Post on 28-Dec-2018
ANÁLISE DA INDÚSTRIA DE PAPEL E CELULOSE NO BRASIL
Carlos Renato Antunes Lopes
UFRJ - Instituto de Pós-graduação e
Pesquisa em Administração – COPPEAD.
Mestrado em Administração
Orientador: Cláudio Roberto Contador
Ph.D. em Economia
Rio de Janeiro
1998
ii
ANÁLISE DE INDÚSTRIA DE PAPEL E CELULOSE NO BRASIL
Carlos Renato Antunes Lopes
Dissertação submetida ao corpo docente do Instituto de Pós-
graduação e Pesquisa em Administração – COPPEAD – da Universidade
Federal do Rio de Janeiro – UFRJ –, como parte dos requisitos necessários
à obtenção do grau de Mestre.
Aprovada por:
Prof. ______________________________________ - Orientador
Prof. Cláudio Roberto Contador - UFRJ / COPPEAD
Ph.D. em Economia
Prof. ______________________________________
Prof. Agrícola de Souza Bethlem - UFRJ / COPPEAD
D.Sc. em Administração
Prof. ______________________________________
Prof. Carlos Alberto Cosenza - UFRJ / COPPE
D.Sc. em Engenharia de Produção
Rio de Janeiro
1998
iii
LOPES, Carlos Renato Antunes.
Análise da indústria de papel e celulose no Brasil / CarlosRenato Antunes Lopes. Rio de Janeiro: UFRJ / COPPEAD, 1998.
xii , 130 p. il.
Dissertação – Universidade Federal do Rio de Janeiro,COPPEAD.
1. Análise estrutural 2. Indústria de celulose 3. Indústria depapel e papelão 4. Tese (Mestrado – UFRJ / COPPEAD). I. Título
iv
AGRADECIMENTOS
O desenvolvimento desta tese de mestrado somente foi possível
devido à colaboração de algumas pessoas, às quais gostaria de realizar um
agradecimento especial.
Renato Correa Lopes e Zuleide Antunes Lopes, meus pais, agradeço
pelo amor e pela dedicação durante toda a vida, permitindo concluir meus
estudos e realizar este trabalho.
Valeska de Souza Barbosa, minha companheira, agradeço pelo amor
e pela paciência nestes últimos 2 anos.
Cláudio Roberto Contador, orientador da tese, agradeço pela
paciência e pela orientação durante todo o trabalho.
José Carlos Garbes, colega de trabalho da Cia Suzano de Papel e
Celulose, agradeço pelo farto material fornecido para este trabalho e pelos
comentários.
Contatos com autor: http://www.crlopes.com
v
LOPES, Carlos Renato Antunes. Análise da indústria de papel e
celulose no Brasil. Orientador: Cláudio Roberto Contador. Rio de
Janeiro: UFRJ / COPPEAD, 1998, 130p. Tese.
RESUMO
A maioria dos trabalhos sobre a Indústria de Papel e Celulose no
Brasil são aprofundados demais em determinados assuntos, ora sugerindo
melhorias no processo produtivo, ora tratando de um segmento de mercado.
O presente trabalho tem como objetivo analisar de forma abrangente o
Setor, reunindo, em um documento compacto, informações que possam
mostrar a realidade atual e os desafios que estão por vir nos próximos anos.
Neste sentido, foram levantados dados junto às principais fontes de
documentação que existem sobre o tema. Estes inúmeros dados,
devidamente organizados e ordenados, foram tratados analiticamente, tendo
como objetivo a obtenção de uma Análise da Indústria de Papel e Celulose,
com ênfase no Brasil.
vi
LOPES, Carlos Renato Antunes. Análise da indústria de papel e celulose
no Brasil. Orientador: Cláudio Roberto Contador. Rio de Janeiro:
UFRJ / COPPEAD, 1998, 130p. Tese.
ABSTRACT
Most studies about pulp and paper industry in Brazil are too focused
in specific subjects, like researching improvements in production process
or marketing analysis. This work aims to join in a single document,
technical and market information, in order to show how this industry is
structured now and which challenges will come next years.
In this sense, informations collected from many pulp and paper
sources, have been selected and organised, and data has been treated
mathematically to give an Analysis of the Brazilian Pulp and Paper
Industry.
vii
LISTA DE QUADROS
p.
Quadro 1 - Dados Ambientais de Plantas Químicas de Celulose no Mundo ..................................................35Quadro 2 - Tarifas de Importação de Papel e Celulose no Brasil......................................................................61Quadro 3 - Custos de Produção de Celulose dos Principais Produtores Mundiais ........................................64Quadro 4 - Resultados Empíricos da Regressão do Consumo Aparente Agregado de Papel ................... 109Quadro 5 - Resultados Empíricos da Regressão do Consumo Aparente de Papel de Imprensa............... 110Quadro 6 - Resultados Empíricos da Regressão do Consumo Aparente de Cartão.................................... 112Quadro 7 - Resultados Empíricos da Regressão do Consumo Aparente de Embalagem........................... 113Quadro 8 - Resultados Empíricos da Regressão do Consumo Aparente de Papel de I&E........................ 114Quadro 9 - Resultados Empíricos da Regressão do Consumo Aparente de Papel Especial ...................... 116Quadro 10 - Resultados Empíricos da Regressão do Consumo Aparente de Papel Sanitário ..................... 117
viii
LISTA DE TABELAS
p.
Tabela 1 - Maiores Grupos Produtores de Papel e Celulose no Mundo ..........................................................32Tabela 2 - Capacidade dos Principais Países por Tipo de Fibra ........................................................................41Tabela 3 - Consumo Mundial de Celulose Sulfato Branqueada de Mercado .................................................42Tabela 4 - Maiores Produtores de Celulose de Eucalipto no Mundo...............................................................42Tabela 5 - Maiores Exportadores de Celulose por Tipo de Fibra no Mundo.................................................43Tabela 6 - Maiores Unidades Fabris de Celulose no Mundo.............................................................................44Tabela 7 - Consumo Mundial de Papel..................................................................................................................48Tabela 8 - Consumo Mundial de Papel por Tipos ...............................................................................................48Tabela 9 - Principais Países Produtores e Principais Países Consumidores ....................................................49Tabela 10 - Países com Maior % de Reciclagem de Papel...................................................................................62Tabela 11 - Principais Fabricantes de Celulose no Brasil .....................................................................................68Tabela 12 - Principais Fabricantes de Celulose de Mercado no Brasil...............................................................68Tabela 13 - Taxas de Crescimento Anual da Produção de Papel por Segmento no Brasil .............................70Tabela 14 - Principais Fabricantes Brasileiros de Papel em Toneladas .............................................................71Tabela 15 - Evolução da Exportação por Segmentos no Brasil ...........................................................................76Tabela 16 - Destino das Exportações Brasileiras de Papel...................................................................................77Tabela 17 - Evolução dos Principais Grupos Exportadores no Brasil ................................................................78Tabela 18 - Principais Exportadores de Celulose no Brasil..................................................................................78Tabela 19 - Destino das Exportações Brasileiras de Celulose.............................................................................79Tabela 20 - Evolução da Importação de Papel por Segmentos no Brasil ...........................................................80Tabela 21 - Origem das Importações Brasileiras de Papel....................................................................................81Tabela 22 - Crescimento da Produção de Papéis de Imprimir & Escrever no Brasil .......................................85Tabela 23 - Crescimento da Produção de Papéis de Embalagem no Brasil .......................................................91Tabela 24 - Crescimento da Produção de Papéis Sanitários no Brasil................................................................95Tabela 25 - Crescimento da Produção de Papéis de Cartões e Cartolinas no Brasil..................................... 100Tabela 26 - Crescimento da Produção de Papéis Especiais no Brasil.............................................................. 104
ix
LISTA DE FIGURAS
p.
Figura 1 - Fluxo da Extração da Celulose através do Processo Químico.........................................................19Figura 2 - Processo de Fabricação desenvolvido por Ts’Ai Lun.......................................................................22Figura 3 - Fluxo do Processo de Fabricação de Papel........................................................................................23Figura 4 - Participação de Fibras Virgens na Produção de Papel......................................................................37Figura 5 - Evolução do Preço da Celulose Sulfato Branqueada de Fibra Longa............................................39Figura 6 - Comparação dos Preços da Celulose de Fibra Longa e Fibra de Eucalipto..................................40Figura 7 - Saldo do Setor de Papel e Celulose na Balança Comercial Brasileira ..........................................54Figura 8 - Principais Fabricantes de Papel no Brasil...........................................................................................55Figura 9 - Principais Produtores de Celulose de Mercado no Brasil ................................................................55Figura 10 - Principais Fabricantes de Celulose no Brasil .....................................................................................56Figura 11 - Distribuição Geográfica da Produção de Papel no Brasil ................................................................57Figura 12 - Distribuição Geográfica da Produção de Celulose no Brasil..........................................................57Figura 13 - Participação do Setor de Papel e Celulose nas Exportações Brasileiras .......................................61Figura 14 - Participação de Setor de Papel e Celulose nas Importações Brasileiras........................................62Figura 15 - Ciclo Médio de Corte em Diversas Regiões do Mundo...................................................................63Figura 16 - Produção por Tipo de Pasta Celulósica no Brasil..............................................................................67Figura 17 - Evolução da Produção de Celulose no Brasil .....................................................................................67Figura 18 - Produção de Papel por Segmento no Brasil........................................................................................69Figura 19 - Evolução da Produção de Papel no Brasil - Todos os Segmentos .................................................70Figura 20 - Evolução da Produção x Consumo Aparente de Papel no Brasil -Todos os Segmentos............72Figura 21 - Evolução do Consumo de Papel no Brasil - Todos os Segmentos .................................................73Figura 22 - Evolução do Consumo per capta de Papel no Brasil .......................................................................74Figura 23 - Comparação do PIB per capta com a Renda per capta no Mundo................................................74Figura 24 - Evolução da Importação, Exportação e Saldo da Balança Comercial para o Setor Papeleiro ...75Figura 25 - Exportação de Papel por Segmentos no Brasil...................................................................................76Figura 26 - Principais Grupos Exportadores no Brasil ..........................................................................................77Figura 27 - Importação de Papel por Segmentos no Brasil...................................................................................80Figura 28 - Evolução da Produção e do Consumo Aparente dos Papéis de I&E no Brasil.............................86Figura 29 - Evolução da Produção e do Consumo Aparente de Papéis de Imprensa no Brasil......................86Figura 30 - Evolução do Consumo per capta de Papéis de Imprimir & Escrever no Brasil...........................87Figura 31 - Evolução do Consumo per capta de Papéis de Imprensa no Brasil ...............................................87Figura 32 - Produção de Papéis de Imprimir & Escrever por Segmentos no Brasil.........................................88Figura 33 - Distribuição Geográfica da Produção de Papéis de Imprimir & Escrever no Brasil...................88Figura 34 - Evolução da Importação, Exportação e Sado dos Papéis de Imprimir & Escrever.....................89Figura 35 - Evolução da Importação, Exportação e Sado dos Papéis de Imprensa no Brasil .........................90Figura 36 - Principais Produtores de Papéis de Imprimir & Escrever no Brasil ...............................................90Figura 37 - Evolução da Produção e do Consumo Aparente dos Papéis de Embalagem no Brasil ...............92Figura 38 - Evolução do Consumo per capta de Papéis de Embalagem no Brasil...........................................92Figura 39 - Produção de Papéis de Embalagem por Segmentos no Brasil.........................................................93Figura 40 - Distribuição Geográfica da Produção de Papéis de Embalagem no Brasil...................................93Figura 41 - Evolução da Importação, Exportação e Sado dos Papéis de Embalagem no Brasil....................94Figura 42 - Principais Produtores de Papel de Embalagem no Brasil.................................................................94Figura 43 - Evolução da Produção e do Consumo Aparente de Papéis Sanitários no Brasil..........................96Figura 44 - Evolução do Consumo per capta de Papéis Sanitários no Brasil ...................................................96Figura 45 - Produção de Papéis Sanitários por Segmentos no Brasil .................................................................97Figura 46 - Distribuição Geográfica da Produção de Papéis Sanitários no Brasil ............................................97Figura 47 - Evolução da Importação, Exportação e Sado dos Papéis Sanitários no Brasil .............................98Figura 48 - Principais Produtores de Papéis Sanitários no Brasil........................................................................99Figura 49 - Evolução da Produção e do Consumo Aparente de Cartões e Cartolinas no Brasil................. 100Figura 50 - Evolução do Consumo per capta de Cartões e Cartolinas no Brasil........................................... 101Figura 51 - Produção de Cartões e Cartolinas por Segmentos no Brasil ......................................................... 101Figura 52 - Distribuição Geográfica da Produção de Cartões e Cartolinas no Brasil ................................... 102
x
Figura 53 - Evolução da Importação, Exportação e Sado dos Cartões e Cartolinas no Brasil .................... 103Figura 54 - Principais Produtores de Cartões e Cartolinas no Brasil.............................................................. 103Figura 55 - Evolução da Produção e do Consumo Aparente de Papéis Especiais no Brasil........................ 105Figura 56 - Evolução do Consumo per capta de Papéis Especiais no Brasil ................................................. 105Figura 57 - Produção de Papéis Especiais por Segmentos no Brasil ............................................................... 106Figura 58 - Distribuição Geográfica da Produção de Papéis Especiais no Brasil .......................................... 106Figura 59 - Evolução da Importação, Exportação e Sado dos Papéis Especiais no Brasil ........................... 107Figura 60 - Principais Produtores de Papéis Especiais no Brasil...................................................................... 108Figura 61 - Regressão do Consumo Aparente de Papel Agregado.................................................................. 109Figura 62 - Regressão do Consumo Aparente de Papel de Imprensa.............................................................. 111Figura 63 - Regressão do Consumo Aparente de Cartão................................................................................... 112Figura 64 - Regressão do Consumo Aparente de Papel de Embalagem.......................................................... 113Figura 65 - Regressão do Consumo Aparente de Papel de Imprimir & Escrever.......................................... 115Figura 66 - Regressão do Consumo Aparente de Papel Especial ..................................................................... 116Figura 67 - Regressão do Consumo Aparente de Papel Sanitário .................................................................... 118
xi
SUMÁRIO
PARTE I: INTRODUÇÃO p.
1 INTRODUÇÃO.......................................................................................... 001
1.1 Objetivo....................................................................................................... 001
1.2 Organização do estudo................................................................................ 001
1.3 Evolução histórica....................................................................................... 002
PARTE II: INFORMAÇÕES TÉCNICAS
2 PASTAS PARA FABRICAÇÃO DO PAPEL........................................... 007
3 PRINCIPAIS CLASSIFICAÇÕES DO PAPEL......................................... 008
3.1 Papéis para Imprimir................................................................................... 008
3.2 Papéis para Escrever.................................................................................... 010
3.3 Papéis para Embalagem............................................................................... 011
3.4 Papéis para Fins Sanitários.......................................................................... 013
3.5 Cartões, Cartolinas e Papelão...................................................................... 014
3.6 Papéis Especiais........................................................................................... 016
4 O PROCESSO DE FABRICAÇÃO DA CELULOSE................................ 018
4.1 Picagem....................................................................................................... 020
4.2 Polpação...................................................................................................... 020
4.3 Branqueamento............................................................................................ 021
5 O PROCESSO DE FABRICAÇÃO DO PAPEL........................................ 022
5.1 Preparação da massa.................................................................................... 023
5.2 Máquina de papel........................................................................................ 025
5.3 Aplicações e tratamentos de superfície....................................................... 027
5.4 Acabamento................................................................................................. 028
PARTE III: INFORMAÇÕES DE MERCADO
6 A INDÚSTRIA EM NÍVEL MUNDIAL.................................................... 029
6.1 Características das indústrias de celulose.................................................... 036
6.1.1 Estratégias competitivas.............................................................................. 040
6.1.2 Consumo, produção e comércio mundiais................................................... 041
xii
6.2 Características das indústrias de papel........................................................ 044
6.2.1 Estratégias competitivas.............................................................................. 047
6.2.2 Produção, consumo e comércio mundial..................................................... 047
6.3 Principais países produtores........................................................................ 049
6.4 Tendências da indústria .............................................................................. 051
7 A INDÚSTRIA DE PAPEL E CELULOSE NO BRASIL..........................053
7.1 Competitividade internacional..................................................................... 063
7.2 Produção de celulose................................................................................... 066
7.3 Produção e consumo de papel..................................................................... 069
7.4 Exportação e importação de papel e celulose.............................................. 074
7.5 Estudos e sugestões para o setor.................................................................. 081
7.6 Previsões de crescimento e investimento.................................................... 084
8 ANÁLISE SEGMENTADA DO MERCADO............................................ 084
8.1 Papéis para Imprimir & Escrever................................................................ 084
8.2 Papéis para Embalagens.............................................................................. 091
8.3 Papéis para Fins Sanitários.......................................................................... 095
8.4 Cartões e Cartolinas..................................................................................... 099
8.5 Papéis Especiais........................................................................................... 104
9 ANÁLISE ECONOMÉTRICA DOS SEGMENTOS DE PAPEL.............. 108
9.1 Regressão do consumo agregado de papel.................................................. 109
9.2 Regressão do consumo de papel de Imprensa............................................. 110
9.3 Regressão do consumo de Cartão................................................................ 111
9.4 Regressão do consumo de papel de Embalagem......................................... 113
9.5 Regressão do consumo de papel de Imprimir & Escrever........................... 114
9.6 Regressão do consumo de papel Especial................................................... 115
9.7 Regressão do consumo de papel para Fins Sanitários................................. 117
PARTE IV: CONCLUSÃO
10 CONCLUSÃO............................................................................................ 118
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................... 120
1 INTRODUÇÃO
1.1 Objetivo
O presente trabalho é um ensaio sobre a Indústria de Papel e
Celulose no Brasil e no mundo. Seu objetivo é mostrar, de forma
abrangente, a formação e a organização do Setor, servindo como fonte para
estudos mais aprofundados sobre o assunto.
A Indústria de Papel e Celulose é de grande importância para a
economia brasileira, sendo responsável por, aproximadamente, 1% do PIB
do país. Devido a esta relevância, diversas entidades e institutos de
pesquisa realizam vários estudos que primam pela excelente qualidade. A
maior parte dos estudos, entretanto, ou está voltada para o processo
produtivo, focando assuntos muito específicos, ou abordam apenas um
segmento do setor, sendo portanto limitados pela própria natureza. O
mérito desta pesquisa exploratória é o de reunir, de forma compacta, o
resultado de inúmeras pesquisas já realizadas, com o objetivo de criar uma
visão abrangente sobre como está estruturado este importante setor
industrial do país. O trabalho também incluiu testes econométricos, para
determinar qual seria a variável que melhor poderia explicar a variação do
consumo de papel no Brasil, sendo que o PIB foi a variável mais
expressiva.
1.2 Organização do estudo
O presente estudo foi dividido em 4 partes. A primeira parte –
capítulo 1 –, contém uma narrativa básica da evolução histórica da
2
indústria de papel e celulose no Brasil. A segunda parte – capítulos 2 a 5 –,
contém informações técnicas sobre a indústria. A terceira parte – capítulos
6 a 9 –, contém informações de mercado. A quarta parte – capítulo 10 –,
contém a conclusão do estudo. Os capítulos de 2 a 5 apresentam as
classificações para os diversos tipos de celulose e papel existentes, seguido
de uma breve descrição dos respectivos processos de fabricação. Os
capítulos 6 e 7 apresentam a forma como a indústria está estruturada no
Brasil e no mundo, juntamente com a revisão bibliográfica. O capítulo 8
contém uma análise segmentada do mercado brasileiro e no capítulo 9 são
apresentados os resultados dos testes econométricos. A conclusão revisa os
desafios da indústria para os próximos anos.
1.3 Evolução histórica
A primeira fábrica de papel foi instalada no Brasil em 1852, porém
até 1950, o país possuía apenas uma série de pequenas fábricas de papel,
importando praticamente toda a celulose que consumia. O número de
empresas foi crescendo à medida que aumentavam o mercado consumidor
e a demanda. Os primeiros investimentos significativos no setor surgiram
com o Plano de Metas do Governo Kubitschek (1956-1960). Seguindo o
modelo clássico de substituição das importações, houve um incentivo de
criação de fábricas para cobrir faixas de demanda que:
1) Não podiam ser atendidas pela importação, como o caso de papéis
de qualidade inferior, papéis de baixa relação volume/preço,
papéis de embrulho e embalagens simples;
3
2) Produtos que o alto volume de importação tornou viável a
instalação de unidades produtivas, como era o caso de papéis de
imprimir & escrever;
O Plano de Metas foi importantíssimo ao definir uma clara intenção
do governo em desenvolver substancialmente o setor, com ênfase no
atendimento do mercado consumidor, sem ainda considerar as vantagens
competitivas existentes no Brasil para implantar fábricas voltadas para a
exportação. A partir de então, o governo passou a apoiar sistematicamente
o desenvolvimento desta indústria através de medidas tarifárias e de
financiamento, principalmente através do BNDES.
O aumento da produção de papel fez crescer proporcionalmente a
demanda por celulose, criando condições para o desenvolvimento das
fábricas de pasta celulósica. Um dos problemas logo enfrentados foi o de
que a tecnologia de fabricação do papel utilizava basicamente celulose de
coníferas, árvores das quais se extrai celulose de fibra longa. Isto fazia que
países com condições climáticas pouco favoráveis para a produção deste
tipo de árvore, como era o caso do Brasil, ficassem dependentes da
importação de celulose para a fabricação de papel. A partir de pesquisas
iniciadas em 1954 pela Indústria de Papel Leon Feffer S.A. (atual Cia
Suzano de Papel e Celulose), contando com apoio da Universidade da
Flórida, foi aperfeiçoado o processo de fabricação de papel utilizando
100% de celulose de eucalipto. O eucalipto, árvore do ramo das folhosas,
que fornece celulose de fibra curta, mostrou-se extremamente produtivo
para grandes plantações no Brasil.
4
Uma pesquisa concluída em 1967, pela empresa José Carlos
Associados – Consultores Industriais –, entitulada “Pesquisa sobre a
Estrutura Brasileira de Produção e de Consumo de Papel e Celulose”,
analisou um universo de 282 fábricas de celulose, de pasta mecânica e de
todos os tipos de papel, traçando um perfil da indústria no Brasil. A
pesquisa demonstrou, já naquela época, uma forte correlação entre o
aumento da renda per capta e o aumento do consumo de papel. Revelou
também, que as empresas brasileiras careciam de capacidade produtiva
capaz de gerar economias de escala para redução dos custos unitários,
maior eficiência de produção e de introdução de modernas técnicas de
administração. A pesquisa serviu de base para o governo estabelecer novas
diretrizes para o financiamento do setor, exigindo volumes mínimos,
induzindo progressivamente o aumento da capacidade produtiva e a
formação de maciços florestais para o fornecimento de matéria-prima.
