram utilizados 30 ratos com 15 semanas de idade, sendo que
15 animais se submeteram à aplicação de LBI de AsGaAl, com comprimento de
onda 808nm, potência de 96mW, irradiado por vestibular e lingual dos incisivos
______________________________________________________________Revisão de Literatura 31
superiores, durante 10 segundos e densidade de energia de 0,83J/cm2; e 15 animais
foram considerados como controle (sem aplicação do laser). A aplicação aconteceu
uma vez ao dia durante sete dias. Os animais de ambos os grupos foram
sacrificados nos dias 1, 3, 7, 14 e 21. Foi avaliada também a eficácia do laser em
aumentar a velocidade da movimentação dentária. A análise imunohistoquímica
mostrou que a taxa de expressão de fibronectina se manteve maior e mais bem
distribuída no grupo experimental tanto no lado de pressão como no lado de tensão
em relação ao grupo controle, assim como o colágeno tipo I, que apresentou
reorganização de suas fibras antecipadamente no grupo irradiado. Em relação à
quantidade de movimentação dentária, os autores não observaram diferenças entre
os grupos. Concluiu-se assim que a aplicação de LBI na dosimetria utilizada foi
capaz de estimular a expressão de fibronectina e colágeno tipo I desde o primeiro ao
último dia do experimento, facilitando o turnover dos tecidos periodontais em
movimentações dentárias em ratos.
Numa amostra prospectiva em 2010, ORLANDO27 avaliou a capacidade do
Laser de Baixa Intensidade na aceleração da movimentação dentária em caninos
submetidos à retração inicial de 21 pacientes. Destes pacientes, 16 tiveram os pré-
molares superiores e inferiores extraídos e cinco se submeteram à exodontia apenas
dos pré-molares superiores. Os pacientes que se submeteram à exodontia de quatro
pré-molares receberam aplicação de laser em um canino superior e no contralateral
inferior; já os que se submeteram à exodontia de dois pré-molares, receberam
irradiação em apenas um canino superior. Os caninos que não receberam aplicação
de LBI foram considerados placebo. Para a retração dos caninos, utilizou-se mola
fechada de Níquel Titânio liberando força de 150 gramas e reativada a cada 30 dias.
A aplicação do LBI de AsGaAl ocorreu no momento da reativação das molas,
seguindo o protocolo: comprimento de onda de 780nm, potência de 40mW,
densidade de energia de 10J/cm2, durante 10 segundos por ponto, com energia total
de 0,4J por ponto. Foram utilizados dez pontos ao redor das raízes, sendo cinco por
vestibular e cinco por lingual, distribuídos da seguinte forma: dois pontos nas
porções mesial e distal do terço cervical, um ponto no terço médio e dois pontos nas
porções mesial e distal terço apical. Verificou-se que os caninos irradiados no arco
dentário inferior apresentaram um aumento na velocidade da movimentação
estatisticamente significante em relação aos caninos não irradiados, o que não
______________________________________________________________Revisão de Literatura 32
ocorreu no arco superior. Além disso, a quantidade de retração dos caninos
inferiores irradiados foi maior que a perda de ancoragem em relação ao lado não
irradiado. Concluiu-se que a terapia com o LBI foi eficaz na aceleração da
movimentação dos caninos irradiados no arco dentário inferior.
YAMAGUCHI et al.41, em 2010 avaliaram a capacidade do Laser de Baixa
Intensidade em estimular a movimentação dentária em ratos por meio da expressão
de matriz metaloproteinase-9 (MMP)-9, catepsina K e integrina alfa v beta 3. Foram
utilizados 50 animais submetidos à movimentação mesial dos primeiros molares
superiores com molas liberando 10 gramas de força, apoiada nos incisivos
superiores. Foi utilizado o laser de AsGaAl, com comprimento de onda de 810nm,
potência de 100mW, aplicado por mesial, vestibular e lingual por três minutos em
cada ponto, totalizando 54J de energia. Aplicou-se o laser uma vez ao dia durante
sete dias em metade dos ratos (grupo experimental), e a outra metade foi
considerada grupo controle. Os animais de ambos os grupos foram sacrificados nos
dias 1, 2, 3, 4 e 7 e o tecido periodontal encaminhado à análise histológica e
Imunohistoquímica. Verificou-se um maior número de lacunas de reabsorção com
osteoclastos multinucleados na superfície do osso alveolar no grupo irradiado em
relação ao não irradiado no dia 7. O exame Imunohistoquímico mostrou que no dia
1, já havia algumas subunidades de integrina alfa v e beta 3 no grupo irradiado; no
dia 2, o grupo irradiado revelou formação de MMP-9 e catepsina k, aumentando
muito no dia 3, e sendo observados também no grupo não irradiado. A partir do
quarto dia, ambos os grupos demonstraram grandes quantidades MMP-9, catepsina
K e subunidades de alfa v e beta 3 nos osteoclastos da superfície do osso alveolar.
Os autores concluíram que o LBI facilitou a velocidade de movimentação dentária
em ratos por meio da expressão de MMP-9, catepsina K e subunidades de integrina
alfa v beta 3.
