Post on 27-Dec-2018
Adriana Del Monaco De Maria
Estudo do revestimento de modelos de stents coronários
biorreabsorvíveis de PLLA com PLDLA/PLGA e ácido
hialurônico.
Tese apresentada ao Instituto Dante
Pazzanese de Cardiologia – Entidade
Associada à Universidade de São
Paulo, para obtenção do título de
Doutor em Ciências:
Programa de Medicina/Tecnologia e
Intervenção em Cardiologia
Orientador:
Prof. Dr. Aron José Pazin de Andrade
Versão corrigida. Resolução CoPGr 6018/11, de 01 de novembro de 2011. A
versão original está disponível na biblioteca do IDPC.
São Paulo 2017
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Preparada pela Biblioteca do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia
©reprodução autorizada pelo autor
Del Monaco, Adriana De Maria Estudo do revestimento de modelos de stents coronários biorreabsorvíveis
de PLLA com PLDLA/PLGA e ácido hialurônico / Adriana De Maria Del Monaco.
Tese(doutorado)--Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia Universidade
de São Paulo Área de Concentração: Medicina, Tecnologia e Intervenção em
Cardiologia
Orientador: Prof. Dr. Aron José Pazin de Andrade
Descritores: 1. Biopolímeros. 2. Stents Farmacológicos. 3. Implantes
Absorvíveis. 4. Materiais biocompatíveis.
USP/IDPC/Biblioteca/073/17
Descritores: 1. Biopolímeros. 2. Stents Farmacológicos. 3. Implantes
Absorvíveis. 4. Materiais biocompatíveis.
DEDICATÓRIA:
Dedico aos meus queridos pais, familiares e amigos.
AGRADECIMENTOS
Meus sinceros agradecimentos,
Aos meus professores, pelo auxílio em momentos muito
importantes do nosso trabalho, pelas ideias, pela atenção, pelo carinho, pelas
conversas, pela paciência e pelo exemplo de formação e de vida, Profa. Sônia
Malmonge e Prof. Aron Andrade pela orientação e melhores conselhos. À
Profa. Eliana Duek, Prof. Rodrigo Cunha, Prof. Everaldo Venâncio, Prof. José
Carlos Moreira, Prof. Dr. Mario Hirata, à Química Cristina, aos técnicos, Wilson,
Marília, Arnaldo, Robson, às secretárias Janeide, Patrícia e Valquíria pela
ajuda e pela paciência.
Aos meus pais, Isabel e Magno por tudo o que fizeram por mim até hoje
e pelo amor incondicional, ao meu irmão Rodrigo, pelo exemplo de força,
dedicação e foco e pelo carinho, companhia e amor, ao meu namorado Gabriel
e às minhas irmãs de coração Carolina, Lais, Lívia, Thainara e Sara, pelo
apoio, força, carinho, amizade e paciência, e a toda a minha família pelo apoio
em todos os momentos.
Aos meus colegas, do laboratório e da faculdade, aos amigos do CEAC,
Rosa, Bruno, Edir, Evandro, Jeison, Pérsio, Gustavo, e da BMEB, Bruno,
Fernando, Claudia e Alencar, e aos meus queridos alunos, que tornaram o meu
dia a dia muito mais agradável e alegre, além de ser a melhor companhia
possível dentro desta rotina que vivemos. Muito obrigada pelo apoio, pelo
carinho e pela paciência de todos.
“A mente que se abre a uma nova ideia
jamais voltará ao seu tamanho original.”
(Albert Einstein, 1879-1955)
“Se, a princípio, a ideia não é absurda,
então não há esperança para ela.”
(Albert Einstein, 1879-1955)
NORMALIZAÇÃO ADOTADA
Esta tese está de acordo com as seguintes normas, em vigor no momento
desta publicação.
Universidade de São Paulo. Faculdade de Medicina. Divisão de Biblioteca e
Documentação. Guia de apresentação de dissertações, teses e monografias.
Elaborado por Anneliese Carneiro da Cunha, Maria Julia de A. L. Freddi, Maria
F. Crestana, Marinalva de Souza Aragão, Suely Campos Cardoso, Valéria
Vilhena. 3a ed. São Paulo: Divisão de Biblioteca e Documentação; 2011.
Abreviaturas dos títulos dos periódicos: List of Journals Indexed in Index
Medicus.
Referências: adaptado de International committe of Medical Journals Editors
(Vancouver).
SUMÁRIO
Lista de Figuras
Lista de Tabelas
Lista de Símbolos
Lista de Siglas
Resumo
Abstract
1. INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA................................................................ 1
1.1 A Doença Arterial Coronariana.............................................................. 1
1.2 A Angioplastia e o implante de stents................................................... 3
1.3 Biomateriais empregados na fabricação de stents.............................. 9
1.4 Biomateriais empregados no revestimento de stents......................... 13
1.5 A matriz extracelular e o ácido hialurônico.......................................... 14
1.6 PLDLA e PLGA com imobilização de ácido hialurônico...................... 17
1.7 Esterilização............................................................................................. 19
2. OBJETIVOS................................................................................................... 22
2.1 Objetivo Geral.......................................................................................... 22
2.2 Objetivos Específicos............................................................................. 22
3. MATERIAIS E METODOLOGIA.................................................................... 23
3.1 Materiais e equipamentos........................................................................ 23
3.2 Metodologia............................................................................................... 24
3.2.1 Elaboração dos filmes........................................................................... 25
3.2.2 Desenvolvimento do revestimento: Enxertia do HA em matrizes
de PLGA e PLDLA e confirmação do processo.............................................
26
3.2.3 Caracterização dos biomateriais........................................................ 28
3.2.3.1 Microestrutura e características superficiais.................................. 28
3.2.3.2 Avaliação das propriedades térmicas............................................ 29
3.2.3.3 Avaliação das propriedades mecânicas........................................ 30
3.2.3.4 Caracterização para confirmação da enxertia de HA e HAADH..... 32
3.2.4 Preparo dos modelos: tubos e placas de PLLA.............................. 33
3.2.5 Revestimento dos modelos: tubos e placas de PLLA...................... 33
3.2.6 Esterilização........................................................................................ 34
3.2.7 Análise estatística................................................................................. 36
4. RESULTADOS............................................................................................. 37
4.1 Caracterização dos filmes de PLLA, PLDLA e PLGA............................ 37
4.1.1 Microestrutura e características superficiais..................................... 37
4.1.2 Propriedades térmicas.......................................................................... 43
4.1.3 Propriedades mecânicas...................................................................... 55
4.1.4 Confirmação da enxertia de HA: Intumescimento e molhabilidade. 59
5. DISCUSSÃO.................................................................................................. 69
5.1 Caracterização e propriedades.............................................................. 67
5.2 Esterilização.............................................................................................. 72
5.3 Confirmação da incorporação de HA..................................................... 73
5.4 Considerações finais............................................................................... 77
6. CONCLUSÕES.............................................................................................. 79
ANEXO A - Gráficos dos resultados dos ensaios de tensão x
deformação sob tração....................................................................................
81
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.............................................................. 87
LISTA DE FIGURAS
Página
Figura 1: Estrutura química do PLLA; B) PLDLA e C) PLGA (Motta,
2006 e 2007; Martins, 2014).
10
Figura 2: Reação de policondensação do PLLA, a partir do dímero
cíclico do ácido lático, com Sn(Oct)2 como catalisador (Motta e Duek,
2006).
12
Figura 3: Estrutura química do ácido hialurônico (Tzellos et al., 2009).
16
Figura 4: Fluxograma das etapas de desenvolvimento do projeto. 25
Figura 5: Corpos de prova empregados no ensaio de tensão x
deformação sob tração: A) PLLA; B) PLGA e C) PLDLA (Onde: NE: não
esterilizado, UV: esterilizado por ultravioleta e PL: esterilizado por
Plasma).
31
Figura 6: Imagens das superfícies dos filmes obtidas por microscopia
óptica por luz transmitida (aumento 200x): A) PLLA superfície ar; B)
PLLA superfície vidro; C) PLLA superfície ar esterilizada por UV; D)
PLLA superfície vidro esterilizada por UV; E) PLLA superfície ar
esterilizada por Plasma e F) PLLA superfície vidro esterilizada por
Plasma.
39
Figura 7: Imagens das superfícies dos filmes obtidas por microscopia
óptica por luz transmitida (aumento 200x): A) PLDLA superfície ar; B)
PLDLA superfície vidro; C) PLDLA superfície ar esterilizada por UV; D)
PLDLA superfície vidro esterilizada por UV; E) PLDLA superfície ar
esterilizada por Plasma; F) PLDLA superfície vidro esterilizada por
plasma; G) PLDLA-HA e H) PLDLA-HAADH.
40
Figura 8: Imagens das superfícies dos filmes obtidas por microscopia
óptica por luz transmitida (aumento 200x): A) PLGA superfície ar; B)
PLGA superfície vidro; C) PLGA superfície ar esterilizada por UV; D)
PLGA superfície vidro esterilizada por UV; E) PLGA superfície ar
esterilizada por plasma; F) PLGA superfície vidro esterilizada por
plasma; G) PLGA-HA e H) PLGA-HAADH.
41
Figura 9: Análises obtidas por espectroscopia FTIR para as amostras
apresentadas na legenda.
42
Figura 10: Curvas de TGA para PLLA sem esterilização, PLLA com
esterilização por UV e PLLA com esterilização por plasma.
44
Figura 11: Curvas de TGA para PLDLA sem esterilização, PLDLA com
esterilização por UV e PLDLA com esterilização por plasma.
45
Figura 12: Curvas de TGA para PLGA sem esterilização, PLGA com 46
esterilização por UV e PLGA com esterilização por plasma.
Figura 13: Curvas de TGA: A) PLDLA controle. B) PLDLA com HA. C)
PLDLA com HA e ADH.
47
Figura 14: Curvas de TGA: A) PLGA controle. B) PLGA com HA. C)
PLGA com HA e ADH.
48
Figura 15: Curvas de DSC para PLLA sem esterilização, PLLA com
esterilização por UV e PLLA com esterilização por plasma.
50
Figura 16: Curvas de DSC para PLDLA sem esterilização, PLDLA com
esterilização por UV e PLDLA com esterilização por plasma.
51
Figura 17: Curvas de DSC para PLGA sem esterilização, PLGA com
esterilização por UV e PLGA com esterilização por plasma.
52
Figura 18: Curvas DSC: A) PLDLA com HA. B) PLDLA com HA e ADH. 53
Figura 19: Curvas DSC: A) PLGA com HA. B) PLGA com HA e ADH. 54
Figura 20: Gráfico do ensaio de tensão x deformação sob tração:
Módulo elástico.
56
Figura 21: Gráfico do ensaio de tensão x deformação sob tração: 56
Tensão na ruptura.
Figura 22: Gráfico do ensaio de tensão x deformação sob tração:
Deformação na ruptura.
57
Figura 23: Gráfico do ensaio de tensão x deformação sob tração:
Tensão no escoamento.
57
Figura 24: Gráfico do ensaio de tensão x deformação sob tração:
Deformação no escoamento.
58
Figura 25: Valores de dureza Shore A dos polímeros PLLA, PLDLA e
PLGA antes e após a esterilização por UV e Plasma.
59
Figura 26: Intumescimento: Valores de % de intumescimento das
amostras em água em função do tempo.
60
Figura 27: Intumescimento: Fotografia dos corpos de prova utilizados
no ensaio, no tempo de 3 dias. A) PLGA controle; B) PLGA-HA C)
PLGA-HAADH D) PLDLA controle E) PLDLA-HA F) PLDLA-HAADH.
60
Figura 28: Intumescimento: Microscopia óptica dos corpos de prova
utilizados no ensaio, no tempo de 3 dias (aumento 200x). A) PLGA
controle; B) PLGA-HA C) PLGA-HAADH D) PLDLA controle E) PLDLA-
HA F) PLDLA-HAADH.
61
Figura 29: Valores médios dos ângulos de contato entre gotícula de
água e superfície ar dos polímeros PLLA, PLDLA e PLGA, antes e após
esterilização, por UV e Plasma.
63
Figura 30: Valores médios dos ângulos de contato entre gotícula de
água e superfície vidro dos polímeros PLLA, PLDLA e PLGA, antes e
após esterilização, por UV e Plasma.
63
Figura 31: Valores médios dos ângulos de contato entre gotícula de
água e superfície ar e vidro dos polímeros PLGA, PLGA-HA e PLGA-
HAADH.
64
Figura 32: Valores médios dos ângulos de contato entre gotícula de
água e superfície ar e vidro dos polímeros PLDLA, PLDLA-HA e
PLDLA-HAADH.
65
Figura 33: Fotografias dos ângulos de contato entre gotícula de água e
superfície vidro dos polímeros A) PLGA controle B) PLGA-HA C) PLDLA
controle D) PLDLA-HA E e F) PLGA-HAADH e G) PLDLA- HAADH.
66
Figura 34: A) Fotografia dos tubos de PLLA antes e após o
revestimento em comparação com um stent coronário comercial
(Cronus® - Scitech); A1) PLLA revestido com PLDLA; A2) stent metálico
Cronus®; A3) PLLA revestido com PLGA; A4) stent metálico Cronus®
68
expandido A5) PLLA sem revestimento; B) Estereomicroscopia com
medidas do tubo de PLLA sem revestimento.
