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APLICAÇÃO DA METODOLOGIA DE
CUSTO-EFETIVIDADE PARA
AVALIAÇÃO DE RISCOS EM NOVOS
EMPREENDIMENTOS EM EMPRESAS
DE PETRÓLEO E GÁS, INSERINDO OS
IMPACTOS PROVOCADOS PELOS
GASES DE EFEITO ESTUFA
Elisa Vieira Carneiro
(LATEC/ UFF)
Sergio Ricardo da Silveira Barros
(LATEC/ UFF)
Resumo A seleção de projetos de investimento, que compõem o portfólio de
projetos de uma empresa de óleo e gás em crescimento, implica no
exame sistemático dos impactos, riscos e oportunidades, em cada fase
do projeto. Como do projeto de investimeento é esperado retorno
financeiro, para a sustentabilidade da empresa, não somente é
necessária a análise da viabilidade sócio-ambiental, por meio de
investimentos socialmente e ambientalmente responsáveis, mas,
também, que o valor presente líquido da alternativa seja positivo. O
objetivo deste trabalho é propor uma metodologia de análise
econômico-financeira, para a tomada de decisão de investimento,
capaz de considerar, na carteira de investimentos da empresa, projetos
que levem à redução das emissões de gases de efeito estufa. Foi
realizado Estudo de Caso, em empresa de óleo e gás, com uso de
metodologia que realiza análise de redução da emissão de gases de
efeito estufa para projeto típico do setor de petróleo. A contribuição
desta pesquisa está na oportunidade de integrar a quantificação de
redução de gases de efeito estufa, considerando os benefícios
ambientais e meritórios, à aplicação da metodologia de custo-
efetividade, na escolha de alternativas de projetos. Este tema ganha
ainda maior significância porque estudos científicos evidenciam a
iminência e severidade dos riscos e oportunidades provenientes das
Mudanças Climáticas, que podem impactar a sociedade e os negócios
no setor de óleo e gás.
Palavras-chaves: Mudanças Climáticas. Portfólio de investimentos.
Metodologia de avaliação de risco. Gestão de riscos em investimentos.
12 e 13 de agosto de 2011
ISSN 1984-9354
VII CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 12 e 13 de agosto de 2011
2
1 INTRODUÇÃO
Um desafio que enfrentam todos os gestores de ativos é determinar o momento e o
montante a investir, considerando os riscos e as oportunidades provenientes dos investimentos
na gestão de seu portfólio (Marot, 2008). Definir o ritmo de investimentos em uma empresa
de óleo e gás, em crescimento, é crítico para o sucesso empresarial de longo alcance.
Estudos científicos recentes evidenciam a iminência e severidade dos problemas que
provêem das Mudanças Climáticas (IPCC, 2007). Como o tema das Mudanças Climáticas é
um dos que têm exercido mais pressão sobre as empresas, proveniente de discussão na
sociedade, resulta que a resposta das companhias às ameaças e oportunidades das Mudanças
Climáticas impacta no seu desempenho financeiro e no valor da companhia para os
investidores. Os investidores começam a pressionar as corporações por mais transparência
com relação aos riscos e às oportunidades, provenientes da Mudança Climática Global
(MCG), impactando na competitividade e nos retornos dos investimentos das empresas.
Neste sentido, práticas de análise de investimento necessitam proteger o portfólio
empresarial dos riscos climáticos, quais sejam riscos de novas regulamentações, impactos
físicos nas empresas e danos à reputação, enquanto que, ao mesmo tempo, procuram por
investimentos nas novas oportunidades provenientes da Economia de baixa emissão de gases
de efeito estufa, denominada “Low Carbon Economy” (Cogan, 2006).
Este artigo aborda a recomendação de uma metodologia de análise econômico-
financeira de projetos estruturada, que preserve o valor da companhia integrada de óleo e gás,
para os investidores, ao mesmo tempo em que invista na dimensão ambiental e social,
considerando-se a existência de impactos positivos para a imagem da empresa e,
eventualmente, ganhos econômicos e sustentabilidade.
