AÇÕES AFIRMATIVASpalestra promovida pela UFG e pela Federação das Indústrias do Esta-do de...

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ANO III NO 21 AGOSTO / 2008

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580/2004-DR/GTUFG

CORREIOS

PUBLICAÇÃO DA ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

Resultado doEnade confirma

qualidade dainstituição

(pág. 10)

Joel Ulhôa mostrasua visão sobre a

universidadecontemporânea

(pág. 3)

UFG participade rede de

pesquisas sobrebiocombustíveis

(págs. 8 e 9 )

AÇÕES AFIRMATIVASAÇÕES AFIRMATIVASMudanças no vestibularincluem cotas, novos cursose ampliação de vagas

Mudanças no vestibularincluem cotas, novos cursose ampliação de vagas

O programa UFG In-clui foi aprovado no diaprimeiro de agosto e pre-vê uma série de novida-des referentes ao proces-so seletivo e à permanên-cia dos estudantes na uni-versidade. A principalmudança é a adoção decotas para alunos egres-sos da escola pública epara negros, tambémoriundos da rede públicade ensino, e já é válidapara o próximo vestibu-lar. Além do sistema decotas, o UFG Inclui con-templa, caso haja deman-da específica, uma vagaadicional em cada cursopara índios e negros qui-lombolas. Ainda para oprocesso seletivo 2009está prevista a implanta-ção de 25 novos cursos degraduação e a criação demais vagas e turmas emcursos já existentes.(págs. 6 e 7)

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PUBLICAÇÃO DA ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃODA UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

ANO III – NO 21 – AGOSTO 2008

ASCOM – Reitoria da UFG – Câmpus SamambaiaC.P.: 131 – CEP 74001-970 – Goiânia – GO

Tel.: (62) 3521-1310 /3521-1311 – Fax: (62) 3521-1169www.ufg.br – imprensa@reitoria.ufg.br – www.ascom.ufg.br

ReitoriaReitor: Edward Madureira Brasil; Vice-reitor: BeneditoFerreira Marques; Pró-reitora de Graduação: SandramaraMatias Chaves; Pró-reitora de Pesquisa e Pós-Graduação:Divina das Dores de Paula Cardoso; Pró-reitor de Exten-são e Cultura: Anselmo Pessoa Neto; Pró-reitor de Admi-nistração e Finanças: Orlando Afonso Valle do Amaral;Pró-reitor de Desenvolvimento Institucional e RecursosHumanos: Jeblin Antônio Abraão; Pró-reitor de Assuntosda Comunidade Universitária: Ernando Melo Filizzola.

Jornal UFGAssessor de imprensa e editor-geral: Magno Medeiros;Editora executiva: Silvana Coleta Santos Pereira; Editoraassistente: Silvânia de Cássia Lima; Conselho Editorial:Angelita Pereira, Goiamérico Felício Santos, Maria das

OPINIÃO Goiânia, agosto de 2008Jornal UFG

CÂMPUS EM FOCOEDITORIAL

SANDRAMARACHAVES*

Graças Castro, Silvana Coleta Santos Pereira,Venerando Ribeiro de Campos, Mercês PietschCunha Mendonça; Suplentes: Valéria MariaSoledade de Almeida e Ellen Synthia Fernandesde Oliveira; Revisão: Ana Paula Ribeiro e MariaJosé Soares; Projeto gráfico e editoraçãoeletrônica: Cleomar Gomes Nogueira; Fotografia:Carlos Siqueira, Repórter: Maria Glória; Equipeadministrativa: Amália Magalhães e Leny Borges.Bolsistas: Allan Kardec Braga (design gráfico);Vinícius Batista (fotografia) e Ana Paula Vieira,Ana Flávia Alberton, José Eduardo Umbelino,Katiéllen Bonfanti, Lutiane Portílho, Pedro IvoFreire e Rodrigo Vilela (Jornalismo).

Impressão: Centro Editorial e Gráfico da UFG(Cegraf)

Graduação naUFG: expansão,inclusão equalidade deensino

O secre tár io deAcompanhamento Eco-nômico do Ministérioda Fazenda, Ne lsonBarbosa, participou depalestra promovida pelaUFG e pela Federaçãodas Indústrias do Esta-do de Goiás (Fieg), nodia 4 de julho, no au-ditório da Fieg. Duran-te o evento, Barbosaafirmou que o crescimento econômicodo Brasil em 2009 deverá ser de 4,5% eque esse índice reflete os choques ex-ternos na economia mundial e as me-didas adotadas pelo governo no comba-te à inflação. Ele argumentou que se ocrescimento da carga tributária tives-se ocorrido sem distribuição de renda,ou seja, sem um retorno direto para asociedade, o País estaria em uma situ-

UFG e Fieg promovem palestra sobre economia

Soroprevalência da Hepatite C e do HIVem gestantes do estado de Goiás: Programade Proteção à Gestante é o título da dis-sertação de mestrado de Zelma BernardesCosta, da Faculdade de Medicina da UFG,que foi premiada como o melhor trabalhoapresentado na Jornada Goiana de Gine-cologia e Obstetrícia, realizada no últimomês de junho. O estudo foi orientado pe-las professoras Celina Maria TurchiMartelli e Marisa Martins Avelino, do Ins-tituto de Patologia Tropical e Saúde Públi-ca (IPTSP) da UFG. Zelma utilizou dadosdo Instituto de Diagnóstico e Prevençãoda Apae de Goiânia, referentes aos anosde 2003, 2004 e 2005. Segundo ela, o estu-do é extremamente importante porque amaioria das infecções em crianças é her-

Dissertação ganha prêmio em Medicina

dada das mães. “Com ele, podemos estimara prevenção de cerca de 15 casos de HIVneonatal, por ano, no estado de Goiás”, ar-gumentou Zelma.

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A Universidade Federal de Goiás está vivendo um momen-to extremamente profícuo no que diz respeito à graduação. Coma expansão, ela demonstra maturidade acadêmica, administra-tiva e compromisso social, ao implementar projetos da enver-gadura do Programa de Apoio ao Plano de Reestruturação e Ex-pansão das Universidades Federais (Reuni) e do Programa deInclusão (UFG Inclui), de ações afirmativas.

O Reuni ampliará significativamente o número de vagasda graduação nos próximos quatro anos. Está prevista a cria-ção de, no mínimo, 30 cursos, em Goiânia, Jataí, Catalão eGoiás. Conseqüentemente, haverá mudanças na estrutura fí-sica, aquisição de equipamentos e investimento na assistên-cia estudantil, além de uma significativa ampliação do quadrode servidores docentes e técnico-administrativos.

O UFG Inclui dá respostas à sociedade que mantém a insti-tuição. Ele contempla, desde a inscrição no Processo Seletivo decandidatos provenientes de escola pública e de candidatosautodeclarados negros também de escola pública, a cota de 10%para cada uma dessas duas categorias em cada curso, até oacompanhamento e promoção da permanência na universidadedesses estudantes, passando pelo aproveitamento da nota doExame Nacional do Ensino Médio (Enem) e a criação de Curso Li-vre (cursinho pré-vestibular) para egressos de escola pública.

O conjunto das políticas da instituição, mais particular-mente, da Pró-reitoria de Graduação, está voltado para a im-plementação de estratégias que contemplem os objetivos daexpansão e da inclusão, sem perder de vista a qualidade deensino que sempre caracterizou os cursos da UFG. Dentre es-sas políticas, destacam-se:– elaboração e aperfeiçoamento dos Projetos Pedagógicos de

Curso, em observância às Diretrizes Curriculares Nacio-nais, às grandes transformações socioeconômicas, cultu-rais e tecnológicas e às demandas postas para a formaçãode cidadãos/profissionais nas diferentes áreas;

– consolidação dos estágios por meio da implementação deum sistema de informatização, da publicação, em cader-nos, do regulamento e da ampliação de convênios;

– implementação de programas como PET, PME, Prolicen, PECG,Pibid, MAB, Prodocência;

– consolidação do Programa Formação para a Docência noEnsino;

– consolidação do Fórum Permanente de Graduação;– revisão do Regulamento Geral dos Cursos de Graduação

(RGCG) e aperfeiçoamento do Sistema Acadêmico da Gra-duação;

– promoção da interação com o Ensino Médio por meio dosprojetos UFG Vai à Escola, a Escola Vem à UFG e Corrigin-do Redação na UFG;

– ampliação e consolidação da política de formação de pro-fessores;

– consolidação da Educação a Distância.Em síntese, a expansão e a inclusão ora promovidas pela

UFG concretizam, de forma arrojada, a ampliação e a demo-cratização do acesso a esta instituição, configurando o seucompromisso com o ensino público de qualidade, com a pro-dução e difusão de conhecimento, expressos no quase meioséculo de sua existência.

*Professora Sandramara Matias ChavesPró-reitora de Graduação da UFG e presidente do Fórum

de Pró-reitores de Graduação das Universidade Brasileiras(Forgrad)

A professora do Instituto de Pato-logia Tropical e Saúde Pública (IPTSP)da UFG, Ana Lúcia Andrade, ganhouMenção Elogiosa por pesquisa apresen-tada em junho no 6th International Sym-posium on Pneumococci & PneumococcalDiseases (ISPPD), realizado em Reykja-vik, capital da Islândia. Ana Lúcia e asalunas do doutorado em Medicina Tro-pical, Caritas Franco e Licia Melo, visi-taram 62 das 70 creches de Goiânia parafazer a vigilância, determinar fatores derisco e avaliar a distribuição espacialde cepas de pneumococos resistentesà penicilina. A pesquisa, inédita, foirealizada em parceria com as Secreta-rias de Saúde e Educação do municípioe financiada pelo Conselho Nacional de

Pesquisa em creches ganha destaque internacional

Desenvolvimento Científico e Tecnoló-gico (CNPq).

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ação mais vulnerável. "A polít ica detransferência de renda acelerou o cres-cimento", afirmou. Segundo o secretá-rio, chegou-se ao novo número com basenos dados disponíveis atualmente, masesse dado poderá ser revisado até o en-vio da lei orçamentária. Até lá, novasanálises serão feitas e o governo deverádebater internamente o assunto paraanunciar uma nova projeção oficial.

3MEMÓRIA Goiânia, agosto de 2008Jornal UFG

Entrevista: Joel Pimentel deUlhôa por Maria Glória

ilósofo, de natureza con-testatória, apreciador dapolêmica e grande defen-

sor das atividades culturais, oprofessor emérito Joel Pimen-tel de Ulhôa, doutor em Filoso-fia pela USP, com pós-doutora-do em Paris, na École des Hau-tes Édudes en Sciences Sociales,administrou a UniversidadeFederal de Goiás (UFG) duran-te o período de 1986 a 1989.Foi o primeiro reitor eleito pelovoto direto. Com uma campa-nha acalorada, Ulhôa diz quesua gestão foi marcada pelasdiscussões de temas polêmicos,pela participação de todos osseguimentos da instituição e desetores importantes da socieda-de, pelo grande crescimento fí-sico da instituição e pela valo-rização da cultura.

O senhor entrou para a uni-versidade pouco depois dacriação da instituição. Perío-do dominado pelo regime mi-litar. Como o senhor avaliaessa fase da UFG?

Joel Ulhôa – Entrei paraa UFG em 1968. Vivíamos umperíodo muito ruim: os cidadãosbrasileiros e as instituições deensino viviam sob controle deórgãos ligados ao regime mili-tar. A universidade não esca-pou dessa ditadura. Havia pou-cos e inexpressivos movimen-tos de contestação do regime.Participei desses movimentos eisso, de certa forma, marcou oinício da minha vida profissi-onal dentro da universidade.Passei, por exemplo, por umbom tempo, a ser visto pelosórgãos de segurança como um‘cara suspeito’. Em meio a esseclima ditatorial, a universida-de brasileira acabou sofrendomuito. A ditadura machucou,maltratou as instituições,principalmente as universida-des, por serem de naturezacrítica e que não podem flo-rescer num clima de restriçãoà liberdade de pensamento.Mas elas não deixaram decrescer e amadurecer também.Essa é uma das vantagens dosmomentos de crise. Eu gostomuito dessa palavra ‘crise’. Deorigem grega, ela significaparto. E como em todo parto,a dor e a esperança estão sem-pre presentes.

Como se deu esse crescimen-to das universidades brasi-leiras?

Joel Ulhôa – Passados osmomentos de crise, surgiu en-tão algo novo. O Brasil come-çou a respirar com um poucomais de consciência, eu diria,cívica. Houve uma busca, umdesejo de democratização dasinstituições. A experiência dademocracia dentro das univer-sidades foi enriquecida, porexemplo, pela abertura dos de-bates e da palavra e com as elei-ções diretas para os seus ad-ministradores.

O senhor se classifica comoum homem político. Antesmesmo de entrar para a uni-versidade já atuava em movi-

“As universidadesexistem para

criar uma cultura,mudar a sociedade”

mentos políticos de estudan-tes e de bancários. Como foia sua experiência políticadentro da UFG?