Figura 35: Reações químicas da metodologia elaborada por Park et al.,
2009, para enxertia do HA no PLGA: A) Modificação do HA com ADH B)
Adição de NHS ao PLGA C) Formação do PLGA-HAADH.
76
LISTA DE TABELAS
Página
Tabela 1: Valores de espessura em milímetros dos filmes obtidos por
evaporação de solvente.
38
Tabela 2: Dados obtidos a partir da curva de TGA: Temperaturas de
degradação, para os polímeros estudados e para os polímeros com
enxertia de HA.
49
Tabela 3: Dados obtidos a partir da curva de DSC para os polímeros
estudados e para os polímeros com enxertia de HA.
55
Tabela 4: Valores de espessura em milímetros dos filmes antes e após
o intumescimento.
62
Tabela 5: Valores de espessura, em milímetros, dos filmes, antes e
após o revestimento por dip coating.
67
LISTA DE SÍMBOLOS
%T Transmitância
e Tensão no escoamento
e Deformação no escoamento
r Tensão na ruptura
r Deformação na ruptura
° Graus (ângulo)
°C Graus Celsius (unidade de temperatura)
atm Atmosferas (unidade de pressão)
cm-1 Unidade de comprimento de onda
Da Daltons (unidade de massa atômica)
E Módulo elástico
h Horas (unidade de tempo)
kDa Kilo-Daltons (unidade de massa atômica)
mg Miligrama (unidade de massa)
min Minutos (unidade de tempo)
mL Mililitros (unidade de volume)
mm milímetros
mmHg Milímetros de mercúrio (unidade de pressão)
MPa Mega Pascal (unidade de pressão)
N Newton (unidade de força)
nm Nanômetros (unidade de comprimento)
Pa Pascal (unidade de pressão)
Tc Temperatura de cristalização
Tf Temperatura de fusão
Tg Temperatura de transição vítrea
x por
LISTA DE SIGLAS
AAS Ácido acetilsalicílico
ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas
ADH Dihidrazida adípica
BMS Stent metálico (Bare metal stents)
BVS Stent biorreabsorvível (Bioresorbable vascular scaffold)
CEAC Centro de Engenharia em Assistência Circulatória
CO2 Dióxido de carbono
CPs Corpos de prova
DAC Doença arterial coronariana
DCC N,N-diciclohexil carbodiimida
DES Stent farmacológico (drug eluting stent)
DMSO Dimetilsulfóxido
DNA Acido desoxirribonucléico
DSC Análise térmica diferencial de varredura (Differential
scanning calorimetry)
EDC 1-etil-3-(3-dimetilaminopropil)carbodiimida
EtO Óxido de etileno
FTIR Espectrometria infra-vermelho por transformada de
Fourrier
GAGs Glicosaminoglicanos
H2O2 Peróxido de hidrogênio
HA Ácido hialurônico (hyaluronic acid)
IDPC Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia
ISO Organização Internacional para Normatizações
(International Organization for Standardization)
LB Luria Bertami
LDL Lipoproteínas de baixa densidade (low density
lipoproteins)
MEC Matriz extracelular
MEV Microscopia eletrônica de varredura
MM Massa molecular
MO Microscopia óptica
NE Não esterilizado
NHS N-Hidroxisuccinimida
PBMA Poli(n-butil metacrilato)
PC Poli(fosforilcolina)
PCL Poli(caprolactona)
PEG-NH2 Poli(etilenoglicol)-amida
PEI Poli(etilenoimina)
PEVA Poli(etileno-co-vinilacetato)
PGA Poli(ácido glicólico)
pH Potencial hidrogeniônico
PHBV Poli(hidroxi–butirato–co-valerato)
PLA Poli(ácido lático)
PLDLA Poli(L-D-ácido lático)
PLDLA-HA Poli(L-D-ácido lático)-ácido hialurônico
PLDLA-HAADH Poli(L-D-ácido lático)-ácido hialurônico-ADH
PLDLGA poli(L-D-ácido lático-co-ácido glicólico)
PLGA Poli(ácido lático-co-ácido glicólico)
PLGA-HA Poli(ácido lático-co-ácido glicólico)-ácido hialurônico
PLGA-HAADH Poli(ácido lático-co-ácido glicólico) -ácido hialurônico-
ADH
PLLA Poli(L-ácido lático)
PSIBS Poli(estireno-b-isobutileno-b-estireno)
PUC-SP Pontifícia Universidade Católica de São Paulo
PVDF-HFP Poli(vinilideno fluorido hexafluorpropileno)
PVP Poli(vinilpirrolidona)
SCA Síndrome coronariana aguda
Sn(Oct)2 2-etil-hexanoato de estanho II
TGA Análise termogavimétrica (Termogavimetric analisis)
UFABC Universidade Federal do ABC
UV Ultra violeta
Resumo
Del Monaco, A, D M.: Estudo do revestimento de modelos de stents
coronários biorreabsorvíveis de PLLA com PLDLA/PLGA e ácido
hialurônico. Tese (Doutorado) – Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia,
Universidade de São Paulo, São Paulo, 2017.
A doença arterial coronariana vem sendo a maior causa de mortalidade
no mundo, a angioplastia com implante de stent é uma estratégia importante
nestes casos. Estudos apontam a biodegradabilidade, imobilização de
antiproliferativos e moléculas bioativas nos stents, como características das
futuras gerações destes dispositivos. Dentre estas, o ácido hialurônico contribui
para a diminuição da agregação e proliferação de células entre as camadas da
artéria e o dispositivo implantado. Foram desenvolvidos modelos de stents
coronários biorreabsorvíveis de poli(-L-ácido láctico) (PLLA) com enxertia de
ácido hialurônico (HA) em poli(-ácido lático co-ácido glicólico) (PLGA) e poli(L-
D-ácido lático) (PLDLA). Os modelos foram caracterizados quanto suas
propriedades térmicas, mecânicas e de superfície. O PLDLA e PLGA com
enxertia de HA modificado com dihidrazida adípica (ADH) apresentaram
características de superfície mais hidrofílicas, ideais para material de
revestimento dos dispositivos. Desta forma, este trabalho possibilitou o
desenvolvimento dos modelos físicos biorreabsorvíveis, com dimensões
semelhantes aos stents coronários, feitos de PLLA, revestidos com PLGA e
PLDLA com enxertia de HA e HAADH, e estáveis aos processos de
esterilização por radiação ultravioleta e plasma de peróxido de hidrogênio.
Palavras chave: Biopolímeros, stents biorreabsorvíveis, PLDLA, PLGA, HA.
Abstract
Del Monaco, A D M.: Study of bioresorbable coronary PLLA stents models
coating with PLDLA/PLGA and hialurônic acid. – Dante Pazzanese
Institute of Cardiology, São Paulo University, São Paulo, 2017.
Coronary artery disease has been world´s leading cause of death and
angioplasty stent implantation is an important strategy in these cases. Studies
indicate that the biodegradability, immobilization of antiproliferatives and
bioactive molecules in stents are characteristics of future generations of these
medical devices. Amongst them, hyaluronic acid (HA) contributes to the
decrease of the aggregation and proliferation of cells between artery layers and
implanted device. For this purpose, poly (L-lactic acid) (PLLA) bioresorbable
coronary stents with HA grafting in poly (lactic acid-co-glycolic acid) (PLGA) and
poly (LD- (PLDLA) were developed. The models were characterized as their
thermal, mechanical and surface properties. PLDLA and PLGA with adipic
dihydrazide (ADH) modified HA grafting presented more hydrophilic surface
characteristics, ideal as coating material of this devices. This project allowed the
development of bioresorbable physical models with similar dimensions to
coronary stents, made of PLLA, coated with PLGA and PLDLA with hyaluronic
acid grafting, stable to ultraviolet radiation and plasma sterilization with
hydrogen peroxide processes.
Describers: Polimeric biomaterials, Bioresorbable stents, PLDLA, PLGA, HA
1
1. INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA
1.1 A Doença Arterial Coronariana.
A doença arterial coronariana (DAC) continua sendo a principal causa de
mortalidade no mundo, e no Brasil não é diferente, sendo responsável por
29,4% das mortes por ano em todo país. Estes dados colocam o país entre os
10 com maior taxa de mortalidade devido à DAC. Principalmente nas regiões
mais desenvolvidas, vem sendo registrada uma pequena redução no número
de casos, porém essa redução se deve à adoção de hábitos de vida mais
saudáveis, melhor controle dos fatores de risco e maior conhecimento da
fisiopatologia da doença (Abu-Assi et al., 2015; Gomes, 2016; Lotufo e Lolio,
1994; Mansur et al., 1996; Pyörälä et al., 1994).
A DAC é uma patologia multifatorial e seu perfil inflamatório foi bem
traçado nas últimas décadas, assim como o conhecimento sobre o papel da
inflamação na patogênese da aterosclerose coronariana e nas síndromes
coronarianas estáveis e instáveis. O processo é acompanhado de aumento do
transporte da LDL colesterol, da língua inglesa low density lipoprotein, que são
lipoproteínas de baixa densidade, para a camada íntima arterial, seguindo-se
do acúmulo dessas lipoproteínas, e formação de partículas e micelas
compactas ou vesículas maiores denominadas de lipossomos extracelulares. O
efeito citotóxico das lipoproteínas ocasiona disfunção endotelial, traduzindo-se
em hiperplasia da lâmina basal a qual se destaca do endotélio e, ainda,
proliferação e reorganização da matriz extracelular. Outra consequência do
efeito citotóxico é o estímulo do endotélio para a produção e liberação de
quimiotáticos e moléculas de adesão para leucócitos na superfície endotelial.
2
Assim, este acúmulo de células mononucleares é modulado pelo excesso de
LDL colesterol na região subendotelial, que gera a expressão de marcadores
inflamatórios e de adesão no endotélio vascular. Este ambiente inflamatório
promove migração e proliferação de células musculares lisas e a formação de
tecido fibroso na lesão, que se torna coberta por uma cápsula fibrosa
revestindo o núcleo lipídico e o tecido necrótico (Entman e Ballantine, 1993;
Libby et al., 1996; Morel et al., 1984; Ross, 1999; Simionescu et al., 1990).
O perfil inflamatório possibilita a identificação de diversos marcadores
para a DAC, sendo os mais utilizados: Proteína C Reativa, homocisteína, ácido
úrico, fibrinogênio e até o aumento do número de leucócitos no sangue
periférico. Além do perfil inflamatório, existem vários fatores de risco que
determinam a multifatoriedade da DAC, entre eles os principais são: tabagismo,
dislipidemias, diabetes mellitus, hipertensão arterial, e antecedentes familiares,
sedentarismo e ansiedade (Cannon et al., 2001; Friedman et al., 1974).
Além da multifatoriedade, pode-se classificar a fisiopatologia da DAC em
alterações vasculares coronárias derivadas de três componentes fundamentais:
o primeiro é a disfunção endotelial, que se instala precocemente, com alteração
da reatividade do vaso; o segundo a perda das propriedades antitrombóticas
naturais e da permeabilidade seletiva do endotélio; o terceiro é a obstrução da
luz do vaso pela placa aterosclerótica e complicação trombótica no local da
lesão. Todos são capazes de causar DAC, mas frequentemente ocorrem ao
mesmo tempo (Da Luz et al., 1999; Sionis et al., 2015).
A DAC causa um desequilíbrio entre a oferta e o consumo de oxigênio
pelo miocárdio e consequentes alterações em qualquer ponto da circulação
3
coronária, desde a origem das artérias coronárias até distúrbios da
microcirculação, gerando isquemia. A principal causa de insuficiência
coronariana é a redução do fluxo coronário em consequência de um obstáculo
fixo causado por uma placa aterosclerótica nos vasos. Uma redução de 50% na
área do lúmen vascular, associada a um aumento importante do consumo de
oxigênio já é suficiente para provocar isquemia miocárdica, que será,
geralmente, manifestada por angina pectoris para esforços, e sua intensidade
pode variar quanto maior for a redução do lúmen vascular (Braunwald, 2005).
O paciente que apresenta síndrome coronariana aguda (SCA) é
clinicamente classificado como correspondente a pelo menos um episódio de
angina em repouso, por mais de 20 minutos, e eletrocardiograma com
alterações indicativas de DAC: como inversão da onda T, indicativo de
isquemia, supra-desnivelamento do segmento ST, indicativo de corrente de
lesão e surgimento da onda Q, de necrose celular. Já o paciente com DAC
crônico é clinicamente identificado como aquele que possui alterações em
exames coronariográficos nos últimos seis meses e angina estável (Esteban-
Torrella et al., 2015; Hernández et al., 2015; Souza et al., 2008).
1.2 A Angioplastia e o implante de stents.
A angioplastia é um procedimento realizado de forma minimamente
invasiva, como tratamento indicado para desobstrução de artérias coronárias
com estenose. O acesso é realizado via cateterismo, onde a insuflação de um
balão, por dentro da placa de ateroma, contra as paredes do vaso,
desobstruindo a artéria lesada e restabelecendo o fluxo sanguíneo. Esta
4
técnica baseia-se na possibilidade de regressão do um estreitamento
aterosclerótico, que foi observada ocasionalmente por Dotter na década de 60,
onde o restabelecimento do fluxo de uma artéria ilíaca ocorreu pela passagem
de um cateter diagnóstico. O fenômeno observado deu origem ao conceito de
dilatação vascular para tratamento de estenoses (Gottschall, 2009; Shepherd et
al., 1987).