Em 1968, a empresa norueguesa Borregaard instalou, com o apoio e
a participação do governo, uma unidade fabril no Rio Grande do Sul,
voltada para a exportação de celulose não-branqueada de fibra curta. Este
projeto é considerado um marco do desenvolvimento do setor pelas
seguintes características:
• O projeto da multinacional demonstrava para os brasileiros que a
celulose de fibra curta reunia condições competitivas no mercado
internacional;
• A capacidade produtiva de 500 t/dia, um volume bastante
expressivo para os padrões da época (o governo exigia um mínimo
5
de 100 t/dia), mostrava que para ser competitivo no mercado
internacional seria importante a utilização de economia de escala;
• A localização da fábrica em Porto Alegre acarretou custos sociais
e ambientais para a população, demonstrando a necessidade de
equipamentos e legislação de controle ambiental;
As relações entre brasileiros e noruegueses se deterioraram por
motivos diversos, levando a empresa norueguesa a se desfazer de sua
participação no país. Atualmente a fábrica pertence à Rio Grande do Sul
Cia. de Celulose S.A. (Riocell).
Os anos 70 foram de reviravolta no setor, com o aumento do preço
das matérias-primas no mercado internacional e os choques de preço do
petróleo. O aumento do déficit em conta corrente exigiu do país um novo
ciclo de substituição das importações e um maior volume de exportações.
O primeiro grande ciclo de investimentos no setor tem início com o
lançamento do II PND − Plano Nacional de Desenvolvimento −, e do I
PNPC − Plano Nacional de Papel e Celulose −, durante o governo Geisel
(1974-1979). O objetivo de fortalecer o empresariado nacional, aliado à
uma estratégia de integração competitiva, fizeram o governo realizar uma
injeção relevante de recursos no setor (oriundos do PIS-Pasep), inclusive
com a injeção de recursos não-exigíveis, sob a forma de participação direta
ou de financiamento aos acionistas nos projetos considerados prioritários.
A política industrial incentivava, através do financiamento público e de
vantagens fiscais, à expansão da capacidade produtiva, à formação de
maciços florestais, à melhoria da eficiência e à melhoria da produtividade
6
nas unidades fabris, visando o auto-abastecimento e a inserção do país no
cenário internacional. Como resultado desta política formaram-se as
grandes empresas que existem hoje no setor, como a Aracruz, Klabin,
Suzano, Votorantim, Ripasa, dentre outras.
Em 1974, outro marco do desenvolvimento do setor no Brasil foi o
projeto da Aracruz Celulose, com volume de investimentos superior a US$
400 milhões e capacidade de produção acima de 1.000 toneladas/dia. O
projeto foi classificado de êxito duvidoso pelo IFC (International Finance
Corporation) por considerar que o país não dispunha de experiência para
realizar um empreendimento desta magnitude e que o retorno não
compensaria. O governo financiou o projeto sozinho e a Aracruz Celulose é
atualmente a maior unidade fabril de celulose do mundo e também um dos
principais fornecedores internacionais de celulose, colocando o Brasil entre
os produtores de celulose de maior potencial do mundo.
Os anos 80 foram de consolidação da posição brasileira no mercado
internacional com o lançamento do II PNPC, incentivando mais uma vez o
aumento da capacidade, o aumento da competitividade, a melhoria dos
padrões de qualidade, a uniformidade dos produtos, a proteção ambiental, a
melhoria do processo produtivo e a melhoria dos controles de processo,
através da introdução de novos equipamentos. A retração econômica na
primeira metade da década contraiu o mercado interno, fazendo com que as
empresas destinassem uma parte maior da produção para as exportações.
Projetos que foram desenvolvidos nesta década levaram à construção da
Bahia Sul Celulose, da Inpacel e da Companhia Florestal Monte
Dourado(Projeto Jari).
7
A primeira metade dos anos 90 foi muito difícil para as empresas
nacionais, devido à crise econômica provocada pelos Planos Collor I e II,
pela queda geral dos preços do papel e da celulose no mercado
internacional e pela internacionalização e globalização do setor, com a
diminuição das barreiras tarifárias. A segunda metade vem sendo marcada
pela lenta recuperação das empresas do setor, aliada à retomada da
atividade industrial.
2 PASTAS PARA FABRICAÇÃO DO PAPEL
As pastas celulósicas para a fabricação do papel diferem umas das
outras de acordo com o processo de fabricação, com a quantidade de
produtos químicos adicionados e com os percentuais residuais dos
compostos originais. As principais classificações das pastas, segundo a
BRACELPA (1998, p. 5), são:
• Pasta Química: Obtida através do processo estritamente químico para
eliminar grande parte dos componentes não-celulósicos dos vegetais,
como lignina, hemiceluloses e extrativos.
• Pasta Semiquímica: Obtida através da combinação de processos
químico e mecânico para eliminação dos materiais não celulósicos.
• Pasta Mecânica: Obtida da madeira por processo estritamente
mecânico.
8
• Pasta Mecanoquímica: Obtida pela combinação de processos mecânico
e químico;
• Pasta Quimitermomecânica(CTMP): Obtida pela combinação dos
processos químico, térmico e mecânico;
• Pasta Quimimecânica(CMP): Semelhante à pasta mecanoquímica, pois
é obtida pela combinação dos processos químico e mecânico. A
diferença está na ordem em que os processos são aplicados;
• Pasta Branqueada e Pasta Não Branqueada: Pasta que foi ou não
modificada pelo processo de branqueamento.
3 PRINCIPAIS CLASSIFICAÇÕES DO PAPEL
Os papéis são classificados de acordo com suas finalidades e os
beneficiamentos que receberam durante a fabricação. As principais
classificações, segundo a BRACELPA (1998, p. 9-18), são as seguintes:
3.1 Papéis para Imprimir
Os papéis para imprimir são classificados nas seguintes categorias:
• Acetinados: Papéis com gramatura variando de 56 g/m2 a 90 g/m2,
fabricados, dependendo do tipo, com pasta química branqueada, aparas
ou pasta mecânica. Características: brilho em ambas as faces, sem
9
revestimento “couchê”, devido ao seu processamento em supercalandra.
Subdividido em: Acetinado de 1a., Acetinado de 2a., Acetinado em cores
e Ilustração. Usado para impressão com fins comerciais, revistas e
similares, especialmente em rotogravura.
• Bíblia: Papel com gramatura máxima de 50 g/m2, fabricado com pasta
química branqueada. Características: alto teor de carga mineral e elevada
opacidade, podendo conter ou não linhas d’água. Usado para impressão
de bíblias, impressos de espessura baixa e similares.
• Couchê: Papel com gramatura variando de 85 g/m2 a 240 g/m2,
fabricado com pasta química branqueada. Características: possui as
melhores qualidades para a reprodução de “clichés”, devido ao seu
revestimento com cargas minerais em uma ou duas faces. Subdividido
em: Base para couchê, Couchê fora de máquina e Couchê de máquina.
Usado para revistas, panfletos promocionais, catálogos, livros, etc.
• Imprensa: Papel com gramatura variando de g/m2 a 56 g/m2, fabricado
principalmente com pasta mecânica ou mecanoquímica. Características:
pode conter ou não linhas d’água e/ou colagem superficial. Usado para
impressão de jornais e periódicos.
• Jornal: Papel sem limitação de gramatura, fabricado com pasta
mecânica ou mecanoquímica, similar ao imprensa . Características: pode
ser alisado ou monolúcido. Usado para impressos comerciais, blocos de
rascunho, etc.
10
• Monolúcido : Papel com gramatura variando de 56 g/m2 a 120 g/m2,
fabricado com pasta química branqueada, pasta mecânica ou aparas,
dependendo do tipo. Características: brilho em uma das suas faces,
obtido com a utilização do cilindro monolúcido. Subdividido em
Monolúcido de 1a. e Monolúcido de 2a. Usado para rótulos, cartazes,
sacolas, embalagens e papéis fantasia.
• Offset: Papel com gramatura variando de 50 g/m2 a 240 g/m2, fabricado
com pasta química branqueada. Características: possui elevada
resistência de superfície. Usado geralmente para impressão em “offset”.
3.2 Papéis para Escrever
Os papéis para escrever são classificados nas seguintes categorias:
• Apergaminhado (Bond): Papel com gramatura variando de 50 g/m2 a
90 g/m2, fabricado com pasta química branqueada. Características: pode
ser branco ou em cores, pode ter ou não marca d’água, alisado , colado e
com boa opacidade. Usado para correspondência em geral, formulários,
impressos, cadernos escolares, envelopes, etc.
• Correspondência Aérea: Papel com gramatura entre 35 g/m2 e 40 g/m2,
fabricado com pasta química branqueada. Características: elevada
opacidade, pode ter ou não marca d’água. Usado essencialmente em
correspondência aérea.
11
• Segundas Vias (Flor Post): Papel com gramatura até 32 g/m2, fabricado
com pasta química branqueada. Características: branco ou em cores.
Usado geralmente para segundas-vias em correspondências ou
formulários impressos.
3.3 Papéis para Embalagem
Os papéis para embalagem são classificados nas seguintes
categorias:
• Estiva e Maculatura: Papel para embrulhos leves, com gramatura
variando de 70 g/m2 a 120 g/m2, fabricado com aparas. Características:
acizentado. Usado para embrulhos que não necessitam de boa
apresentação, tubetes e conicais.
• Manilhinha/Padaria: Papel para embrulhos leves, geralmente com
gramatura variando de 40 g/m2 a 45 g/m2, fabricado com aparas, pasta
mecânica ou semiquímica. Características: pode ser monolúcido ou não,
geralmente na cor natural e em folhas dobradas. Usado geralmente nas
padarias.
• Manilha/HD/Hamburguês/Havana/LD/Macarrão: Papel para
embrulhos leves, geralmente com gramatura variando de 40 g/m2 a 100
g/m2, fabricado com pasta mecânica e/ou semiquímica. Características:
monolúcidos em cores características ou cor natural. Usado para
embrulhos no comércio e nas indústrias.
12
• Tecido: Papel para embalagens leves, com gramatura variando de 70
g/m2 a 120 g/m2, fabricado com pasta química ou pasta mecânica.
Características: Encontrado geralmente nas cores creme, bege e azul,
possuindo uma boa resistência mecânica. Usado essencialmente para
embrulho de tecidos e na fabricação de envelopes.
• Fósforo : Papel para embalagens leves, com gramatura de 40 g/m2,
fabricado com pasta química. Característica: monolúcido ou não,
geralmente na cor azul. Usado principalmente para forrar caixas de
fósforos.
• Strong: Papel para embalagens leves, com gramatura variando 40 g/m2 a
80 g/m2, fabricado com pasta química, pasta mecânica e/ou aparas,
dependendo do tipo. Características: geralmente monolúcido, branco ou
em cores claras. Subdividido em Strong de 1a. e Strong de 2a. Usado
principalmente na fabricação de sacos de pequeno porte, forro de sacos e
para embrulhos.
• Seda: Papel para embalagens leves, com gramatura variando de 20 g/m2
a 27 g/m2, fabricado com pasta química branqueada ou não.
Características: branco ou em cores. Usado para embalagens leves,
embrulhos de objetos artísticos, intercalação, enfeites, proteção de frutas,
etc.
• Impermeáveis: Papel para embalagens leves, com gramatura variando
de 30 g/m2 a 80 g/m2, fabricado com pasta química branqueada ou não,
dependendo do tipo. Características: baixa permeabilidade a substâncias
13
gordurosas, aspecto translúcido leitoso, branco ou em cores. Subdividido
em Pergaminho, Granado, Greaseproof e Fosco. Usado em embalagens
de alimentos, base de papel auto-adesivo, proteção de frutas nas árvores,
embalagens de substâncias gordurosas, etc.
• Kraft: Papel para embalagens pesadas, com gramatura variando de 30
g/m2 a 150 g/m2, fabricado com pasta química sulfato não branqueada de
fibra longa ou pasta química, dependendo do tipo. Características:
resistência mecânica, resistência ao rasgo e boa resistência ao estouro,
monolúcido ou alisado. Subdividido em: Kraft Natural para Sacos
Multifolhados, Kraft Natural ou em cores para Outros Fins, Kraft Branco
ou em Cores, Tipo Kraft de 1a., e Tipo Kraft de 2a. Usados, dependendo
do tipo, para sacos e embalagens industriais de grande porte, sacos e
embalagens leves, sacos multifolhados, sacos de açúcar e farinha,
embalagens individuais de balas, saquinhos, embrulhos, sacolas e
embalagens em geral.
• Papel para Papelão Ondulado: Papel para embalagens pesadas, com
gramatura variando de 120 g/m2 a 150 g/m2, fabricado com pasta
semiquímica, pasta mecânica e aparas, dependendo do tipo. Subdividido
em Miolo, Capa de 1a. e Capa de 2a. Usado na fabricação de papelão
ondulado.
3.4 Papéis para Fins Sanitários
Os papéis para fins sanitários são classificados nas seguintes
categorias:
14
• Higiênico: Papéis para fim específico, com gramatura variando de 25
g/m2 a 35 g/m2, pasta química branqueada ou não, pasta mecânica e
aparas, dependendo do tipo. Subdividido em: Popular, Folha Simples de
Boa Qualidade, Folha Simples de Alta Qualidade e Folha Dupla de Alta
Qualidade.
• Toalha: Papel fabricado para fim específico, com gramatura variando de
25 g/m2 a 50 g/m2, fabricado com pasta química e termo-mecânica.
Características: natural ou em cores, usado em folha única ou em dupla.
• Guardanapo: Papel fabricado para fim específico, com gramatura
variando de 18 g/m2 a 25 g/m2, fabricado com pasta química branqueada.
Características: crepado ou não, branco ou em cores, para uso em folha
única ou dupla.
• Lenço: Papel fabricado para fim específico, com gramatura variando de
15 g/m2 a 18 g/m2, fabricado com pasta química. Características: uso em
folhas múltiplas na confecção de lenços faciais e de bolso, branco ou em
cores.
3.5 Cartões, Cartolinas e Papelão
Cartões, cartolinas e papelões são papéis com elevadas gramatura e
rigidez, características estas requeridas para a produção de cartuchos,
mostruários, pastas, caixas pequenas, etc. Eles são classificados nas
seguintes categorias:
15
• Cartão Duplex: Cartão com gramatura variando de 200 g/m2 a 600
g/m2, composto de forro(camada superior) e suporte(camadas inferiores).
O forro é fabricado com pasta química branqueada, monolúcido, com ou
sem tratamento superficial. O suporte é fabricado com pasta não
branqueada e/ou aparas. Usados para fabricação de cartuchos impressos
ou não.
• Cartão Triplex: Cartão com gramatura e características semelhantes ao
Cartão Duplex, sendo o suporte forrado nas duas faces. Usados para a
fabricação de cartuchos impressos ou não.
• Cartão Branco: Cartão com gramatura variando de 120 g/m2 a 270
g/m2, fabricado com uma só massa de pasta química branqueada.
Características: pode ter acabamento especial e pode ser revestido ou
não, dependendo da finalidade. Subdividido em Cartão Branco para
Embalagem (folding) e Cartão para Copos. Usados geralmente para
embalagens com corte e vinco e para fabricação de copos.
• Cartolinas ou Cartões em Cores: Cartões coloridos com gramatura
superior a 120 g/m2, fabricados com pasta semiquímica, pasta química
branqueada ou não, em uma ou várias camadas, alisado, calandrado ou
monolúcido, com ou sem revestimento. Subdividido em Cartões Branco
e em Cores para Impressos, e em Outros Cartões Branco e em Cores.
Usados em geral para impressos, pastas para arquivos, cartões de visita
e comerciais, confecção de fichas impressas e similares, embalagens
corte e vinco, etc.
16
• Papelão: Cartão de elevada rigidez fabricado com pasta mecânica, pasta
mecanoquímica, pastas químicas branqueadas ou não, e aparas,
dependendo do tipo. Características: Comercializado em formatos e
identificados por números de acordo com a espessura das folhas num
amarrado de 25 quilos. Subdividido em Papelão Madeira ou Papelão
Paraná, Papelão Cinza e Polpa Moldada. Usado na encadernação de
livros, suporte para comprovantes contábeis, caixas e cartazes para serem
recobertos.
3.6 Papéis Especiais
Os papéis especiais são papéis para fins específicos, como também
os papéis que não se enquadram nas classificações anteriores. Estes papéis
são divididos nas seguintes categorias:
• Base para Carbono: Papel para fim específico, com gramatura até 24
g/m2, fabricado com pasta química. Características: branco ou em cores.
Usado como base para fabricação de papel carbono.
• Cigarro e afins: Papel para fim específico, com gramatura variando de
13 g/m2 a 40 g/m2, fabricado com pasta química branqueada.
Características: não colado, alta opacidade, combustibilidade controlada,
pode ter ou não impregnantes, branco ou em cores, com marca d’água,
“velin” ou filigrana. Subdividido em papéis para Cigarro, Ponteiras e
Bastão. Usados principalmente para fabricação de cigarros, envoltório
externo e interno do filtro dos cigarros.
17
• Crepados: Papel para fim específico, fabricado principalmente com
pasta química. Características: crepagem para aumentar a elasticidade e
maciez. Usado para reforço de costura em sacos multifolhados, base para
fitas adesivas, germinação de sementes, base para lençóis plásticos, etc.
• Desenho: Papel para fim específico, com gramatura variando de 100
g/m2 a 280 g/m2, fabricado com pasta química. Características: tratado de
modo a resistir à fricção da borracha.
• Heliográfico: Papel para fim específico, com gramaturas variando de 40
g/m2 a 120 g/m2, fabricado com pasta química branqueada.
Características: absorção uniforme, bem colado, alisado, branco ou
levemente colorido.
• Absorvente e Filtrante: Papéis para fins específicos, com gramatura
variando de 18 g/m2 a 400 g/m2, fabricado com pastas químicas de fibras
curtas e longas, de acordo com o tipo. Subdividido em: Mata-borrão,
Filtrante, Absorvente Base para Laminado e Papel Kraft Absorvente para
Impregnação.
• Não Classificados: Papéis que não se encaixam nas classificações
anteriores. Entre eles encontram-se o Kraft Especial para Cabos
Elétricos, Kraft Especial para Fios Telefônicos e Kraft Especial para
Condensadores.
18
4 O PROCESSO DE FABRICAÇÃO DA CELULOSE
A celulose é o principal insumo para a fabricação do papel, sendo
extraída quase que exclusivamente de matérias-primas vegetais, como
trapos, linho, algodão, bambu, sisal, árvores, etc. A madeira das árvores é a
principal fonte de matéria-prima, devido às seguintes características:
• ser economicamente viável;
• fornecer as características desejadas;
• ser disponível em quantidade todo o ano;
• ser renovável;
As fibras vegetais são classificadas em fibras curtas (com
comprimento médio variando de 0,5mm a 1,5 mm) e fibras longas (com
comprimento médio variando de 2mm a 5 mm). As fibras longas provêm
do ramo vegetal conhecido como Coníferas (Pinus) e as fibras curtas
provêm do ramo vegetal conhecido como Folhosas (Eucalyptus).
O Eucalipto, originário da Austrália, foi introduzido no Brasil como
árvore decorativa e como quebra-vento no início do séc. XIX, adaptando-
se de forma excepcional ao solo e clima brasileiros. O cultivo do Eucalipto
no Brasil, em larga escala, para fabricação de celulose teve início na década
de 50, sendo que atualmente são necessários, em média, 7 anos para
realizar uma colheita, podendo ser realizadas até três colheitas com o
mesmo plantio. Isto representa uma grande vantagem competitiva em
relação aos países do norte da Europa e Canadá que possuem ciclos de até
70 anos.
19
A celulose é extraída da madeira através de diversos processos,
sendo que os mais importantes são o químico e o mecânico. No processo
químico, a madeira é picada em pequenos pedaços, chamados cavacos, e
cozida em uma solução de produtos químicos. No processo mecânico os
cavacos são transformados em pasta através de força mecânica. A
vantagem do processo mecânico é o aproveitamento da madeira de 90% a
95% contra 40% a 45% no processo químico e a vantagem do processo
químico é um maior branqueamento da fibra obtida.
A Figura 1 ilustra as principais fases da extração da celulose através
do processo químico, explicadas nas seções a seguir:
Figura 1 - Fluxo da Extração da Celulose através do Processo Químico
20
4.1 Picagem
A madeira chega em toras, geralmente por via rodoviária, é
armazenada em pátios e depois enviada a um descascador, sendo a casca
posteriormente queimada para gerar energia. As toras descascadas seguem
através de esteiras até o picador, onde são cortadas em pedaços pequenos
chamados cavacos. Os cavacos são peneirados de forma que fiquem dentro
de uma faixa de diâmetro preestabelecida, retirando lascas e finos.
4.2 Polpação
• Cozimento: O objetivo do cozimento dos cavacos é separar a lignina,
extrativos e outros materiais não celulósicos, responsáveis pela união das
fibras de celulose. Durante este processo os cavacos são colocados em
autoclaves, chamados de cozinhadores ou digestores, onde são tratados
com produtos químicos (licor de cozimento) e submetidos à temperatura,
pressão e tempo variáveis – dependendo do produto final desejado –, até
que se consiga a dissolução do maior grau possível do material não
celulósico. Existem dois tipos de digestores: contínuos e descontínuos.
• Depuração: O objetivo da depuração é separar os materiais não
cozidos, como impurezas, areia, nós e palitos, do licor resultante do
cozimento.
• Lavagem: O objetivo da lavagem é separar as fibras (liberadas durante o
processo de cozimento) das substâncias extraídas da madeira
21
(dissolvidos durante o cozimento) e dos materiais químicos (licor de
cozimento).
• Pré-Branqueamento e lavagem: O objetivo do pré-branqueamento é a
dissolução da lignina residual através de um tratamento com oxigênio. A
seguir a lignina é retirada da massa celulósica através de uma segunda
lavagem.
• Torre de Estocagem: A celulose pré-branqueada é estocada com uma
concentração de 10% a 12%. Da Torre de Estocagem a celulose pode
seguir no processo para o branqueamento ou ir diretamente para as
máquinas de papel e/ou unidades de secagem.
4.3 Branqueamento
O objetivo do branqueamento é melhorar as propriedades óticas da
pasta celulósica (brancura, alvura, opacidade e estabilidade da pasta). O
processo é um processo físico-químico no qual são removidos os derivados
da lignina (remanescentes na pasta celulósica após o processo de polpação)
e adicionados produtos que modificam quimicamente as substâncias
existentes na pasta, descolorando-a. Após este processo a pasta está pronta
para ser enviada para as máquinas de papel e/ou unidades de secagem.