2.3 A DOR NA ORTODONTIA E A APLICAÇÃO DE LASER PARA A SENSIBILIDADE DOLOROSA
______________________________________________________________Revisão de Literatura 33
LIM et al.23 avaliaram, em 1995, a capacidade do laser de diodo Arseneto de
Gálio e Alumínio (AsGaAl), com comprimento de onda 830nm, potência de 30mW e
densidade de potência de 59,7mW/cm2 em reduzir a dor após adaptação de
elásticos separadores nos contatos proximais mesial e distal de pré-molares. Foi
utilizado um pré-molar em cada quadrante e quatro parâmetros diferentes de
aplicação do laser foram avaliados, sendo eles: aplicação de laser por 15 segundos;
30 segundos; 60 segundos; e 30 segundos de aplicação simulada, considerada
placebo. Foi feita aplicação do laser na porção gengival da face vestibular do terço
médio radicular. A amostra constou de 39 voluntários com idade entre 21 e 24 anos
que foram instruídos a preencher uma escala visual de dor que variava de 0 a 10,
em que 0 significava nenhuma dor e 10, o máximo de dor experimentado. Esta
escala foi preenchida antes e logo após a aplicação do laser, que foi feita durante
cinco dias. Os autores concluíram, por meio da análise das escalas de dor, que
houve uma redução do nível de sensibilidade dolorosa no segundo e terceiro dias,
quando se aplicou laser por 30 e 60 segundos, em comparação com o grupo
placebo. Entretanto, de acordo com análise estatística, não houve diferença
significante na redução da dor entre os grupos avaliados.
A influência do Laser de Baixa Intensidade em relação ao alívio da dor após
instalação de aparelho ortodôntico fixo foi avaliada num estudo realizado em 2006,
por TURHANI et al.38. Foram selecionados 76 pacientes (46 mulheres e 30 homens)
com idade média de 23.1 anos e divididos em dois grupos com 38 indivíduos cada.
O grupo 1 foi tratado com LBI, comprimento de onda 670nm, 75mW de potência,
durante 30 segundos por dente, aplicado na região do centro de resistência do
dente. A densidade de potência consistiu em 140mW/cm2. Destes pacientes, 19
receberam laser apenas no arco dentário superior, 11 somente no arco dentário
inferior e 8 em ambos os arcos, totalizando 542 dentes, uma média de 14,91 dentes
por paciente. A aplicação do laser foi feita imediatamente após a inserção do fio
inicial 0.016” de Níquel Titânio, sendo que os pacientes foram orientados a anotar o
nível de dor experimentado em uma escala de 0 a 5, em que 0 significava nenhuma
dor e 5 dor insuportável. O preenchimento deveria ser feito 6, 30 e 54 horas após a
aplicação do laser. Os pacientes do grupo 2 foram considerados controle, não tendo
recebido aplicação ativa de laser, mas também foram orientados a preencher a
mesma escala. Os autores concluíram que a aplicação de LBI reduziu
______________________________________________________________Revisão de Literatura 34
significantemente a dor nos períodos de 6 e 30 horas, mostrando sua efetividade na
diminuição da sensibilidade.
KRISHNAN21, em 2007, realizou uma revisão de literatura avaliando as
causas da dor durante o tratamento ortodôntico, assim como a forma de intervir para
o alívio da mesma, visto que esta é a maior responsável pela desistência do
tratamento ortodôntico. Apesar disso, tanto na prática clínica como em pesquisas
este aspecto parece ser ignorado, em razão da escassez de publicações nesta área.
Segundo o autor, os clínicos geralmente respondem aos pacientes dizendo que
“sempre existe algum desconforto relacionado com procedimentos ortodônticos”.
Porém, o mais importante, que é a duração e intensidade deste desconforto sempre
é ignorado pelos profissionais. A dor é causada pela compressão e hiperalgesia do
ligamento periodontal, que por meio de processo inflamatório libera algógenos como
histamina, bradiquinina, prostaglandinas, serotonina e substância P, o que afeta a
dieta dos pacientes assim como as atividades diárias, alterando sua qualidade de
vida. A percepção da dor parece poder ser prevista, visto que as mulheres
expressam mais dor que homens, e que adolescentes mais que adultos e pré-
adolescentes. Além disto, a dor parece não estar relacionada com a magnitude da
força, mas interfere diretamente na qualidade de vida dos pacientes. A forma mais
utilizada para quantificar a dor dos pacientes é a escala analógica visual (VAS),
apresentando as vantagens de liberdade de escolha da exata intensidade de dor
apresentada pelos pacientes, além de respeitar a expressão individual de seu estilo
e personalidade. As causas principais da pobre cooperação dos pacientes estão
relacionadas à dor, alteração da função e estética advindas do uso dos aparelhos
ortodônticos. A falta de informação do possível desconforto na fase inicial do
tratamento, de acordo com os pacientes, pode ser fator decisivo na cooperação dos
mesmos. Assim, uma conversa inicial deve ser feita, encorajando os pacientes
contra os desconfortos iniciais. Várias são as possibilidades de se tentar intervir e
minimizar a sensibilidade dolorosa decorrente do tratamento ortodôntico, entre elas:
antiinflamatórios não esteróides; analgésicos; géis anestésicos; mordedores
plásticos; estimulação nervosa elétrica transcutânea; Laser de Baixa Intensidade e
estímulos vibratórios. A utilização dos analgésicos parece ser ainda a principal
terapia para o controle da dor na Ortodontia, entretanto as ações farmacológicas e
seus efeitos colaterais devem ser identificados antes da prescrição dos
______________________________________________________________Revisão de Literatura 35
medicamentos. O autor conclui que mais atenção deve ser dada à dor dos pacientes
em pesquisas e na atividade clínica para descobrir quais as melhores possibilidades
de se encarar e tratar a sensibilidade decorrente da terapia ortodôntica.
