Post on 16-Nov-2018
APRESENTAÇÃOEstamos em uma época em que a rapidez da informação e da comunicação
instantânea é incontestável e isso domina a rotina de nossos jovens.
Sinto muito orgulho de nossa equipe de professores da área de Linguagens, Códigos
e suas Tecnologias pelo incentivo dado aos nossos alunos, levando-os a refletir sobre o
fascinante mundo das palavras, pois é por meio delas que fluem nossos pensamentos e
nos expressamos para o mundo.
Eis aqui o resultado de um trabalho da parceria educador-educando: uma obra
representativa do talento, dedicação e criatividade.
Queridos alunos, sei que farão bom uso desta que é uma das dádivas com que fomos
abençoados: a capacidade de eternizar nossos pensamentos através de registros.
Somos palavras...
Palavra é sentimento.
NEUZA MARIA SCATTOLINIMantenedora e Diretora
SUMÁRIO
XII PRÊMIO JOVEM ESCRITOR
os6 Anos - Fundamental11
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18
18
16
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14
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O SAPO E O ESCORPIÃO - Theodoro Sievers de Barros RochaA VIAGEM PERIGOSA - Manuela Melgar Leite Pereira
O ESCORPIÃO E O SAPO - Gabriela Almeida Junqueira
CRISTIAN E O CAJADO MÁGICO - Pedro Guerra Melo
A RETIRADA - Andrés Luis Sola
A PESCA - Julia Ribeiro Amando de Barros
ERA UMA VEZ - Maria Luiza Fiorito BelliziaMIGLES - Felipe Moreira Nóbrega
A PESCARIA - Rodrigo Garcia de Gáspari Valdejão
UMA AVENTURA DE GÊMEAS - Beina Cautela Tvrzska de Gouvea
O HOMEM E A SECA - Eduardo Schroeder DiasO PADEIRO E O ESTRANGEIRO - Gabriela Acera Lopardo Paes
os7 Anos - Fundamental
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26
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30
29
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26
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21 A ORIGEM DOS LENÇÓIS FREÁTICOS - Giovana Giudice Domingos
OS LIVROS PARA CRIANÇAS - Gabrielle Che Fernandes
A LENDA DE CIPLO - Julia Lacerda Geoffroy
TÂNTALO, O FALSO REI - Rafael Castilho Campos
ÚLTIMO PARAGRÁFO DE HUGO CABRET - Mariana Sati Ribeiro Hirakawa
A LUA QUE NÃO DESMANCHAVA - Gabriela Palermo de Andrade
SACRIFÍCIO HUMANO - Sofia Costa BezerraUM BANQUETE DE VINGANÇA - Maria Fernanda Bertho Huer
A LENDA DOS TORNADOS - Barbara Camelo Gobbo
CONFLITO COM A LUA - Julia de Oliveira El Kadi
A LUA E A ESTRELA - João Guilherme Seabra Hirata
O BANQUETE DOS DEUSES - Larissa Soares Ricci
SUMÁRIO
XII PRÊMIO JOVEM ESCRITOR
os8 Anos - Fundamental33
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44
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OS MORTOS VIAJAM RÁPIDO - PARTE 2 - Lucas Boehmer de Araujo Leite
NÓS MATAMOS JAMES CAGNEY? - Gabriel Simões MissioCONTINUAÇÃO - André Abs Daccache
O VULTO - Aline Arissa TakanoO DIA EM QUE MATAMOS JAMES CAGNEY - Diogo Kenzo Orii
O CORVO - Luiza dos Reis BartoliO VULTO BRANCO - Pedro Caparroz Ferraz de Siqueira
OS OLHOS DO LOBO - Camila Mendonça de Barros Braghee
O DIA EM QUE MATARAM JAMES CAGNEY - Eric Almeida do Carmo
O DIA QUE MATAMOS JAMES CAGNEY - Caroline Uzunian Teixeira de Moraes
T DE TERROR [2°PARTE] - Eduardo Jun Hamassaki Taka
VELHOS E BONS TEMPOS - Clarissa Mediavilla
os9 Anos - Fundamental
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55
52
50
49
48
47A DIFERENÇA DOS IGUAIS - Giovana de Oliveira Cofino
LIVROS - Maria Júlia de Pádua
A VIDA NÃO É DINHEIRO! - Pedro Torao UedaPASSAGEIRO - Mariana Martins Gouveia
SEM NADA - Gabriel Malta ChicaroniUM SORRISO, UM ABRAÇO E UM CARRO - Giovanna Almeida Caffaro
MULHER VALENTE - Juan Martín Sola
ÁGUA FRIA, ÁGUA QUENTE - Elisa de Camargo Soares Pires
MELHORES AMIGOS - Ana Carolina Pereira Caparroz
MINHAS AVENTURAS - Cinthia Beraldo OrenesA MOÇA ENTRISTECIDA - Ana Beatriz de Morais Souza
COTIDIANO - Luana Graziano Martins
SUMÁRIO
XII PRÊMIO JOVEM ESCRITOR
a1 Série - Ensino Médio59
60
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66
66
65
64
62
61
60
ARTIFICIAL - Carolina Vitória Domingos Alves
A NOVA JORNADA - Ana Beatriz dos Reis Bartoli,
BUSCA - Melissa Miwa Yafusso Sunahara
PRIMEIRO DIA, PRIMEIRA AMIGA - Ana Luiza Garcia Jaess da Silva
O SEGREDO DA FELICIDADE - Daniela Lisis Ebel CicivizzoBRILHO - Alice Marques Oliveira
IMPRESSÕES - Lays Trentini ScoonDESVENTURAS DE UM DIA CHUVOSO - Eduardo Garcia de Gáspari Valdejão
UM MUNDO HETEROFÓBICO - Stella Maria Margarita La Regina
FERIADÃO - Ana Beatriz Brito Garcia
ADOLESCÊNCIA - Luana EisencraUM PEQUENO FLOCO DE NEVE - Gabriel Pessoa Mello de Vazzi
a2 Série - Ensino Médio
70
72
74
73
71
69 CONVITE REAL - João Pedro Batemarque Simoes
A GRANDE JORNADA - Isabela Cristina De Bem Fabozzi
O DEMÔNIO DA MEIA-NOITE - Laura Redfern Navarro
A VISITA - Sarah Birenbaim dos Santos
DIS-SIMULAÇÃO - Giulia Costa Moreti
O ARTISTA VISITANTE - Leonardo Baarini Martim
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80
82
79
77
a3 Série - Ensino MédioDE PASSAGEM - Luiza Silva Ayres
18 ANOS - Ana Luiza Cintra Pryzant
ROTINA DO ESP (ERRADO) - Larissa Perosin
VIDA CURRICULAR - Suellen Covellio da Costa
UMA VIVÊNCIA ESPECIAL - Davi Jean Buoro Cassano QUERIA SER UM PASSAGEIRO - Joana Noya Correira Soares
Fundamental6anosos
As várias propostas da aula de redação para os ingressantes do
ciclo Fundamental II em 2017 procuraram desenvolver o universo
narrativo do alunado. A escrita de uma fábula no modelo de Esopo e La
Fontaine instigou os alunos a compreenderem que a história deveria
conduzir o leitor a uma reflexão sobre a moral.
O universo dos contos maravilhosos, repertório do imaginário mundial
já bastante conhecido também foi trabalhado. Após a leitura das
diferentes versões de “Cinderela”, recolhidas pelos fabulistas Charles
Perrault e pelos irmãos Grimm, os alunos foram convidados a inventar
suas próprias histórias. Os contos populares de Câmara Cascudo e de
Patativa do Assaré também serviram de ponto de partida para as
produções de diversos alunos, principalmente a temática do retirante
nordestino e o trabalho com as variantes linguísticas. A canção “Conto de
Areia” de Clara Nunes inspirou textos em formato HQ sobre a deusa das
águas Yemanjá. Parabéns!
Professora Gabriela Fonseca
XII PRÊMIO JOVEM ESCRITOR
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Colégio Domus Sapientiae
UM
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ENAGEM
A ARIANO
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O SAPO E O ESCORPIÃO
Theodoro Sievers de Barros Rocha
Um belo dia, um sapo à beira de uma lagoa ... Ele queria ajudar as pessoas, afinal
este era seu trabalho. Um dia, apareceu um Escorpião por lá e disse:
- Olá, eu sou um humilde escorpião e quero ajuda para reencontrar minha família
do outro lado do lago. Então o senhor poderia me ajudar?
O sapo respondeu:
- Claro, Sr. Eu o ajudo. São só cinco moscas. Então os dois partiram até uma
casinha na beira do lago mas no final o escorpião disse:
- Parece que não vou ter de pagar, amigo. Não deu nem tempo de pensar e o
escorpião pulou mirou o ferrão para matar o sapo. Porém o sapo desviou e o
escorpião caiu no lago e faleceu...
Moral da História: Muito se dá bem quem não mente.
A VIAGEM PERIGOSA
Manuela Melgar Leite Pereira
Resumo da história:Um pescador foi viajar com seus amigos e eles foram atacados por uma
tempestade. Eles encontraram a deusa Yemanjá que disse a eles que os navegantes
iam sofrer pois invadiram seu templo e seus mares. Após algumas semanas, uma
linda mulher encontrou uma garrafa vazia com uma mensagem de ajuda dos homens
que navegavam sobre as águas da Yemanjá.
Falas das Personagens Balão-fala do pescador: Arrumem a vela pois passaremos por uma terrível
tempestade!
Balão-pensamento do pescador na tempestade: De todos
esses anos que naveguei nunca peguei uma tempestade tão
forte assim!
Balão-grito do outro pescador na tempestade: Amigo,
vá ajeitar as velas para conseguimos sobreviver!
Legenda: Ao escaparem da tempestade os pescadores
encontraram o templo da deusa Yemanjá e ela sussurrou:
Balão-sussurro de Yemanjá: Quem ousa invadir meus mares
e meu poderoso templo? Vocês irão sofrer!
Balão-pensamento da moça: Nossa, o que é isso? Uma garrafa? “Nós
fomos capturados e atacados pela Yemanjá. Por favor, nos ajude”.
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CRISTIAN E O CAJADO MÁGICO
Pedro Guerra Melo
Era uma vez um jovem que se chamava Cristian, e seu cavalo super, hiper, mega,
super veloz chamava-se Relâmpago. Eles viviam em um reino distante, e um dia
Cristian não tinha nada pra fazer. Então foi com Relâmpago para uma floresta que era
próxima ao seu reino. Assim que chegou lá, Cristian viu que tinha uma fila de homens
fortes tentando pegar um cajado que há mais de mil anos estava preso entre pedras.
Cristian falou para si mesmo:
- Por que não tentar?
Quando chegou a hora, Cristian, em uma só puxada conseguiu pegar o cajado.
Todos achavam que ele não iria conseguir e... conseguiu! Com toda sua
honra levou o cajado para sua casa. Mas assim que o pegou, seus
olhos ficaram brancos por um segundo, ele viu quem derrotou o
herói passado que tinha o cajado. Esta se chamava “Sétimo
Mago”. O mago queria tanto o cajado que sempre ficava
escondido vendo se alguém conseguiria pegá-lo e, se
alguém o pegasse, iria lutar com esta pessoa. E se o mago
pegasse o cajado, ele faria o mundo virar trevas...
Cristian ficou o dia inteiro tentando entender o porquê do
mago querer tanto aquele objeto mágico. Imaginou alguma coisa
e disse em voz alta:
- Cabra!
E de repente Cristian viu em seu espelho que tinha virado uma
cabra. Então falou:
- Voltar ao normal!
O ESCORPIÃO E O SAPO
Gabriela Almeida Junqueira
Um dia, um sapinho estava nadando em um lago. Sempre foi educado. Ele viu um
Escorpião e falou:
- Olá Escorpião, bom dia!
Então respondeu o Escorpião:
- Não quero conversa! Estou com fome!
Então, o sapinho disse a ele:
- Tudo bem, Escorpião! Tchau!
O Escorpião gostava de presas grandes. E assim como tinha dito que estava com
fome, foi logo atacando o Sapinho e:
- Nhac! - O Escorpião então mordeu o Sapinho e foi embora.
Moral da História: Não fale com estranhos antes de conhecê-los!
XII PRÊMIO JOVEM ESCRITOR
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E voltou ao normal. Cristian reparou que com o cajado ele virava o que quisesse.
Ele decidiu que iria bem de madrugada naquela floresta, mas desta vez sem ninguém.
Quando ele chegou a um certo ponto, Cristian viu o Sétimo Mago. O feiticeiro falou:
- Você até que tem o dom de saber como se controla os poderes com este cajado.
Né, CRISTIAN?
Cristian respondeu:
- C... Co...Como sabe meu nome?
O mago respondeu:
- Tenho o dom - disse. Ser mago tem seus momentos bons e ruins. Ah, é verdade...
não te apresentei a minha poção que faz eu virar um dragão. Bem que agora você
sabe. Assim que o mago terminou de falar ele bebeu sua poção, logo virou um dragão.
Cristian gritou:
- Dragão de 3 cabeças! - E assim, virou um dragão de 3 cabeças. Depois de muita
batalha Cristian saiu vitorioso e gritou:
- Voltar ao normal!
Assim que voltou ao reino, todas as pessoas o aplaudiram por ter salvado sua
cidade que este mago sempre aterrorizou.
Com o mago preso, todas as pessoas viveram felizes para sempre, também
contando com a ajuda de Cristian.
A RETIRADA
Andrés Luis Sola
Em um dia no campo mia mãe veio me chamá:
- Levanta. O campo está seco, vamo tê que escapá.
Não entendia o que acontecia. Arrumei as malas e fomos caminhá. Eu ia de cavalo,
mia mãe levando meu irmão e meu pai com um chicote para os
animais assustar. Depois de uma larga caminhada, paramos em
um lugá. Meu pai confuso disse:
- Oxente , aonde nóis foi pará?
- Parece o sul –disse a mia mãe.
Mia mãe tia razão. Era sul, longe do torrão natá. Vi uma
casa e comecei a chorá. Com sodade de nossa casa e do
nordeste, não dava para aguentá.
Hoje nas terras do sul, me lembro da larga caminhada para
achá nosso lar.
Colégio Domus Sapientiae
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A PESCA
Julia Ribeiro Amando de Barros
Resumo da HistóriaUm dia, Yemanjá notou que seus peixes estavam sumindo. Todos os dias. Ela
chamou todas as sereias para nadarem ao mesmo tempo, para o mar mexer muito.
Os barcos viraram e muitas pessoas se machucaram. Nunca mais ninguém pescou.
Falas das PersonagensBalão-fala do pescador:
Ótimo! Hoje já conseguimos 80 peixes! Maravilha!
Balão-pensamento do pescador na tempestade:
Nunca mais vou pescar! Eu juro! Me desculpe Yemanjá!
Balão-grito do outro pescador na tempestade:
SOCORRO! Alguém me salva? URGENTE. Nunca mais volto no mar de novo!
Legenda:
Os barcos se mexiam muito! Todos estavam muito assustados!
Balão–sussurro Yemanjá:
Os meus peixes estão sumindo! Oh, não!
Balão pensamento da moça:
Nossa! Quantos peixes têm aqui?
ERA UMA VEZ
Maria Luiza Fiorito Bellizia
Era uma vez, um reino que foi atacado. A princesa foi raptada e o príncipe estava
super preocupado, ninguém sabia aonde ela estava e todos diziam: “e agora o que
faremos?” O príncipe convocou seus cavaleiros e disse: “vamos achar
minha princesa” e então partiram. Depois que partiram e não
acharam nada nas redondezas foram procurar na floresta e logo
no começo da floresta tinha desafios muito difíceis. Primeiro ele
teve que lutar com uma árvore encantada e depois da luta
perdeu vários cavaleiros. Ele não sabia quem tinha
encantado a árvore e então falou para seus cavaleiros:
”quem deve ter encantado a árvore não deve estar longe”.
Depois de alguns minutos do ocorrido aconteceu alguma
coisa inesperada: acharam um rio muito grande e lá viviam sereias
muito más. Assim o príncipe disse: “Foram vocês que enfeitiçaram a
árvore?”. Elas falaram: “Claro que sim”. O príncipe ficou com a dúvida de
como eles iam passar por lá. Então fizeram uma canoa e conseguiram
passar por ali com os cavalos, mas vários homens se deixaram levar
pela beleza das sereias e morreram.
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Enfim chegaram numa ponte onde debaixo tinha um ogro então ele disse: “Se
quiserem passar terão que matar as charadas”. O príncipe disse desesperado: “Quais
são?” O ogro respondeu: “O que é, o que é: cai em pé e corre deitado?” O príncipe
pensou e disse: “Chuva”. O ogro ficou com raiva e disse: “Sim.”
O ogro disse a outra charada “O que é, o que é: tem dente mas não tem boca?” O
príncipe nem precisou pensar e disse: “Alho, claro!” O ogro ficou vermelho de raiva e
disse a última charada. “O que é, o que é: tem coroa mas não é da realeza?” O príncipe
pensou e pensou...então disse “Abacaxi”. O ogro bufou mas deixou eles passarem.
Eles andaram mais um pouco e encontraram a princesa morta e a levaram para a
caverna mais próxima. Por sorte tinha uma bruxa boa que ressuscitou a princesa. A
princesa se casou com o príncipe e a bruxa foi convidada para ser a primeira ministra.