Após o desenvolvimento do cateter balão, sua utilização em angioplastia
foi sendo aprimorada nos anos seguintes para aplicações em lesões
periféricas. No ano de 1974, o engenheiro Hopff desenvolveu balões com
materiais de diferentes complacências e trabalhou na sua miniaturização, o que
possibilitou sua aplicação em angioplastia coronariana. Já em 1976, foram
realizados os primeiros procedimentos em humanos, com a equipe de
Gruentzig, nos Estados Unidos (Gottschall, 2009; Shepherd et al., 1987).
Uma grande questão enfrentada neste tipo de tratamento são os casos
de reestenose recorrente, processo semelhante ao da estenose, descrito no
item 1.1. Este processo ocorre de forma que a agregação plaquetária, a
proliferação celular e o remodelamento negativo da artéria acabam por obstruir,
novamente, a passagem do sangue pelo vaso. Isto pode ocorrer tanto de forma
aguda, dias após o procedimento, quanto até 6 meses após, ou mais. Por
anos, a reestenose representou um dos maiores desafios a serem superados
na angioplastia transluminal coronária. Dentro deste cenário, a agregação
plaquetária pode ser tratada clinicamente, com a administração de
medicamentos antiagregantes, tais como Ácido Acetilsalicílico (AAS – Bayer®)
e o Bissulfato de Clopidogrel (Sanofi-Aventis®). Já o problema do
remodelamento negativo pode ser solucionado mecanicamente, com a
5
utilização dos stents (Myler e Stertzer, 1994 Newby e Zaltsman, 2000;
Shepherd e Vlieststra, 1987; Wolf et al.,1996).
Assim, desde os anos 80, a angioplastia com implante de stent é uma
estratégia importante no tratamento da SCA que revolucionou a cardiologia
intervencionista (Sigwart, 2007).
O nome destes dispositivos é uma referência ao Dr. Charles Stent,
cirurgião dentista inglês, que desenvolveu em 1856 uma liga metálica para uso
em odontologia. Em 1916, uma equipe de cirurgiões plásticos holandeses
utilizou este material na composição de um suporte para crescimento de tecido
em uma reconstrução facial, assim, nomearam o dispositivo em homenagem
ao seu idealizador. Desta maneira, os stents, começaram a ser definidos como
suportes para crescimento de tecidos e se tornaram comuns em diversas áreas
da medicina, como urologia e gastrenterologia. O conceito de stent na medicina
estava relacionado a suporte para crescimento de tecidos, porém, não
necessariamente em forma de tubo. A ideia de um suporte tubular para uso em
cardiologia surgiu em 1966 e somente na década de 80, o dispositivo stent
chegou à cardiologia intervencionista. Na cardiologia, ganhou grande
importância com diversas aplicações na desobstrução de artérias: carótidas,
ilíacas, periféricas, coronárias e até nas valvoplastias, com stents valvados
(Gottschall, 2009; Mani et al., 2007; Myler e Stertzer, 1994).
Uma das primeiras experiências foi o implante de stents metálicos
expansíveis pela equipe de Palmaz e colaboradores em 1984, que utilizou
dispositivos de aço inoxidável contidos por uma membrana, removida após o
posicionamento do mesmo no interior da placa de ateroma, antes da expansão
6
com o balão. Este processo foi um passo muito importante no tratamento das
coronariopatias. O primeiro implante de stent coronário no Brasil foi realizado
em 1987, no Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia (IDPC), pela equipe
liderada pelo Dr. José Eduardo Sousa (Abizaid, 2011; Sigwart, 2007; Taylor,
1994).
Iniciava-se a era dos stents metálicos, da língua inglesa: bare-metal
stents (BMS), que solucionaram a questão do remodelamento negativo, reação
sofrida pelas artérias à dilatação com o balão. Porém, o processo de
reestenose ainda não estava totalmente controlado, pois não havia, no
dispositivo, nenhuma forma de tratamento para a hiperplasia intimal, ou seja, a
proliferação celular devida ao processo inflamatório local causado pela própria
coronariopatia, e acentuado pela presença do stent (Sigwart, 2007; Taylor,
1994).
Este processo só foi modificado com o uso de fármacos antiproliferativos
associados ao dispositivo, por meio do revestimento com materiais
biocompatíveis carregadores de drogas. Yamawaki e colaboradores foram os
primeiros a realizar a incorporação de moléculas com efeito antiproliferativo em
stents implantados em modelo porcino, mostrando esta associação como um
dos mais importantes fatores no desenvolvimento das gerações futuras destes
dispositivos, que se mantém até os dias de hoje (Colombo et al., 2003;
Yamawaki et al., 1998; Zurakowski et al., 2015).
Surge então, a segunda geração de stents, os farmacológicos, da língua
inglesa: drug-eluting stents (DES). Diversos tipos de medicamentos
antiproliferativos podem ser utilizados: Rapamicina (Sirolimus - Pfizer®),
7
Everolimus (Afinitor - Novartis®), Zotarolimus (ABT-578 - Endeavor®), Paclitaxel
(Taxol - BMS®). Estes são depositados ou incorporados em uma matriz
polimérica que reveste o stent metálico, geralmente constituída de polímeros
da família dos poli(-ácidos láticos). Em 1999, foi realizado o primeiro implante
em humano de um stent revestido no mundo, com Sirolimus, no Instituto Dante
Pazzanese de Cardiologia, equipe comandada também pelo Dr. José Eduardo
Sousa (Abizaid, 2011; Martin e Boyle, 2011; Pendyala et al., 2009; Sigwart,
2007).
Em outubro de 2006, Nordman e colaboradores apresentaram uma
meta-análise indicando a maior mortalidade nos pacientes submetidos a
implante de stents revestidos em relação aos metálicos, de 0,6% ao ano.
Porém, em 2008, Mauri e colaboradores demonstraram o contrário,
relacionando o aumento encontrado no estudo anterior com o retardo no
processo de endotelização devido à presença dos antiproliferativos no
revestimento do stent. Esta questão ainda continua, e acaba por ser
potencializada pela chegada da terceira geração de stents, os biorreabsorvíveis
(Colombo et al., 2003; Mauri et al., 2008; Nordmann et al., 2006).
Os primeiros stents biorreabsorvíveis, da língua inglesa bioresorbable
vascular scaffold (BVS), foram desenvolvidos por Tamai e colaboradores, no
início dos anos 2000. São feitos de materiais poliméricos biocompatíveis e
biorreabsorvíveis. Os principais polímeros utilizados no desenvolvimento de
stents biorreabsorvíveis são os mesmos utilizados no revestimento dos stents
farmacológicos, são eles Poli(L-ácido lático) e Poli(ácido lático-co-ácido
glicólico) (PLLA e PLGA). Os stents biorreabsorvíveis são dispositivos
temporários que oferecem suporte mecânico transitório, além da incorporação
8
de antiproliferativos, como nos de segunda geração, sendo totalmente
degradados e absorvidos pelo organismo em um tempo médio de 2 a 3 anos.
Mesmo período indicado por Nordman, em 2006, como de maior mortalidade
para os pacientes com implantes de stents farmacológicos (Abizaid et al., 2015.
Farag et al., 2016; Nordmann et al., 2006; Onuma et al., 2011; Tamai et al.,
2000).
A revisão feita por Mani e colaboradores aponta diversos focos a serem
buscados no desenvolvimento de stents: hemocompatibilidade, hidrofobicidade,
propriedades anti-inflamatórias, conformabilidade de superfície, fácil
esterilização, imobilização de fármacos, e por fim, apontam a
biodegradabilidade como uma das principais propriedades das futuras
gerações destes dispositivos. Os primeiros stents biorreabsorvíveis
comercializados foram os do laboratório Abbot® em 2011 e liberados para uso
no Brasil pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) em 2014, e
os primeiros procedimentos de implante destes dispositivos foram realizados
pela equipe do Dr. Alexandre Abizaid, também no Instituto Dante Pazzanese de
Cardiologia (Abizaid et al., 2015; Giessen et al., 1996; Kraak et al., 2015;
Lakovou et al., 2005; Lincoff et al., 1997; Mani et al., 2007; Newby et al., 2000;
Onuma et al., 2011; Taylor et al., 1996; Zurakowski et al., 2015).
1.3 Biomateriais empregados na fabricação de stents.
Biocompatibilidade implica na aceitação de um implante pelos tecidos
vizinhos e pelo organismo de um modo geral, devendo este, ser compatível
química e funcionalmente. A maioria dos tecidos vivos estruturais são
compostos macromoleculares, por isso os compostos poliméricos sintéticos
9
são bastante atrativos para o desenvolvimento de novos biomateriais (Cheng e
Pun, 2015; Feng et al., 1983; Shogren, 1997).
Os biomateriais têm conquistado atenção clínica nas últimas décadas
devido à sua aceitação em organismos vivos e têm sido usados como
elementos de fixação, em biomateriais para reposição de ossos, como fios de
sutura e matrizes de encapsulamento de fármacos em sistemas de liberação
controlada (Lin et al., 2003; Schneider, 1972; Sodergard et al., 2002;
Slomkowski et al., 1998; Uhrich et al., 1999; Vert et al., 1981).
A primeira geração de stents metálicos (BMS) é composta de aço 316L, ou
de uma liga de cromo e cobalto. Esta última possui melhor biocompatibilidade
devido a menor quantidade de níquel em comparação aos de aço (Khan et al.,
2012; Lange et al., 2010; Yin et al, 2014), são exemplos:
Cypher® (Cypher Select® - Cordis Corporation, FL, USA).
Taxus® (Express/ Liberté®- Boston Scientific, MA, USA).
Endeavor® (Resolute® - Medtronic, MN, USA).
Xience V® (Xience PRIME®; Abbott Laboratories, IL, USA).
Promus® (Promus Element®, Boston Scientific MA, USA).
Outros materiais também são utilizados, como Nitinol, da língua inglesa:
Nickel Titanium-Naval Ordnance Laboratory, uma liga que contém Níquel e
Titânio e possui memória de forma, ou uma liga de Cromo e Platina utilizada
em dispositivos (Khan et al., 2012, Mani et al., 2007):
As plataformas biorreabsorvíveis surgiram com os stents de Tamai,
2000. Dentre os polímeros biorreabsorvíveis mais utilizados destacam-se:
poli(L-ácido lático) (PLLA), poli(ácido lático–co-ácido glicólico) (PLGA) e poli(L-
D-ácido lático) (PLDLA), cujas estruturas químicas são apresentadas na Figura
10
1. Os monômeros têm disponibilidade comercial como matéria prima e já
possuem normatização adotada para uso na área biomédica.
Figura 1: A) Estrutura química do PLLA B) PLDLA C) PLGA (Motta, 2007 e 2006;
Martins, 2014)
Estes biomateriais têm sido utilizados a mais de três décadas tanto por
sua biocompatibilidade quanto pelas propriedades não imunogênicas e não
tóxica. Ao se degradarem, geram como produto o ácido lático que é um
composto natural presente em todos os animais (Vert et al., 1981).
A condição mais importante para a biodegradação dos sistemas
poliméricos é a presença de ligações hidrolisáveis e/ou oxidáveis ao longo da
cadeia principal. A taxa de hidrólise é dependente da composição e
comprimento da sequência, além de fatores como cristalinidade e orientação
das cadeias do polímero (Lostocco et al., 1998). Por definição na língua
portuguesa, os termos “Bioabsorvível” e “Biorreabsorvível” se diferem
conceitualmente. O primeiro representa a classe de materiais poliméricos e
dispositivos que podem se dissolver em fluidos corpóreos sem qualquer
11
clivagem da cadeia macromolecular ou diminuição da sua massa molecular,
como o caso do ácido hialurônico, por exemplo. Já o segundo trata dos
materiais poliméricos que apresentam degradação por meio da diminuição de
tamanho e que são reabsorvidos in vivo, além de serem totalmente eliminados
e seus subprodutos de degradação, sem efeitos colaterais ou alterações
metabólicas, ou seja, participam diretamente em algum momento da respiração
celular, por exemplo: glicólise, ciclo de Krebs, cadeia respiratória, fosforilação
oxidativa. Desta forma, são metabolizados pelas células. Como exemplos, tem-
se: PLLA, PLGA e PLDLA (Duek et al., 1999).
Stack e colaboradores foram os primeiros a realizar implantes de stents
biorreabsorvíveis em modelos animais experimentais feitos de PLLA. Por outro
lado, Colombo e colaboradores apresentaram algumas restrições à utilização
de alguns materiais para confecção dos stents biorreabsorvíveis: O poli(ácido
glicólico) (PGA) está bastante associado à formação de trombos; Os poli(L-D-
ácido lático-co-ácido glicólico) (PLDLGA), Poli(caprolactona) (PCL),
poli(hidroxi–butirato-co–valerato) (PHBV) e poli(ortoester) estão associados à
importantes respostas inflamatórias, com proliferação neointimal, extensiva
infiltração de leucócitos, linfócitos, monócitos e eosinófilos além de células
multinucleadas gigantes e evidências de necrose e formação de
pseudoaneurismas (Lincoff et al., 1997; Stack et al., 1998; Susawa et al., 1993;
Zurakowski et al., 2015).