BERGIUS et al.7 avaliaram se existe a possibilidade de se prever a dor
experimentada durante o tratamento ortodôntico, num estudo prospectivo realizado
em 2008. Foram avaliados 55 pacientes adolescentes que tiveram separadores
elásticos adaptados por mesial e distal dos primeiros molares de pelo menos um
arco dentário. Estes pacientes foram divididos em dois grupos da seguinte forma:
grupo que após uma semana apresentava dor; e grupo que não apresentava dor
após uma semana. Todos os pacientes participaram de uma entrevista e receberam
questionários antes de se iniciar a pesquisa para avaliar prévias experiências de dor
(tanto geral como dental), ansiedade perante tratamentos dentários e fatores de
personalidade (autoestima e temperamento). A ansiedade perante o tratamento
dentário foi avaliada por meio de quatro questões, cada uma variava de 1
(totalmente calmo) ao 5 (extremamente ansioso). Os fatores relacionados à
personalidade foram avaliados por meio de dois questionários analisando
temperamentos e conceitos próprios, em que 5 itens foram abordados, sendo eles
angústia, medo, raiva, pressa e sociabilidade, variando numa escala de 1 a 5. A auto
estima foi avaliada também por meio de um questionário. Além disto, foi verificada a
motivação dos pacientes quanto à correção estética dentária e se estavam dispostos
a suportarem a dor durante o tratamento. Os pacientes foram orientados a
preencher uma escala de dor que variava de “0” (sem dor) a “100” (dor muito
intensa), desde o dia da adaptação dos elásticos e durante os próximos sete dias.
Os autores verificaram que os pacientes que apresentaram dor no sétimo dia,
relataram dor significantemente maior durante todos os dias, exceto no dia da
adaptação dos elásticos. Além disso, havia uma maior quantidade de meninas no
grupo com dor e este grupo estava relacionado com os pacientes menos motivados
no início do tratamento. Os valores relacionados à ansiedade dos pacientes perante
o tratamento odontológico também influenciaram no resultado, estando relacionado
ao grupo que apresentava dor no sétimo dia da pesquisa. Porém no que diz respeito
aos fatores da personalidade, não houve diferença estatisticamente significante
entre os grupos. Os autores concluíram que a dor é freqüente no tratamento
ortodôntico, e que ela pode ser prevista com dados da anamnese abordando
______________________________________________________________Revisão de Literatura 36
experiências prévias de dor, grau de motivação e perfil do temperamento, sendo
importante para prever a cooperação dos pacientes e implementar cuidados para
com os mesmos.
A influência do Laser de Alta Intensidade (laser de CO2) em diminuir a
sensibilidade dolorosa frente à força ortodôntica foi estudada por FUJIYAMA et al.12,
em 2008. Foram instalados elásticos separadores nos contatos mesial e distal dos
primeiros molares superiores em 90 pacientes. Em 60 pacientes (grupo SL) foi feita
aplicação de laser, porém apenas do lado esquerdo; nos outros 30 pacientes, não
houve aplicação (grupo S). Foi aplicado laser de CO2 de alta intensidade, pulsátil,
2W durante 30 segundos desde a porção gengival até o nível apical, tanto por
vestibular quanto por palatino, totalizando 1 minuto de aplicação. Os pacientes foram
instruídos a anotar o nível de dor experimentado em uma escala visual de 10
centímetros, em que cada milímetro anotado representava um escore, sendo que
zero indicava nenhuma dor e cem representava o máximo de dor, nos seguintes
intervalos de tempo após adaptação do elástico: 30 segundos, 6 horas, 12 horas, e
com 1, 2, 3, 4, 5, 6 e 7 dias. Observou-se que o grupo que não recebeu aplicação de
laser (grupo S) apresentou escores semelhantes ao lado não irradiado do outro
grupo (grupo SL); porém, no lado em que foi aplicado laser, houve uma redução
significante da dor até o quarto dia, e a partir daí, não houve diferença entre os
grupos. Os autores avaliaram também se houve diferença na movimentação
dentária entre os grupos e concluíram que a aplicação de laser não foi capaz de
aumentar a quantidade de movimentação dentária.
KRUKEMEYER et al.22, em 2009 avaliaram a dor experimentada por 116
pacientes adolescentes, com idade média de 14,33 anos, da clínica de pediatria da
Universidade de Michigan, assim como a avaliação desta dor pelos 14 graduandos
em odontologia para analisarem se os alunos saberiam quantificar a sensibilidade
dolorosa experimentada pelos pacientes durante, imediatamente após, 1 dia e 2 dias
depois da ativação do aparelho ortodôntico. Para isto, foi utilizada uma escala de dor
que variava de 1 a 5, sendo que 1 significava sem dor, e 5 significava muita dor.