Todos viveram felizes para sempre!
MIGLES
Felipe Moreira Nóbrega
Era uma vez, em uma floresta encantada, uma vila de gnomos chamados migles.
Eles tinham um amuleto mágico muito poderoso. Então eles guardavam o amuleto
para que ninguém o pegasse. Um dia, porém, enquanto todos os migles estavam
dormindo, um ogro alto que vivia debaixo da terra, debaixo da vila dos migles,
secretamente roubou o amuleto para alguns dias depois destruir o planeta.
No dia seguinte, todos os migles acordaram e perceberam que o amuleto não
estava onde eles guardavam. Então o procuraram, procuraram, mas não acharam.
Até que acharam pegadas enormes e um túnel levando a uma caverna na terra. Eles
entraram no túnel, até que viram de quem eram aquelas pegadas: de um ogro
gigantesco. E foi ele quem tinha pego o amuleto!
Então eles bolaram um plano: iam pegar garrafas de vidro em
sua vila e arremessá-las na caverna do ogro, fazendo elas
quebrarem para que o ogro fosse ver de onde vinham aqueles
barulhos. Enquanto isso, algum gnomo iria pegar o amuleto
quando o ogro não estivesse olhando.
Eles pegaram algumas garrafas em sua vila e foram pra
caverna. Então um migle sussurrou:
- Agora!
Eles começaram a arremessar as garrafas e o ogro foi ver de
onde vinham aqueles barulhos. Enquanto isso, um migle desceu na
caverna, pegou o amuleto e gritou:
- Morra, maldito ogro!
Então, o migle fez uma magia e o ogro foi morto.
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UMA AVENTURA DE GÊMEAS
Beina Cautela Tvrzska de Gouvea
Era uma vez no reino de Ávila, duas princesas, gêmeas idênticas, ambas morenas
de olhos azuis escuros, cabelos ondulados, pele clara, muito bonitas e inteligentes.
Porém uma delas a Gabriella, era brava, relaxada e se irritava facilmente. Já a Mirella
era dócil, gentil e muito organizada. Elas sempre brigavam,
sempre discordavam sobre o reino. Certo dia Mirella comentou:
- Olha Gabi, eu só quero comentar e não arranjar briga, mas
eu acho que você deveria se importar mais com o nosso
reino.
- Você não queria arranjar briga, mas vai arranjar e uma
das grandes, as únicas pessoas que mandam em mim é a
mamãe e o papai, tá legal ?
- Tá, mas se não se importar mais com o reino, não irão querer
mais você como princesa!
- Se eu não tivesse você como gêmea eu seria bem mais feliz!
- Digo o mesmo!
Então de repente apareceu uma fada, a fada Lúcia , que falou:
- Oi princesas, eu sou ...
A PESCARIA
Rodrigo Garcia de Gáspari Valdejão
Resumo da história
Uma tripulação foi pescar. Todavia...algo ocorreu. Uma tempestade fez com que
os pescadores fossem pro meio das águas de Yemanjá. Muitos morreram, porém
apenas uma sobreviveu.
Falas das personagens
Balão-fala do pescador:
- Bela pescaria, marujos. Devemos manter o ritmo!
Balão-pensamento do pescador na tempestade:
- Adeus, marujos. Por favor, não se esqueçam de mim.
Balão-grito do outro pescador na tempestade:
- Já perdemos muitos. Não podemos perder mais nenhum!
Legenda:
Depois da tragédia ocorrida, algo inusitado ocorreu.
Balão-sussurro de Yemanjá:
- Perdoai-me! Deveria tê-los ajudado.
Balão-pensamento da moça:
- Adeus, meu amor. Eu não vou mais voltar para você.
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XII PRÊMIO JOVEM ESCRITOR
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A ARIANO
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- Espera, quem é você? – Gritou Mirella.
- Então era isso que eu ia dizer ... – Continuou Lúcia.
- Mas você é uma fada? - Perguntou Gabriella.
- Sim, sim, mas como eu ia dizendo...
- Mas espera... - Mirella comentou.
- Se vocês não pararem de falar agora eu vou embora!
- Não, não... fica! – Gritaram as duas.
- Fada bravinha – Sussurrou Gabriella.
- Então tá bom! Bibid , bobid , bu!
Ao amanhecer, Gabriella acordou numa casa de palha; Já a Mirella acordou no
castelo. Uma se lembrava da outra, mas não sentiam saudade. Quando Gabriella foi
tomar café da manhã falou:
- Bom dia mãe, tudo bem?
- Não! Você acordou muito tarde, então vai ter que fazer tudo correndo.
- Ok!
Já Mirella, quando foi pro café da manhã viu sua lista de tarefas maior e
perguntou:
- Por que a lista está enorme, Frederic? - Frederic era o mordomo.
- Como assim, princesa? Sempre foi deste tamanho!
- Ou, é claro, desculpa.
- Tudo bem, princesa.
Ao final do dia, as duas desejaram ser irmãs de volta e num piscar e olhos tudo
voltou ao normal. As duas se abraçaram e nunca mais brigaram.
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O PADEIRO E O ESTRANGEIRO
Gabriela Acera Lopardo Paes
Era uma vez, lá no centro do nordeste, um homem estranho que estava indo à
padaria da cidade. Quando chegou lá, perguntou ao padeiro:
- You have a meat? - e o padeiro, sem entender o homem, respondeu - Senhor, não
tô entendeno ocê. Voismicê está doente? Qué que eu chame o dotô? - e o homem
persistia com a pergunta:
- You have a meat?
Logo após isso o padeiro foi chamar o doutor, para examinar o cliente:
- Ô dotô!!! Tem um hómi aqui!— e o doutor respondeu—
estou indo!
Quando o doutor chego na padaria, o estrangeiro fez a
mesma pergunta, só que para doutor:
- You have a meat? - e o doutor respondeu - We have!
E o padeiro falou:
- Ô dotô, o sinhô está doente também? - e o doutor
respondeu - Primeiramente, os doutores não ficam
doentes e segundamente, o cliente só estava querendo
saber se você tinha carne.
E o padeiro respondeu:
- Senhor, aqui sua carne, e não volte mais falando
“ingrês”, só volte quando falar caipira como eu.
O HOMEM E A SECA
Eduardo Schroeder Dias
Era uma vez um homem nordestino que vivia em um campo. Ele tinha um cavalo,
uma vaca e um boi. Um certo dia no verão, estava ocorrendo uma seca quando o
homem falou:
- Ai, meu Jesus! Será que consigo sobrevivê a isso?
Então o homem se retirou de lá com os seus animais.
No caminho encontrou um buraco gigante e com as madeiras que trouxe do
campo construiu uma ponte bamba. Ele passou junto com os animais e falou:
- Nós conseguimos!
Continuaram andando e quando estavam quase mortos de fome acharam um
poço mágico que dava comida e água infinitamente, e o homem gritou:
- Finalmente!
Então ele construiu um campo lá, achou mais animais e organizou uma fazenda. E
assim todos viveram felizes para sempre.
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Fundamental7anosos
Professora Gabriela Fonseca
A primeira proposta da aula de redação em 2017 convidou os alunos osdos 7 Anos a imaginarem um dos suplícios vividos pelo mitológico
Tântalo. Em um segundo momento, a imaginação dos alunos foi aguçada
com a proposta da investigação de panteões de deuses os mais variados,
entre eles os egípcios, vikings, esquimós, chineses, indianos e até
japoneses para que pudessem inventar lendas autorais. A lenda
pressupõe que uma história atrelada à vinda de um deus original explique
um fenômeno da natureza. A experiência produziu resultados dos mais
clássicos aos mais inusitados.
Finalmente os alunos encontraram um espaço mais poético de criação
a partir do mote da filmografia de Hugo Cabret e a história do cinema.
Parabéns 7º ano!
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A ORIGEM DOS LENÇÓIS FREÁTICOS
Giovana Giudice Domingos
Diz a lenda que filha de Ukuthula e Yadin, Mahan, que acabara de ficar noiva de
Pongo, caminhava com este na beira do belo lago das redondezas. Os pais de ambos
concordaram com o noivado, já marcando a data da cerimônia.
O grande dia chegou. Mahan usava um vestido de pele de zebra e Pongo um traje
de penas de avestruz. Com as alianças trocadas, o recém casal foi comemorar a data
importante dando uma volta na mata. Já havia escurecido, e sem se dar conta do que
havia no caminho, Mahan caiu em um buraco profundo, enquanto chamava pelo
marido.
- Pongo, socorro! Meu amor...! - gritava desesperada.
O jovem tentou buscar ajuda, mas ninguém o ouvia. Decidiu então pular no buraco
para tentar salvá-la, mas não a encontrou com vida. Não aguentando o sofrimento
pela perda da amada, começou a chorar, sem conseguir pensar em mais nada além do
ocorrido. Acredita-se então, que os lençóis freáticos de hoje em dia, são resultado
das lágrimas derramadas por Pongo.
OS LIVROS PARA CRIANÇAS
Gabrielle Che Fernandes
Na minha opinião, um livro para ser interessante, precisa ter um conteúdo bom,
precisa ser um livro em que a pessoa sinta seus sentimentos através da leitura.
Não acho que seja um livro interessante, aquele que não nos faz refletir e nem
pensar sobre o assunto tratado. Acho que quando você gosta do que você leu, você
não leva a reflexão apenas para um jantar de família, e sim para a vida toda. Um
exemplo de livro que eu li e me fez refletir profundamente sobre temas da vida, como
obstáculos que enfrentamos, problemas familiares, como é uma
vida de adolescente, foi o livro ”Carta de amor aos mortos”, que
apesar de todos os problemas enfrentados, a personagem
principal enfrenta as dificuldades.
Além disso, acho que quando uma obra é escrita com o
objetivo de focar no público infantil, ela deve ser escrita com
muita coerência, e que até os adultos gostem, pois não é porque
somos crianças que não temos opiniões formadas sobre livros,
se gostamos ou não. O que faz com que gostamos do livro é sentir
que nós crianças, somos importantes na literatura e que os livros infantis
não foram escritos de uma hora para outra, com um conteúdo “bobo”.
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A LENDA DE CIPLO
Julia Lacerda Geoffroy
Há muito tempo atrás, um rei vaidoso e desobediente estava obrigando sua filha
Gisele a se casar com um príncipe , que ela não gostava e achava ridículo . Gisele se
lembrava bem que quando sua mãe morreu o príncipe havia falado coisas terríveis
sobre ela e que tratava sua filha muito mal. Enfurecida com isso Gisele quis ir atrás
dele e forçá- lo a nadar no rio gelado. E por vingança o príncipe convenceu o rei
Marcos (pai de Gisele) a casar- se com ela.
A princesa super brava quis fugir para a floresta sombria onde ninguém nunca a
encontraria. Mas no caminho ela tropeçou e desmaiou imediatamente quando seu
corpo chegou ao chão. Quando acordou ela viu que estava em um ninho grande em
cima de uma montanha. E quando ela tentou sair o Ciplo estava atrás dela. Gisele
gritou:
- Socorro, Socorro alguém me ajuda!
- Socorro, Socorro alguém me ajuda!
E enquanto gritava ela havia saído do ninho em direção ao abismo. Gisele mal
fechou os olhos e ao perceber havia caído, Ciplo pulou da montanha e a salvou. Ao
chegar no chão a princesa havia entendido tudo, ele não pretendia matá-la e sim
ajudá-la, E então agradecida disse:
- Obrigada por salvar minha vida. Sinto muito ter gritado. — O Ciplo arregalou os
olhos e disse:
- Sem problemas, todos que me veem ficam com medo e fogem. — A princesa
não podia acreditar:
- Você fala??? eu não sabia que bestas podiam falar!
Ciplo sorriu:
- Se quiser, você poderia ser minha amiga . É tão raro ter amigos
com quem se possa brincar. - A princesa pensou um pouco, mas
por que não aceitar? Afinal ele salvou sua vida. Então Gisele
falou:
- Sim, será um prazer ser sua amiga! - E então Ciplo e a
princesa viraram amigos . Eles se divertiam muito! Às
vezes Ciplo ficava irritado com pequenas coisas, mas nada
que a amizade entre eles não fosse suficiente para ajudá-lo a
superar a raiva. E enfim 25 anos depois o rei faleceu , doente . E
com sua morte o príncipe que procurava por Gisele havia 25 anos a
encontrou. Gisele estava bebendo água no rio e quando se virou o
príncipe a agarrou.
- Você vem comigo! Agora que seu pai faleceu você irá se casar
comigo! E desta vez você não conseguirá fugir!
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A princesa gritou o mais alto que podia, mas prenderam ela e a levaram e
enquanto voltava para o castelo Ciplo estava correndo o mais rápido que podia para
salvá-la, mas os cavaleiros do príncipe atiraram flechas no Ciplo até ele parar. E
atiraram tantas, que uma conseguiu atingi-lo e apagá-lo . Ele conseguiu ouvir a última
palavra de Gisele:
- Eu vou voltar, Ciplo , não importa quanto tempo demore eu vou voltar! - E então o
Ciplo apagou de vez, e a princesa foi embora.
E até hoje dizem que ainda se pode ouvir o rugido alto, forte e triste do Ciplo
desesperado pela princesa Gisele que nunca mais voltou.
TÂNTALO, O FALSO REI
Rafael Castilho Campos
Certa vez, Tântalo estava com vontade de comer algo diferente, algo cujo o sabor
era indescritível até mesmo para deuses. Lembrou-se dos contos de quando era
criança, da “Fruta proibida do Olimpo.” A história dizia que existia uma fruta, que o
sabor era deveras indescritível por todos. Unia o “amargo” e juntava ao doce, criando
algo que dá uma sensação boa de relaxamento, porém, ela tinha um segredo.
A vontade tomava conta de seu corpo. Então decidiu viajar para pegar apenas
uma fruta, cujo o nome é Ambrósia. Pegou sua mochila e pôs-se a caminhar ao monte
Olimpo, onde poderosos deuses reinam. Chegando ao portão, Tântalo, entrou
sorrateiramente, e avistou a luz resplandecente dos frutos aos seus olhos. Mas
Zeus, já estava a observar Tântalo desde o início de sua decisão, porém ficou calado,
pois sabia os males que a Ambrósia trazia ao corpo de um mero insignificante mortal.
Tântalo pegou a fruta e fugiu, levando-a ao seu reino, ou seja, a fruta e sua
ignorância. Após chegar em Frígia, tirou rapidamente a fruta de sua mochila, e sem
perguntas começou a comer. Sentia o gosto, e realmente, ela era
exuberantemente esplendorosa. Porém, cinco minutos depois,
começou a sentir uma sensação ruim; sentiu a “morte” chegando
ao seu lado, por assim dizer.
Tântalo morreu por sua ignorância e pensamentos
ruins, pois sabia o que acontecia ao mortal que comia a
fruta, mas não acreditava, pois pensava que era uma “história”.
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ÚLTIMO PARAGRÁFO DE HUGO CABRET
Mariana Sati Ribeiro Hirakawa
Isabelle e Hugo prenderam a respiração. O homem mecânico molhou a pena e
começou a desenhar. No início pareciam só rabiscos, mas aos poucos foi formando
um mapa, um mapa da cidade. Depois, o robô desenhou uma rota, da casa de Hugo à
biblioteca. Em baixo do mapa, o androide começou a escrever, uma mensagem de seu
pai:
- Caro Hugo, se está lendo isso, é porque conseguiu completar o robô. Este mapa
que leva até a biblioteca é a minha resposta para uma de suas mil perguntas. Ao
chegar lá, vá no setor onde eu te levava quando você era pequeno. Puxe para trás um
livro que nós sempre pegávamos para ler. Uma passagem se abrirá e lá...
De repente, o androide parou de funcionar. Imediatamente, Isabelle tentou rodar
novamente a chave, mas nada adiantou, então Hugo se alarmou:
- Teremos que ficar só com isso, pois se forçar muito, ele pode quebrar— disse ele
decepcionado. Assim foram os dois para a biblioteca. Chegando lá Isabelle pegou o
pulso de Hugo e disse:
- Hugo, seu pai disse que você sabia o setor, então qual é?
- Hugo pensou, pensou e disse:
- Setor de engenharia! Claro.
- Mas qual? - disse a menina angustiada.
- O maior e mais pesado que tiver.
E lá foram eles para o setor de engenharia, olharam para os lados, para saber se
alguém os espiava. O livro era de fácil alcance, pois estava numa prateleira baixa,
porém era muito pesado. Puxaram-no. Magicamente a estante abriu uma passagem.
Maravilhados Hugo e Isabelle entraram rapidamente. Ao entrar, tiveram que descer
uma escadaria escura, cada um tendo que segurar uma vela para não
cair. Ao chegar no fim da escada, havia um quarto com uma mesa e
duas cadeiras. Em cima da mesa, havia uma carta em nome de
Hugo. Novamente a carta havia sido escrita pelo seu pai.