1.1 FORMULAÇÃO DA SITUAÇÃO PROBLEMA
Willows (2003) afirma que as Mudanças Climáticas são uma fonte adicional de
incertezas para o gestor. A incerteza resulta em grande parte das limitações do conhecimento
científico sobre o sistema climático e de como as emissões de gases de efeito estufa no futuro
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vão se comportar. No entanto, avanços significativos na compreensão da mudança climática
nas últimas décadas permitem o conhecimento das principais mudanças esperadas.
As empresas da indústria de óleo, gás e energia, ao buscar a liderança em seu mercado
de atuação, com rentabilidade e responsabilidade social e ambiental, devem buscar
mecanismos para identificar, analisar e monitorar impactos associados às emissões
atmosféricas em seus projetos de investimento. Um dos grandes desafios deste século é
encontrar meios para o crescimento econômico, alinhado ao bem estar social nos países,
buscando soluções tecnológicas viáveis e sem promover alterações na estabilidade do clima
do planeta (PETROBRAS, 2010).
O objetivo deste trabalho é propor a metodologia de custo-efetividade para analisar
novos projetos de investimento, que insira os parâmetros de Mudanças Climáticas na análise
de tomada de decisão, para empresa de óleo e gás.
2 LEVANTAMENTO BIBLIOGRÁFICO DOS MÉTODOS DE ANÁLISE
DE RISCO PARA PROJETOS DE INVESTIMENTO
Após a pesquisa bibliográfica efetuada relativa aos métodos de avaliação de riscos em
projetos de investimento, elaborou-se o Quadro 1, abaixo, com análise comparativa entre os
diversos métodos comumente utilizados, suas características, vantagens e desvantagens e os
autores relacionados.
Métodos
de análise
de risco
Características
Vantagens Desvantagens Autores
Análise do
valor
presente
líquido
Método mais
utilizado pelos
analistas
financeiros e
economistas
Mais simples e
bastante conhecido.
Pode ser utilizado
em conjunto com
outros métodos
Valores monetários
de alguns
benefícios e custos
podem não ser
determinados. Não
considera
incertezas e
flexibilidades
gerenciais
Gitman
(2002)
Pessoa
(2006)
Análise de Delaquil
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Métodos
de análise
de risco
Características
Vantagens Desvantagens Autores
portfólio pela
Média
Variância
Usada para
melhoria de
portfólio
financeiro.
Estabelecida pela
Moderna Teoria
das Finanças
Acomoda os riscos
do mercado para a
carteira e
enfraquece os
riscos individuais.
Abordagem de
portfólio. Utilizada
para avaliação de
projetos de
utilização de
combustível fóssil,
avaliação de
locações “offshore”
de petróleo,
planejamento de
energia,
quantificação de
riscos de mitigação
das mudanças
climáticas
Modelos de
planejamento
universalmente
ignoram as relações
estatísticas e ao
contrário recorrem
à sensibilidade
(2005)
Awerbuch
(2005)
Laurikka
(2003)
Kleindorfer
(2010)
Análise
Custo-
Benefício
É recomendada
como técnica para
análise econômica
formal de projetos
e programas
governamentais. É
utilizado para
aceitação de
projetos
governamentais e
políticas
Com foco em Meio
Ambiente e análise
de projetos sociais.
Pode ser apropriada
quando os
benefícios de
alternativas
concorrentes são os
mesmos
É menos
abrangente
Pearce
(2006)
US OMB
(2002)
Avaliação de
Impacto
Ambiental
Processo
sistemático de
coleta de
informações sobre
os impactos
ambientais de um
projeto ou política
Verifica as formas
alternativas de
minimizar os
impactos
ambientais, sem
alterar os
benefícios do
projeto
Ignora os custos.
Não explica de
forma detalhada as
maneiras como os
impactos variam no
tempo. Tende a ser
reativo
Pearce
(2006)
Avaliação Tende a ser pró- Pearce
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Métodos
de análise
de risco
Características
Vantagens Desvantagens Autores
Ambiental
Estratégica
Considera
programas inteiros
de investimentos
ou políticas. Opera
em um nível
decisório superior.