Esta escala foi preenchida tanto pelos pacientes como pelos graduandos, sem que
houvesse contato entre eles. Avaliou-se também o uso de medicamentos por parte
dos pacientes; assim como se os alunos do curso de graduação estavam informados
a respeito deste para os pacientes. Os autores concluíram que a maior parte dos
______________________________________________________________Revisão de Literatura 37
alunos de odontologia subestimou a dor dos pacientes, que apenas poucos casos
foram superestimados, e que aproximadamente 1/3 das respostas entre os
graduandos e os pacientes foram equivalentes. Quanto ao uso de medicamentos,
concluiu-se que apesar de alguns pacientes terem usado medicamentos para dor no
dia da ativação do aparelho e um dia após, os alunos da graduação não estavam
cientes desta informação, subestimando o uso dos medicamentos por parte dos
pacientes.
TORTAMANO et al.37 avaliaram a capacidade do Laser de Baixa Intensidade
em reduzir a dor após inserção do primeiro arco ortodôntico (0.014 aço inoxidável
individualizado) num estudo realizado em 2009. Sessenta pacientes com idade entre
12 e 18 anos que se submeteram à terapia ortodôntica com técnica MBT foram
divididos em 6 grupos de 10 indivíduos cada, sendo: EU – grupo experimental com
aparelho montado no arco dentário superior e com aplicação de LBI; EL – grupo
experimental com aparelho montado no arco dentário inferior e com aplicação de
LBI; BU – grupo placebo com aparelho montado no arco dentário superior, que
recebeu aplicação placebo de LBI; BL – grupo placebo com aparelho montado no
arco dentário inferior, que recebeu aplicação placebo de LBI; CU – grupo controle
com aparelho somente no arco dentário superior; CL – grupo controle com aparelho
instalado apenas no arco dentário inferior. Aplicou-se laser de Arseneto de Gálio e
Alumínio com comprimento de onda de 830nm e potência de 30mW em todos os
dentes logo após a instalação do aparelho ortodôntico. Foram utilizados 5 pontos de
aplicação tanto por vestibular como por lingual, sendo estes: porção distal e mesial
do terço apical; porção central do terço médio; porção distal e mesial do terço
cervical, 16 segundos por ponto ou 0,5J/cm2, totalizando 2,5J/cm2 por vestibular e
2,5J/cm2 por lingual. Todos os pacientes foram orientados a preencher uma ficha
anotando o nível de dor experimentado durante sete dias, além de terem sido
instruídos a não fazerem o uso de analgésicos. Os autores concluíram que houve
redução significativa da dor no grupo que recebeu aplicação de laser e que,
portanto, a aplicação de LBI na dosimetria utilizada foi um método eficaz de controle
da dor advinda da instalação do primeiro arco ortodôntico. Mesmo assim, o
momento de percepção inicial da dor, assim como o dia de dor mais intensa não
tiveram alteração entre os grupos.
______________________________________________________________Revisão de Literatura 38
SOUSA34, em 2010, avaliou a influência do LBI de AsGaAl em diminuir a dor
decorrente da movimentação ortodôntica. Para isto, foram selecionados 12
pacientes com idade média de 12,66 anos que apresentavam necessidade de
extração dos pré-molares. Após extração destes elementos, foram adaptadas molas
para retração dos caninos com força de 150 gramas, em fios segmentados 0,016” de
aço inoxidável dos caninos até os primeiros molares. Após a ativação das molas, os
caninos de um dos lados receberam aplicação de laser (grupo laser – G1), sendo
que no outro houve somente uma simulação da aplicação (grupo controle – G2). Foi
utilizado o laser de diodo, com comprimento de onda de 780nm, potência de 20mW,
densidade de energia de 5J/cm2, 10 segundos por ponto, resultando numa energia
de 0,2J/ponto. Foram aplicados 5 pontos por vestibular e 5 por lingual, resultando
uma energia total de 2J ao redor das raízes dos caninos. Para mensuração da dor,
cada paciente recebeu uma escala que variava de “0” (sem dor) a “10” (dor intensa),
sendo orientados a marcar um “X” na quantidade de dor experimentada às 12, 24,
48 e 72 horas. Após 30 dias, os pacientes tiveram as molas reativadas, e o laser foi
reaplicado nos mesmos caninos, sendo que os pacientes foram orientados a
preencher novamente a escala de dor. Foi verificado que, tanto na primeira como na
segunda escala preenchida, a diferença da dor experimentada pelo grupo 1 e pelo
grupo 2 não foi estatisticamente significante, o que levou à conclusão de que o laser
de AsGaAl na dosimetria utilizada não foi eficiente para um bloqueio da odontalgia
decorrente da movimentação ortodôntica. Isso provavelmente ocorreu devido a uma
baixa dosimetria comparada a outros estudos que verificaram eficácia do LBI na
redução da dor.