22
5 O PROCESSO DE FABRICAÇÃO DO PAPEL
O papel foi fabricado pela primeira vez por Ts’Ai Lun, oficial do
exército chinês no ano 105 da nossa era. Ts’Ai Lun não foi o responsável
pela invenção do papel, mas sim pela invenção do processo de fabricação
do papel. A Figura 2 ilustra o processo desenvolvido por Ts’Ai Lun, que
continua válido até os dias de hoje para a fabricação do papel.
Figura 2 - Processo de Fabricação desenvolvido por Ts’Ai Lun
23
O processo manual desenvolvido por Ts’Ai Lun foi utilizado até o
final do século XVIII, quando na França, em 1799, Louis Nicolas Robert
inventou uma máquina que produzia o papel continuamente. O processo
atual segue os modelos desenvolvidos por estes dois inventores e pode ser
agrupado em grandes módulos como a preparação da massa, a formação na
máquina de papel, as aplicações, os tratamentos especiais e o acabamento.
Figura 3 - Fluxo do Processo de Fabricação de Papel
5.1 Preparação da massa
A preparação da massa é realizada para melhorar algumas
propriedades físicas e conferir características especiais a determinados
tipos de papel, sendo composta das seguintes fases:
24
• Desagregação: O objetivo da desagregação é formar uma suspensão de
fibras em água, com a consistência adequada, onde serão adicionados os
demais compostos como corantes, cargas minerais, etc. A celulose, em
uma fábrica integrada, já está em estado líquido, sendo necessário apenas
a colocação dos aditivos, porém com o reaproveitamento de refiles e
aparas sempre existirá algum tipo de desagregador. A celulose, nas
fábricas não integradas, chega em forma de blocos (pasta celulósica),
sendo colocada nos tanques desagregadores juntamente com um
percentual de aparas para economizar celulose.
• Refinação: O objetivo do refino é melhorar as propriedades mecânicas
do papel. As fibras são estruturas de várias camadas e sua camada
superficial é muito fina, composta de fibrilas entrelaçadas de forma
irregular. O refino faz com que as fibrilas diminuam a atração umas
pelas outras e fiquem expostas, aumentando a superfície externa e o
número de ligações entre fibrilas de fibras diferentes, tornando assim, o
papel mais resistente.
• Depuração: O objetivo da depuração é separar da massa em suspensão,
através de centrifugação, impurezas de vários tipos, como: grãos de
areia, estilhas de pastas celulósicas mal cozinhadas e mal depuradas,
material reciclado e aparas que não se desagregaram completamente.
• Colagem Interna: O objetivo da colagem é aumentar a resistência do
papel à penetração de líquidos como água, tinta e gorduras. O processo
consiste em adicionar produtos químicos durante a preparação da massa
para que estes se entrelassem com as fibras, diminuindo a penetração de
25
líquidos. Os principais produtos químicos utilizados são: colas à base de
breu e sintéticas, silicones, polietilenos e perfluorcarbonetos.
• Adição de Pigmentos e Corantes: Os objetivos da adição de pigmentos
e corantes são melhorar a brancura dos papéis brancos e dar uma
coloração aos papéis coloridos.
• Retenção: O objetivo da retenção é melhorar as qualidades ópticas,
superficiais e de resistência do papel. A massa contém muitos finos
oriundos da fragmentação do tecido vegetal (devidos aos processos, por
exemplo, de picagem e refino), de aparas ou de materiais inorgânicos
adicionados durante o processo de preparação. Os finos prejudicam as
propriedades do papel e o processo de retenção procura fazer uma
filtragem destes elementos.
5.2 Máquina de papel
As máquinas de fabricação de papel são máquinas que permitem a
fabricação contínua de uma folha de papel com uma largura máxima e um
comprimento variável, teoricamente infinito. As principais seções das
modernas máquinas de papel são as seguintes:
• Seção de Formação da Folha: A folha de papel é geralmente formada
na mesa plana, que é constituída de uma tela móvel (tela formadora) em
toda a sua dimensão, rodando em alta velocidade. Esta tela recebe
continuamente a massa com fibras em suspensão aquosa (preparada nas
fases anteriores) em uma de suas extremidades (através da caixa de
26
entrada), realizando o transporte do material até a outra extremidade.
Durante o transporte a massa perde até 98% da água (de forma
planejada) através da malha vazada da tela, com a ajuda de instrumentos
chamados hidrófilos, roletes esgotadores e caixas de sucção. A formação
da folha é realizada pela drenagem da água, fazendo as fibras se
depositarem sobre a tela formadora, entrelaçando umas às outras.
• Seção de Prensagem Úmida: A principal função da prensa úmida é a
retirada da maior quantidade possível de água, antes de enviar o papel
para a seção de secagem. As outras funções são diminuir o volume
específico e melhorar a lisura da folha. O papel chega ao final da tela
formadora com 18% a 23% de sólidos e a água é retirada através de
prensagem mecânica aliado à sucção a vácuo. O custo da retirada de
água através das prensas úmidas é 5% do custo de retirada através dos
rolos secadores.
• Seção de Secagem do Papel: A função da seção de secagem é a retirada
de água do papel através da evaporação. A folha de papel passa por
vários conjuntos independentes de rolos secadores, aquecidos por vapor
de água, onde a troca de calor promove a evaporação da água contida no
papel.
• Seção de Enrolamento: A última fase da máquina de papel é o
enrolamento, onde a folha é continuamente enrolada em um eixo
formando uma bobina. Em determinado momento a bonina atinge um
diâmetro previamente estabelecido, quando então o papel é cortado, a
27
bobina retirada da máquina e um novo eixo colocado no lugar para que o
papel passe a enrolar e formar uma nova bobina.
5.3 Aplicações e tratamentos de superfície
• Cilindro Monolúcido: O papel monolúcido é um papel que possui uma
das faces lisa e brilhante, sendo utilizado para fabricação de cartazes,
sacolas, rótulos, etc. Esta característica é obtida com o cilindro
monolúcido, um rolo secador operado a uma temperatura maior do que a
do conjunto de secadores e de diâmetro elevado (entre 2,80 m e 5,40 m).
Uma das faces do papel é pressionada por uma prensa contra a superfície
do cilindro secador, de forma que o papel tenha um contato perfeito com
o cilindro. Ao passar pelo cilindro a face de contato adquire o brilho
desejado.
• Calandra e Supercalandra: A calandragem tem a função principal de
promover o alisamento do papel e controlar a espessura da folha. A
calandra consiste, basicamente, de dois rolos revestidos de aço polido ou
cromado que através de pressão e fricção conferem as qualidades
desejadas ao papel.
• Prensa Alisadora : A prensa alisadora é um tipo de calandra que é
colocada antes da seção de secagem, porém, sem a função de eliminar
água, mas sim de acertar a superfície do papel que se apresenta áspera e
irregular.
28
• Colagem Superficial: A colagem superficial tem por objetivo principal
aumentar a propriedade de resistência do papel à penetração de líquidos.
Consiste de dois rolos, geralmente de borracha, instalados junto à seção
de secagem, e de um circuito de aplicação de produtos químicos (colas
de breu ou sintéticas) na superfície já formada do papel.
• Revestimentos superficiais : Os revestimentos superficiais tem por
objetivo conferir ao papel características especiais que não são possíveis
de serem atingidas pelo seu processo de fabricação. O revestimento
destina-se a melhorar a qualidade do papel para impressão, melhorar a
aparência para fins decorativos ou propiciar alguma qualidade especial
para um fim específico.
5.4 Acabamento
O acabamento serve para ajustar o papel às necessidades do mercado
e corrigir defeitos que possam ter ocorrido na máquina de papel. Existem
duas fases distintas do acabamento: o rebobinamento e o corte do papel em
folhas de formatos definidos. Quando os clientes estão comprando bobinas
de papel o processo de fabricação termina na rebobinadeira, mas quando os
clientes encomendam formatos específicos, é necessário o corte do papel
em folhas e sua posterior embalagem. A seguir temos alguns aspectos
destas duas fases:
• Rebobinadeira: A bobina de papel que é retirada da máquina após o
enrolamento e corte não é diretamente fornecida como produto final. As
dimensões de largura da máquina e volume fabricado a cada
29
programação de produção, dificilmente coincidem com as necessidades
do mercado. As bobinas de papel precisam ser rebobinadas em
equipamentos específicos (rebobinadeiras), onde são colocados em
tubetes, refilados e cortados em tamanhos menores de acordo com as
especificações do mercado. O papel muitas vezes se rompe na máquina
de papel e como esta funciona continuamente, o papel volta a ser
enrolado na mesma bobina, sendo o ponto onde o papel se rompeu
marcado na lateral da mesma. O operador da rebobinadeira acompanha a
marcação de papel rompido durante o rebobinamento, paralisando a
máquina para corrigir este defeito com uma fita adesiva.
• Cortadeira: A cortadeira é uma máquina onde são carregadas uma ou
mais bobinas de papel, cortando as mesmas em formatos pré-definidos.
Após o corte o papel é contado e embalado em pacotes para ser
comercializado.
6 A INDÚSTRIA EM NÍVEL MUNDIAL
A indústria de papel e celulose é uma indústria tradicional,
basicamente produtora de commodities, com tecnologia relativamente
acessível e cada vez mais globalizada. A globalização vem permitindo que
países, antes sem expressão neste mercado, participem cada vez mais como
produtores, alterando o perfil da indústria. O cenário mundial é marcado
por intensa competição por mercados e por investimentos.
30
O setor possui uma cadeia produtiva bastante complexa, abrangendo
as etapas de reflorestamento, produção de madeira, fabricação de celulose,
fabricação de papel, conversão de papel em artefatos, produção gráfica,
produção editorial e reciclagem do papel utilizado. Além disso, inclui
atividades de geração de energia, distribuição, comércio, exportação e
transportes rodoviário, ferroviário e marítimo, de produtos e matérias-
primas.
O complexo produtivo está diretamente ligado a outros setores da
economia como o de serviços, indústria química, mineração, bens de
capital e engenharia, possuindo um forte poder multiplicador de renda. Os
produtos gerados pela cadeia produtiva suprem diversas necessidades da
sociedade, tais como cultura, laser, educação, higiene e moradia. Estes
destinam-se ao consumo ou a embalar produtos de consumo, como por
exemplo:
• Madeira (celulose, energia, móveis, construção, habitação, etc.);
• Papéis para impressão e escrita (jornais, livros, revistas, papel
reprográfico, formulários, cadernos, etc.);
• Papéis para embalagem (caixas, sacos, envelopes, rótulos, etc.);
• Papéis e celulose para fins sanitários e higiênicos (toalhas, guardanapos,
papel higiênico, etc.);
As principais características da indústria mundial, segundo a
BRACELPA (ANFPC, 1995, p. 6-7), são as seguintes:
31
i) Tecnologia relativamente acessível1;
ii) Projetos de investimentos com grande integração vertical, que incluem
imobilização em terras, plantio, equipamentos para celulose, máquinas
de papel, geração de energia, recuperação de utilidades e controle
ambiental;
iii) Plantas industriais com grande capacidade de produção e base florestal
plantada;
iv) Alta intensidade de capital e de financiamentos, resultante da
integração vertical, do porte dos projetos e do longo tempo de
maturação dos investimentos2;
v) Estrutura de custos baseada em equipamentos, fibras, energia, produtos
químicos e minerais, mão-de-obra e transporte;
vi) Atividades de produção de papel e conversão em produtos impressos,
embalagens ou produtos higiênicos são operadas por empresas de todos
os portes.
O longo período de maturação e a grande necessidade de inversões
em terras, plantio, máquinas, equipamentos e capital de giro, tornam esta
indústria a de maior intensidade de capital no mundo3. As empresas, para
alcançar custos de produção competitivos, procuram obter ganhos de escala
com plantas industriais de capacidade produtiva cada vez maiores. Isto faz
com que cada nova unidade que entre em operação, acrescente uma grande
oferta ao mercado. Os maiores grupos do setor, conforme a Tabela 1, são:
1 O processo de fabricação é de domínio público e a tecnologia de ponta está incorporada nosequipamentos fornecedores, sendo adaptadas nas empresas mediante inovações incrementais.2 O longo tempo de maturação dos projetos é principalmente devido ao desenvolvimento da base florestalque pode variar de 5 a 10 anos no caso do Brasil e ao capital de giro para suportar os custos financeirosdos primeiros anos do projeto.
32
Tabela 1 - Maiores Grupos Produtores de Papel e Celulose no Mundo
MAIORES EMPRESAS DO SETOR - RANKING 1996 - US$ MILHÕES
VENDAS DE VENDAS
RANK EMPRESA PAÍS SEDE PAPEL E CELULOSE CONSOLIDADAS
1 International Paper EUA 16.220,0 20.143,02 Nippon Paper Industries Japão 9.411,5 11.623,93 Oji Paper Japão 8.456,2 12.047,64 Kimberly-Clark EUA 8.388,2 13.149,15 UPM-Kymmene Finlândia 7.939,2 11.852,76 KNP BT Holanda 7.020,0 8.492,97 Svenska Cellulosa Suécia 5.991,8 7.767,18 Enso Oy Finlândia 5.721,5 5.876,39 James River EUA 5.700,0 5.700,010 Arjo Wiggins Appleton Inglaterra 5.639,1 5.639,111 Georgia-Pacific EUA 5.609,0 13.024,012 Stora Suécia 5.249,2 6.331,013 Champion International EUA 4.961,7 5.880,414 Stone Container EUA 4.919,8 5.141,815 Mead EUA 4.706,0 4.706,052 Ind. Klabin de Papel e Celulose Brasil 1.187,2 1.187,275 Votorantim Celulose e Papel Brasil 654,3 654,397 Cia. Suzano de Papel e Celulose Brasil 512,4 1.684,890 Aracruz Celulose Brasil 556,3 527,5
Fonte: PPI - TOP 150 LISTING - set/97
O mercado internacional, apesar da entrada novos players4, ainda é
restrito a poucos países, ocorrendo uma significativa concentração da
produção e do consumo. A crescente globalização e o acirramento da
concorrência tem provocado, segundo a BRACELPA (ANFPC, 1995, p.8),
os seguintes efeitos no mercado:
3 A implantação de uma fábrica de celulose com capacidade de produção de 500 mil toneladas por anotem um custo acima de US$ 1 bilhão e um prazo de start-up, sem considerar a base florestal, de 3 anos.4 A partir da década de 70, diversos países como o Brasil, Chile, África do Sul, Portugal, Espanha e maisrecentemente a Indonésia, passaram a participar mais intensamente do mercado de celulose devido aosseus baixos custos de produção.
33
i) Flutuações de demanda, estoques e taxas cambiais 5, nos principais
mercados, impactam significativamente os preços e a rentabilidade das
empresas;
ii) Os clientes e distribuidores são bastante sensíveis a preços, ainda que,
sistemas de distribuição fechados dificultem o acesso a novos mercados;
iii) Tendência à reestruturação e à concentração patrimonial em empresas
de porte, com fusão e incorporação de produtores e distribuidores, e de
articulação de projetos em joint-ventures;
iv) Vantagens competitivas para regiões do globo que apresentam menores
custos em energia e madeira e para empresas que desfrutam de relações
de cooperação com fornecedores e com a indústria de bens de capital;
v) As vantagens competitivas também são relativamente afetadas por
condições sistêmicas (custos de transporte, custos de operação portuária,
tratamento tributário, condições de crédito, qualidade de educação, do
treinamento, etc).
A competição no setor ocorre em duas dimensões: preço e
qualidade. Se por um lado as elevadas escalas de produção proporcionam
custos unitários menores, por outro, a aproximação dos mercados
consumidores e a diferenciação são cada vez mais importantes para reverter
a tendência de "commoditização" do produto.
A indústria é muito criticada do ponto de vista ambiental. A madeira
utilizada para a fabricação da celulose, muitas vezes, vem de florestas
nativas, fazendo com que a indústria seja vista como uma “destruidora de
árvores”. Os processos de fabricação da celulose e do papel muitas vezes
5 Alguns países utilizam a taxa câmbio para tornar mais “competitivos” seus produtos, estimulando asexportações e inibindo as importações.
34
geram rejeitos que são despejados no ar, na água e no solo. O ar recebe
gases, cinzas e sais como: dióxido de enxofre, compostos de cloro e óxido
de azoto. A água e o solo recebem os rejeitos químicos e orgânicos
provenientes do cozimento da madeira, do branqueamento da celulose e da
fabricação do papel. Depois que foi constatado que o gás de cloro utilizado
no branqueamento da celulose produz compostos cancerígenos, as
empresas têm investido em processos de fabricação livre de cloro, como os
processos ECF (Elemental Chlorine Free) e TCF (Total Chlorine Free).
A fabricação de uma tonelada de papel requer aproximadamente,
dependendo da fábrica, entre 10 m3 e 30 m3 de água. Com uma produção
anual de 6,5 milhões de toneladas de papel em 1 ano, o consumo de água
daria para abastecer uma cidade de 1.700.000 habitantes por 1 mês. O
Quadro 1 mostra a emissão de poluentes no Brasil e nas principais regiões
do mundo.
35
Quadro 1 – Dados Ambientais de Plantas Químicas de Celulose no Mundo
EFLUENTES LÍQUIDOS EMISSÕES ATMOSFÉRICAS REGIÃO
SS DQO AOX MP SO2
ÁFRICA 8-13 45-90 1,1-3,0 8-15 4-7
ÁSIA 5-24 70-150 2,1-6,6 2-23 3-10
A. LATINA 5-12 50-76 1,1-4,1 9-21 3-4
A. NORTE 3-6 40-50 2,1-4,3 4-9 2
EUROPA 4-13 38-90 0,5-4,4 1-24 1-7
OCEANIA 4-6 40-90 2,1 9 2
BRASIL 3-8 4-69 0,1-0,6 2-4 0,3-3
Fonte: IIED, BRACELPA, ANAVE
Onde:
SS = Sólidos em Suspensão (partículas presentes na água)
DQO = Demanda Química de Oxigênio (mede a carga de matéria orgânica no efluente)
AOX = Alógenos Organicamente Adsorvíveis (quantidade de fluor, cloro, bromo e iodo na água)
MP = Materiais Particulados (partículas lançadas no ar)
SO2 = Gás Sulfídrico (resultante principalmente da queima de óleo em caldeiras)
As exigências de qualidade para se ingressar em determinados
mercados não estão restritas apenas aos produtos, mas também através dos
processos de fabricação. As pressões ambientalistas têm levado as
empresas a pesquisar processos de fabricação que diminuam ou eliminem o
despejo de dejetos no solo, na água e no ar6. A certificação ambiental
através das normas ISO - International Stardard Organization - (Séries
ISO-9000 e ISO-14000) são uma exigência cada vez maior para quem
deseja participar do mercado mundial. A pressão ambiental, tem por outro
lado, criado restrições ao corte de florestas e incentivado à substituição de
fibras virgens por fibras recicladas. As exigências ambientais vêm
encarecendo o custo da madeira nos países desenvolvidos, mas também são
6 Conhecidos com sistemas fechados de produção ou de efluente zero.
36
vistas, pelos países em desenvolvimento, como uma barreira ecológica à
penetração de seus produtos nestes mercados .
6.1 Características das indústrias de celulose
A celulose é o principal insumo na fabricação do papel. Os
fabricantes de celulose destinam sua produção para:
i) Consumo na fabricação de papel, seja na mesma unidade industrial ou
não;
ii) Vender diretamente no mercado;
iii) Vender no mercado o que não foi consumido na produção de papel.
A celulose comercializada no mercado é denominada “celulose de
mercado” e o mercado mundial, onde a celulose é comercializada é
denominado market pulp. Como muitas empresas do setor produzem
celulose para consumo próprio, a produção total de celulose é muito
superior ao market pulp. Estima-se que apenas 22% da produção total de
celulose é comercializada. Os principais países exportadores de celulose
são EUA, Canadá, Suécia, Finlândia, Brasil, Portugal, Espanha, África do
Sul, Chile e Indonésia.
Segundo Macedo (dez. 1994, p.1), existe uma tendência da nova
oferta de celulose originar-se, principalmente, em regiões de clima tropical
e equatorial, devido ao rápido ciclo de crescimento de suas florestas, sendo
que a Indonésia aparece como o grande ofertante de celulose nos próximos
anos. Apesar do crescimento da oferta de celulose, a participação relativa
37
das fibras virgens no mix de insumos utilizados na fabricação do papel,
vem sendo reduzida paulatinamente, principalmente devido à utilização de
fibras recicladas, conforme mostra a Figura 4. O aumento da participação
de fibras recicladas vem de encontro aos interesses, principalmente dos
países desenvolvidos, em reduzir o lixo gerado nas cidades e a dependência
da importação de fibras, porém esbarra em limites econômicos e técnicos.
O processo de lavagem e descoloração, muitas vezes, é antieconômico e a
fibra só pode ser reciclada um determinado número de vezes, perdendo
muito da sua qualidade em relação às fibras virgens.
Figura 4 - Participação de Fibras Virgens na Produção de Papel
As principais características estruturais das indústrias de celulose
são:
i) A indústria é intensiva em capital;
ii) O nível de padronização dos produtos é elevado, pois trata-se de uma
commodity;
Participação de Fibras Virgens na Produção de Papel
0
10
20
30
40
50
60
70
80
70 74 78 82 86 90 94 98*
02*
06*
Ano
%
Fonte: RISI(*) = Projeção
38
iii) A indústria é de base florestal, necessitando a exploração de grandes
áreas com florestas nativas ou plantadas;
iv) A busca de economia de escala tem conduzido a uma descontinuidade
no aumento da oferta;
v) Os investimentos na expansão da capacidade têm sido realizados de
acordo com o fluxo de caixa das empresas7, tornando o preço da celulose
cíclico.
O preço da celulose tem um comportamento cíclico, cuja intensidade
vem se acentuando no decorrer dos anos devido ao aumento da escala de
produção. Como cada unidade produtiva agrega um valor substancial de
capacidade ao mercado, os ciclos de preço são cada vez menores, a
diferença entre o topo e o vale são cada vez maiores e a recuperação da
baixa é cada vez mais lenta. A Figura 5 ilustra como os ciclos de preço da
celulose (CIF Norte da Europa8) vem se acentuando desde a década de 70.
7 Quando o preço da celulose está elevado, o excedente de caixa propicia os investimentos das empresas.Isto faz com que muitas empresas invistam ao mesmo tempo conduzindo a um excesso de oferta.8 Preço CIF Norte da Europa é o preço da celulose colocada no norte da Europa, incluindo os custos detransporte.