Joel Ulhôa – Vivo a polí-tica por vocação. Já fui sindi-calista, quando funcionário doBanco do Brasil, antes de en-trar na universidade, e partici-pante do movimento estudantildesde o secundário. Na UFGtambém tive, sempre, atuaçãopolítica, tendo sido um dos fun-dadores da Adufg e da equipede seus primeiros dirigentes. Apolítica é uma coisa muito no-bre, que se manifesta em to-dos os sentidos, dentro e foradas salas de aula, direta ou in-diretamente, na vida, na soci-edade e em cada um de nós. Eusempre fiz questão de fazer dapolítica um compromisso com ademocracia e com os valoresque dignificam o ser humano ea vida comunitária. Em minhasaulas de Filosofia, por exemplo,nunca discutíamos somente oabstrato pelo abstrato. Buscá-vamos conceitos a partir dadiscussão, da polêmica, ras-treando o significado do real.Tentava mostrar aos alunos adimensão civilizatória e liber-tadora da polêmica. A discor-dância do aluno para com oprofessor deve existir, deveser estimulada. Sem ela nãohá vida intelectual ativa e for-mamos robôs.

Com uma atuação política for-te dentro da UFG, seria natu-ral surgir o seu nome para adisputa das primeiras elei-ções diretas para reitor. Foiassim mesmo que ocorreu?

Joel Ulhôa – Sim. Essaparticipação ativa contribuiupara a lembramça de meu nomepara essa disputa. O slogan daminha campanha foi ‘Vamosconstruir juntos a universida-de que queremos’. Concorri, naépoca, com vários excelentescolegas. E a disputa foi acirra-

da e acalorada. As pessoas sen-tiram uma necessidade muitogrande de se expressar. E issoera visível e se tornou possível,da forma mais ampla e demo-crática, com o fim do regime mi-litar. Essa era, afinal, a primei-ra eleição direta para reitor daUFG.

Como o senhor encontrou aadministração da UFG após oregime militar?

Joel Ulhôa – A professo-ra Maria do Rosário Cassimiro,reitora que me precedeu, foiuma boa administradora e, delonga data, uma professora com-prometida com a educação. Onosso desafio era então mudaro eixo de crescimento da uni-versidade. Tínhamos um novoprojeto, que nasceu das discus-sões com os professores, alu-nos e servidores. Implantamosmudanças profundas no espa-ço físico da universidade. Efe-tivamos a construção de maisde 40 mil metros quadrados.Construímos, por exemplo, aBiblioteca Central, o Institutode Artes, as Faculdades de Far-mácia e de Odontologia, a cre-che, terminamos o IPTST. Im-plantamos a prefeitura do câm-pus e o museu na Praça Uni-versitária, iniciamos a constru-ção do Centro de Tecnologia deAlimentos, que hoje é referên-cia nacional; a Escola de En-fermagem; criamos uma asses-soria de relações internacio-nais, que abriu muitas portaslá fora. Assinamos convênioscom a França, Iugoslávia, Ale-manha, entre outros países,beneficiando várias áreas aca-dêmicas, inclusive algumas li-gadas diretamente aos setoresda economia do estado, como aAgronomia.

Em seu reitorado o senhorsuscitou a criação de “bolsõesde ociosidade”. Qual era aproposta desses bolsões?

Joel Ulhôa – Eu sempreachei que os cursos tinham umexcesso de matérias, algumastotalmente dispensáveis para aformação do aluno e que opera-vam como obstáculo a uma de-dicação maior, desse aluno, nabusca de um universo culturalmais rico e pessoal. Com basenessa minha convicção, lanceientão a idéia da criação, no in-terior dos currículos e como par-te integrante deles, o que euchamei de ‘bolsões de ociosida-de’. Fiz questão de criar um ter-mo polêmico para gerar discus-sões. Além das disciplinas re-almente formativas, os alunosteriam o máximo de tempo pos-sível para se dedicar às ativi-dades cul turais , como oscineclubes. Sempre estimuleias vivências culturais – namúsica, no cinema etc. No te-atro, por exemplo tivemos umnúcleo muito ativo, sob o co-mando do professor Carlos Fer-nando. Para mim, a culturatem um papel muito importan-te, pois contribui, mais do quequalquer outra coisa, para aformação do cidadão, do alu-no. A idéia provocou muitadiscussão. Mas, infelizmenteela não se concretizou. No en-tanto, a proposta resultou emreformas de currículo. Forameliminadas as matérias consi-deradas supérfluas. Em meureitorado sempre levanteiquestões polêmicas. E os bol-sões eram uma delas e confes-so que até hoje acredito muitoem sua validade e em sua le-gitimidade.

O senhor recorda de algumaoutra discussão polêmica quemovimentou a universidade?

Joel Ulhôa – A tese era aseguinte: a Reitoria, embora oreitor fosse eleito depois da di-tadura, não expressava bem oconceito de democratização,porque o reitor da universida-de ocupa um cargo que acabasendo expressão do totalitaris-mo. Ele, com efeito, preside, aomesmo tempo, os órgãos legis-lativos e executivos. A institui-ção universitária ainda não con-seguiu aquilo que na vida pú-blica se conquistou há séculos,que é a separação dos três po-deres – cada um com sua auto-nomia. Acho que a estrutura dauniversidade poderia ser maisdemocrática. Isso significamuito mais do que elegermosnossos dirigentes, apenas, masmodificarmos, lucidamente,toda a estrutura de poder nauniversidade. Essa minha idéiafoi objeto de muita polêmica,mas nunca tive e nem tenho apretensão infantil de ser o donoda verdade.

O senhor conseguiu fazer oseu sucessor, o professor Ri-cardo Bufáilçal (falecido emabril deste ano), que em suagestão foi gerente do Escritó-rio Técnico-Administrativo(ETA) – atual Centro de Ges-tão do Espaço Físico (Cegef).Como o senhor descreve o tra-balho de Bufáiçal?

Joel Ulhôa – Antes dequalquer coisa, não posso dei-xar, mais uma vez, de expres-sar o sentimento de grande tris-teza que me abateu com a morte

de Ricardo. Ele representouuma grande perda para a uni-versidade. Ele era um cidadãoexemplar, digno, honesto ecompetente. Bufáiçal deu pros-seguimento ao projeto do nossoreitorado para a universidade eavançou muito mais. Mas medetenho na sua participação nadireção do ETA, cargo que o cre-denciou para exercer o postomais alto da universidade, o dereitor. O ETA enfrentou um pro-blema seriíssimo no começo. Naépoca, o governo federal dispo-nibilizou para as universidadesfederais do país alguns milhõesde dólares via convênio inter-nacional. Tivemos de lutarmuito para utilizarmos a par-te da verba disponível para aUFG, porque existiam gruposdentro da inst i tuição queachavam que a verba represen-taria a invasão do imperialis-mo americano. Além da resis-tência desse pessoal, tínha-mos outro problema: se nãoutilizássemos o recurso emtempo hábil, a UFG o perde-ria. Havia datas a serem cum-pridas. Adotamos a seguinteestratégia: convidamos umgrupo de técnicos do BID. Enos reunimos, numa concor-rida e vibrante assembléia, es-pecificamente convocada paradiscutir o assunto. O objetivoera apaziguar os ânimos e mos-trar a importância do recursopara a universidade e da ur-gência de sua aplicação. E deucerto. Sem oposição, consegui-mos viabilizar as obras para auniversidade. Em meio a todoesse processo estava a figuracentral de Ricardo, com suaexcelente equipe do ETA.

Já passados quase 20 anos desua gestão, como o senhor vêhoje a UFG?

Joel Ulhôa – Ela está nocaminho certo. O atual reitor,professor Edward, e a sua equi-pe, vão deixar uma marca nahistória da universidade. Ago-ra, a UFG ainda é um embrião.Ainda temos muito chão pelafrente. O processo de transfor-mação e crescimento das insti-tuições universitárias no Bra-sil é naturalmente lento. A uni-versidade brasileira é uma cri-ança – a mais antiga não deveter hoje nem 100 anos. O Peru,por exemplo, já tem universi-dade com 500 anos; a de Bo-logna tem 1.000 anos. E mais:as universidades européiastêm status e gozam de umprestiígio enorme. As ameri-canas também. Mas estamosindo bem: nós temos hoje umaciência respeitada, uma filo-sofia respeitada, uma área ru-ral de essencial importância.Precisamos agora é de um mai-or apoio do poder público, por-que as universidades são ins-tituições de fundamental im-portância. É preciso entenderisso. Elas não foram feitas so-mente para formar alunos,diplomá-los, dar-lhes umaprofissão, inseri-los no mer-cado. Elas foram feitas paracriar cultura, mudar a socieda-de, desenvolver a cidadania eo respeito com a coisa pública,criar, enfim, vidas. É para issoque existem. É para isso quenós existimos diante delas.

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4 EVENTOS Goiânia, agosto de 2008Jornal UFG

De 25 a 27 de setembroa Universidade Federal de Goi-ás (UFG) promoverá o seminá-rio “Das margens aos centros:sexualidades, gêneros e direi-tos humanos”, na Faculdadede Direito. O evento é uma re-alização do Núcleo de Estudose Pesquisas em Gênero e Se-xualidade da UFG (Ser-Tão),

Ana Paula Vieira

ensamento negro eanti-racismo” foi otema do V Congresso

Brasileiro de PesquisadoresNegros (CBPN), promovidopela Associação Brasileirade Pesquisadores Negros(ABPN), em parceria com aUnivers idade Federa l deGoiás (UFG), a Universida-de Católica de Goiás (UCG)e a Universidade Estadual deGoiás (UEG), entre os dias 29de julho e 1° de agosto, emGoiânia. A produção intelec-tual de pesquisadores ne-gros, a troca de conhecimen-to entre estudiosos de diver-sas regiões do país e do ex-terior e a discussão de ques-tões diretamente relaciona-das com a população negrativeram espaço no evento.

Cerca de 1.300 partici-pantes e um total de 280 tra-balhos selecionados, alémda extensa programação,que incluiu grupos de tra-balho, exposições, oficinas,minicursos, lançamentos del ivros, mostra de f i lmes,conferências, mesas-redon-das e apresentações cultu-ra is , movimentaram o VCBPN. Segundo o professordo Instituto de Estudos So-c ioambienta is ( I esa ) daUFG, v ice-pres idente da

Pesquisadores negros reunidos em congressoEvento sediado emGoiânia foi promovidopela AssociaçãoBrasileira dePesquisadores Negros,em parceria com UFG,UCG e UEG

com o apoio da Secretaria Especial de Di-reitos Humanos da Presidência da Repú-blica (SEDH).

O objetivo do seminário é reunirpessoas comprometidas com a garan-tia dos direitos humanos e de cidada-nia dos homossexuais. Está prevista apresença de mais de 40 especialistas dediferentes universidades, como Universida-de Federal de Minas Gerais (UFMG), Universi-

dade Federal do Rio Grande do Sul (UFR-GS), Universidade de Campinas (Uni-

camp), Universidade Federal de SantaCatarina (UFSC) e Universidade Fede-ral de Uberlândia (UFU). Diversos te-mas relacionados com a sexualidade,gênero e homossexualismo serão es-

tudados e debatidos em 10 grupos detrabalho (GTs). Mais informações pelo

telefone (62) 3209-6010, ramal 31.

ABPN e presidente do con-gresso, Alex Ratts, além dostemas comuns no movimen-to negro, como racismo,ações afirmativas, auto-iden-tificação e relações raciais,essa edição trouxe assuntosnovos entre seus dez eixostemáticos principais.

Novidades – “Pensamentonegro não é porque os auto-res – intelectuais – são ne-gros, é porque eles são ne-gros, pensam o racismo, asituação do negro aqui e emdiversos lugares, repensame trazem os autores antigosque estavam esquecidos”,definiu Ratts. Entre as no-vas questões desse seg-mento, Alex Ratts destacou“Racismo ambiental”, quepela primeira vez foi discu-tido, e “Corporeidade, gêne-ro e sexualidade”, que, se-gundo ele, agora assumiuum espaço fundamental noâmbito de interesse dospesquisadores negros.

Conforme explicou AlexRatts, racismo ambientalconsiste na incidência deproblemas ambientais em de-terminadas comunidades ét-nicas e raciais. Segundo oprofessor, em agosto de 2005,por exemplo, quando o fura-cão Katrina atingiu o sul dosEstados Unidos, havia bair-ros negros ainda em instala-ções provisórias em conse-qüência de um furacão ante-rior. A invasão de comunida-des indígenas, quilombolase ribeirinhas por empresasde mineração e de celuloseé outro exemplo citado porRatts. “Não atinge os povos

em geral, mas uma comuni-dade étnica especialmente. Eé racismo, porque se se temuma comunidade étnica ouracial ali e se destrói a mataciliar, ela está impedida deviver como comunidade negrae indígena”, explicou.