"Caro Hugo, fico feliz em saber que seguiu minhas
instruções, mas, enfim, vou responder sua pergunta:
Como o colar de Isabelle se encaixa no nosso robô? Há muito
tempo atrás a mãe de Isabelle era nova na cidade, ela estava tão
maravilhada com a beleza da cidade que não viu uma carruagem
na sua frente. Então, foi atravessar a rua e por muito pouco a
carruagem não a atropelou. Graças a mim, que a salvei ao empurrá-la da
frente da carruagem. Daí nasceu uma grande amizade entre nós.
Passaram-se anos e ela teve que voltar a seu país natal. Como eu já
tinha planos do robô, dei a ela a chave da minha invenção que ela
guardou em um colar que deu a Isabelle.
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Assim, ela passou a chave para Isabelle, filho. Nunca contei isso antes, pois não
sabia se estava preparado para saber que tinha dado a chave a uma "estranha".
Isabelle e Hugo estavam chocados com essa revelação, mas tiveram que seguir
suas vidas sem contar para ninguém do robô, pois se alguém soubesse poderia usá-
lo para o mal.
Por muito tempo, Hugo e Isabelle continuaram construindo juntos novos
androides e se tornaram grandes amigos.
A LUA QUE NÃO DESMANCHAVA
Gabriela Palermo de Andrade
Em uma bela noite, vivia no céu uma bela e brilhante lua. Ela brilhava tanto, que
causava muita inveja nos observadores. Porém em uma certa noite, muitos arqueiros
lançaram flechas, para ofuscá-la.
A lua tinha muitos amigos e amigas: as estrelas. Para sua proteção toda noite uma
estrela sacrificava sua vida, se jogando do céu para fingir que as estrelas caídas eram
pedaços da Lua que se desmanchava.
Com o passar dos dias o céu havia ficado sem luz, os arqueiros perceberam que
no céu havia somente uma luz, a da Lua, bolando assim um plano: jogar uma bomba na
Lua para apagá-la de vez; porque eles estavam cansados de ver um brilho no céu.
Eles então começaram a preparar a bomba. Ajusta fio, coloca fio, tira fio, põe o
tempo, diminui o tempo, ajusta a gravidade, levanta o sensor, abaixa o sensor...E
como eles demoraram...
Até a bomba ficar pronta. Arremessaram-na em direção a lua e POFT! Um pedaço
imenso da Lua caiu na terra. A lua não perdeu a luz, e sim somente um pedaço. A sim
passaram a chamá-la de meia-lua. Os arqueiros desistiram pois perceberam que a
Lua é muito forte e grande, ela é quase imortal.Colégio Domus Sapientiae
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SACRIFÍCIO HUMANO
Sofia Costa Bezerra
Em Frígia (Lícia), o deus Tântalo, foi convocado a fazer um banquete aos Deuses.
Neste banquete deveria ter a melhor carne, fruta e vinho. Tântalo navegou à procura
dos alimentos nos quatro oceanos. Após a sua longa viagem, Tântalo se lembrou da
carne. Ele não sabia onde encontrar uma carne tão macia e saborosa aos Deuses.
Então ele pensou que poderia usar a carne de um de seus filhos. Logo pensou em usar
a carne de seu filho mais gordo, Pélops. Todo dia ele perguntava a Pélops:
- Meu filho querido, você não gostaria de mais um prato de seus alimentos
preferidos?
Pélops sempre aceitou, pois o pai nunca lhe oferecera um prato adicional de
comida. Aos poucos, Pélops foi ficando mais gordo. Um dia antes do evento, Tântalo
chamou o seu filho na cozinha, pedindo ajuda a preparar o banquete:
- Pélops! Preciso de ajuda para preparar o banquete!
Pélops saiu correndo em direção à cozinha. Ao entrar na cozinha, Pélops não
encontrou o seu pai e logo foi procurá-lo. Enquanto Pélops ficou procurando o seu pai
nos armários, Tântalo o atacou pelas costas, matando-o na hora.
Quando já estava na hora de começar o banquete, a deusa Deméter percebeu que
o formato e o cheiro da carne estavam estranhos. Ao provar a carne que Tântalo havia
trazido, ela logo percebeu que era carne humana. Então o acusou de assassinato e
trouxe de volta à vida do filho de Tântalo, Pélops, em perfeito estado.
UM BANQUETE DE VINGANÇA
Maria Fernanda Bertho Huer
Tântalo, filho de Zeus, tinha tanta inveja de seu filho Pélops, que mais novo que o
pai já tinha mais conhecimento, mais fama, mais conquistas. Em
um belo dia Tântalo resolveu se vingar do seu filho, pensou,
pensou... E disse:
- Ahh, vou encantá-lo com uma bela ninfa, e em seguida
dar o troco!
Dito e feito, lá se foi Tântalo buscar uma ninfa para
apresentar ao seu filho! Mas seu plano não deu certo. Pélops
não se encantou com a ninfa!
- E agora? - Disse Tântalo. Na manhã seguinte, ele acordou
com uma grande ideia.
- Vou sacrificá-lo e dar de comida para os deuses! — Exclamou o
homem vingativo. O pôr-do-sol estava a chegar e o pai avistou seu filho
e, para atraí-lo, Tântalo começou a tocar uma bela música, e Pélops
seguia a música.
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A LENDA DOS TORNADOS
Barbara Camelo Gobbo
Há muito tempo atrás, numa caverna escura e sombria, vivia uma criatura metade
jaguar e metade cobra. Seu nome era Canécoguar e ela vivia em função de proteger
seus ovos e de proteger a pedra mágica dos desejos. Essa pedra poderia lhe
conceder qualquer desejo, não importava o quão malvado, cruel ou egoísta ele fosse.
Certa noite, os ovos da criatura começaram a eclodir. Assim, Canécoguar desviou
a atenção da pedra para os filhotes. Aproveitando-se da situação, Vulpes Non a
arquinimiga de Canécoguar que era uma raposa com asas de borboleta, entrou em
silêncio e pegou a pedra. Mas, assim que a protetora se virou, viu a ladra voando com
o objeto e com uma flor nas mãos. Então ela começou a rastejar atrás dela até chegar
num campo que havia do lado da caverna.
Depois de muito persegui-la, Canécoguar avistou uma criatura com cabeça de
anta e corpo de mulher enfurecida, pois também havia sido roubada por Vulpes Non.
Elas se uniram e cercaram a raposa-borboleta, obrigando-a a subir para cima em
círculos, já que suas asas eram muito fracas.
Enfurecidas, elas uniram seus poderes e formaram um forte
vento que ganhou o nome de tornado. Sem forças, Vulpes Non
caiu e antes que ela pudesse se levantar, as duas pegaram seus
pertences. Para castigá-la, jogaram-na na floresta abandonada.
Após toda essa confusão, elas voltaram para suas vidas
normais.
Dizem por aí, que foi assim que surgiram os tornados.
Chegou um certo local onde não havia mais nenhum som e foi aí que Tântalo
pegou seu filho e o sacrificou. Tarde da noite chegou a hora do banquete, todos os
deuses reunidos esperando a “deliciosa” comida que Tântalo iria preparar.
E finalmente a hora chegou! Serviram o banquete e quando viram era Pélops
sangrando. Todos assustados lhe perguntaram o que estava acontecendo. Os
deuses todos com desconfiança por causa do gesto de Tântalo. A única que comeu
foi Deméter.
E enfim Tântalo tornou-se o deus da vingança.
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CONFLITO COM A LUA
Julia de Oliveira El Kadi
No céu tinha vários astros, muitos mesmo, mas tinha um em particular que
chamava muita atenção para os humanos, que paravam para observá-la quando
estava presente: a Lua.
Naquele momento, estava tudo em ordem: a Lua estava cheia e brilhante
chamando atenção, e os outros astros, como planetas, estrelas e cometas
continuavam em sua órbita sem nenhuma admiração. Por todo o céu se ouvia fofocas
a respeito da Lua:
- A Lua é exibida, quer toda a atenção focada nela, fica se achando por conta do
seu tamanho e brilho! - Os astros ficavam furiosos com a Lua, por inveja e falta de
reconhecimento.
Um certo dia, os astros estavam efetuando seus respectivos trabalhos, quando
algo nunca visto antes pelos astros atingiu a gigantesca Lua! Todos foram observar o
ocorrido, quando criaturas saíram de dentro de um estranho objeto, e todos ficaram
assustados com a presença dos humanos no céu. Uma mera estrelinha observou o
ocorrido, e chamou os astros para falar o seu plano:
- Vocês estão cansados de não serem valorizados? - todos fizeram sinal de “sim”
com suas cabeças - então por que não aproveitamos que a Lua está frágil por causa
de ter sido atingido, para derrotá-la?
Nenhum deles concordou, e suas desculpas eram:
- Isso vai nos causar problemas! - A estrela ficou enfurecida, e gritou com todas
suas forças:
- SEUS COVARDES FRACOTES!
Todos seguiram seu caminho, menos a estrelinha, que foi enfrentar a Lua. A
pequena estrela ficou ao redor da Lua, dando socos e tapas, até que a
Lua sentiu um leve incômodo, e falou:
- Você pode parar, está me irritando!
A estrelinha, ainda tentando derrotá-la falou:
- Isso não é justo! Por que você tem toda a atenção
voltada para você?
A Lua nem ligou, apenas juntou-se a estrela, e ganhou
mais brilho! Com isso tiramos duas conclusões: uma mera
estrelinha perdeu a vida por falta de amor e reconhecimento, e
descobrimos como a Lua se tornou tão grande e brilhante, se
aproveitando dos outros.
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A LUA E A ESTRELA
João Guilherme Seabra Hirata
Certo dia a lua estava com sua luneta olhando para uma linda cidade, procurando
algo interessante para ver. Até que ela se deparou com um filme lindo que estava
passando no cinema. Era um filme engraçado, que contava a história de uma pequena
estrela que não tinha namorado.
A lua ficou encantada com a história desse filme, mas era um filme meio triste
pois a estrela era muito solitária. Com isso ela ficou com pena da estrela e queria lhe
fazer companhia, mas não podia pois ela era só uma encenação em um filme. Mesmo
sabendo que a estrela não era real, a lua todas as noites pegava sua luneta e via o
filme e sempre quando ela assistia, achava que a estrela estaria do seu lado para lhe
fazer companhia.
Até que em uma noite como as outras a lua foi ver o filme, mas quando pegou a
luneta e apontou para o cinema, o filme não estava mais passando lá. Depois disso a
lua ficou muito triste, e durante noites ela nem sequer tocou na luneta para ver se o
filme tinha voltado. Algum tempo se passou a lua pensou com se espírito valente e
corajoso: Já que não posso mais ver minha querida estrela lá embaixo no cinema, vou
procurar a estrela mais solitária aqui no céu e lhe fazer companhia.
Assim começou a sua busca. Pegou sua luneta e olhou de estrela em estrela e
depois de um dia ela encontrou a estrela mais solitária. A lua chegou até ela e puxou
um assunto e depois de algumas horas já eram melhores amigas.
Depois de um mês eram namorados e depois de um ano eles se casaram. Com a
lua fazendo companhia uma estrela solitária se sentiu realizada e viveu com a sua
amada até ela se apagar.
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O BANQUETE DOS DEUSES
Larissa Soares Ricci
Na Grécia Antiga, Tântalo, filho de Zeus pediu a seus filhos Níode, Dascilo e
Pélops, que fossem numa missão. Explicou-a a eles:
- Quero que tragam a mim, cada um uma cabeça de Cérbero, mas não se
esqueçam, aquele que tiver coração puro não conseguirá.
- Isso não irá acontecer, o senhor nos criou muito bem! —Exclamou Dascilo.
- Iremos enfrentá-la com a mesma coragem que nos deu. - Disse Níode com o
peito estufado.
Então eles foram ao submundo e lá encontraram Hades, deus da morte, e
proporam:
- Oh... grandioso Hades nosso pai fará um banquete que roubará grande parte dos
poderes dos deuses do Olimpo, e se aceitar, dividiremos esse poder com você e sua
esposa, porém isso só funcionará se tivermos as três cabeças de Cébero.
Antes que ele pudesse rejeitar a proposta, sua esposa, Perséfone, sussurrou em
seu ouvido:
- Se aceitar seremos os deuses mais poderosos.
Então Hades aceitou a proposta. Dascilo e Níode arrancaram as duas cabeças
sem dificuldade. Quando foi a vez de Pélops... ele não conseguiu, pois quando ainda
era um bebê, Afrodite abençoou seu coração tornando-o puro. Desapontado voltou
para a casa de mãos vazias, e seu pai ordenou que seus irmãos fossem pegar a última
cabeça gritou:
- Estou decepcionado esperava mais de você!
- Como castigo Tântalo serviu ele de entrada e as cabeças de prato principal,
conseguindo assim se livrar de Hades e sua mulher que fugiram assustados, se
tornando o mais poderoso dos deuses
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Fundamental8anosos
Professora Gabriela Fonseca
osOs alunos dos 8 Anos se viram em meio a uma tarefa nada
fácil no início deste ano letivo: escrever um conto de horror sobrenatural
q u e fo s s e t e n s o . Tra t a - s e d e u m a e m p r e i t a d a q u e r e q u e r o
desenvolvimento de habilidades valiosíssimas para a produção escrita: a
organização da coerência textual e a escolha vocabular. Por se tratar de
um texto complexo, os alunos tiveram que passar por um árduo processo
de revisão e reescrita textual. A repetição de vocábulos ou o uso de
palavras genéricas pode comprometer o resultado da narrativa.
Com o intuito de continuarmos a investigação a respeito da
construção textual do texto de horror, os alunos foram convidados a
continuar a história “Os mortos viajam rápido” de Bram Stocker, “O Corvo”
de Edgar Allan Poe e a produzir uma versão teatral do célebre conto de
Moacyr Scliar “O Dia em que Matamos James Cagney”. Finalmente, o
roteiro de cinema foram objeto de estudo e escrita. Os alunos
transformaram seus textos de horror em roteiros que foram adaptados e
premiados no Projeto Oscar. Parabéns pelo trabalho!
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AColégio Dom
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OS MORTOS VIAJAM RÁPIDO - PARTE 2
Lucas Boehmer de Araujo Leite
[...] Naquele momento, eu fiquei aterrorizado e a única coisa que eu pensava em
fazer era fugir dali o mais rápido possível, mas lembrei-me da tempestade de
granizo. De repente, o portão de bronze se fechou bruscamente, provocando um
estrondo enorme, sentido em todo o cemitério. Virei-me em direção ao portão e
tentei abri-lo com todas as minhas forças, mas ele não se moveu. Enquanto me
esforçava mas fracassava em abrir aquele portão, ouvi um rangido de uma das
gavetas mortuárias se abrindo e, logo em seguida, um uivo extenso e aterrorizante.
Quando me virei para checar a cripta, o uivo parou instantaneamente e nenhuma das
gavetas mortuárias estava aberta. Naquela hora, senti um frio congelante subindo
pela minha espinha até a minha cabeça e uma vontade gritante de sair daquele lugar
tomou conta da minha mente.
Virei-me novamente para tentar abrir aquele portão e, depois de uns três
segundos, o rangido da gaveta e o uivo ecoaram novamente pela cripta, só que, desta
vez, mais altos e amedrontadores. Diferente de outras pessoas, fiquei curioso e
resolvi fazer um teste: toda vez que eu me virasse para tentar abrir o portão, após
três segundos, o rangido e o uivo se repetiam mais alto do que da vez anterior. Fiz
este teste cinco vezes e comprovei minha teoria nas cinco.
A partir da sexta vez, os barulhos começaram a ficar ensurdecedores. Eles se
emendavam com os trovões da chuva exterior, que parecia interminável. Eu estava
enlouquecendo. Gritava o mais alto que podia na tentativa de alguém me ouvir e
debatia as minhas mãos em minha cabeça me culpando por tudo que estava
acontecendo. Até que, uma hora, o rangido da gaveta calou o uivo e os trovões,
parecendo que mais de uma gaveta havia se aberto. E, para a minha surpresa, quando
me virei, todos os cofres mortuários estavam abertos.
Eu, com o meu corpo já possuído pela loucura, corri gritando
em direção aos cofres para fechá-los. Quando fechei a última
gaveta, me dei conta que estava exatamente no mesmo lugar em
que aquela mulher e o seu lobo estavam e, quando olhei
para trás, lá estavam ela, o lobo e todos os corpos dos
mortos guardados naquela cripta. Comecei a rir e me ajoelhei
no chão. Olhei para a moça e, a última coisa que me lembro de ter
visto foi ela soltar a corda que prendia o lobo de sua mão e, o
mesmo vir em direção a mim com sua boca, cheia de caninos afiados,
aberta.
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NÓS MATAMOS JAMES CAGNEY?
Gabriel Simões Missio
Lista de Personagens:MOACYR, PEDRO, JAMES CAGNEY, SAM e PLATÉIA.
Cenário:Plano 1: Sala do Cinema
Plano 2: Tela do Cinema
Plano 3: Sala de espera do Cinema
Plano 4: Estacionamento do Cinema
Cena 1Entram Moacyr e Pedro no plano 1 sentando-se em suas poltronas.
MOACYR: AHHH! Manhã de domingo, nada melhor de ver um bom filme de
mocinho, comer bala de café-com-leite e estar com meu amigo Pedro e nossos gibis.
PEDRO: Moacyr, as luzes já vão se apagar, olha só!