39
Figura 5 - Evolução do Preço da Celulose Sulfato Branqueada de Fibra Longa
O setor tem procurado reduzir a volatilidade, que tem se mostrado
cada vez mais intensa, através da criação da Bolsa de Futuros (Pulpex), do
estabelecimento de contratos de longo prazo e de consolidações das
empresas através de fusões e aquisições.
O preço da referencial do mercado é o da celulose branqueada de
fibra longa, colocada no norte da Europa com os custos de frete. A
disponibilidade de celulose de fibra longa é medida pela evolução da
Norscan - estoques de celulose dos produtores norte-americanos e
escandinavos - responsáveis por 65% da produção mundial desta fibra. Se
comprarmos o preço da celulose branqueada de fibra curta com o preço da
celulose branqueada de fibra longa, observaremos uma forte correlação
entre ambos os preços, conforme pode ser visto na Figura 6.
EVOLUÇÃO DO PREÇO DA CELULOSE DE FIBRA LONGA PREÇO CIF NORTE DA EUROPA
0
200
400
600
800
1000
1200
56 58 60 62 64 66 68 70 72 74 76 78 80 82 84 86 88 90 92 94
Ano
US
$
Fonte: BNDES
40
Figura 6 - Comparação dos Preços da Celulose de Fibra Longa e Fibra de Eucalipto
6.1.1 Estratégias competitivas
Segundo Jorge (1993a, p.4), as principais estratégias competitivas
adotadas pelas empresas de celulose de mercado dividem-se em dois
grandes blocos:
i) Estratégias de Produção: procuram melhorar a produtividade e a
qualidade das florestas através de pesquisas genéticas; proteger o meio
ambiente, reduzir o desmatamento e a poluição; procuram melhorar o
processo de fabricação de celulose com o desenvolvimento de novos
produtos; procuram aumentar eficiência produtiva e obter ganhos de
escala;
ii) Estratégias de Mercado: integração com a produção de celulose e
integração com a distribuição dos produtos finais; fusões e aquisições de
empresas; priorização de segmentos de mercado com maior valor
agregado; melhoria do relacionamento com o cliente.
Celulose de Mercado: Preços no Norte da Europa - 1989/96
250
500
750
1000
1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3
US$/ ton
Fibra Longa
Eucalipto
1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 96
Fonte: BNDES
41
6.1.2 Consumo, produção e comércio mundiais
As principais pastas de mercado para a fabricação do papel são a
celulose sulfato branqueada, a celulose sulfato não branqueada, a celulose
sulfito e as pastas mecânicas.
A celulose sulfato branqueada de fibra longa é produzida,
principalmente, pelo Canadá e pelos países do norte da Europa, enquanto a
celulose sulfato branqueada de fibra curta é produzida pelos EUA, Canadá
e países de clima equatorial e tropical, com destaque para o Brasil e a
Indonésia. A tabela a seguir ilustra esta divisão por especialidades.
Tabela 2 - Capacidade dos Principais Países por Tipo de Fibra
CELULOSE E PASTAS DE MERCADOCAPACIDADE MUNDIAL DE PRODUÇÃO - MIL TONELADASPERSPECTIVAS 1995/2000
REGIÃO 1995 2000 Acréscimo
Fibra Longa Sulfato 17.520 18.745 1.225 Suécia 2.315 2.660 345 Chile 1.065 1.310 245 Canadá 6.914 7.114 200 Finlândia 865 1.330 465 Outros 6.361 6.331 -30
Fibra Curta Sulfato 14.169 17.714 3.545 Indonésia/Malásia 965 3.136 2.171 Brasil 2.205 3.159 954 Estados Unidos 3.325 3.325 - Canadá 1.813 1.813 - Outros 5.861 6.281 420
Outras Pastas 7.212 8.874 1.662
TOTAL 38.901 45.333 6.432
Fonte: Hawkins Wright
42
A fibra curta extraída do eucalipto vem se destacando pela sua
produtividade e aumentando sua participação no cenário internacional,
conforme indicado na Tabela 3.
Tabela 3 - Consumo Mundial de Celulose Sulfato Branqueada de Mercado
CELULOSE SULFATO BRANQUEADA DE MERCADOCONSUMO MUNDIAL - 1996 – MILHÕESTONELADAS
TIPO DE CELULOSE 1980 1990 % a.a.90/80
1996 % a.a.93/90
2000 % a.a.(2000/96)
FIBRA LONGA 10,1 12,5 2,1 16 3,8 16,5 0,8
FIBRA CURTA 6,4 9,7 4,3 13,7 6 16 4· Eucalipto 2,2 3,3 4,4 5,4 8,4 6,1 3,3· Outras 4,2 6,4 4,2 8,3 4,6 9,9 4,5
TOTAL 16,5 22,2 3 29,7 4,8 32,5 2,3
Fonte: Hawkins Wright
O Brasil se destaca como um dos principais produtores baseados em
fibra curta de eucalipto, conforme indicado na Tabela 4.
Tabela 4 - Maiores Produtores de Celulose de Eucalipto no Mundo
CELULOSE SULFATO BRANQUEADA DE MERCADOMAIORES EXPORTADORES - 1993 - MIL TONELADASFIBRA CURTA DE EUCALIPTO
PAÍS EUCALIPTO %
BRASIL 1.863 43PORTUGAL 886 20ESPANHA 579 13CHILE 246 6ÁFRICA 200 5
OUTROS 556 13
TOTAL 4.330 100Fonte: Hawkins Wright
O Canadá e os EUA se destacam como exportadores de celulose,
tanto de fibra curta e quanto longa. Os países do norte da Europa se
destacam como exportadores de celulose de fibra longa, enquanto o Brasil
43
se destaca como exportador de fibra curta. A produção de celulose de
mercado é concentrada pois, apesar de mais de 30 países participarem do
mercado, os 10 principais produtores respondem por mais de 70% da
produção, conforme indicado na Tabela 5.
Tabela 5 - Maiores Exportadores de Celulose por Tipo de Fibra no Mundo
CELULOSE SULFATO BRANQUEADA DE MERCADOMAIORES EXPORTADORES – 1993 - MIL TONELADAS
PAÍS FIBRALONGA
% PAÍS FIBRACURTA
%
CANADÁ 4.983 33 EUA 2.102 19EUA 2.683 18 BRASIL 1.863 16SUÉCIA 1.805 12 CANADÁ 1.052 9CHILE 840 6 PORTUGAL 886 8FINLÂNDIA 633 4 FINLÂNDIA 693 6
ESPANHA 579 5OUTROS 4.092 27 OUTROS 4.157 37
TOTAL 15.036 100 11.307 100
Fonte: Hawkins Wright
Apenas a Aracruz figura entre os maiores grupos mundiais
produtores de celulose de mercado, porém analisando pelo tamanho das
unidades fabris, o Brasil possui três unidades entre as 10 maiores do
mundo, conforme indicado na Tabela 6. Este resultado reflete uma política
bem sucedida do governo, ao estimular unidades fabris com elevada
produção de escala, para que o país seja competitivo internacionalmente.
44
Tabela 6 - Maiores Unidades Fabris de Celulose no Mundo
CELULOSE E PASTAS DE MERCADO10 MAIORES UNIDADES FABRIS - 1993 - MIL TONELADAS
EMPRESA UNIDADE PAÍS MATÉRIA-PRIMA CAPACIDADE
ARACRUZ ARACRUZ BRASIL EUCALIPTO 1.025GEORGIA-PACIFIC BRUNSWICK EUA F.LONGA DO SUL 525ARAUCO ARAUCO CHILE PINUS 500ALABAMA RIVER CLAIRBORNE EUA F.CURTA MISTA 450WEYERHAEUSER KAMLOOPS CANADÁ F.LONGA DO NORTE 435ALABAMA PINE PERDUE HILL EUA F.LONGA DO SUL 405PORTUCEL SETUBAL PORTUGAL EUCALIPTO 400BAHIA SUL MUCURI BRASIL EUCALIPTO 390INDA KIAT PERAWANG INDONÉSIA F.CURTA MISTA 380CENIBRA BELO ORIENTE BRASIL EUCALIPTO 380
Fonte: Hawkins Wright
6.2 Características das indústrias de papel
A indústria de papel e derivados é caracterizada pela elevada
fragmentação, onde os 10 maiores fabricantes são responsáveis por apenas
16% do total produzido. Esta característica vem mudando rapidamente
devido à intensidade de capital cada vez maior, à padronização de produtos,
à perspectiva de mercados cada vez mais globalizados e à diminuição dos
custos logísticos. Os maiores exportadores de papel são Canadá, Finlândia
e Suécia e os maiores importadores são EUA, China e Alemanha. A
globalização deste mercado ainda encontra uma certa resistência devido ao
fato de exigir uma maior interação com o cliente final e a manutenção de
estoques próximo aos consumidores.
As estratégias de produção variam de acordo com o mercado em que
as empresas atuam. Segundo Jorge (1993b, p.7-9), as principais
características e estratégias associadas aos diversos segmentos de papel
são:
45
• Papel de Imprensa (newsprint): A principal característica deste tipo de
papel é a competição por preço e por não requerer um branqueamento
tão intenso, propiciando a fabricação a partir da pasta mecânica ou
mecano-química. A fábricas procuram reduzir os custos através de
ganhos com escala de produção e a legislação ambiental vem exigindo o
uso cada vez maior de fibras recicladas. Os produtores canadenses
possuem vantagens na produção da pasta mecânica que, apesar de
requerer muita energia no processo, possui um custo final mais barato
que o das pastas químicas. Os Estados Unidos é o maior importador
deste tipo de papel e o Canadá é o maior exportador;
• Papéis de Imprimir & Escrever (printing & writing): Os papéis de
imprimir & escrever possuem características distintas, caso sejam ou não
revestidos. Os papéis não revestidos comportam-se como commodities,
onde os principais fatores competitivos são a elevada escala de produção,
a produtividade, a qualidade do produto, a distribuição e a forma de
comercialização. A massificação da microinformática vem
impulsionando o crescimento deste mercado, ao popularizar impressoras,
fax e copiadoras. Os papéis revestidos possuem maior valor agregado,
onde as características de qualidade do produto e a interação com o
cliente é fundamental para a competitividade;
• Embalagens (kraftliner): O preço, o volume, o peso e a resistência são
as principais características. O segmento de kraftliner tem um
comportamento de commodity, onde as escalas de produção, custo,
estratégias de distribuição e de comercialização são fundamentais. Os
46
segmentos de sacos multifolhados e caixas de papelão possuem um
maior valor agregado e a qualidade do produto está associada à
resistência e ao peso. O segmento de embalagens vem sofrendo
concorrência de outros tipos de materiais, principalmente os oriundos da
indústria petroquímica e procura reagir diminuindo o tamanho, o peso e
utilizando maior percentual de materiais reciclados;
• Papéis para Fins Sanitários (tissue): As características mais relevantes
nestes produtos são a maciez, a suavidade, a resistência e a absorção. A
qualidade e o preço são os principais fatores de diferenciação destes
produtos. Algumas empresas procuram trabalhar o conceito de marca
associando a maior qualidade e maior valor agregado. A baixa relação
entre o valor e o volume do produto é elemento fundamental na
estratégia de localização de fábricas próximas ao mercado consumidor;
• Cartões e Cartolinas (board): A qualidade dos produtos está ligada à
adequação às especificações de espessura, resistência, cobertura,
printabilidade, ausência de pó e serviços fornecidos pelos fabricantes.
Apesar dos produtos possuírem uma certa padronização, existe espaço
para agregar valor através de uma maior aproximação com o cliente e
uma assistência técnica eficiente, diferenciando o produto e criando um
elemento de competitividade importante neste segmento;
• Papéis Especiais: Os papéis especiais são produtos diferenciados, onde
o cumprimento rigoroso de suas especificações é o elemento principal de
competitividade e não o custo baseado em escala de produção. O
domínio de tecnologias específicas e o controle do processo são
47
importantes fatores competitivos neste mercado. O alto custo de
desenvolvimento das tecnologias de fabricação provoca a concentração
da produção em poucos produtores que atendem ao consumo mundial.
6.2.1 Estratégias competitivas
Segundo Jorge (1993b, p.5-6), as principais estratégias competitivas
adotadas pelas empresas de papel são as seguintes:
i) Estratégias de Fornecimento de Fibras: desenvolve o fornecimento de
fibras com preço e qualidade competitivos através do reflorestamento,
reciclagem e/ou mistura de fibras (curtas, longas e não celulósicas);
ii) Estratégias Produtivas Relacionadas a Equipamentos: moderniza a
produção com a reforma e introdução de máquinas novas, aumentando a
escala de produção, o controle do processo e o controle ambiental;
iii) Estratégias de Verticalização da Indústria: fusão de produtores de
celulose de mercado com produtores de papel;
iv) Estratégias de Concentração do Mercado de Papel: incorporação, fusão
e joint-ventures entre produtores de papel com o objetivo de aumentar as
escalas produtivas e a concentração patrimonial.
6.2.2 Produção, consumo e comércio mundiais
O consumo mundial de papel apresentou uma taxa média de
crescimento de 3,3% a.a. no período de 1990-95, atingindo o volume de
48
281 milhões de toneladas em 1995. Este ritmo de crescimento ainda deverá
se manter até 2005 chegando ao volume de 390 milhões de toneladas,
conforme indicado na Tabela 7:
Tabela 7 - Consumo Mundial de Papel
CONSUMO MUNDIAL DE PAPEL - MILHÕES DE TONELADAS
1980 1990 VARIAÇÃO%a.a. 1990/1980
1995 VARIAÇÃO%a.a. 1995/1990
2005 VARIAÇÃO%a.a. 2005/1995
168 239 3,6% 281 3,3% 390 3,3%
Fonte: PPI e RISI
O consumo foi distribuído conforme indicado na Tabela 8. Os
maiores intercâmbios de papel no mundo são dos papéis de imprimir &
escrever, seguidos dos papéis de imprensa. Os papéis de embalagem
também possuem um significativo comércio internacional. Os papéis
sanitários possuem pouca expressão neste comércio.
Tabela 8 - Consumo Mundial de Papel por Tipos
CONSUMO MUNDIAL DE PAPEL –- 1995 – MILHÕES DE TONELADAS
TIPO 1995 %
EMBALAGEM 84 30%
IMPRIMIR &ESCREVER
81 29%
CARTÃO 42 15%IMPRENSA 37 13%OUTROS 20 7%SANITÁRIOS 17 6%
TOTAL 281 100%
Fonte: RISI
Os EUA, Japão e China são os maiores produtores e os maiores
consumidores de papel do mundo. Canadá, Finlândia e Suécia são os
maiores exportadores líquidos de papel enquanto EUA, Reino Unido,
Alemanha e China são os maiores importadores. O Brasil está em 11o. lugar
na produção e 10o. lugar no consumo, ocupando uma importante posição
49
entre os maiores países exportadores, porém muito além dos 3 principais
países. O Japão, devido à falta de base florestal e suas altas taxas de
crescimento, deveria ser um grande importador de papel, porém, com uma
ênfase muito forte na reciclagem, o país consegue reduzir suas
necessidades de importação, demandando principalmente celulose de
mercado.
Tabela 9 - Principais Países Produtores e Principais Países Consumidores
PRINCIPAIS PAÍSES PRODUTORES E CONSUMIDORES DE PAPEL - 1997MIL TONELADAS
PAÍS PRODUÇÃO PAÍS CONSUMO
EUA 86.477 EUA 89.900JAPÃO 31.015 CHINA 32.695CHINA 27.440 JAPÃO 31.374CANADÁ 18.969 ALEMANHA 15.756ALEMANHA 15.953 REINO UNIDO 12.240FINLÂNDIA 12.149 FRANÇA 10.328SUÉCIA 9.779 ITÁLIA 9.125FRANÇA 9.143 CORÉIA 6.836CORÉIA 8.364 CANADÁ 6.652ITÁLIA 7.532 BRASIL 6.124BRASIL 6.475 ESPANHA 5.599REINO UNIDO 6.455 TAIWAN 5.071INDONÉISA 4.931 MÉXICO 4.338TAIWAN 4.507 INDONÉISA 3.694ESPANHA 3.968 ÍNDIA 3.670ÁUSTRIA 3.817 HOLANDA 3.377MÉXICO 3.501 AUSTRÁLIA 3.137RUSSIA 3.332 BÉLGICA 3.067HOLANDA 3.159 SUÉCIA 2.414ÍNDIA 3.000 TAILÂNDIA 2.143AUSTRÁLIA 2.420 RUSSIA 2.089DEMAIS 26.658 DEMAIS 37.218
TOTAL 299.044 TOTAL 296.847Fonte: PPI / Jul 1998
6.3 Principais países produtores
Os principais países produtores são:
50
• Estados Unidos: Os EUA possuem o maior mercado produtor e
consumidor de papel e celulose do mundo, com uma estrutura industrial
heterogênea e complexa. As maiores empresas de papel e celulose do
mundo operam neste mercado, dentre as quais estão a International
Paper, Georgia Pacific, Weyerhauser, Champion, Stone Container e
Boise Cascade. As maiores empresas são integradas desde a base
florestal até a produção de papel e possuem um elevado potencial
financeiro. A base florestal é bastante diferenciada e devido a diversos
fatores como, pressões ambientalistas, alto custo das terras e
esgotamento das florestas nativas, o custo da madeira vem
continuamente aumentando;
• Canadá : O Canadá, devido às suas condições naturais favoráveis, com
disponibilidade de recursos hídricos e florestais, além de uma boa infra-
estrutura física, recebeu vultosos investimentos, tornando-se o maior
exportador de celulose do mundo. O país apresenta uma forte
participação no segmento de pasta mecânica devido ao baixo custo da
energia. O país, recentemente, tem enfrentado problema com escassez de
potencial para recursos florestais de alta qualidade, aumento do custo da
mão-de-obra, além de pressões ambientais crescentes;
• Países Escandinavos: A indústria destes países sempre teve intensa
participação no market pulp, destinando a maior parte de sua produção
para a exportação. Porém, a partir da década de 70, quando começou a
sofrer forte concorrência de países como EUA, Canadá e Brasil a
indústria promoveu uma grande reestruturação, buscando o corte de
51
custos, a integração com as empresas de papel9, o aumento do potencial
financeiro, a aproximação do setor de bens de capital para desenvolver
uma liderança tecnológica e um movimento maior de internacionalização
em direção ao mercado (Europa) e aos novos países produtores10;
• Países Ibéricos: Devido à sua localização estratégica e clima mais
favorável a implantação de bases florestas de crescimento mais
acelerado, Portugal e Espanha receberam grandes investimentos na área
de celulose, tornando-se importantes exportadores para o market pulp .
• Indonésia: A Indonésia está se inserindo no mercado mundial de forma
bastante agressiva, através de grandes investimentos em máquinas de
papel e baseado na utilização de fibras de florestas tropicais nativas, com
o compromisso de reflorestamento. O país já ocupa uma posição de
destaque no cenário mundial, mas o futuro ainda é imprevisível, devido à
crise econômica iniciada no final de 1997, além da incerteza da
qualidade das fibras de sua base florestal.
6.4 Tendências da indústria
Segundo Jorge (1993a, p.3-4), as principais tendências das empresas
de papel e celulose de mercado são:
i) Exploração de florestas tropicais integralmente plantadas com espécies
de rápido crescimento (pinus, eucalipto e outros), ao contrário dos
“tradicionais” produtores que utilizam florestas nativas de coníferas;
9 A integração foi realizada através de fusões e de joint-ventures10 A Stora, principalmente, procurou estabelecer negócios no Brasil, Chile e em Portugal.
52
ii) Produção concentrada em poucas empresas, em geral, com plantas
atualizadas tecnologicamente, com escalas de produção adequadas e
verticalmente integradas;
iii) As escalas de produção serão cada vez maiores, em especial no caso de
processos químicos, devido aos ganhos associados à redução dos custos
fixos, à recuperação de reagentes químicos e à eficiência energética do
processo;
iv) Crescente pressão pelo aumento da proteção ambiental, proveniente dos
consumidores e da sociedade civil em geral. Estas pressões têm se
cristalizado na legislação dos países, em particular, dos europeus e nos
EUA e na definição de especificações técnicas mais rigorosas dos
produtos e processos. A conseqüência deste processo, além da imposição
de elevados investimentos no controle de problemas ambientais, tem
sido a criação de barreiras não-tarifárias nos principais mercados;
v) Concorrência, cada vez mais globalizada, onde não será suficiente um
diferencial de custos de produção ou a integração com a base florestal
eficiente. A engenharia financeira dos projetos, dados os elevados custos
de capital, as tecnologias de processo e produto, as formas de
comercialização, entre outros, passa a ser uma variável crítica do
processo competitivo. As principais estratégias adotadas pelas empresas
foram:
a) Integração floresta-celulose-papel visando a redução de custos e
garantia da utilização da celulose (empresas escandinavas);
b) Investimentos em controle de poluição ambiental e esforços de
marketing na imagem da empresa - ecomarketing;
53
c) Investimento direto em regiões com potencial florestal de médio
e longo prazos;
d) Proximidade dos mercados consumidores - através de
aquisições, fusões e compras de participações em empresas
locais (dos países consumidores - Europa Ocidental e EUA) -
realizadas por empresas americanas e escandinavas;
e) Controle dos canais de distribuição de produtos, aumentando a
proximidade com os clientes, sobretudo através de assistência
técnica e diferenciação de produtos.
7 A INDÚSTRIA DE PAPEL E CELULOSE NO BRASIL
A indústria de papel e celulose no Brasil faturou, em 1997, US$ 7,1
bilhões, aproximadamente 1% do PIB brasileiro. As exportações atingiram
US$ 1,9 bilhão, aproximadamente 4% das exportações brasileiras, gerando
empregos e divisas internacionais. O Brasil, desde o final dos anos 70, vem
se destacando progressivamente no cenário internacional e hoje atua em
todos os segmentos de papéis, celulose e pastas11. O setor, há quase duas
décadas, vem produzindo superávites para a balança comercial brasileira,
conforme ilustrado na Figura 7.
11 As bases florestais espalham-se por regiões de interior e de litoral de diversas unidades da federação(RS, SC, PR, SP, MG, RJ, ES, BA, PA, AP, MA)
54
Figura 7 - Saldo do Setor de Papel e Celulose na Balança Comercial Brasileira
O setor é composto por 235 empresas operando unidades industriais
em 17 estados brasileiros, divididas da seguinte forma:
• 106 fabricam apenas papel;
• 33 fabricam papel e pastas;
• 29 fabricam papel e celulose;
• 25 fabricam apenas pastas;
• 4 fabricam papel, celulose e pastas;
• 5 fabricam apenas celulose.
