Abaixo as ditaduras

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A vida brasiliana e seus costumes que endurecem a liberdade!

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Parte 1 –

Uma dura verdade

No mês de junho de 2013, por ocasião

da Copa das Confederações, uma

onda de cidadania até então desconhecida

tomou conta das ruas do Brasil.

Multidões se mobilizaram de forma espontânea e pacífica

para protestar contra os desmandos da Fifa e todo o desperdício de

dinheiro público com um evento particular,

em detrimento a investimentos na área

da saúde, educação, transporte público...

Foram os jovens, como sempre, os principais

protagonistas, sendo rapidamente

acompanhados e apoiados

por todas as demais faixas etárias.

Enquanto o país inteiro, em uníssono, reivindicava melhorias

sociais e o fim do desperdício de recursos

públicos,

a Rede Globo seguia, de jatinho particular, a seleção, preocupada

com os bilionários ganhos publicitários decorrentes do

evento.

Diante de tamanha indiferença social, não tardou para que a onda de

protestos e o grito dos manifestantes

acabassem por envolver também

a emissora.

Em agosto de 2013, em resposta aos acalorados protestos envolvendo o nome

da emissora, as Organizações Globo

divulgaram um comunicado, – publicado no

jornal

impresso, no portal da

emissora, e lido em forma

de editorial no Jornal Nacional.O texto se inicia

da seguinte forma:...

No entanto, o editorial já começa com uma ligeira

(porém determinante) distorção dos fatos, –

maquiados em conformidade com os interesses da emissora.

O tempo verbal utilizado prioritariamente pelos manifestantes não foi o tempo

passado (“apoiou”),mas sim o tempo presente (“apoia”).

A verdade quando distorcida em interesse próprio

não passa de uma meia verdade, uma quase mentira.

No mês de abril de 2014, o escritor Eduardo

Galeano participou da 2ª Bienal do Livro e da Leitura, em Brasília.

O evento, como de costume, foi

completamente ignorado pelas emissoras de TV

aberta, que jamais fizeram algo pela

promoção do livro ou da leitura.

Durante a Bienal, o escritor uruguaio repetiu

solenemente e com veemência:

“As ditaduras não são só militares.”

“As ditaduras não são

só militares.” Eduardo Galeano

Temos que estar atentos, pois existem outras formas de ditadura,

igualmente perversas, igualmente sádicas,

cruéis.

“Os empresários poderosos,

os políticos, a Fifa –representam atuais formas de ditadura.”

“As ditaduras não são

só militares.” Eduardo Galeano

O regime militar vigorou no Brasil

do dia

31 de março de 1964

a 15 de janeiro de 1985.

21 anos de repressão,

– os “anos de chumbo”,

de arbitrariedades, e de cerceamento

das liberdadesfundamentais.

Centenas de encarcerados, torturados, mortos e desaparecidos.

A ditadura militar é um mal superado.

Porém, diversas outras formas de ditadura ainda vigoram no Brasil.

Ditaduras igualmente sádicas, cruéis e

desumanas.

A ditadura da mediocridade,

da futilidade,

da mercantilização

do existir,

da indução ao desespero

consumista.

A ditadura dos anúncios de

cerveja, tintura para cabelo, carro

e celular.

24 horas por dia, 07 dias da semana.

E diante de tanto apelo consumista, a vida vai se tornando fútil, vazia, pequena, sem encanto,

nem sentido.

Quanta vida há numa existência centrada em carro, celular, cabelo e

cerveja?

Quanta vida há numa existência pobre em arte, poesia, cultura,

reflexão, encantamento, ternura?

O caloroso sorriso do anunciante, associando a felicidade a um carro

zero, à embriaguez alcoólica,

etc.

A cruel hipervalorização

do ter em detrimento do ser.

Nestes tempos de artimanha, ardil, ilusão e

engodo,como podemos proteger

e fortalecer a nossa interioridade?

“As ditaduras não são só militares.”

Eduardo Galeano

Parte 2 –

Uma utopia necessária

“No fundo de cada utopia,não há somente um sonho;mas também um protesto.”

Oswald de Andrade

“Uma democracia sem uma vida espiritual

se converte em uma selva em queos lobos comem todos os

cordeiros;E, para que a

cobiça e a ambição

material não regulem a

vida, é preciso alimentar a vida espiritual.”

Mario Vargas Llosa

Se conseguirmos aproveitar o período da Copa para começarmos a nos libertar dos jugos da ditadura da

mediocridade, da mercantilização do existir, os 30 bilhões gastos do dinheiro público com o torneio não terão sido de

todo em vão.

Abaixo a ditadura da Fifa.Abaixo a ditadura da Rede Globo.Abaixo a ditadura de uma classe

política desvinculada e indiferente às mais básicas necessidades da

população.

Abaixo a ditadura do ter sobrepujando o ser.

Abaixo a ditadura dos detentores de poder

que se dobram moralmente à lógica do mercado.

Abaixo a todas as formas de ditadura que ferem, machucam, sufocam,

oprimem.

De modo que possamos dar vez ao amor,

que transborda a lógica, e a subverte.

É preciso superar

o cinza e as cores

desbotadas da ditadura,

da tirania que reduz

a existência à futilidade,

ao individualismo

e ao consumismo.

É preciso fazer frente à cruel

mercantilização do existir.

Sonhar com a utopia de

novas cores, novos olhares,

novos horizontes.

É preciso ampliar

o horizonte da visão com

novas cores,– contribuir com a nossa parcela

de

esforços para a construção de uma nova sociedade,

um novo mundo, onde o bom, o belo e o verdadeiro são cultivados e

valorizados.

Betinho, Gandhi, Martin Luther King e tantos outros líderes humanitários

diziam que sem a mobilização pacífica das

multidões nenhuma mudança relevante será

alcançada.

As mudanças no Brasil uma hora terão que

começar;Por que não agora?(amanhã poderá ser

deveras tarde)

Somente por meio da união

de força e esforços poderemos fazer frente às

diversas formas de ditadura dos tempos

presentes.

Nunca fomos

tão brasileiro

s.Formatação: compaixao_cidadania@hotmail.

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