Lincoff e colaboradores demonstraram que os stents fabricados com
PLLA de baixa distribuição de massa molar (~80 kDa) apresentavam uma
maior resposta inflamatória do que os feitos com PLLA de maior distribuição de
massa molar (~321 kDa), além de O’Brien e colaboradores apontarem este
12
material como grande promissor para esta aplicação (Charpentier et al., 2015;
Lincoff et al., 1997; O’Brien et al., 2015). Devido a esta questão, para o
presente trabalho, foi utilizado o PLLA, gentilmente cedido pelo Laboratório de
Biomateriais da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP),
sintetizado por abertura de anel do dímero cíclico do ácido lático, ao invés da
técnica de policondensação direta do ácido lático. Desta forma, obtém-se uma
distribuição de massa molar mais elevada, a reação pode ser observada na
Figura 2. Para esta, o catalisador utilizado é o 2-etil-hexanoato de estanho II
(Sn(Oct)2), liberado para o uso médico pelos órgãos regulatórios (Motta 2006,
Rezende et al., 2013).
Figura 2: Reação de polimerização do PLLA, a partir do dímero cíclico do ácido lático,
com Sn(Oct)2 como catalisador (Motta & Duek, 2006).
O PLDLA para este trabalho também foi cedido pelo Laboratório de
Biomateriais da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e foi sintetizado
por polimerização em massa por abertura de anel, catalisada também pelo
Sn(Oct)2. Os monômeros L lactato e D, L lactato apresentam a proporção
70:30. E o PLGA foi obtido comercialmente, apresentando grau médico.
13
1.4 Biomateriais empregados no revestimento de stents.
A geração de stents farmacológicos utiliza estratégias para liberação de
fármacos antiproliferativos, como os citados no item 1.2. As tecnologias de
alteração de superfície dos stents podem ser, desde o tratamento do material
com técnicas de ataque químico, eletrolítico, para a formação de poros, micro e
nanoestruturados para melhorar a interface implante-tecido, até o recobrimento
com metais, como ouro, e polímeros. Estes últimos são importantes, pois, com
o revestimento, a plataforma metálica não entra em contato com o sistema
biológico, ocorrendo uma redução no número de casos de reestenose.
Os polímeros para o revestimento de stents podem ser divididos em não
biodegradáveis e bioabsorvíveis ou biorreabsorvíveis. Seguem os exemplos de
materiais não biodegradáveis (Garg et al., 2010; Parker et al., 2011; Tamburino
et al., 2009, Tan et al., 2013; Yin et al, 2014):
Poli(fosforilcolina) (PC) (Endeavor®stent, Medtronic).
Poli(vinilpirrolidona) (PVP) (BioLinx polymer system).
Poli(etileno-co-vinilacetato) (PEVA) e Poli(n-butil metacrilato) (PBMA)
(CYPHER® stent, Cordis).
Poli(estireno-b-isobutileno-b-estireno) (PSIBS) (TAXUS®stent, Boston
Scientific).
PBMA e (vinilideno fluorido hexafluorpropileno) (PVDF-HFP) (Xience
V®stent, Abbott Vascular; PROMUSTM Element®, Boston Scientific).
Já os polímeros biorreabsorvíveis continuam em processo de estudo e
aprovação pela agência regulatória norte americana Food and Drug
14
Administrtion (FDA), são eles (Abizaid, 2011; Garg et al., 2010; Parker et al.,
2011; Tamburino et al., 2009; Yin et al, 2014):
Poli(ácido lático) (PLA), Poli(vinilpirrolidona) PVP, PCL e Poli(ácido
lático-co-ácido glicólico) (PLGA) (Supralimus181 e Infinnium 181 stent,
Sahajanand Medical Technologies®).
Poli(L-ácido lático) (PLLA) (Excel® stent, JW Medical System).
poli(ácido lático-co-ácido glicólico) (PLGA) (Inspiron®, Scitech).
Desta forma, para o presente trabalho foram utilizados 3 polímeros
distintos, com o objetivo de obtenção de um protótipo de stent composto por
uma estrutura central mais rígida. Sendo o PLLA, de elevada distribuição de
massa molar, utilizado na confecção desta mesma, que deverá apresentar
maior resistência à solicitação mecânica, e os polímeros PLDLA e PLGA
empregados para o revestimento onde ocorrerá a imobilização das moléculas
de HA. Inicialmente o projeto avaliaria apenas o PLGA, porém, durante sua
execução o PLDLA tornou-se, também, um potencial alvo deste estudo, e foi,
desta forma, incluído nas avaliações.
1.5 A matriz extracelular e o ácido hialurônico.
A matriz extracelular (MEC) é uma estrutura que surgiu evolutivamente,
a partir dos organismos pluricelulares, com a função de promover a
estruturação dos tecidos, conferindo flexibilidade entre as células. Seus
componentes principais são os glicosaminoglicanos (GAGS): proteínas unidas
covalentemente a cadeias de polissacarídeos conhecidas como proteoglicanos;
as proteínas fibrosas, como colágeno e elastina; e adesivas, como fibronectina
15
e laminina (James, 2005; Stevens, 2013). Variações na organização e
composição destes componentes dão a conformidade específica de acordo
com as propriedades necessárias de cada tecido. Assim, a matriz pode assumir
importantes papéis na diferenciação, proliferação, migração e função celular
(Turner et al., 1989).
Dentre os mais importantes componentes da MEC, está o ácido
hialurônico, da língua inglesa hyaluronic acid (HA), que está presente em
praticamente todos os tecidos e fluidos de organismos superiores, como no
cordão umbilical, no líquido seminal, na cartilagem, entre outros. Sua estrutura
química pode ser encontrada na Figura 3. Nos mamíferos, cerca de 50% de
todo HA é encontrado nas camadas logo abaixo da epiderme (Cheng et al.,
2011). Os polímeros de HA são sintetizados no lado citossólico da membrana
celular pela enzima hialuronan-sintase. O processo de translocação dos
polímeros de HA através da membrana celular não foi descrito na literatura,
estas moléculas apresentam características bastante hidrofílicas (Hubbart et
al., 1997).
Figura 3: Estrutura química do ácido hialurônico (Tzellos et al., 2009)
16
O HA é um glicosaminoglicano que está relacionado diretamente à
diversas funções, entre elas a adesão e migração de leucócitos nos tecidos
conectivos, principalmente linfócitos-T, que são importantes mediadores da
resposta imunológica. Assim, o HA pode ter um papel importante na função das
células T e sua interação com outros tecidos, principalmente durante o
processo inflamatório (Evanko et al., 2012; Tzellos et al., 2009).
O HA é um dos compostos que atua como lubrificante no líquido sinovial.
Estudos in vitro demonstraram que sua presença melhora a capacidade dos
condrócitos de produzir matriz extracelular (Bland et al., 1984; McGinty, 1996).
Portanto, o HA está diretamente relacionado a várias propriedades essenciais
para a manutenção do equilíbrio homeostático e metabólico, atuando na
circulação de nutrientes, hormônios e outros sinalizadores químicos (Junqueira
et al., 2008). O HA desempenha um papel importante na cicatrização e
participa da fixação das células e dos eventos de sinalização através da
interação com os receptores da superfície celular. Outro aspecto explorado do
HA, entre outros polissacarídeos carregados negativamente (tais como a
heparina), é que eles também não apresentam atividades trombogênicas e têm
sido bastante utilizados como agentes anticoagulantes. Assim, o HA apresenta
interessantes resultados quando utilizado como material de revestimento de
dispositivos para diminuir a agregação plaquetária, coagulação e deposição de
plaquetas sobre um material.
Hidrogéis à base de polissacarídeo foram previamente utilizados por
Thebaud e colaboradores para proporcionar suporte para MEC. Devido às suas
características antiaderentes, o HA é um biomaterial adequado para reduzir a
adesão de células nos dispositivos implantados. O HA pode ser encontrado nos
17
tecidos vasculares e próteses de válvulas cardíacas, com significativo potencial
para produzir materiais biocompatíveis para engenharia de tecidos
cardiovasculares. Além disso, por ser carregado com cargas negativas, pode
ser facilmente integrado em camada por camada, para o revestimento de
superfícies de dispositivos (Park et al., 2009).
Por fim, devido ao HA ser um importante componente a ser considerado
no processo de restabelecimento das condições fisiológicas do endotélio após
a angioplastia com implante de stent, o revestimento com HA se mostrou uma
interessante estratégia neste sentido no presente estudo.
1.6 PLDLA e PLGA com imobilização de ácido hialurônico.
Enxertia de ácido hialurônico em polímeros biorreabsorvíveis vem sendo
alvo de diversos estudos nos últimos anos. Amal-Pastor e colaboradores
desenvolveram revestimento em camadas, utilizando métodos de
eletrodeposição de HA em PLLA, com aplicações biomédicas, principalmente
em suportes para engenharia tecidual (Arnal-Pastor et al., 2013).
Zhao e colaboradores realizaram a modificação do PLLA com
Poli(etilenoimina) PEI e deixando a superfície com terminais aminados
carregados positivamente, o HA é uma molécula aniônica e vai sendo
depositada de modo a formar um substrato com multicamadas
eletrostaticamente sobrepostas. A metodologia apresentada por Zhao e
colaboradores é realizada em pH 5, no qual ocorre esta interação, diferente do
pH do meio fisiológico, que está próximo de 7,2 (Zhao et al., 2014).
18
Yoo e colaboradores imobilizaram HA em PLGA para aplicações em
engenharia de tecidos realizando modificações químicas no PLGA com
Poli(etilenoglicol)-amida (PEG-NH2) e ativando o HA com 1-etil-3-(3-
dimetilaminopropil) carbodiimida (EDC), obtendo melhores resultados em
cultivo de tecido cartilaginoso. Porém, com esta metodologia, o HA é
depositado de maneira superficial no PLGA, de modo que, em uma aplicação
em stents, sua liberação para o meio fisiológico provavelmente não
acompanharia a degradação do polímero (Yoo et al., 2005).
Outro protocolo, utilizado por Park e colaboradores utiliza a modificação
do ácido hialurônico com dihidrazida adípica (ADH) e a adição de N-
hidroxisuccinimida (NHS) ao PLGA para posterior reação entre os dois
componentes modificados formando PLGA-HAADH, com objetivo de formar
bicamadas para substrato em regeneração óssea guiada para aplicações em
periodontia (Park et al., 2009).
Yin e colaboradores, em 2014, descreveram a importância do HA no
recobrimento de stents e na liberação controlada de drogas e genes, além de
sua interação biológica favorável ao endotélio e intima média. Porém, o HA foi
apenas depositado, não ligado quimicamente aos polímeros. Desta forma, sua
liberação seria mais rápida e menos controlada. Farhatnia e colaboradores
produziram stents metálicos recobertos por camadas poliméricas finas
produzidas por uma combinação de eletro-spray e dip-coating na confecção de
stents de pequeno calibre, para uso adulto e pediátrico (Charpentier et al.,
2015; Farhatnia et al., 2015; O’Brien et al., 2015; Mani et al., 2007). Portanto,
se mostrou necessário o estudo de modificações nos protocolos conhecidos
para melhor aplicação no recobrimento de stents.
19
1.7 Esterilização.
Um grande problema ao se trabalhar com polímeros em bioengenharia é
a esterilização. Por definição, o processo de esterilização deve possibilitar a
inativação de uma ampla variedade de micro-organismos, entre eles os
esporos bacterianos resistentes. Este processo se diferencia do de desinfecção
devido à capacidade de destruir praticamente todas as formas de micro-
organismos (Rutala, 1999).
A eficácia de um processo de esterilização depende de sua capacidade
de eliminar os micro-organismos sem afetar as propriedades dos materiais do
dispositivo a ser esterilizado. Desta forma, esta questão em materiais que são
sensíveis às altas temperaturas, como é o caso da grande maioria dos
polímeros, elimina a possibilidade de utilização de grande parte dos métodos
consagrados para este processo. Dentre eles, a autoclave, estufa seca e úmida
e radiação gama, são processos que atingem temperaturas superiores aos
100°C, maiores do que a temperatura de transição vítrea (Tg) dos polímeros
estudados. Para os monômeros, as Tg’s são 56°C para o PLLA, 39°C para o
PLDLA e 45°C para o PLGA. Superiores até a algumas das temperaturas de
fusão (Tm), 177°C para o PLLA, 125°C para o PLDLA e 178°C para o PLGA.
Os dados citados para o PLGA correspondem às temperaturas para o
copolímero 70:30 (PLGA/PLLA), utilizado no presente projeto. (Carvalho, 2002;
Duek et al., 1999; Erbetta et al., 2011; Ignatius et al., 1996; Rezende et al.,
2005; Santos et al., 2007; Yin et al., 2014; Zhang et al., 1995).