Existe uma grande heterogeneidade industrial, pois apesar do grande
número de empresas, poucas possuem a produção de papel integrada à
produção de celulose12. Uma outra característica marcante é a grande
concentração produtiva, onde 65% da produção de papel está concentrada
em 10 grupos industriais e 86% da produção de celulose de mercado está
concentrada em 5 grupos. A Figura 8 ilustra os principais grupos
SALDO DO SETOR DE PAPEL E CELULOSE NA BALANÇA COMERCIAL BRASILEIRA - 1974/1996
-500
0
500
1000
1500
2000
74 76 78 80 82 84 86 88 90 92 94 96
US
$ m
ilhõ
es F
OB
Fonte: BNDES
55
produtores de papel, a Figura 9 ilustra os principais grupos produtores de
celulose de mercado e a Figura 10 ilustra os principais produtores de
celulose, incluindo os produtores integrados de papel e os produtores de
celulose de mercado.
Figura 8 - Principais Fabricantes de Papel no Brasil
Figura 9 - Principais Produtores de Celulose de Mercado no Brasil
12 O baixo número de empresas integradas deve-se ao alto volume de recursos necessários na compra deterras, reflorestamento e máquinas.
PRINCIPAIS FABRICANTES DE PAPEL EM 1997
15%
15%
8%
6%5%5%4%
3%3%
3%2%
31%
KLABIN
SUZANO
VOTORANTIM
RIPASA
CHAMPION
IGARAS
RIGESA
TROMBINI
PISA
INPACEL
SANTHER
OUTROSFonte: BRACELPA
VOLUME TOTAL
6.518 MIL t
PRINCIPAIS FABRICANTES DE CELULOSE DE MERCADO EM 1997
ARACRUZ38%
CENIBRA26%
BAHIA SUL19%
RIOCELL9%
JARI5%
LWARCEL3%
PRODUÇÃO TOTAL 2.769 MIL t
Fonte: BRACELPA
56
Figura 10 - Principais Fabricantes de Celulose no Brasil
A produção está centrada em poucos grupos e existe uma expressiva
concentração da produção de papel nos estados de São Paulo, Paraná e
Santa Catarina, e da produção de celulose nos mesmos três estados
anteriores mais o Espírito Santo, conforme ilustrado na Figura 11 e na
Figura 12.
PRINCIPAIS FABRICANTES DE CELULOSE EM 1997
19%
18%
16%12%
10%
5%
5%
5%3%
5%2%ARACRUZ
KLABIN
SUZANO
CENIBRA
VOTORANTIM
CHAMPION
RIPASA
IGARAS
RIGESA
PISA
OUTROSFonte: BRACELPA
VOLUME TOTAL 5.904 MIL t
57
Figura 11 - Distribuição Geográfica da Produção de Papel no Brasil
Figura 12 - Distribuição Geográfica da Produção de Celulose no Brasil
O grau de concentração industrial elevou-se ainda mais na década de
90, com a entrada em operação das máquinas da Bahia Sul, Votorantim,
Inpacel e Ripasa, e com as incorporações da Papel Simão pela Votorantim,
DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA DA PRODUÇÃO DE PAPEL EM 1997
47%
20%
17%
4%
4%3%
2% 3%
São Paulo
Paraná
Santa Catarina
Minas Gerais
Bahia
Rio de Janeiro
Rio Grande do Sul
Outros
Fonte: BRACELPAVOLUME TOTAL
6.518 MIL t
DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA DA PRODUÇÃO DE CELULOSE EM 1997
32%
18%12%
12%
9%
9%
5% 2%1%
São Paulo
Espírito Santo
Santa Catarina
Minas Gerais
Paraná
Bahia
Rio Grande do Sul
Pará
Outros
Fonte: BRACELPA
VOLUME TOTAL 5.904 MIL t
58
da Copa pela Klabin e da Papelok pela Igaras. Os pequenos produtores
ficaram estagnados em todos os segmentos.
Os maiores grupos do setor possuem plantas industriais
verticalmente integradas, da base florestal à produção de papel e escalas de
produção competitivas internacionalmente13. Estas empresas também se
destacam por possuírem produtos de qualidade – competitivos em nível
mundial –, equipamentos relativamente atualizados, alta produtividade da
base florestal, investimentos em pesquisa e desenvolvimento, automação de
processos e controle ambiental14.
A qualidade dos produtos tem evoluído muito nos últimos anos para
acompanhar as necessidades do mercado. A modernização do parque
gráfico brasileiro elevou o rigor das especificações técnicas dos produtos,
como por exemplo, a printabilidade e a rigidez dos cartões. As indústrias
de alimentos, higiene e limpeza possuem um nível de exigência cada vez
maiores, conforme aumenta a exigência de seus consumidores. O
dinamismo da cadeia produtiva – indústrias de papel, gráficas e indústrias
de bens de consumo –, está aumentando, à medida que a interação, a
parceria e a assistência técnica entre os diversos segmentos avançam.
Como em quase todos os segmentos industriais, a tecnologia de
ponta está associada a investimentos em pesquisa e desenvolvimento. No
caso da indústria de papel e celulose, o processo de fabricação é bastante
difundido e a tecnologia de ponta está incorporada aos equipamentos de
13 Entre as 10 maiores plantas industriais de celulose de mercado do mundo, incluem-se três fábricasbrasileiras: Aracruz, Bahia Sul e Cenibra.14 No Brasil, quatorze empresas do setor obtiveram a certificação ISO-9000: Aracruz, Bahia Sul, Cenibra,Pirahy, Jari, Rigesa, VCP, Champion, Riocell, Inpacel, Igaras, Klabin e Santher.
59
produção, portanto é essencial um estreito relacionamento com fabricantes
de máquinas e equipamentos. Alguns dos principais fabricantes mundiais
de máquinas e equipamentos estão instalados no Brasil, como: Voith,
Kvaerner, Fábio Perini, Sund Emba BHS, Pilão, Valmet (terceirizando
componentes) e Ahlstrom(em associação com a Confab). Cada máquina de
papel é projetada e fabricada para atender os planos de produção dos
clientes em termos de gramatura, largura da máquina15 e velocidade
máxima de produção, podendo custar até US$ 500 milhões com instalações
civis e periféricos. Os grandes grupos nacionais, responsáveis pela maior
parte da produção, possuem equipamentos com atualização tecnológica
semelhantes aos dos principais concorrentes internacionais. A maior
máquina de papel em operação no Brasil, no ano de 1998, pertence à Bahia
Sul, com capacidade de produção de 847 toneladas por dia.
O papel produzido nas fábricas é escoado através de diversos canais.
As fábricas procuram atender diretamente grandes contas − gráficas,
convertedores16 e editoras − e o resto da produção é escoada através de
distribuidores ou exportada. Os distribuidores de papel compram papéis em
folhas ou bobinas para revendê-los de forma mais pulverizada.
O volume das exportações brasileiras cresceu substancialmente
desde, o início dos anos 80, refletindo a crescente competitividade das
empresas nacionais. O desenvolvimento das empresas voltadas para o
mercado externo, principalmente fabricantes de celulose, seguiu o seguinte
modelo:
15 Também conhecida como “boca de máquina”.16 Convertedores de papel, compram papel e cartões para fabricação de cadernos, caixas, etc.
60
i) Especialização na produção de celulose de fibra curta de eucalipto;
ii) Escala de produção elevada, seguindo padrões internacionais de
consumo de energia e de controle da ambiental;
iii) Financiamento de longo prazo com empréstimos internacionais;
iv) Operação de tradings próprias e terminais portuários especializados;
v) Projetos localizados em áreas de baixa ocupação populacional e
próximos à base florestal.
As fábricas de papel não foram projetadas seguindo o modelo
exportador, voltando sua produção principalmente para o mercado interno.
As grandes fábricas são integradas, localizadas próximo aos grandes
centros consumidores (principalmente São Paulo), mas nem todas possuem
certificação ambiental (essencial para quem deseja acesso ao mercado
externo). Com a crise econômica dos anos 90, muitas empresas destinaram
parte de sua produção para o mercado externo e procuram manter estas
posições para quando não for possível escoar toda a produção no mercado
interno. A participação das exportações de papel e celulose na balança
comercial brasileira está ilustrada na Figura 13.
61
Figura 13 - Participação do Setor de Papel e Celulose nas Exportações Brasileiras
A abertura comercial brasileira, na década de 90, também atingiu a
indústria de papel e celulose, porém a penetração dos importados não foi
significativa. As empresas, para enfrentar a concorrência externa,
melhoraram sua produtividade, se modernizaram e reduziram as margens
de lucro, passando a praticar preços compatíveis com os preços do mercado
internacional. As tarifas de importação estão ilustradas Quadro 2.
Quadro 2 - Tarifas de Importação de Papel e Celulose no Brasil
TARIFAS EXTERNA COMUM (TEC) EM 1997/1998
PRODUTO %
PASTAS E CELULOSE 7
APARAS 5
PAPEL DE JORNAL 15
PAPEL E CARTÃO PARA ESCRITA E IMPRESSÃO 15
PAPÉIS HIGIÊNICOS E SANITÁRIOS 15
OUTROS PAPÉIS E CARTÕES KRAFT 15PAPÉIS ESPECIAIS 17
ARTEFATOS DE PAPEL 19Fonte: BRACELPA
PARTICIPAÇÃO DO SETOR DE PAPEL E CELULOSE NAS EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS - 1980/1996
0
1
2
3
4
5
6
7
19801981
19821983
19841985
19861987
19881989
19901991
19921993
19941995
1996
( % )
Fonte: BNDES
62
A participação das importações de papel e celulose na balança
comercial brasileira está ilustrada na Figura 14.
Figura 14 - Participação de Setor de Papel e Celulose nas Importações Brasileiras
O Brasil é bastante avançado na reciclagem de papéis, conforme
pode ser observado na Tabela 10. As fábricas recicladoras contribuem com
aproximadamente 25% da produção de papéis e 30% da produção de fibras,
atuando nos segmentos de papéis sanitários, cartões para embalagens e
papel miolo para embalagens onduladas.
Tabela 10 - Países com Maior % de Reciclagem de Papel
RECICLAGEM DE PAPEL
PAÍS %
HOLANDA 73
DINAMARCA 66ÁUSTRIA 64ESPANHA 63INGLATERRA 60JAPÃO 55FRANÇA 49ALEMANHA 48EUA 45BRASIL 40PORTUGAL 30Fonte: BRACELPA, PPI e Haznews
PARTICIPAÇÃO DO SETOR DE PAPEL E CELULOSE NAS IMPORTAÇÕES BRASILEIRAS - 1980/1996
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
19801981
19821983
19841985
19861987
19881989
19901991
19921993
19941995
1996
( % )
Fonte: BNDES
63
7.1 Competitividade internacional
A indústria brasileira de papel e celulose apresenta vantagens
competitivas em nível internacional. As principais delas são o baixo custo e
a alta produtividade da base florestal plantada devido ao clima, solos
favoráveis, disponibilidade de terras e pesquisa genética do eucalipto. O
ciclo de corte do eucalipto, no Brasil, leva em média 7 anos contra 10 anos
nos países ibéricos e até 70 anos em outras espécies utilizadas. Além disso,
no Brasil, ocorrem até 3 cortes sucessivos do mesmo eucalipto, sem a
necessidade de replantio. A Figura 15 ilustra o ciclo médio de corte de
plantações de fibra curta em diversas regiões do mundo. A produtividade
florestal atinge mais de 40 metros cúbicos de madeira por hectare ao ano,
posicionando o Brasil entre os produtores com o mais baixo custo de
madeira do mundo.
Figura 15 - Ciclo Médio de Corte em Diversas Regiões do Mundo
CICLO MÉDIO DE CORTE EM ANOS
30-40
25-70
12-1510-127-8
0
10
20
30
40
50
60
70
80
Brasil eIndonésia
Ibéricos Sul EUA Norte EUA Canadá eEscandinávia
Fonte: Aracruz Celulose / Revista Mercado de Capitais - n. 70
64
A estrutura de custos dos principais produtores mundiais de celulose
é a seguinte:
Quadro 3 - Custos de Produção de Celulose dos Principais Produtores Mundiais
CUSTOS DE PRODUÇÃO DE CELULOSE - 1º SEM/97 - US$/TON
CUSTOS OPERACIONAIS BRASIL INDONÉSIA SUÉCIA
FINLÂNDIA
EUA CANADÁ PORTUGAL
ESPENHA
CUSTOS VARIÁVEIS
MADEIRA 108 115 184 124 119 190
PRODUTOS QUÍMICOS 31 33 41 42 41 45
ENERGIA 15 14 6 23 26 7
TOTAIS DE CUSTOS VARIÁVEIS 154 162 230 189 186 241
CUSTOS FIXOS
MÃO-DE-OBRA 54 38 48 57 63 49
OUTRAS CUSTOS DE MOAGEM 51 46 39 48 57 53
TOTAL DE CUSTOS FIXOS (FOB
MILL)
105 84 87 105 120 102
CUSTOS OPERACIONAIS 259 246 317 294 306 343
Fonte: Hawkins Wright
O Brasil e a Indonésia possuem custos variáveis de produção
(madeira, energia e produtos químicos) entre os mais baixos do mundo,
sendo que o Brasil utiliza a base florestal plantada (estável, produtiva e
desenvolvida tecnologicamente) e a Indonésia utiliza a base florestal nativa
com o compromisso de replantio (produtividade e qualidade ainda
incertas). Os dados dos EUA e do Canadá são das regiões de menor custo
de produção destes países e com poucas possibilidades para maior
expansão da área plantada. A principal vantagem competitiva do Brasil e
da Indonésia é o baixo custo de produção da celulose, pois, devido ao fato
da celulose ser uma commodity, seus preços são atrelados à realidade de
mercado, só restando às empresas trabalhar na redução de custos. O fato
dos maiores produtores nacionais de papel estarem integrados
verticalmente com a produção de celulose cria uma vantagem competitiva
com a garantia do fornecimento de fibras a um baixo custo.
65
Por outro lado, o tamanho das empresas brasileiras, frente aos
principais concorrentes internacionais17, constitui-se no ponto fraco da
indústria nacional, devido à magnitude dos investimentos necessários, o
que aumenta o custo financeiro. A modernização e o investimento em
novos equipamentos é dificultado pela intensidade de capital (requerida
pelas elevadas escalas de produção), descontinuidades técnicas e longo
prazo de maturação.
A estrutura industrial heterogênea também é uma desvantagem, pois
plantas industriais com pequenas escalas de produção, defasadas
tecnologicamente e não integradas à produção de celulose são pouco
competitivas em um mundo globalizado. O processo de desativação destas
unidades é lento, pois em geral, são investimentos já amortizados que
seguem gerando caixa.
O país perde muita competitividade devido à sua infra-estrutura
deficiente, com terminais portuários, ferrovias, geração de energia e infra-
estrutura urbana(hospitais, escolas, habitação) não funcionando de forma
eficiente o que cria um custo adicional para as empresas. Muitas destas
inclusive criam esta infra-estrutura para poderem operar de forma mais
econômica.
A empresa, para se manter competitiva neste mercado, deve observar
os seguintes pontos:
17 De fato, apenas quatro grupos nacionais encontram-se entre os 150 maiores do mundo no setor (Klabin,Suzano, Votorantim e Aracruz).
66
i) Equipamentos modernos: parque produtivo atualizado para aumentar a
produção e o controle;
ii) Economias de escala e redução de custos: integração produção de papel
com a produção de celulose, aumento da produtividade da floresta e da
fábrica, ganhos de escala para diluir os custos fixos;
iii) Capacitação gerencial e produtiva: profissionalização dos quadros
dirigentes e investimento nos funcionários para constante
aperfeiçoamento tecnológico;
iv) Qualidade do Produto e Controle Ambiental: equipamentos e processos
para manter o produto acessível a todos os mercados;
v) Acesso a capitais de longo prazo: mecanismos de acesso a capitais,
internos ou externos, com menor custo financeiro;
vi) Reestruturação patrimonial: fusões e aquisições para aumentar o poder
de mercado das empresas nacionais face ao grande potencial das
empresas estrangeiras.
7.2 Produção de celulose
A produção brasileira de celulose de mercado está voltada para a
exportação, onde 75% da produção está direcionada para o mercado
internacional. A distribuição da produção está ilustrada na Figura 16 e pode
ser observado o predomínio absoluto da celulose branqueada de fibra curta,
com 65% da produção total.
67
Figura 16 - Produção por Tipo de Pasta Celulósica no Brasil
A produção de celulose teve sua arrancada na década de 70 e
continua aumentando ano a ano, de forma significativa, conforme pode ser
observado na Figura 17.
Figura 17 - Evolução da Produção de Celulose no Brasil
P R O D U Ç Ã O D E C E L U L O S E P O R T I P O S E M 1 9 9 7
Fibra Curta Branqueada
73%
Fibra Longa Não Branqueada
20%
Fibra Longa Branqueada
2%Fibra Curta Não Branqueada 5%
Fonte: BRACELPA
V O L U M E T O T A L
5 .904 M IL t
EVOLUÇÃO DA PRODUÇÃO DE CELULOSE (MIL TONELADAS)
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
1979
1980
1981
1982
1983
1984
1985
1986
1987
1988
1989
1990
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
VO
LU
ME
Fonte: BRACELPA
68
A produção total de celulose, destinada para consumo próprio e para
o mercado, foi de 5.904 mil toneladas, em 1997, distribuídas da seguinte
forma entre os diversos fabricantes:
Tabela 11 - Principais Fabricantes de Celulose no Brasil
PRINCIPAIS FABRICANTES DE CELULOSE EM 1997MIL TONELADAS
GRUPO 1997 %
ARACRUZ 1058 18%KLABIN 1034 18%SUZANO 948 16%CENIBRA 720 12%VOTORANTIM 612 10%CHAMPION 315 5%RIPASA 296 5%IGARAS 286 5%RIGESA 184 3%PISA 140 2%OUTROS 312 5%
TOTAL 5.904 100%Fonte: BRACELPA
Os principais fabricantes de celulose de mercado produziram 2.769
mil toneladas, em 1997, distribuídos da seguinte forma:
Tabela 12 - Principais Fabricantes de Celulose de Mercado no Brasil
MAIORES FABRICANTES DE CELULOSE DE MERCADO EM 1997MIL TONELADAS
GRUPO PRODUÇÃO %
ARACRUZ 1.058 38%
CENIBRA 720 26%BAHIA SUL 527 19%RIOCELL 255 9%JARI 131 5%LWARCEL 79 3%
TOTAL 2.769 100%
Fonte: BRACELPA
69
7.3 Produção e consumo de papel
A produção de papel está concentrada em três estados. São Paulo
lidera a produção de papéis de imprimir & escrever, cartões e cartolinas,
enquanto no Paraná e Santa Catarina a produção está centrada nas
embalagens kraft, papel de imprensa e papéis de imprimir & escrever,
baseados em fibra longa. A distribuição da produção brasileira está na
Figura 18 e pode ser observada a grande participação dos segmentos de
embalagens e de imprimir & escrever.
Figura 18 - Produção de Papel por Segmento no Brasil
A evolução da produção total também foi significativa nas duas
últimas décadas, conforme ilustrado na Figura 19.
P R O D U Ç Ã O D E P A P E L P O R S E G M E N T O E M 1 9 9 7
EMBALAGEM45%
CARTÃO10%
ESPECIAL2%
SANITÁRIOS9%
IMPRIMIR & ESCREVER
30%
IMPRENSA 4%
Fonte: BRACELPA
V O L U M E T O T A L
6 .518 M IL t
70
Figura 19 - Evolução da Produção de Papel no Brasil - Todos os Segmentos
As taxas anuais de crescimento nas últimas décadas estão ilustradas
na Tabela 13.
Tabela 13 - Taxas de Crescimento Anual da Produção de Papel por Segmento no Brasil
CRESCIMENTO DA PRODUÇÃO DE PAPEL POR SEGMENTOSMIL TONELADAS - % a.a.
VOLUME TAXA DE CRESCIMENTO ANUAL
SEGMENTO 1980 1990 1995 1997 %80/90 %90/95 %95/97
EMBALAGEM 1600 2184 2510 2911 3,16 2,82 7,69
IMPRIMIR & ESCREVER 870 1290 1802 1983 4,02 6,91 4,90CARTÃO 422 470 588 648 1,08 4,60 4,94SANITÁRIOS 232 404 466 565 5,70 2,90 10,06IMPRENSA 105 246 295 265 8,89 3,69 -5,21ESPECIAL 132 122 137 146 -0,78 2,34 3,41
TOTAL 3361 4716 5798 6518 3,45 4,22 6,02Fonte: BRACELPA
Os maiores fabricantes de papel em todos os segmentos, em 1997,
foram:
EVOLUÇÃO DA PRODUÇÃO DE PAPEL (MIL TONELADAS)
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
1962
1964
1966
1968
1970
1972
1974
1976
1978
1980
1982
1984
1986
1988
1990
1992
1994
1996
Pro
du
ção
Fonte: BRACELPA
71
Tabela 14 - Principais Fabricantes Brasileiros de Papel em Toneladas
PRINCIPAIS FABRICANTES DE PAPEL EM 1997MIL TONELADAS
GRUPO 1997 %
KLABIN 965 15%
SUZANO 967 15%VOTORANTIM 525 8%RIPASA 393 6%CHAMPION 356 5%IGARAS 345 5%RIGESA 273 4%TROMBINI 224 3%PISA 166 3%INPACEL 163 3%SANTHER 129 2%OUTROS 2012 31%
TOTAL 6518 100%Fonte: BRACELPA
Como é muito difícil medir o consumo real de papel, calcula-se o
consumo aparente de papel, através da seguinte fórmula:
Consumo Aparente = Produção - Exportação + Importação
O cálculo do consumo aparente também não é muito preciso, pois
depende das informações declaradas de cada fabricante, o que nem sempre
corresponde à realidade. A Figura 20 ilustra o consumo aparente de papel
em relação à produção total.
72
Figura 20 - Evolução da Produção x Consumo Aparente de Papel no Brasil -Todos os Segmentos
Alguns autores associam a demanda de papel a diversas variáveis
sócio-econômicas, como a atividade econômica (PIB), a variação da renda
e o crescimento populacional. Em um país das dimensões do Brasil, onde
as necessidades básicas de grande parte da população ainda não foram
atendidas, o número de analfabetos é elevado (consumidores estes que
obviamente não compram livros, jornais ou revistas) e uma distribuição de
renda extremamente injusta, é de se esperar que a melhoria destas variáveis
exógenas terão um grande impacto na demanda por produtos agro-
industriais de base florestal. A demanda interna de papel tem uma
elasticidade em torno de 1,23 em relação ao PIB, ou seja, nos períodos de
crescimento econômico, o consumo desses produtos sobe
significativamente, pois os mesmos estão diretamente ligados à dinâmica
E V O L U Ç Ã O D A P R O D U Ç Ã O x C O N S U M O
( M I L T O N E L A D A S )
Consumo Aparente
Produção
3000
3500
4000
4500
5000
5500
6000
6500
1982 1983 1984 1985 1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996
VO
LU
ME
73
da produção de bens de consumo. A Figura 21 ilustra a evolução do
consumo aparente de papel no Brasil.