As temáticas da sexua-lidade e do gênero tambémganharam mais destaqueneste congresso do que nosencontros anteriores.

Goiás – As referências deestudos sobre problemas ét-nico-raciais encontram-seprioritariamente na Bahia, noMaranhão, no Rio de Janei-ro e em São Paulo. Na pri-meira edição do CBPN, em2000, entre os pouco mais de300 participantes, Ratts lem-bra-se de que havia dois goi-anos – uma era a professorada UFG, Zita Ferreira, hojeaposentada. A discussão foiganhando espaço e, em 2005,

foi criado o Núcleo de Estu-dos Africanos e Afrodescen-dentes da UFG. Desde então,estreitaram-se as relaçõescom a UCG e a UEG, o quepossibilitou a candidatura deGoiânia a sede do evento.Segundo o presidente doCBPN, havia uma expectati-va não só de conhecer os gru-pos de pesquisa da região,mas também a cultura goia-na, tanto a mais convencio-nal, quanto a quilombola, ca-lunga, a da capoeira angola,do hip hop e das congadas.

O V CBPN ainda home-nageou figuras importantespara o progresso do pensa-mento negro goiano, como oprofessor Martiniano José daSilva, que em 1974 escreveuo livro Sombra dos quilombos –introdução ao estudo do negroem Goiás, a professora ZitaFerreira, estudiosa de dançasnegras, e os professores Val-dir Ferreira e Jefferson do

Carmo, que participaram daformação do Centro de Estu-dos Afro-Brasileiros da UCG.

Porém, Ratts ressaltaque não só membros da aca-demia fazem parte da inte-lectualidade negra: “Umamãe-de-santo, um mestre decapoeira, um capitão de con-gada são mestres do saber.Sem essas pessoas as cul-turas negras não existiri-am”. Os mestres de capoeiraBimba, Zumbi e Onça e a mi-grante de Catalão, envolvidacom as congadas, Maria JoséAlves, também receberam ho-menagens.

Representação negra –“Quando olhamos para a ci-ência brasileira, tanto a áreade arte, quanto de humani-dades, a presença de douto-res negros, com carreirasconsolidadas, é muito peque-na. Isso tem a ver com umamaneira como o racismoocorre no espaço acadêmico”,alertou Ratts. Segundo o pro-fessor, na década de 1970,alguns intelectuais começa-ram a problematizar a ques-tão negra e, no final dos anos80, houve um encontro de do-centes negros em Marília(SP). Depois de 30 anos deevolução, um sinal dela é oaumento da representaçãonegra na universidade, per-cebida com a participação degraduandos a pós-doutoresno V CBPN. “Hoje o estudan-te negro vai ver que há dou-tores negros em diversas áre-as do conhecimento, entãoele percebe que pode tambémtrilhar essa carreira”, defen-deu Alex Ratts.

UFG discute gênero e sexualidade

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Apresentações artísticas enriquecem a abertura do evento

5DESTAQUE Goiânia, agosto de 2008Jornal UFG

José Eduardo Umbelino

Centro-Oeste brasilei-ro tem riqueza incal-culável em recursos

hídricos. O maior número defontes termais do país se en-contra no estado de Goiás,além de ecossistemas aquáti-cos essenciais, tais como oPantanal no Mato Grosso. NoPlanalto Central brasileiro, co-nhecido como o “berço daságuas”, estão as nascentes degrandes afluentes das princi-pais bacias hidrográficas naci-onais, sem falar na presençade ambientes peculiares,como as águas prístinas(águas muito puras e intoca-das). Essa realidade atesta aimportância do XII CongressoBrasileiro de Ficologia, que acon-teceu de 7 a 10 de julho, na Uni-versidade Católica de Brasília(UCB). Presidiu a comissão orga-nizadora do evento foi a professorado Instituto de Ciências Biológicas(ICB) da UFG, Ina de Souza Nogueira.

A Ficologia é o ramo da Biologiaque estuda as algas de água salgada e deágua doce. Entretanto, a pesquisa sobreessas últimas tem se restringido ao esforçode poucos especialistas no país. Um indicativodisso é o fato de que as onze edições anteriores docongresso aconteceram em cidades litorâneas. De acor-

Congresso focalizaestudos sobre algasde água doce

do com a professora Ina, aidéia foi discutir os problemasda região e dar maior atençãoao estudo das algas de águadoce. Um dos pontos mais dis-cutidos durante o congressofoi a situação dos “tanques-rede”. Trata-se da prática deaproveitar reservatórios paracriar peixes, como acontecenos “pesque-pagues”. Os resí-duos do alimentares dos pei-xes fazem proliferar as algas,principalmente aquelas queproduzem substâncias tóxi-

cas. Assim, contamina-se aágua dos reservatórios e ospeixes que servirão de ali-mento à população.

Ina de Souza tambémressaltou o excesso de repre-sas criadas na região Centro-Oeste, prática conhecida comofragmentação de ambientesaquáticos, que estimula a pro-liferação dessas algas tóxicas.O avanço das fronteiras agrí-colas e a demanda crescentepor recursos energéticos nãotêm sido contrabalanceados

com estudos ambientais ade-quados. No tocante às algas,em parte, pela falta de pesqui-sadores.

O foco na educação, pes-quisa e formação de ficólogosteve destaque no tema do con-gresso "Algas – biodiversida-de, desenvolvimento e educa-ção" e na palestra intitulada“Fomento ao ensino, pesqui-sa e difusão do conhecimentono Brasil”. Outras palestraslançaram luz sobre a realida-de ambiental na região Cen-

tro-Oeste, incluindo as previ-sões sobre as mudanças cli-máticas globais. O evento ofe-receu ainda 11 cursos e me-sas-redondas e a orientaçãopara técnicos de empresas desaneamento, com foco emidentificação e quantificaçãode algas tóxicas. Participa-ram do congresso mais de 400pessoas, das quais 33% doCentro-Oeste. A UFG colabo-rou com cartazes, folders e oapoio de alunos, além de ce-der a infra-estrutura do Labo-ratório de Meio Ambiente eRecursos Hídricos (Lamarh)do Instituto de Ciências Bio-lógicas (ICB) e transportarconvidados e alguns congres-sistas.

Outro destaque do con-gresso foi a Feira ficológica,uma forma de popularizar a ci-ência, mostrando ao públicoleigo o quanto as algas estãopresentes no dia-a-dia. Cercade 350 crianças e 50 professo-res da rede pública participaramem diferentes tipos de ativida-

des: teatro, oficinas (de cosméti-cos, produtos alimentícios, produ-

tos do dia-a-dia, mundo microscópi-co), exposição de fotografias de algas

micro e macroscópicas, seção de mi-croscopia, mostra de vídeos. A professo-

ra Ina de Souza fez uma palestra didáticaintitulada “Algas: você conhece?”. Outra ofi-

cina importante foi oferecida pela bolsista doprograma de pós-graduação em Ciências Ambien-

tais da UFG (Ciamb), Sirlene Aparecida Felisberto,sobre o “Mundo Microscópico das algas”.

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EXPANSÃO NOVESTIBULAR 2009:MAIS DE 5.000 VAGASE 25 NOVOS CURSOS

6 UFG INCLUI Goiânia, agosto de 2008Jornal UFG

Ana Flávia Alberton

Programa UFG In-clui foi aprovado, nodia primeiro de

agosto, pelo Conselho Uni-versitário, com 33 votos afavor, três contra e três abs-tenções. Ele prevê uma sé-rie de mudanças referen-tes ao processo seletivo eà permanência dos estu-dantes que ingressarempor meio do programa emcursos de graduação daUFG. A principal mudançaé a adoção de cotas para alu-nos oriundos da escola pú-blica e para negros, tam-bém da rede pública de en-sino, e já é válida para opróximo vestibular.

Na primeira etapa doprocesso seletivo está pre-

UFG Inclui prevê políticade cotas para o processoseletivo 2009.O programa visa ainclusão de alunosegressos de escolapública e negros darede pública de ensino

Universidade aprova pro

vista a classificação adici-onal, se necessário, de 20%de candidatos que cursa-ram os dois últimos anos doEnsino Fundamental e todoo Ensino Médio em escolapública e, ainda, 20% denegros oriundos da redepública. Em ambos os casos,concorrem os candidatosoptantes pelo programa UFGInclui, no ato da inscrição.A convocação adicional peloprograma, para a segundaetapa do processo seletivo,

se dará por ordem de clas-sificação dos candidatos.

A classificação final doconcurso respeitará o crité-rio de reserva de vagas parao programa. Em cada curso,10% das vagas são destina-das aos candidatos aprova-dos pelo UFG Inclui - escolapública e outros 10% dasvagas são reservadas parao UFG Inclui - negros, tam-bém oriundos da rede públi-ca de ensino.

No ato da inscrição, o

candidato deverá optarpe lo s is tema universa lou pelo Programa UFG In-clui. O critério de defini-ção de estudante negroserá a autodec laração .Segundo o Instituto Bra-sileiro de Geografia e Es-tatística (IBGE), os negrossão constituídos por pre-tos e pardos. Uma comis-são será instalada paraverificar e validar essasinscrições.

Além do sistema de co-

tas, o programa UFG Incluiprevê, caso haja demandaespecífica, uma vaga adici-onal para índios e outrapara negros quilombolas. Oestudante que optar por con-correr como negro quilom-bola ou como indígena de-verá apresentar, no ato damatrícula, um comprovan-te de que pertence a umacomunidade reconhecidaoficialmente. Os demais,aprovados pelo programa,deverão apresentar os com-

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Momento da votação do programa UFG Inclui no Conselho Universitário

7UFG INCLUI Goiânia, agosto de 2008Jornal UFG

Curso Turno Vagas

provantes oficiais de quecursaram os últimos cincoanos em escola pública.

Outra mudança impor-tante é o aproveitamento danota do Exame Nacional doEnsino Médio (Enem) parao processo seletivo da UFG.Além disso, as provas dovestibular 2009 terão 20%de questões interdiscipli-nares. Segundo a pró-reito-ra de Graduação da UFG,Sandramara Matias Cha-ves, o objetivo é integrar asvárias áreas do conheci-mento e promover uma ava-liação mais qualitativa.

Novos cursos e vagas –Outra novidade do próximovestibular da UFG é a im-plantação de mais 25 cur-sos de graduação e a cria-ção de mais vagas e tur-mas em cursos já existen-tes, representando um au-mento de 1.211 vagas emrelação ao último concurso(3963 vagas), num total de5.174 vagas.

O programa UFG In-clui tem validade de dezanos e será avaliado anu-almente como mecanismopara aprimorar a políticade inclusão na universida-de. Após esse processo deinclusão, o programa prevêformas de acompanhar apermanência desse estu-dante na universidade. AUFG já possui uma estru-

tura de assistência estu-dantil que engloba serviçoscomo creche, atendimen-to odontológico, bolsa per-manência, alimentação emoradia, por meio do sis-tema de Casa do Estudan-te Universitário (CEU).

Outras experiências – Pro-gramas de Ações Afirmati-vas já foram adotados por di-versas universidades emtodo o território nacional. AUniversidade de São Paulo(USP), por exemplo, tem umprograma voltado para alu-nos de escolas públicas eprojetos governamentais deeducação de jovens e adul-tos. O Inclusp, como o pro-grama é chamado, consisteno acréscimo de 3% nas no-tas de primeira e segundafases do processo seletivo.

Outra instituição queadota o sistema de bonifi-cação é a Universidade deCampinas (Unicamp), pormeio do Programa de AçãoAfirmativa e Inclusão Soci-al (Paais). São atribuídos 30pontos extras para os can-didatos que cursaram o En-sino Médio completo emescola pública, e 40 pontosextras para aqueles que,além desse requisito, tam-bém se autodeclararam ne-gros ou indígenas.

Já a Universidade Fe-deral do Paraná (UFPR), des-de 2004, adota um sistema

PROFESSOR ALEX RATTSCoordenador do Núcleo de Estu-dos Africanos e Afro-Descenden-tes da UFG - NEAAD

Recebo a notícia da aprovaçãodas cotas com alegria e um pou-co de preocupação. Gostaria queo percentual fosse maior, quechegasse pelo menos aos 20%para estudantes negros e egres-sos da escola pública. No entan-to, a UFG se agrega às universi-dades brasileiras que reconhe-cem a importância do pertenci-mento étnico-racial e social na trajetória desigual dosestudantes. Cabe agora divulgar bastante esse progra-ma junto às escolas públicas da rede estadual.

IARA DAS NEVES FRANÇADCE / UFG

O DCE sabe da importância de aUFG adotar políticas de açõesafirmativas já para o próximovestibular e o avanço que talpolítica significa. Nós ficamossatisfeitos com a mudança doprojeto original, o que causou aadoção de um sistema de cotase não de bonificação, como es-tava previsto. Acreditamos quesó as medidas de inclusão doaluno no ensino superior não são suficientes e quemedidas para a permanência destes alunos são neces-sárias.