Busca sinergias
entre as políticas
individuais e
projetos
ativo. (2006)
Análise do
Ciclo de Vida
Identifica os
impactos
ambientais de um
projeto e tenta
medir, mesmo que
não nas mesmas
unidades de medida
do EIA
Não olha apenas os
impactos
decorrentes de um
projeto ou política,
mas do ciclo de
vida dos impactos.
Cria um inventário
de impactos
Não é um guia de
decisão global,
porque não
considera os custos
e benefícios
ambientais
Pearce
(2006)
Estudo de
Avaliação de
Risco
O nível de risco
real ou estimado é
comparado com um
nível “aceitável”
Resultado de
pareceres de peritos
“Nenhum efeito
pode não conter
informações sobre
algum dano”
Pearce
(2006)
Avaliação de
Riscos
Comparativa
Envolve a análise
de riscos para
vários projetos
alternativos
Normaliza riscos
em opções
diferentes
Dificuldade de
“normalizar” a
análise de modo a
poder se comparar
“iguais” com
“iguais”. Não lida
com a natureza dos
riscos, nem com os
benefícios
Pearce
(2006)
Análise de
Risco-
Benefício
Os benefícios
devem ser maiores
do que a soma dos
custos com os
riscos
Os riscos são
tratados como
custos e
valorizados em
termos monetários
O custo pode ou
não entrar em cena.
A análise tende a
resultar em análise
custo-benefício ou
custo-efetividade
Pearce
(2006)
Análise de
Risco-Risco
Não se empreende
em um projeto ou
política que
Obriga os
tomadores de
decisão a olhar para
Tende a se
concentrar nos
riscos à Saúde
Pearce
(2006)
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Métodos
de análise
de risco
Características
Vantagens Desvantagens Autores
imponha custos em
torno de vidas ou
morbidade
as respostas
comportamentais às
regulamentações
Análise
Saúde-Saúde
Os custos da
política ou projeto
estão relacionados
com a renda
familiar através da
análise de
regressão, de modo
que seja possível
estimar a perda de
vidas devido às
reduções de renda
Em vez de
comparar os riscos
“com” e “sem” a
reação
comportamental de
uma política ou
projeto, ele
compara a
mudança nos riscos
com os riscos
associados com as
despesas relativas à
política ou projetos
Não é abrangente,
pois os projetos
poderiam falhar em
uma análise custo –
benefício e passar
em uma análise
saúde-saúde e vice-
versa
Pearce
(2006)
Análise de
Sensibilidade
Exercício de
modelagem
sofisticada que
inclui a criação de
modelos
financeiros
destinados a
reprodução da
economia do
investimento
potencial. Verifica
o impacto nos
indicadores
financeiros, quando
varia um
determinado
parâmetro relevante
do investimento
Permite detectar
em qual das
estimativas do
projeto os
indicadores
financeiros, tais
como Valor
Presente Líquido
(VPL) e Taxa
Interna de Retorno
(TIR), são mais
sensíveis e
relevantes, e
conseqüentemente,
quais deverão ser
estimados com
maior precisão
Não podem replicar
importantes inter-
relações que afetam
o portfólio com
relação a custos e
riscos. Trata cada
variável
isoladamente
quando, na prática,
todas as variáveis
envolvidas no
projeto tendem a
estarem
relacionadas
Borgonovo
(2010)
Salles
(2004)
Awerbuch
(2005)
Teoria das
Opções Reais
O calculo do valor
de uma opção real,
quando existem
vários fatores de
incertezas, pode ser
Incorpora à
avaliação de
projetos de
investimentos, as
opções de
É de difícil
interpretação pelos
executivos
financeiros de
corporações e de
investidores em
Pacheco
(2007)
Pessoa
(2006)
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Métodos
de análise
de risco
Características
Vantagens Desvantagens Autores
feito mediante o
uso de árvore de
decisão binomial
recombinante,
apoiada por
ferramenta
computacional
crescimento e as
flexibilidades
gerenciais que
surgem devido às
incertezas
existentes no
ambiente no qual as
empresas operam
capital de risco pela
dificuldade
encontrada em
aplicar a fórmula
de Black e Scholes
para opções reais
Análise
Custo-
Efetividade
Compara
efetividade, em
uma unidade, com
o custo, em
unidade diferente
Orienta sobre a
escolha de projetos
alternativos
Não pode ajudar na
identificação de
medidas de
conservação
Pacheco
(2007)
US OMB
(1992)
Pfeil
(2008)
Árvore de
Decisão
Incorpora
incertezas, valores
e preferências na
análise de valor,
em uma estrutura
básica que ajuda no
modelo do
processo de decisão
Utiliza um método
gráfico de
expressão,
obtendo-se o
caminho do valor
monetário mais
atraente e o que
oferece menor
exposição frente
aos riscos
observados
As árvores de
decisões
apresentam
limitações no que
se refere a
situações mais
complexas, quando
sua modelagem
pode se mostrar
impraticável.