(luzes se apagam e no plano 2 entra James Cagney)
MOACYR: Hãn! Que sujeito baixinho, aposto que ele não vai bater em ninguém! E
mais, vai levar uma surra.
(entra Sam)
PEDRO: E pelo jeito do bandido Sam, bem mais alto que James!
(Sam dá tapas, socos, pontapé na barriga em quanto Pedro e Moacyr não se
expressam com nenhuma reação facial).
MOACYR: Que filme ruim!
(James Cagney conta sua história ao público)
JAMES CAGNEY: Minha vida sempre foi difícil. Desde criança tive que trabalhar
para me sustentar. Vendia os jornais na esquina. Os meninos maus da vizinhança
sempre tentavam me roubar.
(Pedro começa a vaiar, um pouco depois Moacyr o
acompanha)
PEDRO: Ele está com medo de nós, está nos olhando de
lado, que traidor!
Cena 2 (Plano 3)
PEDRO: Já se passaram 3 messes da estreia do filme e
James Cagney continua fazendo a mesma coisa.
MOACYR: Estou com tanta raiva, por mim ele poderia morrer.
(Pedro levanta a mão esquerda e aponta a uma arma que se
encontra no chão, entram no plano 2 com cara de suspeitos)
JAMES CAGNEY: Os meninos maus da vizinhança sempre
tentavam me roubar...
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(Pedro e Moacyr aplaudem)
PLATÉIA: Parabéns!
(Gritam euforicamente com James Cagney se levantando e indo em direção da
porta de incêndio que levará ao plano 4)
MOACYR (Grita): Ele está fugindo!
Pedro e Moacyr saem correndo até o plano 4 com a arma. Sam sai correndo junto.
SAM: Mate-o, mate-o para o resto da vida.
PEDRO: Atira!
(Moacyr atira na testa do sujeito)
MOACYR: Agora ele está morto.
Sam deixa Pedro e Moacyr saírem de cena para falar com James.
SAM: James! Eles já foram embora. Se esconda num vilarejo a uns 5km a noroeste.
Eles te darão uma casa, e não deixarão eles te verem. E mais: você não é um bom ator!
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CONTINUAÇÃO
André Abs Daccache
Quando eu olhei na cara dos dois fantasmas uma sensação horrível tomou conta
do meu corpo. Eu senti como se eu estivesse caindo em queda livre, tive um arrepio
junto com o cheio de defunto me causando a pior sensação na minha vida. Nesse
momento eu pensei ia desmaiar e se acordasse eu estaria morto naquela cripta.
Eu senti uma tontura e enquanto eu lentamente caía, eu olhava a cripta de
mármore com colunas, decoradas de ouro e adornos de prata, a gaveta funerária de
bronze com dois anjos entalhados em madeira refinada. Enquanto isso, minha
cabeça ia reclinando e nisso eu não conseguia mais olhar para os fantasmas.
Na hora que eu acordei de um pulo e olhei o meu corpo e percebi que ele estava
intacto, eu reparei que eu não estava morto e então com toda a
minha força dei um suspiro de alívio. Daí eu percebi que eu estava
na mesma cripta...
Quando eu me virei a mulher estava lá no mesmo lugar
mas eu percebi que ela não estava se importando com a
minha presença mas ela estava lá, acariciando o pelo do
lobo que estava deitado olhando fixamente para os meus
olhos.
Enfim aquela figura pálida se virou para mim e eu vi uma
lágrima em seu olho. Ela levantou lentamente e se aproximou de mim em
passos lentos parecendo uma valsa. Eu tentei levantar e sair correndo
mas eu estava com tanto medo que eu não conseguia me mexer.
E quando sua mão encostou o meu rosto a minha visão começou a
embaçar e tudo ficou branco, eu não conseguia ver, nem sentir, nem
respirar...
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O DIA EM QUE MATAMOS JAMES CAGNEY
Diogo Kenzo Orii
Lista de personagens:PEDRO, AMIGO DE PEDRO, JAMES CAGNEY e SAM.
Cenário:Domingo no Cinema Apolo, as luzes estão apagadas. Um silêncio, pessoas
sentadas esperando que o filme comece. Pedro e seu amigo já impacientes, quase a
sair do cinema.
Falas:PEDRO - Esse filme está demorando para começar, não é mesmo? (batendo os
pés contra o chão, nervoso).
AMIGO DE PEDRO - É verdade! Peraí, olhe, ele vai começar! (Enchendo a boca de
pipoca e muito animado).
PEDRO - Olhe que homem pequeno, ele parece ser o mocinho
e está tomando uma surra!
AMIGO DE PEDRO - Pudera, olha o tamanho do vilão!
PEDRO - Esse James Cagney é um covarde! Olhe como
está com medo e anda desconfiado onde quer que vá!
(rindo, e cuspindo refrigerante).
AMIGO DE PEDRO - O vilão o achou, James está no chão, acho
que morreu! Não, veja ele está se mexendo (com esperanças).
PEDRO - Ele está pegando uma arma, vai lutar com Sam! (pulando a
assobiando).
AMIGO DE PEDRO - Ele encontrou Sam, meu deus! Eles vão brigar,
mas James está recuando, por que ele não atira? (revoltado e com
raiva do mocinho).
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O VULTO
Aline Arissa Takano
Lá estava eu, andando rapidamente no frio da noite das ruas de Burguestone,
sempre temendo o que poderia acontecer. Eu era um covarde. Haviam matado minha
mulher e depois disso nunca mais fui o mesmo.
Estava chegando em casa, mas senti que estava sendo observado, então decidi
dar a volta no quarteirão para despistar esse olhar. Virei na primeira rua e um enorme
vulto negro passou diante dos meus olhos. Estremeci dos pés à cabeça.
Tentei correr, mas o vulto sempre me alcançava. Ofegante, me rendi àquela
sombra. Quando parei, uma grossa névoa apareceu. Consegui ver a silhueta da
criatura. Era alta, magra e com uma roupa elegante. Tentei gritar por ajuda, mas ela
foi mais rápida. Senti uma leve dor no pescoço desmaiei e nunca mais acordei.
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PEDRO - Ele não mudou nada, continua o mesmo covarde!
AMIGO DE PEDRO - Sam pegou a arma, e atirou em James, acho que agora ele
morreu!
PEDRO - Mereceu! Quem mandou ser tão medroso! (vaiando).
AMIGO DE PEDRO - Lá se foi mais um mocinho, de tantos outros que já matamos
(rindo).
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O CORVO
Luiza dos Reis Bartoli
- Eu estava lá, numa noite fria e chuvosa, sozinho em casa, meus pais haviam
saído, e o meu irmão estava dormindo. Eu escutei um barulho na cozinha, fiquei com
muito, mas com muito medo, mas fui ver o que era. Quando cheguei lá, peguei uma
faca, que estava em cima da bancada, e vi que o barulho era apenas um corvo. O medo
havia passado. Ele estava todo molhado, então, abri a janela e deixei ele entrar. Ele
entrou e se sacudiu, e no mesmo momento, se transformou em uma pessoa. Eu gritei,
e corri o mais rápido que pude para chamar o meu irmão. Ele acordou, e fomos
correndo para a cozinha, mas quando chegamos, não tinha ninguém. Então, ele ficou
muito bravo, foi quando eu disse:
- Tinha um homem bem aqui, agora mesmo – mas ele não acreditou, e voltou para o
quarto. Quando eu voltei para continuar assistindo American Horror Story, ele
estava sentado no sofá. Como eu sabia que o meu irmão não iria acreditar, resolvi
perguntar:
- Quem é você, e o que você está fazendo na minha casa? Como você se
transformou daquele jeito?
- Sou Jonatan, e sou um mágico, e preciso do seu sangue! — ele disse com uma voz
demoníaca.
- Eu não vou dar meu sangue para ninguém! E sai da minha
casa! Agora! — Gritei furioso.
- Mas sem o seu sangue, minha esposa morrerá!
- Não vou dar sangue para ninguém! E sai da minha casa!
Ele começou a correr atrás de mim, e eu achei ele muito
estranho. Daí eu ouvi ele falar no telefone “ ele não quer me dar
o sangue, menino idiota” então, eu fiquei com muito medo, e
corri para me trancar no quarto dos meus pais. Ele socou a porta
muito forte, e a porta quebrou. Ele pulou no meu pescoço e sussurrou “ eu
sou um vampiro” e me mordeu...
Então ele havia mentido? Ele não era mágico? E eu desmaiei, no
outro dia, acordei na casa dele, com ele me cutucando, para me
explicar tudo que havia acontecido...
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O VULTO BRANCO
Pedro Caparroz Ferraz de Siqueira
Mortes em todo lugar. Naquela densa noite, o rei entrara em desespero. Trancara
todas as portas que davam acesso ao palácio. Camponeses haviam sido decapitados,
rios de sangue tomaram o reino. Poucos, os que sobreviveram, procuravam abrigos.
O rei Daniel temia que tentassem matá-lo assim como fizeram com sua filha, no
dia de seu casamento. Então o rei não permitiu a entrada dos camponeses em seu
castelo.
Com os ataques, os cavaleiros entraram em desespero. Alguns se suicidaram e
outros tentaram escapar do reino mas foram brutalmente assassinados pelos
camponeses. Cada vez mais todos se desesperavam.
Quem abrigava-se no castelo relatava vultos brancos em todo lugar. Após esses
relatos vários súditos foram decapitados manchando cada parede do castelo de
sangue. Eu estava protegendo o rei em seu quarto quando um súdito chegou e disse:
“Eu vi, senhor, uma mulher esbranquiçada sem a cabeça! ”. O rei caiu no chão, ele estava
enlouquecendo. Ele olhou fixamente para um retrato.
De repente as paredes começaram a se movimentar, o retrato queimou, móveis
foram atirados contra o rei e a estranha mulher sem cabeça apareceu sobre as cinzas
do quadro. Tentei defendê-lo, mas o rei foi acertado por um móvel. No chão o rei pedia
desculpas para aquela criatura. Foi quando percebi que a assombração era a filha do
rei. A assombração gritou algo incompreensível e antes que eu pudesse proteger o
rei, a criatura arrancou sua cabeça e com o sangue do rei, escreveu nas paredes de
todo o castelo. “Segredos são motivos para o ódio”.
OS OLHOS DO LOBO
Camila Mendonça de Barros Braghee
Não sei o que tinha naquela mulher, mas ela não era como as
outras. Tinha uma beleza única. Seus cabelos lisos e loiros
combinavam com o azul de seus olhos. Não conseguia
parar de olhá-la até que senti algo em minhas pernas. Era
seu lobo. Os olhos do animal fitaram os meus por alguns
instantes e de uma hora para a outra ficaram vermelhos vivos e
eu pude me ver, deitado em uma cama. Havia algo em meu
pescoço, me mordendo. Pude sentir na hora a dor, meu pescoço
queimava. Levei a mão até onde ardia e havia uma cicatriz:
- Nossa!
- Nunca tinha reparado em sua cicatriz?- perguntou a bela mulher.
- Não- murmurei.
- Vamos à minha casa e eu farei um curativo- a moça andou e seu
lobo a seguiu.
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O DIA EM QUE MATARAM JAMES CAGNEY
Eric Almeida do Carmo
Lista de personagens: JAMES CAGNEY, SAM, PEDRO e NARRADOR.
Cena 1:
No cinema, sentados um do lado do outro, comendo bala de café-com-leite e
batendo um na cabeça uns dos outros com gibis, esperando o filme começar, ainda
com suas roupas de escola.
NARRADOR - Olha lá! O filme já vai começar.
(Entusiasmados, todos começam a prestar atenção no filme.)
PEDRO - Qual o nome desse cara? (Bufou sem nenhum repeito)
NARRADOR - Acho que ele é James Cagney. Como ele é baixinho.
Olha como apanha, ele é muito “frangote”. Toda semana ele está
apanhando desse cara, ele é o Sam, né? Acho que é esse o nome
dele, aquele troglodita peludo. (Durante o filme todo, as pessoas
não param de vaiar e xingar James)
NARRADOR - Ai! Como ele apanha. Acho que dessa vez
ele não levanta (com um ar de desprezo). Espera, ele não está
se levantando! (As pessoas olham atentas James se levantar.
Ele pega uma arma velha de seu pai e vai para o seu carro usando
uma jaqueta e um chapéu.)
COADJUVANTE - Vinga-te ! (berra)
(James acha Sam em um hotel e vai até ele.)
NARRADOR - Sabia que não teria coragem de matar Sam.
PEDRO - Ele mereceu, tão burro que deixou Sam pegar sua arma e
atirar nele. (decepcionado).
Caminhamos um pouco naquele cemitério horrível. Chegamos a uma casinha
assustadora, caindo ao pedaços, realmente muito velha.
- Entre neste quarto, deite na cama, já estou indo!- obedeci, estava com muito
medo de dizer algo. Estremeci pois tinha algo familiar naquele lugar. Acabei
adormecendo naquela cama dura e só acordei com algo doloroso e pontudo no meu
pescoço... Era a mulher.
- QUE ESTÁ FAZENDO?- berrei.
- Mordendo seu pescoço. Não podemos existir juntos. Estamos ligados por sua
cicatriz, tenho uma igual- ela respondeu com a maior simplicidade.
- Mas... - não tive tempo de responder, tudo ficou escuro. Eu realmente tinha
morrido. Mas não me “sentia” morto- o que havia acontecido?
- Você agora é um vampiro, não está totalmente vivo - sussurrou- pode ir se quiser,
não tenho mais nada com você. Então ela foi embora me deixando sozinho naquela
casa escura, sem saber o que fazer.
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O DIA QUE MATAMOS JAMES CAGNEY
Caroline Uzunian Teixeira de MoraesPersonagens:
JAMES CAGNEY , SAM , JOÃO , MARIA, LEO, JULIO e ZECA.
Cenário:Cena 1 - João está contando uma história
Cena 2 - O filme começa
Cena 3 – O público está comentando sobre o filme
Cena 4 – James Cagney vai matar o bandido
Cena 5 – O filme acaba
Falas: (Cena 1)
JOÃO: Uma vez fomos ao cinema. Uma matinê de domingo, esperamos um filme
de bom mocinho, comendo balas de café e batendo nas cabeças dos outros com os
nossos gibis.
(O filme começa)
(Cena 2)
JAMES CAGNEY: Olá, sou James Cagney. Eu sempre sou apanhado pelos
bandidos. Como sou baixinho não consigo bater em ninguém.
SAM: Sou Sam. As pessoas me consideram um sujeito muito alto e bigodudo. Eu
também sempre levo surras bem fortes que às vezes até quebram os meus ossos.
JAMES CAGNEY: Desde cedo, tenho que trabalhar para me sustentar. Eu vendo
jornal na esquina. Mas sempre há moleques querendo roubar meu dinheiro. Falando
dos socos que eu levo, às vezes me olho no espelho com vergonha de mim mesmo por
causa das surras.
(Cena 3)
(A cena volta para o público)
MARIA: O James parece estar bravo ou confuso.
(Duas pessoas do cinema estão comentando o filme)
ZECA: Não acredito o que acaba de acontecer!
JULIO: Pois é! OLHE! OLHE! ELE VAI MATAR O
BANDIDO QUE ESTAVA PERSEGUINDO ELE!
(Cena 4)
(A cena volta para o filme. James está indo atrás do bandido.)
JAMES CAGNEY: Estou preparado!
(James e Sam estão no hotel onde o bandido está)
SAM: Estou sentado na cama do hotel vendo toda esta cena! Não
acredito! James vai matar o bandido!
(James pega a arma e aponta em direção ao bandido)
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JAMES CAGNEY: ESTOU VENDO UMA LUZ BRANCA! E...
(James cai no chão. O bandido atira nele)
(Cena 5)
(O filme acaba. As luzes se acendem.)
LEO: Bem feito! Ele merece! Este é o nosso primeiro crime. Cometemos muitos
outros depois...
T DE TERROR [2°PARTE]
Eduardo Jun Hamassaki Taka
Eu dei um passo em direção deles. Então misteriosamente morcegos voaram pra
cima de mim. Eu fechei os olhos, mas quando abri eu não enxergava nada. De repente
avistei uma vindo perto de mim. Eu via uma mulher mas não conseguia localizar o
rosto. Ela havia falado algo, mas não escutava nada.
Assustadoramente um lobo uivou bem alto. Olhei, para trás e havia uma janela
antiga, toda empoeirada, e atrás da janela eu escutava vozes de pessoas pedindo
socorro. Também havia uma lua enorme e vermelha no céu sombrio. Parecia que ela
estava sangrando. Eu me voltei para moça, mas ela estava com a própria cabeça nas
mãos, com aquele sangue bem avermelhado e que brilhava sobre a luz da lua. Eu fugi
em direção de uma porta que aparentava ser enferrujada e antiga, e quando virei a
maçaneta, descobri que estava emperrada.
De repente, abriu-se um buraco no chão que brilhava, com uma luz esverdeada.
Desci por lá sem pensar duas vezes. Quando observei em volta, percebi que entrava
em uma espécie de passagem secreta desse lugar misterioso. Havia muitas velas e
cruzes. Até que ouvi passos em minha direção, e dessa vez sabia que não tinha saída.
Achava que estava prestes a morrer até que o vi: era um lobo que parecia um
homem mas ele não me atacava como esperado, ele apenas criava
um círculo com os movimentos anormais deles. E então ele me
deu um prato com um olho no centro, insinuando pra eu comer.