Nos métodos utilizados atualmente são encontradas algumas
limitações. Na esterilização por radiação ionizante podem ser produzidas
alterações químicas em alguns materiais, principalmente em biomateriais
20
poliméricos. Já os esterilizantes gasosos apresentam crescente utilização em
dispositivos incompatíveis com o calor úmido ou calor seco. Dentre eles, o
Óxido de Etileno (EtO) e o Formaldeído são os mais usados. Porém,
apresentam limitações como problemas associados à toxicidade e difícil
remoção de seus resíduos após a finalização do processo, o que pode
comprometer a eficácia e segurança. Já as soluções químicas de Glutaraldeído
e Formaldeído não são recomendados devido ao processo de remoção dos
resíduos da solução esterilizante altamente tóxica e corrosiva, causando
alterações químicas nos materiais, principalmente em biopolímeros, além de
baixíssima segurança durante o processo (Dallan, 2005; Ratner et al., 1996).
Dentre os métodos alternativos em desenvolvimento para esterilização
segura de materiais termo e quimiossensíveis, estão a radiação ultravioleta
(UV) e o plasma de Peróxido de Hidrogênio (H2O2).
A radiação ultravioleta tem efeito microbiocida apenas quando utilizada
com intensidade e tempo de exposição suficiente. Apresenta diversas
aplicações como na esterilização do ar, superfícies e em embalagens nas
indústrias alimentícia e farmacêutica. As com comprimentos de ondas inferiores
a 200 nm são ineficientes para esta aplicação. Já as radiações na faixa de 210
e 330 nm podem ser consideradas eficientes como germicidas, por serem
absorvidas pelas proteínas e ácidos nucleicos, provocando o rompimento de
cromossomos, mutações genéticas e inativação de enzimas que levam a morte
celular (Cardoso, 2007). Em geral, a radiação ultravioleta tem se mostrado
como uma forma mais rápida, confiável, efetiva, econômica e ambientalmente
segura no tratamento de superfícies e líquidos (Abreu et al., 2004).
21
A esterilização por plasma de hidrogênio (STERRAD® - J&J) utiliza uma
combinação de plasma e vapor de Peróxido de Hidrogênio (H2O2), a baixa
temperatura e sem apresentar resíduos tóxicos. O Peróxido de Hidrogênio é
bactericida, viruscida, tuberculiscida, esporocida e fungicida e tem ação por
meio da produção de radicais livres que lesam membranas lipídicas, DNA e
outros componentes celulares essenciais. O ciclo de esterilização STERRAD®
consiste na injeção de vapor de peróxido de hidrogênio na câmara de
tratamento e emissão de micro-ondas que geram plasma com radicais livres
que possuem a capacidade de desnaturar proteínas, levando à morte celular
(Lerouge et al., 2012).
Diante do exposto, a inclusão desta etapa no presente projeto teve sua
importância na avaliação das possíveis alterações em propriedades químicas e
mecânicas, nos polímeros biocompatíveis de interesse, devido aos processos
de esterilização, determinando as melhores estratégias de escolha entre as
alternativas disponíveis para este processo.
22
2. OBJETIVOS
2.1. Objetivo Geral.
Desenvolver modelos físicos biorreabsorvíveis, com dimensões
semelhantes aos stents coronários, de PLLA, revestidos com seu copolímero
PLGA e/ou PLDLA enxertados com ácido hialurônico (HA). Avaliar a
estabilidade dos modelos aos processos alternativos de esterilização.
2.2. Objetivos Específicos.
Elaborar modelos físicos de PLLA;
Incorporar HA em matrizes de PLGA e PLDLA por enxertia;
Desenvolver processo de revestimento dos modelos de PLLA
com PLGA-HA e PLDLA-HA;
Estudar a estabilidade dos modelos aos processos de
esterilização por radiação UV e plasma de peróxido de
Hidrogênio.
Validar os processos de esterilização de acordo com as normas
aplicáveis.
23
3. MATERIAIS E METODOLOGIA
Este capítulo foi dividido em duas seções principais. A primeira lista os
materiais e equipamentos utilizados no projeto, item 3.1, e a segunda descreve
a metodologia adotada para elaboração, caracterização, revestimento e
esterilização dos modelos desenvolvidos, item 3.2.
3.1 Materiais e equipamentos.
PLLA – massa molar em torno de 140.000 Da (Laboratório de
Biomateriais da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo)
PLDLA – massa molar em torno de 100.000-160.000 Da (Laboratório de
Biomateriais da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo)
PLGA 70:30 – massa molar em torno de 66.000 Da (grau de pureza
99%) (PURAC®)
HA – massa molar em torno de 130.000 Da (Sigma Aldrich®)
Câmara de esterilização por plasma (Sterrad System® - Johnson &
Johnson®)
Câmara de esterilização por radiação UV (Trox do Brasil®)
Estereomicroscópio (Physis® SZ40)
Microscópio óptico (MO) (Nikon Instruments®)
Micrômetro digital (Scarret®-796)
Espectrômetro infravermelho por transformada de Fourrier (FTIR)
(Variant-Agilent® 640-IR FT-IR)
24
Análise termogravimétrica (TGA) (TA Instruments®, TGA Q500)
Análise térmica diferencial (DSC) (TA Instruments®, Q-series)
Equipamento para ensaios mecânicos MTS TRYTON 250®
Equipamento universal de ensaios mecânicos (Instron® 3369)
Durômetro (HT- 6510ª - na escala Shore-A)
Balança analítica (Shimadzu® AW220)
Tensiômetro (Attension® e o software Contact Angle®)
Membrana de diálise (cut off 14.000 Da)
3.2 Metodologia.
As etapas adotadas para o desenvolvimento do presente projeto seguem
o fluxograma apresentado na Figura 4, a seguir. A metodologia descrita segue
os itens descritos no fluxograma, que parte de três matérias diferentes: PLLA
para a estrutura central do dispositivo; PLDLA e PLGA para a incorporação de
ácido hialurônico e revestimento. Os três materiais foram estudados quanto a
sua estabilidade aos processos de esterilização.
25
Figura 4: Fluxograma das etapas de desenvolvimento do projeto.
3.2.1 Elaboração dos filmes.
Nesta subseção, são apresentadas as metodologias para elaboração
dos filmes de PLLA, material candidato para estrutura central do dispositivo, e
dos filmes de PLDLA e PLGA, materiais candidatos a revestimento e, portanto,
utilizados para tentativa de enxertia do ácido hialurônico.
A) PLLA.
Foram obtidos filmes do polímero PLLA utilizando o método da
evaporação de solvente, onde 2,5 g do polímero foi dissolvido em 50 ml de
clorofórmio sob agitação constante e à temperatura ambiente por 1 hora. Após
completa dissolução, foram depositados em placas de Petri, previamente
silanizadas para facilitar a posterior remoção do filme formado. A silanização da
26
placa foi realizada com óleo de silicone em estufa à 200°C por 2 horas, seguido
do resfriamento e remoção do excesso do óleo com lavagem superficial com
detergente.
As placas contendo a solução foram deixadas em capela com exaustão,
à temperatura ambiente e, após completa evaporação do solvente, tempo
médio de 3 a 4 dias, os filmes foram removidos das placas armazenados sob
vácuo à temperatura ambiente.
B) PLDLA e PLGA.
Para obtenção dos filmes do copolímero PLGA (70:30) e PLDLA, foram
empregados polímeros em pellets. Todos os filmes foram obtidos pelo método
de evaporação de solvente de acordo com a metodologia descrita no item
anterior, 3.2.1-A. Após completa evaporação do solvente, tempo médio,
também, de 3 a 4 dias em câmara de segurança com exaustão, os filmes foram
armazenados em câmara de vácuo à temperatura ambiente.
3.2.2 Desenvolvimento do revestimento: Enxertia do HA em
matrizes de PLGA e PLDLA e confirmação do processo.
Nesta subseção, serão apresentados dois protocolos diferentes,
descritos a seguir, para a tentativa de enxertia de HA nos polímeros PLDLA e
PLGA, que serão posteriormente usados para o revestimento do PLLA.
27
A) Enxertia de HA em PLDLA (PLDLA-HA) e PLGA (PLGA-HA).
Para este protocolo, foi tomado como ponto de partida a ativação do
PLDLA e PLGA com N,N-diciclohexil carbodiimida (DCC) e N-
hidroxisuccinimida (NHS) e posterior enxertia do HA no PLDLA e PLGA
ativado.
O PLDLA e o PLGA, 250 mg, de cada um dos polímeros, foram
dissolvidos, separadamente em mistura de 5mL de dimetilsulfóxido (DMSO),
3,1 mg DCC e 1,73 mg NHS. O HA foi dissolvido em DMSO (5 mg/5 mL). Após
a completa dissolução dos polímeros em cada uma das soluções de PLGA e
PLDLA, separadamente, foram misturadas a solução de HA para a reação a
temperatura de 40°C por 24 horas, sob agitação constante. Após a reação, os
produtos foram dialisados em água deionizada sob agitação à temperatura
ambiente por 2 dias, empregando membrana de diálise (cut off 14.000 Da). Em
seguida, os produtos foram ressuspendidos 2 ml de clorofórmio e, após
homogeneização, foram obtidos filmes por evaporação de solvente, como
descrito em 3.2.1.
B) Enxertia de HAADH nas matrizes PLDLA (PLDLA-HAADH) e
PLGA (PLGA-HAADH).
O segundo protocolo utilizado envolveu a modificação química do HA
com dihidrazida adípica (ADH), ativação do PLDLA e PLGA com DCC e NHS e
posterior enxertia do HAADH no PLDLA e PLGA ativado. (Park, 2009)
Desta forma, foi realizada a dissolução do HA em água destilada para
obtenção de solução com concentração 5 mg/mL. Em seguida foi adicionado
excesso molar (20 – 30 vezes) de ADH, com valor de pH ajustado para 4,8-5,0.
28
Após aproximadamente 2 horas a reação foi encerrada ajustando-se o valor do
pH para 7,0. O HA modificado foi purificado por diálise para obtenção de HA-
ADH sólido, mesmas condições do item 3.2.2-A.
O PLDLA e o PLGA também foram dissolvidos separadamente em
mistura de DMSO, DCC e NHS, nas mesmas concentrações do item 3.2.2-A.
Outra solução de HA-ADH em DMSO (5 mg/5mL) foi preparada. Após a
completa dissolução dos PLDLA e PLGA, os 5 mL destas soluções foram
misturados com os 5 mL das soluções de HAADH para reação a temperatura
de 40°C por 24 horas sob agitação constante. Após a reação, os produtos
foram dialisados em água deionizada sob agitação à temperatura ambiente por
2 dias, empregando membrana de diálise (cut off 14000 Da). Os produtos
também foram ressuspendidos em clorofórmio 2 ml e, após homogeneização,
foram obtidos filmes por evaporação de solvente, como descrito em 3.2.1.
3.2.3 Caracterização dos biomateriais.
Nesta subseção, serão descritas as metodologias para caracterização
microestrutural, propriedades térmicas e mecânicas dos filmes de PLLA,
PLDLA e PLGA, bem como dos filmes PLDLA-HA, PLDLA-HAADH e PLGA-
HA, PLGA-HAADH.
29
3.2.3.1 Microestrutura e características superficiais.
A) Análise macro e microscópica.
Os filmes foram documentados fotograficamente por estereomicroscopia
e microscopia óptica (MO), para reconhecimento das características
superficiais macro e microscópicas das amostras de filmes de PLLA, PLGA e
PLDLA de forma individual, antes e após os processos estudados para enxertia
do HA.
B) Espessura.
As amostras tiveram suas espessuras obtidas por micrômetro digital.
Foram realizadas 5 medidas em regiões distintas de cada um dos filmes, onde
foram calculadas as médias acrescidas de desvio padrão. As medidas também
foram tomadas para os filmes antes e após o experimento de intumescimento,
descrito no item 3.2.3.4-A, e antes e após o revestimento com PLDLA e PLGA,
descrito no item 3.2.5.
C) Espectrometria infravermelho por Transformada de Fourier.
Outra análise realizada foi a de espectrometria infravermelho por
transformada de Fourier (FTIR) avaliando o perfil dos espectros vibracionais
ativos entre 400 e 4000 cm¹, por transmitância e refletância especular e difusa.
30
3.2.3.2 Avaliação das propriedades térmicas.
A) Análise termogravimétrica.
As propriedades térmicas foram avaliadas por análise termogravimétrica
(TGA), que foi realizada empregando atmosfera inerte com fluxo de Nitrogênio
com vazão de 20 ml/min, com varredura partindo da temperatura ambiente até
600°C com taxa de aquecimento de 10°C por minuto.
B) Análise térmica diferencial calorimétrica por varredura.
A análise térmica diferencial calorimétrica por varredura (DSC) é
realizada com as amostras submetidas ao ciclo aquecimento-resfriamento-
aquecimento, com taxa de aquecimento de 10°C por minuto e de resfriamento
de 5°C por minuto em atmosfera inerte de Nitrogênio com vazão de 20 ml/min.
3.2.3.3 Avaliação de propriedades mecânicas.
A) Teste de tensão e deformação sob tração.