Em uma revisão sistemática de literatura realizada em 2010, XIAOTING et
al.40 avaliaram quais os métodos eficazes para controle da dor durante o tratamento
ortodôntico. Foram pesquisados artigos nas seguintes bases de dados: MEDLINE,
The Cochrane Library, EMBASE e CNKI. Foram encontrados 26 artigos, sendo 6
selecionados, com um total de 388 indivíduos. Artigos comparando Ibuprofeno com
Acetaminofeno e Aspirina indicaram que não houve diferença estatisticamente
significante entre estes medicamentos. Quando o Ibuprofeno foi comparado com
grupo controle, houve uma redução significante da dor nos intervalos de 6 e 24
horas. Foi avaliada em um artigo a eficácia do Valdecoxib, concluindo-se que ele
promoveu uma diminuição da dor em comparação ao grupo placebo. Outro
______________________________________________________________Revisão de Literatura 39
medicamento avaliado foi o Tenoxican que teve a melhor eficácia comparado com o
grupo placebo no intervalo de 12 horas após adaptação do arco ortodôntico. Além
disto, foi verificada a eficácia da aplicação de Laser de Baixa Intensidade em reduzir
a dor frente à força ortodôntica. Verificou-se que, na escala de dor utilizada, o maior
valor do grupo irradiado foi de 3.30, comparado com 7.25 no grupo controle (sem
aplicação de laser) e 8.55 no grupo placebo (aplicação simulada de laser). Os
autores concluíram que analgésicos ainda são as principais opções para se reduzir a
dor advinda de força ortodôntica, porém deve-se ter cuidado com as ações
farmacológicas de cada medicamento assim como seus efeitos colaterais. Sendo
assim, abordagens mais seguras como aplicação de LBI têm chamado atenção dos
pesquisadores, precisando de mais estudos para avaliar sua eficácia.
2.4 EFEITOS SISTÊMICOS DO LASER DE BAIXA INTENSIDADE
Foram avaliados, em 2003, os efeitos sistêmicos da aplicação local de Laser de
Baixa Intensidade por SANDOVAL-ORTIZ et al.31. Em 36 coelhos, foram injetados
0,2 ml de Terebinthina commun (Tc) para induzir a inflamação na cavidade articular
dos joelhos direitos. Os animais foram divididos em 3 grupos com 12 animais cada,
sendo: a) Grupo Experimental Agudo (GEA) – dois dias após a injeção de Tc,
aplicou-se o laser em regime diário. Este grupo foi dividido em dois subgrupos em
que um subgrupo (n=6) recebeu 3,4J/cm2 (GEA1), enquanto o outro (n=6), 8,0J/cm2
(GEA2). Todos os animais deste grupo foram sacrificados decorridos 10 dias; b)
Grupo Experimental Crônico (GEC) – receberam a mesma densidade de energia do
GEA, porém a aplicação iniciou-se após cinco dias, sendo sacrificados depois de 13
dias; c) Grupo Controle – receberam apenas a injeção de Tc, sendo dividido em dois
subgrupos com 6 animais em cada, em que um subgrupo foi sacrificado após 10
dias e o outro, após 13 dias. Além disto, 30 animais foram considerados Grupo
Padrão (N), não sofrendo nenhuma lesão ou tratamento com laser, servindo apenas
de referência para os valores de proteínas séricas. Os grupos experimentais
______________________________________________________________Revisão de Literatura 40
receberam LBI em sete sessões, uma a cada 24 horas nas partes mediais e laterais
dos joelhos direitos dos animais. Foi utilizado o laser diodo de AsGaAl, com
comprimento de onda de 830nm, 77mW de potência e densidade de potência de
27,5W/cm2. Foram avaliados os valores da proteína total, incluindo os da albumina,
α-globulina, β-globulina e γ-globulina, sendo o sangue coletado no momento do
sacrifício dos animais. A amostra foi centrifugada e submetida a processo de
eletroforese. Os autores verificaram que tanto a albumina quanto a α-globulina e β-
globulina apresentaram diferenças estatisticamente significantes entre todos os
grupos experimentais quando comparadas ao grupo normal, e que a γ-globulina só
apresentou diferença significativa entre o grupo normal e o GEC. Sendo assim,
concluíram que apesar da aplicação terapêutica local, o LBI mostrou gerar
alterações sistêmicas nos níveis de proteínas séricas.
RODRIGO et al.30, em 2009, avaliaram os efeitos sistêmicos do Laser de
Baixa Intensidade vermelho e infravermelho na cicatrização de feridas em ratos. A
amostra constou de 36 animais submetidos a três perfurações nas costas de 1 cm
de diâmetro e 1 mm de profundidade seguindo-se a linha da coluna vertebral,
distribuídas da seguinte forma: uma próxima à cabeça, outra a aproximadamente
sete centímetros da primeira no sentido caudal e a terceira, mais sete centímetros
para caudal. Os ratos foram divididos em quatro grupos com nove animais em cada
de acordo com o protocolo de aplicação do laser, sendo: Grupo I – controle, sem
aplicação de laser; Grupo II – aplicação de laser infravermelho, AsGaAl,
comprimento de onda 830nm, potência de 20mW e fluência de energia de 20J;
Grupo III – aplicação de laser vermelho, PAlGaIn (Fosfato de Alumínio Gálio e Índio),
com comprimento de onda 685nm, potência de 30mW e fluência de energia de 20J;
Grupo IV – aplicação de laser infravermelho seguido do vermelho, com as mesmas
características dos grupos II e III, porém com 10J de fluência de energia em cada
comprimento de onda para totalizar os mesmos 20J utilizados nos outros grupos
experimentais. Três animais de cada grupo foram sacrificados nos dias 3, 5 e 7 e
encaminhados para exames histológicos para avaliar a cicatrização das feridas.