Figura 21 - Evolução do Consumo de Papel no Brasil - Todos os Segmentos
A correlação da demanda com as variáveis sócio-econômicas pôde
ser observada, mais uma vez, após o Plano Real, onde a pequena melhora
da distribuição da renda teve um reflexo significativo na demanda dos
produtos da indústria papeleira. No período de 1990 a 1995 a produção de
todos os tipos de papéis cresceu a uma taxa anual de 4,22%, enquanto no
período de 1995 a 1997 este crescimento anual foi de 6,02%.
O consumo per capta de papel no Brasil foi de 38,6 Kg em 1997. A
Figura 22 ilustra a evolução do consumo per capta no Brasil. O consumo é
baixo comparado aos países desenvolvidos, mas proporcional ao PIB per
capta . Se comparamos o consumo per capta de papel com a renda per
capta dos principais países industrializados, observamos uma estreita
relação entre o aumento da renda com o aumento do consumo. A Figura 23
ilustra esta comparação. Desvios desta relação, quase linear, entre consumo
e renda são explicados pelas culturas e hábitos de determinadas regiões,
que incentivam ou desestimulam o consumo de papel.
EVOLUÇÃO DO CONSUMO DE PAPEL (MIL TONELADAS)
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
1982
1983
1984
1985
1986
1987
1988
1989
1990
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
Fonte: BRACELPA
74
Figura 22 - Evolução do Consumo per capta de Papel no Brasil
Figura 23 - Comparação do PIB per capta com a Renda per capta no Mundo
7.4 Exportação e importação de papel e celulose
O sucesso do Plano Real e o aquecimento do mercado interno
interromperam a trajetória de crescimento, fazendo com que as exportações
0
5
10
15
2025
30
35
40
1982
1983
1984
1985
1986
1987
1988
1989
1990
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
EVOLUÇÃO DO CONSUMO "PER CAPTA" DE PAPEL (Kg /hab /ano)
Fonte: BRACELPA
Papel Sanitário: Consumo per Capita versus PIB per Capita
0
5
10
15
20
25
0 5.000 10.000 15.000 20.000 25.000 30.000
PIB per Capita (US$/hab/ano)
Co
nsu
mo
per
Cap
ita
(kg
/hab
/an
o)
Canadá
EUA
Inglaterra
Chile
BrasilPeru
Suécia
ArgentinaUruguai/Equador
Venezuela
Alemanha
Itália
Japão
México
Espanha
Fonte: BNDES
75
de papel caíssem de 1.424 mil toneladas em 1993 para 1.329 mil toneladas
em 1997. A abertura do mercado, aliada ao crescimento do consumo
interno provocaram um aumento significativo das importações de papel,
saindo de 294 mil toneladas em 1993, para 978 mil toneladas em 1997. Por
conseguinte, o país vem apresentando saldos comerciais inferiores aos
realizados antes da implantação do Plano Real. A Figura 24 ilustra as
alterações das exportações, importações e o saldo, em toneladas, da balança
comercial da indústria papeleira.
Figura 24 - Evolução da Importação, Exportação e Saldo da Balança Comercial para o Setor
Papeleiro
As exportações de papel estão concentradas em commodidites dos
segmentos de embalagem (kraftliner) e de imprimir & escrever (não
revestidos). Os fabricantes nacionais sempre utilizaram a exportação para
colocação de volumes não absorvidos no mercado interno, porém,
motivados pela crise econômica do início da década de 90 e pela boa
receptividade do papel brasileiro no exterior, passaram a destinar um
E V O L U Ç Ã O D A I M P O R T A Ç Ã O E E X P O R T A Ç Ã O D E P A P E L
( M I L T O N E L A D A S )
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
1800
1982 1983 1984 1985 1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997
VO
LU
ME
Importação Exportação SaldoFonte: BRACELPA
76
percentual de sua produção para manter este mercado. A Figura 25 e a
Tabela 15 ilustram a exportação de papel do país por segmentos.
Figura 25 - Exportação de Papel por Segmentos no Brasil
Tabela 15 - Evolução da Exportação por Segmentos no Brasil
EXPORTAÇÃO DE PAPEL POR CATEGORIA - 1992/1996MIL TONELADAS
CATEGORIA 1992 1993 1994 1995 1996
I&E NÃO-REVESTIDO OUTROS 455 592 556 408 411
EMBALAGEM KRAFTLINER 360 335 342 256 272OUTROS TIPOS DE PAPEL 201 267 249 202 223I&E NÃO-REVESTIDO CUT-SIZE 121 131 200 219 209I&E REVESTIDOS 7 35 113 93 87EMBALAGEM OUTROS 91 64 70 51 32
TOTAL 1.235 1.424 1.530 1.229 1.234
Fonte: BRACELPA / BNDES
O principal destino das exportações de papel do Brasil é o terceiro
mundo, mostrando a dificuldade das empresas brasileiras em penetrar nos
principais mercados europeu e americano.
EXPORTAÇÃO DE PAPEL POR SEGMENTOS(MIL TONELADAS)
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
1800
1992 1993 1994 1995 1996
VO
LU
ME
I&E NÃO-REVESTIDO OUTROS
I&E NÃO-REVESTIDO CUT-SIZE
I&E REVESTIDOS
EMBALAGEM KRAFTLINER
EMBALAGEM OUTROS
OUTROS TIPOS DE PAPEL
Fonte: BRACELPA / BNDES
77
Tabela 16 - Destino das Exportações Brasileiras de Papel
DESTINO DAS EXPORTAÇÕES DE PAPEL - 1990/1996MIL TONELADAS
DESTINO 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996
AMÉRICA LATINA 133 285 385 534 495 434 444
ÁSIA/OCEANIA 229 223 242 255 346 262 336EUROPA 392 430 438 358 481 354 270ÁFRICA 180 123 158 143 129 80 100
AMÉRICA DO NORTE 23 16 12 133 79 100 84
Total 957 1077 1235 1424 1530 1229 1234
Fonte: BRACELPA / BNDES
Os principais grupos exportadores são os mesmos que respondem
por 65% da produção total. Isto evidencia que para participar do mercado
internacional são necessárias modernas plantas industriais integradas com a
produção de celulose. As figuras a seguir ilustram os principais grupos
exportadores.
Figura 26 - Principais Grupos Exportadores no Brasil
P R I N C I P A I S G R U P O S E X P O R T A D O R E S
( M I L T O N E L A D A S )
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
1992 1993 1994 1995 1996
VO
LU
ME
SUZANO
VOTORANTIM
KLABIN
RIPASA
CHAMPION
IGARAS
INPACEL
OUTROS
78
Tabela 17 - Evolução dos Principais Grupos Exportadores no Brasil
VENDAS EXTERNAS DOS PRINCIPAIS GRUPOS BRASILEIROS DE PAPEL - 1992/1996MIL TONELADAS
GRUPO 1992 1993 1994 1995 1996
SUZANO 103 151 250 174 183
VOTORANTIM 153 202 238 197 174KLABIN 214 205 187 153 169RIPASA 192 170 152 107 147CHAMPION 157 145 152 164 140IGARAS 163 138 156 147 136INPACEL 18 35 85 75 80OUTROS 272 178 212 153 144
TOTAL 1.272 1.224 1.432 1.170 1.173Fonte: BRACELPA / BNDES
A exportação de celulose não sofreu tão intensamente os impactos do
Plano Real e manteve seu ritmo de crescimento da década de 90. Os
principais grupos exportadores possuem plantas industriais projetadas para
competir em custo e qualidade mundiais. A exportação é, quase na
totalidade, de fibra curta de eucalipto, a especialidade do Brasil, conforme
pode ser observado na Tabela 18.
Tabela 18 - Principais Exportadores de Celulose no Brasil
EXPORTAÇÕES DAS PRINCIPAIS FABRICANTES DE CELULOSE - 1990/1996MIL TONELADAS
EMPRESAS 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996
FIBRA CURTA 994 1.276 1.580 1.866 1.925 1.759 2.215 ARACRUZ 406 617 853 932 984 897 1.027 CENIBRA 273 292 308 340 353 323 589 BAHIA SUL - - 94 306 286 240 289 RIOCELL 137 206 188 170 164 153 154 JARI 152 149 117 112 97 110 152 OUTROS 26 12 20 6 41 36 4
FIBRA LONGA 90 83 101 142 107 74 73 JARI 84 76 89 138 101 69 72 CAMBARÁ 5 7 11 4 5 3 1 OUTRAS 1 0 1 0 1 2 0
TOTAL 1084 1359 1681 2008 2032 1833 2288
Fonte: BRACELPA / BNDES
79
Diferente das exportações de papel, a celulose possui uma grande
penetração nos mercados da Europa e América do Norte, comprovando a
competitividade brasileira neste segmento.
Tabela 19 - Destino das Exportações Brasileiras de Celulose
DESTINO DAS EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS DE CELULOSE BRANQUEADA - 1990/1996MIL TONELADAS
DESTINO 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996
EUROPA 415 545 709 895 780 774 821
ÁSIA/OCEANIA 261 350 413 849 646 537 737AMÉRICA DO NORTE 334 441 464 576 564 592 561AMÉRICA LATINA 19 29 42 79 59 44 35
ÁFRICA 1 1 2 0 0 0 1
Total 1040 1334 1629 2000 2020 1809 2155
Fonte: BRACELPA / BNDES
A abertura do país e o aquecimento do mercado interno promoveram
um expressivo e preocupante crescimento das importações de papel,
saltando de 294 mil toneladas em 1993, para 978 mil toneladas em 1997. A
importação de papel é concentrada nas categorias de papel de imprensa e
papel de imprimir & escrever, conforme pode ser observado nas figuras a
seguir.
80
Figura 27 - Importação de Papel por Segmentos no Brasil
Tabela 20 - Evolução da Importação de Papel por Segmentos no Brasil
IMPORTAÇÃO DE PAPEL POR CATEGORIA - 1990/1997MIL TONELADAS
CATEGORIA 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997
IMPRENSA 188 212 173 183 319 423 384 471ESPECIAIS 15 27 27 28 41 141 284 180IMPRIMIR&ESCREVER 70 103 58 71 87 146 149 231CARTÕES 5 5 7 10 16 27 67 61EMBALAGEM 10 19 6 11 14 46 37 33SANITÁRIOS 6 6 11 5 3 23 5 2
TOTAL 294 372 282 307 480 806 926 978
Fonte: BRACELPA / BNDES
As importações de papel se originam principalmente de países de
primeiro mundo, como os EUA, Canadá, Finlândia e Alemanha.
IMPORTAÇÃO DE PAPEL POR SEGMENTOS(MIL TONELADAS)
0
200
400
600
800
1000
1200
1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997
VO
LU
ME
IMPRENSA
IMPRIMIR&ESCREVER
ESPECIAIS
CARTÕES
EMBALAGEM
SANITÁRIOS
81
Tabela 21 - Origem das Importações Brasileiras de Papel
ORIGEM DAS IMPORTAÇÕES BRASILEIRAS DE PAPEL - 1990/1996MIL TONELADAS
ORIGEM 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996
EUA 20 52 37 43 65 151 358
CANADÁ 78 123 125 135 217 217 241OUTROS 38 34 33 35 86 222 181FINLÂNDIA 78 127 62 60 70 96 67ALEMANHA 2 7 3 7 17 60 46MERCOSUL 78 29 22 28 25 62 33
TOTAL 294 372 282 307 480 806 926Fonte: BRACELPA / BNDES
7.5 Estudos e sugestões para o setor
A indústria brasileira de papel e celulose, apesar de competitiva
internacionalmente, possui deficiências estruturais e sistêmicas, que devem
ser desenvolvidas para permanecer e ampliar sua participação nos
mercados interno e externo. As empresas nacionais carecem de políticas
voltadas para a exportação e de instrumentos de comercialização de seus
produtos internacionalmente. O alto custo do capital, a burocracia, a carga
tributária e a infra-estrutura são alguns dos elementos que prejudicam a
competitividade dos produtos nacionais. O problema tem sido analisado
por diversas entidades que elaboraram estudos e sugestões de ações que
devem ser adotadas para corrigir as deficiências do setor. Os principais
estudos são da ANFPC (atual BRACELPA), José Luiz Jorge da Unicamp e
a equipe gerenciada por Ângela Macedo do BNDES.
Jorge (1993b, p.17-24) definiu três fatores que afetam a
competitividade brasileira − fatores sistêmicos, fatores estruturais e fatores
tecnológicos. Classificou as empresas como bem desenvolvidas nos
quesitos dos fatores tecnológicos e com uma deficiência relevante nos
82
fatores estruturais, que é o pequeno tamanho das empresas nacionais frente
às suas concorrentes externas. Os fatores sistêmicos são os que mais
atrapalham a competitividade das empresas nacionais, à medida que o país
apresenta uma infra-estrutura deficiente, baixo nível de educação e
problemas sociais. Jorge sugeriu as seguintes políticas:
i) Políticas de Modernização Empresarial
(a) Desenvolvimento gerencial;
(b) Reespecialização de mercados;
(c) Redução de custos e melhoria de qualidade (equipamentos,
insumos florestais, reciclagem, recuperação, mão-de-obra e
transportes);
(d) Redefinição de engenharia financeira.
ii) Políticas de Reestruturação Setorial
(a) Apoio ao investimento;
(b) Apoio ao comércio exterior;
(c) Qualidade e Produtividade;
(d) Reciclagem;
(e) Economia Florestal;
(f) Infra-Estrutura.
iii) Políticas Relacionadas a Fatores Sistêmicos
(a) Estabilidade;
(b) Crescimento;
(c) Reforma do estado (gasto público, arrecadação tributária,
regulação estatal).
83
A Associação Nacional dos Fabricantes de Papel e Celulose
(ANFPC, 1995, p.29-37) sugeriu as seguintes ações para aumentar a
competitividade do setor:
i) Consolidação da estabilidade;
ii) Flexibilização dos monopólios;
iii) Política de Desenvolvimento Setorial;
iv) Privatizações;
v) Reforma da Previdência;
vi) Reforma Financeira;
vii) Reforma Orçamentária;
viii) Reforma Tributária;
ix) Reformas Estruturais;
x) Reorganização do pacto federativo;
xi) Retomada dos investimentos.
A política de desenvolvimento setorial deveria abranger os seguintes
aspectos:
i) Equacionamento das condições de financiamento;
ii) Apoio ao desenvolvimento da base florestal plantada;
iii) Apoio à modernização industrial;
iv) Apoio à inserção externa das empresas brasileiras;
v) Expansão da oferta e qualidade e competitividade de infra-estrutura.
84
A conclusão destes estudos é que o setor está bastante consciente das
suas missões e dos desafios que devem ser superados, bastando ao Estado a
vontade política de fazer. Os problemas enfrentados pelo setor, em muitos
casos, afetam todos os demais segmentos da economia brasileira, de forma
que são ainda mais relevantes para aumentar a competitividade do país de
forma global.
7.6 Previsões de crescimento e investimento
O processo de expansão e implantação de novas unidades
industriais, considerado o volume de capitais necessários e o tempo de
maturação dos projetos, é bastante complexo. A previsão da demanda do
mercado para os próximos anos é essencial para se dimensionar o tamanho
das fábricas, porém de difícil determinação, à medida em que se deve
prever a demanda com muitos anos de antecedência.
Macedo e Valença (1996) realizaram um extenso estudo e
concluíram que, no período de 1995-2005, serão necessários US$ 13
bilhões em investimentos, para que o país mantenha suas participações nos
mercados interno e externo.
8 ANÁLISE SEGMENTADA DO MERCADO
8.1 Papéis de Imprimir & Escrever
A produção dos papéis de imprimir & escrever foi de 2.248 mil
toneladas em 1997, representando 8,9% da produção total de papéis no
85
Brasil. A taxa média anual de crescimento foi de 3,54% para os últimos 2
anos, valor este inferior ao registrado na primeira metade da década. A
redução do ritmo de crescimento ocorreu em todos os segmentos de I&E,
conforme pode ser observado na Tabela 22.
Tabela 22 - Crescimento da Produção de Papéis de Imprimir & Escrever no Brasil
CRESCIMENTO DA PRODUÇÃO DE PAPEL DE IMPRIMIR & ESCREVERMIL TONELADAS - % a.a.
VOLUME TAXA DE CRESCIMENTO ANUAL
SEGMENTO 1980 1990 1995 1997 %80/90 %90/95 %95/97
OFFSET 324 710 1300 1487 8,14 12,87 6,93IMPRENSA 105 246 295 265 8,93 3,66 -5,21COUCHÊ CWC - - 130 156 - - 9,41COUCHÊ 48 79 109 121 5,24 6,56 5,33APERGAMINHADO 288 306 118 94 0,62 -17,42 -10,34OUTROS 211 194 145 125 -0,83 -5,65 -7,18
TOTAL 975 1536 2097 2248 4,64 6,43 3,54
Fonte: BRACELPA
A Figura 28 mostra que existe um excesso de capacidade produtiva
no segmento I&E, fazendo com que as empresas tenham que exportar o que
não é absorvido no mercado interno. O excesso de capacidade aliado à
sobrevalorização do câmbio, na primeira fase do Plano Real (criando
dificuldades de exportação), deve ser o motivo da redução no crescimento
da produção.
86
Figura 28 - Evolução da Produção e do Consumo Aparente dos Papéis de I&E no Brasil
O segmento de papéis de imprensa apresenta um quadro bem
diferente do resto dos papéis de I&E. O consumo é muito superior à
produção nacional, sendo necessário a importação deste tipo de produto.
Figura 29 - Evolução da Produção e do Consumo Aparente de Papéis de Imprensa no Brasil
EVOLUÇÃO DA PRODUÇÃO E DO CONSUMO DE PAPÉIS DE IMPRIMIR & ESCREVER (MIL TONELADAS)
Produção
Consumo Aparente
0
500
1000
1500
2000
2500
1982 1983 1984 1985 1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997
VO
LU
ME
EVOLUÇÃO DA PRODUÇÃO E DO CONSUMO DE PAPÉIS DE IMPRENSA (MIL TONELADAS)
Consumo
Produção
0
100
200
300
400
500
600
700
800
1982 1983 1984 1985 1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997
VO
LU
ME
87
O consumo per capta dos papéis I&E (sem considerar o segmento de
papel de imprensa) aumentou após o Plano Real, atingindo o patamar de
8,6 Kg/habitante/ano em 1997.
Figura 30 - Evolução do Consumo per capta de Papéis de Imprimir & Escrever no Brasil
O consumo per capta do segmento de papel de imprensa aumentou
após o Plano Real, atingindo o patamar de 4,5 Kg/habitante/ano em 1997.
Figura 31 - Evolução do Consumo per capta de Papéis de Imprensa no Brasil
0
2
4
6
8
10
Kg/Hab
1982
1983
1984
1985
1986
1987
1988
1989
1990
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
E V O L U Ç Ã O D O C O N S U M O " P E R C A P T A " D E
PAPÉIS DE IMPRIMIR & ESCREVER (Kg/hab/ano)
Fonte: BRACELPA Obs: Sem incluir papéis de imprensa
0
1
2
3
4
5
1982
1983
1984
1985
1986
1987
1988
1989
1990
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
E V O L U Ç Ã O D O C O N S U M O " P E R C A P T A " D E P A P É I S D E I M P R E N S A
(Kg/hab/ano)
Fonte: BRACELPA
88
A produção, em 1997, foi dividida entre os seguintes segmentos:
Figura 32 - Produção de Papéis de Imprimir & Escrever por Segmentos no Brasil
Os estados de São Paulo e Paraná responderam, em 1997, por 87%
da produção total do segmento de I&E, conforme mostra a Figura 33.
Figura 33 - Distribuição Geográfica da Produção de Papéis de Imprimir & Escrever no Brasil
D I S T R I B U I Ç Ã O D A P R O D U Ç Ã O D E P A P É I S D E I M P R I M I R &
E S C R E V E R E I M P R E N S A P O R S E G M E N T O S E M 1 9 9 7
OFFSET66%
IMPRENSA12%
COUCHÉ 5%
APERGAMINHADO 4% 6% OUTROS
COUCHÉ LWC7%
Fonte: BRACELPA
V O L U M E T O T A L
2 .248 M IL t
D I S T R I B U I Ç Ã O G E O G R Á F I C A D A P R O D U Ç Ã O D E P A P É I S D E I M P R I M I R &
ESCREVER EM 1997
66%
21%
9%4%
São Paulo
Paraná
Bahia
Outros
Fonte: BRACELPA
Volume Total
2 .248 mi l t
89
O saldo de exportação dos papéis de I&E (sem considerar o
segmento de papel de imprensa) sempre foi expressivo e apesar de ter
reduzido um pouco após o Plano Real, voltou a se recuperar em 1997. O
problema para os fabricantes nacionais é a crescente entrada de produtos
importados de maior valor agregado, como é o caso do papel couchê.
Figura 34 - Evolução da Importação, Exportação e Sado dos Papéis de Imprimir & Escrever
As importações de papéis de imprensa, que sempre foram
significativas, se ampliaram ainda mais após o Plano Real, como mostra a
Figura 35.
E V O L U Ç Ã O D A I M P O R T A Ç Ã O E E X P O R T A Ç Ã O D E P A P É I S D E I M P R I M I R
& E S C R E V E R ( M I L T O N E L A D A S )
0
100
200
300
400
500
600
700
800
900
1000
1982 1983 1984 1985 1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997
Pro
du
ção
Importação Exportação Saldo
Fonte: BRACELPA
Obs: Sem incluir papéis de imprensa
90
Figura 35 - Evolução da Importação, Exportação e Sado dos Papéis de Imprensa no Brasil
O segmento de papéis de imprimir & escrever é concentrado, onde 7
grandes empresas respondem por 86% da produção do segmento, como
pode ser observado na Figura 36.