CARLOS ALBERTO TANEZINIPresidente da Associação dosDocentes da Universidade Fede-ral de Goiás (UFG)

No meu entendimento, a ado-ção de "cotas" ou a concessãode "bônus" é uma solução pali-at iva e d iscr iminatór ia paratentar resolver parcial e tem-porar iamente um prob lemaque se agrava há décadas: aredução de investimentos narede pública de ensino médio,aliada à deterioração dos salá-

rios dos professores. O ideal seria reverter essa situ-ação, para que os alunos oriundos da rede pública che-gassem ao vestibular em igualdade de condições comos demais candidatos, para disputar, pelo mérito, asvagas oferecidas.

FÁTIMA DOS REISCoordenadora Geral do Sindica-to dos Trabalhadores da UFG

A aprovação do Programa UFGInclui representa grande avan-ço para a instituição, pois possi-bilita a inclusão de uma parcelada população que não tem aces-so a um ensino básico de quali-dade. As ações afirmativas re-presentam o pagamento de umadívida com a sociedade, por meiode medidas que englobam aces-

so e permanência desses estudantes.

de reserva de vagas. Emcada curso, 20% das vagassão destinadas para egres-sos de escolas públicas eoutros 20% para negros, nãoobrigatoriamente de baixarenda, totalizando a reser-va de cerca de 1.600 vagasno processo seletivo.

A Universidade Fede-ral de Santa Catarina(UFSC) adota um sistemamais próximo do escolhidopela UFG. O programa daUFSC prevê Ações Afirma-tivas de acesso ao EnsinoSuperior com recorte raci-al. São destinadas 20% dasvagas para estudantes quecursaram o Ensino Funda-mental e Médio em escolaspúblicas. Além disso, 10%das vagas de todos os cur-sos de graduação são reser-vadas a estudantes negrosoriundos, preferencialmen-te, de escola pública.

A Universidade Esta-dual de Goiás (UEG) esco-lheu o Sistema de Avalia-ção Seriada (SAS) comoforma de Ação Afirmativa.Dentro do SAS, são reser-vadas 45% das vagas, emsistema de cotas, para es-tudantes de escola pública,negros, indígenas e porta-dores de necessidades es-peciais. O sistema nãovisa substituir o processoseletivo, mas sim comple-mentar o vestibular con-vencional.

Engenharia de ComputaçãoEngenharia AmbientalBacharelado em Engenharia deSoftwareEngenharia FlorestalEngenharia MecânicaEngenharia QuímicaFísica (licenciatura)Estatística (bacharelado)Ciências Geoambientais(bacharelado)Química (licenciatura)Sistemas de InformaçãoZootecniaCiências Sociais (bacharelado)Educação Física (bacharelado)Filosofia (bacharelado)Letras - Libras (licenciatura)Arquitetura e Urbanismo IntegralEngenharia FlorestalDireito (bacharelado)Matemática IndustrialGeografia (bacharelado)EnfermagemCiências Sociais (bacharelado elicenciatura)Filosofia (licenciatura)Serviço Social

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Cursos novosCidade

grama de ações afirmativas

8 CIÊNCIA E TECNOLOGIA Goiânia, agosto de 2008Jornal UFG

Katiéllen Bonfanti eRodrigo Vilela

ada vez mais estudam-se alternativas decombustíveis renová-

veis que substituam, ou mes-mo reduzam, a utilização decombustíveis fósseis. Alémde serem extremamente po-luidores, os combustíveisfósseis, como o petróleo, nãosão renováveis, suas reser-vas tendem a diminuir e,logo, causar sérios desequi-líbrios ambientais e socioe-conômicos. Por esse motivo,inúmeras pesquisas e traba-lhos são realizados na buscade soluções e alternativaspara essa problemática.

De acordo com o profes-sor do Instituto de Química(IQ) da Universidade Federalde Goiás (UFG), Nelson Ro-berto Antoniosi Filho, umdos coordenadores da RedeBrasileira de Tecnologia deBiodiesel do Ministério deCiência e Tecnologia (MCT),“Goiás é um dos estadosmais produtivos quando oassunto é pesquisa em bio-combustíveis. Em 2006, porexemplo, o estado foi o res-ponsável por cerca de 10%dos trabalhos de pesquisaapresentados à Rede Brasi-leira de Tecnologia de Biodi-esel”, afirma o professor. An-toniosi é o responsável pelo“Programa Biodiesel Goiás” –uma parceria entre o MCT, aUFG, a Fundação de Apoio àPesquisa (Funape), a Secre-taria de Estado da Ciência,Tecnologia, Ensino Superiore Desenvolvimento Tecnoló-gico de Goiás (Sectec-Go) ea Financiadora de Estudos eProjetos (Finep) – e por ou-tros dois projetos, igualmen-te financiados pela Finep, eque visam desenvolver estu-dos sobre o plantio de olea-ginosas típicas do Cerradoem áreas devastadas, visan-do a recuperação do solo ea produção de matérias-pri-mas para a geração de bio-diesel, o estudo de diferen-tes processos de obtençãode biocombustíveis, o de-senvolvimento de métodosde controle de qualidade debiodiesel e a avaliação dasegurança ambiental de bi-ocombustíveis.

Os trabalhos são de-senvolvidos em parceriasdentro da própria UFG, compesquisadores do Institutode Química (IQ), Instituto deEstudos Socioambientais(IESA) e Instituto de Patolo-gia Tropical e Saúde Pública

GOIÁS ESTÁ INSERIDO NAS DISCUSSÕES NACIONAIS SOBRE ENERGIAS RENOVÁVEIS, IMPULSIONADAS PELO ENORME

Pesquisadores da UFG estudam (IPTSP), e com outras deze-nas de instituições, taiscomo a Universidade do Riode Janeiro (UFRJ), o Institu-to de Tecnologia do Paraná(Tecpar) e o Instituto Nacio-nal de Tecnologia (INT). Alémdisso, os inúmeros trabalhosde pesquisa sobre biocom-bustíveis são orientados tan-to nas graduações, quantonos programas de pós-gradu-ação da universidade.

Segundo Nelson Anto-niosi, biocombustível é con-siderado qualquer combustí-vel de origem biológica, nãooriginário de fossilização,mas sim de matérias vivas,tais como plantas – cana-de-açúcar, milho, soja – e micro-organismos que, por exem-plo, podem produzir líquidoscomo o etanol e gases comoo metano, os quais tambémsão biocombustíveis. Os bi-ocombustíveis são menospoluentes por liberarem óxi-dos de carbono já presentesno ciclo natural, ou seja,aqueles que haviam sido cap-turados pelas plantas paraseu desenvolvimento, en-quanto os combustíveis fós-seis queimam e liberam car-bono que não estavam no ci-clo natural, e sim normal-mente confinado em jazidasde petróleo. Outras vanta-

gens dos biocombustíveis sãoo maior rendimento energé-tico, maior eficiência, maiorlubrificação dos motores e abaixíssima emissão de fuli-gem e óxidos de enxofre. Noentanto, o professor adverteque, ao contrário do etanolque pode ser usado puro emmotores adaptados para tal,a porcentagem recomendadade uso de biodiesel, o qual émistura ao diesel, é de, nomáximo, 20%, uma vez queos motores diesel ainda nãoestão adaptados para uso debiodiesel puro.

Sobre os pontos negati-vos dos biocombustíveis,Nelson Antoniosi destaca acompetição, por espaço, coma produção de alimentos e ocrescente problema do des-matamento, como por exem-plo, os que já ocorrem noCerrado e na Amazônia. Jápara o professor AméricoJosé dos Santos Reis, daEscola de Agronomia e Enge-nharia de Alimentos (EA) daUFG, questões como a mono-cultura, por exemplo, não sãoum problema de maneira al-guma. “Nos moldes atuais émais produtivo para o serhumano produzir em grandeescala. Mas é claro que, comrelação à sustentabilidade, amonocultura não é viável.

Por exemplo, em caso de pra-gas numa monocultura, todaa plantação é afetada por sergeneticamente muito seme-lhante. Se você quer produ-ção em larga escala, o maisviável é a monocultura, as-sim como a confecção de car-ros só se torna viável se forem série”, explica AméricoReis. Ele estima que, atual-mente, a cana-de-açúcar ocu-pe cerca de 6 milhões de hec-tares, e a soja, mais de 30milhões. Para ele, o proble-ma está no risco de, toda vezem que há expansão da fron-teira agrícola, se atingir áre-as como de proteção ambien-tal, por exemplo.

Entre as principais ma-térias-primas utilizadas noBrasil, Antoniosi destaca asoja, o sebo bovino e a pal-

ma. Outro recurso que estásendo estudado e discutidoé o aproveitamento da mamo-na. Sobre o seu uso, ele acre-dita que essa é a pior opção,graças a problemas técnicosexistentes no processo deprodução de biodiesel de ma-mona, ao conhecimento ain-da limitado sobre cultivaresque sejam adaptados a dife-rentes regiões, e ao longotempo necessário para ob-tenção de dados agronômicosque permitam viabilizar o usodesta oleaginosa na produçãode biodiesel. O professoracredita que a mamona pos-sui outras aplicações maisrentáveis, como, por exem-plo, lubrificante, na confec-ção de poliuretanas – quepode ser utilizadas na confec-ção próteses ortopédicas e deespumas – dentre outras tan-tas aplicações já conhecidas.A respeito da adaptação a di-ferentes regiões, Américo Reisargumenta que, há 30 anos, oCentro-Oeste também nãopossuía solo adequado para aplantação de soja e hoje é umdos maiores produtores mun-diais.

O professor Nelson Antoniosido IQ é um doscoordenadores da RedeBrasileira de Tecnologia deBiodiesel do Ministério deCiência e Tecnologia (MCT)

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A mamona é uma dasmatérias-primas

utilizadas para aprodução do biodiesel

9Goiânia, agosto de 2008Jornal UFG CIÊNCIA E TECNOLOGIA

POTENCIAL PRODUTIVO DO ESTADO

• O biodiesel reduz 78% das emissões poluentes, comoo dióxido de carbono, e 98% de enxofre na atmosfera.

• O biodiesel apresenta combustão mais completa queo diesel.

• O biodiesel funciona em motores convencionais, au-mentando a vida útil dos motores por ser mais lubri-ficante. Além disso, é biodegradável e não tóxico.

• Ele não requer modificações para operar em mo-tores já existentes, desde que seja misturado aodiesel.[Fonte: www.ambientebrasil.com.br]

os biocombustíveisA questão do etanol – O eta-nol gerado por meio da cana-de-açúcar é a principal ban-deira empunhada pelo gover-no brasileiro para defender ouso de combustíveis renová-veis, e reduzir a atual depen-dência do petróleo. No en-tanto, algumas questões,como a alta no preço dos ali-mentos e os malefícios damonocultura, devem ser ana-lisadas. No artigo “Estudo daexpansão da cana-de-açúcarno estado de Goiás: subsídi-os para uma avaliação do po-tencial de impactos ambien-tais”, a professora Selma Si-mões de Castro, coordenado-ra do programa de doutoradoem Ciências Ambientais daUFG, alerta para a expansãoconcentrada do número deusinas de cana, sobretudonos últimos dois anos, noestado de Goiás. SegundoSelma de Castro, há, hoje,103 usinas no estado, 77 nosul goiano, com 34 em ope-ração, 13 em implantação eo restante em processo deativação. Das 77, as micror-regiões Meia Ponte, Sudoes-te e Vale do Rio dos Bois re-únem 65.

Selma de Castro desta-ca que a implantação e de-senvolvimento de um siste-ma de cana-de-açúcar envol-vem um conjunto de usinase de áreas de plantio ao seuredor, em manchas contínu-as e isso normalmente impli-ca vários fatores. Dentre elesestão o impacto no uso de re-cursos materiais; no meioambiente, tais como qualida-de do ar, clima global, supri-mento de água, ocupação dosolo e biodiversidade, preser-vação de solos, uso de defen-sivos e fertilizantes; a sus-tentabilidade da base de pro-dução agrícola, com dissemi-nação de pragas e doenças;o impacto nas ações comer-ciais, em relação à competi-tividade e subsídios; e, final-mente, os impactos socioe-conômicos, com grande ênfa-se na geração de emprego erenda.

Para a professora Francis Lee Ribeiro, economista e coordenadorado programa de mestrado em Agronegócio da UFG, diante de doisgrandes desafios que são a escalada dos preços do petróleo eo efeito estufa, o etanol de cana-de-açúcar apresenta-se,no momento, como a principal alternativa, colocandoo Brasil em posição de liderança, o que pode tra-zer importantes ganhos econômicos ao setore à balança comercial brasileira. No en-tanto, Francis Lee considera que, em-bora a curto prazo o Brasil garantasua supremacia em larga escala, opaís apresenta um conjunto deproblemas referentes ao baixo ní-vel de investimento em ciência etecnologia, e também à falta deinfra-estrutura, o que pode alterara posição brasileira a médio e lon-go prazos.