Verificou-se que os grupos com aplicação de laser vermelho ou combinação de
ambos apresentaram melhor cicatrização, especialmente no dia 7. As feridas
intermediárias foram as que obtiveram melhores resultados, ficando as piores
médias para as feridas que receberam aplicação direta do LBI. Os autores
______________________________________________________________Revisão de Literatura 41
concluíram que houveram efeitos sistêmicos positivos do laser, visto que houve
melhora da cicatrização das feridas que não receberam aplicação direta do laser nos
animais que receberam irradiação.
2.5 OUTROS EFEITOS DO LASER DE BAIXA INTENSIDADE
GARCIA et al.13, em um estudo prospectivo realizado em 2000 avaliaram a
influência do número de aplicações de LBI na bioestimulação sobre a reparação de
feridas de extração dentária do incisivo superior direito em 64 ratos por meio de
estudo histológico. Os animais foram divididos em quatro grupos com 16 animais,
sendo: Grupo I – controle; Grupo II – aplicação de LBI imediatamente após a
extração dentária; Grupo III – aplicação de LBI após extração e 24 horas após
primeira aplicação; Grupo IV - aplicação de LBI após extração, 24 e 48 horas após
primeira aplicação. Utilizou-se laser de AsGa, com comprimento de onda de 904nm,
potência de 2mW, três minutos de aplicação totalizando 0,36J/cm2, sendo aplicado
diretamente sobre a mucosa alveolar vestibular na altura da porção média do
alvéolo. Os animais de cada grupo foram sacrificados nos dias 3, 7, 14 e 21 e
encaminhados para análise histológica. Foi verificada uma maior e mais rápida
organização do coágulo sanguíneo, intensa proliferação fibroblástica, formação
óssea mais precoce além do fechamento mais rápido da ferida nos grupos
irradiados, sendo que, quanto maior o número de aplicações de laser, mais
acelerado foi o processo de reparação alveolar. Os autores concluíram que a
utilização do LBI estimula a cicatrização e neoformação óssea, não apresentando
efeitos indesejáveis.
COOMBE et al.8, em 2001, avaliaram os efeitos da irradiação a laser com
comprimento de onda de 830nm, potência de 90mW e níveis de energia de 0,3, 0,5,
1, 2 e 4J em uma linha celular com propriedades de células osteoblásticas (SAOS-
2). Foi utilizada uma única aplicação diária durante dez dias nos grupos
______________________________________________________________Revisão de Literatura 42
experimentais, sendo um grupo considerado controle, não recebendo aplicação do
laser. Os autores controlaram a viabilidade da aplicação do laser em cada grupo
experimental por meio da contagem do número celular em comparação com o grupo
controle, não obtendo resultados positivos da aplicação do LBI em relação à
proliferação celular de SAOS-2. A irradiação também não promoveu alteração na
expressão de proteína ou atividade de fosfatase alcalina. A única resposta positiva
com a aplicação do laser foi em relação ao aumento de cálcio intracelular com
energia total de 1, 2 e 4 Joules. Os autores concluíram que a utilização do Laser de
Baixa Intensidade na dosimetria empregada não foi capaz de induzir efeitos
positivos nas células da linha SAOS-2, e que outros estudos devem ser realizados
com diferentes culturas celulares para especificar melhor os efeitos da utilização do
Laser de Baixa Intensidade.
KREISLER et al.20, em 2003, avaliaram a capacidade do Laser de Baixa
Intensidade em acelerar a proliferação de fibroblastos do ligamento periodontal de
terceiros molares inferiores extraídos. As raízes foram cortadas e mantidas em
meios de cultura em placas de Petri para proliferação celular. Uma solução com
concentração de 1,5x104 células por mililitro foi preparada, e utilizou-se 0,2ml em
cada uma das 96 placas de cultura celular. A proliferação celular foi avaliada por
meio do teste do azul de Alamar que mede a atividade metabólica por meio da
incorporação de cor e fluorescência. As células absorvem o indicador de redução-
oxidação e fluorescem, mudando de cor por reação química. Utilizou-se neste
estudo o laser de AsGaAl com comprimento de onda de 809nm, potência de 10mW
durante 75, 150 e 300 segundos, o que gerou uma densidade de energia de 1,96,
3,92 e 7,84J/cm2 respectivamente. Após a aplicação do laser, foram adicionados
0,02 ml do indicador em cada placa, que foram incubadas a 37°C. A taxa de
proliferação foi avaliada após 24, 48 e 72 horas, sendo comparadas com as placas
que não receberam laser. Os autores concluíram que, em relação aos efeitos
celulares não houveram diferenças entre as dosimetrias do LBI aplicadas (1,96 –
7,84 J/cm2). Contudo, quando estas culturas foram comparadas aos grupos controle,
estas apresentaram maior atividade celular, com diferenças estatisticamente
significantes nos dias 1 e 2 e um leve decréscimo no dia 3.
