Apresentação_clube de Leitura

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Apresentação de um projeto de clube de leitura numa escola secundária

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Encontro de Bibliotecas Escolares em Leiria Ano letivo 2014/2015 Formadoras: Drª Helena Espirito Santo, Drª Lucília Santos !

Conceção do projeto Clube de Leitura “Interleitores” !

1- Razão justificativa do projeto/diagnóstico

No atual seio da sociedade dos média e da informação a leitura tornou-se a mais

importante competência técnica. Sem ler e saber “ler”, o desenvolvimento pessoal e social

fica comprometido e por isso, os esforços nos últimos anos nas escolas portuguesas centram-

se na promoção da leitura. Todavia, denota-se que nos adolescentes a leitura está

principalmente associada a exigências curriculares e programáticas e poucos alunos lêem no

seu tempo livre ou por mero prazer. Acerca desta indisponibilidade para a leitura por parte

dos nossos adolescentes, Yanguas, especialista da Fundação Germán Sánchez Ruipérez refere

um conjunto de razões que também se aplicam aos estudantes portugueses: “ sobrecarga

escolar, diversificación de ofertas para el ocio, imposición de determinadas lecturas poco

motivadoras“ (1995: 58). Na nossa perspetiva, os alunos devem também ser motivados para

ler e demonstrar que a leitura enquanto ocupação de tempo livre pode ser divertida, tal como

é defendido na proposta dum programa de desenvolvimento para os grupos de leitura em

Bibliotecas Públicas da Agência de Leitura. De acordo com este organismo , os grupos de

leitura são divertidos, constituindo desafios para abrir os horizontes dos leitores porque

oferecem a oportunidade de ler mais e alargar o leque de leituras e partilhar estas

experiências com outras pessoas (2004: 24). Com o presente projeto pretende-se efetivamente

cumprir o objetivo proposto como também iremos ao encontro dos dois ingredientes básicos

da receita para um clube de leitura segundo Blanca Calvo, diretora da Biblioteca Pública de

Guadalajara e autora do artigo “ Receita para un club de Lectura”: “la leitura personal e

íntima, la possibilidade de compartir esa leitura con otras persona (2001:1). Também aqui a

experiência radicará fundamentalmente na leitura pessoal da cada livro para depois partilhará

as impressões com o restante grupo. Radicará também no hábito de partilhar as histórias, os

livros e até formas de comunicação, misturando-os com os gostos e os hábitos dos nossos

jovens, “deixando fluir a imaginação”(Scothern: 24). Ora vejamos a descrição do projeto.

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Numa primeira fase através da troca de correspondência entre os jovens e os séniores com o

recurso a cartas e emails alternadamente, pretende-se misturar novas e velhas formas de

comunicação. Nesta correspondência caberá a cada um fazer uma breve apresentação com a

condição de falar sobre o seu gosto ou ausência de gosto pela leitura, assim como referirá o

último livro que leu e que tenha apreciado. Esta troca efetuar-se-á durante algum tempo (um

mês com uma carta e um email- uma de apresentação e outro de resposta) de forma a criar

suspense e curiosidade entre os diferentes protagonistas, que ainda não se conhecem,

servindo também para esboçar os perfis de leitores.

Posteriormente e numa segunda fase do projeto, haverá um encontro real entre ambos

os grupos para conhecerem o seu “correspondente” na vida real. Nesta sessão de carácter

mais informal, incluindo cafés e bolos, haveria partilha de caráter informal. Numa terceira e

quarta sessão haveria uma apresentação de livros dos jovens aos séniores na universidade

sénior e dos séniores aos jovens na escola respetivamente. Um quinto encontro permitiria a

formação de pares de leitura de forma a que um jovem e um sénior possam ler o mesmo livro

e depois partilhar as suas impressões no grupo. Estes encontros teriam uma periodicidade

mensal durante quatro a cinco sessões. Uma última sessão aconteceria sob forma de tertúlia

conjunta e pública, com momentos de leitura em voz alta e excertos dramatizados, aberta à

comunidade na Biblioteca Municipal e com uma divulgação ativa nos meios de comunicação

social. Os protagonistas têm conversas à volta dos livros e das leituras na Biblioteca

Municipal de Torres Vedras, como se de uma conversa privada se tratasse mas com um

caráter público.