Outra limitação é a
ineficiência na
determinação dos
ajustes que seriam
necessários nas
taxas requeridas de
retorno, que a
princípio são
diferentes em cada
opção da árvore
Marot
(2008)
Salles Jr.
(2007)
Griffol
(2010)
Pessoa
(2006)
Simulação de
Monte Carlo
Utiliza um
programa de
computador que
realiza análises
estatísticas,
Estima as
probabilidades de
obtenção dos
resultados,
geralmente em
Utiliza modelagem
matemática e
executa simulações
Salles Jr
(2007)
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Métodos
de análise
de risco
Características
Vantagens Desvantagens Autores
fornecendo as
distribuições
probabilísticas dos
possíveis resultados
selecionados
prazos e custos
Questionários
empresariais
ou
publicações
de balanço
sócio-
ambientais
Avalia-se a
susceptibilidade ao
clima nas
operações de uma
empresa,
considerando-se
sua cadeia de valor,
ambiente e infra-
estruturas públicas
e privadas
Uma triagem
inicial pode, em
muitos casos, ser
realizada de forma
relativamente fácil,
utilizando
informações
disponíveis sobre
as tendências
climáticas e
projeções
Não há
informações
suficientes ou o
estudo das
influências
climáticas não é
prioridade
Sussman
(2008)
CDP
(2009)
Quadro 1 – Vantagens e desvantagens de cada método de avaliação de riscos de projetos de
investimento Fonte: A autora (2011)
Verifica-se, no quadro acima, que cada método de avaliação de riscos, descrita pelos
diversos autores, apresenta vantagens e desvantagens.
Portanto, para a escolha do método, que melhor se aplica, entre os elencados no
levantamento bibliográfico (Quadro 1), faz-se necessário entrevistar profissionais
especialistas, experientes no tema, para definir a aplicabilidade e viabilidade dos métodos
para empresa de óleo e gás.
2 METODOLOGIA
2.1 DELINEAMENTO DA PESQUISA
A pesquisa foi estruturada de acordo com o seguinte delineamento:
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a) Revisão bibliográfica com pesquisa em importantes provedores de acesso a
acervos científicos (Scopus, Scielo, Engineering Village, Google Acadêmico,
Banco de Dissertações da UFF, da UFRJ e internet em geral);
b) Inserção dos artigos na base de dados do EndNote X;
c) Tabulação e análise dos métodos de avaliação de riscos para novos projetos de
investimento, considerando os impactos provocados pelas emissões de gases
de efeito estufa, encontrados;
d) Montagem do questionário para os profissionais de empresa de óleo e gás, com
base na pesquisa bibliográfica, visando identificar os métodos aplicáveis ao
setor de óleo e gás (Metodologia “Survey”);
e) Escolha do método mais adequado para aplicação do método escolhido em
Estudo de Caso (empresa de óleo e gás).
Neste trabalho, aplica – se a metodologia científica de pesquisa qualitativa,
bibliográfica e exploratória, que será seguida de um Estudo de Caso em empresa integrada de
óleo e gás.
2.2 CONSTRUÇÃO DO QUESTIONÁRIO PARA EMPRESA DE ÓLEO E
GÁS
Para a validação do método a ser escolhido de análise de risco dos impactos das
emissões de gases de efeito estufa nos projetos de investimento, para empresa de óleo e gás,
faz-se necessário entrevistar profissionais experientes no tema deste setor, para a definição da
aplicabilidade das diversas ferramentas existentes. Para tanto, construiu-se um questionário e
o mesmo foi aplicado pela Metodologia Survey (Collis, 2005).