Figura 36 - Principais Produtores de Papéis de Imprimir & Escrever no Brasil
E V O L U Ç Ã O D A I M P O R T A Ç Ã O E D A E X P O R T A Ç Ã O D E P A P É I S D E
I M P R E N S A ( M I L T O N E L A D A S )
-600
-400
-200
0
200
400
600
1982 1983 1984 1985 1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997Pro
du
ção
Importação Exportação SaldoFonte: BRACELPA
P R I N C I P A I S P R O D U T O R E S D E P A P É I S D E I M P R I M I R &
ESCREVER EM 1997
Votorantim20%
Champion16%
Suzano15%
Ripasa11%
Bahia Sul9%
Pisa7%
Klabin7%
Inpacel7%
Outros8%
Volume Total
2.248 mil T
Fonte: BRACELPA
91
8.2 Papéis de Embalagem
A produção de papéis de embalagens foi de 2.911 mil toneladas em
1997, representando 45% da produção total de papéis no Brasil. A taxa
média anual de crescimento foi de 7,69% para os últimos 2 anos, valor este
significativamente superior ao registrado na primeira metade da década. A
Tabela 23 mostra o crescimento da produção em diversos períodos de
tempo.
Tabela 23 - Crescimento da Produção de Papéis de Embalagem no Brasil
CRESCIMENTO DA PRODUÇÃO DE EMBALAGEMMIL TONELADAS - % a.a.
VOLUME TAXA DE CRESCIMENTO ANUAL
SEGMENTO 1980 1990 1995 1997 %80/90 %90/95 %95/97
PAPELÃO ONDULADO 928 1601 1940 2304 5,61 3,92 8,97
KRAFT 509 444 457 471 -1,36 0,60 1,50ESTIVA E MACULATURA 53 59 49 69 1,02 -3,55 18,87OUTROS 111 81 63 66 -3,10 -4,81 2,43
TOTAL 1600 2184 2510 2911 3,16 2,82 7,69
Fonte: BRACELPA
A Figura 37 mostra que o aumento do consumo interno está fazendo
com que o consumo aparente se aproxime da capacidade produtiva no
segmento de embalagens.
92
Figura 37 - Evolução da Produção e do Consumo Aparente dos Papéis de Embalagem no Brasil
O consumo per capta dos papéis de embalagem aumentou após o
Plano Real, atingindo o patamar de 16,6 Kg/habitante/ano em 1997.
Figura 38 - Evolução do Consumo per capta de Papéis de Embalagem no Brasil
A produção, em 1997, foi dividida entre os seguintes segmentos:
02468
1012141618
1982
1983
1984
1985
1986
1987
1988
1989
1990
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
E V O L U Ç Ã O D O C O N S U M O " P E R C A P T A " D E P A P É I S D E
EMBALAGEM (Kg/hab/ano)
Fonte: BRACELPA
EVOLUÇÃO DA PRODUÇÃO E DO CONSUMO CONSUMO DE PAPÉIS DE EMBALAGEM (MIL TONELADAS)
Produção
Consumo Aparente
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
3500
1982 1983 1984 1985 1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997
VO
LU
ME
93
Figura 39 - Produção de Papéis de Embalagem por Segmentos no Brasil
Os estados de Santa Catarina, São Paulo e Paraná responderam, em
1997, por 80% da produção total, conforme mostra a Figura 40.
Figura 40 - Distribuição Geográfica da Produção de Papéis de Embalagem no Brasil
D I S T R I B U I Ç Ã O D A P R O D U Ç Ã O D E E M B A L A G E N S E M 1 9 9 7
PAPELÃO ONDULADO
80%
KRAFT16%
OUTROS2%ESTIVA E
MACULATURA 2%
Fonte: BRACELPA
V O L U M E T O T A L
2 .911 M IL t
D I S T R I B U I Ç Ã O G E O G R Á F I C A D A P R O D U Ç Ã O D E P A P É I S D E
E M B A L A G E M E M 1 9 9 7
30%
28%
22%
8%
4%3%3% 2%
Santa Catarina
São Paulo
Paraná
Minas Gerais
Rio de Janeiro
Pernambuco
Rio Grande do Sul
Outros
Fonte: BRACELPA
Volume Total
2 .911 M IL t
94
O saldo de exportação dos papéis de embalagem sempre foi
expressivo e após o Plano Real manteve-se estável em 250 mil toneladas.
Figura 41 - Evolução da Importação, Exportação e Sado dos Papéis de Embalagem no Brasil
O segmento de papéis de embalagem é concentrado em grandes
empresas, onde 5 empresas respondem por 59% da produção nacional,
como pode ser observado na Figura 42.
Figura 42 - Principais Produtores de Papel de Embalagem no Brasil
E V O L U Ç Ã O D A I M P O R T A Ç Ã O E D A E X P O R T A Ç Ã O D E P A P É I S D E
E M B A L A G E M ( M I L T O N E L A D A S )
0
100
200
300
400
500
600
1982 1983 1984 1985 1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997
Pro
du
ção
Importação Exportação SaldoFonte: BRACELPA
P R I N C I P A I S P R O D U T O R E S D E P A P É I S D E
E M B A L A G E M E M 1 9 9 7
Klabin23%
Igaras12%
Rigesa9%Trombini
8%
Orsa7%
Outras41%
Volume Total
2 .911 M IL t
Fonte: BRACELPA
95
8.3 Papéis para Fins Sanitários
A produção dos papéis para fins sanitários foi de 565 mil toneladas
em 1997, representando 10% da produção total de papéis no Brasil. A taxa
média anual de crescimento foi de 10,06% para os últimos 2 anos, valor
extremamente superior ao registrado na primeira metade da década. O
aumento do consumo se deve à uma melhor distribuição de renda causada
pelo Plano Real, fazendo com que parte da população de baixa renda passe
a consumir este tipo de papel.
Tabela 24 - Crescimento da Produção de Papéis Sanitários no Brasil
CRESCIMENTO DA PRODUÇÃO DE PAPÉIS SANITÁRIOSMIL TONELADAS - % a.a.
VOLUME TAXA DE CRESCIMENTO ANUAL
SEGMENTO 1980 1990 1995 1997 %80/90 %90/95 %95/97
FOLHA SIMPLES DE ALTA QUALIDADE 30 107 179 203 13,59 10,75 6,46FOLHA SIMPLES DE BOA QUALIDADE 125 154 119 168 2,13 -5,12 19,12TOALHA 28 55 57 83 6,99 0,94 20,45HIGIÊNICO DE FOLHA DUPLA 35 39 64 75 1,20 10,18 8,12GUARDANAPO 12 14 15 16 1,52 0,91 5,32HIGIÊNICO POPULAR - 29 29 17 - -0,48 -22,73LENÇO 2 5 4 3 7,71 -2,23 -21,19
TOTAL 232 404 466 565 5,70 2,92 10,06Fonte: BRACELPA
A Figura 43 mostra que a capacidade produtiva e o consumo
aparente, no segmento de papéis para fins sanitários, estão muito próximos,
havendo necessidade de, em se mantendo este ritmo de crescimento,
expandir a produção.
96
Figura 43 - Evolução da Produção e do Consumo Aparente de Papéis Sanitários no Brasil
O consumo per capta dos papéis para fins sanitários aumentou
significativamente após o Plano Real, atingindo o patamar de 3,4
Kg/habitante/ano em 1997.
Figura 44 - Evolução do Consumo per capta de Papéis Sanitários no Brasil
A produção, em 1997, foi dividida entre os seguintes segmentos:
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
1982
1983
1984
1985
1986
1987
1988
1989
1990
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
E V O L U Ç Ã O D O C O N S U M O " P E R C A P T A " D E P A P É I S S A N I T Á R I O S
(Kg/hab/ano)
Fonte: BRACELPA
EVOLUÇÃO DA PRODUÇÃO E DO CONSUMO DE PAPÉIS SANITÁRIOS (MIL TONELADAS)
Consumo Aparente
Produção
0
100
200
300
400
500
600
700
1982 1983 1984 1985 1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997
VO
LU
ME
97
Figura 45 - Produção de Papéis Sanitários por Segmentos no Brasil
Os estados de São Paulo, Santa Catarina, Rio de Janeiro e Minas
Gerais responderam, em 1997, por 81% da produção total, conforme
mostra a Figura 46.
Figura 46 - Distribuição Geográfica da Produção de Papéis Sanitários no Brasil
D I S T R I B U I Ç Ã O D A P R O D U Ç Ã O D E P A P É I S S A N I T Á R I O S E M 1 9 9 7
FOLHA SIMPLES DE ALTA QUALIDADE
36%
FOLHA SIMPLES DE BOA QUALIDADE
30%
TOALHA15%
HIGIÊNICO POPULAR3% 0% LENÇO
GUARDANAPO 3%
HIGIÊNICO DE FOLHA DUPLA 13%
V O L U M E T O T A L
5 6 5 M I L t
D I S T R I B U I Ç Ã O G E O G R Á F I C A D A P R O D U Ç Ã O D E P A P É I S S A N I T Á R I O S
47%
21%
7%
6%
6%
13%
São Paulo
Santa Catarina
Rio de Janeiro
Minas Gerais
Paraná
Outros
Fonte: BRACELPA
V O L U M E T O T A L
5 6 5 M I L t
98
O saldo de exportação dos papéis para fins sanitários, que já não era
expressivo, foi ainda mais reduzido após o Plano Real, devido ao aumento
do consumo interno.
Figura 47 - Evolução da Importação, Exportação e Sado dos Papéis Sanitários no Brasil
O segmento de papéis para fins sanitários é concentrado, onde 4
empresas respondem por 54% da produção, com destaque para a Klabin,
como pode ser observado na Figura 48.
E V O L U Ç Ã O D A I M P O R T A Ç Ã O E D A E X P O R T A Ç Ã O D E P A P É I S
S A N I T Á R I O S ( M I L T O N E L A D A S )
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
1982 1983 1984 1985 1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997
Pro
du
ção
Importação Exportação SaldoFonte: BRACELPA
99
Figura 48 - Principais Produtores de Papéis Sanitários no Brasil
8.4 Cartões e Cartolinas
A produção de cartões e cartolinas foi de 648 mil toneladas em 1997,
representando 10% da produção total de papéis no Brasil. A taxa média
anual de crescimento foi de 4,94% para os últimos 2 anos, valor semelhante
ao registrado na primeira metade da década. Apesar disso, o segmento de
cartões duplex e triplex teve um crescimento significativo nestes últimos
anos.
P R I N C I P A I S P R O D U T O R E S D E P A P É I S S A N I T Á R I O S E M
1 9 9 7
Klabin23%
Santher15%
Melhoramentos10%
Manikarft6%
Outras46%
Fonte: BRACELPA
V O L U M E T O T A L
5 6 5 M I L t
100
Tabela 25 - Crescimento da Produção de Papéis de Cartões e Cartolinas no Brasil
CRESCIMENTO DA PRODUÇÃO DE CARTÕES E CARTOLINASMIL TONELADAS - % a.a.
VOLUME TAXA DE CRESCIMENTO ANUAL
SEGMENTO 1980 1990 1995 1997 %80/90 %90/95 %95/97
CARTÃO DUPLEX 259 292 380 417 1,22 5,40 4,67OUTROS CARTÕES BRANCOSE CORES
36 54 48 63 4,02 -2,08 14,06
CARTÃO TRIPLEX 16 17 26 42 0,25 9,10 27,70PAPELÃO CINZA 34 30 40 38 -1,37 5,88 -1,54PAPELÃO MADEIRA OUPAPELÃO PARANÁ
31 40 40 33 2,52 0,29 -9,42
POLPA MOLDADA 3 0 15 22 -100,00 - 19,08CARTÃO BRANCO C/EMBALAGEM
16 22 24 22 3,21 1,86 -4,84
OUTROS 27 16 15 12 -4,90 -1,18 -11,22
TOTAL 422 470 588 648 1,09 4,60 4,97Fonte: BRACELPA
A Figura 49 mostra que a produção e o consumo aparente no
segmento de cartões e cartolinas estão muito próximas, sugerindo a
necessidade de, em se mantendo este ritmo de crescimento, expandir a
produção.
Figura 49 - Evolução da Produção e do Consumo Aparente de Cartões e Cartolinas no Brasil
EVOLUÇÃO DA PRODUÇÃO E DO CONSUMO DE CARTÕES E CARTOLINAS (MIL TONELADAS)
Consumo Aparente
Produção
0
100
200
300
400
500
600
700
1982 1983 1984 1985 1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997
VO
LU
ME
101
O consumo per capta dos cartões e cartolinas aumentou
significativamente após o Plano Real, atingindo o patamar de 4,1
Kg/habitante/ano em 1997.
Figura 50 - Evolução do Consumo per capta de Cartões e Cartolinas no Brasil
A produção, em 1997, foi dividida entre os seguintes segmentos:
Figura 51 - Produção de Cartões e Cartolinas por Segmentos no Brasil
0
1
2
3
4
5
1982
1983
1984
1985
1986
1987
1988
1989
1990
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
E V O L U Ç Ã O D O C O N S U M O " P E R C A P T A " D E C A R T Õ E S E
CARTOLINAS (Kg/hab/ano)
Fonte: BRACELPA
DISTRIBUIÇÃO DA PRODUÇÃO DE CARTÕES E CARTOLINAS EM 1997
POLPA MOLDADA3%
CARTÃO BRANCO C/ EMBALAGEM
3% 2% OUTROS
PAP. MADEIRA 5%
PAP. CINZA 6%
CARTÃO TRIPLEX6%
OUTROS CARTÕES BRANCOS E CORES
10%
CARTÃO DUPLEX65%
Fonte: BRACELPA
VOLUME TOTAL597 MIL t
102
Os estados de São Paulo, Paraná e Santa Catarina responderam, em
1997, por 89% da produção total, conforme mostra a Figura 52.
Figura 52 - Distribuição Geográfica da Produção de Cartões e Cartolinas no Brasil
O aumento do consumo interno fez com que o saldo de exportação
do segmento de cartões e cartolinas (que nunca foi muito expressivo) se
tornasse negativo em 1996 e 1997.
D I S T R I B U I Ç Ã O G E O G R Á F I C A D E P R O D U Ç Ã O D E C A R T Õ E S E
C A R T O L I N A S E M 1 9 9 7
56%
25%
8%
9%2%
São Paulo
Paraná
Santa Catarina
Maranhão
Minas Gerais
Rio Grande do Sul
Rio de Janeiro
Outros
V O L U M E T O T A L
6 4 8 M I L t
103
Figura 53 - Evolução da Importação, Exportação e Sado dos Cartões e Cartolinas no Brasil
O segmento de cartões e cartolinas, comparado aos outros segmentos
do setor, não é extremamente concentrado, porém a Cia Suzano possui uma
atuação de destaque, como pode ser observado na Figura 54.
Figura 54 - Principais Produtores de Cartões e Cartolinas no Brasil
E V O L U Ç Ã O D A I M P O R T A Ç Ã O E D A E X P O R T A Ç Ã O D E C A R T Õ E S E
C A R T O L I N A S ( M I L T O N E L A D A S )
-40
-20
0
20
40
60
80
100
120
1982 1983 1984 1985 1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997
Pro
du
ção
Importação Exportação SaldoFonte: BRACELPA
PRINCIPAIS PRODUTORES DE CARTÕES E CARTOLINAS EM 1997 (MIL TONELADAS)
Suzano21%
Itapagé9%
Papirus9%
Limeira8%
Outras28%
7% Miguel Forte
Ind. Bonet 3%
Ramenzoni 4%
Ibema 5%
Ripasa 6%
VOLUME TOTAL
Fonte: BRACELPA
104
8.5 Papéis Especiais
A produção de papéis especiais foi de 146 mil toneladas em 1997,
representando 2% da produção total de papéis no Brasil. A taxa média
anual de crescimento foi de 3,41% para os últimos 2 anos, valor superior ao
registrado na primeira metade da década. Apesar disso, vários segmentos
não tiveram um bom desempenho nestes últimos 2 anos.
Tabela 26 - Crescimento da Produção de Papéis Especiais no Brasil
CRESCIMENTO DA PRODUÇÃO DE PAPÉIS ESPECIAISMIL TONELADAS - % a.a.
VOLUME TAXA DE CRESCIMENTO ANUAL
SEGMENTO 1980 1990 1995 1997 %80/90 %90/95 %95/97
CIGARRO E AFINS 12 15 14 13 2,35 -1,06 -4,29
FILTRANTE 13 14 15 17 0,52 1,99 7,19ABSORV. BASELAMINADO
19 14 15 9 -2,83 1,90 -24,71
BASE PARACARBONO
14 14 11 7 0,16 -5,24 -21,51
CREPADO 15 7 7 5 -6,99 -0,55 -14,96PAPEL BASE P/CÓPIAS S/CARBONO
3 10 15 4 13,58 8,95 -48,20
OUTROS 57 49 60 92 -1,62 4,28 23,90
TOTAL 132 122 137 146 -0,80 2,32 3,41
Fonte: BRACELPA
A Figura 55 mostra que o consumo aparente no segmento de papéis
especiais é muito maior que a produção, havendo necessidade de
importação de produtos.
105
Figura 55 - Evolução da Produção e do Consumo Aparente de Papéis Especiais no Brasil
O consumo per capta dos papéis Especiais aumentou
significativamente após o Plano Real, atingindo o patamar de 1,3
Kg/habitante/ano em 1997.
Figura 56 - Evolução do Consumo per capta de Papéis Especiais no Brasil
0
0,5
1
1,5
2
19
82
19
83
19
84
19
85
19
86
19
87
19
88
19
89
19
90
19
91
19
92
19
93
19
94
19
95
19
96
19
97
E V O L U Ç Ã O D O C O N S U M O " P E R C A P T A " D E P A P É I S E S P E C I A I S
(Kg/hab/ano)
Fonte: BRACELPA
EVOLUÇÃO DA PRODUÇÃO E DO CONSUMO DE PAPÉIS ESPECIAIS (MIL TONELADAS)
Consumo Aparente
Produção
0
50
100
150
200
250
300
350
1982 1983 1984 1985 1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997
VO
LU
ME
106
A produção, em 1997, foi dividida entre os seguintes segmentos:
Figura 57 - Produção de Papéis Especiais por Segmentos no Brasil
Os estados de Rio de Janeiro, Paraná e Rio Grande do Sul
responderam, em 1997, por 97% da produção total, conforme mostra a
Figura 58.
Figura 58 - Distribuição Geográfica da Produção de Papéis Especiais no Brasil
D I S T R I B U I Ç Ã O D A P R O D U Ç Ã O D E P A P É I S E S P E C I A I S E M 1 9 9 7
OUTROS62%
6% ABSORV. BASE LAMINADO
CIGARRO E AFINS9%
FILTRANTE11%
5 % B A S E P /
C A R B O N O
3% PAPEL BASE CÓPIAS
CARBONO
4% CREPADO
Fonte: BRACELPA
V O L U M E T O T A L
1 4 6 M I L t
D I S T R I B U I Ç Ã O G E O G R Á F I C A D A P R O D U Ç Ã O D E P A P É I S E S P E C I A I S E M
1 9 9 7
37%
32%
28%
2% 1%
Rio de Janeiro
Paraná
Rio Grande do Sul
Pará
Outros
Fonte: BRACELPA
V O L U M E T O T A L
1 4 6 M I L t
107
O aumento do consumo interno fez com que o saldo de exportação
do segmento de papéis especiais (que nunca foi muito expressivo) se
tornasse negativo no período de 1995 a 1997.
Figura 59 - Evolução da Importação, Exportação e Sado dos Papéis Especiais no Brasil
O segmento de papéis é bastante concentrado, onde 6 empresas
respondem por 73% da produção nacional, com destaque para a Votorantim
responsável por 30% da produção, como pode ser observado na Figura 60.
E V O L U Ç Ã O D A I M P O R T A Ç Ã O E D A E X P O R T A Ç Ã O D E P A P É I S E S P E C I A I S
( M I L T O N E L A D A S )
-200
-150
-100
-50
0
50
100
150
200
250
300
350
1982 1983 1984 1985 1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997
Pro
du
ção
Importação Exportação SaldoFonte: BRACELPA
108
Figura 60 - Principais Produtores de Papéis Especiais no Brasil
9 ANÁLISE ECONOMÉTRICA DOS SEGMENTOS DE PAPEL
A análise econométrica procurou determinar que variáveis
influenciam o consumo aparente dos diversos segmentos de papel no
Brasil. Para tal, foram utilizadas as varáveis exógenas PIB e INFLAÇÃO,
em séries históricas com periodicidade anual de 1970 a 1996. O
crescimento da população não foi explicitamente utilizado, porém quando
comparou-se o PIB com o consumo total, automaticamente comparou-se a
renda per capta com o consumo per capta.
Em termos gerais, a variação do PIB possui um impacto significativo
na maioria dos segmentos de papel, não necessitando de outras variáveis
auxiliares. Os segmentos que possuem maior participação de produtos
importados, como os segmentos de papel de imprensa e de papel especial,
são os que possuem menor correlação com a variação do PIB, necessitando
de outras variáveis para explicar o consumo.
PRINCIPAIS PRODUTORES DE PAPÉIS ESPECIA IS EM
1 9 9 7
Votorantim30%
MD Nicolaus10%
Adamas10%
Pirahy9%
Klabin8%
Ind Pap Salto8%
Outras25%
Fonte: BRACELPA
V O L U M E T O T A L
1 4 6 M I L t
109
9.1 Regressão do consumo agregado de papel
Os resultados mostram que a variação do PIB responde por 97,3% da
variação do consumo aparente agregado dos segmentos de papel, com um
coeficiente de 1,23, ou seja, a cada 1% de aumento do PIB, 1,23% de
aumento do consumo. O Quadro 4 apresenta os resultados estatísticos e a
Figura 61 apresenta a regressão das séries históricas.
Quadro 4 - Resultados Empíricos da Regressão do Consumo Aparente Agregado de Papel
LS // Dependent Variable is LOG(CONSUMO-TOTAL)
Date: 05/11/98 Time: 11:23Sample: 1970 1996Included observations: 27
Variable Coefficient Std. Error t-Statistic Prob.
C -0.644121 0.059640 -10.80018 0.0000LOG(PIB) 1.232068 0.040493 30.42658 0.0000
R-squared 0.973706 Mean dependent var 1.129272Adjusted R-squared0.972654 S.D. dependent var 0.397269S.E. of regression 0.065695 Akaike info criterion -5.374277Sum squared resid 0.107896 Schwarz criterion -5.278289Log likelihood 36.24140 F-statistic 925.7767Durbin-Watson stat 1.477171 Prob(F-statistic) 0.000000
Figura 61 - Regressão do Consumo Aparente de Papel Agregado
-0.2
-0.1
0.0
0.1
0.2
0.0
0.5
1.0
1.5
2.0
70 72 74 76 78 80 82 84 86 88 90 92 94 96
Residual Actual Fitted
110
9.2 Regressão do consumo de papel de Imprensa
Os resultados mostram que a variação do PIB responde por 62,2% da
variação do consumo aparente de papel de imprensa e a INFLAÇÃO não
tem um impacto significativo. O coeficiente de 0,47 não é muito expressivo
o que indica a necessidade de se buscar outras variáveis que expliquem o
comportamento do consumo aparente de papel de imprensa. O Quadro 5
apresenta os resultados estatísticos e a Figura 62 apresenta a regressão das
séries históricas.