Desta forma através do poder socializador de tertúlias e conversas à volta dos livros

pretende-se não só perscrutar o vasto espaço da literatura que atravessa espaços e tempos

como também recuperar a sonoridade das leituras em voz alta.

Na terceira fase do projeto e após esta sessão pública, prevemos três produtos finais:

a) - elaboração de um Diário de Bordo e que começaria com as 1ªs ações e descreveria

a génese e desenvolvimento do projeto e posterior recolha de impressões dos participantes;

b) - uma exposição final no atelier “Fábrica de Histórias”, Paços do Concelho ou na

Biblioteca Municipal onde se apresentaria o Diário de Bordo desta “viagem

intergeracional”. Este Diário de Bordo, que se complementaria com uma página do

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facebook com os registos dos momentos mais significativos de um grupo de

“repórteres”(2 alunos), um grupo de fotógrafos“(2 alunos)

c) - a realização de um pequeno vídeo/peça aúdio, publicações no jornal local, nas

redes sociais e na revista da escola.

A fim de munir os nossos jovens com as competências necessárias, contaríamos com o

apoio da Biblioteca Municipal, tirando proveito das ações de formação constantes do

Programa de Formação da Biblioteca Municipal de Torres Vedras, ou seja, do atelier de

escrita criativa em e da formação de mediadores de leitura. Posteriormente os alunos farão

formação ainda sobre voz e expressão e um atelier de ilustração com o recurso a professores

da escola destas áreas disciplinares. Queremos desta forma tirar proveito das redes existentes

na escola e na Biblioteca Municipal com vista a controlar os custos, valorizando e

promovendo os recursos humanos locais e regionais.

Numa última fase pretende-se avaliar o projeto nomeadamente os impactos através de

entrevistas e questionários, que aliás já fazem parte da prática avaliativa dos eventos

realizados na Biblioteca Escolar.

!2-Público alvo

Enquanto público-alvo escolheríamos duas turmas do ensaio secundário e de dois duros

diferentes : um cursos e caráter geral e outro de caráter técnico-profissional com o intuito de

ter um grupo menos homogéneo que poderão tornar as discussões mais amplas e

interessantes. Seria, portanto, o 10º D e 10ºPTG da Escola Secundária Henriques Nogueira

assim como os alunos da turma de Literatura Portuguesa da Universidade de Terceira Idade

de Torres Vedras.

!3-Objetivos

Como objetivos queremos essencialmente

-promover o vínculo intergeracional através do intercâmbio dos leituras;

- fomentar nos jovens os princípios de respeito e de tolerância, questionado o preconceito

associado ao fosso geracional;

- valorizar práticas educativas capazes de contribuir – de acordo com cada área do saber -

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para um desenvolvimento integral do aluno, enquanto sujeito consciente de si e da sua

cidadania;

- melhorar os níveis de leitura da comunidade educativa.

!4- Desenvolvimento do projeto

O projeto pressupõe o seguinte desenvolvimento:

a) a formação para mediadores de comunidade de leitores, integrada no plano de

formação da Biblioteca Municipal;

b) a formação de escrita criativa, integrada no plano de formação da Biblioteca

Municipal;

c)formação de leitura em voz alta, expressão e leitura dramatizada na Escola

Secundária Henriques Nogueira;

d) troca de correspondência por carta e mail;

e) intercâmbio de experiências livrescas e leituras em voz alta na Universidade Sénior e

na Escola Secundária Henriques Nogueira;

e) constituição de comunidade de leitores e cruzamento de histórias de livros e gostos

literários entre jovens e séniores na Biblioteca Municipal através de seis sessões mensais

durante o biénio 2012-2014;

f) apresentação pública do projeto e através da realização da última sessão na Biblioteca

Municipal;

g) construção de um “Diário de Bordo” desta viagem intergeracional com recurso a

alunos das turmas enquanto repórteres da escola e fotógrafos/ilustradores e narradores

acompanhado por um blogue criado desde da génese do projeto;

h) exposição final do "Diário de Bordo" na Biblioteca Municipal, Paços do Concelho ou

Fábrica de Histórias.

i) monitorização, controlo e avaliação contínua do projeto, com especial enfoque no

momento final através de questionários e entrevistas.