As entrevistas foram feitas com apoio de questionário padrão, construído de acordo
com a Metodologia Survey e com dados da revisão bibliográfica e, principalmente, com base
nos aspectos positivos e negativos associados à implantação e execução das metodologias.
A amostra de profissionais, para resposta ao questionário, foi obtida na empresa
integrada de petróleo e gás do Estudo de Caso.
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Além das entrevistas, realizou-se uma análise comparativa dos principais métodos
econômico-financeiros de análise de risco dos projetos de investimento, construindo-se um
quadro com as vantagens e desvantagens da aplicação de cada método levantado.
A partir das respostas do questionário, que se encontra no Anexo 1, e da análise
comparativa dos métodos, foi escolhida a metodologia de custo-efetividade, como a que
melhor se aplica para análise dos riscos das emissões de gases de efeito estufa nos projetos de
investimento em empresas de óleo e gás.
3 METODO DE ANÁLISE CUSTO-EFETIVIDADE PARA
PROJETOS DE INVESTIMENTO
3.1 VALOR PRESENTE LÍQUIDO
A metodologia comumente usada na escolha entre alternativas de projetos de
investimento é a do valor presente líquido de um projeto (VPL) ou “net present value” (NPV)
largamente aceita por analistas financeiros e economistas. No entanto, outros investidores
privados também utilizam metodologias como a da taxa interna de retorno (TIR) do projeto
ou “internal rate of return” (IRR), razão custo-benefício e critério de “pay-back period”.
Segundo a US OMB (1992), o critério padrão para decidir se um projeto pode ser
justificado por princípios econômicos é o valor presente líquido - o valor descontado dos
benefícios esperados monetários líquidos (ou seja, os benefícios menos custos). O valor
presente líquido é calculado pela atribuição de valores monetários aos custos e benefícios,
descontados os custos e benefícios futuros usando uma taxa de desconto apropriada, e
subtraindo a soma dos custos descontados da soma das prestações descontadas. Descontando
os benefícios e custos, transformam-se os ganhos e perdas que ocorrem em diferentes
períodos de tempo em uma unidade comum de medida. Projetos com aumento do valor
presente líquido positivo de recursos sociais são geralmente preferidos. Programas com valor
atual líquido negativo devem ser evitados. Embora o valor presente líquido nem sempre é
computável, os esforços para medir o que pode produzir informações úteis, mesmo quando os
valores monetários de alguns benefícios ou custos não pode ser determinado.
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Segundo Gitman (2002), o VPL é obtido subtraindo-se do valor presente das entradas
de caixa (FCt), descontada a uma taxa igual ao custo de capital da empresa (r), o investimento
inicial (I), conforme demonstrado na equação (1).
VPL = valor presente das entradas de caixa – investimento inicial
Ir
FCn
tt
t
1 )1(
(1)
O administrador financeiro decidirá se aceita ou não aceita um projeto
adotando o seguinte critério (Pessoa, 2006):
- VPL > 0, aceita o projeto; (2)
- VPL < 0, rejeita o projeto. (3)
- VPL = 0, indiferente em aceitar ou não o projeto de investimento. (4)
Segundo Pessoa (2006), o VPL maior que zero significa que a empresa obterá
um retorno maior que seu custo de capital, aumentando assim, o valor de mercado da empresa
e a riqueza dos acionistas.
Para apenas um único projeto a ser apreciado, em que o indicador de
Efetividade (E) está em alguma unidade ambiental e o custo (C), em unidade de valor
monetário, o procedimento usual é a de produzir uma relação custo-efetividade. No entanto, a
Análise de Custo-Efetividade (ACE) não pode ajudar com a questão da existência ou não de
qualquer medida de conservação. Esta questão não pode ser respondida a menos que E e C
estejam nas mesmas unidades de medição.