Outro assunto que mereceatenção é a possível alta nos pre-ços dos alimentos em virtude daexpansão dos biocombustíveis.Nos Estados Unidos, por exemplo,é perceptível esse aumento no preçocomo reflexo da expansão das planta-ções de milho, principal matéria-primado etanol americano. Com relação aoprograma brasileiro de produção de eta-nol oriundo de cana-de-açúcar, Francis Leeacredita que, apesar dos discursos garan-tirem que a expansão das lavouras de cana ocorreriaem áreas com pastagens degradadas, observa-se nos úl-timos anos que tal expansão vem acontecendo tambémem áreas destinadas a cultivos alimentares. É o própriomercado que proporciona o mecanismo de substituição, aoregular a produção com base na rentabilidade relativa de cadaproduto agrícola. Acredita-se, então, que o impacto nos preços,dos alimentos não será de grande magnitude internamente emrazão das possibilidades existentes para a reorganização espacialdestas culturas, tendo em vista nossa dimensão territorial e a quan-tidade de áreas não aproveitadas eficientemente. De alguma forma, éprovável que as pastagens degradadas sejam melhor utilizadas consi-derando que a competição entre culturas implicará maior competiçãono mercado de terras.

É pensando na alta de preços dos alimentos nomercado internacional que o governo brasi-leiro adota políticas de incentivoà agricultura, como o Pro-grama Mais Alimentos,combinado ao plano Safrada Agricultura Familiar2008, que visa ampliar eaprofundar as políticaspúblicas direcionadaspara 4 milhões de unida-des produtoras no campo.Este conjunto de medi-das pretende possibilitar,até 2010, um incremen-to de produção da ordemde 18 milhões de tone-ladas de alimentos/ano.

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10 UNIVERSIDADE Goiânia, agosto de 2008Jornal UFG

José EduardoUmbelino Filho

Este ano, a galeria daFaculdade de Artes Visuaisda UFG – Espaço AntônioHenrique Peclàt – tem reali-zado uma programação diver-si f icada e r ica, trazendoobras e artistas de váriaspartes do Brasil. De acordocom a coordenadora da ga-leria, professora Selma Par-reira, o compromisso do es-paço é divulgar propostascontemporâneas de artesvisuais e atuar como labo-ratório de exercício e per-cepção estética e conceitu-al para estudantes e pro-fessores. Além disso, eladestaca a importância dasações educativas que inte-gram as exposições. O gru-po de monitores, coordena-do por Selma e pela profes-sora Irene Tourinho, acom-panhará os visitantes aolongo das dez apresenta-ções programadas para 2008e início de 2009.

A programação iniciou-se em março com as gravu-ras dos projetos “Brasília gra-vada”, de Manoela Afonso e

“Imaterialidades gráficas”,de Alana Morais. Ambas sãoestudantes da FAV e seustrabalhos constituem partede suas d issertações demestrado em Cultura Visu-al. Em seguida, o espaço foiocupado pelas instalaçõese desenhos de Renata Pe-drosa, com sua “Caixa-casade projeção”. Renata veio deSão Paulo e, juntamentecom outros cinco artistas,foi escolhida por meio doEdital 2008.

Como convidado, o ar-tista visual paraense BenéFonteles lançou seu livroCozinheiro do tempo. Fonteles,

que reside em Brasília, é umdefensor do Cerrado e da me-mória cultural. Seu trabalhoestá voltado para a cidadaniae a educação. O livro recons-titui sua trajetória de maisde três décadas de atuaçãoartística e ativista e está dis-ponível na galeria da FAV.

Percursos e reflexões – Asobras que constituem o acer-vo da galeria podem ser co-nhecidas no livro Galeria daFav: percursos e reflexões, or-ganizado pela webdesigner,designer gráfico e ex-aluna,Carla de Abreu. O lançamen-to ocorreu no dia 17 de ju-

nho na própria galeria. A pu-blicação destaca a produçãoartística contemporânea deGoiás e reproduz obras devinte e cinco artistas de di-ferentes gerações. O projetofoi contemplado pelo Progra-ma Petrobrás Cultural, naárea de “Formação, educaçãopara as artes: materiais edocumentação”. Para Carla,a obra representa um in-centivo aos alunos da uni-versidade para que ousem iralém da grade curricular eparticipem de programas eprojetos como o da Petro-brás. O livro está à vendana galeria da FAV.

Para o segundo semes-tre, estão programadas maistrês exposições individuais emais duas no início de 2009.De 19 de agosto a 19 de se-tembro, o artista e professorda Universidade Federal doEspírito Santo (UFES), Fer-nando Augusto, trará sua ex-posição-instalação “A biblio-teca do artista”. Os traba-lhos de Fernando compõemum diálogo entre literatura,desenho e pintura. O objeti-vo é mostrar a pintura comopáginas de um livro e os li-vros como páginas soltas dedesenho, permitindo, assim,uma narrativa visual.

Percorrer e Refletir

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Ana Paula Vieira

s resultados do ExameNacional de Desempe-nho dos Estudantes

(Enade), que faz parte do Sis-tema Nacional de Avaliação daEducação Superior (Sinaes),divulgados no dia 6 de agosto,revelaram a qualidade do en-sino de graduação na UFG.Dos cursos avaliados peloMinistério da Educação (MEC)em 2007, a maioria obteve con-ceito bom (nota 4) ou excelen-te (nota 5). O curso de Nutri-ção da UFG está entre os trêsmelhores do Brasil, e os cur-sos de Farmácia, Medicina eOdontologia também obtive-ram nota máxima.

A avaliação combina oConceito Preliminar de Cur-so (CPC), um novo compo-nente, o Enade e o Índice deDiferença de Desempenho(IDD) – que mede o valoragregado entre os alunos in-gressantes e concluintes e a

Resultados do Enade mostram qualidade da UFGO curso de Nutriçãoestá entre os trêsmelhores do país, eos cursos deFarmácia, Medicina eOdontologia tambémobtiveram notamáxima

avaliação de três variáveis:infra-estrutura, corpo docen-te e projeto político-pedagó-gico das instituições. O cur-so de Nutrição alcançou pon-tuação máxima no Enade(nota 5), no IDD (5) e no CPC(5). Na UFG também se des-tacaram Medicina, notas 5/5/4, Farmácia, notas 5/4/4 eOdontologia, 5/4/4. Obtive-

ram conceito bom (nota 4) emum dos quesitos (Enade, IDDou CPC) os cursos de Agro-nomia (Goiânia e Jataí), Edu-cação Física (Catalão), Enfer-magem (Goiânia) e MedicinaVeterinária (Goiânia e Jataí).

Segundo a pró-reitorade Graduação, SandramaraMatias Chaves, os resulta-dos revelam o alto grau de

compromisso da UFG com aqualidade do ensino, méritoque deve ser atribuído aoscorpos docente, discente etécnico-administrativo.

Em todo o país, o Ena-de avaliou 3.248 cursos emdiferentes instituições deensino superior, por meiode 215.443 estudantes se-lecionados para realizar o

exame. As instituições pú-blicas se destacam em todoo ranking. Nenhuma insti-tuição privada está entre os40 cursos com nota máximana prova do Enade. Dos3.239 cursos avaliados nopaís, 785 obtiveram concei-to 3 (médio); 722, conceitos1 e 2 (os mais baixos), e 621,4 e 5 (os mais altos).

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Segundo a pró-reitora de Graduação Sandramara Chaves, o mérito dos resultados deve ser atribuido aosprofessores, estudantes e tecnicos-administrativos das unidades

Um grupo de estudantes em visita à exposição e o autorBené Fonteles autografando seu livro Cozinheiro do tempopara o artista plástico Siron Franco

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11VIDA ACADÊMICA Goiânia, agosto de 2008Jornal UFG

Rodrigo Vilela

Faculdade de Nutrição(Fanut) da Universida-de Federal de Goiás

(UFG) executa vários proje-tos de extensão, como o deassistência dioterápica a pa-cientes com obesidade mór-bida em período pré e pós-operatório de cirurgia plásti-ca no Hospital das Clínicas(HC), o projeto Viver Saudá-vel que também promove asaúde entre escolares doDistrito Sanitário Leste, fi-nanciado pelo Ministério daSaúde; a participação na Ligade Hipertensão Arterial e acapacitação de multiplicado-res do Programa de Alimen-tação Escolar de Goiás, queremete à alimentação saudá-vel e boas práticas de mani-pulação de alimentos da me-renda escolar, dentre outros.

No final de 2007, a pro-fessora Raquel de AndradeCardoso Santiago foi premi-ada, no evento “Alimentos2007”, patrocinado pela As-sociação Brasileira das Em-presas de Refeições Coleti-vas (Aberc), com uma viagempara a maior feira de alimen-tação coletiva do mundo, aNational Restaurant Associ-ation (NRA-Show), que acon-teceu em Chicago em maiodeste ano. O trabalho premi-ado, com o tema “Monitora-mento e eficácia de um pro-grama de alimentação”, visa-va elevar a qualidade da ali-mentação oferecida aos alu-nos do estado de Goiás. Nes-te trabalho, a professora mo-nitorou a qualidade nutrici-onal e higiênico-sanitáriados alimentos oferecidos aosestudantes das escolas pú-blicas de Goiás.

Além dessa conquista,nos dias 19 e 20 de junho,dois projetos de professores

Prêmios valorizam Faculdade de NutriçãoReconhecimentonacional destacaatividades de ensino,pesquisa e extensãoda Fanut

e alunos da Fanut receberamo prêmio “Henri Nestlé Nu-trição e Saúde”. Foram ins-critos 247 trabalhos técnicosde todas as universidades dopaís, e a UFG e a USP foramas únicas universidades commais de um trabalho premia-do. Além destes, dois outrosprojetos da Fanut ficaram en-tre os dez semifinalistas.

“No próximo semestre,a faculdade vai executar umprojeto de grande importân-cia para Goiânia”, informaMaria do Rosário Gondim,vice-diretora e coordenadorado curso de Nutrição. Os alu-nos que participam do proje-to “Diagnóstico higiênico-sa-nitário de alimentos comer-cializados em feiras especi-ais de Goiânia e capacitaçãotécnica de produtores/ven-dedores”, financiado peloCentro Colaborador em Ali-mentação e Nutrição (Cecan/GO), vão colher alimentos detodas as barracas das feirasda Lua e do Sol para análise.O objetivo é avaliar a quali-dade dos produtos que sãosendo comercializados e tam-bém consumidos pela popu-lação feirante, conforme ex-plica a vice-diretora. Os re-sultados estão previstos parao final do ano.

A trajetória – O curso deNutrição da UFG nasceu naFaculdade de Medicina (FM),juntamente com o de Enfer-magem, em 1975. Em 1977,foi aprovada a criação do De-partamento de Enfermagem eNutrição da FM.

Em 1981, o curso deNutrição passou a ser minis-trado pelo Departamento deNutrição da então recém-cri-ada Faculdade de Enferma-gem e Nutrição (FEN) da UFG.

Com a reforma da estruturaadministrativa da universi-dade, em dezembro de 1996,a FEN foi desmembrada emduas unidades acadêmicas, aFaculdade de Enfermagem(FEN) e a Faculdade de Nu-trição (Fanut).

Localizada no CâmpusColemar Natal e Silva (câm-pus I), a Fanut divide umaárea de 2.870,74 m² com a Fa-culdade de Enfermagem. A Fa-nut oferece o curso de gradua-ção em Nutrição e três cursosde especialização lato sensu –Consultoria Alimentar e Nutri-cional, coordenado pela pro-fessora Tânia Aparecida deCastro; Controle de Qualida-de e Gerenciamento da Pro-dução de Alimentos, coorde-nado pela professora ÉrikaAparecida da Silveira; e Saú-de da Família, coordenadopela professora EstelamarisMônego.

Em 1988, com base nanova lei de Diretrizes e Basesda Educação Nacional (LDB) e,tendo em vista que o currícu-lo deve ser a expressão de umprojeto pedagógico, a Fanutfez uma reformulação curricu-lar, que passa a incluir o con-junto de atividades, experiên-cias e situações de ensinofora da sala de aula. “Atual-mente, a faculdade está refor-mulando, mais uma vez, o pro-jeto pedagógico, ainda para osegundo semestre de 2008, le-vando em consideração as di-retrizes do curso”, afirma aprofessora Maria do RosárioGondim.

Concebido com apenas15 vagas anuais, o curso deNutrição logo passou a ofe-recer 30 vagas. Em 1997, essenúmero aumentou para 36 e,desde 1998, são oferecidas 40vagas. “A partir do próximovestibular, a Fanut vai ofe-recer 72 vagas anuais, divi-didas em 32 por semestre”,adianta Maria do RosárioGondim. O novo número estáno projeto da UFG aprovadopelo Programa de Apoio a Pla-nos de Reestruturação e Ex-pansão das Instituições Fe-derais de Ensino Superior(Reuni).