Depois de ingerir peguei num sono pesado, porém acordei com
um ronco de um homem, que pareci o lobo de ontem.
Estranhei, pois estava no mesmo lugar de ontem. Então
ele acordou, e não falou nada mas fazia gestos, até que
perguntei:
- Quem é aquela moça lá em cima?
Ele me respondeu:
- Fantasma.
Eu estranhei. Subi lá pra conferir se ela havia embora, mas me
surpreendi com duas mãos no meu ombro, um instante depois, eu vi
meu corpo sem minha cabeça!
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VELHOS E BONS TEMPOS
Clarissa Mediavilla
Lista de Personagens:
PEDRO e JOSÉ
Cenário:Pedro e José estão na sala, nos lembrando de como foi aquela vez que teriam ido
ao cinema, vestidos com roupas largadas, como pijamas, como se fosse à noite,
quase indo dormir.
Falas: JOSÉ - me lembro de uma vez que fomos ao cinema, uma das primeiras vezes.
(Fala meio entristecido como quem sente saudade da época.)
PEDRO - Sim! Eu me lembro que fomos ver James Cagney, um dos filmes que mais
vi na minha vida, e um dos meus preferidos até hoje! (Entusiasmado, até demais.)
JOSÉ - Calma, Pedro. Parece quando estávamos esperando o filme começar, que
você murmurava, batia os pés, animado demais (imitando a cena de um jeito
espalhafatoso e engraçado).
PEDRO - Eu me lembro do filme do começo ao fim! Porque parecia que só eu
prestava atenção no filme. Eu estava ansioso; já você, como sempre, sério e calmo.
(Num tom de provocação)
JOSÉ - Já que prestou tanta atenção, conte para nós! (José desce da plateia e
senta-se junto com alguém da plateia, desafiando Pedro)
PEDRO - Pode deixar! (Respira fundo e se alonga, querendo fazer gracinha a José).
Bom, James Cagney era um homem sofrido. Onde passava, se sentia menor por ser
fraco, pois todos tentavam tirar algo dele, inclusive Sam que lhe deu uma surra
quando James caiu no chão e após isso, ele se revoltou e achou Sam em um hotel de
terceira. James revoltado e com uma arma na mão, mas ao mesmo
tempo com medo, de Sam tomou um tiro no meio da testa. Viu,
quem prestou atenção fui eu! (Imitando todas as cenas do filme
através de mimicas espalhafatosas).
Fundamental9anosos
Professora Maria Cristina Peixoto Mangiacavalli
Histórias, aventuras, opiniões, poesias, crônicas e sonhos. Muitos deles! osFoi assim que os alunos dos 9 Anos vivenciaram nossas aulas.
É a preparação para o Ensino Médio.
O primeiro passo foi conhecer os diversos gêneros textuais. Aspecto fundamental
para as atividades de produção. Assim, com treino e direcionamento, entregar um texto
para o professor deixa de ser uma tarefa e passa ser um prazer e uma incessante
curiosidade de saber o que ele achou. E, entre tudo isso, aproximar os alunos a refletirem
o comportamento humano e dosar seu repertório de vida, não dá outra: explosões de
ideias, sentimentos e desabafos resultaram diversos tipos de textos diferentes, mas
com finalidades distintas e marcantes para o autor e seu leitor.
Difícil tarefa escolher alguns e isso não é um clichê. Aqui estão histórias bem-
humoradas, digressões, fatos do cotidiano, poemas, desabafos, reflexões de um mundo
repleto de desigualdades e fantasias.
Todo esse universo é mágico! A leitura faz isso! E como é bom ter alunos nos
convidando a embarcar em seus sonhos! Como foi gratificante participar e compartilhar
com isso! Orgulhosa de todos os textos que aqui estão e orgulhosa também de todos
que participaram.
Boa leitura e bons sonhos! Parabéns a todos.
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A DIFERENÇA DOS IGUAIS
Giovana de Oliveira Cofino
Mesmo vivendo em um mundo globalizado, com tantos avanços tecnológicos,
algumas pessoas ainda não conseguem aceitar que a sociedade julga ser “diferente”.
Simplesmente é uma pessoa que difere aos padrões impostos por uma maioria. O
mais grave é quando essas pessoas que não seguem esse “padrão” são vítimas do
preconceito.
Atualmente, existem vários tipos de preconceitos no Brasil, dentre eles o
homofóbico, onde as vítimas acabam não tendo seus direitos assegurados que
muitas vezes são violentados. Outro preconceito que existe é contra as mulheres no
âmbito profissional. Sem falar dos Shinreds, que são grupos de jovens que passaram
a adotar influências neonazistas, homofóbicas, racistas e até linguísticas, já que
perseguem as pessoas que vêm do norte e nordeste brasileiro, pois esses vão para
as grandes cidades em busca de oportunidades melhores; entre tantos exemplos.
Conviver com as diferenças pode ser difícil, mas é bastante enriquecedor para os
seres humanos. Um bom começo seria se os indivíduos percebessem que apesar de
todas elas, são necessárias para o convívio humano e devem ser respeitadas, pois
assim muitos problemas atuais seriam amenizados e certamente a convivência
entre as pessoas seriam melhores.
LIVROS
Maria Júlia de Pádua
Hoje está um dia chuvoso e frio. Sento na poltrona que tem ao pé da janela e pego
um livro que estou lendo no momento. Assim que me aconchego, abro o livro com
delicadeza e fico olhando para as palavras e me vem uma pergunta. Por que gosto de
ler?
Vieram-me flashbacks dos meus melhores momentos lendo.
Muitas risadas, muitas lágrimas, muitas aventuras e um dos
motivos desses sentimentos é mergulhar tão fundo na
história que não vejo as horas passarem. Poderá também
ser o prazer que sinto ao som do virar de páginas, o cheiro
do livro novo ou velho ou aquele toque familiar dos dedos no
papel.
Como os livros nos fornecem um modo de viajar sem sair do
lugar e eu sou tão apegada a eles que quando acabo de lê-los vem aquele
aperto no coração. Sinto saudades dos personagens que foram meus
companheiros durante um tempo, pois muitos se tornaram meus
melhores amigos. Por isso, os livros têm um lugar especial na minha
vida e no meu coração.
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A VIDA NÃO É DINHEIRO!
Pedro Torao Ueda
Ao ler essa notícia fiquei por um minuto paralisado e refletindo sobre o tema.
Mark Boyle, um homem de 31 anos, decidiu largar tudo e passou a viver sem depender
do dinheiro!
Foi aí que eu pensei: será que nós conseguiríamos sobreviver nas mesmas
condições que esse homem se submeteu? Nós estamos em um mundo muito
consumista, onde, ao comprarmos algo, nos sentimos mais felizes. Só que esse não
deveria ser o motivo de nossa alegria.
Às vezes, quando estou triste, penso que as pessoas mais pobres podem ser
mais felizes do que muita gente que possui vários bens materiais, frutos de compras.
E é esse o segredo. A felicidade é algo que não se compra. Ela é
um sentimento que é mais visível nos pequenos atos de amor e
carinho.
Mark Boyle, por exemplo, está mais feliz do que nunca,
apenas com um trailer e alimentos que ele mesmo planta.
Esses sentimentos bons são plantados pelas nossas
atitudes e as que rebemos. Então, quando quisermos comprar
algo, fiquemos orgulhosos por termos dinheiro para realizar tal
desejo, e façamos dessa compra algo para dar a alguém, ao invés
de só acumularmos bens que muitas vezes são desnecessários.
COTIDIANO
Luana Graziano Martins
A cada dia que passa, eu vejo mais coisas a fazer. Posso dar muitos exemplos: 8
horas de dança na semana, natação 2 vezes, treinar no surf, estudar para as minhas
provas, inúmeras lições de casa e trabalhos, estudar com minha irmã do meio, cuidar
da mais nova e ainda fazer 6 horas de inglês na sexta. O mais engraçado é que vejo
muitas pessoas falarem que, nós adolescentes, não fazemos nada, e além disso, é
muito difícil equilibrar os afazeres e estudos, mais as coisas extracurriculares e a
família então, nem se fala.
Inúmeras coisas fazem parte do nosso cotidiano e sinto que a principal delas é a
exaustão. Às vezes reflito o quanto colocam para nós o que devemos fazer da vida e o
que temos que ter, mas nunca os vejo nos perguntarem de forma sincera o que nós
queremos.
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PASSAGEIRO
Mariana Martins Gouveia
É realmente uma confusão
Tudo isso no meu coração
Ora alegria, ora frustração
Nem sempre com motivo, às vezes sem razão.
Quando me dou conta, já é tarde demais!
E tanta coisa já ficou para trás.
Meu sorriso de criança, a alegria e a paz
Agora deram lugar ao rude "tanto faz".
Não me importo, por que deveria?
Todos só me cobram, dia após dia
São poucos os que me fazem companhia.
Dizem que me entendem, mas não é verdade
Tentam ser legais, mas nem a amizade,
Pode mudar a tortura que está sendo
A pré-adolescência, estar crescendo...
Agradeço a todos os que são gentis,
E peço desculpas se não estou sempre feliz.
Mas sei que isso é uma fase passageira
E que no futuro, tudo parecerá besteira.
Com o tempo a maturidade
Me ensinará que a felicidade
Está nas pessoas que mais amamos
Nas experiências loucas e sentimentos
insanos.
Na capacidade de finalmente enxergar
Que aos poucos a vida vai nos provar
Vale a pena ser forte e resistir
Vale a pena viver, amar e sorrir
Um dia olhar para trás e poder dizer
Fui forte, lutei e consegui vencer.
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UM SORRISO, UM ABRAÇO E UM CARRO
Giovanna Almeida Caffaro
Há muitos anos, uma menina esperava pelo pai, somente sentada na escada da
portaria do seu prédio com uma mala nas costas e algumas roupas
para passar o final de semana juntos.
Um sorriso, o primeiro de muitos, acompanhado de um
abraço foi que o homem recebeu quando saiu do pequeno
Chevrolet cinza. O carro não era nenhuma limousine, mas a
garotinha o adorava, ou aprendeu a adorar, depois de horas
na estrada. Acompanhada de um travesseiro e um cobertor que
sempre estava no banco de trás, a menina adormecia, fechando
os olhos bem devagar, não sem antes tentar contar as luzes
amarelas que passavam rápido pelo retrovisor, cortando a noite e
iluminando o olhar de quem via.
Os anos passaram, e a menininha já era uma garota crescida.
Mesmo abraço, mesmo carro, mas agora, ela ia no banco da frente e
conseguia ficar toda viagem acordada.
SEM NADA
Gabriel Malta Chicaroni
É uma pena.
Essa vida sem-teto,
Sem dinheiro, sem saúde,
Sem nada para comer
E muito para sofrer.
Somos muitos nessa situação,
Famílias inteiras no flagelo das ruas
Com nada para sobreviver
E também, breve é a vida.
Idosos, adultos e crianças
Muitos ainda com fé,
Que um dia, quem sabe, irão achar moradia,
Terão um lar, comida e uma vida
Como um ser humano qualquer.
Ter que viver no frio,
Sem nada para aquecer.
Nem um abraço, um cobertor e um bom dia.
O único alívio é morrer.
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Mas, duas horas em um carro são tediosas para uma adolescente. Assim
surgiram as brincadeiras e o CD que, de tão rodado, parou de funcionar.
A estrada fortaleceu o laço entre pai e filha; durante a semana eles passavam
separados pelo divórcio, mas no final dela ninguém segurava os dois. Valia a pena
quatro horas para ir e voltar todo final de semana se for para vê-la, e valia a pena ficar
acordada para ver o pai.
Hoje em dia, não tem mais estrada. A distância que antes era de quatro horas
virou uma distância de cinco minutos. Mesmo depois de todos esses anos, quando
está à noite e o sono demora a chegar ela vai até a janela, e simplesmente conta as
luzes. Parece que está dentro daquele carro novamente.
MULHER VALENTE
Juan Martín Sola
Maria Eduarda foi uma garota que estudou comigo no quarto ano. Eu nunca falei
muito com ela, mas a admirava por ser forte, destemida, corajosa e astuta, além de
fazer qualquer coisa que ela quisesse. Eu, por outro lado, era magrelo e tinha medo
dos garotos dos sextos ano daquela época.
Lembro-me que uma vez eu estava indo lanchar e, sem querer, empurrei um
garoto do temido sexto anos. Saí em disparada em direção ao banheiro, onde fiquei
por alguns segundos. Quando abri a porta me deparei com o temido garoto. Ele
estava furioso eu vi sua mão indo direto na direção do meu rosto quando, por sorte,
Maria Eduarda apareceu e grandiosamente expulsou o menino!
Hoje, cinco anos depois, estava lendo o jornal (NY Times, para ser mais
específico) e me deparei com a notícia sobre a estátua recém-inaugurada na Wall
Street, representando uma garotinha desafiando um touro). Imediatamente
lembrei-me da minha heroína e essa história de minha infância
voltou à tona.
Percebi que existem pessoas, mesmo que passageiras, que
marcam nossas vidas para sempre e muitas vezes nem damos
conta disso.
Boa lembrança.
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ÁGUA FRIA, ÁGUA QUENTE
Elisa de Camargo Soares Pires
Era um frio congelante, impossível de se suportar. Com a água gelada não tinha
quem aguentasse.
Mas era o jeito (seu chuveiro estava quebrado há mais de um século) e, em todo
inverno voltava o mesmo problema: A água fria.
Se desse um jeitinho era possível atingir a água quente, mesmo que fosse em uma
dose muito pequena que durasse poucos minutos, era isso ou água fria.
E foi tomar o banho do dia; abriu a torneira e do chuveiro a água veio. Água quente.
Geralmente corria para tomar banho, antes que retornasse à água fria, para não
ter que ficar religando toda hora. Mas naquele dia não estava a fim.
Sentia-se cansada, sem vontade de fazer nada. Não se importava mais.
Sentia a água quente escorrendo por seu rosto magro, esquentando as
bochechas que estavam congeladas como resultado do frio do inverno.
As gotas traçavam caminhos. Várias escolhiam ir pelos lados do rosto, descendo
pelas maçãs da face e saltando do queixo ou continuando seu caminho pelo pescoço.
Outras preferiam descer pelas laterais do nariz, escorrendo como lágrimas e
algumas outras seguiam o caminho reto pelo nariz levemente arrebitado e, de sua
ponta caíam numa queda de quase um metro e meio até o chão de pedra, que já
estava começando a criar leves rachaduras.
Ela sentia-se em uma cabine telefônica. Aquele cubículo pequeno e fechado para
evitar o ar frio de entrar. Mal havia espaço para se movimentar e a cada segundo
parecia que seu tamanho diminuía cada vez mais.
Água fria.
Desligou tudo e religou novamente. Água quente.
Continuou a lavar-se lentamente. Um de seus maiores problemas
era quando em momentos assim esquecia-se de tudo e começava
a refletir sobre coisas aleatórias. Logo, qualquer mísero detalhe
tinha o talento de arrancar lágrimas suas.
No que pensava, não sabemos. Sua cabeça costumava
a ser uma bagunça e, logo quando lágrimas quentes
começaram a sair de seus olhos... Água fria. Em choque com
sua pele.
Desligou e religou. Água quente.
Estava com os braços apoiados na parede e murmurava várias
palavras sem lógica, as mais audíveis eram: "Por quê?". Acabou por ficar
repetindo tanto essas duas palavras que se esqueceu de onde estava e
de seu propósito. Passou tanto tempo naquela posição que logo...
Água fria. Fez o mesmo processo. Água quente.
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Voltou a lavar-se, agora com cuidado para que o shampoo em seus cabelos não
prejudicasse seus olhos.
Estes olhos eram carregados de culpa, de memórias do passado. Memórias ruins.
Não queria afetá-los mais do que já estavam.
Gostava de ouvir o som do chuveiro, das gotas batendo no chão incessantemente.
Isso a acalmava. A água percorrendo suas costas relaxava a tensão de seus
músculos.
Água fria. Água quente.
Tentava parar de encher sua cabeça de pensamentos. Parar de se preocupar e se
culpar, mas parecia impossível.
Mal conseguia concentrar-se.
Água fria, água quente.
Não se importava com o quanto de água que estava gastando, se desse ficaria lá
pelo resto do dia, até se acalmar.
Água fria, água quente.
Já não sabia mais se ela estava lenta ou o processo de esfriamento era mais
rápido.
Água fria, água quente.
Começou a ficar nervosa. Aquele espaço minúsculo estava diminuindo cada vez
mais em sua percepção, e a água esfriava cada vez mais rápido.
Talvez fosse loucura, mas aquela sensação de encurralamento cada vez mais
aumentava.
Água fria, água quente.
Começou a se apressar, mas não era rápida o suficiente.
Água fria, água quente.
Não sabia o que estava sentindo. Estava tensa demais. Sua cabeça começou a
latejar. Derrubou o sabonete.
Água fria, água quente.
Não viu o que estava perto, escorregou.
Água fria... Água fria... Água fria...
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MELHORES AMIGOS
Ana Carolina Pereira Caparroz
Felícia estava sentada em um banco no meio da praça da escola ouvindo música e
pensando enquanto seus cabelos vermelhos balançavam na direção do vento.