As propriedades mecânicas foram avaliadas por teste de tensão x
deformação sob tração em corpos de prova (CPs) obtidos a partir do corte dos
filmes preparados. O corte foi realizado em prensa hidráulica com molde
específico, como apresentado na Figura 5, a seguir. Os CPs tiveram suas
dimensões obtidas por micrômetro digital (Scarret ® -796). Os ensaios de
tensão x deformação sob tração dos filmes de PLLA foram realizados no
equipamento MTS TRYTON 250® à velocidade de 100 mm/min. Já os ensaios
dos filmes de PLDLA e PLGA foram realizados em equipamento universal de
ensaios (Instron® 3369) à velocidade 500 mm/min, pois o equipamento MTS
31
não permitiu a medida de elongação máxima, que para estes polímeros, foi
superior a 50 mm.
Figura 5: Corpos de prova empregados no ensaio de tensão x deformação sob tração
A) PLLA B) PLGA C) PLDLA (Onde: NE: não esterilizado, UV: esterilizado por ultravioleta e PL:
esterilizado por plasma)
B) Dureza na escala Shore-A.
Para análise de dureza foi utilizado o durômetro na escala Shore-A,
pressionando-se o durômetro contra a superfície dos corpos de prova dos
materiais, à 90° contra a superfície do corpo de provas, para aquisição das
medidas. Foram realizadas 5 medidas em regiões distintas dos filmes e
tomadas as médias acrescidas de desvio padrão.
32
3.2.3.4 Caracterização para confirmação da enxertia de HA e
HAADH.
Para avaliação da superfície dos filmes e confirmação da enxertia de HA
e HAADH pelos processos realizados, as amostras obtidas através dos
protocolos descritos em 3.2.2 foram submetidas às análises de MO, FTIR,
conforme metodologia já descrita no item 3.2.3.1.
A) Intumescimento
Adicionalmente, foi avaliado o intumescimento em água deionizada e a
análise de molhabilidade à água por ângulo de contato. Para avaliação do
intumescimento, três corpos de prova (CPs) de cada filme (PLDLA e PLGA,
com e sem HA e HAADH) foram pesados e imersos em água deionizada. Cada
um dos CPs foi pesado novamente após 15, 30, 45 e 60 minutos e após 24
horas em contato com água deionizada. Foram tomadas as médias e desvio
padrão para apresentação destes resultados, em porcentagem em massa de
água na amostra.
B) Molhabilidade
As amostras foram avaliadas quanto ao ângulo de contato para
caracterização da molhabilidade, empregando um tensiômetro (Attension® e o
software Contact Angle®). O equipamento captou 20 imagens, uma a cada
segundo, e o ângulo de contato determinado para cada imagem. A
molhabilidade foi definida em termos da média obtida das medidas dos lados
33
esquerdo e direito dos ângulos de contato (θ), após a estabilização, acrescidos
dos desvios padrão.
3.2.4 Preparo dos modelos: tubos e placas de PLLA.
PLLA na forma de placas ou tubos foram utilizados como estrutura
interna do modelo de stent. O modelo consiste de tais estruturas revestidas por
camada de PLDLA ou PLGA enxertada com HA.
Amostras de tubos de PLLA foram preparadas pelo método dip coating,
isto é, deposição de filme do polímero na superfície de cilindros metálicos guia
com diâmetro adequado, da ordem de 2 a 5 mm, aproximando-se das
dimensões de um stent coronariano.
A deposição do filme foi realizada através do mergulho do cilindro em
solução do polímero, seguido de evaporação do solvente, mesmo processo
utilizado na confecção dos filmes. O procedimento foi repetido o número de
vezes necessário para obtenção da espessura desejada para o tubo.
3.2.5 Revestimento dos modelos: tubos e placas de PLLA.
Após a confecção da camada interna de PLLA, prosseguiu-se com o
revestimento com PLGA ou PLDLA para estudos sobre a escolha do melhor
biomaterial a ser utilizado como revestimento do protótipo, além da
determinação da metodologia de revestimento para a fabricação e
caracterização do protótipo.
34
O método utilizado também foi o dip coating conforme descrito no item
3.2.4, porém foi realizado apenas um ciclo de imersão, depositando apenas
uma camada de PLDLA ou PLGA nas matrizes de PLLA.
3.2.6 Esterilização.
Nesta subseção, serão apresentadas as metodologias para esterilização
por radiação ultravioleta, plasma de peróxido de hidrogênio e os estudos in
vitro para validação dos processos.
A) Esterilização por radiação ultravioleta.
Foram utilizadas câmaras de segurança equipadas com lâmpadas de
emissão ultravioleta utilizadas para esterilização. Os filmes foram expostos à
radiação por 1 hora e 30 minutos em cada face, em contato direto com a
radiação. Após este período, os filmes voltaram a ser armazenados em câmara
de vácuo em temperatura ambiente até serem testados.
B) Esterilização por plasma de peróxido de hidrogênio.
Os filmes foram submetidos à esterilização por plasma de peróxido de
hidrogênio por 45 minutos em câmara de plasma (Sterrad System® - Johnson &
Johnson®), de acordo com as orientações do fabricante: os filmes, dispostos
em embalagens específicas, permeáveis, de polipropileno no interior do
equipamento, passaram pelo primeiro ciclo em vácuo a 0,3 mmHg por 10
35
minutos à temperatura ambiente; Segundo ciclo com a injeção de peróxido de
hidrogênio 58% por 6 minutos; Terceiro ciclo com a difusão do peróxido de
hidrogênio por 12 minutos; Quarto ciclo com a emissão de micro-ondas para
formação do plasma por 12 minutos, podendo atingir a temperatura máxima de
50°C; Quinto ciclo composto de séries de ventilação, vácuo e repressurização
até atingir atmosfera e temperatura ambiente por aproximadamente 5 minutos.
Após este período, os filmes voltaram a ser armazenados em câmara de vácuo
à temperatura ambiente até serem testados.
C) Estudos in vitro: Confirmação da esterilidade.
Os corpos de prova cilíndricos de PLLA, revestidos com PLDLA ou
PLGA, após passarem pelos processos de esterilização por plasma ou UV,
foram cultivados em tubos de polipropileno em 2,5 ml de meio de cultura Luria-
Bertami (LB) (Sigma Chemical Company®) em incubadora com agitação a 37ºC
por 24 horas. Os controles positivos foram feitos com corpos de prova não
esterilizados e os controles negativos com meio de cultura estéril. Estes
estudos foram adaptados das normas ISO11135:2007 e ABNT
NBR15245:2005, que se referem ao método do óxido de etileno, utilizado
atualmente na esterilização destes dispositivos.
3.2.7 Análise estatística.
O programa SPSS (Release 8.0, Standard Version, 1997) foi
empregado. Todos os resultados serão apresentados como a média aritmética
acrescida do desvio padrão.
36
As diferenças estatísticas entre os grupos experimentais foram
detectadas após análise de variância (One-Way ANOVA) seguida do teste
Mann-Whitney. Valores de p > 0,05 foram considerados significativos.
37
4. RESULTADOS
Este capítulo descreve os resultados obtidos para as etapas descritas no
capítulo 3. As análises dos mesmos encontram-se no capítulo 5 – Discussão.
4.1 Caracterização dos filmes de PLLA, PLDLA e PLGA.
4.1.1 Microestrutura e características superficiais.
A) Aspecto macroscópico.
O aspecto macroscópico dos filmes pode ser observado na fotografia
dos corpos de prova que foram preparados para uso no ensaio de tensão x
deformação sob tração, apresentada na Figura 5. Pela imagem é possível
observar a diferença de transparência entre os filmes. O filme de PLLA
apresentou-se translúcido, esbranquiçado e relativamente mais rígido do que o
PLDLA e PLGA, que são filmes transparentes e maleáveis. Na mesma figura é
possível ainda observar que os filmes não apresentaram diferenças
macroscópicas quando comparados antes da esterilização e após esterilização
por UV e por plasma.
B) Espessura.
As amostras tiveram suas espessuras medidas por micrômetro digital,
apresentadas na Tabela 1.
38
Tabela 1: Valores de espessura, em milímetros, dos filmes obtidos por evaporação de
solvente.
Espessura [mm]: PLLA PLDLA PLGA
Média 0,51 0,42 0,38
Desvio padrão 0,05 0,06 0,03
C) Microscopia.
As Figuras 6, 7 e 8, apresentam imagens obtidas por microscopia óptica
com luz transmitida dos filmes em estudo. Como foi observada diferença na
textura dos filmes entre as superfícies que ficaram em contato com o ar e com
o vidro durante a evaporação do solvente, cada uma das superfícies foi
caracterizada. As Figuras 7 e 8 também apresentam as imagens para os filmes
PLDLA-HA, PLDLA-HAADH, PLGA-HA e PLGA-HAADH.
39
Figura 6: Imagens das superfícies, obtidas por microscopia óptica de luz transmitida
(aumento 200x) A; PLLA superfície ar; B) PLLA superfície vidro; C) PLLA superfície ar
esterilizada por UV; D) PLLA superfície vidro esterilizada por UV; E) PLLA superfície ar
esterilizada por plasma e F) PLLA superfície vidro esterilizada por plasma.
40
Figura 7: Imagens das superfícies dos filmes obtidas por microscopia óptica de luz
transmitida (aumento 200x): A) PLDLA superfície ar; B) PLDLA superfície vidro; C) PLDLA
superfície ar esterilizada por UV; D) PLDLA superfície vidro esterilizada por UV; E) PLDLA
superfície ar esterilizada por plasma; F) PLDLA superfície vidro esterilizada por plasma; G)
PLDLA-HA e H) PLDLA-HAADH.
41
Figura 8: Imagens das superfícies dos filmes obtidas por microscopia ópticas de luz
transmitida (aumento 200x): A) PLGA superfície ar; B) PLGA superfície vidro; C) PLGA
superfície ar esterilizada por UV; D) PLGA superfície vidro esterilizada por UV; E) PLGA
superfície ar esterilizada por plasma; F) PLGA superfície vidro esterilizada por plasma; G)
PLGA-HA e H) PLGA-HAADH.
42
D) Espectrometria infravermelho por Transformada de Fourier.
Os resultados do FTIR são apresentados na Figura 9, os espectros
obtidos para as amostras de PLGA e PLDLA foram comparadas com os
espectros das amostras com enxertia de HA e HAADH e com o espectro do HA
puro. A seta indica um pico característico da molécula de água.
Figura 9: Análises obtidas por espectroscopia FTIR para as amostras apresentadas na
legenda.
43
Não foi possível observar diferenças entre os padrões de picos das
amostras PLDLA e PLDLA-HA, e entre PLGA e PLGA-HA. Porém, para as
amostras que apresentam ADH, é possível identificar um pico entre 650 e 700
cm-1, também identificado na amostra de HA puro, que pode estar relacionado
com a absorção de água. Por este método, não foi possível a identificação da
presença de HA nas amostras, provavelmente devido a questões de
sensibilidade do mesmo, já que a quantidade de HA incorporada é pequena.
4.1.2 Propriedades térmicas.
A) Análise termogravimétrica.
As propriedades térmicas avaliadas por análise termogravimétrica (TGA)
estão apresentadas nas Figuras 10 a 14, que compreendem aos gráficos de
percentual de massa em função da temperatura.
As Figuras 10, 11 e 12 apresentam as curvas de TGA para os polímeros
estudados PLLA, PLDLA e PLGA, antes e após esterilização com UV e plasma.
Além destas, nas Figuras 13 e 14, podem ser observados as curvas para as
amostras de PLDLA e PLGA com a enxertia de HA e HAADH, respectivamente.
A partir das curvas de TGA foram determinadas as temperaturas de
degradação para cada polímero, apresentadas na Tabela 2.
44
Figura 10: Curvas de TGA para PLLA sem esterilização, PLLA com esterilização por
UV e PLLA com esterilização por plasma.
45
Figura 11: Curvas de TGA para PLDLA sem esterilização, PLDLA com esterilização
por UV e PLDLA com esterilização por plasma.
46
Figura 12: Curvas de TGA para PLGA sem esterilização, PLGA com esterilização por
UV e PLGA com esterilização por plasma.
47
Figura 13: Curvas de TGA: A) PLDLA controle. B) PLDLA com HA. C) PLDLA com HA
e ADH.
48
Figura 14: Curvas de TGA: A) PLGA controle. B) PLGA com HA. C) PLGA com HA e
ADH.
49
Tabela 2: Dados obtidos a partir da curva de TGA: Temperaturas de degradação, para
os polímeros estudados e para os polímeros com enxertia de HA.
Polímero: Perde água
(Temperatura
°C)
Temperatura de
degradação [°C]
PLLA Não 350,00
PLDLA Não 350,00
PLDLA-HA Sim (89,79) 316,80
PLDLA-HAADH Sim (95,27) 332,94
PLGA Não 360,15
PLGA-HA Sim (96,42) 338,17
PLGA-HAADH Sim (92.29) 318,96
B) Análise térmica diferencial calorimétrica por varredura.
As análises térmicas diferenciais (DSC) apresentaram os resultados
mostrados nos gráficos, das Figuras 15, 16 e 17, para o PLLA, PLDLA e PLGA,
antes e após a esterilização por UV e plasma, respectivamente.
Também foram realizadas análises de DSC para as amostras PLDLA e
PLGA com enxertia de HA e HAADH, apresentados nas últimas Figuras 18 e
19. É possível observar, para as amostras com HA, a presença de um pico por
volta de 100ºC, característico da presença de água nas amostras.