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!5-Divulgação

Tal como havia sido referido na ponto um da justificação do projeto, a divulgação será

parte integrante do projeto, constituindo a última etapa. Na terceira fase do projeto e após a

sessão pública na Biblioteca Municipal, prevemos três produtos finais:

a) um Diário de Bordo com impressões recolhidas pelos participantes em tempo útil,

após cada sessão, acompanhado por uma página no facebook com pequenas entradas e

registos fotográficos dos momentos mais significativos;

b) uma exposição final em locais estratégicos da cidade : “Fábrica de Histórias”,

Paços do Concelho ou na Biblioteca Municipal.

c) a realização de um pequeno vídeo/peça áudio, publicações no jornal local, nas redes

sociais e na revista da escola.

!6-Calendarização

Ano letivo 2014/2015

1º período - formação na área da mediação de leitura, escrita criativa e ilustração

2º período - troca de correspondência , 1º encontro real, 2º encontro

3º período - 3º, 4º encontro- apresentações de livros e hábitos de leitura e conversas à

volta dos livros, 5º encontro- Tertúlia pública e apresentação do “Diário de Bordo” na

Biblioteca Municipal e exposição final na Galeria Municipal;

!7-Avaliação

A avaliação será feita com base num questionário a ser distribuído aos participantes, o

qual reproduzimos aqui

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8-Conclusão

A escolha do presente projeto deve-se à temática dos clubes de leitura, que foi abordado e que

me levaram a Leiria para fazer esta ação de formação, porque ao nível regional desconhecia

qualquer formação que tenha havido sobre este assunto. Concorrem para a minha escolha as

seguintes razões: a) os utilizadores são essencialmente alunos do 3º ciclo e do ensino

secundário que podem estar interessados em partilhar leituras; b) a ligação com a

Universidade Sénior é importante para criar laços estruturantes do ponto vista da partilha de

gerações e da criação de memória coletiva; c) esta ideia faz parte dos planos para a biblioteca

escolar; d) já houve tentativas (malogradas) de pôr em prática um clube de leitura,e, por isso,

com mais (in)formação e reflexão proveniente desta formação pode ser que resulte.

Esperamos assim contribuir para não só para a promoção da leitura intimista mas também

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para a leitura partilhada que per se “ é mais produtiva, enriquecedora e permite alcançar mais

resultados, tanto do ponto de vista literário como do ponto de vista recreativo, tal como Eiras

a defende (2010: 10).

!9- Bibliografia

CALVO, Blanca Fuentes (s/data) “Receta para un club de lectura”. Acedido em 26 de

março de 2015 em http://www.tragalibros.org/receta.pdf

!EIRAS, Bruno Duarte (2010). “Ler, ouvir e falar: a experiência dos Grupos de Leitores

nas Bibliotecas Municipais de Oeiras” in Actas do Congresso Nacional de Bibliotecários,

Arquivistas e Documentalistas, nº. 10 (2010). Acedido em 26 de março de 2015 em http://

www.bad.pt/publicacoes/index.php/congressosbad/article/view/214

!MUSEUMS, LIBRARIES AND ARCHIVES COUNCIL – A national public library

development programme for reading groups. London: MLA, 2004. Acedido em 26 de março

de 2015 em http://www.mla.gov.uk/resources /assets//F/ fff_rg_rep_pdf_6608.pdf

!SCOTHERN, Claire – What makes a successful Public library reading group? How good

practice can be created and sustained. Sheffield: University of Sheffield, 2000. Acedido em

26 de marco de 2015 em http://www. dagda.shef.ac.uk/dissertations/1999-00/scothern .pdf

!!Caldas da Rainha, 27/03/2015

A formanda Célia Bento

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