Ela pensava em tudo. Pensava na mãe, que estava com um novo projeto no
trabalho, no pai que estava viajando há quase um mês, nas provas que logo estariam
batendo a sua porta e, principalmente, nos dois melhores amigos, Summer e Lucca.
Felícia gostava de estar na presença deles, porque a entendiam e não a julgavam
por quase não falar. Sabiam que após a morte da avó materna ela havia se fechado.
Eles eram as únicas pessoas, fora de sua família, com as quais ela podia falar
livremente. Ela nunca havia contado a eles, mas por Lucca e Summer, Felícia faria
qualquer coisa.
Porém, ela devia confessar que muitas vezes pensou que eles poderiam a ver
como apenas uma figura simplória e sem valor que os acompanhavam. Felícia sabia
que não era verdade, mas de qualquer jeito essa ideia doía e a fazia querer chorar rios
de lágrimas.
Enquanto refletia, a ruiva, não percebeu que duas figuras se aproximavam por
trás. Quando viu uma sombra pelo canto dos olhos. Felícia ia se virar, mas eles foram
mais rápidos e gritaram em sua orelha:
“Buu!!!”
O susto havia sido tão grande, que ela acabou caindo do banco. Ela então falou
enquanto os dois riam da cara dela:
“Idiotas...”
“Qual é, Fel?” Lucca falou enquanto estendia a mão para ela, que prontamente a
aceitou. “Foi só uma brincadeirinha. Não precisa ficar irritada.”
Felícia olhou descrente para ele e começou a rir junto com os dois.
Os três ficaram assim até que Summer olhou no relógio e com um
olhar de pânico, disse:
“Melhor nos irmos agora ou vamos nos atrasar para aula.”
Os três estremeceram já pensando na bronca que o
professor daria e saíram correndo em disparada tentando
chegar na hora certa.
Enquanto corriam, Felícia não percebera que Lucca e
Summer estavam a olhando com preocupação. Eles conheciam
muito bem a expressão que ela estava fazendo antes de
chegarem.
Um dia ela fez essa mesma expressão e algumas horas depois a mãe
dela ligou para eles desesperada, porque Felícia tivera uma overdose
de remédios. Eles nunca esqueceriam a expressão que a amiga fez
algumas horas antes de tentar um suicídio.
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MINHAS AVENTURAS
Cinthia Beraldo Orenes
Acordo e abro a janela. Um dia chuvoso e lindo para ler. Pego o primeiro livro que
me vem em mente.
- Já sei! Harry Potter! Fecho os olhos, e ...Puff!
Estou em Hogwarts! Vejo Harry, Hermione e Ron! Olho para baixo e tem uma
varinha na minha mão. Rapidamente, empolgada, começo a testar todos os feitiços
que conheço.
- Aguamenti! Faço a água surgir! Alohomora! Destrancando uma porta! Lumos!
Uma faísca de luz aparece na ponta da varinha! Nox! A luz some. Expecto Patronum!
E meu Patrono (ser protetor) aparece no ar. É um cachorro de luz azul e branca. Um
São-Bernardo!
Pela janela do castelo vejo um unicórnio. Saio correndo atrás dele, seguindo-o
pela Floresta Proibida, até que...
- Acampamento Meio-Sangue!
Começo a ler Percy Jackson. Vejo Percy, Annabeth e Grover treinando. Percy está
segurando sua caneta-espada chamada Contracorrente. Vão partir em uma missão
para o Olímpo. E estou indo junto! Subo para o céu com meus tênis com asas e vejo os
deuses: Zeus, Poseidon, Athena, Ártemis...
Quando desço de volta para a terra, estou no meu conto de princesas favorito,
Cinderela. Vejo um lindo Palácio iluminado de longe. Pego uma carruagem e chego lá
em um instante. Dentro, tudo é dourado, o salão está lotado e estão tocando lindas
músicas. No centro vejo a Cinderela dançando com o príncipe.
- Que romântico!
Quando saio do Palácio, estou em Auschwitz, do livro “Maus”. Há muitas pessoas
no campo de concentração. Estão todos magros e tristes. Fecho os
olhos, mas desta vez desesperada para mudar de cena.
Não tenho certeza se melhorou. Agora estou no Paquistão,
com conflitos do Talibã. Estou lendo “Eu Sou Malala”. Ouço seu
discurso, lembro-me de sua emocionante história e a luta
pelos direitos femininos.
Abro meus olhos. Estou em casa. Pronta para fazer minha
própria história.
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A MOÇA ENTRISTECIDA
Ana Beatriz de Moraes Souza
Encontro-a todos os dias. No percurso até a escola. Nunca conversarmos. Mas
me chama a atenção seu jeito triste. Sempre com um fone nos ouvidos. A todo o
momento um cigarro presente na boca. Nunca gargalha. Jamais fala com ninguém.
Não tem amigos. Pelo menos é o que compreendo nos poucos minutos em que a vejo
todos os dias no caminho ao colégio.
A mulher tristonha talvez não seja infeliz. Eventualmente, esteja apenas cansada.
Porventura não goste de falar nem sorrir logo após acordar. Quem sabe ela seja
eufórica, muito feliz. Mas meus olhos a veem daquele jeito, e isso me faz pensar em
como a tristeza está presente em nós. Em mim.
A moça triste é a metáfora para meu coração. Ela lembra que meu desânimo anda
comigo, mesmo sabendo, que o que me faz caminhar seja a alegria.
A mulher descontente fuma para sentir um pouco de satisfação em algo. Mas isso
só denuncia seu vazio, sua solidão. Talvez seja daí que venha sua tristeza: do
desamparo, da rejeição por ser pobre, negra e mulher.
A moça triste não ouve os sons do mundo. Ela está sempre com o fone nos
ouvidos. Talvez ouça músicas eufóricas para espantar os pensamentos
desesperançosos que insistem em lembrá-la o enfado do dia-a-dia. Outrora goste
simplesmente de esquecer que a realidade emite sons desagradáveis. Por outro
lado, ela poderia apenas querer fugir no barulho de um rádio ou em uma canção que a
faça acreditar que a vida será melhor, que ela ainda vai encontrar seu amor.
A mulher entristecida continua sentada no banco durante o percurso ao colégio.
Continuo com meu rumo. Sem olhar para trás. Não há despedidas. Eu sei que a
encontrarei no próximo dia. Sem o sorriso que nunca vem e com a tristeza que a
acompanha.
Ensino Médio1sériea
Professora Maria Cristina Peixoto Mangiacavalli
Embarcando na trajetória dos ciclos iniciais do Ensino Médio, a proposta
de produção surgiu de várias reflexões em aula e de atitudes discutidas sobre o
emocional humano, seu cotidiano complicado e abordagens polêmicas em que o mundo
vivencia atualmente.
Sabemos que o leitor e escritor andam juntos, pois o escritor escreve sempre para
alguém, no caso o leitor. Vivemos em um mundo onde tudo está relacionado com a
escrita e a leitura.
Reportagens, artigos de opinião e crônicas. O universo dos 1ºs médios foi recheado
de planos para as produções. Os temas foram diversos e estar conectado à rapidez que
as notícias chegavam até nós, não faltaram ideias para que todos as colocassem em um
papel.
Difícil escolha. Muitos olhares diferentes e escritas brilhantes. Faltava capacitá-los
ou ao menos direcioná-los para que as produções ficassem adequadas. Com muita
dedicação e empenho os flashes vão todos para eles. Nos momentos, nas lembranças,
do lugar perdido na infância, a primeira amiga, o medo do desconhecido, as trapalhadas
de um dia chuvoso e eterna receita pela busca da felicidade procurando apenas as
estrelas!
Encantem-se... Orgulhosa de todos que aqui estão e não estão!
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ARTIFICIAL
Carolina Vitória Domingos Alves
Lembro-me de uma frase de Charles Chaplin que minha mãe me mostrou quando
era pequena, algo relacionando à vida em uma peça teatral. Eu só achava as palavras
bonitas, mas hoje vejo que ele não estava errado.
Bilhões de pessoas andam pelas ruas sem se olhar, sem se cumprimentar, sem ao
menos se desculpar esbarram umas nas outras. É tudo muito automático. Acordam,
vão para o trabalho, para a escola e vivem as mesmas cansativas rotinas. Sempre
sorrindo e agindo como se tudo estivesse normal, acima de todo o caos em suas
cabeças. São programados como robôs.
"Bom dia!"
“Bom dia!”
"Tudo bem?"
“Tudo sim, e você?”
Mas essa pergunta é retórica. Não querem realmente saber como você está,
apenas perguntam por educação. No automático.
Sempre sorrindo e caminhando para frente.
Então, chegando em casa, as máscaras caem, todo o caos interior explode e toma
conta do espaço. Você já pode tirar a sua fantasia e ir tomar seu banho, o sorriso
rotineiro estará te esperando na manhã seguinte.
E então você dorme, esperando que toda a dor acabe...
Toca o seu despertador.
Sair da cama já é um sacrifício. Colocar aquele sorriso é quase uma tortura. Você
sai de casa, vai para o trabalho.
E continua...
"Bom dia!"
“Bom dia!”
"Tudo bem?"
“Tudo sim, e você? “
Seus olhos pedem por socorro, porém sua voz
permanece firme, você quer gritar, dizer o quanto somos
hipócritas, como o mundo pode ser de plástico? Onde tudo é
artificial? E quer saber em que ponto sua vida se tornou
artificial. Você quer deixar as lágrimas rolarem por sua face,
quer sentir o alívio tomar conta de seu corpo. Quer se sentir livre. Quer se
sentir original.
Mas ao invés disso, você senta em sua cadeira, abre o computador e
volta a trabalhar.
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A NOVA JORNADA
Ana Beatriz dos Reis Bartoli,
Depois de dois meses sem pensar nela, me encontrei imóvel, observando toda
aquela movimentação, todas pessoas que já conhecia, mas que no momento,
pareciam-me desconhecidas.
Era o começo de uma nova jornada. Para muitos, pode parecer estranho, algo tão
normal, mas aquele momento foi especial. Estava ciente das dificuldades e dos
desafios da nova “era”, mas aquela fração de segundo em que me perdi observando a
multidão foi mágica. Todos reunidos novamente, tão alegres e curiosos.
Percebi então que nada seria igual. As responsabilidades aumentaram e as
decisões precisavam ser efetuadas do modo mais racional. Era o início de uma nova
trajetória, era o começo de um novo percurso. Era minha vida “adulta”. Agora já uma
etapa concluída. Tão especial seria o ano. Começando o Ensino Médio!
BUSCA
Melissa Miwa Yafusso Sunahara
Ter tudo o que queremos não é felicidade. Felicidade é saber apreciar todas as
coisas que já fazem parte de nossas vidas.
Muitas pessoas passam a vida buscando-a, mas o que elas esperam encontrar?
Não estamos sempre felizes, e achar que por causa disso nossas vidas não são
completas, nem sempre é correto. Ela só existe por causa de momentos ruins que
passamos. Como então iríamos saber o que é ser feliz?
Poção mágica não existe. Agradecer pelas coisas que já temos é essencial.
Porém, hoje em dia, com a internet e as redes sociais, a felicidade está em selfies
momentâneos e aos milhares. Mundo de faz de conta. Não nos damos conta quando
realmente estamos bem, admito. Pois o estar bem está nas
pequenas coisas. Redes sociais existem para todos ficarem
comparando uns com os outros o tempo todo. E achamos que
seremos mais felizes quando recebemos likes nas
postagens “felizes”.
O que ninguém reconhece que a vida é bela por ser
imperfeita e deixamos nos conduzir por uma máscara diária
para nos sentirmos melhor.
Então o que é sentir a dona felicidade? Para mim é sair com
meus verdadeiros amigos, comer um doce, dormir nos finais de semana e
saber que tudo volta a ser normal na segunda. A vida precisa ser mais
simples e mais colorida e sem bem menos curtidas no face!
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PRIMEIRO DIA, PRIMEIRA AMIGA
Ana Luiza Garcia Jaess da Silva
Meu primeiro dia de aula, no jardim de infância, marcou muito a minha vida.
Lembro-me de visitar a escola e ter visto várias crianças brincando juntas.
No meu primeiro dia, eu estava muito animada e usava minha mochila de
personagens em quadrinhos, que eu gostava muito na época.
Não me lembro exatamente todos os detalhes porque eu tinha quatro anos de
idade, mas uma coisa, ou melhor, pessoa, não me esqueço nunca.
Eu estava no horário do intervalo e juntei-me a outras meninas para lanchar.
Uma delas se deu super bem comigo e, quando digo isso, não exagero, essa menina
com o tempo se tornou muito especial para mim.
Daí foram várias conversas, brincadeiras e muitos segredos. Estudar,
compartilhar segredos e risos.
Isso foi em 2005 e ainda somos muito amigas e estudamos juntas. Como se
fosse o primeiro dia.
O SEGREDO DA FELICIDADE
Daniela Lisis Ebel Cicivizzo
Você já parou para pensar como cada um tem um jeito de ser feliz? Sim, a minha
felicidade não é a mesma que a sua. Não somos a mesma pessoa.
É extremamente relativo e não dá para descrever. Uma explosão de sentimentos
e realizações inexplicáveis.
O sofrimento é sim saudável, temos que só saber lidar com ele. Nossas perdas,
fracassos, escolhas erradas, desilusões; todos esses sentimentos fazem de nós
pessoas melhores.
Sinto-me muito “controlada” e “forçada” por esses padrões
impostos sobre o que é felicidade. Todos eles vêm predestinados
em anúncios, livros, filmes e até do próprio governo.
Casar, ter filhos, plantar uma árvore e escrever um livro,
definitivamente, não fazem parte da minha felicidade.
Essa lista muitas vezes é a sua felicidade. Mas lembre-
se de colocar seus próprios sonhos e interesses em primeiro
plano.
Coisas sentimentais, pessoas e até mesmo um cumprimento
de “bom dia” fazem de mim uma pessoa mais feliz.
Encarar a tristeza é a etapa mais importante para ser feliz. Viver sem
se preocupar com que os outros pensam, suas listas e suas regras. O
que importa é ser você mesmo e assim a felicidade lhe encontrará.
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BRILHO
Alice Marques Oliveira
Ao infinito e às estrelas...
A cidade cheia de luzes durante a noite.
À noite na paz vem a paz
Mesmo com os carros buzinando e entre pessoas mal-educadas
Consegue-se ver a melhor parte das esquinas,
No campo a paz é constante.
À noite não são as luzes que a deixam mais bela!
E sim, as estrelas.
Ah! As estrelas...
As estrelas que me fazem ficar parada por horas apenas as observando.
Na cidade nem sempre há estrelas no céu,
Mas quem precisa de estrelas quando existe uma imensidão de prédios
maravilhosos? Cheios de luzes!
No campo não há muitos prédios,
Mas quem precisa de prédios quando tem imensas terras férteis?
Mas no fundo ninguém quer terras ou prédios, todos querem as estrelas!
Todos nós queremos o que não podemos ter: as estrelas.
Todos nós precisamos do conforto e a paz que só encontramos nas estrelas,
Todos nós procuramos o impossível que só encontramos nas estrelas,
Todos nós procuramos o prazer de viver que só encontramos nas estrelas,
Todos nós temos objetivos que não são alcançados nessa vida medíocre, que são
alcançados apenas nas estrelas!
Sendo todos mortais ou não, todos nós temos ambições que não deveriam ser
medidas.
Todos temos nossa alma com manchas reais.
E todos julgamos uns aos outros sem nem saber suas
próprias manchas.
E tudo isso acabará quando conseguirmos sentir e ver
as nossas próprias estrelas!
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IMPRESSÕES
Lays Trentini Scoon
Uma menina, cujo os sonhos
Foram destruídos pela a sociedade.
Era tão inocente, não compreendia o mundo ainda,
Coitada...
Mal sabia ela que no futuro,
Quando estivesse maior iria se machucar
Profundamente, e às vezes com cicatrizes ainda abertas. Desiludida no amor
Amizades e emprego.
Era uma menina tão doce, tão frágil...
Só queria o bem das pessoas, os sorrisos delas, a generosidade do ser humano.
Mas, infelizmente, foi muito julgada
Simplesmente por ter gostos diferentes dos "padrões” da sociedade.
Esse é o nosso mundo atual
Cheio de regras
Padrões a serem seguidos
E quem não segue, é considerado maluco.
Ela se feriu muitas vezes,
Não confiava em ninguém
Estava isolada do mundo, sem contato com ninguém da rua ou da cidade ou da
família.
Idosa, recordava-se de sua infância.
Como foi feliz, mas ao mesmo tempo iludida e machucada
Foram os melhores e os piores anos de sua vida
Velha, sozinha, sem amor, sem ninguém
Era assim que iria morrer
Sem sua família por perto
Sem ninguém
Isolada.
Descanse em paz
Menininha que um dia já foi feliz
Que já sonhou e que ainda espera ser muito feliz!
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UM MUNDO HETEROFÓBICO
Stella Maria Margarita La Regina
Em uma outra dimensão do planeta Terra, uma família tradicional se encontra
jantando em um restaurante chique. O filho único está completando dezoito anos de
idade neste dia:
- Obrigado pais por me trazerem neste lugar. A comida está excelente! Afirma o
filho feliz, mas um pouco nervoso. – Mas tenho que contar uma coisa para vocês.