A partir das curvas de DSC foi possível determinar as temperaturas de
transição vítrea (Tg), cristalização (Tc) e fusão (Tf) para os polímeros antes e
após a esterilização. Os valores estão apresentados na Tabela 3.
50
Figura 15: Curvas de DSC para PLLA sem esterilização, PLLA com esterilização por
UV e PLLA com esterilização por plasma.
51
Figura 16: Curvas de DSC para PLDLA sem esterilização, PLDLA com esterilização
por UV e PLDLA com esterilização por plasma.
52
Figura 17: Curvas de DSC para PLGA sem esterilização, PLGA com esterilização por
UV e PLGA com esterilização por plasma.
53
Figura 18: Curvas de DSC: A) PLDLA com HA e B) PLDLA com HA e ADH.
54
Figura 19: Curvas de DSC: A) PLGA com HA e B) PLGA com HA e ADH.
55
Tabela 3: Dados obtidos a partir da curva de DSC para os polímeros estudados e para
os polímeros com enxertia de HA.
Polímero: Temperatura de
cristalização
[°C]
Temperatura de
transição vítrea
[°C]
Temperatura
de fusão 1
[°C]
Temperatura
de fusão 2
[°C]
PLLA 124,36 50,10 156,25 NA
PLLA UV 124.12 50,11 151,84 NA
PLLA Plasma 125,07 50,08 150,91 NA
PLDLA NA 49,80 NA NA
PLDLA UV NA 50,62 NA NA
PLDLA Plasma NA 50,63 NA NA
PLDLA-HÁ NA 52,70 NA NA
PLDLA-HAADH NA 53,62 NA NA
PLGA NA 50,97 NA NA
PLGA UV NA 50,58 NA NA
PLGA Plasma NA 50,57 NA NA
PLGA-HA 119,95 55,26 147,83 157,60
PLGA-HAADH 123,54 54,60 147,84 156,94
4.1.3 Propriedades mecânicas.
A) Teste de tensão e deformação sob tração.
Os corpos de prova para os ensaios de tração foram obtidos a partir do
corte dos filmes empregando molde e prensa hidráulica, apresentados na
Figura 5.
As Figuras 20 a 24 mostram os valores de módulo elástico (E), tensão
( e, e) e deformação no escoamento, bem como tensão ( r, r) e deformação
56
na ruptura, foram determinados pelo software de aquisição de dados do próprio
fabricante dos equipamentos. Foram determinados os valores médios e
desvios padrões para cada amostra e a avaliação da diferença entre os grupos
foi realizada por análise de variância e foi considerado um intervalo de
confiança de p< 0,05.
Figura 20: Gráfico do ensaio de tensão x deformação sob tração: Módulo elástico.
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
UV Plasma Sem esterilização
Módulo Elástico [Pa]
PLDLA PLGA PLLA
57
Figura 21: Gráfico do ensaio de tensão x deformação sob tração: Tensão na ruptura.
Figura 22: Gráfico do ensaio de tensão x deformação sob tração: Deformação na
ruptura.
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
UV Plasma Sem esterilização
Tensão na Ruptura [MPa]
PLDLA PLGA PLLA
0
50
100
150
200
250
300
UV Plasma Sem esterilização
Deformação na ruptura [%]
PLDLA PLGA PLLA
58
Figura 23: Gráfico do ensaio de tensão x deformação sob tração: Tensão no
escoamento.
Figura 24: Gráfico do ensaio de tensão x deformação sob tração: Deformação no
escoamento.
Os gráficos dos ensaios de tensão x deformação sob tração estão no
Anexo A.
B) Dureza na escala Shore-A.
0
5
10
15
20
25
UV Plasma Sem esterilização
Tensão no escoamento [MPa]
PLDLA PLGA PLLA
0
2
4
6
8
10
12
14
16
UV Plasma Sem esterilização
Deformação no escoamento [%]
PLDLA PLGA PLLA
59
Os valores de dureza na escala Shore-A estão apresentados na Figura
25, são apresentadas as médias das 5 medidas obtidas, acrescidas dos
desvios padrões. A avaliação da diferença entre os grupos foi realizada por
análise de variância e foi considerado um intervalo de confiança de p< 0,05.
Figura 25: Valores de dureza Shore A dos polímeros PLLA, PLDLA e PLGA antes e
após esterilização por UV e Plasma.
4.1.4 Confirmação da enxertia de HA: Intumescimento e
molhabilidade.
Os valores de intumescimento dos polímeros em água deionizada são
apresentados na Figura 26, onde é possível observar um maior aumento da
absorção de água nos filmes enxertados com HA e HAADH. Também é
possível observar mudança na transparência dos filmes após 1 dia de
intumescimento, conforme Figura 27, onde os filmes de PLDLA-HAADH e
PLGA-HAADH apresentaram um aspecto esbranquiçado bem acentuado,
enquanto este comportamento não foi acentuado no PLGA-HA e PLDLA-HA.
84,00
86,00
88,00
90,00
92,00
94,00
96,00
98,00
100,00
Sem esterilização Plasma UV
Dureza Shore A
PLDLA PLGA PLLA
60
Os controles aparentemente não apresentam alterações, que permaneceram
com aspecto transparente como antes de serem submetidos ao ensaio.
Figura 26: Intumescimento: Valores de % de intumescimento das amostras em água em
função do tempo.
61
Figura 27: Intumescimento: Fotografia dos corpos de prova utilizados no ensaio, no
tempo de 3 dias. A) PLGA controle B) PLGA-HA C) PLGA-HAADH D) PLDLA controle E)
PLDLA-HA F) PLDLA- HAADH.
As imagens de microscopia óptica dos filmes, antes e após o
intumescimento, foram obtidas conforme descrito no item 3.2.3.1-A. Também
foi possível reconhecer as alterações por MO, mais acentuadas nas amostras
PLDLA-HAADH e PLGA-HAADH, apresentadas na Figura 28.
Figura 28: Intumescimento: Microscopia óptica dos corpos de prova utilizados no
ensaio, no tempo de 3 dias (aumento de 200x): A) PLGA controle; B) PLGA-HA; C) PLGA-
HAADH; D) PLDLA controle; E) PLDLA-HA e F) PLDLA- HAADH.
A Tabela 4 apresenta os valores de espessura dos filmes apresentados
antes e após o experimento. Não foi possível observar aumento da espessura
dos filmes após o intumescimento para nenhuma das amostras estudadas.
62
Tabela 4: Valores de espessura, em milímetros, dos filmes, antes e após o intumescimento.
Espessura [mm]: PLDLA
controle
PLDLA-
HA
PLDLA-
HAADH
PLGA
controle
PLGA-
HA
PLGA-
HAADH
Antes (Média) 0,041 0,032 0,073 0,042 0,012 0,054 Antes (Desvio padrão) 0,005 0,006 0,003 0,003 0,002 0,004
Após (Média) 0,042 0,029 0,074 0,042 0,013 0,055 Após (Desvio padrão) 0,004 0,005 0,003 0,004 0,003 0,007
Medidas do ângulo de contato entre uma gotícula de líquido e a
superfície do polímero permitem avaliar a molhabilidade da superfície ao
líquido em questão. Neste estudo foi utilizada água deionizada, o que permitiu
avaliar a afinidade das superfícies pela água, isto é, a hidrofobicidade do
material.
Os valores de ângulo de contato entre gotícula de água deionizada e a
superfície dos polímeros em estudo são apresentados nas Figuras 29 e 30, que
compreendem as médias, entre os ângulos, esquerdo e direito, tomados depois
da estabilização da gotícula depositada sobre a superfície, acrescidas de
desvio padrão e análise de variância, para verificar a existência de diferenças
entre os grupos, para um intervalo de confiança de p<0,05. Não foi possível
observar diferenças significativas nas médias dos ângulos antes e após as
esterilizações, tanto para a superfície ar dos filmes quanto para a superfície
vidro.
63
Figura 29: Valores médios dos ângulos de contato entre gotícula de água deionizada e
superfície ar dos polímeros PLLA, PLDLA e PLGA, antes e após esterilização, por UV e
Plasma.
Figura 30: Valores médios dos ângulos de contato entre gotícula de água deionizada e
superfície vidro dos polímeros PLLA, PLDLA e PLGA, antes e após esterilização, por UV e
Plasma.
64
Por outro lado, foi possível observar diferenças significativas nos ângulos de
contato antes e após a enxertia de HAADH, tanto para o PLDLA quanto para o
PLGA, que obtiveram ângulo de contato zero, não mensurado pelo
experimento, apresentado nas Figuras 31 e 32, observado também nas
fotografias do experimento, apresentadas na Figura 33.
Figura 31: Valores médios dos ângulos de contato entre gotícula de água deionizada e
superfícies ar e vidro dos polímeros PLGA, PLGA-HA e PLGA-HAADH.
65
Figura 32: Valores médios dos ângulos de contato entre gotícula de água deionizada e
superfícies ar e vidro dos polímeros PLDLA, PLDLA-HA e PLDLA-HAADHDH.
66
Figura 33: Fotografias dos ângulos de contato entre gotícula de água deionizada e
superfície vidro: A) para o PLGA controle; B) PLGA-HA; C) PLDLA controle; D) PLDLA-HA; E) e
F) para o PLGA-HAADH e G) para o PLDLA-HAADH.
67
Por fim, após o revestimento das amostras de filmes e tubos de PLLA
por dip coating com PLDLA e PLGA, descrito no item 3.2.4, as amostras de
filmes e tubos de PLLA foram caracterizadas. As medidas de espessura,
obtidas conforme metodologia descrita no item 3.2.3.1, são apresentadas na
Tabela 5, e a fotografia e estereomicroscopia, com medidas tiradas pelo
software do próprio equipamento, indicadas na imagem, na Figura 34. Na
imagem A também é possível observar um stent metálico comercial (Crounus®
- Scitech), para melhor visualização comparativa das dimensões dos modelos.
Tabela 5: Valores de espessura, em milímetros, dos filmes, antes e após o
revestimento por dip coating;
Espessura [mm]: PLLA+PLDLA PLLA+PLGA
Antes (Média) 0,41 0,42
Antes (Desvio padrão) 0,05 0,06
Após (Média) 0,42 0,44
Após (Desvio padrão) 0,04 0,05
68
Figura 34: A) Fotografia dos tubos de PLLA antes e após o revestimento em
comparação com um stent coronário comercial (Cronus® - Scitech): A1) PLLA revestido com
PLDLA; A2) stent metálico Cronus®; A3) PLLA revestido com PLGA; A4) stent metálico
Cronus® expandido; A5) PLLA sem revestimento e B) Estereomicroscopia com medidas do
tubo de PLLA sem revestimento.
69
5. DISCUSSÃO
Neste capítulo, é apresentada a análise dos resultados obtidos. Foi
realizada uma subdivisão, por questão didática, que não segue a numeração
dos capítulos anteriores. O primeiro item, 5.1, refere-se às questões de
caracterização superficiais, de propriedades mecânicas e térmicas, o item 5.2
trata das questões referentes aos processos de esterilização e o 5.3 dos dados
relacionados à confirmação da incorporação de HA, e por último, as
considerações finais estão no item 5.4.
5.1 Caracterização e propriedades.
O filme de PLLA obtido por evaporação de solvente apresentou coloração
esbranquiçada, característico de polímero semicristalino. Já os filmes de
PLDLA e PLGA apresentaram-se como transparentes, característica de
polímeros amorfos.
Os filmes apresentaram valores de espessura entre 0,50 e 0,39 mm, com
desvio padrão bem diminuto, o que comprova a uniformidade de espessura das
amostras obtidas pelo método de evaporação de solvente.
As microestruturas dos filmes em estudo foram analisadas por diferentes
técnicas. As imagens obtidas por microscopia óptica permitiram verificar que o
filme de PLLA apresenta aspecto de polímero com alta cristalinidade, enquanto
que os filmes de PLDLA e PLGA apresentaram aspectos de material amorfo,
corroborando com estudos de Rezende, e colaboradores, 2003. Para todos os
70
filmes, foram analisadas as superfícies em contato com o ar e com o vidro, as
quais não apresentaram diferenças significativas.
Os resultados das análises térmicas confirmam aqueles determinados
por MO, isto é, de que o PLLA apresenta morfologia semicristalina, enquanto
que o PLDLA e PLGA apresentam morfologia amorfa, já que, para o PLLA foi
possível identificar temperatura de fusão bem definida e para o PLDLA e PLGA
não foi possível identificar esta temperatura de fusão. Em outros estudos,
Rezende e colaboradores, em 2005 e Erbetta e colaboradores em 2011,
determinaram as temperaturas de fusão para membranas destes polímeros por
análises térmicas. Desta forma, estudos complementares estão sendo
realizados neste sentido.
Quanto ao comportamento mecânico, nos ensaios de tensão x
deformação sob tração, foi não foi possível observar diferença significativa
entre as amostras antes e após os processos de esterilização, mostrando que
os mesmos não interferem nestas propriedades mecânicas, importantes
principalmente para o material escolhido para fabricação, o corpo central do
protótipo de stent, que deve apresentar resistência mecânica suficiente para
evitar o fechamento do vaso sanguíneo. O PLLA apresentou os maiores
valores para módulo elástico e tensão na ruptura, apresentando a maior
resistência entre os materiais estudados.