Hoje, a unidade temquadro docente de 24 profes-sores efetivos, 14 deles dou-tores, oito mestres, sendocinco deles em processo definalização do doutorado, umespecialista e seis substitu-tos. Além dos professores, aFanut tem oito servidores téc-nico-administrativos e contacom a colaboração de quase 30bolsistas, sendo nove de mo-nitoria, dez do Programa Ins-titucional de Voluntários deIniciação Científica (Pivic),cinco do Programa Institucio-nal de Bolsas de Iniciação Ci-entífica (Pibic), e cinco do Pro-grama de Educação Tutorial(PET).

Em sua estrutura, dis-põe de salas de aula e seislaboratórios – Informática,Avaliação Nutricional, Técni-ca Dietética, Nutrição e Aná-lise de Alimentos, Controlee Higiene Sanitária e Nutri-ção Experimental –, que aten-dem a várias disciplinas,como Nutrição em Saúde Pú-blica I e II, Educação Nutri-cional e Avaliação Nutricio-nal, entre outras. A Fanutministra disciplinas tambémpara outros cursos da UFG,como Educação Física e En-fermagem, além de ter forma-do parceria com a SecretariaMunicipal de Saúde e com oHospital das Clínicas (HC)para atividades de extensão.“Os alunos fazem atendi-mento nutricional em diver-sos ambulatórios do hospi-tal e em várias unidades daregião leste e norte, no Dis-trito Sanitário Norte e Lestede Goiânia”, explica Maria doRosário Gondim.

No primeiro semestrede 2008, o Ministério daSaúde, juntamente com oMin is tér io da Educação(MEC), aprovou a propostade integração das faculda-des de Nutrição e de Farmá-cia ao Programa Pró-Saúde,que orientará a formação deprofissionais de saúde. Ain-da este ano, a direção daFanut enviou uma propostaà Coordenação de Aperfeiço-amento de Pessoal de NívelSuperior (Capes) referenteà abertura do programa depós-graduação na faculda-de, com um curso de espe-cial ização em Nutrição eSaúde e o mestrado naárea. Segundo a vice-direto-ra, serão inicialmente trêslinhas de pesquisa: diag-nóstico e intervenção nutri-cional em saúde, qualidadede al imentos e dietas e ,ainda, segurança alimentare nutricional.

“A Fanut é considera-da Centro Colaborador emAl imentação e Nutr içãopara a região Centro-Oeste(Cecan-GO)”, afirma a pro-fessora Estelamaris Mône-go. Isso significa que a uni-dade presta assessoria téc-nica ao Ministério da Saú-de em ações relacionadas àalimentação e nutrição paraGoiás, Mato Grosso, MatoGrosso do Sul, Tocantins eDistrito Federal. Dessa for-ma, conforme a professoraEstelamaris Mônego, “os es-tados possuem maior enten-dimento acerca das necessi-dades da população, e issopossibilita o estreitamentona relação entre eles”.

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O curso de Nutrição da UFG comemora também anota máxima no Exame Nacional de Desempenho dosEstudantes (Enade), no Índice de Diferença de Desem-penho (IDD) e no Conceito Preliminar do Curso (CPC).Com esse resultado, a Fanut posiciona-se entre as trêsmelhores faculdades do Brasil, ao lado da UniversidadeFederal de Viçosa (UFV) e da Universidade Federal deAlfenas (Unifal-MG).

Avaliação positiva

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Professores eestudantesanalisam examesrealizados empacientes do HC

12 INTERNACIONAL Goiânia, agosto de 2008Jornal UFG

Grupo SantanderBrasil lançou no dia7 de agosto, na cida-

de de São Paulo, a segundaedição do Programa de Bol-sas Luso-Brasileiras peloprograma Santander Uni-versidades. A cerimôniareuniu cerca de 45 bolsis-tas, pais, reitores e pró-rei-tores representando 16 uni-versidades contempladas.

O programa beneficia175 estudantes brasileiroscom bolsas no valor total de3,3 mil euros, equivalen-tes a R$ 8,8 mil cada uma,

Banco lança programa de bolsas luso-brasileiraspara que possam aprofun-dar sua formação acadê-mica durante um semes-tre letivo em universida-des portuguesas.

Contemplado comuma das dez bolsas con-quistadas por alunos daUFG, o estudante RobsonRosa da Silva, do sexto pe-ríodo de Química, presti-giou o evento e recebeu umcertificado das mãos doexecutivo Pedro Coutinho,responsável pela rede San-tander, em nome dos 130bolsistas de outros esta-

dos, que não estiverampresentes.

Aos 19 anos, Robsonda Silva quer que seus tra-balhos na área de Quími-ca de materiais tragambenefícios reais à socieda-de. Agora, prestes a embar-car para Trás-os-Montes, ci-dade da região Norte dePortugal, acredita queessa viagem transformarásua visão de mundo: "Ve-rei as coisas com outrosolhos e nada poderá des-crever o que vou sentir nospróximos meses", afirma.

O executivo da rede Santander Pedro Coutinho, o bolsistaRobson da Silva (UFG) e o presidente da Associação dosDirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior

(Andifes), Amaro Henrique Pessoa Lins

Trabalho de estudante é premiadoem evento internacional

A pesquisa do estu-dante da Guiné-Bissau,Tcherno Aliu Candé, foipremiada em primeiro lu-gar no 5º Congresso Pan-Americano de Esteriliza-ção e 6º Simpósio Interna-cional de Esterilização eControle de Infecção Hos-pitalar, evento realizadoentre os dias 24 e 27 dejulho, no Palácio das Con-venções Anhembi, em SãoPaulo. O trabalho "Esteri-

lidade de tubos de siliconeapós reprocessamento emvapor saturado sob pressão"é resultado da especializa-ção em Microbiologia, ori-entado pelas professorasda Universidade Federal deGoiás (UFG), Fabiana Cris-tina Pimenta, do Institutode Patologia Tropical eSaúde Pública (IPTSP) eAnaclara Ferreira VeigaTipple, da Faculdade deEnfermagem (FEN).

Parceria entre UFG e Instituto Politécnico de BragançaA Universidade Fede-

ral de Goiás (UFG), pormeio da Escola de Agrono-mia (EA), recebeu o profes-sor Carlos Aguiar, do Ins-tituto Politécnico de Bra-gança (IPB), entre os dias29 de junho e 4 de julho,com o objetivo de discutira criação da UniversidadeAngolense Internacional(UAI), sediada em Bengue-la, na Angola. O principalacionista da UAI, o GrupoIberiapremium, está inte-ressado na parceria com aUFG nas áreas de saúdee educação, e quatro re-presentantes da institui-ção acompanharam o pro-fessor Carlos Aguiar navisita à universidade. Ogrupo foi também à Facul-dade de Medicina (FM), aoHospi ta l das Cl ín icas(HC), à Faculdade de Far-mácia (FF), ao Institutode Patologia Tropical eSaúde Pública (IPTSP) eao Instituto de CiênciasBiológicas (ICB).

De 30 de junho a 5 dejulho, a professora Visita-ción Conforti, da Faculda-de de Ciências Exatas eNaturais, da Universida-de de Buenos Aires, este-ve na UFG, ministrando ocurso "Sistemática e Eco-log ia de Euglenóf i tas"para estudantes do pro-grama de pós-graduaçãoem Ecologia e Evolução daUFG e para convidados deoutros estados. A profes-sora participou tambémdo XII Congresso Brasilei-ro de Ficologia, realizadona Universidade Católicade Brasília de 7 a 10 dejulho.

Argentinaministra curso

sobre algas

Curso atualiza professoresem língua espanhola

Em parceria com aAssessoria Cultural daEmbaixada da Espanha e aUniversidade Santiago deCompostela, a Faculdadede Letras da UniversidadeFederal de Goiás (UFG) re-alizou, em julho, o II Cur-so Interuniversitário deAtualização Didático-Peda-gógica de Espanhol. Oevento contou com a par-ticipação de 83 professo-res, a maioria da rede pú-blica de ensino. A cerimô-nia de entrega dos certi-

ficados ocorreu no dia 18de julho e contou com apresença da coordenado-ra do curso, professoraSara Guiliana Gonzáles,da assessora lingüísticada Assessoria Cultural daEmbaixada da Espanha,Elena Haz Gómez, da co-ordenadora de AssuntosInternacionais da UFG,Ofir Bergemann de Agui-ar e da representante daUniversidade Santiago deCompostela, Nuria GalánSuarez.O professor da Facul-

dade de Letras da UFG,Luiz Mauríc io Rios, fo iclassificado em 2º lugarno concurso cul tura l"Québec 400 Anos" de re-dação em francês. O con-curso foi promovido du-rante as comemorações

do quadricentenário dacidade de Québec, pelaEmbaixada do Canadá,com o apoio do Centro deEducação Canadense e daFederação Brasileira deProfessores de Francês.Participaram professoresde todo o Brasil.

“Québec 400 Anos”

Professora Anaclara Ferreira Veiga Tipple (FEN)recebe o prêmio do estudante Tcherno Aliu das

organizadoras do evento

Ao final do curso, os participantes receberam seus certificados

Dirigentes da instituição portuguesa estiveram reunidoscom o reitor da UFG, Edward Brasil

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Luiz MaurícioRios é professorda Faculdade deLetras da UFG

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13INTERIOR Goiânia, agosto de 2008Jornal UFG

Lutiane Portilho

eguindo a política en-sino, pesquisa e ex-tensão da Universi-

dade Federal de Goiás(UFG), o Câmpus de Cata-lão vive um bom momentono âmbito da pós-gradua-ção. Com um histórico dequase 20 anos de limita-ções, principalmente faltade espaço físico, para setrabalhar a pesquisa e agraduação, era difícil con-seguir recursos para após-graduação. Mas essasituação vem sendo trans-formada com o empenhodaqueles que trabalham eestudam na unidade.

O câmpus foi contem-plado com uma verba da Fi-nanciadora de Estudos eProjetos (Finep) de R$ 435mil, por meio do CT-InfraNovos Campi, para a cons-trução do prédio de pesqui-sa, programada para come-çar ainda no segundo se-mestre deste ano. Segundoa coordenadora de pesquisae pós-graduação do Câmpusde Catalão, Maria Rita de

Câmpus de Catalão investe em pesquisaDe acordo com aCoordenação dePesquisa e Pós-Graduação docâmpus, osinvestimentos empesquisa aumentamanualmente e criamum quadro diferentedo que se via em anosanteriores

Cássia Santos, essa cons-trução dará a oportunidadede melhorar as condiçõesde trabalho dos pesquisado-res, já que é o primeiro es-paço próprio para as ativi-dades de pesquisa.

Com a construção des-se novo prédio, o aluno po-derá fazer a consulta bibli-ográfica on-line, além deter acesso a três laborató-rios multidiscipl inares,nos quais poderá realizarseus trabalhos juntamen-te com outras áreas. Ma-ria Rita de Cássia afirmaque, com esses recursos,é quase certa a aprovaçãodo mestrado em Históriapara 2009, a exemplo domestrado em Geografia,que foi aprovado recente-mente. Alguns professoresjá elaboram também proje-tos dos cursos de mestra-

Katiéllen Bonfanti

O I Congresso Nacio-nal de História, que englo-ba o II Congresso Regionaldo Curso de História deJataí e o I Simpósio do Gru-po de Trabalho de HistóriaCultural da AssociaçãoNacional de História – Se-ção Goiás (Anpuh/GO),será realizado de 23 a 26de setembro.

O congresso temcomo tema os 200 anos datransferência da famíliareal portuguesa para oBrasil e objetiva reunirnão apenas pesquisado-res, mas principalmenteos estudantes dos cursosde História das Institui-ções de Ensino Superiorda região Centro-Oeste. Aprimeira edição do con-

Curso de História de Jataí realiza congressos em setembrogresso teve 210 trabalhosinscritos. Para este ano,a expectativa é de cercade 350 trabalhos.

A conferênc ia deabertura será ministradapor Dom João HenriqueMaria Gabriel de Orleanse Bragança. Dom Joãozi-nho, como é conhecido, étetraneto de D. Pedro I,trineto de D. Pedro II ebisneto da princesa Isa-bel. O congresso tambémcontará com a participa-ção do jornalista Lauren-tino Gomes, diretor-supe-r intendente da Edi toraAbr i l e autor do l i v ro“1808: Como uma rainhalouca, um príncipe me-droso e uma corte corrup-ta enganaram Napoleão emudaram a História dePortugal e do Brasil”.