Foi avaliado em 2003, por NICOLAU et al.26, o efeito da aplicação de LBI na
estrutura óssea e na atividade celular em 48 ratos que tiveram o fêmur direito
______________________________________________________________Revisão de Literatura 43
perfurado. Em 24 ratos foi aplicado o laser de AsGaAl, com comprimento de onda
660nm, potência de 0,005W e densidade de energia 10J/cm2, nos dias 2, 4, 6 e 8
após a cirurgia. Os outros 24 ratos não receberam o laser, sendo considerados
controle. Os animais foram sacrificados nos dias 5, 15 e 25, tendo o fêmur dissecado
e seccionado longitudinalmente. O volume ósseo, a espessura, separação e número
do trabeculado se comportaram de forma similar, tendendo a coincidir no dia 25;
porém o volume ósseo era significantemente maior no dia 5 no grupo irradiado. Além
disso, a superfície de osteoblastos no dia 15 foi estatisticamente maior no grupo
irradiado, assim como o volume de matriz osteóide no dia 25. Entre os dias 5 e 25,
no grupo controle, houve uma queda da espessura de matriz osteóide, mas que não
alcançou níveis estatísticos no grupo tratado. Entre os dias 15 e 25, a taxa de
deposição mineral caiu significantemente em ambos os grupos, apesar de o grupo
irradiado apresentar esta taxa mais alta. Nos dias 5 e 25, houve uma maior
proliferação de osteoclastos no grupo irradiado em relação ao grupo controle, além
do fato de o grupo tratado apresentar uma erosão maior no 25° dia. Os autores
creditam este comportamento dos osteoclastos ao comprimento de onda utilizado,
que influenciaria diretamente a neoformação destes, além do fato de que a produção
de osteoclastos influenciar a posterior atividade de osteoblastos e vice-versa. Os
autores concluíram que o LBI aumentou a proliferação celular, principalmente de
osteoclastos no osso injuriado, sem, entretanto, alterar a arquitetura do osso e sua
estrutura. O LBI usado no período inflamatório de reparação óssea aumentou a
atividade celular de formação e reabsorção ósseas.
PRETEL et al.28, num estudo realizado em 2007, avaliaram os efeitos do
Laser de Baixa Intensidade na cicatrização de feridas realizadas em mandíbulas de
ratos. Foram utilizados 30 animais divididos em dois grupos, sendo um grupo
controle e um grupo experimental em que foi utilizado o laser de AsGaAl, com
comprimento de onda 780nm, potência de 50mW aplicado por 40 segundos
diretamente sobre a ferida. Todos os animais se submeteram a uma perfuração na
base da mandíbula, tendo sido afastados o tecido epitelial e o periósteo e a ferida
realizada com broca cilíndrica. No grupo controle, a ferida foi imediatamente
suturada; no grupo experimental, antes da sutura foi realizada a aplicação do LBI.
Cinco animais de cada grupo foram sacrificados nos dias 15, 45 e 60 e
encaminhados para análise histomorfológica, avaliando a taxa de inflamação,
______________________________________________________________Revisão de Literatura 44
formação e qualidade do tecido ósseo e a taxa de maturação de colágeno. Os
autores encontraram, no grupo controle, a formação de um tecido fibroso ao redor
da perfuração óssea no dia 15. No dia 45, uma cápsula fibrótica preenchia a área da
ferida e no dia 60, houve uma reparação total da ferida, porém, com uma área de
descontinuidade entre a ferida e o tecido adjacente. Já no grupo experimental, com
15 dias houve preenchimento de tecido mole na lesão. No dia 45, já havia formação
de tecido ósseo vascularizado, e, no dia 60, verificou-se total cicatrização, com
tecido ósseo bastante vascularizado na região da lesão, com íntimo contato com o
tecido adjacente. Os autores concluíram que a aplicação do LBI na dosimetria
utilizada foi eficaz para acelerar a cicatrização óssea por meio da instalação de um
processo inflamatório antecipado.
2.6 DIGITALIZAÇÃO DE MODELOS DE GESSO
De acordo com BAUMRIND et al.4, num estudo realizado em 2003, várias são
as vantagens da digitalização de modelos de gesso, exaltando a facilidade de
armazenamento, diferente dos modelos originais, a possibilidade de transmissão de
dados à distância, facilitando a integração entre ortodontistas além da simplicidade
nas mensurações dos modelos 3D. Os autores citam empresas que já implantaram
com sucesso a utilização desta tecnologia, destacando a InvisalignTM (Align
Technology, Inc., Santa Clara, CA). Além disso, os autores advertem ainda sobre as
vantagens da utilização da digitalização dos modelos frente ao uso de tomografias
computadorizadas no que diz respeito à quantidade de radiação imposta por este
último método.
BELL e AYOUB5 avaliaram a acurácia da digitalização de modelos de gesso
para facilitar o armazenamento dos mesmos em um estudo realizado em 2003.
Foram analisados 22 modelos de gesso, sendo que medidas foram realizadas tanto
manualmente como digitalmente nestes modelos. A digitalização ocorreu por meio
______________________________________________________________Revisão de Literatura 45
da técnica bioestereométrica, em que duas câmeras de vídeo conectadas a um
computador capturam imagens dos modelos e as reproduzem. As imagens são
então acessadas por meio do software C3D-builder. Para verificar a fidelidade dos
modelos digitalizados, seis pontos foram marcados em cada modelo e a distância
entre estes pontos foi mensurada tanto nos modelos de gesso como nos modelos
3D. Verificou-se que as distâncias entre os pontos não apresentaram diferença
estatisticamente significante entre os modelos de gesso e os modelos digitalizados,
concluindo que os modelos 3D podem ser utilizados para arquivamento, assim como
para realização de pesquisas.