- De nada filho, você merece. Pode contar, somos todos ouvidos.
Diz o pai com um ar curioso.
- Então, eu andei escondendo isso de vocês por muito tempo,
mas agora, que sou maior de idade, decidi me assumir. Eu
sou hétero.
Os dois pais se entreolham, um com uma expressão
surpresa e outra indignada:
- Você só pode estar de brincadeira, né? Pergunta um dos
pais para o filho - Como assim, meu filho é um machinho?
- Gabriel, não acredito que você está fazendo isso com seus pais!
Afirma o outro pai.
Depois de um breve silêncio, um dos pais conclui:
- Olha filho, isso só é uma fase. Você vai conseguir encontrar o
homem certo.
DESVENTURAS DE UM DIA CHUVOSO
Eduardo Garcia de Gáspari Valdejão
Odeio dias chuvosos (se posso afirmar com essa intenção). Quando chove não se
faz nada; sair de casa é um inferno, todo lugar alagado e demorado. Algumas coisas
têm para fazer. Uma delas: estudar.
Um dia de chuva como esses, fui para a escola normalmente (dificilmente de bom
humor). Finalmente, quando chegou uma das melhores partes do meu “turno”, o
recreio, fui resolver alguns assuntos pendentes na cantina. Eu estava ansioso para
conversar com uma amiga e nem me lembro o motivo.
O dia seria como qualquer outro, esquecido nas profundezas de meu cérebro, se
não fosse por um maravilhoso acontecimento que ocorreu comigo aquela manhã. A
escola passava por períodos “difíceis” e tudo no subsolo parecia alagado. Eu
realmente estava ansioso, tanto que nem prestava atenção para onde andava e, é
claro, tive minhas consequências. O piso escorregadio me fez deslizar e, sentindo-
me como uma bailarina dando piruetas no ar, caí de cara no chão; e, se não bastasse,
mordendo meus próprios lábios. Com a boca sangrando e um dente quebrado, me
perguntam “machucou”? “Não, não; só o orgulho...” pensei.
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FERIADÃO
Ana Beatriz Brito Garcia
Quarta-feira. Como é boa a sensação de saber que no dia seguinte não terei que
acordar cedo. Era feriado de Corpus Christi. Não fiz nada de emocionante, mas às
vezes é bom ficar em casa relaxando com a família, acordar tarde, arrumar o quarto e
até sentir saudades.
Na quinta-feira fui ao cinema com meus pais e minha irmã. Eu e minha mãe
assistimos a um filme que estávamos esperando para ser estreado faz tempo. Foi
muito legal! Rimos e nos divertimos muito. Meu pai e minha irmã viram outro filme,
pois ela tem apenas sete anos de idade.
Depois que acabou o filme, fomos jantar e ainda deu tempo de fazer umas
comprinhas. Aproveitei e comprei uns chocolates para o meu amigo Brags, que faria
aniversário no próximo Domingo.
Na sexta, fiquei em casa estudando para as provas que estavam chegando, afinal,
não fui viajar com o meu namorado justamente para estudar. E como se concentrar?
Não sei, mas no fim estudei. De noite comemos churrasco e vimos
um filme.
No sábado fomos ao cinema outra vez. Aproveitei para
assistir essa semana, pois sabia que não seria possível ir na
próxima, devido às provas e os jogos de vôlei.
De volta para casa, curtir um pouco a família, tomar um
sol, dar uma estudada.
No outro dia fui fazer trabalho de sociologia com as minhas
amigas. Domingo é bom e ruim ao mesmo tempo. Bom porque
está chegando segunda e vou fazer o que amo, que é encontrar meus
amigos, jogar vôlei, principalmente, ver o meu amor. Ruim porque o
alarme toca às 6h00. Só mais cinco minutinhos...
E tudo começa outra vez!
- Não é assim pai. Eu nasci deste jeito. Responde o jovem adulto, já arrependido
de ter se revelado.
- Hum... tive uma ideia! Diz um pai, já mais calmo – eu conheço um psicólogo muito
famoso que tem a cura para esse problema. Vou marcar um horário para você
amanhã!
- Mas pais...
- Você vai! E sem discussão! Não quero que meu filhinho vá para o mau caminho.
Agora silêncio e vamos curtir seu aniversário. Afirma mais um pai, irritado com as
decisões pessoais de seu filho.
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UM PEQUENO FLOCO DE NEVE
Gabriel Pessoa Mello de Vazzi
Felicidade é como um floco de neve muito pequeno, ele vai
caindo lentamente e graciosamente até o chão. Mas vem o
vento e o ergue e ele está lá em cima novamente.
A felicidade não é um sentimento que você vivencia
para todo o sempre. Não estamos estagnados e as folhas
errantes voltaram e consequentemente deixa-nos tristes. Mas
aprender com os erros nos tornam mais fortes e com um olhar
mais humano.
Ser e estar feliz é não estar se corrigindo o tempo todo. É poder ter
tudo? Nem sempre.
Para mim felicidade é poder estar bem e com os amigos.
ADOLESCÊNCIA
Luana Eisencra
Cientistas dizem que a adolescência é o período da vida em que ocorrem as
transformações mais aparentes no corpo, em razão das alterações hormonais. Mas,
em minha opinião é a pior fase de nossas vidas.
Para começar tem o colegial, onde o planeta terra todo coloca pressão sobre as
suas costas porque você tem que passar no ENEM e no vestibular, entrar numa boa
faculdade e passar de ano. Depois disso vem à pressão dos seus colegas para você
beijar na boca. E para piorar você tem as brigas com si mesmo! Por que tem que ser
tão difícil?
A pior parte são os outros que não se cansam de enfiar o nariz em sua vida, como:
“menina! vai passar um creme nessa cara, pois está cheia de espinhas! Vem outro e
diz: “Olha querida só gostaria de informar que essas espinhas não saem por nada”. E
digo: você acha que eu já não tentei de tudo? Ou “nossa como você está peluda”, sério
até isso as pessoas precisam que se importar?
Mas é claro que também tem coisas boas, na adolescência. Você começa a se
desenvolver mentalmente escolhendo os caminhos que quer seguir. Começa a
decidir quem você vai querer levar com você para sua vida. Percebo assim que não
quero muitas pessoas em minha volta. Minha mãe sempre disse que os amigos de
verdade podemos contar em uma mão.
Mas, mesmo com todas essas turbulências, temos que agradecer porque se tem
alguma coisa chata ou muito irritante que nos deixam nervosos, significa que por trás
de tudo isso que passamos, e estamos passando tem alguém que nos ama muito, e
sempre só quer o nosso melhor.
Ensino Médio2sériea
Professora Maria Cristina Peixoto Mangiacavalli
Com um vocabulário mais preciso juntamente com textos e exercícios
abordados em aula, como: reportagens, crônicas, trechos de livros e várias narrativas;
o cenário do Segundo Ano Médio foi inspirador. Os alunos trazem no olhar a certeza de
que esses momentos com os amigos do dia a dia chegarão ao fim. Ficarão as boas
lembranças e algumas retomadas de encontros, mas logo a vida pede para trilhar em
novos caminhos.
A dissertação, narração e a descrição já se tornaram uma constante em sala de
aula. O desejo por uma linguagem criativa e livre de clichês; a busca por uma voz
pessoal e a vontade de observar a realidade de modo questionador é um desafio
contínuo.
A descrição foi o tópico inspirador para a maioria dos textos finalistas.
Os leitores lerão trechos de alguns contos criados por eles. Diversas imagens
aparecerão para nos localizarmos diretamente na cena descrita. Desafio aceito:
Estamos no século XIX em visita a um castelo e ótimas reflexões também.
Exercícios ficcionais que impulsionaram produções para esse projeto. Fictícios ou
não fictícios. Não importa. O que vale realmente é o ser instigante e a produção muito
bem-feita que cada aluno nos traz para contar!
Orgulhosa de todos vocês!
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CONVITE REAL
João Pedro Batemarque Simoes
Recentemente fui convidado pelo Conde a ficar uns dias em seu castelo e que
muitos acham o lugar um misterioso, não só pela estranha aldeia aos pés de uma
gigante construção abandonada, mas também pelo ar sombrio que corre pela região.
Esses últimos dias têm se mostrado extremamente desafiantes para mim, talvez
me dou conta pelo fato de ter sido criado em uma cidade muito monótona e nunca
tive que realmente vivenciar verdadeiros problemas e perigos, o que me levou a
questionar, primeiramente, o porquê do convite. Então, resolvi matar a minha
curiosidade.
Enfim, percebo que meus limites têm sido testados ao ter que ficar três dias
afastado do meu cômodo abrigo.
Para chegar ao castelo, levei quase um dia procurando sua entrada. Por todo o
lado era cercado de armadilhas (devido a paranoia do próprio Conde) e ao meu lado
caminhavam muitas pessoas famintas, com frio, desesperadas por qualquer coisa
que encontrasse. Perturbador. Tornei-me alvo de seres deformados, gritantes e até
selvagens; seres cheios de dor. Seria esse um caminho suicida? Corri com o meu
cavalo ao máximo que pude sem um olhar de piedade para trás.
Porém, ao entrar no castelo, deparei-me com um grande banquete para celebrar a
minha chegada. Claro que foi uma conquista! Então o Conde apareceu. Homem alto,
robusto e muito reservado, não falando mais que o necessário para mantermos uma
conversa. No entanto, após algumas horas, sua participação em nosso diálogo
melhorou e ele me explicou a minha antiga dúvida. Por que me chamou? Afirmou que
conhecia meu pai, que cresceu com ele em minha pacata cidade, e aquela magnífica
moradia, foi presente do meu falecido pai. Mas, como sua mulher havia morrido há
pouco tempo e estava muito só, lembrou de mim e queria me
conhecer.
Percebi que todo aquele medo era somente solidão. Aquele
Conde, apresentou-me todo o recinto com incontáveis quartos,
sem ninguém para ocupá-los. Lugares majestosos e
tristes. Muitos cômodos, já sem mobília, e no espaço vazio
percorriam um vento frio e gelado das janelas entreabertas.
Pouquíssimos empregados estavam trabalhando naquele
imenso castelo. Percebia-se um certo constrangimento e medo
quando os poucos que trabalhavam lá se dirigiam a ele.
Tantos percalços passados para chegar ao lugar e um sentimento
vago e de dó percorreram meu ser. Um homem só que estava em pé ao
meu lado profundamente triste por ter perdido sua companheira.
Lembrei-me do caos que passei até chegar aqui. Muitas pessoas
sofrendo, com sua imensa dor.
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A GRANDE JORNADA
Isabela Cristina De Bem Fabozzi
Atropelou-me o pensamento a sensação de alívio, acolhimento e receio, logo
quando me vi diante do castelo. Minha mente até pouco refletia sobre minha
perdição traduzida no ato de vagar desnorteadamente por aquelas terras. Vinha de
mais longe do que é permitido calcular e superei uma pletora de distrações e
obstáculos pelo caminho até chegar lá. Dias, se não semanas, em companhia do meu
próprio ser e do meu cavalo. O que eu poderia esperar atrás dos portões do castelo?
Este, por si só, apresentava-se peculiar. Assemelhava-se com a descrição que a
lenda nos trazia, mas palavras não são suficientes para expressar tamanha
grandeza. Satisfatoriamente, tais qualidades se estendem por todos os demais
aspectos do castelo, além de sua estrutura.
Havia uma grandeza em seu interior que se alastrava nas dimensões dos tapetes
descansados no chão e nos móveis elegantes dispostos aos montes. A grandeza
também se alojava no tamanho do perigo que o lugar transmitia a mim; na quantidade
de janelas que se arrastavam até a estatura dos súditos e onde pousavam na
reputação do Conde.
O Sol não se fez por vencido, por isso, assolou aquele monumento sem nenhuma
misericórdia - os demais indivíduos circundavam nas infinitas imediações do castelo
com seus corpos seminus - tamanho era o calor e estranhamente desfilando em
passos desordenados e largos. Todos eles modelavam facetas horrendas e caretas
de dor fixadas em seus rostos, sem desfazê-las um momento sequer. Suas cabeças,
inclusive, exibiam acentuadas depressões, demasiadamente profundas - eram
figuras grotescas jamais vistas em outro lugar.
Tudo ao meu redor me incentivava a temer o desconhecido Conde. Já não bastava
o pavor daquilo que me cercava, faltava-me ainda encontrar com ele.
Enquanto me dirigia à Sala Maior, onde ele repousava, lembrei-
me das inúmeras lendas fantásticas que ouvia sobre ele quando
era jovem, e como estas me serviram de entretenimento um dia.
Porém, o que via das figuras perambulando ao meu redor
me levava as mais horrorosas concepções do Conde - o
imaginava velho e ainda maior que os demais, com uma
cabeça igualmente desforme, seu rosto estampado com a dor
perpétua, da mesma forma que havia nos traços de seus
súditos.
S u b i t a m e n t e , u m g r i t o d e s o f r i m e n t o e c o o u p e l o s a l ã o ,
imediatamente seguido por balbúrdias e murmúrios altos dos homens,
quebrando o silêncio que reinava até então.
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Aquilo dificultou meu caminho até a Sala Maior, uma vez que aquelas
monstruosidades começaram a se movimentar rapidamente em minha direção.
Tamanho era meu terror, que não pude dar nenhum passo a diante e incontinenti me
atirei para fora das instalações do castelo sem ao menos me encontrar com o nobre.
Corri dias sem interrupções, até retornar a minha cidade.
Nunca mais me atrevi a aventurar por aquelas terras novamente, e jamais guiado
cegamente pela curiosidade e pela adrenalina.
O DEMÔNIO DA MEIA-NOITE
Laura Redfern Navarro
Estava jogada no chão gélido do palco do teatro e era incapaz de abrir os olhos
devido a mistura da máscara; um lápis preto bem traçado e lágrimas que
acumulavam juntamente com meus cílios. Vestia um apertado espartilho roxo e
minhas delicadas sapatilhas de bailarina que machucavam por demais meus pés.
Meu corpo doía de maneira insuportável, mas estava móvel. Contorcia-me, jogava-
me para me levantar e novamente voltava a cair.
O choro, agora, mais desesperado. O corpo tremia freneticamente. Era estranho.
Parecia que estava possuída por um demônio. Era como eu estive mostrando meu
lado obscuro ao público através de estereótipos e movimentos compulsivos que
culminaram em quase meu próprio sufocamento.
O público encantado com minha performance. Eu extremamente assustada.
Criava sequências de movimentos aleatórios no chão do palco do teatro.
Incoerentes, improvisados. Tudo para sair daquele aprisionamento.
Já sem forças, o público delirava. Talvez minha alma estivesse também
esgotada... não sei. Um sentimento vazio tomou conta de toda minha existência.
Forças opostas brigavam para me soltar, mas era impossível. Estou
presa pelas algemas da alma e da sorte. Pesadas como chumbo.
Eu resisto, eu resisto! E o público me aplaude em pé.
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A VISITA
Sarah Birenbaim dos Santos
O cheiro estava deixando-me enjoado. Uma mistura de maresia transbordava
minhas narinas e deixava-me com nojo. A carruagem finalmente parou em frente a
um grande e assombroso castelo. O conde Montgomerry tinha péssimo gosto.
Pensei, enquanto passava pelos altos portões de ferro e subia escadas
intermináveis.
Já estava arrependido de ter vindo a esse fim de mundo de província, mas a
situação era rara. O pai do Conde sr. Cornwell tinha falecido há algumas semanas e
seu ambicioso filho assumiu rapidamente o lugar do pai em West Village, uma
importante província perto de um relevante porto para exportações de todo um
continente.
Decidi vir para cessar minha curiosidade que importunava minha cabeça e, até
agora nada tinha me impressionado. Passo pelos corredores contínuos que se
transformam em mais corredores com paredes úmidas e manchas escuras no teto,
maltratadas pelo tempo e ignoradas por seus moradores, ou seja, totalmente
arruinadas.
Penso também na escória que deveria ser o falecido Conde, no mínimo muito
parecido com os miseráveis aldeões que vira no caminho durante minha visita.
Chego ao salão principal com uma mesa de jantar rústica e extensa com toda
variedade de alimentos. Certamente, todos produzidos em terras do meu anfitrião.
O banquete era de encher os olhos: carne de porco, batatas coradas, cenouras
cortadas simetricamente, cerejas e tâmaras suculentas, vinho e diversas tortas.
O homem sentado no topo da mesa era baixinho, gorducho e coberto com as mais
finas joias. Quando me viu, sem nenhuma palavra, apontou-me com as mãos para que
me fizesse sentar.
Sentei-me em uma cadeira grande e talhada de madeira com
um enorme e confortável assento e de repente a quebra do
silêncio com o som forte e bem-humorado: é uma honra tê-lo aqui
Lorde Carstairs! Dando uma gargalhada e tomando um
generoso gole de vinho.
Forço um sorriso em meu rosto, mesmo sabendo que
tudo em minha postura exalava uma cortesia fria e forçada.
Minha voz soou como veneno pingando em conta gotas:
- Prazer conhecer o novo Conde. Afinal, acordos comerciais é
que movem os reinos.