Ainda segundo US OMB (1992), um projeto tem “custo-efetividade” se, com base na
análise de alternativas concorrentes, está determinado a ter o menor custo expresso, em
termos de valor presente, de uma determinada quantidade de benefícios. A análise de custo-
efetividade também pode ser usada para comparar os programas com custos idênticos, mas
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benefícios diferentes. Neste caso, o critério de decisão é o valor atual dos benefícios. O
programa alternativo, com os maiores benefícios, normalmente, seria favorecido.
Podem ser aprofundadas as variáveis da metodologia de custo-efetividade para a
escolha dos projetos de investimento, considerando as Mudanças Climáticas, ao definir que os
benefícios B, podem ser divididos em benefícios econômicos (Be) e benefícios ambientais
quantificados monetariamente (Ba), segundo Pfeil (2008). Além disto, segundo Giambiagi
(1999), um bem meritório é um bem que, pela sua Natureza, é intrinsecamente público,
mesmo que seu fornecimento seja privado.
Para fins das considerações desenvolvidas neste trabalho, na dedução do Custo-
Efetividade, também podem ser utilizadas as variáveis na seguinte formatação: custo (C),
benefícios econômicos (Be), benefícios ambientais quantificados monetariamente (Ba),
produção de bens meritórios (Q) de valor unitário (P) desconhecido.
O Valor Presente Liquido (VPL) neste caso, para escolha dos projetos, será dado por:
VPL = Be + Ba + P x Q – C (5)
Na situação de indiferença entre realizar o projeto, ou não, seu VPL será nulo. Neste
caso, o valor de P igual a P*, corresponderá ao Custo-Efetividade na escolha do projeto,
focado em Meio Ambiente, em questão.
VPL = Be + Ba + P x Q – C = 0 (6)
P* = (C – Be – Ba) / Q (7)
Na comparação de alternativas de projeto de produção de determinado bem meritório,
serão escolhidos aqueles que apresentarem menor Custo-Efetividade.
3.2 CUSTOS E BENEFÍCIOS ASSOCIADOS A MUDANÇAS CLIMÁTICAS
(CUSTO – EFETIVIDADE)
As seguintes relações entre custos e benefícios associados a Mudanças Climáticas
podem ser consideradas para análise pelo método de custo-efetividade (CERES, 2002):
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3.2.1 Benefícios e custos via fluxo de caixa direto e lucro
Aumento / diminuição da quota de mercado devido à demanda dos usuários para as
tecnologias intensivas em redução de gases de efeito estufa;
Maior vantagem competitiva para bens e serviços provenientes de ações de eficiência
energética e de redução de emissões;
Aumento / redução de custos operacionais para as operações intensivas em gases de
efeito estufa seja através de exigências diretas de redução de gases de efeito estufa ou
taxação de custo elevado devido ao aumento/ redução do custo de combustível e / ou
da energia devido ao carbono “extra”;
Aumento / decréscimo nos retornos de capital de investimento de capital ou de projeto
decorrentes da capitalização adicional de emissões negociáveis, geradas durante o
projeto, ou dos custos antecipados, de ter que reduzir as emissões de gases causadores
do efeito estufa.
3.2.2 Benefícios e custos via reputação ou marca
Prejuízos provenientes de boicote ou ações de protesto de outros consumidores
(especialmente na Europa) às empresas percebidas pelo público em geral como sendo
as principais emissoras de gases de efeito estufa e que parecem refratárias aos esforços
de mitigação ou são "anti-Kyoto" podem enfrentar;
Prejuízos na capacidade da empresa para recrutar pessoal de topo devido à má
reputação que a gestão das mudanças climáticas pode acarretar;
Benefícios provenientes de relações construtivas com os reguladores, as comunidades
locais ou com as outras partes interessadas.
3.2.3 Benefícios e custos via custo de capital
Grandes emissores podem enfrentar acusações de débito/ endividamento por parte dos
investidores conscientes, se medidas de mitigação de emissões suficientemente fortes
não forem contempladas no projeto ou economia empresarial;
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Os prêmios de seguro podem ser forçados para cima para as empresas despreparadas
para tomar as medidas de gestão de risco em torno do tempo de exposição a climas
extremos ou à mitigação de emissões;
Classificação de riscos de crédito pode se tornar comprometida devido à exposição às
mudanças climáticas e aos regulamentos de gestão de risco futuro, se medidas
adequadas não forem tomadas de forma proativa.