Para verificar a fidelidade da digitalização de imagens obtidas a partir de
modelos de gesso, DELONG et al.10, em 2003 realizaram uma comparação das
medidas entre os modelos digitalizados e modelos que simulavam arcos dentários
com medidas previamente conhecidas. Os modelos que simulavam os arcos
dentários eram compostos por uma base de metal e sete esferas metálicas
distribuídas sobre esta base. Foi feita uma moldagem destes modelos, e os modelos
de gesso obtidos a partir dos iniciais, foram digitalizados com o escâner Comet 100
optical. A acurácia foi avaliada por meio das diferenças absolutas entre os modelos
computadorizados e os modelos iniciais. Os modelos digitalizados foram
mensurados utilizando-se o software VDP. Os autores verificaram grande
reprodutibilidade dos modelos 3D, e concluíram que modelos de gesso podem ser
reproduzidos com equivalência por meio de modelos digitalizados.
ASQUIT et al.3 avaliaram a precisão na reprodutibilidade da digitalização de
modelos de gesso ortodônticos em um estudo realizado em 2007. Foram utilizados
dez pares de modelos de estudo com má oclusão de Classe I, II ou III e presença de
todos os dentes permanentes pelo menos até os primeiros molares, devendo
apresentar nitidez na visualização de todos os dentes. Os parâmetros utilizados para
comparação foram: diâmetro mesiodistal da coroa, largura intercaninos e
intermolares, comprimento do arco, overjet e comprimento da coroa dos incisivos.
Os modelos de gesso foram então digitalizados, primeiro em oclusão e depois
separadamente, com o escâner The Arius 3D. Dois examinadores avaliaram os
modelos de gesso e os modelos digitalizados, independentemente e em tempos
diferentes, com intervalo mínimo de 30 dias. Os modelos de gesso foram
mensurados com paquímetro digital Mitutoyo e os modelos 3D foram acessados e
______________________________________________________________Revisão de Literatura 46
mensurados por meio do Software Pointscream. Os resultados demonstraram que
houve fidelidade na marcação das medidas entre os modelos de gesso e os
modelos digitalizados. Os autores concluíram que há fidelidade na marcação de
medidas em modelos de gessos digitalizados, podendo ser utilizados para se evitar
o armazenamento de modelos de gesso.
Outro estudo realizado em 2008 por REDLICH et al.29 avaliou a confiabilidade
na reprodução de modelos digitalizados utilizando planos sobre as imagens 3D por
meio de um software (Teledent) desenvolvido especialmente para este estudo.
Foram selecionados 39 modelos de gesso e divididos em três grupos, de acordo
com a severidade do apinhamento dentário. Foram analisadas as larguras mésio
distais dos dentes, assim como o comprimento dos arcos dentários. Os modelos de
gesso foram digitalizados utilizando-se um escâner com senso holográfico
“ConoProbe”. Foram utilizadas duas formas de mensuração dos modelos digitais,
uma delas linear, onde traçou-se uma linha da porção oclusal dos dentes
posteriores, passando pela porção mais vestibular dos dentes anteriores; e a outra
por meio de dois planos paralelos inseridos perpendicularmente aos modelos,
facilitando a mensuração da largura das coroas dos dentes. Os resultados
mostraram que a mensuração dos modelos por meio de planos paralelos foi muito
próxima às medidas obtidas manualmente, diretamente sobre os modelos de gesso.
A mensuração de forma linear dos modelos 3D, apesar de ter se mostrado um
pouco diferente das medidas originais, também mostrou-se estatisticamente eficaz.
Os autores concluíram que as duas formas foram eficientes e precisos na
reprodutibilidade de modelos de gesso.
SJOGREN, LINDGREN e HUGGARE33 avaliaram a acurácia da
reprodutibilidade de modelos de gesso digitalizados em medidas angulares, que não
haviam sido avaliadas anteriormente n um estudo realizado em 2010. Utilizaram 20
modelos de gesso na dentição mista e avaliaram, além da angulação das coroas,
rotação e irregularidades dos incisivos, largura dos arcos dentários, circunferência
dos arcos, overjet e overbite. Os modelos de gesso foram digitalizados utilizando-se
o programa ORTOLAB (ORTOLAB Sp. z.o.o.-ul. Krotka 29/31-42–200 Czestochowa,
Poland) e avaliados por meio do software O3DM (O3DM Thunoegade 1, 8000
Aarhus C, Denmark). Dois examinadores obtiveram as medidas nos modelos de
gesso e nos modelos 3D. A técnica convencional resultou em menores diferenças
______________________________________________________________Revisão de Literatura 47
nas medidas intraexaminadores em comparação às medidas digitais. Variáveis
lineares, com exceção da sobremordida, apresentaram uma tendência clara às
diferenças de reprodutibilidade entre os dois métodos, assim como as medidas
angulares. Os autores concluíram que a digitalização de modelos não é confiável em
trabalhos científicos, mas podem ser utilizados clinicamente.
Proposição