A longa jornada foi cansativa e conversas cheias de supérfluos, mas
não poderia esperar mais. Tinha que partir.
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DIS-SIMULAÇÃO
Giulia Costa Moreti
Olho para o farol, vermelho vivo.
Um suspiro de angústia e meu olhar se desvia para o relógio, que continua
funcionando, ofegante e exausto. Pessoas atravessam entre os carros- seguindo o
compasso dos números.
As veias se exaltam de algumas testas, enquanto outros projetam olhares em
lugares inexistentes, vazios.
Diversas preocupações, motivações, desilusões atravessam uma simples faixa
de pedestres, trintando os sapatos, cheios de vítimas. Três minutos e centenas de
indivíduos dotados de singularidades coletivas.
O farol abre, despeço-me com uma reverência e sigo.
O novo herdeiro acenou com a cabeça e sorriu maliciosamente. – Espero que os
ratos que vivem em minhas terras não tenham importunado o senhor até chegar aqui.
São pedintes desagradáveis e quando algum nobre passa por aqui vivem se
queixando. Nada respondi.
Além da ironia, detectei o desprezo que o próprio Conde mostrou em relação ao
seu povo. Um tirano naturalmente. Fiz um leve levantar de lábios e parti para não
mostrar minha indignação com um ser que de humano nada o tem.
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O ARTISTA VISITANTE
Leonardo Baarini Martim
Estava pasmo. Segurava o convite do Conde na mão, convidando-me a conhecer
seu famoso castelo. Na carta estava escrito que ele ficara impressionado com minha
pintura e que eu deveria vê-lo. Queria que o retratasse. Era certo que minhas obras e
esculturas estavam se tornando famosas, mas ser convidado pelo orgulhoso Conde
para fazer o retrato dele? Nunca sonhei com isso.
A carta falava que era para estar, em seu castelo, daqui há três dias. Comecei a me
aprontar, pois ele morava longe. Peguei uma carruagem, pois queria chegar logo.
Cheguei mais cedo do que previsto e olhei pela primeira vez para o magnífico castelo.
Quanto mais me aproximava, mais imponente e grandioso ele se apresentava a mim,
porém sua proximidade começava a me dar medo também.
Cheguei perto dos grandes portões pesados de carvalho e bati com força as
argolas de ferro enferrujadas. Esperei alguns minutos que mais pareceram horas
intermináveis onde meu nervosismo só aumentava. Finalmente, abriram as portas, e
quando entrei percebi que seu interior bem poderia ser uma cidade. Podia
facilmente me perder no caminho entre salas até encontrar a principal. Fui
conduzido felizmente.
Não sabia se o Conde demoraria ou não, mas pouco durou minha espera, pois vi
aquela figura com longas e chamativas roupas. Joias cintilavam por todo corpo e
possuía um andar muito elegante ao descer de uma sinuosa escada de mármore.
Soube naquela hora quem eu realmente tinha que retratar. O quadro deveria também
estar à altura. Tinha dotes para isso.
Assim como o castelo, o Conde de Westwest eram muito parecidos. Poderosos
eu diria.
M i n h a e s t a d i a f o i a g r a d á v e l e m e s m o t r a b a l h a n d o
incansavelmente, tinha impressão que estava sendo observado
todo o tempo. Sentia que minha obra também era julgada. Ao
longo dos dias, essa sensação foi aumento ao ponto de
atrapalhar meu sono e meu trabalho.
Sensação incontrolável e estranha. Percebi que
chegara ao fim o prazer de retratá-lo. Cumpri o prometido.
Fiz uma obra magnífica, mas logo que pude, sai daquele lugar,
para nunca mais voltar.
Ensino Médio3sériea
Professora Maria Cristina Peixoto Mangiacavalli
Agora a história é outra. Todos com sua total energia e prontos para
o próximo passo. A conversa é estudo, vestibular, cursinho e final de um ciclo.
Pensamentos variam, desde a hora da formatura até a decisão final de buscar
seu próprio caminho. São muitas informações e várias decisões a tomar.
Uma turma que deixará saudade. Saudades dos amigos de muitos anos, aos
novos que fizeram e aos professores que os acompanharam nessa jornada;
enfim, toda a equipe da escola.
Suas produções são mais questionadoras, suas reflexões mais pontuais,
críticas e sempre buscando atitudes e soluções para um mundo melhor. Mais
inclusos em suas produções estão seus sonhos. Mesmo que a dura realidade
vivenciada nos dias de hoje, o amanhã sempre será melhor. E é através de seus
sonhos que estão em seus textos, que acreditamos que tudo dará certo. Nada
mais gratificante de orientar jovens criativos, e comprometidos com seus
estudos. Muito a nos ensinar! Muito a agradecer!
Não é assim mesmo? Preparamos nossos alunos para a vida e cada um de nós
carregarão um pouco de todos eles para sempre! Parabéns a todos!
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DEZOITO ANOS
Ana Luiza Cintra Pryzant
Deparo-me com meus 18 anos de vida e sinto nas costas as coisas que plantei.
Carrego junto a mim toda maldade que fiz, todas as pessoas que mudei e respiro a
efêmera passagem dos segundos sem aproveitar os milésimos como eles merecem.
Não tive uma vida comum, confesso que usufrui de muitos privilégios que me
proporcionaram uma reflexão relacionada ao sentido da vida e conclui que as
pessoas se movem através do que elas acreditam e continuam vivendo por algo que
dê sentido a diversas coisas (muitas vezes que não existem), mas
que se sentem estimuladas, mesmo sabendo que no fim seremos
pó.
Essa ideia me assusta para me confortar. Gosto de
acreditar que depois do fim, ainda estarei perto das
pessoas que amo, mas isso pode não acontecer e eu terei
trabalhado, cansada, e ter gasto todas as minhas energias
durante a vida para uma realidade finita e que anulará todo meu
esforço.
Triste eu diria... Todos os prazeres vivenciados se perderão na
imensidão do tempo e eu serei simplesmente esquecida.
Acho que prefiro viver o agora e deixar o amanhã para depois.
DE PASSAGEM
Luiza Silva Ayres
Fala para ele que é um sonho bom, que mudou o tom da sua vida, cumprida. Fala
para ele do disco do Tom Jobim, do seu apelido e de mim , e chora.
Se você soubesse como machuca não amaria mais ninguém. Fala para ele que a
vida é um balão para cuidar do seu coração e chora, para onde eles forem, embora.
Vamos colocar um chapéu de burro na cabeça e deixar a tristeza no canto da sala e
sair para batucar na Rio Branco, às seis. Deixa para depois o que já não precisa
esperar e tudo que não deu para consertar por culpa do depois.
A gente sempre espera piorar, nosso refrão está aí.
Entra para ver como você deixou o lugar, e o tempo que levei para arrumar aquela
gaveta, mas tira o sapato para entrar; cuidado que eu mudei de lugar, algumas
certezas para não te magoar.
Não tem porquê para ajudar seu analista, desculpa. Mas se você quiser, alguém
para amar ainda...
Mas, hoje não vai dar. Não vou estar, te indico alguém.
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ROTINA DO ESP (ERRADO)
Larissa Perosin
Acordar, comer, trabalhar, dirigir e cozinhar. Essas são as coisas básicas da minha
rotina. Levanto-me todos os dias às sete da manhã, me arrumo, faço café para o meu
marido, vou trabalhar, volto para casa, faço o jantar, me arrumo novamente e vou
dormir.
Sexta-feira, um dia diferente, eu iria sair com minhas amigas, o que eu não fazia há
anos. Estava contente, porém, torcia para conseguir sair antes do meu marido
chegar, queria evitar briga.
Sai do trabalho e fui para casa me arrumar, coloquei uma roupa simples, nada
muito extravagante, e desci para buscar os sapatos que, por algum motivo fora do
comum, estavam jogados na sala. Ao sentar no sofá acabei me distraindo com o
celular, estava vendo algum vídeo engraçado no facebook, então ouço a porta da
frente abrir, era meu marido.
Fui cumprimentá-lo e logo vi sua feição fechada. Problema à vista.
Parei onde estava e antes que pudesse indagar qualquer som veio a pergunta “ O
meu jantar está pronto? ” “Por que está tão arrumada?” .
Acho que ele se esqueceu que eu iria sair com as minhas amigas hoje. Então disse:
“ Querido, vou sair não se lembra? Não tive tempo de fazer a janta, peça algo hoje.”
Ignorada, ele virou as costas e subiu para o quarto.
Problema. Sabia que iria dar problema. Subi as escadas atrás dele e perguntei se
algo estava errado. Ignorada, novamente, perguntei uma segunda vez, um suspiro e a
resposta veio. “ Desde quando você sai sozinha, não me avisa e esquece meu jantar? ”
Eu parei. “Desde quando?” disse. “Realmente, há muito tempo. Avisei semana
passada”.
Respondida à pergunta, desci as escadas procurando evitar uma
discussão maior e fui fazer o jantar; por que estava fazendo o
jantar?
Com tudo pronto avisei: “ O jantar está na mesa, meu bem!
Logo ouvi os passos pela escada, estava pronta para tirar
os sapatos e me juntar a ele ao jantar, por quê? Não, dessa
vez eu iria sair, não iria ficar em casa para evitar mais uma
briga.
Peguei minha bolsa e as chaves do carro e fui em direção à
porta, contudo, antes mesmo de chegar ao lado de fora ouço: “
Você não vai desse jeito! Olha essa roupa curta! Você não vai sair assim
sem mim! ” Perplexa, como não reparei antes? Há quantos anos eu não
saio para me divertir sozinha com meus amigos? Há quantos anos eu
faço apenas as vontades dele sem nem questionar as minhas?
Quantas vezes deixei de sair para evitar conflitos?
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Cansada, ao contrário do esperado, até por mim mesma, sai, sem dizer nada,
apenas sai.
No carro, o telefone tocava incessantemente, não tive vontade de atender. Então
uma sensação de alívio me atingiu e pensei nos últimos anos. Eu era feliz, ou achava
que era feliz, eu me submetia à diversas opressões, pequenas, diárias, que parecem
apenas concessões que, como mulher, eu deveria fazer. Não, eu não devo fazer, eu
não devo deixá-lo controlar a minha vida de tal maneira que parece que o que estou
fazendo é errado, não pode ser normal ser submissa. Eu tenho vontades e opiniões
que não serão mais omitidas, serão ditas!
Sexta-feira, um dia que, escapando da rotina, terminou por ser o dia da minha
libertação interior. O dia em que, após anos, percebi os erros da minha rotina, o erro
de sempre fazer “o esperado” e o erro de me deixar ser posta em segundo plano.
VIDA CURRICULAR
Suellen Covellio da Costa
No mundo capitalista, em que a maioria das pessoas estão preocupadas apenas
com o dinheiro para serem capazes de possuir muitos bens materiais e conseguirem
viver no luxo, muitos “perdem” suas vidas para alcançar este objetivo, indiretamente
imposto pela sociedade, pois, na maioria dos casos, o homem não é só educado na
escola, mas também dentro de casa para saber sobreviver e não para a vida.
Ao focar apenas no mercado de trabalho e em passar em um vestibular para obter
uma boa faculdade, ensinam-lhe muita matemática, física e química e pouca filosofia
e sociologia, pouca vida.
As pessoas são educadas de uma maneira a aceitar tudo que lhes são mostrados,
sem serem aptas a criticar, discutir, ter uma opinião diferente do coletivo.
A vida deveria ser mais que apenas trabalho, deveria ser
realmente vivida e compartilhada as experiências. É necessário
aprendê-la.
As escolas deveriam ensinar não apenas “para o futuro”, mas
também para o “presente”. É crucial perceber que existe
um grande mundo escondido atrás de um vestibular e que
é muito mais importante do que só um mercado de trabalho.
Neste mundo existe vida. Existe gente.
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UMA VIVÊNCIA ESPECIAL
Davi Jean Buoro Cassano
A vida é bela, não é mesmo? Muitas vezes, trancafiados em um quarto, na solidão
da existência, não temos a consciência de quantas coisas exuberantes e
absolutamente lindas existem no universo, que muitas vezes não temos o contato e
não são desbravadas.
Era um domingo de manhã. Estava definitivamente cansado, com uma
inenarrável vontade de me personificar em preguiça, ficando apenas no conforto da
minha aconchegante cama, com meu cobertor quentinho, vendo TV. Logo, ouço o que
se pode chamar de um rugido, que aos poucos torna-se mais incomodante. Era minha
mãe “pedindo” para acordar.
Levantei-me e fui tomar uma xícara de café, algo que faço esporadicamente.
Conversa vem, conversa vai. Combinamos ir ao parque Ibirapuera juntos para
passearmos em família, já que minha mãe ficou longe de casa por uma semana em um
congresso odontológico e só havia voltado no dia anterior.
Não estava com uma imensa vontade de sair, voltar para cama parecia uma
melhor opção. Porém, acatei.
Pegamos nossas bicicletas, que estavam guardadas na garagem, e saímos.
Incrivelmente, estava um calor absurdo na rua. O dia estava realmente lindo.
Rapidamente chegamos ao parque, que estava lotado. Crianças brincando, idosos
caminhando, adolescentes jogando futebol na grama. Estava impossível até mesmo
entrar na ciclovia existente, pois havia muitas de bicicletas transitando pela faixa.
Após uma breve discussão sobre o que deveríamos fazer, optamos por pegar
uma trilha que meu pai conhecia e fazíamos quando eu era pequeno, época em que
trabalho e lazer estavam intrinsecamente ligados e o primeiro não tomava todo o
tempo do último. Em meio a conversas, brincadeiras e boas risadas,
fiquei perplexo.
Diferentemente da ciclovia, este lugar não possuía tantas
pessoas fazendo barulho. Era um pedaço do céu na terra.
Grandes árvores tomavam o local, fazendo com que
grande parte da luz do sol não passasse.
O clima estava ameno, úmido, muito diferente do que
havíamos vivenciado durante à ida ao parque ou até mesmo
dentro de casa. Havia um grande lago logo à esquerda, de águas
cristalinas, com diversos patos e gansos nadando. Perguntei-me
como seria possível existir um lugar tão lindo e intacto existindo
juntamente com a maior metrópole do país, sem nenhuma aparente
ação que pudesse alterar ou prejudicar o meio ambiente, como o lixo
que é deixado ou lançado nas águas ou no chão.
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O que ocorria com o lago principal do parque? Este lugar era realmente especial.
Sentamos sobre a grama e ficamos observando a paisagem em família. Minutos
se passaram...
Decidimos então perguntar para uma das poucas pessoas que passava pelo local
que horas eram. Eram duas horas da tarde! Havíamos ficado aproximadamente todo
esse tempo apenas vendo a vista e refletindo sobre a vida. Com um ar de tristeza,
tivemos de deixar o local.
Quando chegamos em casa, tive a oportunidade de deitar em minha cama. Não
quis. Pude perceber que, se minha mãe não tivesse insistido para que eu levantasse
naquela hora, e tomado café com meus pais, nenhuma destas experiências teriam
ocorrido, e eu não vivenciaria algo tão bonito com eles.. Não teria feito valer a pena o
que tinha tudo para ser um simples domingo, e não possuiria uma história tão bela
para contar. Fiquei com um enorme amor no coração, feliz, alegre... realizado.
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QUERIA SER UM PASSAGEIRO
Joana Noya Correira Soares
E mais um dia em que reparo na precariedade das relações. Sorrisos rasos e
conversas desinteressadas. Não me chateio mais com nada, vejo tudo como só mais
um episódio desta caótica série que é minha vida.
Vendo agora este carro passar eu penso em como queria estar lá dentro,
correndo, sentindo o ar bater em meus cabelos e entrar em meus pulmões.
Ir para qualquer lugar, sem medo do próximo passo, sem sentir olhos pregados
em mim a toda hora que eu passasse.
Mas não. Não estou em um carro e nada está passando. Eu continuo neste falso
mundo, preparando-me para algo que já tenho, esperando por uma vida que eu
deveria estar vivendo sem sentido. Não busco mais a felicidade, busco um abraço
verdadeiro, um flash de carinho ou um olhar de admiração.
E assim eu sigo meu caminho, tentando não pensar e não ver. Não mais.
Sinceros agradecimentos da equipe de Português aos colegas das
demais áreas do conhecimento e à equipe técnico-pedagógica, pela
presença constante e incentivo diário.
EQUIPE TÉCNICO-PEDAGÓGICAMantenedora e Diretora-geral - Neuza Maria Scattolini
Assistente de Direção - Márcia Gavino
Coordenadora Pedagógica (Fundamental II e Médio) - Lucienne Maria Buscariolli
Orientadora Educacional (Fundamental II e Médio) - Valéria Furtado de Alcantara Gil
EQUIPE DE LÍNGUA PORTUGUESA
Professor Cassio Laranjeira Pignatari
Professora Gabriela Fonseca
Professora Maria Cristina Peixoto Mangiacavalli
Professora Maria Inez Ferreira de Jesus
Professora Rejane Loli Ruiz
PARA QUEM LEVA A EDUCAÇÃO A SÉRIO E FAZ DA VIDA UM ETERNO APRENDIZADO
www.colegiodomus.com.br / www.facebook.com/colegiodomusDOMUSSapientiae
DESIGNER GRÁFICO - Silvio da Matta