4 ESTUDO DE CASO – APLICAÇÃO DO MÉTODO ESCOLHIDO EM
EMPRESA DE ÓLEO E GÁS
Após definida a metodologia do “Custo-efetividade” como a aplicável para empresa de
óleo e gás, para demonstração do processo de cálculo do "custo-efetividade", pode-se avaliar,
como exemplo, a viabilidade econômica de um projeto de investimento que consiste na
substituição de um forno antigo, em uma refinaria de petróleo, por um modelo novo, mais
eficiente, que reduzirá o consumo de energia significativamente e, com isso, haverá a redução
das emissões de gases de efeito estufa equivalentes à esta redução de consumo.
O Estudo de Caso foi desenvolvido em empresa integrada de petróleo e gás, que é a
maior empresa do Brasil e uma das maiores empresas da América Latina em termos de
receitas e com atuação integrada e especializada nos segmentos de exploração e produção,
refino, comercialização, transporte, petroquímica, distribuição de derivados, gás natural,
energia e biocombustíveis. Visando preservar dados confidenciais e não autorizados pela
empresa, os valores utilizados na simulação foram alterados ou foram obtidos no site oficial
da empresa ou em documentos e informações públicas disponíveis na internet.
O ganho direto deste projeto se dá através da redução do consumo de energia no novo
forno, cuja economia deverá ser suficiente para justificar o investimento (CAPEX) e o
adicional de custo operacional (OPEX), em um certo período de avaliação. Contudo, além do
benefício direto, este projeto produz um benefício adicional, um ganho indireto, que é a
redução da emissão de CO2 (benefício ambiental).
No exemplo, trata-se de substituição de equipamento, visando aumento de eficiência
energética.
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Para ilustrar as formulações propostas, foi elaborado um pequeno aplicativo em
planilhas eletrônicas e apresentadas suas telas de simulações e de resultados para algumas
situações hipotéticas.
A viabilidade econômica do projeto é verificada pela análise do resultado do cálculo
do Valor Presente Líquido (VPL) do Fluxo de Caixa Livre (FCL) do projeto, para um certo
período de avaliação, descontado a uma taxa de juros, chamada de Taxa Mínima de
Atratividade (TMA), definida pelo investidor, que compensará o risco do projeto, sendo tanto
maior, quanto maior for o risco. Ou seja, na verificação da viabilidade do projeto, a
expectativa é de que o VPL seja maior, no máximo, igual a zero. Contudo, são avaliados
outros indicadores, como: a Taxa Interna de Retorno (TIR) do FCL do projeto, o Tempo de
Retorno (TR) do projeto de investimento e o custo-efetividade. A unidade monetária usada
será o Real (R$).
Utilizando as premissas econômicas de TMA igual a 12% a.a, em um período de
avaliação de 15 (quinze) anos, em uma situação em que o consumo anual de energia do limite
de bateria da instalação seja de 10.500 MWh por ano, com custo de oportunidade de energia
elétrica de 400,00 R$/ MWh, depreciação linear de 10 anos e Impostos IR e CSLL de 34%,
inflação de 5% e fator de emissividade da energia elétrica de 0,2 tCO2/ MWh. Se a economia
de energia prevista no projeto for de 20%, com um investimento inicial de 4,2 MM R$ e custo
operacional de 12 MR$/ ano (valor constante):
Além disto, a receita anual do fluxo de caixa livre do projeto é calculada como a
quantidade de energia economizada (20% da energia consumida a premissa de economia do
projeto) multiplicada pelo custo de oportunidade de energia, conforme abaixo:
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Tem-se, com isso, o seguinte cálculo anual de VPL para um período de 15 anos de
projeto:
Para esta situação do exemplo, calcula-se o VPL do seguinte modo:
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O retorno do investimento ocorreria no décimo quinto ano, com redução de 0,2
toneladas CO2 equivalente por Megawatthora (MWh) a cada 2100 MWh por ano, totalizando 420
CO2 equivalente por ano de redução de gases de efeito estufa.