Outros conferencistasesperados são Luiz Augus-to Bustamante Lourenço,da Universidade Federal deUberlândia (UFU) e Claris-se Ismério da Universida-de da Região da Campanha(Urcamp), além de diversosconferencistas da Univer-sidade Federal de Goiás eda Universidade Estadualde Goiás (UEG).

Para Marcos Antôniode Menezes, coordenadordo curso de História deJataí e coordenador docongresso, o evento temgrande importância portrazer contribuições sig-nificativas à história doBras i l . Marcos destacaque, mesmo sendo licen-ciatura, o curso de Histó-ria de Jataí tem-se carac-terizado por realizar mui-

ta pesquisa. De acordocom o coordenador, esteano o evento é de portenacional, mas, a partir dopróximo ano, será inter-nacional. Outro fator im-portante é que o congres-so traz, para o interior dopaís e do estado, discus-sões que geralmente sãofeitas apenas em grandescentros, como Rio de Ja-neiro e São Paulo.

Além das conferênci-as, serão realizados mini-cursos, mesas-redondase minissimpósios sobre ahistória do Brasil. A pro-gramação completa doevento pode ser conferi-da no endereço www.congressohistoriajatai.org,assim como a realizaçãodas inscrições e envio detrabalhos.

do nas áreas de Educaçãoe de Letras.

Outro problema que oCâmpus de Catalão enfren-tava nas áreas de pesquisae pós-graduação, de acordocom a coordenadora, era oreduzido número de douto-res, em razão da dificulda-de que se tem em fixar dou-tores no interior. Hoje, Ca-talão já conta com mais de90 doutores, realidade di-ferente de há cinco anos,quando esse contingentenão chegava a 20. Comesse número crescente, osrecursos chegam tambémao interior para se reali-zar pesquisa. Segundo Ma-ria Rita, o dinheiro nãochega diretamente para após-graduação e sim paraa graduação, mas ajuda nodesenvolvimento do câm-pus da mesma forma. “Es-

ses recursos auxiliam in-diretamente a pós-gradua-ção, pois traz maior núme-ro de doutores, mais pes-soas voltadas para as ati-vidades de ensino, pesqui-sa e extensão”, afirma acoordenadora.

De acordo com MariaRita, no Câmpus de Catalãohá algumas linhas de pes-quisa de destaque, como ade Políticas Públicas, quecentraliza atividades deHistória, de Geografia edos cursos das ciênciashumanas em geral. Alémda linha de Meio Ambien-te, que é do mestrado deGeografia e concentra ati-vidades também dos cur-sos de Química, Biologia,História e Pedagogia.

Estrutura e Recursos –Catalão tem hoje 235 pro-

jetos de pesquisa cadas-t rados em andamento ,nos quais trabalham 95doutores, 71 mestres e13 especialistas. Dos in-vest imentos e recursosda União para a gradua-ção , ex is te uma verbapermanente de R$ 4 mi-lhões anuais . Indepen-dentemente desses re -cursos e angariados coma pesquisa feita no câm-pus, em 2007, Catalão re-cebeu um financiamentode R$ 1,3 milhão. Esserecurso é conseguido como esforço dos professorespara obter verbas da Fi-nep, do Conselho Nacio-nal de DesenvolvimentoCientíf ico e Tecnológico(CNPq) e da Fundação deAmparo à Pesquisa do Es-tado de Goiás (Fapeg).

De acordo com MariaRita, a pesquisa é de extre-ma importância para oamadurecimento do aluno,para que ele possa encer-rar a sua graduação, pen-sar em uma pós-graduaçãoou em um setor de traba-lho. Ela enfatiza que, en-quanto a graduação não ti-ver um trabalho de inicia-ção científica, será muitodifícil se falar em pós-gra-duação, porque ela é umreforço da graduação. “Nos-sos esforços estão voltadospara pedir cada vez maisbolsas de iniciação cientí-fica, de modo que haja umamadurecimento da gra-duação e consequente-mente gerem avançospara termos uma boa pós-graduação”, afirma a coor-denadora.

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Dom João HenriqueMaria Gabriel de

Orleans e Bragançaministrará conferência deabertura do evento quecomemora os 200 anos

da transferência dafamília real portuguesa

para o Brasil

Os investimentos no câmpus garantem o ensino de qualidade aos estudantes

14 UNIVERSIDADE Goiânia, agosto de 2008Jornal UFG

Pedro Ivo Freire

projeto Ações Inter-setoriais para aSaúde: Promoção da

Saúde para o Desenvolvi-mento Local Sustentável(AIPS) aborda a saúde deuma maneira diferente.Elaborado pela AssociaçãoCanadense de Saúde Pú-blica (CPHA), em colabora-ção com a Escola Nacionalde Saúde Pública (ENSP/Fiocruz) e a AssociaçãoBrasileira de Pós-gradua-ção em Saúde Coletiva(Abrasco), o projeto AIPSintegra o Programa de In-tercâmbio de Conheci-mento para a Promoção daEqüidade, desenvolvido noâmbito do acordo de coope-ração Canadá-Brasil. O ob-jetivo do projeto é expan-dir conceitos e práticas depromoção da saúde comoparte da estratégia nacio-nal de redução das diferen-ças sociais com desenvol-vimento sustentável. Suarealização, em Goiânia eem outras cinco localida-des do Brasil, faz parte deuma grande iniciativa deintercâmbio de tecnologi-as, promovida pela Embai-xada do Canadá, com o pro-pósito de auxiliar paísescom índices elevados dedesigualdades sociais oucarências na área da saú-de pública.

Para o monitoramen-to do projeto AIPS, a UFGrecebeu, no dia 26 de ju-nho, a representante daAssociação Canadense deSaúde Pública, HelenaMonteiro, o representanteda coordenação nacionaldo projeto Ações Interseto-riais para a Saúde (AIPS),Carlos Silva, e a coordena-dora do Núcleo de SaúdePública e Desenvolvimen-to Social da UniversidadeFederal de Pernambuco(UFPE) e do projeto Muni-cípios Saudáveis no Nor-

Canadá investe na saúde em Goiânia

deste do Brasil, professoraRonice Franco de Sá. AUFG, em articulação coma Secretaria Municipal deSaúde de Goiânia, é a par-ceira local do projeto.

Durante a visita, foifeito também o planeja-mento do seminário e daoficina de trabalho paraparceiros locais, a reali-zar-se em Goiânia, no pe-ríodo de 20 a 23 de outubrode 2008. Os visitantes fo-ram recebidos pelo vice-reitor da UFG, BeneditoFerre ira Marques, pelacoordenadora de Assun-

tos Internacionais da ins-tituição, Ofir Bergmann,e pe la pro fessora DaisGonçalves Rocha, da Fa-culdade de Odontologia.

Ação conjunta – Partici-pam do projeto AIPS no Bra-sil, ao todo, seis localida-des: Goiânia; Manguinhos,no Rio de Janeiro; Sobral,no Ceará; Recife (PE); Cu-ritiba (PR) e o município deAmericana, em São Paulo.O projeto articula univer-sidades, serviços locais ecomunidades em ações in-tersetoriais para a promo-

ção da saúde e o desenvol-vimento local. Cada locali-dade é l ivre para cons-truir, a partir da sua pró-pria realidade, um projetoque se encaixe nas medi-das e nos objetivos de tra-balho de maior demandapara a saúde.

Em Goiânia, um dosobjetivos do projeto é a ca-pacitação dos agentes desaúde comunitária parapromover a saúde, com aperspectiva de que saúdee bem-estar social não de-pendem somente do cuida-do de doenças ou males fí-

Município integraprograma deintercâmbio técnico-científico brasileiro-canadense. Emparceria, UFG eSecretaria Municipalde Saúde de Goiâniadesenvolveminiciativasexperimentais deações intersetoriaisde saúde

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sicos. Os agentes são trei-nados para identificar osproblemas que comprome-tem a qualidade de vida nalocalidade em que traba-lham e buscar soluçõespara eles. Faz parte desuas ações encontrar oucriar meios de firmar par-cerias com órgãos esta-tais, cooperativas de traba-lhadores e até corporaçõespoliciais, a fim de evitarque problemas como, porexemplo, falta de infra-es-trutura, carência de opor-tunidades de lazer e práti-ca de esportes, maus cui-dados com o meio ambien-te ou falta de segurançavenham a acarretar doen-ças e violência. Os agen-tes comunitários de saúdesão contratados, por meiode concurso público, pelaPrefeitura de Goiânia eparticipam do programaEstratégias de Saúde daFamília (ESF).

Encontros – O projeto fun-ciona na comunidade daseguinte maneira: primei-ramente, são realizadosencontros, dos quais parti-cipam os agentes e as ins-tituições ligadas aos proje-tos intersetoriais de saú-de, em que se destaca anecessidade de pensar asaúde de uma forma am-pla e diferenciada, volta-da para o bem-estar detodos . Em seguida, osagentes levantam os mai-ores e mais graves pro-blemas do bairro ou daregião e promovem ofici-nas com a participação deespecialistas convidados.Reunidos em grupos dedois ou três, os agentesapresentam, como produ-to final das oficinas, umplano de ação, destacan-do os resultados previstose sua aplicabilidade paraaquela região.

"Os agentes mobili-zam a comunidade e reú-nem associações de mora-dores, vereadores etc.,para concretizar o compro-misso do governo de urba-nizar locais específicos,trazer melhorias como luzelétrica, construir espaçoseducativos de apoio às es-colas, quadras esportivasetc, explica Jaqueline Ro-drigues Lima, professora daFaculdade de Enfermagemda UFG e integrante doAIPS. Detectado o problema,comum ou complexo, osagentes entram em açãopara estudar as causas ebuscar soluções.

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O vice-reitor da UFG, Benedito Ferreira Marques, recebeu os representantes do projeto(Canadá/Brasil) que prevê a construção de estratégias de ações intersetoriais de saúde

Registro do encontro realizado na região leste de Goiânia, entre os agentesde saúde e as intituições ligadas ao projeto

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O gosto geral porcenas violentas éa evidência daexistência emnós de poderososinstintosagressivos

DEBATE Goiânia, agosto de 2008Jornal UFG

título da novela doescritor russo Fiodor Dostoi-évski, Uma história lamentável,designa com perfeição o quepresenciamos recentemente:a trágica história de uma cri-ança que, não bastasse a vi-olência a que foi exposta, vi-rou, desde sua morte, o es-petáculo favorito dos brasi-leiros. Essa história pareceter provocado nos brasileirosdois sentimentos opostos:por um lado, o sofrimentosolidário com a dor da peque-na Isabela e a indignaçãocom tão humana crueldade e,por outro, um aparente pra-zer em assistir à repetida ex-ploração na mídia dos deta-lhes do crime. Não fosseisso, o que explicaria os tãoelevados índices de audiên-cia do caso? Das duas uma:ou reconhecemos a ambiva-lência da natureza e dos sen-timentos humanos, ou nosresta crer que somos todosmasoquistas.

Que a indústria culturalmanipula a reação das pesso-as é inegável. Em 1947 MaxHorkheimer e Theodor Adornojá haviam assinalado o cará-ter repressivo da indústriacultural, que determina o quedevemos sentir, desejar etc.Contudo, o que está em ques-tão é que as pessoas parecemse comprazer com tamanhasatrocidades; somos capazesde sentir prazer com a expo-sição do sofrimento alheio,mesmo quando o sofredor éalguém frágil e inocente.

O leitor familiarizadocom a psicanálise não acha-rá estranha essa idéia. Emseu livro O mal-estar na civili-zação (1974a), Freud nosapresenta sua formulação fi-nal da teoria dos instintos.De acordo com ele, somos to-dos movidos por duas forçasopostas, concorrentes e auto-subsistentes: o instinto devida e o instinto de morte,Eros e Tanatos. É como se ti-véssemos dentro de nós umausina geradora desses doistipos de instintos. A carac-terística básica dos instintosé que eles expressam neces-sidades, portanto, demandamsatisfação. Se amar é umanecessidade humana, agredire destruir – ou assistir ce-nas de agressão e destruição

Somos todos masoquistas?– também são. O que ocorreé que a civilização incumbe-se de frear, reprimir ou im-por a renúncia aos impulsosdestrutivos que lhe são con-trários. E como faz isso?

Primeiramente, atravésdas leis. Mas as leis, emboracontrolem a força destrutiva,não põem fim à agressividade.No início da década de 1930,sob as agruras da SegundaGuerra Mundial, Albert Eins-tein escreveu a Freud questi-onando-lhe as razões psicoló-gicas de a humanidade recor-rer à guerra na hora de resol-ver seus conflitos. Indagava-lhe como explicar que uma hu-manidade civilizada fosse,contraditoriamente, sangren-ta e primitiva. Einstein ques-tionou: “É possível controlara evolução da mente do ho-mem, de modo a torná-lo àprova das psicoses do ódio eda destrutividade?” (FREUD,1974b, p.243).