Materiais poliméricos apresentam, de maneira geral, menor resistência
mecânica quando comparados aos materiais metálicos (Nash et al., 2014). No
desenvolvimento de stents poliméricos, este fato pode ser compensado na
elaboração de desenhos específicos para os dispositivos ou sistemas de clip
71
durante a expansão no implante, que vem sendo alvo de pesquisa do Centro
de Engenharia em Assistência Circulatória (CEAC) do Instituto Dante
Pazzanese de Cardiologia (IDPC) em parceria com a BioMechanical
Engenharia Biomédica, no estudo e simulação computacional das propriedades
mecânicas para aprimoramento do desenho do dispositivo.
O PLLA também apresentou os maiores valores de dureza na escala
Shore-A. Os resultados obtidos para as propriedades mecânicas corroboram
com as análises térmicas e caracterização microestrutural que mostraram o
PLLA com características de material com maior cristalinidade.
Já os polímeros PLDLA e PLGA apresentaram valores menores, e muito
próximos entre si, para módulo de elasticidade e tensão na ruptura, além de
valores mais elevados do que PLLA para deformação no escoamento e na
ruptura. Estes resultados estão em concordância com os das análises térmicas
e caracterização microestrutural, que apresentou estes polímeros como
materiais de estrutura predominantemente amorfa.
5.2 Esterilização.
Em relação à esterilização, nas avaliações por imagem, não foi possível
observar nenhuma diferença significativa entre as amostras não esterilizada e
as submetidas aos diferentes processos de esterilização, por UV e por plasma.
Quanto à aparência dos filmes, não ficaram evidentes alterações de
coloração e/ou transparência após a exposição dos mesmos aos processos de
esterilização. Principalmente no caso da esterilização por UV, que é um tipo de
72
radiação conhecida por gerar amarelamento, o que, para materiais poliméricos,
é um indicativo de processos de degradação, uma vez que a radiação UV pode
interagir com as duplas ou triplas ligações químicas presentes nas cadeias
poliméricas, facilitando a quebra das cadeias e gerando radicais livres que
podem reagir formando grupos carbonila na cadeia principal (Lewis et al.,
2004).
Também não foram encontradas diferenças significativas nas análises
por TGA e DSC, nos padrões de picos que representam as temperaturas de
fusão para as amostras antes e depois das esterilizações por plasma e UV.
Com a determinação do ângulo de contato entre gotícula de água e a superfície
dos polímeros em estudo, foi possível identificar que não ocorreram alterações
significativas entre as amostras antes e após esterilização.
Ainda em relação aos processos de esterilização, foi confirmada a
esterilidade das amostras, tanto para o processo por UV, quanto para a
esterilização por plasma, seguindo a adequação às normas de segurança em
esterilização por óxido de etileno: ISO11135:2007 e ABNT NBR 15245:2005.
Não foram descritas na literatura normas de segurança para esterilização com
UV ou Plasma para aplicação em stents, devido a este fato, foram seguidas as
normas para o óxido de etileno, que é amplamente utilizado nesta aplicação.
5.3 Confirmação da incorporação de HA.
As imagens obtidas por microscopia óptica dos filmes de PLDLA-HA,
PLDLA-HAADH e PLGA-HA, PLGA-HAADH, apresentadas nas Figuras 7 e 8,
indicam características de formação de domínios, onde os pontos mais escuros
73
provavelmente correspondem ao HA enxertado nos polímeros. A separação em
domínios ocorre provavelmente devido às características hidrofílicas do HA e
hidrofóbicas dos polímeros, PLGA e PLDLA, o que dificulta a mistura das
cadeias poliméricas.
A análise por FTIR teve como objetivo comprovar a presença do HA nos
filmes de PLDLA-HA, PLDLA-HAADH e PLGA-HA, PLGA-HAADH, porém,
analisando os espectros obtidos, não foi possível tal observação. Uma hipótese
é que, nos filmes em que ocorreu a enxertia do HA, a concentração deste é
muito baixa. Como sugestão para a próxima etapa do trabalho, a análise
poderá ser realizada empregando o recurso de microATR, que permite análise
pontual na amostra sob ampliação, para tentativa de visualizar os domínios,
nas regiões específicas dos filmes identificadas na microscopia, onde
provavelmente correspondem as regiões com maior concentração de HA.
Para os filmes submetidos à enxertia de HA, pela análise de TGA, foi
possível verificar que, para ambos os polímeros PLDLA e PLGA, os
procedimentos de enxertia de HA resultaram em amostras com menor
temperatura de degradação, conforme pode ser verificado na Tabela 2. Outro
aspecto observado é a perda d’água, presente apenas nas amostras com HA e
HAADH, pode ser mais um indicativo da enxertia. A presença de água se deve,
provavelmente, ao fato de o HA ser bastante hidrofílico e absorver a umidade
do ar durante a permanência da amostra fora da câmara de vácuo, durante a
realização do experimento.
Já, pela análise de DSC, foi possível comprovar provável enxertia
apenas para o caso do PLGA-HA e PLGA-HAADH, uma vez que para estes
74
filmes foi constatada a presença de pico de cristalização acima da TG do PLGA
e dois picos de fusão, para temperaturas de aproximadamente 140oC e 157oC
em ambas as amostras. Tais resultados serão mais explorados para confirmar
a influência do HA na morfologia do PLGA. Uma hipótese é a da atuação do
HA como agente nucleante.
Finalmente, a determinação de intumescimento e molhabilidade à água
permitiram comprovar que foi possível enxertar HA em matrizes de PLDLA e
PLGA. As curvas de intumescimento em água para os diferentes polímeros são
mostradas na Figura 26. Nesta avaliação, foi possível observar que os
polímeros com enxertia de HA apresentaram maior intumescimento do que os
polímeros puros. É importante destacar que PLDLA-HA e PLDLA-HAADH
apresentaram resultados de intumescimento superiores aos encontrados para
PLGA-HA e PLGA-HAADH, podendo ser um fator a ser considerado na futura
seleção do material para revestimento dos protótipos. Não foi possível
identificar alterações de espessura significativas após este experimento que,
neste caso, não seria uma reação interessante, caso ocorresse no dispositivo
depois de implantado, por exemplo, pois os stents para aplicações em
coronárias devem apresentar as menores espessuras possíveis.
Com relação à molhabilidade à água, medida por ângulo de contato, as
amostras apresentam importantes diferenças, quando comparadas às
amostras com enxertia de HA e HAADH e às amostras controle, isto é,
polímeros não submetidos à enxertia. A Figura 33 deixa claro que os
polímeros PLDLA-HAADH e PLGA-HAADH se mostraram mais hidrofílicas do
que os controles, indicativos de sucesso na enxertia do HA, que apresenta
75
elevada característica hidrofílica, ao contrário dos materiais PLGA e PLDLA
como descrevem Rezende e colaboradores, 2003.
O ADH tem a função de modificar o HA quimicamente, deixando radicais
amina ligados à cadeia do HA, os quais, por sua vez, podem promover a
ligação deste com o polímero matriz. Desta maneira, o HA estaria não apenas
misturado ao polímero, mas ligado quimicamente, isto é, enxertado ao polímero
matriz, como apresentado por Park e colaboradores na Figura 35 (Park et al.,
2009). Desta forma, a enxertia do HA foi mais eficiente para o HA
quimicamente modificado com ADH (PLDLA-HAADH e PLGA-HAADH), quando
comparado aos polímeros que seguiram o protocolo que não passava por esta
modificação (PLDLA-HA e PLGA-HA).
76
Figura 35: Reações químicas da metodologia elaborada por Park e colaboradores,
2009, para enxertia do HA no PLGA: A) Modificação do HA com ADH B) Adição de NHS ao
PLGA C) Formação do PLGA-HAADH.
O processo de dip coating se mostrou interessante para os
revestimentos estudados neste trabalho. Foi possível verificar a deposição de
filmes de espessura bem reduzida, não detectada pelo método de medição do
77
micrômetro digital. Estudos complementares com microscopia eletrônica de
varredura, por exemplo, serão de grande importância na caracterização da
espessura dos filmes de revestimento depositados nos tubos e placas de
PLLA.
5.4 Considerações finais.
Como sugestões para trabalhos futuros, em relação às propriedades
mecânicas do material para a estrutura central do stent, serão realizados
estudos para determinação da melhor composição, aliando as características
mais rígidas do PLLA com seu copolímero PLDLA de características
borrachosas, além de desenho e simulação computacional da estrutura do
modelo para melhoria das propriedades mecânicas (colaboração:
BioMechanical Engenharia Biomedica®).
Com relação ao revestimento, serão realizados os estudos de liberação do
ácido hialurônico e degradação dos polímeros carregadores in vitro
(colaboração: CEAC-IDPC, UFABC e PUC-SP)
Estes próximos resultados possibilitarão o início dos estudos de
optimização dos processos de fabricação da estrutura central (extrusão e corte
a lazer ou impressão 3D) e dos revestimentos (dip coating ou eletrofiação).
Agradecimentos: À Profa. Dra. Eliana Duek e equipe do Laboratório de
Biomateriais da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo por ceder os
polímeros utilizados neste trabalho e auxiliar na caracterização.
78
À Profa. Dra. Sônia Maria Malmonge pela coorientação e equipe da
Universidade Federal do ABC pelo auxílio na realização dos os experimentos
do presente projeto.
À CAPES pelo apoio financeiro durante o projeto.
79
6. CONCLUSÕES
Quanto à microestrutura, foi possível identificar que o filme de PLLA,
obtido pelo processo de evaporação de solvente nas condições empregadas
neste trabalho, apresenta aspecto de polímero com alta cristalinidade,
enquanto que os filmes de PLDLA e PLGA apresentaram aspectos de material
amorfo.
Quanto ao desempenho mecânico estrutural dos polímeros em estudo, o
PLLA apresentou maiores valores de módulo elástico e maior resistência à
tração do que os PLDLA e PLGA. Desta forma, é possível concluir que o PLLA
apresenta características para uso como biomaterial na fabricação da estrutura
central do stent, enquanto que os polímeros PLDLA e PLGA apresentam
características para uso como biomaterial de revestimento de stent.
Foi possível concluir que não ocorrem alterações na microestrutura,
propriedades térmicas e propriedades mecânicas dos materiais PLLA, PLDLA e
PLGA após os processos de esterilização por UV e por plasma, indicando a
estabilidade das amostras a estes processos. Também foi possível confirmar a
esterilidade das amostras após os dois processos estudados, já na
conformação de tubo, característica do protótipo.
Por fim, foi possível confirmar a enxertia do HA e HAADH nos polímeros
PLDLA e PLGA através dos dois protocolos empregados. De forma indireta,
pelos resultados de FTIR e TGA, com a detecção da presença de água nas
80
amostras com HA. De forma direta, com os resultados de molhabilidade e
intumescimento, com valores superiores para os revestimentos com HAADH.
Desta forma, este trabalho possibilitou o desenvolvimento dos modelos
físicos biorreabsorvíveis, com dimensões semelhantes aos stents coronários,
feitos de PLLA, revestidos com PLGA e PLDLA com enxertia do HA e HAADH,
estáveis aos processos de esterilização por radiação ultravioleta e plasma de
peróxido de hidrogênio.
81
ANEXO A – Gráficos dos resultados dos ensaios de tensão x
deformação sob tração.
82
Gráfico 1: Resultados do ensaio de tensão x deformação sob tração: Gráfico tensão
[MPa] x deformação [%] para o PLLA sem esterilização.
Gráfico 2: Resultados do ensaio de tensão x deformação sob tração: Gráfico tensão
[MPa] x deformação [%] para o PLLA com esterilização por UV.
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
0 2 4 6 8 10 12 14 16
TEn
são
[M
Pa]
Deformação [%]
PLLA sem esterilização
83
Gráfico 3: Resultados do ensaio de tensão x deformação sob tração: Gráfico tensão
[MPa] x deformação [%] para o PLLA com esterilização por plasma.
Gráfico 4: Resultados do ensaio de tensão x deformação sob tração: Gráfico tensão
[MPa] x deformação [%] para o PLDLA sem esterilização.
0
5
10
15
20
25
0,00 1,00 2,00 3,00 4,00 5,00 6,00
Ten
são
[M
Pa]
Deformação [%]
PLLA Plasma
0
1
2
3
4
5
6
7
8
0 50 100 150 200 250 300
Ten
são
[M
Pa]
Deformação [%]
PLDLA sem esterilização
84
Gráfico 5: Resultados do ensaio de tensão x deformação sob tração: Gráfico tensão
[MPa] x deformação [%] para o PLLA com esterilização por UV.
Gráfico 6: Resultados do ensaio de tensão x deformação sob tração: Gráfico tensão
[MPa] x deformação [%] para o PLDLA com esterilização por plasma.
85
Gráfico 7: Resultados do ensaio de tensão x deformação sob tração: Gráfico tensão
[MPa] x deformação [%] para o PLGA sem esterilização.
Gráfico 8: Resultados do ensaio de tensão x deformação sob tração: Gráfico tensão
[MPa] x deformação [%] para o PLGA com esterilização por UV.
86
Gráfico 9: Resultados do ensaio de tensão x deformação sob tração: Gráfico tensão
[MPa] x deformação [%] para o PLGA com esterilização por plasma.
87
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