Quadro 5 - Resultados Empíricos da Regressão do Consumo Aparente de Papel de Imprensa
LS // Dependent Variable is LOG(CONSUMO-IMPRENSA)
Date: 05/11/98 Time: 11:40Sample(adjusted): 1971 1996Included observations: 26 after adjusting endpoints
Variable Coefficient Std. Error t-Statistic Prob.
C 5.054388 0.222127 22.75446 0.0000LOG(PIB) 0.477954 0.157656 3.031630 0.0059INF(-1) 0.000174 5.71E-05 3.041697 0.0058
R-squared 0.622741 Mean dependent var 5.838436Adjusted R-squared0.589936 S.D. dependent var 0.300801S.E. of regression 0.192622 Akaike info criterion -3.185889Sum squared resid 0.853370 Schwarz criterion -3.040724Log likelihood 7.524160 F-statistic 18.98304Durbin-Watson stat 0.759417 Prob(F-statistic) 0.000014
111
Figura 62 - Regressão do Consumo Aparente de Papel de Imprensa
9.3 Regressão do consumo de Cartão
Os resultados mostram que a variação do PIB responde por 94,4% da
variação do consumo aparente de cartão, com um coeficiente de 1,10, ou
seja, a cada 1% de aumento do PIB, 1,10% de aumento do consumo. O
Quadro 6 apresenta os resultados estatísticos e a Figura 63 apresenta as
séries históricas.
-0.4
-0.2
0.0
0.2
0.4
0.6
5.0
5.5
6.0
6.5
7.0
72 74 76 78 80 82 84 86 88 90 92 94 96
Residual Actual Fitted
112
Quadro 6 - Resultados Empíricos da Regressão do Consumo Aparente de Cartão
LS // Dependent Variable is LOG(CONSUMO-CARTÃO)
Date: 05/11/98 Time: 12:49Sample: 1970 1996Included observations: 27
Variable Coefficient Std. Error t-Statistic Prob.
C 4.243943 0.079473 53.40128 0.0000LOG(PIB) 1.109957 0.053959 20.57042 0.0000
R-squared 0.944214 Mean dependent var 5.841575Adjusted R-squared0.941983 S.D. dependent var 0.363442S.E. of regression 0.087541 Akaike info criterion -4.800098Sum squared resid 0.191588 Schwarz criterion -4.704111Log likelihood 28.48999 F-statistic 423.1423Durbin-Watson stat 1.918045 Prob(F-statistic) 0.000000
Figura 63 - Regressão do Consumo Aparente de Cartão
-0.2
-0.1
0.0
0.1
0.2
0.3
4.5
5.0
5.5
6.0
6.5
70 72 74 76 78 80 82 84 86 88 90 92 94 96
Residual Actual Fitted
113
9.4 Regressão do consumo de papel de Embalagem
Os resultados mostram que a variação do PIB responde por 97,8% da
variação do consumo aparente de embalagem, com um coeficiente de 1,36,
ou seja, a cada 1% de aumento do PIB, 1,36% de aumento do consumo. O
Quadro 7 apresenta os resultados estatísticos e a Figura 64 apresenta as
séries históricas.
Quadro 7 - Resultados Empíricos da Regressão do Consumo Aparente de Embalagem
LS // Dependent Variable is LOG(CONSUMO-EMBALAGEM)
Date: 05/11/98 Time: 12:51Sample: 1970 1996Included observations: 27
Variable Coefficient Std. Error t-Statistic Prob.
C 5.247890 0.058710 89.38718 0.0000LOG(PIB) 1.360036 0.039862 34.11897 0.0000
R-squared 0.978976 Mean dependent var 7.205476Adjusted R-squared0.978135 S.D. dependent var 0.437350S.E. of regression 0.064670 Akaike info criterion -5.405717Sum squared resid 0.104556 Schwarz criterion -5.309729Log likelihood 36.66584 F-statistic 1164.104Durbin-Watson stat 1.760587 Prob(F-statistic) 0.000000Figura 64 - Regressão do Consumo Aparente de Papel de Embalagem
-0.2
-0.1
0.0
0.16.0
6.5
7.0
7.5
8.0
70 72 74 76 78 80 82 84 86 88 90 92 94 96
Residual Actual Fitted
114
9.5 Regressão do consumo de papel de Imprimir & Escrever
Os resultados mostram que a variação do PIB responde por 95,8% da
variação do consumo aparente papel de imprimir & escrever, com um
coeficiente de 1,19, ou seja, a cada 1% de aumento do PIB, 1,19% de
aumento do consumo. O Quadro 8 apresenta os resultados estatísticos e a
figura a seguir apresenta as séries históricas.
Quadro 8 - Resultados Empíricos da Regressão do Consumo Aparente de Papel de I&E
LS // Dependent Variable is LOG(CONSUMO-IMPRIMIR-ESCREVER)
Date: 05/11/98 Time: 12:54Sample: 1970 1996Included observations: 27
Variable Coefficient Std. Error t-Statistic Prob.
C 4.861568 0.073442 66.19575 0.0000LOG(PIB) 1.192185 0.049864 23.90851 0.0000
R-squared 0.958097 Mean dependent var 6.577556Adjusted R-squared0.956421 S.D. dependent var 0.387528S.E. of regression 0.080899 Akaike info criterion -4.957925Sum squared resid 0.163615 Schwarz criterion -4.861937Log likelihood 30.62065 F-statistic 571.6169Durbin-Watson stat 1.935325 Prob(F-statistic) 0.000000
115
Figura 65 - Regressão do Consumo Aparente de Papel de Imprimir & Escrever
9.6 Regressão do consumo de papel Especial
Os resultados mostram que a variação do PIB responde por 69,0% da
variação do consumo aparente de papel especial. O coeficiente de 1,07 não
é muito expressivo o que indica a necessidade de se buscar outras variáveis
que expliquem o comportamento do consumo aparente de papel especial. O
Quadro 9 apresenta os resultados estatísticos e a Figura 66 apresenta as
séries históricas.
-0.2
-0.1
0.0
0.1
0.2
0.3
5.5
6.0
6.5
7.0
7.5
70 72 74 76 78 80 82 84 86 88 90 92 94 96
Residual Actual Fitted
116
Quadro 9 - Resultados Empíricos da Regressão do Consumo Aparente de Papel Especial
LS // Dependent Variable is LOG(CONSUMO-ESPECIAL)
Date: 05/11/98 Time: 12:57Sample: 1970 1996Included observations: 27
Variable Coefficient Std. Error t-Statistic Prob.
C 3.121611 0.211253 14.77668 0.0000LOG(PIB) 1.072210 0.143432 7.475373 0.0000
R-squared 0.690905 Mean dependent var 4.664911Adjusted R-squared0.678541 S.D. dependent var 0.410426S.E. of regression 0.232701 Akaike info criterion -2.844816Sum squared resid 1.353742 Schwarz criterion -2.748828Log likelihood 2.093681 F-statistic 55.88120Durbin-Watson stat 0.893304 Prob(F-statistic) 0.000000
Figura 66 - Regressão do Consumo Aparente de Papel Especial
-0.2
-0.1
0.0
0.1
0.2
0.3
3
4
5
6
7
70 72 74 76 78 80 82 84 86 88 90 92 94 96
Residual Actual Fitted
117
9.7 Regressão do consumo de papéis para Fins Sanitários
Os resultados mostram que a variação do PIB responde por 96,7% da
variação do consumo aparente agregado dos segmentos de papel, com um
coeficiente de 2,06, ou seja, a cada 1% de aumento do PIB, 2,06% de
aumento do consumo. O Quadro 10 apresenta os resultados estatísticos e a
Figura 67 apresenta as séries históricas.
Quadro 10 - Resultados Empíricos da Regressão do Consumo Aparente de Papel Sanitário
LS // Dependent Variable is LOG(CONSUMO-SANITÁRIO)
Date: 05/11/98 Time: 12:59Sample: 1970 1996Included observations: 27
Variable Coefficient Std. Error t-Statistic Prob.
C 2.383005 0.110767 21.51376 0.0000LOG(PIB) 2.062173 0.075206 27.42025 0.0000
R-squared 0.967820 Mean dependent var 5.351221Adjusted R-squared0.966532 S.D. dependent var 0.666948S.E. of regression 0.122013 Akaike info criterion -4.136075Sum squared resid 0.372177 Schwarz criterion -4.040087Log likelihood 19.52567 F-statistic 751.8699Durbin-Watson stat 0.838407 Prob(F-statistic) 0.000000
118
Figura 67 - Regressão do Consumo Aparente de Papel Sanitário
10 CONCLUSÃO
O setor de papel e celulose no Brasil é bastante competitivo, porém
ainda enfrenta muitos desafios para manter sua posição no mercado
mundial. As empresas de celulose de mercado são as que estão melhor
preparadas para a competição, seguidas das grandes empresas integradas
produtoras de papel. As empresas com máquinas tecnologicamente
defasadas e sem escalas de produção adequadas deverão enfrentar
dificuldades crescentes em um mundo cada vez mais globalizado. A
intensidade de capital desta indústria é cada vez maior, forçando as
empresas a encontrarem fontes de financiamento adequadas, além de
reestruturações patrimoniais, através de fusões e aquisições. A parceria
com os fornecedores de equipamentos e tecnologias será cada vez mais
importante.
-0.2
-0.1
0.0
0.1
0.2
0.3
3
4
5
6
7
70 72 74 76 78 80 82 84 86 88 90 92 94 96
Residual Actual Fitted
119
A BRACELPA e o BNDES acompanham a evolução do setor com
estudos de excelente qualidade e apontam os principais problemas a serem
vencidos. Infelizmente os muitos dos problemas enfrentados pelo setor
devem-se a fatores sistêmicos, iguais aos enfrentados por todos os
segmentos da indústria nacional. As reformas constitucionais apontadas por
estes orgãos são de extrema importância para aumentar a competitividade
do setor.
A pesquisa confirmou a forte influência que o PIB tem sobre o
aumento do consumo aparente. O crescimento econômico estável, uma
melhor distribuição de renda e o aumento da alfabetização da população,
são de extrema importância para o setor. Um mercado interno forte é
essencial para que as empresas aqui instaladas possam conquistar uma
participação significativa no mercado internacional.
120
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
121
ABIGRAF. Informe econômico da indústria gráfica brasileira - 1997. São
Paulo: ABIGRAF, mar. 1998, 57p.
AHLBERG, Johan et al. Pricing commodities: what you see is not what
you get. The McKinsey Quarterly, n. 3, p. 67-77, 1995.
ANFPC. A política de desenvolvimento do complexo celulose - papel:
1995-2005. São Paulo: ANFPC, 1995. 51p.
______. A Política industrial, tecnológica e de comércio exterior do
governo federal e o setor de celulose e papel. São Paulo: ANFPC, fev.
1996. 23p.
ASHLEY, Carl T. The future of print. Pulp and Paper, v. 68, n. 1, p. 106,
jan. 1994.
BARCELOS, Vasco. Excesso de estoques e incerteza nos preços. Revista
Mercado de Capitais, São Paulo: ABAMEC, p.20-24, set./out. 1997.
BERETA, João. O Futuro do papel de imprimir & escrever frente ao
avanço da informática. In: PAINEL SETORIAL DE PAPEL E
CELULOSE, 06 mar. 1997. São Paulo. Anais... São Paulo: ABAMEC,
1997.
BNDES. A participação dos sistema BNDES na evolução do setor de papel
e celulose no Brasil. Rio de Janeiro: BNDES, abr. 1994. 106p.
122
BOAS, Pedro V. Papéis para embalagens no Brasil - situação atual e
perspectivas. São Paulo: ANFPC, Ago. 1995. 18p.
BRACELPA. Relatório Estatístico - 1997. São Paulo: BRACELPA, 1998.
181p.
CAFÉ, Sonia L. et al. Indicadores de Competitividade para o BNDES.
Revista do BNDES, Rio de Janeiro, v. 2, n. 3, p. 69-88, jun. 1995.
CARRAMILLO NETO, Mário. O papel - parte 1. Revista Anave, São
Paulo, p.16-19, jan./fev. 1996.
CHRYSINKOPOULOS, John S. A paradigm shift and the benefits of
consolidation. Pulp and Paper, v. 71, n. 4, p. 160, apr. 1997.
CIA SUZANO de Papel e Celulose. Empresa Nacional de Capital Aberto.
São Paulo: Cia Suzano de Papel e Celulose, jun. 1997. 15p.
______. Manual do Eucalipto. São Paulo: Cia Suzano de Papel e Celulose,
dez. 1994. 31p.
CICLICACITY in pulp and paper: un annecessary evil. PPI This Week, v.
11, n. 41, p.41, 4/8 nov. 1996.
CLARK, David. Can we have a global business without a global center?
Pulp and Paper International, v. 38, n.5, p. 3, may 1996.
123
COHEN, Morris A. et al. Analysis of distribution strategies in the
industrial paper and plastics industry. Operations Reserach, v. 43, n. 1,
p.6-18, jan./fev. 1995.
COUTINHO, Luciano, FERRAZ, João C. Estudo da competitividade da
indústria brasileira. Campinas: Unicamp, 1994. 510p.
DRAVO, Ed. A consolidation in paper industry is the only way to control
capacity. Finantial World, p. 70, 8 apr. 1996.
DUCEY, Michael J. Price volatility irks distributors. Graphics Arts
Monthly, v. 69, n. 3, p. 105-106, mar. 1997.
EMERGING commodity players shape North America’s pulp, paper
future. Pulp and Paper, v. 70, n. 9, p. 63-86, sep. 1996.
FAO-UN. Pulp and paper towards 2010 : an executive summary. Roma:
Food and Agricultural Organization of the United Nations, 1994. 36p.
FERGUSON, Kelly H. ISO 9000 standards dominate mill quality efforts in
North America. Pulp and Paper, v. 69, n. 6, p. 61-66, june 1995.
FINCHEM, Kirk J. Futures trading offers potential to reduce pulp, paper
volatility. Pulp and Paper, v. 72, n. 3, mar. 1998.
FLICKER, James K. Consolidation in the paper industry: who, what, when,
why. New York: Lehman Brothers, 22 aug. 1997. 36p.
124
FROMSON, Douglas A. Market pulp volatility still likely despite efforts to
stabilize market. Pulp and Paper, v. 71, n. 3, p. 101-104, mar. 1997.
GASPELIN, Tom. Sizing paper machine to fit market yields optimum
design. Pulp and Paper, v. 68, n. 4, p. 55-57, apr. 1994.
INDÚSTRIA de papel e celulose. Panorama Setorial - Monitoramento
Econômico. São Paulo: Gazeta Mercantil, mar. 1996. 73p.
IPT. Tecnologia de fabricação da pasta celulósica, v.1. 2. ed. São Paulo:
Instituto de Pesquisas Tecnológicas, 1988, 560p.
______. Tecnologia de fabricação do papel, v.2. 2ª ed. São Paulo: Instituto
de Pesquisas Tecnológicas, 1988, 394p.
JORGE, Maurício Mendonça. Estudo da Competitividade da Indústria
Brasileira: Competitividade da Indústria de Celulose. Campinas:
MCT/FINEP/PADCT, 1993. 21p.
______., NARETTO, Nílton A., SOARES, Sebastião J. M. Estudo da
Competitividade da Indústria Brasileira: Competitividade da Indústria de
Papel. Campinas: MCT/FINEP/PADCT, 1993. 30p.
KENNY, Jim. A transparent answer to the cyclical question. Pulp and
Paper International, v. 38, n. 11, p. 64, nov. 1996.
125
KNIGHT, Patrick. Brazil: exports down as local prices catch the eye. Pulp
and Paper International, v. 38, n. 7, p. 79, july 1996.
KOPLIK, Michael R. Deinked marked pulp: what went wrong. Pulp and
Paper, v. 71, n. 6, p. 152, june 1997.
LARSSON, E. Exhance views on pulp and paper trading. Pulp and Paper
International, v. 38, n. 12, p. 5, dec. 1996.
MACEDO, Angela R. P. Caixas de papelão ondulado. Rio de Janeiro:
BNDES, out. 1996. 4p. (Informe Setorial, 10).
______. Cartões. Rio de Janeiro: BNDES, ago. 1996. 4p. (Informe Setorial,
8).
______. Celulose de mercado. Rio de Janeiro: BNDES, dez. 1994. 35 p.
(Relato Setorial).
______. Celulose e pastas de mercado - perspectivas 1995/1999. Rio de
Janeiro: BNDES, out. 1995. 4p. (Informe Setorial, 6).
______. Celulose e pastas de mercado. Rio de Janeiro: BNDES, set. 1996.
4p. (Informe Setorial, 9).
______. O impacto do Plano Real. Rio de Janeiro: BNDES, maio 1997, 4p.
(Informe Setorial, 11).
126
______. O setor de papel e celulose no Brasil e no mundo. Rio de Janeiro:
BNDES, ago. 1996. 15p. (Relato Setorial).
______. Papéis para fins sanitários. Rio de Janeiro: BNDES, dez. 1994. 4p.
(Informe Setorial, 2).
______. Papéis para imprimir & escrever. Rio de Janeiro: BNDES, set.
1994. 4p. (Informe Setorial, 1).
______. Papel de embalagem. Rio de Janeiro: BNDES, dez. 1995. 4p.
(Informe Setorial, 7).
______. Papel de Imprensa. Rio de Janeiro: BNDES, set. 1995. 4p.
(Informe Setorial, 5).
______. Papel e celulose de mercado - conjuntura 1995. Rio de Janeiro:
BNDES, set. 1995. 4p. (Informe Setorial, 4).
______. Papel e celulose de mercado - diagnóstico da competitividade
brasileira. Rio de Janeiro: BNDES, nov. 1994. 29p. (Relato Setorial).
______. Papel e celulose de mercado - o ano de 1994. Rio de Janeiro:
BNDES, fev. 1995. 4p. (Informe Setorial, 3).
______., LEITE, Elizabete T. Celulose e pastas de mercado - Perspectivas
1997/2001. Rio de Janeiro: BNDES, out. 1997. 4p. (Informe Setorial,
12).
127
______., ______. Papéis para fins sanitários. BNDES SETORIAL. Rio de
Janeiro: BNDES, n. 5, mar. 1997. 9p.
______., MATTOS, René L. G. A trajetória de crescimento dos principais
produtores brasileiros de papel e celulose - 1970/1994. BNDES
SETORIAL. Rio de Janeiro: BNDES, n. 3, mar. 1996.
______., ______., LIMA, Adriana S. Papéis de embalagem. Rio de Janeiro:
BNDES, nov. 1997. 4p. (Informe Setorial, 13).
______., VALENÇA, Antônio C. V. O terceiro ciclo de investimentos da
indústria brasileira de papel e celulose. BNDES SETORIAL. Rio de
Janeiro: BNDES, n. 4, set. 1996. 13p.
______., ______. Reciclagem de Papel. BNDES SETORIAL. Rio de
Janeiro: BNDES, n. 2, dez. 1995.
______., ______. Indústria Gráfica. Rio de Janeiro: BNDES, nov. 1997.
26p. (Relato Setorial).
______., ______. A indústria de papel no Brasil e no mundo. BNDES
SETORIAL. Rio de Janeiro: BNDES, n. 2, dez. 1995.
______., ______., LEITE, Elizabete T. Celulose de mercado. BNDES
SETORIAL. Rio de Janeiro: BNDES, n. 1, jul. 1995.
128
______., ______., ______. Papel e Celulose. BNDES SETORIAL. Rio de
Janeiro: BNDES, Edição Especial, nov. 1997.
______. ______., LIMA, Adriana S. Papéis de imprimir & escrever
revestidos. Rio de Janeiro: BNDES, maio 1997. 13p. (Relato Setorial).
MELLO E SOUZA, Thomas de. Previsão para o ano que vem é lucro
reduzido. Revista Mercado de Capitais , São Paulo: ABAMEC, n. 70,
p.18-19, set./out. 1997.
MORALES, Clícia, PERUZZI, Hillary. Na década de 70, a grande
arrancada. Revista Mercado de Capitais , São Paulo: ABAMEC, n. 70,
p.25-28, set./out. 1997.
NULL, David E. Challenge of capital intensity forces industry to rethink
business decisions. Pulp and Paper, v. 69, n. 13, p. 67-73, dec. 1995.
______. Risks of recycled fiber projects make virgin fiber more atractive.
Pulp and Paper, v. 70, n. 7, p. 115-119, july 1996.
PANCHAPAKESAN, Bala. Analysis tool for capital spending decisions
help weight investment direction. Pulp and Paper, v. 70, n. 1, p. 103-106,
jan. 1996.
PEYNE, Mark. The potential awaits a Latin American future. Pulp and
Paper International, v. 38, n. 12, p. 43-45, dec. 1996.
129
PULP and Paper International. Annual Review. july 1998. 92p.
RAPAUD, Lionel. Celulose: tendências de preços e novas. In: PAINEL
SETORIAL DE PAPEL E CELULOSE. Op. cit.
REILLY, Eduard T. The future of print advertising in a digital world. Pulp
and Paper, v. 71, n. 5, p. 142, may 1997.
ROHL, Peter, CORREA, Pedro. Estudo da Competitividade da Indústria
Brasileira: Competitividade da Indústria Gráfica. Campinas:
IE/Unicamp-IE/UFRJ-FDC-Funcex, 1993. 23p.
ROSSI, Sérgio. Papel. São Paulo: ROSSI Tecnologias Gráficas, 1997. 62p.
THOMPSON, Herb, KENNEDY, Deborah. The pulp and paper industry:
Indonesia in an international context. Journal of Asian Business, v. 12, n.
2, p. 41-55, 1996.
VASCONCELLOS, Paulo C. Os altos e baixos do papel e da celulose.
Revista Mercado de Capitais , São Paulo: ABAMEC, n. 70, p.14-17,
set./out. 1997.
WILDE, Stephanie. Latin America gears up for growth. Pulp and Paper
International, v. 38, n. 3, p. 36, mar. 1996.
WILL the expansion of Indonesia’s pulp industry screech to a halt? Euwid
Pulp and Paper, Gernsbach, v. 71, n. 44, p.1-6, 29 oct. 1997.
130
WOODWARD, Tom W. Recycled fiber types, processing history affect
pulp behavior during papermaking. Pulp and Paper, v. 70, n. 8, p. 81-90,
aug. 1996.