Em resposta, Freud es-creveu-lhe um texto, poste-riormente publicado com otítulo Por que a guerra?, noqual aborda a existência deforças psicológicas conflitan-tes e a impossibilidade de ohomem se tornar imune àdestrutividade. Argumentaque as leis, recurso máximoda civilização contra a violên-cia, institucionalizam a pró-pria violência. Em resposta àrelação estabelecida porEinstein entre direito e po-der, Freud lhe diz: “permita-me substituir a palavra 'po-der' pela palavra mais nua ecrua 'violência'?” (FREUD,1974b, op. cit., p. 246).

Além de contraditórias,as leis não alcançam as for-mas mais sutis demanifestação daa g r e s s i v i d a d e :uma lei pode proi-bir a mãe de es-pancar seu filho,mas não a impe-de de olhar paraele com ódio oude lhe falar comdesprezo. Podeproibir um “bran-co perfeito” demanifestar sua rejeição a umnegro ou deficiente, mas nãode olhá-los com desdém.

Para Freud, o instintoagressivo é onipresente. Erose Tanatos estão sempre jun-tos e mesclam-se em variadasproporções – ora predominaum, ora predomina outro. Sea libido – energia provenientedos instintos de vida – estáem toda parte, a agressivida-de e o instinto de morte tam-bém estão. Quem concordarcom essa tese não se surpre-enderá com a ambivalênciados nossos sentimentos nemcom o lado sombrio de nossanatureza. Contudo, se somosassim, o que torna possível avida em sociedade?

O segundo recurso en-contrado pela civilização foi,através da repressão, tornarinofensiva – até certo ponto –

a agressividade. O impulso re-primido é enviado de voltapara o lugar de onde proveio.Por medo de perder o amor e aproteção do nosso objeto deamor, “escolhemos” internali-zar nossa agressividade. As-sim, temos duas alternativas:descarregar o instinto agressi-vo ou introjetá-lo. No primeirocaso o instinto é satisfeito; nosegundo, é domesticado e sa-tisfaz-se parcialmente fazen-do o próprio ego sofrer, vistoter sido descarregado contraeste. A essa tensão, Freudchamou ansiedade, uma espé-cie de punição imposta ao egopelo superego, um sentimentode culpa, um mal-estar queatormenta a civilização.

Contudo, a repressão aosinstintos agressivos não osexpulsa da mente humana.Apenas cria um lugar incons-ciente para eles, mas os mes-mos continuam ativos e exi-gentes. Freudianamente fa-lando, ass is t i r repet ida-mente, com interesse e cu-riosidade, ainda que comcerto mal-estar, as notíci-as detalhadas sobre a mor-te de Isabela, significa darvazão aos próprios instintosdestrutivos, satisfazê-los. Atelevisão mostrou diversasvezes a reconstituição dacena do crime: por diversasvezes o espectador assistiu àssimulações de “asfixia”, de“esganadura” e de lançamen-to de um corpo de boneca pelajanela. Não dá para negar quehá uma espécie de identifica-ção dos espectadores com osagressores. Admitir isso, con-tudo, não deve levar à auto-condenação nem ao repúdio àhumanidade. Reconhecer que

somos feitosdessa matéria éo primeiro passopara enfrentar-mos nossa pró-pria agressivida-de e a violênciasocial sem ilu-sões e sem hipo-crisias. Trata-sede uma realida-de à qual a cul-tura deve ofere-

cer alternativas de sublima-ção, por mais que a indústriacultural – cuja identificaçãocom a barbárie Adorno eHorkheimer também já de-monstraram -, as restrinja.

Já dizia Riobaldo, perso-nagem de Guimarães Rosa,que cada um tem uma dosede demo dentro de si. O gos-to geral por cenas violentasé a evidência da existênciaem nós de poderosos instin-tos agressivos. Os f i lmesmais vendidos são os maisviolentos. Pouco importa sesão ficção ou realidade.

* Rúbia de Cássia Oliveira –Psicóloga, coordenadora doNúcleo de Estudos e Coorde-nação de Ações para Saúde doAdolescente (Necasa) da UFGe docente da UniversidadeEstadual de Goiás (UEG)

RÚBIA DE CÁSSIA*

O

... “a repressão aosinstintos agressivosnão os expulsa da

mente humana. Apenascria um lugar

inconsciente para eles,mas os mesmos

continuam ativos eexigentes”

DANILO RABELO, PROFESSOR DO CENTRO DEPESQUISA APLICADA À EDUCAÇÃO (CEPAE)

“Sou totalmente a favor das co-tas, mas temos que verificar se osalunos terão condições de se man-terem aqui na UFG para não haverevasão. Essa é uma questão polê-mica, alguns acham que as cotassão a reafirmação de uma incapaci-dade, mas as condições de compe-tição entre as escolas particulares

e públicas não são as mesmas. O molde adotado pela UFGparece muito bom, só tenho uma dúvida: por que não umaporcentagem de 20% na primeira e segunda fases? Assima margem de aprovação dos alunos oriundos de escolapúblca seria maior. Não se trata de reafirmar a inferiori-dade dos alunos de escola pública e dos negros oriundosda rede pública de ensino, mas de oferecer condições re-ais de igualdade a essas pessoas”.

MARIA JOSÉ OLIVEIRA, DIRETORA DO CEN-TRO DE PESQUISA APLICADA À EDUCAÇÃO(CEPAE)

“A universidade realmente temque abrir espaço para as camadasoriundas das classes mais baixas.Isso também remete à qualidade doensino público nos níveis Funda-mental e Médio, que é um pouco in-ferior, inclusive por falta de cobran-ça dos pais. As cotas minimizam asdiferenças existentes, por exemplo, as de renda. As co-tas também permitem que mais pessoas, como os alunosque estudam nas escolas públicas, tenham acesso àsvagas na universidade”.

BARBARA CRISTINA SANTANA, ALUNA DO 3ºANO DO CEPAE

“Eu adorei. Assim o pessoal daescola pública tem mais chances.Antes a maioria das vagas na UFGera conquistada pelos alunos de es-cola particular, os de escola públi-ca enfrentavam mais um ano de cur-sinho para passarem. As cotas fa-cilitarão bastante”.

AMANDA DE CASTRO SELLANI, ALUNA DO 3ºANO DE ESCOLA PARTICULAR

“Não sou totalmente contra as co-tas para alunos de escolas públicas.Sou contrária às cotas para os negros,porque significam uma diferenciação,é preconceito. Essa política prejudica-rá o nível das universidades federais efuturamente o ensino superior. As co-tas servem de “máscara” para um pro-cesso de inclusão, que só resolve par-

cialmente o problema do acesso ao nível superior”.

ALEXANDRE JOSÉ UMBELINO DE SOUSA,PRESIDENTE DO SINDICATO DOS ESTABE-LECIMENTOS PARTICULARES DE ENSINODE GOIÂNIA (SEPE)

“Uma das propostas do educa-dor deve ser transformar seus alu-nos em cidadãos. Para isso, tem dehaver condições, como bom ensino,exemplos, propostas de vida, vári-as medidas. Portanto, não é umaquestão de ser contra ou a favor das

cotas, vai além disso. O ensino público brasileiro está àbeira da falência. Ao invés de tomar medidas de médio elongo prazo, o governo criou esse sistema de cotas paraacalmar umas ditas minorias. Esses alunos cotistas vãoser segregados e rotulados, porque não entraram por mé-rito próprio. O problema não é a cota, é a escola pública,que deveria ser melhorada. Qualquer um tem que ter con-dição de entrar em qualquer universidade. Esse não é oprocedimento mais ético. O estudo é um trabalho, quemtrabalhou mais, merece mais”.

ENQUETE

O programa UFG Inclui, aprovado recentemente,prevê reserva de cotas para negros e egressos

de escola pública no vestibular. Qual a suaopinião sobre o assunto?

16 Goiânia, agosto de 2008EXTENSÃOJornal UFG

Ana Flávia Alberton

m pouco tempo o au-ditório do HospitalAraújo Jorge estava

lotado. Crianças do setorde Oncologia Infantil, paise amigos formavam umaplatéia ansiosa. A peça Osonho de uma fadinha co-meçaria em alguns ins-tantes. Além de ser umainiciativa nova no AraújoJorge, havia um motivomais do que especial: aautora do texto, Dayse Fer-nandes, de 15 anos, é tam-bém paciente do setor.

A menina, que lutacontra a leucemia, sonhacursar Artes Cênicas naUniversidade Federal deGoiás (UFG). Ao tomar co-nhecimento disso, a musi-coterapeuta do hospital,Lara Karst, incentivouDayse a escrever umapeça que pudesse ser en-cenada para os pacientesda oncologia infantil. “En-treguei a ela uma pran-cheta, lápis e borracha,porém, não sabia quantotempo a Dayse demorariapara terminar a história.Depois fiquei sabendo queela ficou até de madruga-da para escrever o roteiro”.

A peça de Dayse é ahistória de um grupo de fa-das que luta para que aspessoas voltem a acreditarna realização de desejos.

Hospital também é palcoPeça escrita por umapaciente do setor deOncologia Infantil doAraújo Jorge éencenada parapúblico interno, paise amigos

Elas buscam uma criançaque possa levar a esperançade volta a todos. Jack, a me-nina escolhida, tem direitoa três pedidos. No último,ela deseja que todas as cri-anças com câncer sejamcuradas. Infelizmente as fa-das não podem atendê-la.Neste momento, então, apersonagem pede que todosos sonhos dessas criançaspossam se concretizar.

Dayse fala em fé, emesperança que não podeser abandonada para queos objetivos estejam maispróximos de serem alcan-çados. O sonho de uma fa-dinha trouxe esse senti-mento ao público, queaplaudiu de pé, por longosminutos, o espetáculo.

Reações e sentimentos –Palmas, lágrimas e risadasforam atitudes constantes.A bailarina do Studio Dan-çarte, Fabiane Clemondes,abriu o espetáculo. Fadascompletaram o cenário en-cantado, que reforçava oquanto é preciso ter espe-rança, sempre. “Na segun-da vez que veio a doença,eu f iquei uma semanatriste e quase desisti delutar, mas percebi que erapreciso levantar a cabeçae seguir em frente e é estaa mensagem que eu gos-taria de passar”, explicaDayse, que retomou o tra-tamento este ano.

O evento só foi possí-vel graças à colaboração dediversas pessoas. Laraafirma que, desde o come-ço, sabia que poderia con-tar com todo o setor de pe-diatria. “Cada um doou oque podia e, em parceriacom empresas patrocina-doras, construímos todo o

espetáculo”. A Companhiade Teatro Só Encena ofe-receu o talento de seus ato-res, assim como o StudioDançarte ofereceu os mo-vimentos leves da bailari-na Fabiane Clemondes. Ohospital recebeu ainda adoação de cortinas, tri-lhos, iluminação, cenári-os, fantasias. E todos osenvo lv idos o fer taramtempo, dedicação e amor.Assim, concretizou-se osonho de uma menina.

Formação – A coordenado-ra do programa de estágiodo curso de Musicoterapiada UFG, Eliamar AparecidaFerreira, explica que o tra-balho no hospital vai muitoalém de simplesmente ser-vir de estágio para os alu-nos da universidade. “Essaexperiência tem um papelfundamental na formaçãodos nossos estagiários, por-que a proposta do hospital édiferenciada. Não só auxi-

lia no crescimento técni-co desses estudantes, mastambém exercita seu ladohumano, o ser cidadão,para formar profissionaiscomprometidos com as do-res humanas”.

Apesar de o serviçoprestado pelos estagiáriosestar diretamente vincula-do à oncologia pediátrica,Eliamar esclarece que oprograma não é restrito àpediatria, já que os estagi-ários desenvolvem traba-lhos em campos diversos.“Atendemos pacientes adul-tos, quando estes nos sãoencaminhados, e atende-mos também nas UTIS, poisé necessário continuar oacompanhamento dos paci-entes que são direcionadospara lá. Atuamos tambémnos convites de transplan-te de medula óssea, nasenfermarias e na quimiote-rapia ambulatorial”.

Segundo a coordena-dora de estágio, há diver-sos projetos a serem rea-

lizados por meio da parce-ria entre a universidade eo hospital. Iniciativas cul-turais, como a apresenta-ção da peça de Dayse, porexemplo, devem ocorrermais vezes. Alguns, no en-tanto, dependem de inves-timentos maiores. É o casodo espaço especial para asatividades de musicotera-pia. Está prevista a cons-trução de um quinto andarno Araújo Jorge, pois o hos-pital já não comporta a de-manda que chega de diver-sas cidades. “Com a ampli-ação, nós teremos umasala de musicoterapia,que ainda não temos. Es-tamos sonhando em colo-car nessa sala bateria eoutros instrumentos mu-sicais de maior porte – cla-ro que com um revesti-mento acústico, de formaque se torne possível emum hospital”, esclarece Eli-amar. Essa obra está ain-da à espera de parceirospara se concretizar.

Fotos: C

arlos Siqu

eira

E