É possível determinar o valor de cada estimativa do parâmetro que zera o VPL do
projeto, ou seja, o ponto de reversão, permitindo separar os intervalos de aceitação ou rejeição
do projeto. Este valor é considerado o Custo-Efetividade do projeto.
5 RESULTADOS
Por meio de análise dos métodos de análise de risco, obtidos da revisão bibliográfica,
e, das respostas dos profissionais de empresa de óleo e gás experientes no tema, aos
questionários enviados, leva-se à definição do método mais adequado para considerar as
ameaças e oportunidades das emissões de gases de efeito estufa nas escolhas destes projetos
em empresas do setor de óleo e gás, é o Método de Custo-Efetividade.
Na comparação de alternativas de projeto de produção de determinado bem meritório,
serão escolhidos aqueles que apresentarem menor Custo-Efetividade.
Para a seleção dos projetos do estudo, separados pelo uso de tecnologias de abatimento
de emissões de gases de efeito estufa, eles serão arrumados em ordem crescente de Custo-
Efetividade, estabelecendo-se uma linha de corte em função de restrições orçamentárias e
distanciamento em relação a uma meta voluntária fictícia de emissão de gases de efeito estufa,
a ser determinada.
CONCLUSÕES
A avaliação de projetos indica a viabilidade técnica, econômico-financeiro e sócio-
ambiental do mesmo. Pressupõe o uso de um conjunto de indicadores e de métodos. No
entanto, do projeto de investimento é esperado o retorno financeiro, sob a forma de
rentabilidade, ao acionista. Portanto, não somente é necessária a viabilidade sócio-ambiental,
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sob a forma de investimentos socialmente e ambientalmente responsáveis, mas também um
VPL positivo.
A questão das mudanças climáticas, envolvendo riscos e oportunidades de
investimentos para redução de emissões requer a utilização de um modelo de análise de
portfólio, com cunho de análise de projetos sociais, já que o resultado econômico (VPL) pode
ser negativo. Este modelo poderá dar suporte à Alta Liderança no desenho da estratégia da
empresa, de forma a maximizar seu valor ou imagem, junto ao mercado e à sociedade, mesmo
diante das restrições econômicas.
As emissões de gases do efeito estufa provêm em grande parte do consumo de energia
para a produção dos bens de consumo. A política energética nacional é crucial para atingir os
objetivos der redução de gases de efeito estufa e a atuação conjunta dos países não é
novidade. A União Européia teve um quadro político único para lidar com estas preocupações
com as Mudanças Climáticas. E o desenvolvimento de energias alternativas com baixas taxas
de emissões de CO2 ganhou relevância.
Existem oportunidades de solicitação de créditos de projetos certificados de redução
de emissões de carbono equivalente, no âmbito dos mecanismos do Protocolo de Kyoto, quais
sejam implementação conjunta (IC) ou projeto de Mecanismo de Desenvolvimento Limpo
(MDL). As principais implicações para as empresas integradas de óleo e gás estão em que,
embora as empresas de gás devam receber os benefícios líquidos do aumento da procura por
gás mais limpo, as empresas devem ter o cuidado de contabilizar os benefícios econômicos
para os acionistas pela redução de emissões fugitivas, através de análises econômicas, como,
por exemplo, custo-benefício ou custo-efetividade.
Os efeitos potencialmente danosos da Mudança Climática Global deveriam
proporcionar suficiente motivação para as empresas apoiarem as medidas pró-ativas de
investimentos. Uma variedade de benefícios parece realizável no domínio da indústria de
energia e dos mercados internacionais para empresas familiarizadas com análise de
investimentos de política pública, ou sociais, que considerem o impacto das mudanças
climáticas nos setores industriais.
A partir da aplicação da metodologia de custo – efetividade, pode ser proposta uma
meta voluntária de redução de emissões para as empresas em questão, abaixo da qual os
projetos de investimento são viáveis, já que a sustentabilidade corporativa pressupõe
investimentos socialmente responsáveis.
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